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Órgão Oficial de Divulgação da Assembléia Nacional Constituinte
Volume393
Brasília, 4 uO de julho de 1988 - N° 54
o plenário lotou na últimasemana de votações de primeiro
turno (no alto). Na decisão sobrea anistiaaos micro e pequenos
empresarios e proprietários(lado), euforia da vitória.
No detalhe, o placar da últimatomada de votos dessa etapa.
A Assembléia NacionalConstituinte encerrou na quinta-feira passada a votação, emprimeiro turno, da futuraConstituição. Agora não setratá mais de um arcabouço,mas de um texto que passoupor subcomissões, pelas comissões temáticas e de Sistematização e foi, após inúmeras negociações, votado pelo Plenário (o conjunto dos 559 constituintes).
As disposições perínamentes e transitórias votadas poderão, agora, sofrer aperfeiçoamentos, através de emendassupressivas ou de redação. AConstituinte, entretanto, nãopára neste momento. Após aapresentação do parecer do relator Bernardo Cabral, teremos a sua discussão, a apresentação de emendas supressivas,a elaboração de novo parecersobre as emendas, a sua publicação e, finalmente, a solicitação de destaques.
Ainda este mês a ANC estará,-novamente, votando" já nosegundo turno, a nova Carta.Como as pendências 'restantesnão são em número muito grande, pode-se esperar que o textofinal esteja pronto em breve período de tempo, provavelmenteo tempo exato de o Brasil festejar mais um ano de independência política com suas instituiçõesdemocráticas consolidadas. Otrabalho até aqui realizado, durante este período de um anoe quatro meses, tem sido esta-
i fante para todos - constituintes, funcionários e jornalistas.Porém, é gratificante ver ganharcorpo sólido a Lei que permitiráao Brasil romper com dignidadeo próximo século.
Ulysses: Viv(l o Brasill Viva a Constituinte!Na sessão em que a Constituinte encerrou a votação,
em primeiro turno, da futura Carta, o presidente UlyssesGuimarães pronunciou, de improviso, o seguinte discurso:
Quero, em primeiro lugar, ressaltar a diligência do .relator, o seu trabalho, que não tem faltado, e que classificaria, sem exageros, de gigantesco (palmas prolongadas).Um trabalho que faz jus a esta consagração, tão importante, complexo, controvertido, polêmico, como o próprioprocesso de elaboração constitucional em si. Devo dizer,inclusive, que S. Ex' não fará uso, agora, de todo o tempoa que teria direito para elaborar seu parecer, porque játem a redação praticamente pronta, e assimagiu em benefício da celeridade de nossas atividades.
Desejo igualmente, nesta oportunidade, prestar minhahomenagem aos líderes e aos reJ?resentantes das forçasque se aglutinamaqui na Assembléia NacionalConstituinte
(palmas). A Nação inteira sabe, todos sabem, que 'essashderanças e esses representantes participaram de negociações e reuniões ininterruptas, das quais sou testemunhafísica, com grande despreendimento, reuniões estas queaconteceram mesmo aos sábados, domingos e feriados.Esta foi uma contribuição muito valiosa para que os textostenham a .qualificação que têm - embora, certamente,no segundo turno, tenhamos que expungir possíveisimperfeições, normais num processo legislativocomo o que estamos realizando.
Quero homenagear a imprensa, pela divulgação imparcial de nossos trabalhos e os funcionános da Casa, osassessores, e o faço na pessoa do assessor da Mesa, PauloAfonso, que desde as primeiras ·horas da manhã até 10,11 horas da noite, tem ficado à disposição do presidentepara que possamos preparar e ensair nosso papel nas votações, decorando bem o script. Se não decoramos estes
. scripts antes, estamos perdidos. Felizmente, isso não temacontecido, e com a ajuda valiosa da assessoria da Mesa,as votações se processam com velocidade.
Acreditem, meus amigos, que considero este um momento culminante na minha vidapública. Esta é uma cadeira que tem projeção histórica, como da mesmaforma histórico é o trabalho de todos os constituintes. Quero homenagear, de modo especial, os constituintes, que aqui permanecem durante horas, pacientemente, contribuindo comsua participação e .seu conhecimento, dizendo "sim" e dizendo "não", com convicção, sobre assuntos domais relevante interesse nacional.
Tenho orgulho de presidir brasileiros dessa qualidademoral e intelectual, e desse talento político.
Viva o Brasil, na pessoa de seus representantes naConstituinte!
Prescrição do contrato de trabalho ruralPedindodefinições
Em alguns dias, uma semana oupouco mais, a Constituinte encerrará as votações do capítulo dasDisposições Transitórias, ficandomuito próxima a data em que afutura Carta constitucional será finalmente promulgada.
