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  VOOS Revista Polidisciplinar  Eletrônica da Faculdade Guairacá  Volume 01 (Jul. 2009) Caderno de Letras  Estudos Linguísticos  ISSN 18089305 www.revistavoos.com.br [59  75] ESTUDO DO –S EM CODA SILÁBICA: UMA PERSPECTIVA FUNCIONALISTA Bianca  Florencio ∗  Cláudia  de  Souza  Cunha ∗∗  RESUMO: O artigo é um estudo de investigação linguística sobre a variação do –S em coda silábica na fala de informantes do município de Niterói  cidade localizada na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro. Para tal investigação, foram utilizados o modelo funcionalista de Talmy Givón e a Fonologia de Uso, de Joan Bybee. Pretendese observar o comportamento do –S em coda nas posições interna e externa e o que propiciaria sua mudança sonora. Buscase traçar um contínuo com os dados examinados e analisar qual  o papel da frequência na realização das nãopalatais de –S em coda. PALAVRASCHAVE: Variação, Fonologia de uso, Frequência de tipo, Frequência de ocorrência. INTRODUÇÃO O presente trabalho orientase para um esboço do comportamento do –S em coda silábica no município de Niterói. O fenômeno do –S posvocálico possui seis variáveis que foram aqui consideradas: a) as variantes palatais surda e sonora ([  S] e [Z], respectivamente); b) as sibilantes surda e sonora ([s]e [z], respectivamente); c) a fricativa glotal ([h]); d) o cancelamento ([O]). Sabese que cada grupo humano possui sua linguagem própria e expressões que os caracterizam e que essa manifestação lingüística varia em função de alguns fatores.  alguns séculos, estudos foram sendo desenvolvidos com o intuito de examinar o sistema lingüístico e um desses estudos é o Funcionalismo.   Mestranda em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, bolsista CNPq, participante do projeto Atlas Linguístico do Brasil Rio de Janeiro  [email protected] ∗∗  Orientadora. Professora Doutora da UFRJ, Coordenadora regional do Atlas Linguístico do Brasil  Rio de Janeiro. 

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    ESTUDODOSEMCODASILBICA:UMAPERSPECTIVAFUNCIONALISTA

    BiancaFlorencioCludiadeSouzaCunha

    RESUMO:Oartigoumestudode investigao lingusticasobreavariaodoSemcodasilbicanafaladeinformantesdomunicpiodeNitericidadelocalizadanaregiometropolitanadoEstadodoRiodeJaneiro.Paratal investigao,foramutilizados omodelo funcionalistade TalmyGivn e a Fonologia deUso, de JoanBybee.PretendeseobservarocomportamentodoSemcodanasposiesinternaeexternaeoquepropiciariasuamudanasonora.Buscasetraarumcontnuocomosdadosexaminadoseanalisarqualopapelda frequncianarealizaodasnopalataisdeSemcoda.PALAVRASCHAVE:Variao,Fonologiadeuso,Frequnciade tipo,Frequnciadeocorrncia.INTRODUO

    OpresentetrabalhoorientaseparaumesboodocomportamentodoSemcoda silbicanomunicpiodeNiteri.O fenmenodo Sposvoclicopossui seisvariveisqueforamaquiconsideradas:a)asvariantespalataissurdaesonora([S]e[Z],respectivamente);b)assibilantessurdaesonora([s]e[z],respectivamente);c)africativaglotal([h]);d)ocancelamento([O]).

    Sabesequecadagrupohumanopossuisua linguagemprpriaeexpressesqueoscaracterizamequeessamanifestao lingsticavariaemfunodealgunsfatores.H alguns sculos, estudos foram sendodesenvolvidos como intuitodeexaminar o sistema lingstico e um desses estudos o Funcionalismo.

    Mestranda em Lngua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, bolsistaCNPq, participante do projeto Atlas Lingustico do Brasil Rio de Janeiro [email protected],CoordenadoraregionaldoAtlasLingusticodoBrasilRiodeJaneiro.

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    SegundoNeves(2004:1),caracterizaroFuncionalismonoumatarefafcil,pois os rtulos que se conferem aos estudos ditos funcionalistas maisrepresentativosgeralmenteseligamdiretamenteaosnomesdosestudiososqueosdesenvolveram,noacaractersticasdefinidorasdacorrentetericaemqueelessecolocam. Assim, o que se pode entender com essa afirmao que h vriasteoriassobortulodefuncional.

