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Maio de 2010 1 Tratamento da lombalgia aguda não específica: a adesão dos médicos de Medicina Geral e Familiar às guidelines Alberto Luís Fontão, Célia Soares, Diogo Malheiro, Eva Padrão, Helena Martins, Márcio Rodrigues Orientador: Dr. Alexandre Gouveia Resumo A lombalgia aguda não específica (LANE) é um dos principais motivos de consulta de Medicina Geral e Familiar (MGF), estimando-se que 60 a 80% da população tenha uma crise no decorrer da sua vida. Consequentemente, os médicos de MGF têm um papel primordial na abordagem desta patologia. Contudo, o tratamento da LANE representa ainda um desafio para o médico. As guidelines assumem-se como uma resposta, visando a implementação de práticas baseadas na evidência, assegurando um tratamento eficaz desta patologia. No entanto, desconhece-se a adesão dos médicos de MGF a estas orientações. Este estudo observacional tem como objectivo determinar, através da aplicação de um questionário de auto-resposta relativo a um caso clínico de LANE, se os médicos de MGF, a exercer no concelho de Braga, tratam a LANE em conformidade com as guidelines europeias. Verificou-se que, relativamente à informação e instrução a fornecer à doente, os clínicos forneciam uma explicação clara sobre a patologia, embora aconselhassem o descanso no leito que não é recomendado pelas guidelines. Relativamente ao tratamento farmacológico, há um predomínio dos relaxantes musculares, que não são reconhecidos como tratamento de primeira linha. Contudo, os fármacos analgésicos mais escolhidos são os recomendados. Quanto à referenciação para outros tratamentos, apenas 1,4% dos participantes seleccionou a hipótese correcta, que seria não recomendar outro tratamento. Este trabalho permitiu identificar atitudes terapêuticas discordantes com as guidelines. Assim poderão ser traçadas estratégias de actuação que visem promover as medidas com comprovado benefício e desencorajar aquelas que são ineficazes, optimizando os cuidados prestados aos doentes. Universidade do Minho Escola de Ciências da Saúde Mestrado Integrado de Medicina Residência em Centros de Saúde I e II 5º ano Maio de 2010

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Maio de 2010 1

Tratamento da lombalgia aguda não específica: a adesão dos médicos de Medicina

Geral e Familiar às guidelines

Alberto Luís Fontão, Célia Soares, Diogo Malheiro, Eva Padrão, Helena Martins, Márcio Rodrigues

Orientador: Dr. Alexandre Gouveia

Resumo

A lombalgia aguda não específica (LANE) é um dos principais motivos de consulta

de Medicina Geral e Familiar (MGF), estimando-se que 60 a 80% da população tenha

uma crise no decorrer da sua vida. Consequentemente, os médicos de MGF têm um

papel primordial na abordagem desta patologia.

Contudo, o tratamento da LANE representa ainda um desafio para o médico. As

guidelines assumem-se como uma resposta, visando a implementação de práticas

baseadas na evidência, assegurando um tratamento eficaz desta patologia. No

entanto, desconhece-se a adesão dos médicos de MGF a estas orientações.

Este estudo observacional tem como objectivo determinar, através da aplicação de um

questionário de auto-resposta relativo a um caso clínico de LANE, se os médicos de

MGF, a exercer no concelho de Braga, tratam a LANE em conformidade com as

guidelines europeias.

Verificou-se que, relativamente à informação e instrução a fornecer à doente, os

clínicos forneciam uma explicação clara sobre a patologia, embora aconselhassem o

descanso no leito que não é recomendado pelas guidelines. Relativamente ao

tratamento farmacológico, há um predomínio dos relaxantes musculares, que não são

reconhecidos como tratamento de primeira linha. Contudo, os fármacos analgésicos

mais escolhidos são os recomendados. Quanto à referenciação para outros

tratamentos, apenas 1,4% dos participantes seleccionou a hipótese correcta, que seria

não recomendar outro tratamento.

Este trabalho permitiu identificar atitudes terapêuticas discordantes com as

guidelines. Assim poderão ser traçadas estratégias de actuação que visem promover as

medidas com comprovado benefício e desencorajar aquelas que são ineficazes,

optimizando os cuidados prestados aos doentes.

Universidade do Minho Escola de Ciências da Saúde Mestrado Integrado de Medicina

Residência em Centros de Saúde I e II 5º ano

Maio de 2010

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Maio de 2010 2

Palavras-chave: Lombalgia aguda não específica, guidelines, tratamento, Medicina

Geral de Familiar

Introdução

Em Portugal, a lombalgia assume-se como um dos principais motivos de consulta

de MGF, estimando-se que 60 a 80% da população seja afectada por uma crise no

decorrer da sua vida (1).

