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.. Órgão Oficial de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte Volume 393 Brasília, 4 uO de julho de 1988 - 54 o plenário lotou na última semana de votações de primeiro turno (no alto). Na decisão sobre a anistia aos micro e pequenos empresarios e proprietários (lado), euforia da vitória. No detalhe, o placar da última tomada de votos dessa etapa. A Assembléia Nacional Constituinte encerrou na quin- ta-feira passada a votação, em primeiro turno, da futura Constituição. Agora não se tratá mais de um arcabouço, mas de um texto que passou por subcomissões, pelas comis- sões temáticas e de Sistemati- zação e foi, após inúmeras ne- gociações, votado pelo Plená- rio (o conjunto dos 559 consti- tuintes). As disposições perínamen- tes e transitórias votadas pode- rão, agora, sofrer aperfeiçoa- mentos, através de emendas supressivas ou de redação. A Constituinte, entretanto, não pára neste momento. Após a apresentação do parecer do re- lator Bernardo Cabral, tere- mos a sua discussão, a apresen- tação de emendas supressivas, a elaboração de novo parecer sobre as emendas, a sua publi- cação e, finalmente, a solici- tação de destaques. Ainda este mês a ANC esta- rá,-novamente, votando" já no segundo turno, a nova Carta. Como as pendências 'restantes não são em número muito gran- de, pode-se esperar que o texto final esteja pronto em breve pe- ríodo de tempo, provavelmente o tempo exato de o Brasil feste- jar mais um ano de independên- cia política com suas instituições democráticas consolidadas. O trabalho até aqui realizado, du- rante este período de um ano e quatro meses, tem sido esta- i fante para todos - constituin- tes, funcionários e jornalistas. Porém, é gratificante ver ganhar corpo sólido a Lei que permitirá ao Brasil romper com dignidade o próximo século. Ulysses: Viv(l o Brasill Viva a Constituinte! Na sessão em que a Constituinte encerrou a votação, em primeiro turno, da futura Carta, o presidente Ulysses Guimarães pronunciou, de improviso, o seguinte discurso: Quero, em primeiro lugar, ressaltar a diligência do . relator, o seu trabalho, que não tem faltado, e que classifi- caria, sem exageros, de gigantesco (palmas prolongadas). Um trabalho que faz jus a esta consagração, tão impor- tante, complexo, controvertido, polêmico, como o próprio processo de elaboração constitucional em si. Devo dizer, inclusive, que S. Ex' não fará uso, agora, de todo o tempo a que teria direito para elaborar seu parecer, porque já tem a redação praticamente pronta, e assim agiu em bene- fício da celeridade de nossas atividades. Desejo igualmente, nesta oportunidade, prestar minha homenagem aos líderes e aos reJ?resentantes das forças que se aglutinam aqui na Assembléia Nacional Constituinte (palmas). A Nação inteira sabe, todos sabem, que 'essas hderanças e esses representantes participaram de negocia- ções e reuniões ininterruptas, das quais sou testemunha física, com grande despreendimento, reuniões estas que aconteceram mesmo aos sábados, domingos e feriados. Esta foi uma contribuição muito valiosa para que os textos tenham a .qualificação que têm - embora, certamente, no segundo turno, tenhamos que expungir possíveisimper- feições, normais num processo legislativocomo o que esta- mos realizando. Quero homenagear a imprensa, pela divulgação im- parcial de nossos trabalhos e os funcionános da Casa, os assessores, e o faço na pessoa do assessor da Mesa, Paulo Afonso, que desde as primeiras ·horas da manhã até 10, 11 horas da noite, tem ficado à disposição do presidente para que possamos preparar e ensair nosso papel nas vota- ções, decorando bem o script. Se não decoramos estes . scripts antes, estamos perdidos. Felizmente, isso não tem acontecido, e com a ajuda valiosa da assessoria da Mesa, as votações se processam com velocidade. Acreditem, meus amigos, que considero este um mo- mento culminante na minha vida pública. Esta é uma cadei- ra que tem projeção histórica, como da mesma forma histó- rico é o trabalho de todos os constituintes. Quero homena- gear, de modo especial, os constituintes, que aqui perma- necem durante horas, pacientemente, contribuindo com sua participação e .seu conhecimento, dizendo "sim" e di- zendo "não", com convicção, sobre assuntos domais rele- vante interesse nacional. Tenho orgulho de presidir brasileiros dessa qualidade moral e intelectual, e desse talento político. Viva o Brasil, na pessoa de seus representantes na Constituinte!

Volume 393 - camara.leg.br · sões temáticas e de Sistemati ... Guimarães pronunciou, de improviso,o seguinte discurso: Quero, em primeiro lugar, ressaltar a diligência do

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Órgão Oficial de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte

Volume393

Brasília, 4 uO de julho de 1988 - N° 54

o plenário lotou na últimasemana de votações de primeiro

turno (no alto). Na decisão sobrea anistiaaos micro e pequenos

empresarios e proprietários(lado), euforia da vitória.

No detalhe, o placar da últimatomada de votos dessa etapa.

A Assembléia NacionalConstituinte encerrou na quin­ta-feira passada a votação, emprimeiro turno, da futuraConstituição. Agora não setratá mais de um arcabouço,mas de um texto que passoupor subcomissões, pelas comis­sões temáticas e de Sistemati­zação e foi, após inúmeras ne­gociações, votado pelo Plená­rio (o conjunto dos 559 consti­tuintes).

As disposições perínamen­tes e transitórias votadas pode­rão, agora, sofrer aperfeiçoa­mentos, através de emendassupressivas ou de redação. AConstituinte, entretanto, nãopára neste momento. Após aapresentação do parecer do re­lator Bernardo Cabral, tere­mos a sua discussão, a apresen­tação de emendas supressivas,a elaboração de novo parecersobre as emendas, a sua publi­cação e, finalmente, a solici­tação de destaques.

Ainda este mês a ANC esta­rá,-novamente, votando" já nosegundo turno, a nova Carta.Como as pendências 'restantesnão são em número muito gran­de, pode-se esperar que o textofinal esteja pronto em breve pe­ríodo de tempo, provavelmenteo tempo exato de o Brasil feste­jar mais um ano de independên­cia política com suas instituiçõesdemocráticas consolidadas. Otrabalho até aqui realizado, du­rante este período de um anoe quatro meses, tem sido esta-

i fante para todos - constituin­tes, funcionários e jornalistas.Porém, é gratificante ver ganharcorpo sólido a Lei que permitiráao Brasil romper com dignidadeo próximo século.

Ulysses: Viv(l o Brasill Viva a Constituinte!Na sessão em que a Constituinte encerrou a votação,

em primeiro turno, da futura Carta, o presidente UlyssesGuimarães pronunciou, de improviso, o seguinte discurso:

Quero, em primeiro lugar, ressaltar a diligência do .relator, o seu trabalho, que não tem faltado, e que classifi­caria, sem exageros, de gigantesco (palmas prolongadas).Um trabalho que faz jus a esta consagração, tão impor­tante, complexo, controvertido, polêmico, como o próprioprocesso de elaboração constitucional em si. Devo dizer,inclusive, que S. Ex' não fará uso, agora, de todo o tempoa que teria direito para elaborar seu parecer, porque játem a redação praticamente pronta, e assimagiu em bene­fício da celeridade de nossas atividades.

Desejo igualmente, nesta oportunidade, prestar minhahomenagem aos líderes e aos reJ?resentantes das forçasque se aglutinamaqui na Assembléia NacionalConstituinte

(palmas). A Nação inteira sabe, todos sabem, que 'essashderanças e esses representantes participaram de negocia­ções e reuniões ininterruptas, das quais sou testemunhafísica, com grande despreendimento, reuniões estas queaconteceram mesmo aos sábados, domingos e feriados.Esta foi uma contribuição muito valiosa para que os textostenham a .qualificação que têm - embora, certamente,no segundo turno, tenhamos que expungir possíveisimper­feições, normais num processo legislativocomo o que esta­mos realizando.

Quero homenagear a imprensa, pela divulgação im­parcial de nossos trabalhos e os funcionános da Casa, osassessores, e o faço na pessoa do assessor da Mesa, PauloAfonso, que desde as primeiras ·horas da manhã até 10,11 horas da noite, tem ficado à disposição do presidentepara que possamos preparar e ensair nosso papel nas vota­ções, decorando bem o script. Se não decoramos estes

. scripts antes, estamos perdidos. Felizmente, isso não temacontecido, e com a ajuda valiosa da assessoria da Mesa,as votações se processam com velocidade.

Acreditem, meus amigos, que considero este um mo­mento culminante na minha vidapública. Esta é uma cadei­ra que tem projeção histórica, como da mesmaforma histó­rico é o trabalho de todos os constituintes. Quero homena­gear, de modo especial, os constituintes, que aqui perma­necem durante horas, pacientemente, contribuindo comsua participação e .seu conhecimento, dizendo "sim" e di­zendo "não", com convicção, sobre assuntos domais rele­vante interesse nacional.

Tenho orgulho de presidir brasileiros dessa qualidademoral e intelectual, e desse talento político.

Viva o Brasil, na pessoa de seus representantes naConstituinte!

Prescrição do contrato de trabalho ruralPedindodefinições

Em alguns dias, uma semana oupouco mais, a Constituinte encer­rará as votações do capítulo dasDisposições Transitórias, ficandomuito próxima a data em que afutura Carta constitucional será fi­nalmente promulgada.

Se tudo correr bem, a primeiraquinzena de julho será suficientepara a apresentação das emendassupressivas e das destinadas a cor­reções do texto, como prevê o Re­gimento Interno da AssembléiaNacional Constituinte. E nessemesmo período ficará pronto o pa­recer do relator, passando-se, emseguida, aos trabalhos finais, coma votação do texto em segundoturno.

A fase das Disposições Transi­tórias converteu-se num indicadorda perplexidade que atualmentetoma conta da maioria das popula­ções brasileiras. Por intermédio deseus representantes, que são osconstituintes, essas populaçõesentenderam que a solução de mui­tos problemas brasileiros da atua­lidade passa pela Constituição. Ouseja: somente serão solucionadoscom a adoção de normas inscritasno texto constitucional, para te­rem sua aplicação garantida. Umelenco de medidas que sem dúvidasó poderiam ser objeto da legisla­ção complementar ou ordináriaacabou, como estamos vendo, fi­gurando no projeto, através deemendas. Algumas foram aprova­das, mesmo sendo evidente tratar­se de assunto não pertinente a umaConstituição.

Não se pode, a rigor, condenaresse tipo de ação. Tais iniciativas,na verdade, refletem a situaçãoreinante no Brasil, que encerracerto pessimismo ou descrença. Eum quadro infelizmente real, quedecorre sobretudo das distorçõesprovocadas pelo período autoritá­rio, e que agora, porém, começaa ser substituído por normas defi­nidoras bem explícitas e duradou­ras, como as que compõem o textoda nova Carta em processo finalde elaboração.

É compreensível por isso o cla­mor vindo dos mais distantes pon­tos do nosso interior, pedindomaior velocidade no ritmo das vo­tações do projeto. As populações,como sabemos, desejam na verda­de a fixação de definições paraorientar a própria vida da nação.

Constituutte Humberto LucenaPresidente do Congresso Nacional

Agora, vamosao 2<; turno

A nova Carta está pratica­mente pronta. No segundo tur­no de votações, que tem iníciono dia sete, seguramente serãoconfirmados 90% dos disposi­tivos aprovados neste primeiroturno, encerrado na últimaquinta-feira. As alterações deconteúdo daqui para frente se­rão poucas e, acredita-se, insu­ficientes para anular as impor­tantes conquistas sociais, pararetroceder os avanços de mo­dernidade e as inovações con­sagradas nesses 16 meses de de­bates, sugestões, negociações esobretudo, de votações.

O projeto pode não ser o me­lhor. Mas é democrático. Re­sulta de um longo processo ini­ciado em 24 subcomissões seto­riais, trabalhado em oito gran­des comissões temáticas. Otexto ganhou forma na Comis­são de Sistematização e foiaprimorado, lapidado, numexaustivo e emocionante con­junto de votações em plenário.Tudo foi esmiuçado, dissecadoe as soluções são fruto do con­senso. Tem falhas. Naturais,ninguém é perfeito.

Para nós, do Jornal da Cons­tituinte, este momento é espe­cial. A Assembléia venceu aetapa mais importante de seutrabalho. Mais do que regis­trar, comemoramos, segurosde haver transmitido aos brasi­leiros os passos (e até tropeços)mais importantes dessa etapada vida brasileira.

Nesta edição, trazemos as úl­timas decisões votadas em ple­nário. Uma reportagem lem­bra os grandes e polêmicos te­mas que ficaram de fora pordecisão da maioria. Em fotos,registramos o vitorioso lobbydos micro e pequenos empre­sários urbanos, dos mini, pe­quenos e médios produtoresrurais. Tudo isso é história.Bons e maus momentos quesempre serão lembrados. Viva­mos a nossa história, e que ofuturo nos julgue.

Sérgio Chacon,Secretário adjunto de Redação

A legislação atual prevê aimprescritibilidade dos direitosdo trabalhador rural durante ocurso do contrato·de trabalho.O prazo prescricional começaa contar a partir do término docontrato de trabalho e é de doisanos.

Sem dúvida alguma a Consti­tuição que estamos concluindono seu 10 turno, ao convalidara atual disposição da lei, come­teu grave discriminação ao dis­por, diferenciadamente, dosdireitos dos trabalhadores ur­banos e dos trabalhadores ru­rais. Para aqueles a prescriçãoé de cinco anos, contados dalesão do direito originário darelação de emprego, salvo nahipótese de extinção do con­trato de trabalho, quando esteprazo se esgotará dois anosapós o término da relação deemprego.

Quando se trata, todavia, dotrabalhador rural a prescriçãosomente ocorrerá após o de­curso de dois anos da cessaçãodo contrato de trabalho.

Ora, a existência, há mais de20 anos, da imprescritibilidadedos direitos do trabalhador ru­ral demonstrou o quanto seusefeitos têm sido prejudiciais aotrabalhador e à sociedade.

Não há a menor dúvida deque esta anomalia tem feitocrescer o número das reclama­ções trabalhistas no meio ruralde maneira imprevisível e o pe­dido potencial tem sido amplia­do ao longo do tempo. Resultadaí uma insegurança e a preo­cupação constante de encon­trar-se uma relação trabalhistasegura para o meio rural.

A justiça do trabalho agra­vou o problema, fazendo de­penderem os limites da respon­sabilidade do empregador deinterpretação judicial subjeti­va, isto é: "O contrato de tra­balho é aquilo que o juiz dize não o que está escrito ou foiconvencionado pelas partes".

Vem daí a necessidade daadoção de mecanismos de de­fesa, e um deles tem sido o denão manter trabalhadores pormuito tempç> com vínculo em­pregatício. E que, em assim fa­zendo, o empregador sabe qualé o encargo trabalhista que en­frentará cada vez que terminaro contrato de trabalho.

Não há dúvida de que o gra­ve problema do bóia-fria, cujocontrato é diário, não acarre­tando problemas trabalhistasfuturos, foi um escape para aquestão.

É conveniente acrescentarque a imprescritibilidade dosdireitos trabalhistas no campotem sido um fator a mais deêxodo rural que, somado aofascínio da cidade, encontrouo empregador rural desinteres­sado em manter empregadospermanentes residindo naspropriedades rurais.

Além dos prejuízos diretosque a imprescritibilidade acar­reta é necessário aferir os da­nos indiretos por ela causados:

- a transferência do traba­lhador rural com sua famíliapara a cidade criou uma de­manda acelerada de despesasque não existiam na linha detransporte, alimentação e habi­tação que toda a sociedade pas­sou a suportar. Em menos de40 anos foi mudado o perfil dapopulação brasileira, que pas­sou a ter no meio.urbano o do­bro da população rural. Claroestá que morando no imóvelrural não havia necessidade detransporte, a habitação ou eragratuita ou fornecida a preçosirrelevantes, a vida rural ense­java oportunidade para a cria­ção de pequenos animais, la­vouras em parceria ou por con­ta própria, aproveitando árease a força de trabalho eventualda própria família, tudo istotrazendo possibilidades de ali­mentação mais farta e baratapara o homem do campo, omesmo homem que hoje vai aosupermercado, que dependede transporte rodoviário parair ao trabalho que paga altopreço pelo seu lazer.

O ônus causado pela impres­critibihdade dos direitos traba­lhistas excede muitas vezes opróprio valor do salário diretodo homem do campo. Em ou­tras palavras, o trabalhador ru­ral ganha, em termos reais, ametade do que poderia ganhar.A lei reduziu o ganho do traba­lhador.

Se acrescentarmos ao tempoque o trabalhador perde notransporte as péssimas condi­ções de habitação nas favelasda periferia das cidades e as

doenças causadas pela subnu­trição do homem mal alimen­tado, o quadro é ainda maisgrave.

Esse prejuízo indireto não éapenas do empregado rural, éde toda a sociedade, pois a leicriou a necessidade de umtransporte cidade/campo queera desconhecido; vedou a pos­sibilidade de o trabalhador pro­ver parte de sua subsistênciasem dispensar boa parte do sa­lário e agravou o déficit habita-cional das cidades. I

São milhões de homenstransportados diariamente, sãomilhões de raças que deixaramde produzir, são milhões de ha­bitações acrescidas às cidades,são milhões de homens subnu­tridos procurando o INPS. Istocriou um custo social desneces­sário que a sociedade vem pa-gando. '

Essa é a importância e o pesodas conseqüências da impres­critibilidade, criada sob o falsoargumento de que o trabalha­dor rural é um servo do empre­gador, atado à terra pela pres­são econômica. Em um país demigrações continentais é U111absurdo afirmar que o homemdo campo está preso à terra,ou que, descontente, não reagetrocando de emprego. '

Nesta era dos transportes eda comunicação, o trabalhadorrural é igual ao urbano em suacapacidade de pleitear justiça.O que é preciso é a presençado Judiciário, com estruturasuficiente para atender às re­clamações, e não que os direi­tos se mantenham sem soluçãopor uma eternidade.