    Deumaformageral,aTeoriaFuncionalistava lnguacomoum instrumentode interao social, cujos elementos so analisados e descritos a partir de suafuno no ato da comunicao. a partir do uso que se investiga a linguagem,sendoestaumaentidadenosuficienteemsi(NEVES,2004:39).

    Paraexplicaro casode variaoaqui trabalhado, seroutilizadosomodelofuncionalistadeTalmyGivn(1979),quebuscaarelaoentrediscursoegramtica,propondoumcontinuun;eaFonologiadeUso,deJoanBybee,quepropequeafreqnciapossuiimportantepapelnamudanasonoraequetemrelaocomateoriadaDifusoLexical.

    PretendeseobservarcomosecomportaoSposvoclicoemposiointernaeexterna;oquepodeviraocasionarumamudanasonora;sepossvelounotraarumcontnuoapartirdosdadosanalisados;equalopapeldafreqncianarealizaodasnopalataisdeSemcodasilbica.

    1.PERSPECTIVATERICA1.1 FUNCIONALISMO

    Comoditoanteriormente,caracterizaro funcionalismonoalgo fcil,pois

    vriaspropostassoabrigadassobomesmortulo.Contudo,entendeseque,deumaformageral,ateoriafuncionalistacompreendealnguacomouminstrumentode interaosocialequenopodeservistacomoumobjetoautnomo,poissuaestruturasubmetidaspressesoriundasdesituaescomunicativas.

    Neves distingue duas grandes correntes do pensamento lingstico que secontrapem:o funcionalismoeo formalismo.Os funcionalistasvema linguagemcomoumaentidadenosuficienteemsi(2004:39),josformalistasentendemalinguagem como um objeto autnomo, investigando a estrutura lingsticaindependentedouso(2004:39).

    Paraummelhorentendimentodasduascorrentes,Neveselaborouumquadrocomparativoqueaquireproduzo:

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    PARADIGMAFORMAL

    PARADIGMAFUCNIONAL

    Comodefiniralngua Conjuntodeoraes. Instrumento de interaosocial

    Principalfunodalngua

    Expresso dospensamentos

    Comunicao.

    Correlatopsicolgico Competncia:capacidadedeproduzir, interpretarejulgaroraes.

    Competnciacomunicativa: Habilidadede interagir social mentecomalngua.

    Osistemaeseuuso Estudo da competnciatem prioridade sobre odaatuao.

    Oestudodo sistemadevefazersedentrodoquadrodouso.

    Lnguaecontexto/situao

    As oraes da lnguadevem descreverseindependentemente docontexto/situao.

    A descrio dasexpresses deve fornecerdadospara adescriodeseu funcionamento numdadocontexto.

    Aquisiodalinguagem

    Fazse com o uso depropriedades inatas,combaseemuminputrestritoe noestruturado dedados.

    Fazse com a ajudadeuminput extenso eestruturado de dadosapresentado no contextonatural.

    Universaislingsticos Propriedades inatas doorganismohumano.

    Explicados em funo derestries: comunicativas;biolgicas ou psicolgicas;contextuais.

    Relaoentreasintaxe,asemnticaeapragmtica

    Asintaxeautnomaemrelao semntica; asduas so autnomas emrelao pragmtica; aspropriedades vo dasintaxe pragmtica, viasemntica.

    A pragmtica o quadrodentrodoqualasemnticae a sintaxe devem serestudadas; as prioridadesvo da pragmtica sintaxe,viasemntica.