A lombalgia não é uma doença, mas sim um sintoma, pelo que podem estar

subjacentes inúmeras entidades. Algumas destas são graves e potencialmente fatais,

devendo o clínico suspeitar delas na presença de determinados sinais de alerta, “red

flags”. Contudo, as causas da lombalgia são identificadas em apenas 5 a 10% dos

doentes. Nos restantes o termo de LANE é frequentemente utilizado devido à fraca

relação entre sintomas, alterações anatómicas e resultados dos exames

complementares de diagnóstico. As lesões musculares/ligamentares e degenerativas

são frequentemente apontadas como causa da LANE (2). De facto, este é o tipo de

lombalgia mais frequentemente encontrado nos cuidados de saúde primários e, por

isso, será abordado neste trabalho.

O prognóstico de um episódio de LANE é geralmente bom, com recuperação

espontânea em 90% dos casos (3). Contudo, em mais de 50% há tendência para

recorrência dos sintomas (4) e em 40 a 44% para a cronicidade (5).

Deste modo, facilmente se depreende que esta condição clínica constitui um

importante problema de Saúde Pública, não só por ser um motivo frequente de

incapacidade com variadas implicações ao nível da qualidade de vida do doente, mas

também pelos elevados valores de prevalência e pelos gastos, directos e indirectos,

que se lhe associam (6). Apesar da sua relevância, não se encontram muitos estudos

que caracterizem a situação portuguesa.

Para a abordagem e resolução da lombalgia aguda, o médico de MGF e os

cuidados de saúde primários são considerados como o primeiro ponto de passagem e

os principais intervenientes. Neste sentido, foram desenvolvidas várias guidelines para

o seu tratamento, com o objectivo de promover as medidas com comprovado

benefício e desencorajar aquelas que são ineficazes, optimizando os cuidados

prestados aos doentes.

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As guidelines utilizadas no decurso do estudo são as que foram elaboradas pelo

grupo de trabalho COST ACTION B13 (Working Group 1), integrado na Direcção Geral

da Investigação da Comissão Europeia, para a LANE. Na Figura 1 encontra-se um

resumo das principais recomendações das guidelines europeias (7).

Recomendação 1: Tranquilizar o doente ao reconhecer a sua dor, ter uma atitude de suporte e

evitar mensagens negativas. É importante dar uma explicação completa, nos termos que o

doente conheça.

Recomendação 2: Não prescrever repouso como tratamento.

Recomendação 3: Aconselhar os doentes para se manterem activos e continuar com as

actividades diárias incluindo o trabalho, se possível.

Recomendação 4: Não recomendar exercícios específicos (por exemplo: fortalecimento, flexão,

extensão, alongamento) para a lombalgia aguda.

Recomendação 5: Prescrever medicação, se necessário, para alívio da dor, preferencialmente

com tomas regulares. A primeira escolha é o paracetamol, a segunda escolha são os anti-

inflamatórios não esteróides (AINEs). Apenas considerar um tratamento de curta duração de

relaxantes musculares, em monoterapia ou combinada com AINEs, se o paracetamol ou AINEs

não forem eficazes na redução da dor.

Recomendação 6: Não usar injecções de esteróides epidurais no tratamento da lombalgia aguda

não específica.

Recomendação 7: Considerar a referenciação para fisioterapia para doentes que estão com

dificuldades em retomar as actividades normais.

Recomendação 8: Não é recomendada a Educação Postural – “Back Schools” no tratamento de

episódio de lombalgia aguda.

Recomendação 9: Não é recomendada a terapia comportamental no tratamento da lombalgia

aguda.

Recomendação 10: Não utilizar tracção.

Recomendação 11: Não é recomendado utilizar as massagens como tratamento da lombalgia

aguda não específica.

Recomendação 12: Não é recomendada a Estimulação Eléctrica Nervosa Transcutânea na

lombalgia aguda não específica.

Recomendação 13: Considerar programas de tratamento multidisciplinar em trabalhadores com

Atestado de Incapacidade Temporária por mais de 4-8 semanas.

Figura 1: Resumo das recomendações das Guidelines Europeias, relativas ao tratamento da LANE. (7)

.

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Maio de 2010 4

Em Portugal, desconhece-se em que medida a abordagem da lombalgia pelos

médicos de MGF é feita em conformidade com as guidelines, nomeadamente as

europeias. Portando, este estudo tem como objectivo determinar, através de um

estudo observacional, por meio da aplicação de um questionário de auto-resposta

relativo a um caso clínico, se os médicos de Medicina Geral e Familiar (MGF), a exercer

no concelho de Braga, tratam a LANE em conformidade com as guidelines europeias (7).