Se tudo correr bem, a primeiraquinzena de julho será suficientepara a apresentação das emendassupressivas e das destinadas a correções do texto, como prevê o Regimento Interno da AssembléiaNacional Constituinte. E nessemesmo período ficará pronto o parecer do relator, passando-se, emseguida, aos trabalhos finais, coma votação do texto em segundoturno.
A fase das Disposições Transitórias converteu-se num indicadorda perplexidade que atualmentetoma conta da maioria das populações brasileiras. Por intermédio deseus representantes, que são osconstituintes, essas populaçõesentenderam que a solução de muitos problemas brasileiros da atualidade passa pela Constituição. Ouseja: somente serão solucionadoscom a adoção de normas inscritasno texto constitucional, para terem sua aplicação garantida. Umelenco de medidas que sem dúvidasó poderiam ser objeto da legislação complementar ou ordináriaacabou, como estamos vendo, figurando no projeto, através deemendas. Algumas foram aprovadas, mesmo sendo evidente tratarse de assunto não pertinente a umaConstituição.
Não se pode, a rigor, condenaresse tipo de ação. Tais iniciativas,na verdade, refletem a situaçãoreinante no Brasil, que encerracerto pessimismo ou descrença. Eum quadro infelizmente real, quedecorre sobretudo das distorçõesprovocadas pelo período autoritário, e que agora, porém, começaa ser substituído por normas definidoras bem explícitas e duradouras, como as que compõem o textoda nova Carta em processo finalde elaboração.
É compreensível por isso o clamor vindo dos mais distantes pontos do nosso interior, pedindomaior velocidade no ritmo das votações do projeto. As populações,como sabemos, desejam na verdade a fixação de definições paraorientar a própria vida da nação.
Constituutte Humberto LucenaPresidente do Congresso Nacional
Agora, vamosao 2<; turno
A nova Carta está praticamente pronta. No segundo turno de votações, que tem iníciono dia sete, seguramente serãoconfirmados 90% dos dispositivos aprovados neste primeiroturno, encerrado na últimaquinta-feira. As alterações deconteúdo daqui para frente serão poucas e, acredita-se, insuficientes para anular as importantes conquistas sociais, pararetroceder os avanços de modernidade e as inovações consagradas nesses 16 meses de debates, sugestões, negociações esobretudo, de votações.
O projeto pode não ser o melhor. Mas é democrático. Resulta de um longo processo iniciado em 24 subcomissões setoriais, trabalhado em oito grandes comissões temáticas. Otexto ganhou forma na Comissão de Sistematização e foiaprimorado, lapidado, numexaustivo e emocionante conjunto de votações em plenário.Tudo foi esmiuçado, dissecadoe as soluções são fruto do consenso. Tem falhas. Naturais,ninguém é perfeito.
Para nós, do Jornal da Constituinte, este momento é especial. A Assembléia venceu aetapa mais importante de seutrabalho. Mais do que registrar, comemoramos, segurosde haver transmitido aos brasileiros os passos (e até tropeços)mais importantes dessa etapada vida brasileira.
Nesta edição, trazemos as últimas decisões votadas em plenário. Uma reportagem lembra os grandes e polêmicos temas que ficaram de fora pordecisão da maioria. Em fotos,registramos o vitorioso lobbydos micro e pequenos empresários urbanos, dos mini, pequenos e médios produtoresrurais. Tudo isso é história.Bons e maus momentos quesempre serão lembrados. Vivamos a nossa história, e que ofuturo nos julgue.
Sérgio Chacon,Secretário adjunto de Redação
A legislação atual prevê aimprescritibilidade dos direitosdo trabalhador rural durante ocurso do contrato·de trabalho.O prazo prescricional começaa contar a partir do término docontrato de trabalho e é de doisanos.
Sem dúvida alguma a Constituição que estamos concluindono seu 10 turno, ao convalidara atual disposição da lei, cometeu grave discriminação ao dispor, diferenciadamente, dosdireitos dos trabalhadores urbanos e dos trabalhadores rurais. Para aqueles a prescriçãoé de cinco anos, contados dalesão do direito originário darelação de emprego, salvo nahipótese de extinção do contrato de trabalho, quando esteprazo se esgotará dois anosapós o término da relação deemprego.
Quando se trata, todavia, dotrabalhador rural a prescriçãosomente ocorrerá após o decurso de dois anos da cessaçãodo contrato de trabalho.
Ora, a existência, há mais de20 anos, da imprescritibilidadedos direitos do trabalhador rural demonstrou o quanto seusefeitos têm sido prejudiciais aotrabalhador e à sociedade.