    Tabela1:ParadigmaFormalversusparadigmaFuncionalsegundoNeves(2004:4647)

    Visto isso, percebese que, no funcionalismo, a partir da situao sciocomunicativa que a lngua se desenvolve, expandindo tambm sua estruturagramaticaldenominadagramticafuncional.SegundoVieira(2001:72)

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    Concebendo a lngua como um veculo de interao sciocomunicativa, a perspectiva funcional visa a descrever e explicartodo o sistema de regras que regem as expresses lingsticasconfiguradas como instrumentos nessa interao. Ao comunicarse,oindivduoorganizaseudiscursoemfunodanaturezaedospropsitosdoeventodefala.,porconseguinte,asituaorealdecomunicao que enseja as estruturas lingsticas, com suasrespectivaspeculiaridades e variaesde formas.A sensibilidadeda gramtica s situaes de uso devese ao fato de que ascategoriaslingsticassonocionalmentemotivadas.Agramticavista, portanto, como uma estrutura malevel e dinmica, quecorresponde s necessidades comunicativas de interao erepresentaoesmotivaeserestriescognitivas.

    1.1.1. TALMYGIVN

    Umdospioneirosdofuncionalismodifundidonadcadade70nosEstadosUnidos,TalmyGivnentendiaa lngua comoum instrumentode interao social,quenopossuaumfimemsimesmaequeexistiaemfunodacomunicao.Em1979 publica um texto intitulado From discourse to syntax: Grammar as aprocessingstrategy,emquetraarelaesintrnsecasentrediscursoegramtica,considerandooprimeiro comogeradordo segundo (ROSRIO, 2007:94).Assim,Givnformulouaseguinteescalademudanalingstica:

    DISCURSO>SINTAXE>MORFOLOGIA>MORFOFONMICA>ZERO

    Nobre(indito:1)pontuaque,paraGivn,tudonascenodiscursoemorrenamorfofonologia.Noincionohregularidadedeuso,mascomousoearepetioiniciaseumaregularizaoquevaiexercendoumapressotalquefazcomqueoque no comeo era casustico se fixe e se converta em norma so pressesmecnicasocasionadaspelarepetio.Esseprocessoseddeforma inconscienteno usurio da lngua. Givn prope, com isso, que as formas discursivas sejamlocalizadasnumcontinuun,oqueimplicaumavariabilidadelingstica.

    Em1986,Givnampliaateoriadosprottipos,propostaporRoschnadcadade70.Nessateoria,consideraseumprottipoo itemquepossuirtodosostraoscaractersticos da sua categoria. Os outros elementos que no compartilham amesmaquantidadedetraospossuindosalgunssoconsideradoselementosmarginais,podendoatmigrarparaoutrascategorias.Umdosfatoresimportantesparaa identificaodeumprottipoa freqnciadeusoque tambmpossuigrandeimportncianaFonologiadeuso.

    Givn foi considerado um funcionalista extremista em 1979 por negar aexistnciadaestruturaereduziragramticaaodiscurso,contudo,emsuasobras

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    mais adiante, ele acentua a natureza abstrata e formal da estrutura sinttica, seenquadrandonalinhaconsideradamoderadadofuncionalismo.

    1.1.2. FONOLOGIADEUSO

    A Fonologia de Uso foi proposta por Joan Bybee teoria que analisa

    conjuntamenteonvelfonticoeofonolgicoassumindoqueasrepresentaesfonolgicas expressam generalizaes que falantes depreendem a partir daexperinciacomousodalngua(CRISTFAROSILVA,2003:224).

    Em 1998,Bybeepe emdiscussoo lxico.Questiona se eleexistaporqueemergedaexperincia lingsticadearmazenamento(quedenaturezadiferenteda concepo tradicional de lxico) e diz no ser real a separao do lxico dagramtica.Expequeamemriaconsisteemumlargoarmazenamentodeunidadede vrios tamanhos, com vrios graus de resistncia e produtividade e que asunidadesestoemconexoumascomasoutras,emummodeloderede.

    Themodeldescribedhere,which IwillcalltheNetworkModel, ishighly redundant since the same string of features, that is, thesame morpheme or word, can occur in many differentcombinations. This redundancy does not entail that any validgeneralizations are being missed: it is, of course, an empiricalquestionwhat typeofgeneralizationsnative speakersmake,butallofthesecanbecapturedinschemaswhichcanbeformulatedinvaryingdegreesofabstraction.(BYBEE,1998:422)

    Bybee(2000:251)apresentasuapropostadequeousofreqentedepadresvema serconvencionalizado,ou fossilizado,comoumpadrogramaticalequearepetiopode vir aoperarumprocessodegramaticalizaoou criaodeumanova gramtica. Essa repetio em alta freqncia pode ocasionar mudanas desomemprogressoemitenslexicais:withmorefrequentlyusedwordsundergoingchangeatafasterratethanlessfrequentlyusedwords.