Deste modo, a realização deste estudo é relevante, uma vez que fornecerá dados

preliminares sobre a abordagem da lombalgia aguda na prática clínica dos médicos de

MGF.

Métodos

Trata-se de um estudo observacional, descritivo com utilização de um questionário

de auto-resposta relativo a um caso clínico sobre LANE. O universo deste estudo é

constituído pelos médicos de MGF que exercem no distrito de Braga, sendo a

população em estudo os médicos de MGF que exercem no concelho de Braga. A

unidade de observação corresponde aos médicos de MGF. A amostra é de

conveniência e corresponde aos médicos de MGF que exercem no concelho de Braga.

Critérios de inclusão: foram incluídos neste estudo todos os médicos (1) que

exerciam nos respectivos Centros de Saúde (CS), Unidades de Saúde Familiar (USF) ou

Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) e tinham lista de utentes

atribuída; e (2) que trataram, pelo menos, um caso de lombalgia aguda nos últimos 6

meses.

Critérios de exclusão: foram excluídos todos os médicos (1) que não se

encontravam em actividade no período de tempo em que decorreu a aplicação do

questionário.

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Maio de 2010 5

O questionário aplicado neste estudo continha uma secção de caracterização do

participante e outra destinada à avaliação da lombalgia na prática clínica. Continha

também um caso clínico que descrevia um episódio de lombalgia aguda não específica

e 3 questões de resposta múltipla. O caso clínico e as questões foram traduzidas e

adaptadas do trabalho de Jansz et al (não publicado, 1998) para o Institute of Work &

Health-IWH Toronto, Ontário, Canadá(8). As adaptações foram supervisionadas por um

clínico com ciclo de estudos completo. As secções de resposta do questionário

encontram-se na Figura 2, em que as respostas classificadas como concordantes com

as guidelines se encontram sublinhadas e a negrito. Para consulta do questionário na

íntegra, bem como para consulta do questionário original e das respostas consideradas

concordantes com as guidelines ver os Anexo I, II e III, respectivamente.

Figura 2: Secções de resposta do questionário aplicado aos médicos; para as perguntas 1, 2 e 3

encontram-se sublinhadas e a negrito as respostas concordantes com as guidelines.

O questionário foi previamente sujeito a um estudo piloto, tendo sido aplicado a 15

médicos com um índice de participação de 80% e um tempo médio de resposta de 4

minutos. Este estudo piloto permitiu aferir a correcta compreensão das questões pelos

participantes.

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Maio de 2010 6

O protocolo foi previamente submetido à Comissão de Ética em Saúde, tendo

obtido parecer favorável (PARECER nº15/2010).

Estatística

Os dados foram codificados, inseridos e analisados estatisticamente com recurso ao

software SPSS 17.0®. Os dados foram sujeitos a uma análise descritiva com estudo de

frequência, cálculo de medidas de tendência central e dispersão.

Resultados Caracterização da amostra

De um total de 97 médicos que foram convidados a participar no estudo, 70

devolveram o questionário preenchido para análise posterior, o que constitui um

índice de participação de 72%. Destes 70, nenhum questionário foi excluído atendendo

aos critérios de exclusão.

Dos participantes, 71,4% eram do sexo feminino (Tabela I). Cerca de 70,0% dos

participantes nasceram entre 1950 e 1960 (Gráfico 1). 72,8% terminaram a

Licenciatura/Mestrado em Medicina entre 1975 e 1985 (Gráfico 2); 50,0% terminaram

a Especialidade mais recente entre 1985 e 1995 e 35,4% entre 2000 e 2010 (Gráfico 3).

82,9% concluíram a Graduação em Medicina em Portugal e 71.4% terminaram a

Especialidade mais recente também em Portugal (Tabela I).

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Maio de 2010 7

Tabela I: Estatística descritiva relativamente à caracterização da amostra –

sexo, país de término da Graduação em Medicina e país de término da

Especialidade mais recente.

Frequência Percentagem

(%)

Percentagem

cumulativa (%)

Sexo

Respostas válidas Feminino 50 71,4

Masculino 20 28,6

Total 70 100,0

País de término da Graduação em Medicina

Respostas válidas Angola 1 1,4 1,4

Brasil 3 4,3 5,8

Cuba 1 1,4 7,2

Espanha 6 8,7 15,9

Portugal 58 84,1 100,0

Total 69 100,0

Sem resposta 1 1,4 Total 70 100,0

País de término da Especialidade mais recente

Respostas válidas Brasil 2 4,0 4,0

Portugal 48 96,0 100,0

Total 50 100,0

Sem resposta 20 28,6 Total 70 100,0

Gráfico 1: Histograma que representa a distribuição dos anos de nascimento dos participantes. N=69; Média = 1958; Desvio Padrão = 7,6.