É por isso que precisamoscorrigir a injustiça, dando aotrabalhador urbano e ao ruralos mesmos direitos.

Para tanto, vamos igualar oprazo da imprescritibilidadeem cinco anos para todos ostrabalhadores de nosso país,suprimindo, no segundo turnode votação da Constituinte, Qdispositivo que caracterizou adiscriminação da imprescritibi­lidade no meio rural.

Constituinte Rosa Prata(PMDB-MG)

Jornal da Constituinte - Veículo semanal editado sob .aresponsabilidade da Mesa Diretora da Assembléia NacionalConstituinteMESA DA ASSEM.BLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE

Presidente- Ulysses Guimarães;Primeiro-Vice-Presidente- Mauro Benevides;Segundo-Vice-Presidente - Jorge Arbage;Primeiro-Secretário - Marcelo Cordeiro; Segundo-Secretário- Mário Maia; Terceiro-Secretário - Arnaldo Faria de Sá.Suplentes: Benedita da Silva,Luiz Soyer e Sotero Cunha.APOIO ADMINISTRATIVO

Secretário-Geralda Mesa - Paulo AffonsoM. de OliveiraSubsecretário-Geral da Mesa- Nerione Nunes CardosoDíretor-Geral da Câmara - Adelmar SilveiraSabinoDiretor-Geral do Senado- José PassosPôrtoProduzido pelo Serviço de Divulgação da Assembléia Na­

cional Constituinte.

2 Jornal da Constituinte.

Diretor Responsável - Constituinte Marcelo CordeiroEditores - Alfredo Obliziner e Manoel V. de MagalhãesCoordenador- Daniel Machado da Costa e SilvaSecretáriode Redação- Ronaldo Paixão RibeiroSecretários de Redação Adjuntos - Paulo Domingo R. Nevese Sérgio ChaconChefede Redação- OsvaldoVaz MorgadoChefede Reportagem - Victor Eduardo Barrie KnappChefede Fotografia- Dalton Eduardo Dalla CostaDiagramação - Leônidas Gonçalvesllustração - Gaetano RéSecretárioGráfico- Eduardo Augusto Lopes

EQUIPE DE REDAÇÃOMaria Valdira Bezerra, Henry Binder, Carmem Vergara,

Re~1Da Moreira Suzuki, Maria de Fátima J. Leite, VladimirMeirelesde Almeida, Maria Aparecida C. Versiani, Marco An-

tônio Caetano, Eurico Schwinden, ItelvinaAlvesda Costa, LuizCarlosR. Lmhares, Humberto Moreira da S. M. Pereira, ClovisSenna, LUIZ Cláudio Pinheiro, Marlise Iihesca,DomingosMou­rão Neto, Ijoanilde Américo Ferreira e Henda Fouad H. Jawa­biri.

EQUIPE FOTOGRÁFICAReinaldo L. Stavale, Benedita Rodrigues dos Passos, Gui­

lherme Rangel de Jesus Barros, Roberto Stuckert e WilliamPrescott. .

Composto e impresso no Centro Gráfico do Senado Federal-CEGRAF

Redação:CÂMARA DOSDEPUTADOS - ADIRP- 70160 - Brasília- DF - Fone: 224-1569- Distribuição gratuita

CARTA: :: ACOMPANHE OTEXTO NA CARTA::: ACOMPANHE OTEXTO NA NOVA C

Segundo turno começadia seteO plenário da Assembléia Nacional Constituinte

concluiu, na última quinta-feita, a aprovação em primeiroturno do texto definitivo da futura Constituição, coma votação das Disposições Gerais e Transitórias. Alémda anistia aos microempresários urbanos e aos míni, pe­quenos e médios produtores rurais que contraíram em­préstimos em O'TN, durante a vigência do Plano Cruzado,foram aprovadas também novas regras para o reajustedos valores de aposentadorias e pensões, emenda quedetermina o confisco de terras ocupadas com culturas

ilegais de plantas psicotrópicas e os bens obtidos coma produção e o tráfico de drogas, e ainda disposiçãoque determina que sejam corrigidos monetariamente osdébitos das empresas financeiras em processo de liquida­ção, entre outras disposições importantes.

O projeto da nova Carta será submetido a umanova votação, em segundo e definitivo turno, quandopoderão ser suprimidos artigos, expressões e dispositivosdo texto aprovado em primeiro turno e acatadas emendasque visem à correção de víciosde linguagem ou de técnica

legislativa, ao restabelecimento de matérias aprovadasno primeiro turno não incluídas na redação final ou mes­mo à compatibilização de dispositivosque sejam contradi­tórios entre si.

Desde sexta-feira, o relator-geral da Assembléia,Bernardo Cabral, vem trabalhando na consolidação dotexto aprovado em primeiro turno. No dia sete, começaa discussão em segundo turno, abrindo-se prazo de cincodias para que os constituintes apresentem emendas aserem votadas em seguida.

Humberto Souto defende a anistia aos ,produtores e microempresários na tribuna

ADIRPlRoberto Stuckert

DÉBITOS QUITADOS§ 49 -'Os benefícios de que

trata este artigo não se esten­dem aos débitos já quitados eaos devedores que sejam cons­tituintes.ALTERAÇÕESCONTRATUAIS

§ 59 - No' caso de opera­ções com prazos de vencimen­tos posteriores à data limite deliquidação da dívida, havendointeresse do mutuário, os ban­cos e as instituições financeiraspromoverão, por instrumentopróprio, alteração nas condi­ções contratuais originais deforma a ajustá-las ao presentebenefício.REPASSE PROIBIDO

§ 69 - A concessão do pre­sente benefício por bancos co­merciais privados em nenhumahipótese acarretará ônus parao poder público, inclusive atra­vés de refinanciamento e re­passe de recursos pelo BancoCentral.

§ 79 - No caso de repasse aagentes financeiros oficiais ecooperativas de crédito, o ônusrecairã sobre a fonte de recur­sos originária.

395385

Não: 6Abstenção: 4

Com esse resultado, o plená­rio aprovou fusão de emendasque deu nova redação para osreferidos artigos, numerados

Votaram:Sim:

JUÍZES TOGADOSArt. 46.' Os juízes togados

- de investidura limitada no tem­po, que hajam ingressado me­diante concurso público deprovas e títulos e que estejamem exercício na data da pro­mulgação da Constituição, fi­cam estabilizados nos respec­tivos cargos, observado o está­gio probatório, e passam acompor quadro em extinção,mantidas as competências,prerrogativas e restrições da le­gislação a que se achavam sub­metidos, salvo as inerentes àtransitoriedade da investidura.

Parágrafo único. A apo­sentadoria dos juízes de quetrata este artigo regular-se-ápelas normas fixadas para osdemais juízes estaduais.

COMPATIBILIZAÇÃODE QUADROS

Art. 50. Lei federal, esta­dual e municipal estabelecerácritérios para que a União, es-

~ tados e municípios promovama compatibilização de seusquadros de pessoal ao dispostono art. 45, § 2°, das disposiçõespermanentes desta Constitui­ção e à reforma administrativadela decorrentes no prazo de18 meses contados da promul­gação desta Constituição.

DEFENSORES PÚBLICOSArt. 66. Fica assegurado

aos defensores públicos, invés­tidos na função até a data dainstalação da Assembléia Na­cional Constituinte, o direitode opção pela carreira, com aobservância das garantias e ve­dações previstas no parágrafoúnico do art. 159 desta Consti­tuição.

DELEGADOS DE POLÍCIAArt. 67. Aos delegados de

polícia de carreira aplica-se oprincípio do art. 44, § 8°, cor­respondente às carreiras disci­plinadas no § 4°do art. 156 des­ta Constituição.

EFEITOS JURÍDICOSArt. 43. Ficam extintos os

efeitos jurídicos de qualquerato legislativo ou administra­tivo, lavrado a partir da insta­lação desta Assembléia Nacio­nal Constituinte, que tenha porobjeto a estabilidade de servi­dor da administração direta ouindireta, inclusive das funda­ções instituídas e mantidas pe­lo poder público, admitido semconcurso público.ESTABILIDADEDE SERVIDORES

Art. 45. São estáveis osatuais servidores públicos civisda União, dos estados, do Dis­trito Federal e dos municípios,da administração direta ou au­tárquica, que, na data da pro­mulgação desta Constituição,contem, pelo menos, cincoanos de serviço público ininter­rupto, exceto nas fundações.CARGOS DE CONFIANÇA

Parágrafo único. O dispos­to neste artigo não se aplica aosocupantes de cargos, funçõese empregos de confiança ou emcomissão, nem aos que a lei de­clare de livre exoneração, cujotempo de serviço não será com­putado para os fins do caputdeste artigo, exceto na hipó­tesede servidor.

Com esseresultado, ficou de­cido pelo Plenário o acolhi­mento de emenda de autoria doconstituinte Roberto Freire(peB - PE), a qual fixou oslimites do alcance da anistiafis­cal, acrescentando as letras "e"e "f' ao texto da fusão original­mente aprovado, de modo a /i­mitar o financiamento em 5.000OTN e que o beneficiário nãosejaproprietário de mais de cin­co módulos rurais.

Por meio dessa votação, oPlenário acolheu fusão deemendas dos constituintesMansueto de Lavor (PMDB­PE), Ziza Valadares( -MG) e Humberto Sou­to (PFL - MG) que determi­nou os termos da anistia fiscalpara os tomadores de emprés­timo durante o Plano Cruzado.

LIMITAÇÃO

Votaram: 429Sim: 297Não: 115Abstenção: 17

Não: 163Abstenção: 22

471286

Votaram:Sim:

Atos das Disposições Gerais eTransitórias (continuação)

ANISTIA DA CORREÇÃONa liquidação dos débitos,

inclusive suas renegociações ecomposições posteriores, ain­da que ajuizados, decorrentesde quaisquer empréstimos con­cedidos por bancos e por insti­tuições financeiras, não existi­rá correção monetária, desdeque tenham sido concedidos:

I - aos micro e pequenosempresários ou seus estabele­cimentos no período de 28-2-86a 28-2-87;

11 - aos míni, pequenos emédios produtores rurais noperíodo de 28-2-86 a 31-12-87,desde que relativos a créditorural.DEFINIÇÃO

§ 1°- Consideram-se, paraefeito deste artigo, microem­presas, as pessoas jurídicas efirmas indrviduaís com receitasanuais de até 10 mil OTN, epequenas empresas as pessoasJurídicas e firmas individuaiscom receita anual de até 25 milOTN.

§ 2° - A classificação demíni, pequenos e médios pro­dutores rurais far-se-á obede­cendo-se às normas do créditorural vigentes à época do con­trato.

§ 3°- A isenção monetáriaa que se refere este artigo sóserá concedida nos seguintescasos:

a) se a liquidação do débitoinicial, acrescido de juros le­gais e taxas judiciais, vier a serefetivada no prazo de até 90dias a contar da data da pro­mulgação desta Constituição;

b) se o financiamento inicialnão ultrapassar o limite de 5mil OTN;

c) se a aplicação dos recur­sos não contrariar a finalidadedo financiamento, cabendo oônus da prova à instituição cre­dora;

d) se não for demonstradopela instituição credora que omutuário dispõe de meios parao pagamento de seu débito, ex­cluído desta demonstração oseu estabelecimento, casa demoradia e os instrumentos detrabalho e produção;

e) se o beneficiário não forproprietário de mais de cincomódulos rurais.

Jornal da Constítuínte 3

iVACARMANDATOS

§ 4°- Os mandatos do go­vernador, vice-governador,deputados estaduais e federaiseleitos na forma do parágrafoanterior extinguir-se-ão conco­mitan'temente com os das de­mais unidades da Federação.Os mandatos dos senadores ex­tinguir-se-ão, no caso do me­nos votado, nessa mesma opor­tunidade e, no dos dois maisvotados, juntamente com ossenadores eleitos em 1986 nosdemais estados da Federação:CONSTITUINTE I

ESTADUAL§ 5° - A Assembléia Esta­

dual Constituinte será instala­da no quadragésimo sexto diada eleição dos seus integrantes,e não antes de 19 janeiro de1989, sob a presidência do pre­sidente do Tribunal RegionalEleitoral do Estado de Goiás,e dará posse ao governador eao vice- governador, eleitos,na mesma data. 'Lq3ERAÇÃO DOSDEBITOS

§ 6g- Aplicam-se à criação

e instalação do estado do To­cantins, no que couber, as nor­mas legais disciplanadoras dadivisáo do Estado de MatoGrosso, observado o dispostono art. 63, destas DisposiçõesGerais e Transitórias, ficandoo Estado de Goiás liberado dosdébitos e encargos decorrentesde empreendimentos no terrí­tório do Estado do Tocantins,e autorizada a União, a seu cri­tério, a assumir os referidos dé~

bitos.NOVOS ESTADOS

Art. 61 - Os territórios fe~derais de Roraima e Amapásão transformados em estadosfederados, mantidos os seusatuais Iimitesgeogrãficos.INSTALAÇAO

§ 10 - A instalação dos es­tados se dará com a posse dosgovernadores eleitos em 19901

§ 2°- Aplicam-se à criaçãoe instalação dos estados de Rotraima e Amapá as normas ecritérios seguidos na criação doEstado de Rondônia, naquiloque não contrariarem este atodas Disposições Gerais e Tran­sitórias. !

EXECUTIVOPROVISÓRIO

§ 3° O presidente da Repü­blica, até 45 dias após a pro­mulgação desta Constituição,encaminhará à aprovação do:Senado Federal os nomes dos;governadores dos Estados do;Amapá e Roraima, que exer­cerão o Poder Executivo até aiinstalação dos novos estados;com a posse dos governadoreseleitos. I

DESPESA COM PESSOAL ,Art. 63 - É vedado àl

União, direta ou indiretamen-:te, assumir, em decorrência da'criação de estado, encargos re-]ferentes a despesas com pes­soaI inativo e com encargos eamortizações da dívida interna,ou externa da administraçãopública, inclusive da indireta.

CAPiTAL§ 2g - O Poder Executivo

designará uma das cidades doestado para sua capital provi­sória até a aprovação da sededefinitiva do governo pela As­sembléia Nacional Constituin­te.

ELEIÇÕES§ 3°-0 governador, o vi­

ce-governador, os deputadosestaduais, os deputados fede­rais 'e os senadores serão elei­tos, em um único turno, até se­tenta e cinco dias após a pro­mulgação desta Constituição, enão antes de 15 de novembrode 1988, a critério do TribunalSuperior Eleitoral, observa­das, entre outras, as seguintesnormas:

I - o prazo de filiação parti­dária dos candidatos encerrar­se-á 75 dias antes da data daseleições;

H - as convenções regionais epartidárias destinadas a delibe­rar sobre coligações e escolhade candidatos serão realizadasa partir do nonagésimo dia dadata das eleições, e o requeri­mento de registro dos candi­datos escolhidos deverá serapresentado à Justiça Eleitoralaté as 18 horas, trinta e cincodias depois da abertura do pra­zo de realização desta;

III - são inelegíveis os ocu­pantes de cargos municipais ouestaduais que, entre outras exi­gências legais, não tenham de­les se afastado, em caráter defi­nitivo, 75 dias antes da data daseleições, previstas neste pará­grafo;

IV - ficam mantidos osatuais diretórios regionais dospartidos políticos do Estado deGoiás, cabendo às comissõesexecutivas nacionais designa­rem comissões provisórias noEstado do Tocantins nos ter­mos e para fins previstos na lei.

Em apoiamento assinaram aproposição, em nome de suasrespectivas lideranças, os cons­tituintesNelson Jobim (PMDB- RS), José Lins (PFL ­CE), Farabulini Júnior (PTB- SP), José Genoíno (PT­SP), Vivaldo Barbosa (PDT­RJ), Roberto Freire (PCB ­PE), Haroldo Lima (PC do B- BA), AdemirAndrade (PSB- PA), Adolfo Oliveira (PL- RJ), Siqueira Campos (PDC- GO) e Arnaldo Faria de Sá(PMDB- SP).ESTADO DO TOCANTINS

Art. 61 - É criando o Esta­do do Tocantins, pelo des­membramento da área descritaneste artigo, dando-se sua ins­talação no quadragésimo sextodia após a eleição prevista no§ 3°, e não antes do 1°de janei­ro de 1989.DIVISAS

§ 1°- O Estado do Tocan­tins, integrando a região Nor­te, limita-se com o Estado deGoiás pelas divisas norte dosmunicípios de São Miguel doAraguaia, Porangatu, Formo­so, Minaçu, Cavalcante, Mon­te Alegre de Goiás e CamposBelos, conservando a leste,norte e oeste as divisas atuaisde Goiás com os Estados daBahia, Piauí, Maranhão, Paráe Mato Grosso.