    Bybee (2001) divulga a Fonologia de Uso, que sugere que a forma como alnguausadaafetaomodocomorepresentadaeestruturada.Estateoriapropeque o conhecimento lingstico organizado em representaes mltiplasalinhavadasem redes interconectadas.Tais redesgerenciam relaesemdiversosnveis: segmental, silbico, morfolgico, sinttico, pragmtico, social, etc.(CRISTFAROSILVA,2006:172).Bybeeexpeosseguintesprincpiosbsicosdoseumodelo:

    a) a experincia afeta a representao: o uso e os padres deproduoepercepoafetamarepresentaonamemria;b)a representaomentaldosobjetos lingsticos temamesmarepresentaomentaldeoutrosobjetosnolingsticos;

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    c)acategorizaobaseadanaidentidadeenasimilaridade;d) as generalizaes sobre formas no so separadas darepresentaodessasformas,masemergemdiretamentedelas.Asgeneralizaes so conseqncia das relaes de similaridadefonticaesemnticaestabelecidasentreasformasarmazenadas;e) a organizao lexical permite generalizaes e segmentaesemvriosgrausdeabstraoegeneralidade;f)oconhecimentogramaticalumconhecimentoprocedimental.(GUIMARES,2004:4041)

    Omodelobaseadonousodgrandeimportnciafreqnciacomodifusora

    damudanasonora.Bybee(2000:252)jressaltavaessaimportncia:

    Myinterpretationofthefrequencyeffectinthediffusionofsoundchange (followingMoonwomon 1992) isthatsoundchangetakesplaceinsmallincrementsinrealtimeaswordsareused.Themoreaword idused themore it isexposed to the reductiveeffectofarticulatory automation. The effects that production pressureshave on the word are registered in the stored representation,probablyasaneveradjustmentsrangeofvariation.Thuswordsofhigher frequency undergo more adjustments and register theeffectsofsoundchangemorerapidlythanlowfrequencywords.

    Bybeedefinedois tiposde freqncia: freqnciade tokene freqnciade

    type,(oufreqnciadeocorrnciaedetipo,respectivamente).

    1)Freqnciadeocorrncia (token)=A freqnciadeocorrnciarefereseaquantasvezesumaunidade,geralmenteumapalavra,ocorreemumcorpusoralouescrito.A freqnciadeocorrnciapossui dois efeitos distintos: um deles que a mudanafoneticamente motivada (na maioria das vezes, assimilao ereduo)progridemaisrapidamentenaspalavrasmaisfreqentes.Esseefeitorelacionadoaofatodequea lnguamudanotemporeal,e,portanto,quantomaisumapalavrausada,maischancesela tem de ser modificada. O outro efeito da freqncia deocorrncia que os itens lexicais mais freqentes so maisresistentesamudanasqueocorremporgeneralizao.Essetipodemudanaocorreria quando falha amemria.Ento,quantomaisumapalavrausada,mais forte (emais recente)ela ficanamemria. Por isso, mudanas que ocorrem por nivelamentoanalgicotendemaatingirpalavrasmenosfreqentesprimeiro.2) Freqncia de tipo (type) = A freqncia de tipo referese freqnciadedicionriodeumpadroparticular.Osufixoeiro,por exemplo, tal como ocorre nas palavras padeiro,sanfoneiro,perueiro, seria um tipo. O sufixo s marcador de plural no

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    portugus, comoem casas, seriaumoutro tipo.A seqncia StS,comoocorrenaspalavrasginsticaeestica,tambmseriaexemplodeumtipo.Umaunidadesonora,comoumtSouumdZ,tambmpode ser considerada um tipo. A freqncia de tipo tem efeitodireto na produtividade de determinados padres. O termoprodutividadedizrespeitoprobabilidadededeterminadopadrose aplicar a novos itens. Quanto mais freqente for um padro,mais chances ele ter de se aplicar a novos itens no lxico.(GUIMARES,2004:41)

    importante salientar que a mudana sonora apresenta uma gradualidade

    fonticanasrepresentaeslexicais,oquefazlembraraTeoriadaDifusoLexical,quesepropagaatravsdamudanasonoranolxico.2. METODOLOGIA

    Apresentepesquisatemporobjetivorealizarumabreveanlise,nomunicpio

    deNiteri localizadonaregiometropolitanadoEstadodoRiodeJaneiro,docomportamentodoSemcodasilbicatantoemposiointerna,quantoexterna,eavaliarquaisfatorespodemdeterminarsuarealizao.