Gráfico 2: Histograma que representa a distribuição dos anos de término da Licenciatura/Mestrado em Medicina dos participantes. N=70; Média = 1984; Desvio Padrão = 7,9.

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Maio de 2010 8

Frequência da lombalgia aguda na prática clínica

Cerca de 45,7% dos médicos observaram pelo menos 1 caso de lombalgia aguda

num mês e 48,6 % observaram pelo menos 1 caso por semana (Tabela II).

Tabela II: Estatística descritiva relativamente ao número de casos de lombalgia aguda

observados.

Frequência Percentagem

(%)

Percentagem

cumulativa (%)

Menos de 1 caso em 6 meses 0 0 0

Pelo menos 1 caso em 6 meses 4 5,7 5,7

Pelo menos 1 caso num mês 32 45,7 51,4

Pelo menos 1 caso por semana 34 48,6 100,0

Total 70 100,0

Tratamento da LANE

Na Questão 1 “Relativamente à informação e instrução a fornecer à doente”, 90,0%

dos participantes forneceriam uma explicação clara sobre a lombalgia e 48,6%

alertariam a doente para estar atenta a complicações (Gráfico 4). Cerca de 28,6%

recomendaram a manutenção das actividades da vida diária e, se possível, da

actividade laboral e 48,6% recomendaram descanso no leito (Gráfico 4). Dos que

recomendaram descanso no leito, 23,5% recomendaram 2 dias de descanso e igual

percentagem recomendou 5 dias (Gráfico 4).

Gráfico 3: Histograma que representa a distribuição dos anos de término da última Especialidade dos participantes. N=48; Média = 1995; Desvio Padrão = 9,0.

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Gráfico 4: Respostas dos inquiridos à questão 1 relativamente à informação e instrução a fornecer à

doente.

Na Questão 2 “Relativamente ao tratamento farmacológico, para alívio sintomático,

a prescrever”, os relaxantes musculares, a aspirina ou outros AINE´s e os analgésicos

de venda livre como o paracetamol foram prescritos por 81,4%, 50,0% e 47,1% dos

participantes, respectivamente (Gráfico 5). Os analgésicos sujeitos a receita médica e

as benzodiazepinas foram recomendadas em 40,0% e 28,6% dos casos,

respectivamente (Gráfico 5).

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Gráfico 5: Respostas dos inquiridos à questão 2 relativamente ao tratamento farmacológico prescrito

para alívio sintomático.

Na Questão 3 “Relativamente a tratamentos físicos, educação postural ou outros

tratamentos”, 1,4% dos participantes não recomendariam qualquer tratamento.

Contudo, 81,4% forneceriam educação postural ou guias de educação postural e 52,9%

recomendariam exercícios direccionados para a região lombar (Gráfico 6). A

referenciação para fisioterapia e a recomendação de massagens ocorreria em 30,0% e

17,1% dos casos, respectivamente (Gráfico 6).

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Gráfico 6: Respostas dos inquiridos à questão 3 relativamente às recomendações de tratamentos físicos,

educação postural ou outros tratamentos a fornecer à doente.

Para consulta mais pormenorizada consultar o Anexo IV.

Discussão

O índice de participação obtido, 72%, é acima do expectável, já que trabalhos

anteriores apontam para índices de participação de cerca de 25% nos questionários de

auto-resposta. Para o sucesso deste valor atribuímos a escolha do método pelos

investigadores.

Comparando os resultados obtidos com o que é preconizado pelas guidelines

europeias (7), relativamente à Questão 1 podemos verificar que as respostas

concordantes com as guidelines estão na lista das 4 mais escolhidas, em que a hipótese

“Fornecer uma explicação clara sobre a lombalgia, suas causas e prognóstico,

explorando as expectativas e medos da doente” foi escolhida por 90% dos

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participantes. De seguida, com uma taxa de resposta de 48,6% temos a resposta

“Recomendar descanso no leito”, que não está de acordo com as guidelines. Algumas

respostas concordantes com as guidelines, apesar de estarem na lista das mais

escolhidas foram seleccionadas por menos de metade dos participantes: “Alertar a

doente para estar atenta a complicações” (48,6%) e “Recomendar à doente que

mantenha as actividades da vida diária e, se possível, a actividade laboral” (28,6%).