Finaldas votações: o plenário aplaude discurso do Presidente

CARTA::: ACOMPANHE OT TO NA ~J CARTA::: ACOMPANHE OTEXTO NAsegundo o substitutivo da Co- -VíTIMAs DE CRIME fusão foi de iniciativado«cons­missão de Sistematização. A Art. 63-A lei disporá 80- tituintes Hermes Zanettiproposta foi apresentadapelos bre as hipóteses e condições (PMDB - RS), João Casteloconstituintes Marco Maciel em que o poder público dará (PDS - MA), Bonifácio de(PFL - PE), Hélio Rosas assistência aos herdeiros e de- Andrada (PDS - MG), Ge­(PMDB - SP), Roberto Au- pendentes carentes de pessoas raldo Alckmin Filho (PMDBgusto (PTB - RJ), Rospide vitimadas por crime doloso, - SP), Carlos MosconiNetto (PMDB-RS),IvoMai- sem prejuízo da responsabili- ( -MG), Arnaldo Farianardi (PMDB - RS), Marluce dade civil do autor do ilícito. de Sá (PMB - SP), GuilhermePinto (PTB - RR) e Inocêncio RECOVEMBNDUSTAI'VEDEIS Palmeira (PFL - AL), Virgi-Oliveira (PFL - l'E) lio Galassi (PDS - MG),ANISTIA DE DEBITOS Art. ?l-A lei ordenará a Gonzaga Patriota (PMDB -

Art. 14 A-- Os débitos pa- venda e revenda de combus- PE), Paulo Macarini (PMDBracomasFazendasfederal,es- tíveis de petróleo, álcool car- - SC), Aluizio Bezerrataduais e municipais, de natu- burante e outros combustíveis (PMDB - AC), José Carlosreza tributária, cujo fator gera- derivados de matérias-primas Grecco (PMDB - SP), Dio­dor tenha ocorrido até renováveis, respeitados os nísioDalPrá(PFL-PR),Jo-31-12-87, inscritos ou não co- princípios desta Constituição. sé Luiz de Sá (PL - RJ) e Jar-mo dívida ativa, ajuizados ou SERVIÇOS NOTARIAIS bas Passarinho (PDS - PA).não, poderão ser pagos pelo Art. 72 - O disposto novalor corrigido monetariamen- art. 121 não se aplica ~os servi­te, sem multas, juros de mora ços notanaís e de registro quee outros encargos, de uma só já tenham sido oficializadosvez, dentro de 120 (cento e vin- pelo poder público, respeitan­te) dias contados da data da do-se o direito de seus servi­promulgação desta Constitui- dores.ção, ou em até 6 (seis) parcelas PRECATÓRIOSmensais e sucessivas. JUDICIAISINíCIO DO PAGAMENTO Ressalvados os créditos de

§ 1° - O início do paga- natureza alimentar, o valor dosmento dar-se-a até três meses precatórios judiciais pendentesapós a promulgação da Consti- de pagamento na data da pro­tuição, sendo que o descum- mulgação desta Constituição,primento de prazo no paga- inclusive o remanescente de ju­mento das parcelas importará ros e correção monetária, po­o cancelamento do benefício derá ser pago em moeda cor­proporcionalmente ao saldo rente, e com atualização, emdevedor. prestações anuais, iguais e su-RESTRIÇÃO cessivas no prazo máximo de

§ 2°- Este benefício é res- 8 (oito) anos, a partir de 1° detrito às pessoas e empresas le- julho de 1989, por decisão edi­galmente residentes ou estabe- tada pelo Executivo até 180lecidas no Brasil, e não alcança dias da promulgação destadébitos que tenham causa e fa- Constituição.tos definidos como crime. Parágrafo único. PoderãoANISTIA LIMITADA as entidades devedoras, para o

§ 3g - Qualquer anistia que cumprimento do disposto noenvolva matéria tributária ou parágrafo anterior, emitir, emprevidenciária, a partir da pro- cada ano, no exato montantemulgação desta Constituição, do dispêndio, títulos de dívidasó poderá ser concedida atra- pública não computáveis paravés de lei específica federal, es- efeito do limite global de endi-tadual e municipal. vidamento.LEI ORÇAMENTÁRIA Toda essa matéria éfruto de

fusão de emendas que veio aArt. 54. O Poder Legisla- ser votada juntamente com ou­

tivo regulamentará, no prazo tras duas matérias, sendo apro­de doze meses, o art. 256, § vada em bloco. Essa primeiral°,H. J'

Art. 55 - Para efeito do ADlRP/Castro umor

cumprimento das disposiçõesconstitucionais que impliquemvariações de despesas e recei­tas da União, após a promul­gação da Constituiçáo, o PoderExecutivo federal deverá ela­borar e o Poder Legislativoaprovar projeto revendo a leiorçamentária referente aoexercício financeiro de 1988.

Parágrafo único - O Con­gresso Nacional, no prazo dedoze meses, deverá aprovar alei complementar prevista noart. 190, 11.

APRENDIZAGEM RURALArt. 56 - A lei criará o Ser­

viço Nacional de Aprendiza­gem Rural (SENAR) nos mol­des da legislação relativa aoServiço Nacional de Aprendi­zagem Industrial (SENAI) e aoServiço Nacional de Aprendi­zagem do Comércio (SE­NAC), sem prejuízo das atri­buições dos órgãos públicosque atuam na área.

4 Jornal da Constituinte

I

As galerias, lotadas, vibram com o resultado da votação que beneficiou os endividados

CARTA. ::: ACOMPAl\THE OTEXTO OMPANHE OTEXTO NA NOVA CAR

398350

2820

Votaram:Sim:Não:Abstenção

O constituinte Valmir Cam­pelo (PFL - DF) teve apro­vada nessa votação emenda desua autoria, a qual dá uma novaredação ao art. 59 do texto-ba­se. A novidade em relaçãoa es­te é que a redação aprovada fazreferênciaespecífica ao uso das(erras expropriadas para fins deprodução de alimentos e medi­camentos.

O Jornal da Constituinte continuaadotando, para as Disposições Transi­tórias, a numeração que foi usada peloPlenário, inclusive deixando de renu­merar os dispositivos aprovados paraserem aditados ao texto. Este trabalho,bem como a concatenação das fusõescpm os artigos do texto-base que forammantidos, será feito posteriormente pe­la Comissão de Redação.(Continua na próxima edição.}

Essa votação aprovou fusãode emendas e destaques que deunova redação ao texto bàse aosartigosque diziam respeitoà se­guridade social e à revisão dasaposentadorias da PrevidênciaSocial. A fusão foi apresentadapelos constituintes Almir Ga­briel (PMDB - PA), Bonifá­cio de Andrade (PDS - MG),Arnaldo Faria de Sá (PTB ­SP), Eduardo Jorge (PT­SP), Farabulini Júnior (PTB- SP), Jorge Uequed (PMDB- RS), Floriceno Paixão(PDT - RS), Siqueira Cam­pos (PDC - GO), EduardoBonfim (PC do B - AL), JulioCostamilan (PMDB - RS),Paulo Ramos (PMDB - RJ)Vilson Souza (PMDB - SC);Geraldo Campos (PMDB ­DF), Ottomar Pinto (PTB ­RR), Antônio Carlos MendesThame (PFL - SP), Miro Tei­xeira (PMDB - RJ), MauroSampaio (PMDB - CE), JoãoCastelo (PDS - MA), PauloPaim (PT - RS). Ainda assi­naram em forma de apoiamen­to os constituintes AdroaldoStreck (PDT - RS), Irajá Ro­drigues (PMDB - RS), Mau­rílio Ferreira Lima (PMDB ­PE), Fernando Cunha (PMDB- GO) e José Luiz de Sá (PL-RJ).PLANTASPSICOTRÓPICAS

Art. 59 - As glebas dequalquer região do país, ondeforem localizadas culturas ile­gais de plantas psicotrópicas,serão imediatamente expro­priadas e especificamente des­tinadas ao assentamento de co­lonos, para o cultivo de produ­tos alimentícios medicamento­sos, sem qualquer indenizaçãoao proprietário e sem prejuízode outras sanções previstas emlei. Os bens adquiridos comrendimentos provenientes dotráfico ilícito de drogas serãoconfiscados e revertidos em be­nefício de instituições e pessoalespecializados no tratamento erecuperação de viciados.

415411

4

de casamento, ficando vedadaa distribuição das arrecada­ções, de que trata o caput desteartigo, para depósito nas con­tas individuais dos participan­tes. ,SALARIO ADICIONAL

§ 3°- Aos empregados quepercebam até dois salários iní-.nimos de remuneração mensal,é assegurado, adicionalmente,um salário mínimo anual, com­putado neste valor o rendimen­to das contas individuais, nocaso daqueles que já participa­vam dos referidos programas,até a data da promulgação des-

. ta Constituição.ADICIONALDAS EMPRESAS

§ 4°- O financiamento doseguro-desemprego receberáuma contribuição adicional daempresa cujo índice de rotati­vidade da força de trabalho su­perar o índice médio da rotati­vidade do setor, na forma esta­belecida por lei.APOSENTADORIADO FUNCIONALISMO

Para efeito de aposentadoriaou transferência para a inativi­dade prevalecerão para o servi­dor público as normas em vigorà data de sua admissão ou du­rante a sua atividade no serviçopúblico, desde que mais bené­ficas, respeitadas as limitaçõesprevistas no art. 22 destas Dis­posições Transitórias.

Parágrafo único. Dentrode 180 dias a partir da promul­gação desta Constituição, pro­ceder-se-á à revisão dos direi­tos dos servidores públicos ina­tivos e pensionistas e a atuali­zação dos proventos e pensõeseles devidos, a fim de ajustá­los ao disposto nesta Consti­tuição.

Votaram:Sim:

.Abstenção:

I\lOVA CARTA

PRAZOParágrafo único - As pres­

tações mensais dos benefíciosatualizados de acordo com ocaput deste artigo serão devi­das e pagas a partir do sétimomês a contar da promulgaçãoda Constituição.PENSÃO VITALÍCIA

Art. 51B - A pensão men­sal vitalícia de que trata o inci­so V do art. 237 será paga aosidosos e deficientes incapazesde prover sua própria manu­tenção, ou de tê-la provida porsua família conforme dispusera lei,SEGURO-DESEMPREGO

Art. 58 - A arrecadação de­corrente das contribuições pa­ra o Programa de IntegraçãoSocial, criada pela Lei Com­plementar n° 7, de 7 de setem­bro de 1970, e para o Programade Formação do Patrimônio doServidor Público, criado pelaLei Complementar n" 8, de 3de. setembro de 1970, passa, apartir da promulgação destaConstituição, a financiar o pro­grama do seguro-desempregonos termos que a lei dispuser.DESENVOLVIMENTOECONÔMICO

§ 1°- Dos recursos men­cionados no caput deste artigo,pelo menos 40-% serão aplica­dos em financiamento e inves­timento de programa de desen­volvimento econômico, atra­vés do Banco Nacional de De­senvolvimento Econômico eSocial, com critérios de remu­neração que lhes preserve o va­lor.PRESERVAÇÃODE PATRIMONIO

§ 2°- Os' patrimônios acu­mulados do Programa de Inte­gração Social e do Programade Formação do Patrimônio doServidor Público serão preser­vados, mantendo-se os crité­rios de saque nas situações pre­vistas nas leis específicas, comexceção da retirada'por motivo

§ 2° Se decorrido o prazode três anos, a contar da pro­mulgação desta Constituição,os trabalhos demarcatóriosnão tiverem sido concluídos,caberá à União a determinaçãodos limites das áreas litigiosas.

SEGURIDADE SOCIALArt. 51 - Os projetos de

lei relativos à organização daseguridade social e aos novosplanos de custeios e de benefí­cios, de acordo com o estabe­lecido nesta Constituição, se­rão apresentados no prazo má­ximo de seis meses da promul­gação da Constituição ao Con­gresso Nacional, que terá atéseis meses para sua aprovação,sendo implantado progressiva­mente em até dezoito mesesapós sua aprovação pelo Con­&resso Nacional.

REVISÃO DE VALORESArt. 51A - Os benefícios

de prestação continuada jáconcedidos pela PrevidênciaSocial, à data da promulgaçãoda Constituição, terão seus va­loresrevistos, afim de que sejarestabelecido o poder aquisiti­vo, expresso em números desalários mínimos, que tinha àdata de sua concessão, obede­cendo esse critério de atuali­zação até a implantação de pla­no de custeio e benefícios refe­rido no artigo anterior.

Através desse resultado ficouaprovada fusão de emendasapresentadas pelos constituin­tes Maguito Vilela (PMDB ­GO), Nyder Barbosa (PMDB- ES) e Stélio Dias (PFL ­ES), ensejando a inclusão deoutro artigo nas DisposiçõesTransitórias.

Votaram: 382Sim: 378Abstenção: 4

Foram os autores dessafusãoos constituintes Siqueira Cam­pos (PDC - GO), José Freire(PMDB - GO), Bonifácio deAndrada (PDS - MG), IramSaraiva (PMDB - GO), Ny­der Barbosa (PMDB - ES),Marluce Pinto (PTB - RR),José Serra (PMDB - SP), Ra­quel Capiberibe (PMDB ­AP), Aluizio Bezerra (PMDB- A C), Caio Pompeu (PMDB- SP) e Ottomar Pinto (PTB-RR).CENSURA FEDERAL

Até que se edite a regula­mentação do art. 23, XV, osatuais ocupantes do cargo decensor federal continuarãoexercendo funções compatí­veis com as de seu cargo, noDepartamento ne Polícia Fe­deral, observado o dispostonesta Constituição.

Parágrafo único - A lei re­ferida disporá sobre o aprovei­tamento dosicensores federais,conforme deíinido do capuzdeste artigo.

Votaram: 379Sim: 367Não 1Abstenção: 11

Através dessa votação aConstituinte aprovou não só otexto referente aos censores fe­derais, segundo emenda de au­toria do constituinte João deDeus Antunes (PTB - RS),como também as duas fusõesanteriores.FERNANDODE NbRONHA

Fica extinto o Território Fe­deral de Fernando de Noro­nha, sendo sua área reincorpo­rada ao Estado de Pernambu­co.

Com esse resultado, a Cons­tituição aprovou fusão deemendas apresentadas pelosconstituintes pernambucanosWilson Campos (PMDB), Nil­son Gibson (PMDB) e JoséMoura (PFL) que acrescentanovo artigo ao texto das Dispo­sições Transitórias.FRONTEIRASMUNICIPAIS

Os estados e os municípiosdeverão, no prazo de três anos,a contar da promulgação destaConstituição, promover, me­diante acordo ou arbitramen­to, a demarcação de suas linhasde fronteira, podendo para issofazer alterações e compensa­ções de área que atendam aosacidentes naturais, critérioshistóricos, conveniências ad­ministrativas e comodidadedas populações fronteiriças.

§ 1° Havendo solicitaçãodos estados e municípios inte­ressados a União poderá en­carregar-se dos trabalhos de­marcatórios.

Votaram: 406Sim: 291Não 85Abstenção: 30

Jornal da Constituinte 5

voto a voto

Muita emendaderrubada no

sente ano. A emenda do represen­tante do PDS cearense acabouderrotada por 327 votos contra,116 a favor e 11 abstenções. '

"Aos praças das Forças Arma­das expulsos ou licenciados do ser­viço ativo, em decorrência de mo­tivação política, fica asseguradaaposentadoria correspondente àgraduação a que teriam direito seestivessem em serviço ativo, naforma que dispuser lei de iniciativado Congresso Nacional, e a vigo­rar no prazo de 12 meses a contaida promulgação da Constituição".Essa emenda foi apresentada pe­los constituintes Lysâneas Maciel(PDT - RJ) e Raquel Cândido(PFL-RO), e rejeitada pelo pla]car de 302 votos contrários, 139favoráveis e 17 abstenções. '

Foi também rejeitada a propos]ta de anistia política encaminhada~lo constituinte Roberto Freire(PCB - PE). Ela previa a conces-'são de anistia ampla, geral e irres-'trita a todos os que, de 18 de seitembro de 1946 até a data de pro­mulgação desta nova Constitui­ção, foram atingidos, por motivos'políticos, através de qualquer di~ploma legal, atos institucionais;complementares ou administratí-'vos, bem como aos punidos pelo!Decreto-Legislativo n°15, de 1961'e pelo Decreto n° 864, de 1969:Estabelecia ainda a proposta de:Roberto Freire que ficanam asse-oguradas as promoções às quais os:punidos teriam direito caso per~

manecessem no serviço ativo,'além de anistia também para osmilitares da Marinha e da Aero-'náutica expulsos ou licenciadosem decorrência dos acontecimen­tos políticos levados a efeito emmarço de 1964. Além disso, a pro-'posta de Roberto Freire estabe-'lecia que a anistia só geraria efei-:tos financeiros a partir da data de:promulgação da nova Carta - isto:é, vedava remunerações de qual­quer espécie em caráter retroati­vo. Essa proposta caiu no plenário'por 288 votos contra, 139 a favore 15 abstenções. I

Foi também rejeitada emenda:do constituinte Bonifácio de An-]drada (PDS - MG), que preten­dia possibilitar o pagamento re-ltroativo aos servidores civis anis­tiados por esta nova Constituição.'A proposta de Bonifácio de An~

drada foi rejeitada por 246 votos,contrários, 149 favoráveis e 46,abstenções. E a fusão de emendaslapresentada pelos constituintesAloysio Teixeira (PMDB - RJ)e Brandão Monteiro (PDT - RJ),.