Não há a menor dúvida deque esta anomalia tem feitocrescer o número das reclamações trabalhistas no meio ruralde maneira imprevisível e o pedido potencial tem sido ampliado ao longo do tempo. Resultadaí uma insegurança e a preocupação constante de encontrar-se uma relação trabalhistasegura para o meio rural.
A justiça do trabalho agravou o problema, fazendo dependerem os limites da responsabilidade do empregador deinterpretação judicial subjetiva, isto é: "O contrato de trabalho é aquilo que o juiz dize não o que está escrito ou foiconvencionado pelas partes".
Vem daí a necessidade daadoção de mecanismos de defesa, e um deles tem sido o denão manter trabalhadores pormuito tempç> com vínculo empregatício. E que, em assim fazendo, o empregador sabe qualé o encargo trabalhista que enfrentará cada vez que terminaro contrato de trabalho.
Não há dúvida de que o grave problema do bóia-fria, cujocontrato é diário, não acarretando problemas trabalhistasfuturos, foi um escape para aquestão.
É conveniente acrescentarque a imprescritibilidade dosdireitos trabalhistas no campotem sido um fator a mais deêxodo rural que, somado aofascínio da cidade, encontrouo empregador rural desinteressado em manter empregadospermanentes residindo naspropriedades rurais.
Além dos prejuízos diretosque a imprescritibilidade acarreta é necessário aferir os danos indiretos por ela causados:
- a transferência do trabalhador rural com sua famíliapara a cidade criou uma demanda acelerada de despesasque não existiam na linha detransporte, alimentação e habitação que toda a sociedade passou a suportar. Em menos de40 anos foi mudado o perfil dapopulação brasileira, que passou a ter no meio.urbano o dobro da população rural. Claroestá que morando no imóvelrural não havia necessidade detransporte, a habitação ou eragratuita ou fornecida a preçosirrelevantes, a vida rural ensejava oportunidade para a criação de pequenos animais, lavouras em parceria ou por conta própria, aproveitando árease a força de trabalho eventualda própria família, tudo istotrazendo possibilidades de alimentação mais farta e baratapara o homem do campo, omesmo homem que hoje vai aosupermercado, que dependede transporte rodoviário parair ao trabalho que paga altopreço pelo seu lazer.
O ônus causado pela imprescritibihdade dos direitos trabalhistas excede muitas vezes opróprio valor do salário diretodo homem do campo. Em outras palavras, o trabalhador rural ganha, em termos reais, ametade do que poderia ganhar.A lei reduziu o ganho do trabalhador.
Se acrescentarmos ao tempoque o trabalhador perde notransporte as péssimas condições de habitação nas favelasda periferia das cidades e as
doenças causadas pela subnutrição do homem mal alimentado, o quadro é ainda maisgrave.
Esse prejuízo indireto não éapenas do empregado rural, éde toda a sociedade, pois a leicriou a necessidade de umtransporte cidade/campo queera desconhecido; vedou a possibilidade de o trabalhador prover parte de sua subsistênciasem dispensar boa parte do salário e agravou o déficit habita-cional das cidades. I
São milhões de homenstransportados diariamente, sãomilhões de raças que deixaramde produzir, são milhões de habitações acrescidas às cidades,são milhões de homens subnutridos procurando o INPS. Istocriou um custo social desnecessário que a sociedade vem pa-gando. '
Essa é a importância e o pesodas conseqüências da imprescritibilidade, criada sob o falsoargumento de que o trabalhador rural é um servo do empregador, atado à terra pela pressão econômica. Em um país demigrações continentais é U111absurdo afirmar que o homemdo campo está preso à terra,ou que, descontente, não reagetrocando de emprego. '
Nesta era dos transportes eda comunicação, o trabalhadorrural é igual ao urbano em suacapacidade de pleitear justiça.O que é preciso é a presençado Judiciário, com estruturasuficiente para atender às reclamações, e não que os direitos se mantenham sem soluçãopor uma eternidade.
É por isso que precisamoscorrigir a injustiça, dando aotrabalhador urbano e ao ruralos mesmos direitos.
Para tanto, vamos igualar oprazo da imprescritibilidadeem cinco anos para todos ostrabalhadores de nosso país,suprimindo, no segundo turnode votação da Constituinte, Qdispositivo que caracterizou adiscriminação da imprescritibilidade no meio rural.