Comparando estes dados aos de um estudo brasileiro onde foi aplicado o mesmo

questionário a Reumatologistas tendo como base guidelines similares às europeias,

verificou-se que 83,5% dos participantes optaram pelo repouso no leito (8).

O repouso no leito, apesar de não recomendado, foi uma escolha bastante

frequente nos dois estudos. Apesar de desconhecermos os motivos para esta opção,

podemos especular que esta se deve ao desconhecimento da guideline, à discordância

pelo que é preconizado por ela ou à interferência da expectativa do doente que muitas

vezes espera a recomendação de repouso. De realçar que a opção oposta de

recomendação de manutenção actividades da vida diária foi seleccionada por uma

percentagem inferior. Isto permite identificar claramente um ponto que deve ser

trabalhado.

Analisando a Questão 2, verificamos que a hipótese mais seleccionada não está

recomendada na abordagem inicial de um caso de lombalgia não complicada, onde

deve ser privilegiada a analgesia com paracetamol e, eventualmente, AINE´s. Os

relaxantes musculares são recomendados apenas nos casos refractários. Neste estudo,

há um claro predomínio da escolha de relaxantes musculares sobre os fármacos

analgésicos. Os mesmos factores mencionados anteriormente para a recomendação

do repouso podem também ser utilizados para explicar os resultados obtidos nesta

questão, nomeadamente o desconhecimento ou a não concordância com o conteúdo

da guideline.

No estudo brasileiro os relaxantes musculares, os AINE´s e os analgésicos como o

paracetamol foram prescritos por 38,0%, 69,0% e 48,0% dos participantes,

respectivamente (8). Os relaxantes musculares assumem uma posição de relevo

quando ambos os estudos são comparados. São os fármacos mais prescritos pelos

médicos que participaram neste estudo e os menos escolhidos no estudo brasileiro,

apesar do caso clínico fornecido ter sido o mesmo.

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Maio de 2010 13

Os analgésicos sujeitos a receita médica, que incluem fármacos opiáceos, foram

escolhidos por 40,0%, uma percentagem significativa, embora o seu uso não esteja

preconizado nos casos de LANE.

As benzodiazepinas, apesar de também não estarem recomendadas nas guidelines,

foram prescritas por uma percentagem idêntica de participantes nos dois estudos

(28,6% dos inquiridos no estudo brasileiros e 27,0% no nosso estudo) (8). Na nossa

opinião, este resultado é preocupante tendo em conta o perfil de efeitos laterais

destes fármacos.

A questão 3 revela alguns dos dados mais interessantes. Apenas 1,4% (1

participante) escolheu a resposta concordante com as guidelines que seria: “Não

recomendar outro tratamento”. Os inquiridos deram privilégio a medidas mais

interventivas como “Fornecimento de educação postural ou guia de educação

postural” (81,4%), seguindo-se os “Exercícios para a região lombar” (52,9%) e a

“Referenciação para Fisioterapia” (30,0%).

É importante referir que todas as medidas apresentadas como hipótese nesta

questão não são recomendadas pelas guidelines europeias. Muitas das alternativas

apresentadas têm nível de evidência reduzido, enquanto que para outras não existe

consenso relativamente à sua aplicação (7). Logo, uma vez que estas opções

terapêuticas não são recomendadas, a sua prescrição não deverá ser encorajada.

A prescrição de fisioterapia é também merecedora de atenção pelos resultados

díspares que manifestou nos dois estudos em comparação. A referenciação para

Fisioterapia constituiu a escolha de 30,0% dos participantes deste estudo e foi a opção

de 88,0% dos inquiridos no estudo brasileiro. Este facto pode, em parte, ser explicado

pelo facto de os participantes do estudo brasileiro pertencerem a outra especialidade

e se enquadrarem noutro contexto.

A acupunctura, apesar de não ter sido prescrita por nenhum dos médicos deste

estudo, foi prescrita por 7,0% dos participantes do estudo brasileiro (8), o que poderá

reflectir certas especificidades deste país, onde possivelmente a prática da

acupunctura é mais generalizada.

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Maio de 2010 14

No gráfico 7, encontra-se uma comparação entre o presente estudo e o estudo

realizado no Brasil em relação a algumas das respostas dos inquiridos às questões

sobre ao tratamento e instrução a fornecer à doente.

Gráfico 7: Comparação entre o presente estudo (Portugal) e o estudo realizado no Brasil em relação a

algumas das respostas dos inquiridos às questões sobre ao tratamento e instrução a fornecer à doente.