ções municipais e as para governa­dores e para o Congresso Nacio­nal. A proposta previa a possibi­lidade de reeleição para os futurosprefeitos e vice-prefeitos, e o man­dato voltaria a serde quatro anospara os eleitos em 1990. A rejeiçãofoi por 347 votos contrários, 111favoráveis e 6 abstenções. ,

A proposta do constituinte Au­reo Mello (pMDB - AM), queprevia o prolongamento dos man­datos dos atuais prefeitos, vice­prefeitos e vereadores até 1" dejaneiro de 1990, com o adiamentodas próximas eleições municipaispara novembro de 1989 - mesmadata da eleição do novo presidenteda República, também foi rejei­tada. Aureo Mello viu sua emendaser derrotada por 418 votos con­trários, 19 favoráveis e 11 absten­ções.

O constituinte César Cals Neto(PDS - CE) apresentou uma pro­posta bem semelhante à fusão deemendas de Rosa Prata, GilsonMachado e Arnaldo Martins. Elequeria estabelecer um mandato­tampão de dois anos para os pre­feitos, vice-prefeitos e vereadoreseleitos em 15 de novembro do pre-

vada, os mandatos dos atuais pre­feitos e vereadores seriam prorro­gados por um ano, com o adia­mento das eleições municipaismarcadas para novembro próxi­mo. Ao mesmo tempo, os atuaisgovernadores, senadores e depu­tados federais teriam seus manda­tos reduzidos, também por umano. A idéia era fazer todos osmandatos coincidirem com o dopresidente da República. A pro­posta previa também a possibili­dade de reeleição para todos osdetentores de mandatos em cargosexecutivos - prefeitos e governa­dores. A emenda de AsdrúbalBentes foi rejeitadapor 407 votoscontrários, 32 favoraveis e 10 abs­tenções.

O constituinte João Agripino(PMDB - PB) teve rejeitada suaproposta no sentido de que, emcaso de vacância do cargo de vice­Governador, no período corres­pondente ao mandato dos atuaisgovernadores, o preenchimentoda vaga se faria através de escolhaem convenção do partido peloqual foi eleito o governador, comsubseqüente confirmação pelamaioria de votos da assembléia le­gislativa. Na hipótese da não con­firmação pela assembléia legisla­tiva do nome indicado pela con­venção do partido, o processo serepetiria. _

A rejeição dessa proposta sedeu por 385 votos contrários, 57favoráveis e 11 abstenções.

A proposta do constituinte Lei­te Chaves (PMDB - PR), quepretendia dar aos atuais q;overna­dores estaduais a possibilidade dese candidatarem a presidência daRepública, desde que se licencias­sem até seis meses antes do pleito,foi também rejeitada pelo Plená­rio. O resultado dessa votaçãoapontou 429 votos contrários, 20favoráveis e 5 abstenções.

Os constituintes Rosa Prata

~PMDB-MG), Gilson MachadoPFL - PE) e Arnaldo MartinsPMDB - RO) apresentaram

uma fusão de emendas prevendoque os prefeitos, vice-prefeitos evereadores a serem empossadosem 1° de janeiro de 1989 teriammandato de apenas dois anos, pa­ra que houvesse coincidência, emnovembro de 1990, entre as elei-

tal, compreendendo desde a fasedas comissões e subcomissões atéa fase da votação em primeiro tur­no, foram apreciadas nada menosque 35 mil emendas e propostasapresentadas por todos os consti­tuintes. A votação dos títulos per­manentes da Constituição termi­nou no final de maio último.

Então, o Plenário da Consti­tuinte passou a votar, em primeiroturno, o título das chamadas "Dis­posições Gerais e Transitórias".Se o leitor ainda não sabe, fiqueem dia: nesse título estão todasas normas - como o próprio nomejá diz - de duração temporária,ou seja, matérias circunstanciais,que não se adequam ao corpo per­manente do texto constitucional,mas que, por sua importância, nãopoderiam ficar fora da Carta.

O JornaldaConstituinte tem di­vulgado todas as propostas apro­vadas nesse título. Aqui vamos fa­zer um apanhado geral das pro­postas rejeitadas. Isto é, aquelas'l.ue, levadas à votação em plená­no, não obtiveram aprovação. Eque,são muitas, como o leitor po­dera constatar.

A primeira delas foi uma pro­posta apresentada pelo constituin­te Luiz Salomão, do PDT do Riode Janeiro. Ela previa-que, apósa aprovação da redação final danova Constituição, esta deveriaser submetida a um plebiscito po­pular. Esse plebiscito deveria serealizar no J?razo de até 30 diasapós o término dos trabalhos daAssembléia Nacional Constituin­te. E a nova Carta só entraria emvigor, somente seria promulgada,uma vez fosse o seu texto referen­dado pela população nessa con­sulta.

O plebiscito, segundo a idéia deLuiz Salomão, seria organizadopela Justiça Eleitoral e precedidopor uma campanha de esclareci­mento popular, na qual todos ospartidos representados na Consti­tuinte teriam acesso igualitário aorãdio e à televisão, por uma horadiária. Os eleitores se manifesta­riam no sentido de aprovar ou derejeitar, em bloco, todo o textoconstitucional. Caso este fosse re­jeitado pela maioria simples doseleitores, a Constituinte seria dis­solvida, e convocadas eleições, em90dias, para uma nova Constituin­te, que dessa vez teria caráter ex­clUSIVO - quer dizer, não seriatambém Câmara dos Deputadose Senado Federal. Essa propostade Luiz Salomão (PDT - RJ) foirejeitada por 354 votos contrários,174 favoráveis, e 9 abstenções.

Foi igualmente rejeitada umaproposta do constituinte AsdrúbalBentes (PMDB - PA), que pre­tendia a realização, no dia 15 denovembro de 1989, de eleições ge­rais n?:país - para presidente da'República, senadores, deputadosfederais, deputados estaduais, go­vernadores, prefeitos e vereado­res. Caso essa emenda fosse apro-

A Assembléia Nacional Consti­tuinte está completando, neste fi­nal de junho, um ano e quatro me­ses de atividade. Pode parecer umtémpo demasiado longo, mas o fa­to é que isso se deve ao processoparticipativo e democrático que aConstituinte elegeu para tnlharseu caminho, rumo à elaboraçãode uma Constituição moderna, ca­paz de refletir com fidelidade osanseios e as reivindicações damaioria da população brasileira.

Não houve um texto prévio, umesboço de Constituição a ser discu­tido e votado pela Constituinte.A nova Constituição começou aser escrita nas chamadas comis­sões e subcomissões temáticas. OsConstituintes eleitos em novem­bro de 1986foram distribuídos poroito comissões temáticas, encarre­gadas de, após ouvir depoimentosdos mais variados setores e entida­des representativas existentes nasociedade, discutir e votar um tex­to sobre determinado conjunto deassuntos. E cada' uma dessas Co­missões se dividia em três subco­missões, cada qual incumbida deanalisar uma parte dos temas atri­buídos à Comissão.

Foi a partir do trabalho dessascomissões e subcomissões que orelator da Constituinte, BernardoCabral, elaborou o projeto deConstituição, gue foi então sub­metido à Comissão de Sistemati­zação, encarregada, justamente,de sistematizar todo o trabalho de­senvolvido até então. Integradapor 91 constituintes, indicados pe­Ias várias lideranças partidárias,em função da expressão numéricade cada partido, a Comissão deSistematização discutiu e votou oprojeto do relator, produzindo as­sim um novo projeto de Consti­tuição, que ficou pronto pouco an­tes do final de 1987.

Como resultado de um movi­mento que ganhou o apoio damaioria dos constituintes, houveentão uma mudança no Regimen­to Interno da Assembléia Nacio­nal Constituinte. A principal mu­dança foi no sentido de permitira apresentação ao Plenáno, paraa votação em primeiro turno danova Constituição, de emendascoletivas globais, alternativas aotexto preparado pela Comissão deSistematização, Ficou decididoque essas emendas, caso contas­sem com a assinatura da maioriaabsoluta dos constituintes (280),teriam a preferência para votação,em relação ao texto da Sistema­tização. Foi assim que nasceu oprojeto de Constituição do chama­do Centrão, gue terminou sendoo projeto efetivamente votado du­rante o primeiro turno.

A discussão e votação em pri­meiro turno começou no final dejaneiro deste ano. Título por títu­lo, capítulo por capítulo, artigopor artigo, emenda por emenda,todas as questões foram criteriosa­mente discutidas e votadas. No to-

no sentido de que os punidos pormotivos políticos através da legis­lação excepcional pudessem re­querer ao Supremo Tribunal Fe­deral o reconhecimento de todosos seus direitos e vantagens inter­rompidos pelos atos punitivos,caiu embora tenha tido 228 votosa favor, 166 contra e 29 absten­ções. E que, para ser aprovada,qualquer proposta teria que ter nomínimo o quorum de 280 votosfavoráveis - a maioria absolutada Constituinte.

Emenda do constituinte Marce­lo Cordeiro (PMDB - BA), queobjetivava conceder aos servido­res civis e militares anistiados umaindenização especial correspon­dente à soma dos salários dos últi­mos cinco anos, também caiu noplenário. Pela emenda, a indeni­zação teria por base o salário atua­lizado do servidor e seria paga noprazo de um mês após o recebi­mento do pedido. Ela foi derro­tada por 228 votos contrários, 154a favor e 24 abstenções.

Outra emenda derrotada foi ado constituinte Jayme Paliarin(PTB - SP) que pretendia contar,para todos os efeitos, inclusiveaposentadoria, o tempo do man­dato não cumprido em decorrên­cia da cassação ou suspensão dosdireitos políticos do seu titular. Aemenda beneficiaria os políticosafastados de seus cargos pelos atosinstitucionais baixados no decor­rer do período autoritário, e foivencida por 384 votos contrários,42 a favor e 20 abstenções.

Caiu também em plenário a fu­são de emendas de autoria dosconstituintes Brandão Monteiro(PDT - RJ), Mário Lima(PMDB - BA), João Paulo (PT- MG) e Nelson Wedekin(PMDB - Se), que concediaanistia aos servidores militaresque, em decorrência dos fatosocorridos em 1964, foram atingi­dos por atos administrativos, des­de que a punição fosse reconhe­cida, em sentença judicial, comotendo sido motivada por razõesexclusivamente políticas. A fusãoteve 221 votos contra, 213 a favore 21 abstenções.

Por 198 votos contrários, 196 afavor e 18 abstenções, foi derro­tada outra fusão de emendas quepretendia ampliar a anistia políti­ca. Apresentada pelos constituin­tes Haroldo Lima (PC do B ­BA) e Lélio Souza (PMDB ­RS), ela visava a anistiar os servi­dores que perderam seus empre­gos em virtude da aplicação doDecreto-Lei n° 1.632. Os servido­res teriam direito aos antigos em­pregos, com as promoções regula­res. Outra emenda relacionadacom a anistia, que acabou rejei­tada, foi a do constituinte Uldu­rico Pinto (PMDB - BA), quequeria beneficiar os que, por moti­vação exclusivamente política, fo­ram atingidos por declaração deincapacidade física ou mental. Arejeição foi por 157 votos contra,194 a favor, e 32 abstenções (aaprovação, é bom lembrar, exigiao voto favorável de pelo menos280 constituintes).

Outra proposta que obteve oapoio da maioria simples do Ple­nário (206 votos a favor, 173 con­tra e 21 abstenções), mas acabourejeitada por não ter a maioria ab­soluta, foi a fusão de emendas dosconstituintes Moema São Thiago(PDT - CE) e Sérgio Spada(PMDB - PR). Ela pretendia re­vogar todos os chamados decretossecretos (cujo teor não era publi­cado no Diário Oficial da União),bem como os atos neles fundados.

Foi ainda rejeitada emenda doconstituinte Nelson Carneiro(PMDB - RJ), que queria sUl?ri­mir do texto artigo que preve aestatização das serventias do forojudicial, respeitados os direitos deseus atuais titulares. A rejeição foipor 225 votos contrários, 177 a fa­vor e 23 abstenções. E por umapequena diferença de votos foi re­jeitada emenda do constituinteBonifácio de Andrada (PDS ­MG), cujo destaque foi encami­nhado pelo constituinte Mário Co­vas (PSDB - SP), que pretendiadar nova redação ao parágrafoúnico do artigo que trata da estati­zação das serventias de foro judi­cial. A redação proposta por Boni­fácio de Andrada era a seguinte:"Fica assegurado aos substitutosdas serventias judiciais, notariaise registrais, na vacância, o direitode acesso a titular, desde que le­galmente investido na função atéa data da instalação da Constituin­te." A proposta foi rejeitada, em­bora tenha contado 251 votos afavor, 154 contra e 1J abstenções.

Por pouco, também, não Pl';lss~ua fusão de emendas dos constítuín­tes Augusto Carvalho (PCB ­DF), Sigmaringa Seixas (PSDB­DF), Pompeu de Sousa (PSDB­-DF) e Maurício Corrêa (PDT ­DF), que visava a realizar, no pró­ximo dia 15 de novembro de 1988,as primeiras eleições para gover­nador e para a Câmara Legislativado Distrito Federal. Ela obteve256 votos favoráveis - apenas 34a menos que o necessário para aaprovação -, 81 contrários e 27abstenções.

Outra fusão de emendas rejei­tada foi a dos constituintes IvoVanderljnde (PMDB - SC),Cláudio Avila (PFL - SC) e Ale­xandre Puzyna (PMDB - Se),cujo objetivo era dar aos partici­pantes da Força de Emergênciadas Nações Unidas de 1956 - ochamado batalhão de Suez - asmesmas vantagens e direitos dosintegrantes da Força Expedicioná­ria Brasileira, que lutou na 2'Guerra Mundial. Essa fusão deemendas foi derrotada por 243 vo­tos negativos, 143 a favor e 30 abs­tenções.

Foi também rejeitada emendado constituinte Mauro Benevides(PMDB - CE), que pretendiainstalar no Nordeste, no prazo de180 dias após a promulgação daConstituição, as chamadas Zonasde Processamento de Exportação

(ZPE). A proposta caiu com 214votos contra, 154 a favor e 21 abs­tenções. Foi igualmente rejeitadaemenda do constituinte GersonCamata (PMDB - ES), que pre­tendia manter, por 20 anos, os be­nefícios e incentivos fiscais criadospelo Decreto-Lei n° 880, de 1969.Trata-se de benefícios à atividadede exportação. A emenda de Ger­son Camata perdeu, porém, porescassa diferença de votos em rela­ção ao quorum exigido: ela obteve260 votos a favor, contra 87, alémde 28 abstenções.

O constituinte Jesus Tajra (PFL- PI) propôs que, durante 25anos, fosse concedida redução de50% sobre as alíquotas dos impos­tos federais cobrados no Piauí, co­mo forma de incentivar o desen­volvimento econômico e social doestado. Sua emenda caiu por 243votos contrários, 149 a favor e 35abstenções,

Já o constituinte José Dutra(PMDB - AM) pretendia que asterras devolutas que pertenciamaos estados e foram incorporadasao patrimônio da União ou de ór­gãos da administração pública fe­deral, por força de procedimentosdiscriminatórios, administrativosou judiciais, revertessem ao patri­mônio dos estados de que foramexcluídas. Essa emenda foi rejei­tada por só ter tido 217 votos afavor, com 161contrários e 22 abs­tenções.

Outra proposta rejeitada foi afusão de emendas dos constituin­tes Sandra Cavalcanti (PFL - RJ)e Jorge Leite (PMDB - RJ), pelaqual a União ficaria obrigada adestinar, durante 20 anos, para se­rem aplicados em projetos de edu­cação, saúde pública, saneamentobásico, recuperação do solo, irri­gação e desenvolvimento agroin­dustrial, nos municípios da regiãonoroeste-norte do estado do Riode Janeiro, recursos oriundos de5% da arrecadação do Imposto deRenda no referido estado. Essaproposta teve 210 votos a favor,170 contra e 45 abstenções.

Emenda da constituinte AnnaMaria Rattes (PSDB - RJ), quedeterminava o resgate de todas asenfiteuses não reguladas por leisespeciais, caiu por só ter obtido226 votos favoráveis, além de 166votos contrários e 27 abstenções.Pela emenda de Anna Maria Rat­tes, ficariam resolvidos todos osafõramentos de bens particulares,desde que não pertencessem a en-

tidades com fins assistenciais, fi­lantrópicos ou comunitários.

Também não passou emenda doconstituinte Theodoro Mendes(PMDB - SP), que pretendia ocancelamento e a proibição dasatividades nucleares constantes doProjeto Aramar, desenvolvido pe­la Marinha na cidade paulista deIper6. A votação apontou 253 vo­tos contrários, 87 a favor e 10 abs­tenções.

Caiu ainda a emenda do consti­tuinte Luiz Gushiken (PT ~ SP),pela qual as contribuições sindi­cais continuariam vigorando, bemcomo a atual forma de sua aplica­ção no custeio das representaçõessindicais, enquanto não fosse re­gulamentado definitivamente oassunto pelas entidades sindicais.A emenda foi derrotada por 290votos contrários, 7 a favor e 7 abs­tenções.

Mas o processo constituinte ain­da continua, ainda tem várias fasesa cumprir até a promulgação danova Carta constitucional. Apósa conclusão da votação em primei­ro turno das Disposições Geraise Transitórias, o relator BernardoCabral deverá novamente conso­lidar todo o trabalho, redigindoum novo projeto de Constituição,que agora já estará bem próximodaquele que deverá ser o texto de­fimtivo da nova Carta. Para isso,o relator terá o prazo de sete dias,contados l.lpartir do final dos tra­balhos em primeiro turno.