Constituinte Rosa Prata(PMDB-MG)
Jornal da Constituinte - Veículo semanal editado sob .aresponsabilidade da Mesa Diretora da Assembléia NacionalConstituinteMESA DA ASSEM.BLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE
Presidente- Ulysses Guimarães;Primeiro-Vice-Presidente- Mauro Benevides;Segundo-Vice-Presidente - Jorge Arbage;Primeiro-Secretário - Marcelo Cordeiro; Segundo-Secretário- Mário Maia; Terceiro-Secretário - Arnaldo Faria de Sá.Suplentes: Benedita da Silva,Luiz Soyer e Sotero Cunha.APOIO ADMINISTRATIVO
Secretário-Geralda Mesa - Paulo AffonsoM. de OliveiraSubsecretário-Geral da Mesa- Nerione Nunes CardosoDíretor-Geral da Câmara - Adelmar SilveiraSabinoDiretor-Geral do Senado- José PassosPôrtoProduzido pelo Serviço de Divulgação da Assembléia Na
cional Constituinte.
2 Jornal da Constituinte.
Diretor Responsável - Constituinte Marcelo CordeiroEditores - Alfredo Obliziner e Manoel V. de MagalhãesCoordenador- Daniel Machado da Costa e SilvaSecretáriode Redação- Ronaldo Paixão RibeiroSecretários de Redação Adjuntos - Paulo Domingo R. Nevese Sérgio ChaconChefede Redação- OsvaldoVaz MorgadoChefede Reportagem - Victor Eduardo Barrie KnappChefede Fotografia- Dalton Eduardo Dalla CostaDiagramação - Leônidas Gonçalvesllustração - Gaetano RéSecretárioGráfico- Eduardo Augusto Lopes
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EQUIPE FOTOGRÁFICAReinaldo L. Stavale, Benedita Rodrigues dos Passos, Gui
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CARTA: :: ACOMPANHE OTEXTO NA CARTA::: ACOMPANHE OTEXTO NA NOVA C
Segundo turno começadia seteO plenário da Assembléia Nacional Constituinte
concluiu, na última quinta-feita, a aprovação em primeiroturno do texto definitivo da futura Constituição, coma votação das Disposições Gerais e Transitórias. Alémda anistia aos microempresários urbanos e aos míni, pequenos e médios produtores rurais que contraíram empréstimos em O'TN, durante a vigência do Plano Cruzado,foram aprovadas também novas regras para o reajustedos valores de aposentadorias e pensões, emenda quedetermina o confisco de terras ocupadas com culturas
ilegais de plantas psicotrópicas e os bens obtidos coma produção e o tráfico de drogas, e ainda disposiçãoque determina que sejam corrigidos monetariamente osdébitos das empresas financeiras em processo de liquidação, entre outras disposições importantes.
O projeto da nova Carta será submetido a umanova votação, em segundo e definitivo turno, quandopoderão ser suprimidos artigos, expressões e dispositivosdo texto aprovado em primeiro turno e acatadas emendasque visem à correção de víciosde linguagem ou de técnica
legislativa, ao restabelecimento de matérias aprovadasno primeiro turno não incluídas na redação final ou mesmo à compatibilização de dispositivosque sejam contraditórios entre si.
Desde sexta-feira, o relator-geral da Assembléia,Bernardo Cabral, vem trabalhando na consolidação dotexto aprovado em primeiro turno. No dia sete, começaa discussão em segundo turno, abrindo-se prazo de cincodias para que os constituintes apresentem emendas aserem votadas em seguida.
Humberto Souto defende a anistia aos ,produtores e microempresários na tribuna
ADIRPlRoberto Stuckert
DÉBITOS QUITADOS§ 49 -'Os benefícios de que
trata este artigo não se estendem aos débitos já quitados eaos devedores que sejam constituintes.ALTERAÇÕESCONTRATUAIS
§ 59 - No' caso de operações com prazos de vencimentos posteriores à data limite deliquidação da dívida, havendointeresse do mutuário, os bancos e as instituições financeiraspromoverão, por instrumentopróprio, alteração nas condições contratuais originais deforma a ajustá-las ao presentebenefício.REPASSE PROIBIDO
§ 69 - A concessão do presente benefício por bancos comerciais privados em nenhumahipótese acarretará ônus parao poder público, inclusive através de refinanciamento e repasse de recursos pelo BancoCentral.
§ 79 - No caso de repasse aagentes financeiros oficiais ecooperativas de crédito, o ônusrecairã sobre a fonte de recursos originária.
395385
Não: 6Abstenção: 4
Com esse resultado, o plenário aprovou fusão de emendasque deu nova redação para osreferidos artigos, numerados
Votaram:Sim:
JUÍZES TOGADOSArt. 46.' Os juízes togados
- de investidura limitada no tempo, que hajam ingressado mediante concurso público deprovas e títulos e que estejamem exercício na data da promulgação da Constituição, ficam estabilizados nos respectivos cargos, observado o estágio probatório, e passam acompor quadro em extinção,mantidas as competências,prerrogativas e restrições da legislação a que se achavam submetidos, salvo as inerentes àtransitoriedade da investidura.