Neste ponto do nosso trabalho é importante perceber por que razão os médicos

não seguem as guidelines no tratamento da LANE. O trabalho de Cherkin, 1998 (5) traz-

nos interessantes pistas:

1. Ausência de guidelines claras, de fácil interpretação e compreensão;

2. Ausência de conhecimento acerca da existência de guidelines ou rejeição

das mesmas;

3. Ligação histórica e excessiva a um modelo de terapia particular;

4. Tendência para desvalorizar a eficácia de tratamentos rivais.

Assim, podemos tentar justificar a não adesão às guidelines no nosso estudo.

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Maio de 2010 15

Limitações do estudo

O questionário é um método bastante vantajoso, contudo, há certas limitações que

importa referir. Este método impossibilita o esclarecimento de dúvidas; no entanto, da

análise que se fez do estudo piloto e da ficha de opinião acerca do questionário

verificou-se que não houve dificuldades no seu preenchimento. O facto de neste

questionário ser avaliado o comportamento auto-reportado, ao invés da prática clínica

real (que podem não coincidir), é um viés inerente à aplicação deste método. Um

questionário deste tipo é susceptível de provocar mecanismos de defesa e

dissimulação da verdade em que o inquirido fornece respostas que julga serem do

agrado dos investigadores e, além disso, leitura prévia de todas as questões poderá

influenciar as respostas subsequentes. De referir, também, que com a aplicação de um

questionário existe sempre a possibilidade deste ser preenchido por outra pessoa que

não aquela seleccionada inicialmente.

Perspectivas Futuras

O presente estudo permitiu conhecer as atitudes dos médicos de Medicina Geral e

Familiar perante um caso hipotético de lombalgia aguda não específica e classificá-las

de acordo com as guidelines. Contudo, não foi possível obter um perfil global de

respostas de cada participante.

Por outro lado, também seria interessante conhecer a frequência de conjuntos de

respostas – por exemplo, saber se os participantes que aconselham repouso no leito

são os que mais reencaminham para fisioterapia, encorajando uma atitude do doente

perante a doença predominantemente passiva. Assim, à semelhança do que já foi feito

noutros estudos, seria possível definir padrões de actuação recorrendo a programas

estatísticos mais complexos.

Contudo, o conhecimento isolado da frequência de cada resposta tem também

uma enorme vantagem porque permite traçar linhas de acção dirigidas a

determinados temas, de forma a corrigir tendências desajustadas.

Outro ponto interessante a aplicar no futuro seria fazer uso dos dados acerca da

caracterização da amostra e relacioná-los com os resultados obtidos. Ou seja, seria

interessante compreender a até que ponto factores como a idade, tempo de exercício

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da profissão ou o tempo após a conclusão da Especialidade terão influência na adesão

às guidelines preconizadas.

Conclusão

Este trabalho permitiu a identificação de atitudes terapêuticas discordantes com as

guidelines e nas quais seria importante actuar: o reforço do descanso no leito em

detrimento do encorajamento do doente para manter-se activo; a elevada taxa de

prescrição de relaxantes musculares, analgésicos sujeitos a receita médica e

benzodiazepinas; o reencaminhamento para outros tratamentos complementares que

até agora não têm tido evidência suficiente para serem recomendados.

Bibliografia

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(5) Cherkin DC, Deyo RA, Wheeler K, Ciol MA. Physician views about treating low back pain: the

results of a national survey. Spine 1995; 20:1–10.

(6) Marques A, Branco J, Costa J, Miranda L, Almeida M, Reis P, Santos R, Tavares V. Programa Nacional Contra as Doenças Reumáticas. Direcção-Geral da Saúde. Circular Normativa nº 12/DGCG de 02/07/2004.

(7) Jansz G, Maetzel A, Gibson E, Bombardier C. Primary Care Physicians’ Management of Acute Low Back Pain. Results of an Ontario Survey. 1998

(8) Do socorro M, Cândido S, Natour J, Bosi M. Acute low back pain and therapeutic practice reported by brazilian rheumatologists. Spine 2005; 5: 567-571

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AANNEEXXOOSS

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AANNEEXXOO II

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Lombalgia Aguda

Este questionário foi elaborado por um grupo de alunos do 5º ano do Mestrado

Integrado de Medicina da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho. Tem

como objectivo conhecer o modo como os médicos de Medicina Geral e Familiar

tratam a Lombalgia Aguda. Com certeza irá concordar que se trata de uma patologia

com elevada prevalência na qual os profissionais dos Cuidados Primários assumem um

papel crucial. Por isso, apelamos à sua colaboração no preenchimento deste breve

questionário, onde lhe são colocadas questões relativas a um caso clínico. Solicitamos

ainda que responda de forma semelhante ao procedimento habitual na sua prática

clínica quotidiana. Para que tal aconteça, sugerimos que pense num caso semelhante

que poderá ter observado e como agiu nessa altura.