    Para esse estudo, foram escolhidos quatro informantes: dois do sexomasculinoedoisdosexofeminino(sendoumhomemeumamulherentre18e35anoseumhomemeumamulherde56anosemdiante).

    Para a recolha do corpus foi aplicado um questionrio de cunho fonticofonolgicoomesmoutilizadonasentrevistasparaoProjetoAtlasLingsticodoBrasil(ALiB)constitudopor159questesqueabrangemoutrosfenmenosalmdo s em coda; e feitas entrevistas do tipo DID (dilogos entre inquiridor einformante)comduraodeumahora.

    Asentrevistas foramgravadasem formatodigitaleem fitacassete,queemseguida foram digitalizadas. Com as entrevistas dos quatro informantes,distribudos por sexo e duas faixas etrias, obtevese em cerca de seis horas degravao1.337dados.

    3. ANLISEEINTERPRETAODOSDADOS

    Nesteexperimentoobservaramse,inicialmente,asseisvariveisdependentespropostas e se obteve o total de 1337 dados do fenmeno com a seguintedistribuio:

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    Grfico1:DistribuiodasvariantesdoSemcoda

    Comosepodeobservar,h,na regioestudada,umpredomniodavariante

    palatal,sendo,portanto,anormapadroda localidade.Osdadosobtidosparaasalveolarescorrespondemsomentevariante[z],noocorrendosuacorrelatasurda[s].Constatouse,contudo,queos185dadosdavariante[z]sedevemapresenadocontextoSseguidodevogal,conformedemonstramosdados:

    a) Pegoseisanosdecadeiab) Diazepanfazefeitoc) maselenoquisud) afomosprojuizetudoe) issoaquinsmoramosassimf) tinhamaisoumenosoitometros

    Issoocorredevidoao fenmenoda ressilabao:diantedevogalavariante

    passaa[z]eformaumanovaslabacomessavogalseguinte,mudandoaposiodestavariante,quedecodapassaaposiodeataqueesimplificaaslaba,comorelataMota(2002:31):

    Antesdavogalinicialdovocbuloseguinte,aconsoante,emgeral,deixade figuraremcodasilbica,passandoposioprvoclica,comamodificaodaestruturasilbicaparaCV,comoemduasaves,osculos.

    Por s se apresentar nesse contexto, as alveolares foram descartadas da

    anlise. Sendo assim, seguiuse a anlise com trs variantes:palatais, aspiradas ezero fontico (ou apagamento), ficando, ento com um total de 1152 dados,

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    distribudosda seguinte forma:palatais ([S]e [Z]) com832dados;aspiradas com118;eapagamentocom202dados.Separandoosdadosemposiodavarivelnovocbulo,puderamseobterosseguintesnmeros:

    Posioexterna

    Palatal([S]e[Z])

    [h] [O]

    Ocorrncia 285/536 73/536 178/536Porcentagem 53 14 33

    Tabela2:Posioexternadavariantenovocbulo.

    Observase, nesta tabela, que a palatal realizase em 53% dos casos, sendoseguida pela variante zero com 33% e pela variante aspirada com, somente, 14%.Focalizando o elemento subseqente s variantes (consoante, pausa ou vogal),podemos contatar que: a palatalizao ocorre com os trs elementossubseqentes,sendoqueamaiorrealizaoseddiantedeconsoantediantedevogal sua realizao mnima; a aspirao no ocorre diante de pausa e praticamente categrica a sua realizao diante de consoante; e o apagamento,assim como a palatalizao, ocorre nos trs contextos, sendo que diante deconsoantesuarealizaomaior.Paraummelhorentendimento,segueumatabelacomparandoastrsvariantesemcadacontexto.