Parágrafo único. A aposentadoria dos juízes de quetrata este artigo regular-se-ápelas normas fixadas para osdemais juízes estaduais.
COMPATIBILIZAÇÃODE QUADROS
Art. 50. Lei federal, estadual e municipal estabelecerácritérios para que a União, es-
~ tados e municípios promovama compatibilização de seusquadros de pessoal ao dispostono art. 45, § 2°, das disposiçõespermanentes desta Constituição e à reforma administrativadela decorrentes no prazo de18 meses contados da promulgação desta Constituição.
DEFENSORES PÚBLICOSArt. 66. Fica assegurado
aos defensores públicos, invéstidos na função até a data dainstalação da Assembléia Nacional Constituinte, o direitode opção pela carreira, com aobservância das garantias e vedações previstas no parágrafoúnico do art. 159 desta Constituição.
DELEGADOS DE POLÍCIAArt. 67. Aos delegados de
polícia de carreira aplica-se oprincípio do art. 44, § 8°, correspondente às carreiras disciplinadas no § 4°do art. 156 desta Constituição.
EFEITOS JURÍDICOSArt. 43. Ficam extintos os
efeitos jurídicos de qualquerato legislativo ou administrativo, lavrado a partir da instalação desta Assembléia Nacional Constituinte, que tenha porobjeto a estabilidade de servidor da administração direta ouindireta, inclusive das fundações instituídas e mantidas pelo poder público, admitido semconcurso público.ESTABILIDADEDE SERVIDORES
Art. 45. São estáveis osatuais servidores públicos civisda União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios,da administração direta ou autárquica, que, na data da promulgação desta Constituição,contem, pelo menos, cincoanos de serviço público ininterrupto, exceto nas fundações.CARGOS DE CONFIANÇA
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aosocupantes de cargos, funçõese empregos de confiança ou emcomissão, nem aos que a lei declare de livre exoneração, cujotempo de serviço não será computado para os fins do caputdeste artigo, exceto na hipótesede servidor.
Com esseresultado, ficou decido pelo Plenário o acolhimento de emenda de autoria doconstituinte Roberto Freire(peB - PE), a qual fixou oslimites do alcance da anistiafiscal, acrescentando as letras "e"e "f' ao texto da fusão originalmente aprovado, de modo a /imitar o financiamento em 5.000OTN e que o beneficiário nãosejaproprietário de mais de cinco módulos rurais.
Por meio dessa votação, oPlenário acolheu fusão deemendas dos constituintesMansueto de Lavor (PMDBPE), Ziza Valadares( -MG) e Humberto Souto (PFL - MG) que determinou os termos da anistia fiscalpara os tomadores de empréstimo durante o Plano Cruzado.
LIMITAÇÃO
Votaram: 429Sim: 297Não: 115Abstenção: 17
Não: 163Abstenção: 22
471286
Votaram:Sim:
Atos das Disposições Gerais eTransitórias (continuação)
ANISTIA DA CORREÇÃONa liquidação dos débitos,
inclusive suas renegociações ecomposições posteriores, ainda que ajuizados, decorrentesde quaisquer empréstimos concedidos por bancos e por instituições financeiras, não existirá correção monetária, desdeque tenham sido concedidos:
I - aos micro e pequenosempresários ou seus estabelecimentos no período de 28-2-86a 28-2-87;
11 - aos míni, pequenos emédios produtores rurais noperíodo de 28-2-86 a 31-12-87,desde que relativos a créditorural.DEFINIÇÃO
§ 1°- Consideram-se, paraefeito deste artigo, microempresas, as pessoas jurídicas efirmas indrviduaís com receitasanuais de até 10 mil OTN, epequenas empresas as pessoasJurídicas e firmas individuaiscom receita anual de até 25 milOTN.
§ 2° - A classificação demíni, pequenos e médios produtores rurais far-se-á obedecendo-se às normas do créditorural vigentes à época do contrato.
§ 3°- A isenção monetáriaa que se refere este artigo sóserá concedida nos seguintescasos:
a) se a liquidação do débitoinicial, acrescido de juros legais e taxas judiciais, vier a serefetivada no prazo de até 90dias a contar da data da promulgação desta Constituição;
b) se o financiamento inicialnão ultrapassar o limite de 5mil OTN;
c) se a aplicação dos recursos não contrariar a finalidadedo financiamento, cabendo oônus da prova à instituição credora;
d) se não for demonstradopela instituição credora que omutuário dispõe de meios parao pagamento de seu débito, excluído desta demonstração oseu estabelecimento, casa demoradia e os instrumentos detrabalho e produção;
e) se o beneficiário não forproprietário de mais de cincomódulos rurais.