Garantimos o total anonimato do questionário bem como a privacidade dos dados

fornecidos.

Gratos pela colaboração,

Alberto Luís Fontão Eva Padrão

Célia Soares Helena Martins

Diogo Malheiro Márcio Rodrigues

Dr. Alexandre Gouveia (coordenador)

Universidade do Minho Escola de Ciências da Saúde

Mestrado Integrado de Medicina

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A. SOBRE SI

1. Ano de Nascimento: __________

2. Sexo:Masculino Feminino

3.a. Ano de término da Graduação em Medicina: ________

3.b. País: ____________

4.a. Ano de término da Especialidade mais recente: ________

4.b. País: ____________

B. LOMBALGIA AGUDA – PRÁTICA CLÍNICA

1. Qual destas opções mais se aproxima do número de casos de lombalgia aguda (menos

de 4 semanas de evolução) que observa:

Menos de 1 caso em 6 meses; Pelo menos 1 caso em 6 meses; Pelo menos 1 caso num mês;

Pelo menos 1 caso por semana.

CASO CLÍNICO – LOMBALGIA AGUDA NÃO COMPLICADA

Tendo em conta o caso apresentado, responda qual seria a sua proposta de tratamento para

esta doente. Pode escolher mais do que uma opção em cada grupo de perguntas.

Doente do sexo feminino, 28 anos, refere início de dor lombar há cerca de uma

semana após levantamento de uma caixa de 10 kg na cafetaria onde trabalha.

Desde então deixou de conseguir trabalhar.

Apesar de estar ansiosa por voltar ao trabalho, sente-se imobilizada pela dor.

Relativamente ao nível de actividade, refere ser capaz de se sentar durante 10

minutos e de andar 25 metros até ter de parar devido à dor. Consegue dormir

durante a noite, contudo, refere rigidez lombar matinal que dura cerca de 10

minutos.

Não existe história de trauma. A dor é localizada à região lombar não havendo

irradiação da mesma.

Ainda não consultou nenhum profissional de saúde apresentando-se agora

como sua doente.

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1. Relativamente à informação e instrução a fornecer à doente:

Fornecer uma explicação clara sobre a lombalgia, suas causas e prognóstico,

explorando as expectativas e medos da doente;

Alertar a doente para estar atenta a complicações;

Recomendar descanso no leito, por ____ dias (indique nº de dias);

Recomendar à doente que mantenha as actividades da vida diária e, se possível, a

actividade laboral;

Outros (especifique) ___________________________________________________;

Não fornecer nenhuma informação ou instrução específica.

2. Relativamente ao tratamento farmacológico, para alívio sintomático, a prescrever:

Analgésicos de venda livre (ex: paracetamol);

Benzodiazepinas (ex: diazepam, lorazepam);

Analgésicos sujeitos a receita médica (ex: Dol-u-Ron®; Zaldiar®);

Relaxantes musculares (ex: Tiocolquicosido- Relmus®);

Aspirina ou outro AINEs;

Injecção epidural de esteróides;

Baixa dose de antidepressivos (ex: amitriptilina);

Outros (especifique) ___________________________________________________;

Não prescrever nenhum tratamento farmacológico.

3. Relativamente a tratamentos físicos, educação postural ou outros tratamentos:

Recomendar exercícios físicos direccionados para a região lombar (por exemplo:

fortalecimento, flexão, extensão, alongamento)

Referenciar para fisioterapia;

Fornecer educação postural ou recomendar guias de educação postural;

Recomendar terapia comportamental;

Recomendar exercícios de tracção;

Recomendar massagens;

Referenciar para terapia de estimulação eléctrica nervosa transcutânea (electroterapia);

Recomendar programas de tratamento multidisciplinar;

Recomendar acupunctura;

Outros (especifique) ___________________________________________________;

Não recomendar outro tratamento.

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Maio de 2010 22

Se desejar receber os resultados deste estudo, assim como a comparação das suas respostas com a globalidade dos seus colegas, indique o e-mail para o qual devemos enviar estas informações. ____________@____________

Contacto dos investigadores: E-mail: [email protected]

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AANNEEXXOO IIII

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AANNEEXXOO IIVV

Figura 3: Questionário elaborado por Jansz et al (1998) (21)

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AANNEEXXOO IIIIII

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As recomendações concordantes com as guidelines europeias encontram-

se sublinhadas e a negrito.