    Palatal Aspirada Apagamento Totalde

    ocorrnciasPausa 136 0 28 164Consoante 147 71 124 342Vogal 2 2 26 30

    Tabela3:Realizaodasvariantesexternasnoscontextossubseqentes.

    Posiointerna

    Palatal [h] [O]Ocorrncia 547/616 45/616 24/616Porcentagem 89 7 4

    Tabela4:Posiointernadavariantenovocbulo.

    Oque seobservanessa tabelaque amanutenodapalatal emmeiodepalavramuitoforte,tendosomente11%derealizaonopalatalnessecontexto.Issodemonstraqueno interiordapalavraamudanademoramaisaocorrer,masnodeixadeocorrer.SegundoBybee(2000:251):

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    ()when the alternating environment is inside of aword,the change can be retarded even in the appropriateenvironment, but eventually an alternation can be created,showing, again, restructuring of the lexical representationsarerestructuredoftheword.

    Vale ressaltar que, desses 69 dados (11%), 64 so ocorrncia dos vocbulos

    mesmo e desde sendo que esses dois vocbulos possuem somente 21 dadospalatais , o que nos faz analisarmos estes vocbulos quanto questo dafreqnciadeocorrnciaadiante.

    Chamamnos a ateno dois aspectos vistos nos dados tanto em posioexternaquantoemposiointerna:aquestodafaixaetriaedotipoderesposta(questionrioversusfalaespontnea).

    Emposiointernaeexterna,osjovenssoosquemaisutilizamasvariantesaspiradaeapagamento,comosepodeverificarnosgrficosabaixo:

    Grfico2:variantesinternasporfaixaetria

    Grfico3:variantesexternasporfaixaetria

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    Comisso,oquesepercebequeocorreumavariaodemudanadesomemprogresso:os jovens tendemausarmaisasvariantes inovadoresdoqueosmaisvelhos.Emposiointerna,apesardapoucarealizaodenopalatal,quemlideraessamudanasoos indivduosda faixa 1,assimcomonaposioexterna.Nestaltima posio, interessante destacar que a realizao do apagamento pelosjovens praticamente se encontra com o mesmo ndice de ocorrncia que a dapalatal,sendo43%deapagamentoe44%depalatal.

    Podeseaplicar,ento,aqui,aidiadecontinuundeGivn.Comoemlimitedepalavramuitomaissuscetvelasvrias realizaesdeS,entendesequecomarepetio iniciouse a regularizao da nopalatal que chega a ultrapassar arealizao palatal (norma padro na regio estudada) no caso dos jovens. J nointerior da palavra a situao difere: a palatal se faz presente emmaior nmerotantonafaixa1quantonafaixa2,masjhcasosdeapagamentoeaspiraonestaposio.

    Emtipoderesposta,oestilomonovocabularapresentouporcentagemmuitofavorvelpalatalizaotantoemcontexto interno,quantoemcontextoexternodepalavra; jnoestilocadeiafnica,humadiferenaqueacompanhaclarooque foi visto como um todo em posio da varivel no vocbulo: no contextointerno o que se v uma grande realizao de palatais (por motivo j tidoanteriormente);nocontextoexternohumequilbrioentrepalatalenopalatal,comopodemosvernasseguintestabelas:

    Questionrio

    Palatal [h] [O]C.interno 99% 1% 0C.externo 83% 4% 13%Tabela5:Porcentagemderespostasmonovocabularesobtidasnasgravaes.

    Falaespontnea

    Palatal [h] [O]C.interno 87% 8% 5%C.externo 50% 15% 35%Tabela6:Porcentagemderespostasemcadeiafnicaobtidasnasgravaes.

    Essealtondicederealizaodepalatalcomousodoquestionrionoslevaa

    crerqueosfenmenosdeaspiraoeapagamentosoinibidosquandoaotipoderespostapor se sentiremmaismonitorados tantopor elesprprios,quantopeloentrevistador,quefazaperguntajcomintenodeobtertalresposta.

    Ao contrrio da faixa etria, o gnero no apresentou relevncia quanto variaodadoSemcodasilbica.