Jornal da Constítuínte 3
iVACARMANDATOS
§ 4°- Os mandatos do governador, vice-governador,deputados estaduais e federaiseleitos na forma do parágrafoanterior extinguir-se-ão concomitan'temente com os das demais unidades da Federação.Os mandatos dos senadores extinguir-se-ão, no caso do menos votado, nessa mesma oportunidade e, no dos dois maisvotados, juntamente com ossenadores eleitos em 1986 nosdemais estados da Federação:CONSTITUINTE I
ESTADUAL§ 5° - A Assembléia Esta
dual Constituinte será instalada no quadragésimo sexto diada eleição dos seus integrantes,e não antes de 19 janeiro de1989, sob a presidência do presidente do Tribunal RegionalEleitoral do Estado de Goiás,e dará posse ao governador eao vice- governador, eleitos,na mesma data. 'Lq3ERAÇÃO DOSDEBITOS
§ 6g- Aplicam-se à criação
e instalação do estado do Tocantins, no que couber, as normas legais disciplanadoras dadivisáo do Estado de MatoGrosso, observado o dispostono art. 63, destas DisposiçõesGerais e Transitórias, ficandoo Estado de Goiás liberado dosdébitos e encargos decorrentesde empreendimentos no terrítório do Estado do Tocantins,e autorizada a União, a seu critério, a assumir os referidos dé~
bitos.NOVOS ESTADOS
Art. 61 - Os territórios fe~derais de Roraima e Amapásão transformados em estadosfederados, mantidos os seusatuais Iimitesgeogrãficos.INSTALAÇAO
§ 10 - A instalação dos estados se dará com a posse dosgovernadores eleitos em 19901
§ 2°- Aplicam-se à criaçãoe instalação dos estados de Rotraima e Amapá as normas ecritérios seguidos na criação doEstado de Rondônia, naquiloque não contrariarem este atodas Disposições Gerais e Transitórias. !
EXECUTIVOPROVISÓRIO
§ 3° O presidente da Repüblica, até 45 dias após a promulgação desta Constituição,encaminhará à aprovação do:Senado Federal os nomes dos;governadores dos Estados do;Amapá e Roraima, que exercerão o Poder Executivo até aiinstalação dos novos estados;com a posse dos governadoreseleitos. I
DESPESA COM PESSOAL ,Art. 63 - É vedado àl
União, direta ou indiretamen-:te, assumir, em decorrência da'criação de estado, encargos re-]ferentes a despesas com pessoaI inativo e com encargos eamortizações da dívida interna,ou externa da administraçãopública, inclusive da indireta.
CAPiTAL§ 2g - O Poder Executivo
designará uma das cidades doestado para sua capital provisória até a aprovação da sededefinitiva do governo pela Assembléia Nacional Constituinte.
ELEIÇÕES§ 3°-0 governador, o vi
ce-governador, os deputadosestaduais, os deputados federais 'e os senadores serão eleitos, em um único turno, até setenta e cinco dias após a promulgação desta Constituição, enão antes de 15 de novembrode 1988, a critério do TribunalSuperior Eleitoral, observadas, entre outras, as seguintesnormas:
I - o prazo de filiação partidária dos candidatos encerrarse-á 75 dias antes da data daseleições;
H - as convenções regionais epartidárias destinadas a deliberar sobre coligações e escolhade candidatos serão realizadasa partir do nonagésimo dia dadata das eleições, e o requerimento de registro dos candidatos escolhidos deverá serapresentado à Justiça Eleitoralaté as 18 horas, trinta e cincodias depois da abertura do prazo de realização desta;
III - são inelegíveis os ocupantes de cargos municipais ouestaduais que, entre outras exigências legais, não tenham deles se afastado, em caráter definitivo, 75 dias antes da data daseleições, previstas neste parágrafo;
IV - ficam mantidos osatuais diretórios regionais dospartidos políticos do Estado deGoiás, cabendo às comissõesexecutivas nacionais designarem comissões provisórias noEstado do Tocantins nos termos e para fins previstos na lei.
Em apoiamento assinaram aproposição, em nome de suasrespectivas lideranças, os constituintesNelson Jobim (PMDB- RS), José Lins (PFL CE), Farabulini Júnior (PTB- SP), José Genoíno (PTSP), Vivaldo Barbosa (PDTRJ), Roberto Freire (PCB PE), Haroldo Lima (PC do B- BA), AdemirAndrade (PSB- PA), Adolfo Oliveira (PL- RJ), Siqueira Campos (PDC- GO) e Arnaldo Faria de Sá(PMDB- SP).ESTADO DO TOCANTINS
Art. 61 - É criando o Estado do Tocantins, pelo desmembramento da área descritaneste artigo, dando-se sua instalação no quadragésimo sextodia após a eleição prevista no§ 3°, e não antes do 1°de janeiro de 1989.DIVISAS
§ 1°- O Estado do Tocantins, integrando a região Norte, limita-se com o Estado deGoiás pelas divisas norte dosmunicípios de São Miguel doAraguaia, Porangatu, Formoso, Minaçu, Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e CamposBelos, conservando a leste,norte e oeste as divisas atuaisde Goiás com os Estados daBahia, Piauí, Maranhão, Paráe Mato Grosso.