Publicado o texto do relator noDiário da Assembléia NacionalConstituinte, e distribuído emavulsos a matéria será então in­cluída na Ordem do Dia para adiscussão em segundo turno, quedurará cinco dias. Nesta discussãoem segundo turno, cada oradorpoderá falar, uma única vez, pordez minutos, e os líderes dos parti­dos por 20 minutos. Simultanea­mente a essa discussão em segun­do turno, será facultada a cadaconstituinte a apresentação de atéquatro emendas supressivas, alémde outras destinadas a sanar omis­sões, erros ou contradições, ou pa­ra correção de linguagem. Essessão os únicos tipos de emendasque serão aceitas para a votaçãoem segundo turno. Não poderãomais ser apresentadas emendasaditivas - que buscam introduziralgum dispositivo novo no texto-, ou emendas substitutivas ­que procuram modificar alguma

'parte do texto já aprovado em pri­meiro turno.

Encerrada a discussão .em se­gundo turno - o que provavel­mente ocorrerá em agosto -, orelator Bernardo Cabral deveráemitir parecer sobre as emendasapresentadas, sendo a matéria,após publicação, submetida à vo­tação em plenário. A votação emsegundo turno, no entanto, aindanão será a fase final dos trabalhos.Concluída a votação, a matéria se­rá encaminhada a uma Comissãode Redação integrada por consti­tuintes designados pelo presidente'da Constituinte, Ulysses Guima­rães.

A Comissão de Redação Finalserá presidida pelo próprio Ulys­ses Guimarães, tendo como co­presidentes os constituintes Afon­so Arinos (PSDB - RJ) e JarbasPassarinho (PDS - PA), e comorelator o próprio Bernardo Cabral(PMDB - AM), sendo ainda in­tegrada pelos constituintes LuizViana (PMDB - BA), Nelson Jo­bim (P!v,IDB - RS), Tito Costa

~MDB - SP)1 Humberto Souto

PFL - MG), Antônio Carlosonder Reis (PDS - Se), Vival­

do Barbosa (PDT - RJ), SólonBorges dos Reis (PTB - SP), Plí­nio Arruda Sampaio (PT - SP),Adolfo Oliveira (PL - RJ), Ha­roldo Lima (PC do B - BA) eRoberto Freire (PCB - PE).

Quando a Comissão concluir aredação final do texto, este serápublicado no Diário da Assem­bléia Nacional Constituinte e emavulsos, e será novamente incluí­da, para votação do plenário, emturno único, no prazo de 24 horas.No encaminhamento desta vota­ção, poderão usar a palavra doisrepresentantes de cada partido,que poderão falar uma única vez,durante cinco mmutos.

O trabalho da Constituinte esta­rá terminado quando o texto dessa ('redação final for aprovado. Res- .tará, então, apenas a solenidadede promulgação da nova CartaConstitucional.

Luiz Cláudio Pinheiro

NOTA: A votação em l' turno encer­rou-se na última quinta-feira. Inicia­mos, nesta edição, a publicação dasmatérias das Disposições Transitônasvotadas e rejeitadas. No próximo nú­mero publicaremos o restantedessa re­lação.

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Artigo... - Na liguidação dos débitos, in­clusive suas renegociações e composições pos­teriores, ainda que ajuizados, decorrente dequaisquer empréstimos concedidos por bancose por instituições financeiras, não existirá cor­reção monetária desde que tenha sido conce­dido:

I - Aos micros e pequenos empresários ouseus estabelecimentos no período de 28-2-86a 28-2-87;

II - Ao mini, pequeno e médio produtoresrurais no período de 28-2-86 a 31-12-87, despeque relativos a crédito rural;

§ 1°.- Considera-se para efeito ,I:l~~ ~~ti­go: microempresas as pessoas jurídicas e asfirmas individuais com receitas anuais de até10.000 (dez mil) OTN; e, pequenas empresasas pessoas jurídicas e firmas individuais C0IDreceita anual de até 25.000 (vinte cinco mil)OTN;

No calor da luta vale tudo: o grito do jovem qud pedI

Eis

A UDR trouxe sanfoneiro para cantar a miséria do pequeno. proprie 'rio

ADIRPlRoberto Stuckert

Micro e peq

Concedeu a anistia da correçãomonetária mas estabeleceu condições, entre

elas,a de que os mutuários liquidemseus débitos num prazo de 90 dias após

a promulgação da nova Carta e a deque demostrem não terem,

realmente,condições financeiras de honrarocompromisso assumido. A emenda (veja o

texto, na íntegra, ao lado) define o que émicroempresa e pequena empresa, assim

como fixa parâmetros para se avaliar quemsão os mini, pequenos e médios

produtores rurais. E exclui do benefício osatuais constituintes.

A mobilização, que incluiu até a montagemde um stand permanente no trajeto entre o

plenário e os gabinetes dos deputados,venceu a oposição do governo e a força dos

números com que se tentou derrubar asemendas da anistia.

o plenário da Assembléia NacionalConstituinte aprovou, na última quarta-feira,

a emenda dos deputados Humberto Souto(PFL - MG), Ziza Valadares (PMDB ­

MG) e do senadorMansueto de Lavor (PMDB- PE) que concede anistia da correção

monetária aos micro e aos pequenosempresários urbanos e aos pequenos e médios

proprietários rurais que contraíramempréstimos durante a vigência do Plano

Cruzado. As negociações, entre ospartidossobre o assunto,consumiram praticamente

30dias, durante os quais milharesde microempresários urbanos e

pequenos proprietários rurais ficaram"deplantão" nos corredores da Assembléia,nomaior lobby já visto. O governo fez o que pôdepara impedir a concessão,daanistia monetária.

Centenas de propostas alternativas foramdebatidas pelos constituintes, dezenas

de fórmulas intermediárias foram colocadas namesa de negociações. Mas o plenário decidiu

soberana e livremente.

A aprovação foi apertada (286 votos a favor,163 contra e 22 abstenções). Foi uma vitóriada persistência, da união e da argumentação

dos próprios interessados, que lançaram mãode todos os recursos para sensibilizar

os constituintes para a justiça de seus pleitos.

ADIRPlReynaldo Stavale

Urbanos e rurais, irmanados pela dívida, ocuparam o prédio da Constituinte e pressionaram.

'os microempresários não pouparam esforços para chamar a atenção dos constituintes e da sociedade para seus problemasADIRPlReynaldo Stavale

8 Jornal da Const

ADIRPlRoberto Stuckert

ADIRPlRoberto Stuckert

Pensando grande, os pequenos e micros organizaram o maior lobby já visto na Constituinte.

ADIRPlReynaldo Stavale

A irreverência do burro panfletado foi o contraponto das reivindicações e dos apelos contidos nas centenas de faixas espalhadas.

radia e os instrumentos de trabalho e produ­ção;

e) Se o beneficiário não for proprietário demais de cinco módulos rurais.

§ 4°- Os benefícios de que trata este artigonão se estendem aos débitos já quitados e aosdevedores que sejam constituintes.

§ 5°- No caso de operações com prazosde vencimentos posteriores à data limite deliquidação da dívida, havendo interesse do mu­tuário, os bancos e as instituições contratuaisoriginais de forma a ajustá-las ao presente be­nefício;

§ 6°- A concessão do presente benefíciopor bancos comerciais privados em nenhumahipótese acarretará ônus para o poder público,inclusive através de refinanciamento e repassede recursos pelo Banco Central.

§ 7°- No caso de repasse a agentes finan­ceiros oficiaise cooperativas de crédito, o ônusrecairá sobre a fonte de recursos originária.

livram da correçãoeconômica

nos se

§ 2°- A classificação de mini, pequeno emédio produtores rurais far-se-á obedecendo­se às normas do crédito rural vigente à épocado contrato;

§ 3°- A insenção monetária a que se refereeste artigo só será concedida nos seguintes ca­sos:

a) se a liquidação do débito inicial, acres­cido de juros legais e taxas judiciais, vier aser efetivado no prazo de até 90 dias a contarda data da promulgação desta Constituição;

b) Se o financiamento inicial não ultrapas­sar o limite de 5.000 (cinco mil) OTN;

c) Se a aplicação dos recursos não contratara finalidade do financiamento, cabendo o ônusda prova à instituição credora;

d) Se não for demonstrado pela instituiçãocredora que o mutuário dispõe de meios parao pagamento de seu débito, excluído desta de­monstração o seu estabelêcimento, casa de mo-

socorro contra a correção e passeatas para chamar a atenção de quem tem poder para decidir.

o texto aprovado em plenário

tuinte 9

meslIes_

DívidaExterna

Srs. Constituintes,A minha sugestão vai para o pa­

gamento da dívida externa brasi­leira. Pergunto se seria possívelpagar a dívida da seguinte manei­ra: su{'?nhamos que o montanteda dívida seja de 100 mil cruzadose que uma grande empresa nacio­nal ou multínacional pague emcinco anos o correspondente a 20mil cruzados, ou seja, 4 mil cruza­dos por ano; então essa empresapagava 1/5 da dívida; em troca,para compensar a grande evasãode capital, ela receberia dez anosde isenção de imposto, ou seja,4 mil cruzados mais juros por ano.

Pedro Francisco DutraJúniorltuiutaba - MG

PagamentoIntegral

Srs. Constituintes,Minhas reivindicações são as se­

guintes: as pensões das viúvasequivalentes ao pagamento inte­gral do que recebiam os maridos;fixação dos salários de acordo coma realidade da região (regularizaras diferenças salariais); maioratuação dos vereadores dentro dacomunidade em que vivem, (poismuitos ganham dinheiro sem fazernada, aJ?enas defendendo o seupróprio mteresse) e correção dasdistorções nos órgãos públicos.

Otávio RodriguesWenceslau Braz - MG

Cristina A. CostaCriciüma - SC

ração dos Direitos da Criança, emseu princípio lI: "A críànçagozaráde proteção especial e disporá deoportunidades e serviços a seremestabelecidos em lei por outrosmeios, de modo que possa-desen­volver-se física, mental, moral, es­piritual e socialmente de formasaudável e normal, assim como emcondições de liberdade e dignida­de (...)

WaldemarBatista AlvesTág~nga-DF

NOTO Goma,lO de Junho de 1.988 7

sre , Constituintos.

Investir najuventude

,A

ExodoRural

CélioDonizeti PereiraMoji das Cruzes - SP

Srs. Constituintes,Temos que acabar com essa mi­

séria que assombra o nosso Brasil,tudo isso é desumano, não pode­mos viver num país tão rico comoo nosso, mas que é privilégio deapenas uma pequena elite. Vamosinvestir na Juventude, pois ela éo futuro do Brasil, vamos educá­los para não reprimi-los.' Quere­mos um ensino verdadeiro, um en­sino digno de um brasileiro, temosque dar condições para o jovempoder estudar.

Srs. Constituintes,Que <Se insira na nova Consti­

tuição o..ensinodo 29 grau nas esco­las rurais, em alguns estados brasi­leiros de maiores recursos.

A medida servirá para evitar f)

êxodo rural de pessoas que procu­ram as randes cidades para estu­~ar (...

Tenho acompanhado através do "Jornal. da ConB1iitum1;e" o dee.n­

rolor da futura Constituição do llras:ü..Ult:lmamonte ando bastlUlte proocupado principalmento com algu ­

mas en1;revis'taa de alguns par1am.n1;ares que querem no segundo turno de

votação da Constituinto BllprimJ.r do texto constitucionel,elguns dir01 -I tos conquistados às duras penas pela Sociedade Brasile1ra,princ1pa1Jnente

na área Bocial..

Para mim como ErasUeiro,cidadão,.1.e~'tor,conttibuinte,es'teB são

pontos importantes ,pois repreaeDta O Anseio da ma.J.oria da população br....

sileira,tais como.

~- Jomada ae 'trabalho de 44 horas semanaiB,o ideal aeria 40 horas como

noa países desenvolvJ.dos.

2- Redução da jornada de 8 pora 6 horas de trabolho em turnos ininterrup-tos.

]- Direito de greve para o iimcionario públJ.co,bem como Bmdical.ização.

4- Licença do 120 dias pora a gestlUltO,5- Licença de 8 dias para a paternidade1

6- Aposentadoria aos 25 e 3D anos pua o magietério,

7- Ensino gratuito e 18::' do orçQ1ento da UDião e 25~ do orç.-men'to dOB Es-

tados e Municípios para a Educação,

8- Verbas pÚblicas so~ente para o eneino público,

9- Voto facul'tativo aos 16 anos,

lO-Permanência do direito adquirido.

NóB,cidadÃoB trabalhadores deste Paí.e,tell.Os que ficar vigJ.1antes

e fazer de tu.do para que 8ates U"ançoB permam89am no ~ Totação da consti­

tuinte ,a:f'iDal. não ee faz uma cODs'titu.ição 'todo dia.

Atenciosamente

Oaixa Pastel '" 1.677.223 NOTO Goma -.Go.

Direitos da.criança

Srs. Constituintes,Que seja criada uma lei especí­

fica para a educação pré-escolar,na faixa etária de 5 a 7 anos. Quenesta mesma lei fosse destacadaa obrigatoriedade e gratuidade doensino às crianças de todas as ca­madas sociais, especialmente as denível sócio-econômico baixo, comatendimento na faixa etária de 5a 7 anos. Que se atenda à Decla-

Cidadãodo campo

Srs. Constituintes,Seria tão bom se o cidadão do

campo fosse respeitado da mesmamaneira que o da cidade. Na co­munidade onde moro, que é nabeira de um lago, não temos assis­tência agrícola, e sem orientaçãotécnica não podemos produzirquase nada. Gostaria de receberuma orientação sobre o que é odocumento chamado "escriturapública" , se esse documento aindatem validade no país.

Ananias Cerejo BritoMonte Alegre - PA

AlfabetizaçãoSrs. Constituintes,Em virtude do estado em que

se encontra o ensino se faz neces­sária a pré-escola. Com a pré-es­cola as crianças quando chegamno 10 grau já sabem pelo menosas letras e os números, não sendomais necessário alfabetizá-las. Po­derão começar a aprender outrasdisciplinas que lhe servirão nosgraus postenores. E necessáno re­formular o ensino de 10 grau (...)

Hélio Iadelka de SouzaCuritiba - PR

A Constituinte-entrou em sua últimaetapa, a da votação'«;do projeto deCohstíruição pelo plenário. Desdeo início a sociedade partícípog eopinou, por todos os meios. E ainda étempo de contribuir. Escreva a suacarta, dizendo o que você pensa e quer.

Sei realmente que os senhores estio optos para resove­rem este ~ssunto, se ~1nda nio o fiz@ram, pois eu n~a consegui •ver algo neste sentido, mas também não tenho acompanhado tojo a­contecimento desta ~ssembléi~••

Durante o debate sobre ~ dlvisio do bolo tribUtorio,euverifiqu~i que lutaram pel~ autonomia do município, maS infeliz­mente não fal~r~1l nada sobre os funcionorios. Nilo quer.. discutirsobre este ospecto, m~s se o Prefeito nio conseguiro os votos I

que eleg~rio os deput~dos. E prova diSSO, podemos verific~r que'v~rias Prefeituras vem perdendo. política e isto vai ~contecer'

principalllente COII os Deputados, caso desprezem tanto o povo que

os elegeI!.Espe"ando suas ~tençies, desde jo antecipamos agradecl

SenhorFs Const ituint es,

ment es ,

Vendo o Jornal da Conctituinte, pude ler alguma cois1l,que diz: Sero dado todo apoio ~o trabalhadOr.

Diante disso, eu gostaria de saber, se este apoio es ­tende também aOS funcionários municipais, que hoje rec~bem o Sa­rio dos mais baixos do país e ainda niio possui nenhum órgio que'o ampare, pois o r~gime da Prefeitura é ESTATUTÁRIO, o que ela'faz esto feito, como dIzem os nossos chefes. Por exemplo: funcl­onorio que ganha menos do salorl0 mínImo. A leI diz que todo rusclonario deverQ receber pelo menos um salorl0 mínimo, mas os er­gãos regidos pelo ESTA;UTO sia dispensados desta abediênc;a. Poroutro lado, os funcionarios que recebiam mais de dois salarlos I

~ínimos, hoje sofre uma defasagem tão grande, que nio ganha. nemum salorio. Diante disso, eu gostaria, que se ror possível, os 'nobres constituintes, acabassem oom os ESTATUTOS MUNICIPAIS ou 'pelo menos, colocassem leis, que deveria. ser obedecidas pelos '

J'I.Fun.c,

Idade paraconcursos

EnsinoPré-.Escolar

Srs, Constituintes,Minha sugestão é ligada à área

de educação. Que se tome práticaa lei que concede ao governo cus­tear o ensino pré-escolar em todoterritório nacional, pois o ensinopré-escolar neste pais é prioridadedas escolas particulares e de crian­ças ricas. Peço-lhes que lutem pelaeducação, para que este país setome uma nação educada.

Tânia Maria da SilvaSão Sebastião do Passe- BA

Sao Sebastião do Maranhão, 01 de junho de 1988.

Srs. Constituintes,(...) Que se acabe com a lei que~

límita a idade de 45anos para con- :cursos públicos e outros serviços,pois o homem está apto a traba­lhar em toda sua vida, exceto setiver e.mbl~1Jl.a.s.:..9.e_~aMQ~.C:,~) .Oeumprímentç por parte do gov~t.:­no, no quedi2;-respeno li educaçãodo homem, do pnmário até a uni­versidade. Que se dê condição aobrasileiro de um melhor desenvol­vimento cultural. Que as universi­dades sejam gratuitas e se criem.novas unidades de nível superior.Flscaliz'ãção"dõ'gõverno em ór­gãos como o' INPS para que oscontribuirites não sejam explora­dos (...)