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    3.1 ARELAODASFREQNCIASCOMOCORPUS

    Bybeepropsummodelode lxicomentalemqueaspalavrasseencontramorganizadas de forma ordenada, possuindo agrupamentos de acordo com aidentidade ou com a similaridade fonolgica e semntica e que os falantesdepreendem as generalizaes das representaes fonolgicas a partir das suasprprias experincias com o uso lingstico. Quanto maior for a freqncia dedeterminadapalavra (oudeterminadopadro),maior so suas chancesde sofrerumamodificao(oudeseaplicaranovositens).

    Aautoraestabelece,ento,dois tiposde freqncia:adeocorrnciaqueest ligadaafreqnciaum itememespecficodentrodafala,eadetipoquecorresponde freqnciadeumdeterminadopadrono lxico,comomorfemas,afixosetc..Avaliemos,ento,essesdoistiposdefreqncianocorpusestudados.

    3.1.1. FREQNCIADEOCORRNCIA

    Inicialmente,veremosafreqnciadeocorrnciadasrealizaesnopalatais

    dosdados (semdistinguiraposiodavariantenovocbulo).Assim,obteveseoseguintequadro:

    Dados

    (emordemdefreqncia)

    Nmerodeocorrnciadenopalatal

    %darealizaonopalatal

    1.mas/mais 76/119 64%2.mesmo 59/76 78%3.festa 0/30 0%4.depois 20/30 66%5.dois 9/23 39%6.trs 8/23 35%7.faz 7/18 39%8.Deus 6/14 43%9.escola 0/14 0%10.dez 2/13 15%11.vez 5/12 42%12.nibus 2/10 20%13.antes 10/10 100%

    Tabela7:Freqnciadeocorrnciadasrealizaesnopalatais

    Observase que nem todos os itens mais freqentes tendem a nopalatalizao, chegando alguns a no terem realizao de nopalatal. Contudo,esses itens soosquepossuem realizao internaaovocbulooque ratificaa

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    questodequeno interiordapalavraamudanademoramaisaocorrer.Vejamos,ento,estatabelacomostrs itensmaisfreqentesecomumanicaexceodeumitemmenosfreqentequemuitochamaaateno:

    Dados

    (emordemdefreqncia)

    Nmerodeocorrnciadenopalatal

    %darealizaonopalatal

    1.mas/mais 76/119 64%2.mesmo 59/76 78%3.depois 20/30 66%4.antes 10/10 100%

    Tabela8:Freqnciadeocorrnciadasrealizaesnopalatais

    Osvocbulosmas/maispossuem64%derealizaonopalatal.Paraverificarseessamudanasednolxicoouinfluenciadaporalgumcontextosonoro,foiseaosdadosparaaveriguarqualo segmento seguintenesse caso.Verificouseque,apesar de haver um grande nmero de nasais aps os vocbulos mas/mais, arealizaodanopalatalizaosedcomqualquerelementosubseqente:

    a) mahlemcimab) mahnumtac) mahdonadad) mahagentevaitentandoe) sempernamahdprairf) ficavadecarafeiamaOficavag) vairolmaOvaiabafah) maOrodiassimi) eufaocertomaOpramim

    j) perigosomaOcadaumsabeseguir

    k) commuitomedomaihnol) ahnomaihdeznom) nuncamaihficouomesmon) eleerabemmaiOmagroo) maiObaseadop) amaiOrpidoq) maiOprazoar

    Entendese,portanto,queasrealizaessoconseqnciadegeneralizaes

    das relaes de similaridade fontica e semntica estabelecidas entre as formasarmazenadas.

    Com os vocbulos seguintes ocorre a mesma coisa que se viu para osvocbulosmas/mais comexceodovocbulomesmoqueavariao sednointeriordapalavra,ocasionandotersomenteumtipodesegmentosubseqente.

    Ovocbulodepois,temseosseguintessegmentossubseqentes:

    a) depoihqueeuandeitomandouns

    b) adepoiOdeSoGonalo

    c) adepohmeumaridoligod) oquevemdepoiOdodois...trse) achoqueeradepohdasuacasa

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    f) comdoisanosdepoiOeuplanejeiOvocbuloantespossui100%derealizaonopalatal,sendomaisespecfico

    deapagamento.Realizasecomzerofonticodiantedenasais,oclusivas,africadas,vogaisepausa.