1. Relativamente à informação e instrução a fornecer à doente:

Fornecer uma explicação clara sobre a lombalgia, suas causas e prognóstico,

explorando as expectativas e medos da doente;

Alertar a doente para estar atenta a complicações;

Recomendar descanso no leito, por ____ dias (indique nº de dias);

Recomendar à doente que mantenha as actividades da vida diária e, se possível, a

actividade laboral;

Outros (especifique) ___________________________________________________;

Não fornecer nenhuma informação ou instrução específica.

2. Relativamente ao tratamento farmacológico, para alívio sintomático, a prescrever:

Analgésicos de venda livre (ex: paracetamol);

Benzodiazepinas (ex: diazepam, lorazepam);

Analgésicos sujeitos a receita médica (ex: Dol-u-Ron®; Zaldiar®);

Relaxantes musculares (ex: Tiocolquicosido- Relmus®);

Aspirina ou outro AINEs;

Injecção epidural de esteróides;

Baixa dose de antidepressivos (ex: amitriptilina);

Outros (especifique) ___________________________________________________;

Não prescrever nenhum tratamento farmacológico.

3. Relativamente a tratamentos físicos, educação postural ou outros tratamentos:

Recomendar exercícios físicos direccionados para a região lombar (por exemplo:

fortalecimento, flexão, extensão, alongamento)

Referenciar para fisioterapia;

Fornecer educação postural ou recomendar guias de educação postural;

Recomendar terapia comportamental;

Recomendar exercícios de tracção;

Recomendar massagens;

Referenciar para terapia de estimulação eléctrica nervosa transcutânea (electroterapia);

Recomendar programas de tratamento multidisciplinar;

Recomendar acupunctura;

Outros (especifique) ___________________________________________________;

Não recomendar outro tratamento.

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Tabelas com a estatística descritiva relativa às respostas dadas pelos médicos ao questionário.

Tabela III: Estatística descritiva relativamente às respostas sobre as instruções a fornecer à doente.

Frequência Percentagem (%)

Explicação clara sobre lombalgia 63 90,0

Alertar a doente para estar atenta a complicações 34 48,6

Recomendação de descanso no leito 34 48,6

Recomendação para manutenção das AVD 20 28,6

Outras Recomendações * 4 5,7

Não fornecimento de informação ou instrução específica 0 0,0

* Ver tabela VI.

Tabela IV: Estatística descritiva relativamente às respostas sobre o tratamento farmacológico a fornecer à doente.

Prescrição de: Frequência Percentagem (%)

Relaxantes musculares 57 81,4

Aspirina ou outro AINE 35 50,0

Analgésicos de venda livre 33 47,1

Analgésicos sujeitos a receita médica 28 40,0

Benzodiazepinas 20 28,6

Outros tratamentos farmacológicos sugeridos pelo inquirido **

2 2,9

Baixa dose de antidepressivos 1 1,4

Injecção epidural de esteróides 0 0,0

Não prescrição de tratamento farmacológico 0 0,0

** Ver tabela VII.

Tabela V: Estatística descritiva relativamente às respostas sobre os tratamentos físicos, educação postural ou outros tratamentos a fornecer à doente.

Frequência Percentagem (%)

Fornecimento de educação postural ou guia 57 81,4

Recomendação de exercício direccionados para a região lombar

37 52,9

Referenciação para fisioterapia 21 30,0

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Recomendação de massagens 12 17,1

Recomendação de terapia comportamental 8 11,4

Outros tratamentos sugeridos pelo inquirido *** 6 8,6

Recomendação de programas de tratamento multidisciplinares

2 2,9

Não recomendação de tratamento 1 1,4

Recomendação de acupunctura 1 1,4

Recomendação de exercícios de tracção 1 1,4

Recomendação de electroterapia 0 0,0

*** Ver tabela VIII.

Tabela VI: *Outras recomendações sugeridas.

Frequência Percentagem (%)

Sem outras recomendações sugeridas 66 94,3

Andar sobre superfície plana após melhoria 1 1,4

Descanso mas não no leito 1 1,4

Encaminhar para seguradora para tratamento/baixa por acidente de trabalho

1 1,4

Evitar carregar pesos superiores a 5 kg 1 1,4

Total 70 100,0

Tabela VII: **Outros tratamentos farmacológicos sugeridos.

Frequência Percentagem (%)

Sem recomendação de outros tratamentos 68 97,1

Gelo local 1 1,4

Esteróides via IM 1 1,4

Total 70 100

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Tabela VIII: ***Outros tratamentos sugeridos pelo inquirido.

Frequência Percentagem (%)

Sem outros tratamentos sugeridos 64 91,4

Natação 2 2,9

Hidroterapia 1 1,4

Lombostato 1 1,4

Aplicação de calor húmido 1 1,4

Hidroginástica 1 1,4

Total 70 100