Paulo Afonso RibeiroAlto Porã - PR

10 Jornal da Constituinte

País necessita formar técnicosFrancisco Diógenes - O mo­

mento político atual é difícil, aeconomia brasileira está passandopela maior crise da sua história.Acredito numa saída, no entendi­mento dos homens de bem queexistem neste país, que existem napolítica brasileira. Cabe.a todosnós a nossa parcela de colabora­ção, fazer com que este país, queé rico, grande, que tem um povojovem! CJ.ue tem as suas riquezasnaturaís Imensas, os seus manan­ciais são poderosos, saia dessa cri­se. De forma que acredito que oBrasil, se houver um entendimen­to, mais um pouco de critério noshomens que estão administrandoeste país, não tenho dúvidas deque logo sairemos desta crise queestamos passando.

JC - O que o deputado pensada reformulação partidária que jáestá ocorrendo?

Francisco Diógenes - Existemúdança e acredito que vão sejuntar forças ideológicas, comoocorreu agora com o PSDB, ondepessoas que têm o mesmo posicio­namento filosófico formaram umnovo partido.

JC - Presidencialismo ou par­lamentarismo?

Francisco Diógenes - Votei nopresidencialismo, até porque des­ta maneira que os POlítICOS de hojeestão pensando, o nosso Parla­mento seria mudado semanalmen­te. Não iríamos ter uma continui­dade de governo com seriedade.O Parlamento teria uma funçãofisiológica, ou seja, na hora emque determinados candidatos nãofossem ministros, diretor, presi­dente dessa ou daquela entidade,iriam, naturalmente, pressionarno sentido de derrubar o Parla­mento.

JC - Qual a sua opinião sobreas eleições municipais deste ano eseu reflexo em relação às eleiçõespara presidente da República nopróximo ano?

Francisco Diógenes - O Brasilestá tendo muitas eleições. Masa democracia só se faz através deeleições. Acredito que as eleiçõesmunicipais vêm realmente identi­ficar praticamente os candidatose os partidos que irão certamenteeleger o seu futuro presidente.

JC - Como está o Acre?

Francisco Diógenes - O Acreestá bem. Politicamente, o meupartido, hoje, no Acre, apesar desó ter eu como deputado federal,estamos liderando lá nas pesquisaspara a candidatura de prefeitos,tanto nos municípios de Cruzeirodo Sul e Mâncio Lima, como nacapital, que é Rio Branco. Vamosenfrentar essa campanha soberba­mente, altaneiramente, e espera­mos sair vitoriosos, pelo menosem sete municípios lá do nosso es­tado.

JC - Deputado, encerrada aConstituinte, que Constituição te­remos?

Francisco Diógenes - Teremosuma Constituição progressista, àaltura dos anseios do povo brasi­leiro. Alguns erros, ou algumaspropostas, que estão inseridos naConstituição atual, serão certa­mente suprimidos agora no segun­do turno, de forma que VaInOS teruma Constituição que, na média,vai ser boa.

truir bastante neste país, onde háuma defasagem muito grande detécnicos. O que se vê na Europaé o técnico e o doutor trabalhandoem nível salarial próximo um dooutro. Aqui, há uma defasagemsalarial muito grande, há uma dis­criminação com o técnico, de mo­do que precisamos formar maistéCnICOS e também, fortalecer oensino fundamental básico, que éuma matéria pela qual venho medebatendo por muito tempo naminha vida.

JC - É favorável a que o Con­gresso Nacional aprecie as conces­sões de rádio e de televisão?

Francisco Diógenes - Há, porsinal, emenda de nossa autoria,para que as concessões sejam da­das pelo Executivo e apreciadaspelo Congresso Nacional. Achoque é muito justo isso, porque oCongresso Nacional, como a Casado povo, tem como resolver, ana­lisar e julgar as concessões conce­didas a esse ou àquele grupo.

JC - Na áreada ciênciae tecno­logia, o que destacariano novo tex­to?

Francisco Diógenes - Eu desta­caria a livre iniciativa da ciênciae tecnologia, porque entendo 'luea ciência e a tecnologia não temfronteiras. Votei contra e sou con­tra a reserva de mercado. O Brasilestá defasado mais de 50 anos emtermos de-tecnologia. Não pode­mos e não temos condições decompetir no mercado internacio­nal se não abrirmos a nossa fron­teira para o desenvolvimento tec­nológico.

JC- Deputado, como vê a re­forma tributária, aprovada no pri­meiro turno?

Francisco Diógenes - Ela dei­xa, de certo modo, o governomeio canhestro, porque os recur­sos são repassados para os esta­dos, beneficiam os municípios.Entendo que a união dos municí­pois é que forma o estado, que for­ma a nação, mas o governo ficapraticamente desprovido de recur­sos para as grandes obras federais,que ele tem necessariamente defazer para desenvolver este país.

JC - Deputado como está omomento político atual?

Teremos umaConstituiçãoprogressista,à altura dosanseios do

povo. Algunserros serãocertamentesuprimidosno segundo

turno devotação

JC - O que acha do projeto deeducação aprovado pela Assem­bléia Nacional Constituinte?

Francisco Diógenes - É razoá­vel. Não é tão bom quanto o quese esperava, até porque todos osrecursos vêm englobados, ou seja,18% foram englobados para aeducação, e hoje sabe-se - e éuma palavra muito usada, o lobby- que as universidades têm equi­pes de planejadores, de lobistas,até de reitores influentes e de esta­dos fortes, como São Paulo, MinasGerais, Rio de Janeiro, Bahia.Enfim, esses grandes estados con­seguem arrancar maiores recursospara a educação e para as suas uni­versidades, em detrimento do en­sino fundamental básico. Não foientão caracterizado na nossaConstituição, como o foi na Cons­tituição de 1946, os recursos parao ensino fundamental básico. Aquantia total é de 18%, mas poucovirá para a educação do ensinofundamental básico e sim para osníveis superiores.

Não vão para as escolas profis­sionalizantes, que temos que cons-

ADIRPlWtlliam Prescotti\--:\

Diógenes: democracia só se faz através de1deições

estamos atravessando no momen­to. Por tudo isso, penso que o go­verno tinha que compatibilizares­sa situação, levando para aquelesempresários que realmente aplica­ram, desenvolveram e que produ­ziram uma anistia total, de certomodo prolongando ou prorrogan­do esses prazos ou mesmo conge­lando essa dívida a nível de hoje,dando um prazo de seis meses aum ano para que se reconstituame façam os pagamentos devidosdas suas dívidas junto aos bancos.

JC - Uma preocupação muitogrande do deputado é com o ensinofundamental. Por quê?

Francisco Diógenes - Entendoque um país, uma nação e um Es­tado só podem desenvolver-seatravés da educação. Critica-semuito a universidade hoje. Segun­do alguns, ela está preparandomaus técnicos - está aí o mercadode trabalho para comprovar isso-, pois os técnicos se formam enão conseguem o devido empre­go. Isso vem em função do ensinofundamental básico. Hoje, o pri­mário, o pré-primário, a pré-es­cola, o ginásio, todos, enfim, estãodespreparados de professores, dematerial didático e de salas de aulacompatíveis para que se realize aformação do Jovem condignamen­te. Existem municípios como umdo interior de Alagoas, que tem88% da sua população de analfa­betos. São dados fornecidos pelaONU. Em outros cantos, no Acre,na Amazônia, onde os professoressão mal remunerados, chegam al­guns a ganhar l1!enosde um saláriomínimo. Como exemplo, posso ci­tar os municípios de Mâncio Limae Cruzeiro do Sul, onde os profes­sores ganham 500 cruzados pormês.

A formação desses jovens é pre­caríssima, até fora de comentário.Não há estímulo para que o jovemfaça o seu segundo grau com pleni­tude, para que no futuro ingresse,até através de seu próprio esforço,em uma universidade. Por isso éque defendo o ensino fundamentalbãsíco, porque acredito que sóatravés do seu fortalecimento éque se pode, realmente, construiruma comunidade educacionalmais forte, mais coesa, mais hu­mana e mais justa, que tenha apli­cabilidade no futuro.

"Defendo o ensino funda­mental básico porque acreditoque só através do seu fortaleci­mento é que se pode, realmen­te, construir uma comunidadeeducacional mais forte e maisjusta, que tenha aplicabilidadeno futuro". A afirmação é doconstituinte Francisco Dióge­nes (PDS - AC), lembrandotambém que os recursos nãovão para as escolas profissiona­lizantes, "que temos de cons­truir bastante neste país, ondehá uma defasagem muito gran­de de técnicos". Ele consideraacertada a medida que deter­mina que as concessões de rá­dio e televisão sejam dadas pe­lo Executivo e apreciadas peloCongresso Nacional. Diógenesé contra a reserva de mercado,argumentando que o Brasil es­tá defasado mais de 50 anos emtermos de tecnologia.

JC - Deputado, um dos assun­tos mais polêmicos, nà parte dasDisposições Transitórias é a ques­tão da anistia fiscal às microem­presas. Como analisa a questão?

Francisco Diógenes - Infe­lizmente, o Brasil, que se diz umpaís capitalista, na verdade não oé. Se assim fosse, não estaríamosenfrentando problemas desse tipohoje, porque este país privatiza oslucros e socializa os prejuízos. Ha­ja vista que todos os bancos quefizeram essas concessões de em­préstimos tiveram lucros. E sem­pre, ao longo da história brasilei­ra, os bancos foram as empresasmais lucrativas neste país - é umbom negócio quando mal adminis­trado, razoavelmente administra­do e bem administrado, mas sem­pre foi um bom negócio, até por­que o governo, quando os bancostêm problemas, os socorre atravésdo Banco Central, com recursospara sanear a sua saúde financeira.Agora seria a oportunidade de ogoverno transferir esses proble­mas para os bancos, e o que vemosatualmente é o governo assumin­do essa posição e até oprimindoasociedade no sentido de que con­sulte ou pressione os seus consti­tuintes para que não seja votadaa anistia fiscàl, uma vez que, seisso ocorrer, o governo irá buscarrecursos, é lógico, na própria so­ciedade, isto é, criando emprés­timos compulsórios - como Já vi­mos ne~e período - e aumen­tando o Imposto de Renda e em­préstimos compulsórios sobre osbens de primeira necessidade e atéde supérfluos, como é o caso decarros, uísque, perfume e uma sé­rie de outros bens, quando, na rea­lidade, já se poderia ter tomadouma providência com relação àanistia fiscal.

Existem tantos pequenos e mé­dios produtores que desviaram re­cursos recebidos dos bancos paraaquisição de automóveis, aparta­mentos e viagens como outrosque, até por incompetência, nãoaplicaram devidamente esses re­cursos. Mas, uma grande maioriadesses pequenos e médios empre­sários aplicaram devidamente osrecursos, e uma política desastra­da, que veio através do Plano Cru­zado, levou esses pequenos e mé­dios empresários à situação que

Jornal da Constituinte 11

Camata apóiaa reformatributária

ADIRPlReynaldo Stavaleque é subordinado ao programado partido.

JC - Senador, há um temor deque, no segundo turno de votações,alguns avanços alcançados na pri­meira fase sofram um retrocesso.Acredita nessa possibilidade?

Gerson Camata - Não acreditoporque aquilo que foi concedidoou conquistado dificilmente pode­rá ser retomado. Explico. Poderiahaver algumas correções em algu­ma coisa excêntrica que fosse atéestapafúrdia, extemporânea, co­mo por exemplo, tabelar juros naConstituição. Acredito que não éo objetivo principal, e é uma coisapossível de ser feita, pois isso ]l0­(leria até desmoralizar a nova Car­ta. Há um ou outro pequeno repa­ro em coisas que não são própriaspara uma Constituição. Por exem­plo, acho que as garantias indivi­duais, garantias da coletividade,garantias do cidadão, garantias-dos trabalhadores são imutáveis,porque elas se consolidaram rapi­(lamente. Não porque foram con­quistadas agora. Mas porque sãoreivindicações que se estendiamao longo de 20 ou 30 anos, e agorase solidificaram.

JC - Em sua opinião, queConstituição teremos?

Gerson Camata - Vamos teruma Constituição mais avançada,principalmente no capítulo dos di­reitos dos trabalhadores, dos di­reitos individuais; uma Constitui­ção com maior participação da po­pulação porque maior volume derecursos estará próximo de ondeserão aplicados: os estados e mu­nicípios. Uma Constituição quenão fará qualquer milagre - achoque a população, no início, pensa­va que todos os problemas do Bra­sil seriam resolvidos quando pro­mulgada a Constituição. A popu­lação, hoje, já sabe que a Consti­tuição é um caminho, um instru­mento, um norte para que come­cemos a resolver nossos proble­mas, não sendo uma varinha má­gica.

Virá depois, a legislação com­plementar. Acho que teremosuma Constituição bem melhor,que garantirá um longo períodode sobrevivência das instituições,com caminhos que terão que serperiodicamente corrigidos, masque são normais, já que a socie­dade é dinâmica e toda legislaçãoe aparato legal precisam ser tãodinâmicos quanto à sociedade.

JC - Para encerrar, como estáo seu estado, o Espírito Santo?

Gerson Camata - O estado doEspírito Santo, no conceito dos es­tados brasileiros, se agigantoueconomicamente - estado queteIll apenas 45 mil km", uma uni­dade federativa muito pequena.Quando olhamos o mapa do Bra­sil, vemos que ele é territorialmen­te pequeno, mas quando vemoso mapa econômico do Brasil, é umestado que se agiganta. Hoje, porexemplo, é o segundo maior pro­dutor de café do Brasil, o maiorprodutor de mármore, o segundoprodutor de cacau. Tem o maiorcomplexo portuário do Brasil e,comparando-se o tamanho do seuterritório, tem a maior e mais ex­tensa rede viária do Brasil. É osegundo estado em matéria depropriedades eletrificadas do Bra­sil e o terceiro produtor de aço.

Tudo isso da ao estado uma si­tuação econômica mais ou menossólida, com boas perspectivas parao futuro. Acho que com a Consti­tuição, com a desconcentraçãoeconômica que teremos, o estadoterá um período de desenvolvi­mento e crescimento.

Vamos ter umaConstítuíçãoavançada nocapítulo dosdireitos dos

trabalhadores,dos direitosindividuais.

Uma Cartacomparticipação

maior dasociedade

Camata: sou favorável a candidaturas avulsas

com ele mesmo. Acho que é bom,e é necessário, que ele se depureou se extinga, e normalmente to­das as novas facções irão sair dedentro do gigante PMDB. Eucreio que, se certa vez o bicho quecomeu a Arena estava dentro daArena, o bicho que vai comer oPMDB está dentro do PMDB. OBrasil precisa de uma estruturapartidária mais sólida. Dois fato­res são necessários para uma de­mocracia estável: pnmeiro, a ma­téria-prima da democracia, o cida­dão fiem-informado, o cidadãocom cultura e com capacidade dedecidir bem; segundo, partidosque representem bem esses cida­dãos conscientes.

Acho que há dois processos quea Constituinte proporcionou, atra­vés da ampla participação popu­lar. Primeiro, e que começa a so­ciedade a se organizar. Uma socie­dade organizada é que vai gerarpartidos estáveis, partidos com li­nhas programáticas. Enquantonão houver uma base, os partidosainda vão bater cabeça.

Outro problema que a Consti­tuinte esqueceu, no meu enten­der, foi o de permitir as candida­turas avulsas. Qualquer cidadão,ao pretender ser candidato a qual­quer posto eletivo, deveria ter odireito de comparecer ao juiz elei­toral, registrar a sua candidaturae apresentar-se diante da opiniãoptíblica, sem o ônus de pertencera partido político. Esse fator, em­bora pareça que desagregue o par­tido político, na verdade, é um fa­tor se se estabelece a comparaçãoentre candidatura avulsa, que nãotem compromisso com partidos esó com a comunidade, e o candi­dato do partido político compro­missado.

Quando a sociedade começa afazer essa diferenciação, ela come­ça a solidificar os partidos porqueela tem um parâmetro para com­pª,rar a ação daquele que não ésubordinado ao partido e aquele I

JC - Senador, previu-se queapós a promulgação da nova Cartahaveria uma reformulação partidá­ria, o que já está acontecendo ago­ra. Como acha que vai ficar o qua­dro partidário?

Gerson Camata - Acho que aConstituinte não vai assim estabe­lecer um caospolítico, partidárioe ideológico. Ela foi um labora­tório onde principalmente oPMDB foi um partido pratica­mente artificial, inclusive que veiopor duas vezes artificial na épocado bipartidarismo. E, depois, nasmudanças que vieram com a elei­ção de Tancredo Neves e José Sar­ney, o PMDB, então, dentro des­se princípio, entrou em choque

Melhor dirigidos, vão gerar frutosde desenvolvimento e progresso,crescimento social, maiores paratoda a população.

JC - Senador, o assunto polê­mico do momento é a anistia fiscalaos microempresários, pequenos emédios produtores rurais.