    O vocbulo mesmo, como j dito, s ocorre diante da nasal por ser umarealizao interna da variante. Este nico dado de variao em posio internarefora a teoria de Bybee de que os falantes categorizam (mais de uma vez)diferentes itens no lxico, que so armazenadas na memria do falante econstantementeatualizadasdevidoexperinciadessefalante.Afreqnciaumfator muito importante nesse armazenamento, pois palavras mais freqentes sefortalecemmaisesomaisfacilmenteacessadasdoquepalavrasmenosfreqentesque ficam margemdos armazenamentos.Por seremmais robustas ede fcilacesso,aspalavrasmaisfreqentessetornamoprottipoparaofalante,enquantoasmenosfreqentesficammargemdasrealizaes.Observaseaquiumadifusolexicaldovocbulomesmo fortalecidapela freqnciadeuso,quepostulaqueoarmazenamento mental feito mediante a palavra e no mediante os sonsindividuaisassimcomoaDifusoLexical.

    3.1.2. FREQNCIADETIPO

    A freqnciade tipo foiobservadana realizaoda variantenopalatalno

    corpusemumcaso:formaverbalterminadaemmos.Em48casos,somente9serealizaramcomopalatais,asoutras39foramproduzidastodascomoapagamentoem 19 palavras lexicais diferentes, o que nos leva ao modelo de Network. Paraexemplificaressa representaometalem rede,utilizaremosalgumasdas formasverbaisterminadasemmos:

    FOMOO

    VAMOO

    BOTAMOO

    FICAMOO

    PLANTAMOO

    Esquema1: Modelo de Network da forma verbal terminada em mos.

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    CONCLUSO

    OpresentetrabalhoanalisouasvariantesdeSemcodasilbica,emposiointernaeexternaapartirdaviso funcionalista,nomunicpiodeNitericidadelocalizadanaregiometropolitanadoEstadodoRiodeJaneiro.

    Foram analisadas as entrevistas de quatro informantes: dois do sexomasculinoedoisdosexofeminino(sendoumhomemeumamulherentre18e35anoseumhomemeumamulherde56anosemdiante).Foramobtidosinicialmente1337dados,masparaaanliseforamconsiderados1152,poisarealizaodaalveolarsonorafoidescartadaporsocorrerdiantedevogalecomissosofrerprocessoderessilabao.

    Osdadosemposiointernanosemostrarammuitofavorveisavariaodofenmenoestudado,oqueconfirmaaafirmaofeitaporBybee(2000)dequeositensnestaposiopodemserretardadosatemambientesfavorveismudana,maspodemocorrercomofoivistocomovocbulomesmo.

    Emposioexternafoipossvelestabelecerumcontinuunnasrealizaesdasvariantes:

    Palatal Aspirada Apagamento Totalde

    dadosPosioexterna 53% 14% 33% 536

    Tabela9:OcontinuunnasvariantesdoSemcoda

    Houve uma grande freqncia dos itens nopalatalizados, confirmando apropostadaFonologiadeUsodequeasrepresentaesfonolgicasexprimemasgeneralizaesqueosfalantespercebemapartirdesuasprpriasexperinciasdeuso da lngua. Podese contatar que tanto a freqncia de ocorrncia quanto afreqncia de tipo influenciam na organizao das representaes mentais dosfalantes,poistornamositensmaisfreqentesmaisrobustosefceisdeacessarnoseuarmazenamento.

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    STUDYOFSINSYLLABLECODA:AFUNCTIONALISTPERSPECTIVEABSTRACT:Thearticle isa linguisticresearch intothevariationofs inthesyllablecoda,with regard to thespeechcarriedoutbysubjects from thecityofNiteriestablishedinthedowntownareaintheStateofRiodeJaneiro.Forsuchresearch,TalmyGivns functionalistmodelandJoanBybeesUsageBasedPhonologywereutilized.WeintendtoobservehowsyllabicSincodaworksininternalandexternalpositionandwhatcauses its sound tochange. This researchattempts todrawacontinuumwiththedataexaminedandtoanalyzewhat istheroleoffrequency intherealizationofthenonpalataloftheSincoda.KEYWORDS:Variation,UsageBasedPhonology,Typefrequency,TokenfrequencyRecebidoem27dejulhode2009;aprovadoem17deagostode2009