Finaldas votações: o plenário aplaude discurso do Presidente
CARTA::: ACOMPANHE OT TO NA ~J CARTA::: ACOMPANHE OTEXTO NAsegundo o substitutivo da Co- -VíTIMAs DE CRIME fusão foi de iniciativado«consmissão de Sistematização. A Art. 63-A lei disporá 80- tituintes Hermes Zanettiproposta foi apresentadapelos bre as hipóteses e condições (PMDB - RS), João Casteloconstituintes Marco Maciel em que o poder público dará (PDS - MA), Bonifácio de(PFL - PE), Hélio Rosas assistência aos herdeiros e de- Andrada (PDS - MG), Ge(PMDB - SP), Roberto Au- pendentes carentes de pessoas raldo Alckmin Filho (PMDBgusto (PTB - RJ), Rospide vitimadas por crime doloso, - SP), Carlos MosconiNetto (PMDB-RS),IvoMai- sem prejuízo da responsabili- ( -MG), Arnaldo Farianardi (PMDB - RS), Marluce dade civil do autor do ilícito. de Sá (PMB - SP), GuilhermePinto (PTB - RR) e Inocêncio RECOVEMBNDUSTAI'VEDEIS Palmeira (PFL - AL), Virgi-Oliveira (PFL - l'E) lio Galassi (PDS - MG),ANISTIA DE DEBITOS Art. ?l-A lei ordenará a Gonzaga Patriota (PMDB -
Art. 14 A-- Os débitos pa- venda e revenda de combus- PE), Paulo Macarini (PMDBracomasFazendasfederal,es- tíveis de petróleo, álcool car- - SC), Aluizio Bezerrataduais e municipais, de natu- burante e outros combustíveis (PMDB - AC), José Carlosreza tributária, cujo fator gera- derivados de matérias-primas Grecco (PMDB - SP), Diodor tenha ocorrido até renováveis, respeitados os nísioDalPrá(PFL-PR),Jo-31-12-87, inscritos ou não co- princípios desta Constituição. sé Luiz de Sá (PL - RJ) e Jar-mo dívida ativa, ajuizados ou SERVIÇOS NOTARIAIS bas Passarinho (PDS - PA).não, poderão ser pagos pelo Art. 72 - O disposto novalor corrigido monetariamen- art. 121 não se aplica ~os servite, sem multas, juros de mora ços notanaís e de registro quee outros encargos, de uma só já tenham sido oficializadosvez, dentro de 120 (cento e vin- pelo poder público, respeitante) dias contados da data da do-se o direito de seus servipromulgação desta Constitui- dores.ção, ou em até 6 (seis) parcelas PRECATÓRIOSmensais e sucessivas. JUDICIAISINíCIO DO PAGAMENTO Ressalvados os créditos de
§ 1° - O início do paga- natureza alimentar, o valor dosmento dar-se-a até três meses precatórios judiciais pendentesapós a promulgação da Consti- de pagamento na data da protuição, sendo que o descum- mulgação desta Constituição,primento de prazo no paga- inclusive o remanescente de jumento das parcelas importará ros e correção monetária, poo cancelamento do benefício derá ser pago em moeda corproporcionalmente ao saldo rente, e com atualização, emdevedor. prestações anuais, iguais e su-RESTRIÇÃO cessivas no prazo máximo de
§ 2°- Este benefício é res- 8 (oito) anos, a partir de 1° detrito às pessoas e empresas le- julho de 1989, por decisão edigalmente residentes ou estabe- tada pelo Executivo até 180lecidas no Brasil, e não alcança dias da promulgação destadébitos que tenham causa e fa- Constituição.tos definidos como crime. Parágrafo único. PoderãoANISTIA LIMITADA as entidades devedoras, para o
§ 3g - Qualquer anistia que cumprimento do disposto noenvolva matéria tributária ou parágrafo anterior, emitir, emprevidenciária, a partir da pro- cada ano, no exato montantemulgação desta Constituição, do dispêndio, títulos de dívidasó poderá ser concedida atra- pública não computáveis paravés de lei específica federal, es- efeito do limite global de endi-tadual e municipal. vidamento.LEI ORÇAMENTÁRIA Toda essa matéria éfruto de
fusão de emendas que veio aArt. 54. O Poder Legisla- ser votada juntamente com ou
tivo regulamentará, no prazo tras duas matérias, sendo aprode doze meses, o art. 256, § vada em bloco. Essa primeiral°,H. J'
Art. 55 - Para efeito do ADlRP/Castro umor
cumprimento das disposiçõesconstitucionais que impliquemvariações de despesas e receitas da União, após a promulgação da Constituiçáo, o PoderExecutivo federal deverá elaborar e o Poder Legislativoaprovar projeto revendo a leiorçamentária referente aoexercício financeiro de 1988.