Gerson Camata - A anistia sedeve exatamente à pouca sensibi­lidade com que o governo viu oproblema quando ele era ainda pe­queno. Terminado o Plano Cruza­do, o governo cuidou de resolveros problemas que o desastradoPlano Cruzado causou a ele, go­verno. E se esqueceu que esse pIa­no tinha causado enormes prejuí­zos e danos a toda a sociedade bra­sileira. O governo se preocupouem resolver os problemas dele, enão se preocupou em resolver osproblemas da coletividade. Se elefosse resolver em fevereiro do anopassado, e logo após o fim do Pla­no Cruzado, eles seriam proble­mas pequenos e, facilmente, po­deriam ser resolvidos. Essas dívi­das foram se acumulando, toman­do-se impagáveis àqueles que to­maram recursos no período doPlano Cruzado, e isto agora tor­nou-se um problema. E o queacho que está acontecendo, quea.sociedade, não conseguindo ab­sorver o problema, o está transfe­rindo para o governo.

Há necessidade dessa anistia.Acho que as emendas são justas.Mas o que me preocupa são doisaspectos. Primeiro, são as pessoashonestas e sérias, por exemplo,conheço várias e que, tendo umapequena propriedade, venderama propriedade para saldar a dívida.Quer dizer, a anistia não vai devol­ver os bens dessas pessoas que fo­ram honestas e os venderam parapagar o que era seu. Em compen­sação, as gue não pagaram, algu­mas por dificuldades, outras nãotanto por dificuldades, vão serpremiadas. Acho que a emendadeveria prever era a possibilidadede um exame de caso a caso.Aqueles que, efetivamente, vãoperder os seus bens, mereciam es­sa anistia. Aqueles que têm muitosbens, têm uma certa capacidadede pagamento, pagariam de acor­do com a sua capacidade de paga­mento. E o governo, por seu lado,teria uma maneira de absorver is­so.

Ouvi dizer, há pouco tempo,que havia um entendimento, porparte do Ministério das Minas eEnergia, no sentido de retirar ocompulsório sobre os combustí­veis. Poder-se-ia usar o compul­sório durante uns dois anos, aoinvés de retirá-lo, para que o com­pulsório estabelecesse um fundoque pudesse fazer com que essagente voltasse a trabalhar e a pro­duzir, a pagar tributos, e a socie­dade ganharia e, também, o go­verno e a coletividade inteira. Enão ficaria o peso do pagamentodessa dívida sobre os assalariadosapenas.

Com a experiência de ex-go­vernador do Espírito Santo, oconstituinte Gerson Camata(PMDB) considera ótima paraos municípios e boa para os es­tados a reforma tributáriaaprovada pela ANC. A preo­cupação com uma possível cri­se econômica da União deveráser evitada, segundo Camata,através de dispositivos inseri­dos nas Disposições Transitó­rias que fixa o prazo de cincoanos para que também encar­gos sejam transferidos para osestados e municípios. Quantoà anistia fiscal, ele diz que fal­tou sensibilidade ao governo,que apenas se preocupou comseus problemas, esquecendo­se dos prejuízos causados à so­ciedade. Entre outros assun­tos, Camata comenta a refor­mulação partidária e a situaçãoatual do Espírito Santo.

JC - Senador, na condição deex-governador do Espírito Santo,como analisa a reforma tributáriaaprovada pela Constituinte?

Gerson Camata - Acho queela foi muito boa para os municí­pios, aliás, ótima para os municí­pios e muito boa para os estados.Era uma aspiração velha tanto dosgovernadores quanto dos prefei­tos. Havia, realmente, uma con­centração enorme de recursos empoder da União, e me preocupo,sob certos aspectos, porque veioem hora em que a União atravessatambém dificuldades econômico­financeiras muito salientes.

O temor é que, terminada a re­forma em 1991, se a União nãoconseguir fazer a transferência,ela irá enfrentar problemas muitosérios para a sua própria manu­tenção. O presidente José Sarneyanunciou outro dia que o estadobrasileiro, praticamente, se esgo­tou no atendimento de suas neces­sidades mínimas. E um saque de25% da receita, nesse momento,pode ser problemático se nãoocorrerem transferências tambémde competências para os estadose municípios. Algum problemamuito sério para a União pode ge­rar uma crise econômica e talvezuma crise institucional.

Entretanto, está nas Disposi­ções Transitórias o dispositivo quedeve ser aprovado por esses dias,exatamente disciplinando e dandoo espaço de cinco anos, quer dizer,praticamente o espaço em que seconsubstanciassem as transferên­cias, para que encargos sejamtransferidos aos estados e tambémaos municípios. Acho que feito is­so, quem ganha muito é a popula­ção, porque um volume maior derecursos fica perto do povo. Querdizer, mais próximo da decisãodos eleitores e contribuintes. Nomunicípio eles poderão, num de­terminado momento, dirigir me­lhor a aplicação desses recursos.

12 Jornal da Constituinte

Devemos amparar o aluno carente

Oliveira Lima: a escola brasileira se notabilizou no exterior pelo número de greves

o constituinte Agripino deOliveira Lima (PFL - SP) gos­tou do projeto de educaçãoaprovado pela ANC, por pro­teger o ensino público sem des­fazer do ensino privado. Eleargumenta também que "o di­nheiro público deve atender aoaluno carente, independente­mente da escola que estiver es­tudando" e considera insufi­cientes as bolsas de estudo dis­tribuídas pelos deputados.

JC - Que análise o deputadofaz do projeto de educação apro­vado no primeiro turno pela As­sembléia Nacional Constituinte?

Agripino de Oliveira Lima - Ameu ver, o projeto aprovado nesteprimeiro turno pela Constituinte,no campo educacional, foi muitobom, pois considerou o ensino pú­blico sem desfazer, dando forçae ênfase ao ensino privado. Ago­ra, o meu pensamento é que asverbas púbhcas, que são vultosaspara o ensino público, não estãosendo bem aplicadas. Haja vistaque temos em escolas federais umprofessor para deis alunos. Quan­do isso nem nos Estados Unidosacontece. Na área da saúde, nosEstados Unidos, que é um país ri­co, um país desenvolvido, lá tem­se um professor para dez alunos,doze alunos, na área médica, naárea odontológica, na área farma­cêutica. Aqui, no Brasil, nós nosdamos ao luxo de ter um professorpara dois alunos. Então, ISSOenca­rece demais o ensino. Prova é queestamos gastando este ano 220 bi­lhões de cruzados com o ensinoe ainda se pedem mais verbas parao ensino público. O que temos dever é a aplicação correta dessasverbas, porque temos quase 30 mi­lhões de brasileiros analfabetos edestinamos 96% das verbas fede­rais ao 3° grau.

Veja que estamos funcionandoerrado na área educacional. E, sepudéssemos corrigir essa falha las­timável, poderíamos dar um aten­dimento muito maior aos estudan­tes de 3° grau, porque no Brasilacontece um fenômeno assim cu­rioso: os alunos ricos estudam nasescolas públicas e os alunos pobresestudam nas escolas privadas, nasescolas particulares. Além de elesterem de trabalhar o dia todo, têmde pagar ainda o curso noturnode 3°grau. Acho que isso está erra­do. Apesar de que os constituintesde esquerda defendem este pontode vista, verbas públicas só paraescolas públicas, eu penso diferen­te. Acredito que dinheiro públicodeve atender ao aluno carente, in­dependentemente da escola queestiver estudando.

JC - E quanto à destinação derecursos por parte dos estados emunicípios para o ensino gratuito?

Agripino de Oliveira Lima ­Há questão de 20 anos, os municí­pios participavam muito da educa­ção do primeiro grau. Depois, oEstado foi assumindo essa respon­sabilidade e os municípios foramse afastando. Foram aplicandosuas verbas em outros setores,apesar de que existe ainda umaobrigação funcional de os municí­pios aplicarem 20% de sua receitana"educação do 1° grau. Mas elesdesviam essas verbas para parte

esportiva, merenda escolar e ou­tros setores. em vez de aplicá-lasestritamente na área educacional,na área de 19 grau.

Mas com essa redistribuição,com essa participação mais diretados mUllicípio!; !'lestados com 25%de suas receitas para educação,ve­jo com bons olhos. Mas sempredizendo que essas verbas devemser bem aplicadas, bem canaliza­das e bem fiscalizadas, para que.atinjam sua função a que foramdestinadas e não sempre obede­cendo ao caráter político, ao cará­ter ideológico que muitas vezes sedivorciam das reais necessidadesda nossa Nação e da educação.

JC - Havia dois projetos confli­tantes antes da votação: um, patro­cinado pelo Centrão, que privile­giava de certa forma o ensino pri­vado, e o projeto da Sistematiza-oção, favorecendo o ensino público.O deputado acha que o acordo fir­mado foi justo?

Agripino de Oliveira Lima ­Não, foi um acordo, assim, razoá­vel. A meu ver, acho que o Cen­trão queria o seguinte: que essasverbas públicas fossem destinadasa bolsas de estudo para os alunoscarentes de 3°grau. Era mais isso.E a Sistematização já havia corta-

do essa parte. As verbas públicassó para escolas públicas e não paraas escolas particulares e nem tam­pouco para os alunos carentes de3° grau das escolas públicas.

Ficaríamos praticamente sembolsas de estudo para os alunosde 3°grau, que por sinal são muitopoucos. Os alunos de 39 grau dasescolas particulares o que conse­guem, o pouquinho que conse­guem, do governo, são bolsas deestudo reembolsáveis. Mas bolsade estudo mesmo, gratuita, essesalunos não têm conseguido. Temsido muito pouco.- O gue"o MEC distribuiu aí,atraves dos deputados, é mais oumenos um milhão de cruzados porano, o que é praticamente insufi­ciente. Daria para atender a uns20 alunos, no máximo, cada cons­tituinte, cada deputado. Então, deforma que seria muito pequena.E as bolsas de estudo distribuídastambém para o 2°grau são peque­nas, porque correspondem a 3 ou

Penso que asituação doensino nopaís está

muito difícilporque nas

escolaspúblicas ocusto estácrescendode forma

assustadora

4 mil cruzados por aluno. Isso nãodá nem para pagar 50% de ummês que o aluno paga na escola.E muito irrisório.

JC - Na qualidade de reitor daUniversidade do Oeste, de Presi­dente Prudente, São Paulo, comovê a atual situação do ensino uni­versitário no Brasil?

Agripino de Oliveira Lima - Asituação do ensino do país estámuito difícil, porque nas escolaspúblicas o custo está crescendo as­sustadoramente. Existem as rei­vindicações dos professores, dosfuncionários que mantêm essas es­colas praticamente paradas, emconstantes greves, como estamosvendo aí. A escola brasileira senotabilizou no exterior pelo nú­mero de greves. Isso é muito ruim,porque os alunos vão ter uma fre­qüência muito pequena - três,quatro meses por ano, e depoissempre dão um jeitinho de os alu­nos passarem, para que não haja

maiores transtornos, inclusivecontra os próprios professores.

E na escola particular o governoestá concedendo a URP para osfuncionários e para os professorese o repasse para os alunos. Masacontece também um fato estra­nho, porque os funcionãrios e pro­fessores mantêm-se nós empre­gos, porquanto estão recebendoum aumento salarial. E com osalunos, que têm de ter o repassedas suas anuidades, o que acon­tece? Abandonam a escola, por­que não podem pagar. Então, háuma evasão muito grande na esco­la particular, e, principalmente,na escola de 3° grau.

JC - O deputado considera es­tatizante o texto aprovado até omomento?

Agripino de Oliveira Lima ­De modo geral, ~cho que houveum progresso assim muito exage­rado para esta parte estatizante.Procurou-se um protecionismopara o povo. Mas isto é justamentepela formação da nossa Consti­tuinte, que é formada por políti­cos, por deputados e senadores,e esse pessoal procura fazer aquium pouquinho de política, um

pouquinho de dema­go gia d e n t r o d aConstituinte. Procu­ram agradar os seuseleitores, para quepossam ser recon­duzidos na próxima

eleição. Isso atrapalhou bastante.Esta Constituição vai ser um pou­quinho protecionista. E o que es­tamos vendo aí é que o nosso paísestá se enterrando na economia.Estamos entrando num atoleiroterrível econômico, difícil de sair,porque o brasileiro está querendo- são os lobbies constantes queestamos vendo aqui -, está que­rendo um pouquinho de vanta­gens, de benefícios, e produzirmesmo são poucos os que estãotrabalhando. De acordo com a es­tatística que eu vi há questão decinco anos, só 20% da populaçãobrasileira trabalha. Mas, do jeitoque estamos vendo e sentindo ascoisas, podemos dizer que só 10%da população trabalha e produz.

JC - A sociedade está descrentedos partidos políticos, deputado?

Agripino de Oliveira Lima ­Sem dúvida, o povo está descrentedos partidos. Eu, que nunca fuiapaixonado de partidos políticos,'

sempre defendi posições .assim,enaltecendo mais a figura huma­na, o homem, o cidadão, aqueleque já mostrou que trabalha, co­rihece e pode oferecer alguma coi­sa à Nação. Em São Paulo, porexemplo, tivemos a campanha de1982, e eu, pertencendo ao Par­tido da Frente Liberal, apoiei An­tônio Ermírio de Morais, indepen­dente de ele estar nesse ou naque­le partido. Naquela época, ele fezopção pelo PTB, mas eu o apoiei.Por quê? Porque eu via nele umhomem de visão, capaz, inteligen­te, trabalhador, e penso que assimé que o povo deveria ver e escolheros seus dirigentes, os seus repre­sentantes. Vimos, agora, umexemplo, há questão de uns dias,na França, em que o povo esque­ceu-se dos partidos e escolheu oshomens. E esse pensamento, esseraciocínio é o que eu já venho de­senvolvendo ha muito tempo nasminhas campanhas, lutando paraque o povo escolha sempre o ho­mem apropriado para um deter­minado cargo, e nunca o partido,porque num partido como oPMDB, que era um partido domi­nante e que fez 54% dos elemen­tos da Constituinte, e que está to­mando conta do Brasil todo - emmais de 5 mil prefeituras ele detém95%. Nos governos dos estados,detém quase todos. Apenas o deSergipe pertence a outro partido.São todos do PMDB. O povo seiludiu com uma pregação de longadata e votou, em massa, noPMDB, e o que estamos vendoaí é o caos.

Hoje o próprio PMDB não seentende, está dividido. Você vêque o senador Fernando HenriqueCardoso saiu do partido, bem co­mo Mário Covas e José Richa, evão abrindo, porque se se concen­trarem todos num partido, umpartido que inchou, com um mun­Cio de ideologias dentro do mesmopartido, e um partido que se tor­nou, no governo, fisiológico, oque aconteceu? Está explodindo.E assim. E se escolhermos verda­deiramente homens capazes, nãovai acontecer nada disso.

JC - Deputado, as eleições mu­nicipais deste ano constituem-se naante-sala das eleições presidenciaisdo ano que vem. O senhor é favo­rável à realização das eleiçõesmar­cadas para este ano?

Agripino de Oliveira Lima - OCongresso aprovou as eleiçõesmunicipais, Estamos dependendoda"homologação do presidente daRepública e ele parece que estáem dúvida se vai homologar ounão, mas sou perfeitamente favo­rável à realização das eleições,porque elas vão ter um preparo,para que possamos escolher, anoque vem, o presidente da Repú­blica. Do jeito que está, não pode­ríamos ter eleições para presiden­te da República este-ano, porque,como já disse, o país todo esta namão de um partido, do PMDB,de norte a sul, de leste a oeste.Este partido teria uma influênciamuito grande na eleição do presi­dente da República, se fosse reali­zada este ano. Mas para o ano quevem, e com a mudançadas prefei­turas, dos prefeitos neste ano de1988, então creio que poderemoster um presidente da Repúblicasaído mesmo, representando mes­mo a ahna do povo brasileiro, deum modo bem misto.

Jornal da Constituinte 13

•Governantesprecisam ser

~ .responsavets

JC - Que análise faz do textoaprovado até agora?

Oswaldo Almeida - O texto te­ve conquistas válidas e pontos frá­geis e que nada mais são do queo reflexo do povo que somos.Quer dizer; o nosso Congresso, onosso Parlamento Constituinte serenovou em quase 70%, passandopor um período de estagnação po­lítica, vamos dizer assim, em ter­mos de lideranças, etc. Então, es­sas manifestáções que aí estão,com aberrações, com excessos,com omissões e com falhas, sãoexatamente o reflexo daquilo quesomos. Tenho a tranqüila convic­ção de que a partir de agora, mes­mo na legislação complementarque aí vem, ou até já no própriosegundotUTllO,ValllOspodercorri­gir alguns excessos, enxugar essaConstituição e aperfc::içoar. o seutexto, para que ele seja mais com­patível com o que deve ser uni tex­to constitucional e com o que éa nossa realidade, com aquilo queé mais importante, que deverá sero nosso futuro. Não tenho dúvidasde que estamos amadurecendo.

Eu, por exemplo, sou um polí­tico de pouco mais de dois anose estou amadurecendo dentro docampo político exatamente parabuscar, vamos dizer assim, umaforma sensata de estabelecermosum modus faciendi da política, deacordo com aquilo que verdadei­ramente somos. Não queremosaqui, de forma alguma, uma Cons­tituição à la Inglaterra, pois o povobrasileiro ainda difere muito do in­glês, ou do americano, ou do ale­mão. Temos que fazer alguma coi­sa compatível com o que somose, à proporção que evoluímos, va­mos adequando as nossas leis, anossa Carta para a nossa realida­de.

JC - Como vai o seu estado, oRio de Janeiro?

Oswaldo Almeida - O Rio deJaneiro está com problemas sé­rios. A minha região, o norte flu­minense, está com seriíssimos pro­blemas. O Rio de Janeiro aindanão perdeu a sua característica decorte, de capital da República tra­dicional. Isso tem sobremaneiracriado grandes dificuldades na ad­ministração estadual. E nós, quesomos uma região interiorana doRio de Janeiro, ficamos, de certomodo, afastados de um grande nú­mero de decisões que são impor­tantes para nós. Somos daquelesque acreditam que o grande obje­tivo hoje deverá ser fortalecer ointerior, para que nós, os que láestamos, lá permaneçamos, e paraque os que de lá saíram por faltade oportunidades, para lá retor­nem, de modo que possamos de­sinchar os grandes centros e forta­lecer o interior, criando oportuni­dades, uma equalização, para to­dos aqueles que querem ter umavida mais tranqüila, sem os gran­Jdesproblemas da grande cidade.

Estamos vendo a todo momen­to os problemas das favelas do Riode Janeiro, como a da Rocinhae de Santa Marta. Isso ocupa àsvezes uma página inteira de umjornal, falando sobre a Rocinha,deixando de se falar sobre umacrise que, porventura, esteja ocor­rendo no norte fluminense, colo­cando a perder toda uma safra decana-de-açúcar, ou o problema dogranizo de Miracema, etc. Precisa­mos criar condições compatíveispara que equilibremos melhor oestado e possamos, a partir daí,aspirar a uma vida muito maistranqüila, muito mais consentâneacom as aspirações do cidadão co­mum fluminense.

o texto teveconquistasválidas e

pontos frágeise que nadamais são doque o reflexodo povo que

somos. Temosagora de

corrigir osexcessos

-~;\~=--Almeida: o PLfala urna linguagem moderna e objetiva .

bida, bem entendida e que criecondições de participação dessesdiversos segmentos i:Iinâmicos dopaís, porque é através deles quevamos conseguir resgatar este paísdesse estado de coisas.

Todos estamos conscientes dogigantismo, da dimensão e do po­tencial deste país. Não estamos sa­bendo como aproveitar isso tudo.E é exatamente através desse me­canismo de agremiações políticassaudáveis, falando uma linguagemsimples, mais entendível e exeqüí­vel, que vamos poder ir ao encon­tro dessa nova sociedade que estáaí se formando.

JC - Deputado, o que o PL es­pera das eleições municipais desteano?

Oswaldo Almeida - Espera­mos uma resposta bastante SIgnifi­cativa. E estamos muito conven­cidos disto, porque o partido estátendo uma receptividade acimadaquilo que tínhamos projetado.Isto porque estamos falando umalinguagem muito simples, muitopé-no-chão, muito dentro da nos­sa realidade, e preparando políti­cos, através de nossos cursos demotivação de formação políticapara o cidadão comum, que pre­cisa se estranhar dentro desse seg­mento político que se forma comele, cidadão, que é a célula de todaatividade política, e com istocriando condições para que a suaparticipação seja mais produtiva,mais objetiva, e, a partir daí, va­mos formando uma geração, en­gajando jovens, a mulher, enfim,todos aqueles que têm de fato umaresponsabilidade dentro dessecontexto. A partir daí, não tenhodúvidas de que vamos ser muitobem-sucedidos, porque é essa alinguagem que o cidadão brasilei­ro quer e está precisando para setornar de fato um lhama; politicusneste país.

quais os políticos se esquecem ouprotelam as medidas; como foi ocaso do Plano Cruzado, para ga­nhar um momento que de repentepõe a perder toda a expectativade um povo, de uma sociedade.

Precisamos, de fato, falar essalinguagem moderna, atual, racio­nal, objetiva, pragmática, envol­vendo, tanto quanto possízel, pes­soas novas em-política, represen­tativas de 'segmentos vitoriosos 'Cbem-sucedidas da sociedade na­cional. E é exatamente isto queo nosso partido está procurandofazer. E não queremos alçar vôo,subindo nas costas de quem querque seja, queremos caminhar nanossa linha própria, dentro deüma linguagem que seja bem rece-

ADIRPlWlIham Prescott

Oswaldo Almeida - É exata­mente um despreparo. Natural­mente que o governo tem muitomais facilidade para chegar a pos­síveis números. Mas acredito queo tempo decorrido entre o conven­cimento do governo de que sairiaperdedor no caso de um confrontoe esses dias atuais, que estamosvivendo às vésperas da decisão, te­nham sido insuficientes para queo próprio governo possa ter tidocondições de aferir esses aspectos.

Afora isto, existe uma série deoutros componentes que são de di­fícildimensionamento. E isso tudocompõe um quadro que, ao finalda história, resulta da irresponsa­bilidade de governantes que, aotomar tal ou qual decisão, com­prometendo uma parcela ponde­rável da sociedade nacional no seutodo, não foram capazes de ava­liar, de concluir que tal ou qualmedida era de tanta importânciapara o futuro do país. E a verdadeé que aqui estamos. Nós, que so­mos um país dito de improvisa­ções, precisamos de cautela. Nãoque devamos ser britânicos emplanejamento, mas pelo menosresponsáveis, para que não se che­gue a uma situação como esta.

Então, vamos evitar esse tipode coisa e vamos passar, daqui pordiante, a considerar as coisas comresponsabilidade, e, o que é maisimportante, diante do fato, vamosbuscar uma solução que seja com­patível com os dois aspectos: o as­pecto daqueles que foram levadosa uma situação constrangedora ­os microempresários e os peque­nos e médios empresários rurais- e o do governo.

JC - Deputado, havia umaperspectiva de que após a promul­gação da nova Cartahouvesse umareformulação partidária ampla.Mas ela já teve início. Qual a pers­pectiva de crescimento de seu parti­do, o PL?

Oswaldo Almeida - O que seobserva, exatamente, é que oPMDB foi O grande avalista e con­dutor das decisões políticas dos úl­timos tempos e entrou numa ca­noa furada. E o que estamos ven­do é o que ocorre sempre nestepaís em termos de política: na horaem que se vê o furo na canoa,aqueles mais vivos, mais argutos,estão pulando da canoa e buscan­do outra legenda, porque nestaque aí está, em termos de voto,de credibilidade, estarão altamen­te comprometidos.

E o povo está, desde as últimaseleições, revelando, como já reve­lou, muita sensibilidade ou umasensibilidade um pouco acima da­quilo que se esperava, e está sa­bendo escolher, mesmo com todaessa falta-de credibilidade, de con­fiança, e está querendo renova­ção, partidos políticos modernos,capazes de pautar sua linha dentrode uma realidade do país, falandocoisas sérias, que possam ser cum­pridas, e não aquelas demagogias,aquelas promessas vãs, muito co­muns em vésperas de eleições, das

JC - Qual a sua opinião sobreas emendas que tratavam da anistiafiscal?

Oswaldo Almeida - Acho queestamos em face de dois aspectosimportantes. O primeiro é exata­mente o convencimento da socie­dade nacional de que foram come­tidos erros sérios, que estão com­prometendo a vida, a saúde - va­mos dizer assim - dessas peque­nas empresas rurais e das mi­croempresas, que são o suporte daatividade deste país. Por outro la­do, em face desta ameaça, o go­verno também se convenceu deque há uma disposição dentro doplenário da Constituinte de apro­var essas emendas. E tal aprova­ção representaria, hoje, uma certaameaça ao equilíbrio econômico­financeiro do país,

Diante destas' duas condições,pretende-se que a coisa deve cami­nhar para um entendimento, ondeseja reparado um erro e criadascondiçoes, dentro dessa correção,para que o país não sofra esse im­pacto. Mas temos que tirar dissotudo uma série de ilações. A pri­meira delas é que é preciso queos governantes tenham responsa­bilii:lade no uso de decisões e depolíticas que ao final de tudo apa­recem como coisas forjadas, semresponsabilidade, e que vão com­prometer o equilíbriç da nossa so­ciedade no futuro. E preciso queaqueles que criaram esse constran­gimento, esta situação que esta­mos hoje vivendo, desgraçada­mente, no país, sejam responsabi­lizados, para que não se comet~merros futuros e para que a SOCIe­dade possa ter um pouco mais deconfiança nos seus governantes.

De qualquer forma, acho queo bom senso vai conduzir as duasforças que estão buscando uma so­lução para que haja uma correçãosatisfatória para os dois lados. Eque disso tudo resulte esse exem­plo, de modo que, futuramente,esses governantes tenham maisresponsabilidade no uso das deci­sões naquilo que representa an­seios e das que traçam os destinosda coisa pública no nosso país.

JC - Deputado, um aspectoque causa estranheza é a dispari­dade dos números. O governo falaem até 750 bilhões de cruzados;já os constituintes, autores dasemendas, falam em números bemmenores. Como é possível avaliaressa questão?

o constituinte Oswaldo Al­meida (PL - RJ) vê uma liçãonas emendas que concedemanistia fiscal às microempresase a pequenos e médios produ­tores rurais: "Que os gover­nantes tenham responsabilida­de no uso de decisões e de polí­ticas que ao final de tudo apa­recem como coisas forjadas eque vão comprometer o equilí­brio da nossa sociedade no fu­turo".

14 Jornal da Constituinte

AtRozca.\FeiJAõfÁBOM.

Né MARiA?!, \, p,

-

A Carta explicada em cartilhas

Paulo Neves

_IRMA PASSONI- Deputada Federal=

na história política do Brasil.' Etrabalhos como esse, da deputadapaulista, servem não apenas paradizer aos eleitores o que ela faz(apresentou nada menos do que222 emendas, 69 das quais apro­vadas integral ou parcialmente),como também contribuem para aatenção permanente de significa­tivas parcelas da comunidade aoque se faz na Constituinte. E issoé bom para quem escreve a futuraCarta, tanto quanto para aquelescujas vidas se regerão, dentro embreve, por novas normas destina­das a mudar a fisionomia da socie­dade brasileira, preparando-a pa­ra o agora e para a virada do sé­culo.

momentos de sua vida. E afirma,em destaque, na última página,que "Constituinte pra valer temque ter direitos da mulher".

Um boletim inteiramente volta­do para o trabalhador, mostrandoo que ele ganha com a nova Cons­tituição, é outro dos trabalhos pu­blicados por Irma Passoni, semprecom uma visão crítica da situaçãoatual. E aponta, também, aquiloque ela acha que foi uma perdapara os trabalhadores. Ela mostraos principais artigos aprovados,fazendo uma análise comparativae crítica. E adverte: "Se você, tra­balhador, não continuar batalhan­do pelos seus direitos, poderemosperder tudo no 2° turno". "Tam­bém a questão da saúde mereceuda deputada um boletim especial,

-mostrando o 9,ue se aprovou e rei-terando que 'Saúde é direito de ..I-1- ---.

todos e dever do Estado". A pro­pósito, ela apóia a formação doSIstema Uni co de Saúde, "quepermite uma organização mais ra­cional em centenas de órgãos mu­nicipais, estaduais e federais", di­vidindo tarefas e coordenando en­tre si as atribuições em relação àsaúde. A mesma publicação desta­ca pontos positivos da futura Cartaem relação à educação.

Em síntese, o que Irma Passoniestá fazendo, com seus boletins,editados em formato de cartilhae mimeografados, é uma aproxi­mação maior da Constituinte como seu princípio, meioe fim: a so­ciedade. Todos reconhecem que,em matéria de divulgação e de par­ticipação popular a atual Consti­tuinte não encontra precedentes

-­,;

Irma Passonirevive a

linguagem dosalmanaques

para mostrarcomo vai ser

a futuraConstituição.Textos curtos,

leves ediretos, comilustrações

descontraídas,abrem um canal

de diálogo,enquantoinformam

debatidas e aprovadas' na Consti­tuinte. Através dessas publica­ções, milhares de pessoas podemcompreender melhor o sentido eo alcance de proposições e obtercondições de formar juízo de valorpara sugerir, criticar ou apoiar oque está sendo feito.

No boletim de número 1, porexemplo, Irma Passoni chama aatenção do leitor para artigos doprojeto de Constituição que, a seuver, merecem um exame especial.E assinala que a futura Carta trazalgo de novo para a sociedade. "Agrande reclamação do povo - diza deputada no preâmbulo do Bo­letim n° 1 - é de que nós nãotemos leis no Brasil; que são decla­rações de direitos, de boas inten­ções, mas que a lei não "pega",na prática não funciona. A grande­inovação desta Constituição é queela faz avanços em direitos, criae aperfeiçoa instrumentos jurídi­cos eficazes para que esses direitossejam "garantidos" na prática. Alei que vale".

Nessa mesma edição do infor­mativo, a constituinte paulista fazuma síntese breve, mas bem expli­cativa para o leitor, dos principaisavanços da ANC em questões co­mo o racismo, o tratamento aospresidiários, a cultura, a igualdadeentre os homens e as mulheres,o mandado de injunção, o habeasdata é outras. .

Outro boletim, destinado espe­cialmente à mulher, informa aoleitor tudo o que a Constituintediscutiu e aprovou em relação àsituação feminina no lar, no traba­lho, na sociedadee em todos os

Com ilustrações alegres e deboa técnica, onde as imagens, porsi mesmas, já valem como afirma­ções e como críticas, os boletinsde Irma Passoni atingem váriospontos do estado de São Paulo,sua base eleitoral, e chegam aossindicatos, associações comunitá­rias e outros círculos menos assisti­dos e menos informados da socie­dade, de modo a que todos pos­sam ver e entender as propostas

direito de todos e

~

*~

• IRMA PASSONIDeputada Federal

SAODE"SSE'MBLÉIA NACIONAL CONSTITrnNTE

"Deputado s.m. 1. Indivíduocomissionado para tratar de negõ­cios de outrem. 2. Membro eleitode assembléia legislativa". É as­sim que Aurélio Buarque de Ho­landa Ferreira define o que é umrepresentante do povo nas casaslegislativas. E essa definição éconfirmada, em sua atuação, peladep'utada constituinte Irma Passo­ni (PT -SP), que, além de "tratarde negócios de outrem", se dá aocontinuado exercício de colocar aparcela da população por ela re­presentada, e toda a sociedade, apar do que faz na Assembléia Na­cional Constituinte.

Para manter esse vínculo diretoe freqüente com o povo, Irma Pas­soni criou uma linha de publica­ções de caráter bastante singelo,didático, acessível a todos os ní­veisde entendimento. São os bole­tins produzidos por seu gabinete,'sob sua supervisão direta, desti­nados a levar ao público informa­ções pormenorizadas sobre o queestá acontecendo na Constituinte,com enfoque todo especial paraaquelas decisões de natureza so­cial, que, mais de perto, falam dosdireitos e deveres dos trabalhado­res e, particularmente, das mulhe­res.

Jornal da Constituinte 15

ADIRP/Castro Júmor

Parlamentareschineses na ANC

Os aposentados voltaram àAssembléia NacionalConstituinte, às centenas,para acompanhar a votaçãode emendas de seu interesse,no capítulo das DisposiçõesGerais e Transitórias.Presentes à ANC desde oinício dos trabalhos,vindos de todos os pontosdo país, osaposentados acreditaram.E, ao final, conseguirammais uma significativaconquista, com a aprovaçãoda emenda que garantea revisão dos benefíciosde prestação continuada, demodo a que mantenham opoder aquisitivo. Alémdisso, obtiveram agarantia de que os projetosdos novos planosde custeio e de benefíciosterão de ser votadospelo Congresso até seis mesesdepois de promulgada a novaConstituição, e implantadosno prazo máximo de 18meses de sua aprovação.

O presidente Ulysses e odeputado Fernando Gasparian

recepcionaram, com almoço, osmembros da delegação do PC

chinês que visita- oBrasil aconvite do PMDB. Além de

encontros com autoridades doExecutivo e Legislativo, oschineses estão visitando o

projeto Carajás e as usinas -de Tucuruí e Itaipu.

Aposentadoslutam e ganhamnovos benefícios

REFORMA AGRÁRIA foi assunto da audiência que o presidenteUlysses Guimarães concedeu aos dirigentes da Confederação Nacio­nal dos Trabalhadores na Agricultura, da Campanha Nacional pelaReforma Agrária, da Comissão Pastoral da Terra e da AssociaçãoBrasileira de Reforma Agrária. Eles buscaram informações sobreas votações em segundo turno na Constituinte, a fim de definirema estratégia que utilizarão para assegurar direitos iguais aos trabalha­dores urbanos e rurais e, ainda, de melhor caracterizar a propriedadeprodutiva para fins de reforma agrária.

ADIRPlBcnedlta Passos

--~"""""...--:-?

ADIRPlReynaIdo StavaIc

Profetas•previram

Minas unidaOs profetas do Aleijadinho,

que guardam o pátio damatriz de Congonhas do

Campo, criaram vida e sefizeram presentes à

•Constituinte para dizerque Minas Gerais é una

e indivisível,geográfica, política

e historicamente,E as paredes dos

corredores do edifíciodo Congresso foram

transformadas emgrandes painéis onde

se combateu aseparação do Triângulo.

Mineiros das demaisregiões do estado

saíram do seutradicional e

decantado silênciopara dizer Nãoà separação do

Triângulo.Traduzindo todo esse

sentimento de unidadehistórica, o mestre

das Minas Gerais, AfonsoArinos, foi à tribuna

lIO dia da votaçãoda emenda para

dizer que a divisãodo estado não quebraria

apenas a integralidadefísica de Minas: seriatambém uma ameaça

às instituiçõesbrasileiras, à democracia

e à unidade nacional,pois Minas Gerais foie é o fiel da balança.

Valeu oapelo de Afonso Arinos.

Valeu a lutaanti-separatista

dos mineiros.Minas Gerais continua una e

indivisível, como berço deTiradentes, de Milton Campos,

de Juscelino e de Tancredo.ADlRPlReynaIdo Stavale

16 Jornal da Constituinte