Parágrafo único - O Congresso Nacional, no prazo dedoze meses, deverá aprovar alei complementar prevista noart. 190, 11.
APRENDIZAGEM RURALArt. 56 - A lei criará o Ser
viço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) nos moldes da legislação relativa aoServiço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e aoServiço Nacional de Aprendizagem do Comércio (SENAC), sem prejuízo das atribuições dos órgãos públicosque atuam na área.
4 Jornal da Constituinte
I
As galerias, lotadas, vibram com o resultado da votação que beneficiou os endividados
CARTA. ::: ACOMPAl\THE OTEXTO OMPANHE OTEXTO NA NOVA CAR
398350
2820
Votaram:Sim:Não:Abstenção
O constituinte Valmir Campelo (PFL - DF) teve aprovada nessa votação emenda desua autoria, a qual dá uma novaredação ao art. 59 do texto-base. A novidade em relaçãoa este é que a redação aprovada fazreferênciaespecífica ao uso das(erras expropriadas para fins deprodução de alimentos e medicamentos.
O Jornal da Constituinte continuaadotando, para as Disposições Transitórias, a numeração que foi usada peloPlenário, inclusive deixando de renumerar os dispositivos aprovados paraserem aditados ao texto. Este trabalho,bem como a concatenação das fusõescpm os artigos do texto-base que forammantidos, será feito posteriormente pela Comissão de Redação.(Continua na próxima edição.}
Essa votação aprovou fusãode emendas e destaques que deunova redação ao texto bàse aosartigosque diziam respeitoà seguridade social e à revisão dasaposentadorias da PrevidênciaSocial. A fusão foi apresentadapelos constituintes Almir Gabriel (PMDB - PA), Bonifácio de Andrade (PDS - MG),Arnaldo Faria de Sá (PTB SP), Eduardo Jorge (PTSP), Farabulini Júnior (PTB- SP), Jorge Uequed (PMDB- RS), Floriceno Paixão(PDT - RS), Siqueira Campos (PDC - GO), EduardoBonfim (PC do B - AL), JulioCostamilan (PMDB - RS),Paulo Ramos (PMDB - RJ)Vilson Souza (PMDB - SC);Geraldo Campos (PMDB DF), Ottomar Pinto (PTB RR), Antônio Carlos MendesThame (PFL - SP), Miro Teixeira (PMDB - RJ), MauroSampaio (PMDB - CE), JoãoCastelo (PDS - MA), PauloPaim (PT - RS). Ainda assinaram em forma de apoiamento os constituintes AdroaldoStreck (PDT - RS), Irajá Rodrigues (PMDB - RS), Maurílio Ferreira Lima (PMDB PE), Fernando Cunha (PMDB- GO) e José Luiz de Sá (PL-RJ).PLANTASPSICOTRÓPICAS
Art. 59 - As glebas dequalquer região do país, ondeforem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas,serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios medicamentosos, sem qualquer indenizaçãoao proprietário e sem prejuízode outras sanções previstas emlei. Os bens adquiridos comrendimentos provenientes dotráfico ilícito de drogas serãoconfiscados e revertidos em benefício de instituições e pessoalespecializados no tratamento erecuperação de viciados.
415411
4
de casamento, ficando vedadaa distribuição das arrecadações, de que trata o caput desteartigo, para depósito nas contas individuais dos participantes. ,SALARIO ADICIONAL
§ 3°- Aos empregados quepercebam até dois salários iní-.nimos de remuneração mensal,é assegurado, adicionalmente,um salário mínimo anual, computado neste valor o rendimento das contas individuais, nocaso daqueles que já participavam dos referidos programas,até a data da promulgação des-
. ta Constituição.ADICIONALDAS EMPRESAS
§ 4°- O financiamento doseguro-desemprego receberáuma contribuição adicional daempresa cujo índice de rotatividade da força de trabalho superar o índice médio da rotatividade do setor, na forma estabelecida por lei.APOSENTADORIADO FUNCIONALISMO
Para efeito de aposentadoriaou transferência para a inatividade prevalecerão para o servidor público as normas em vigorà data de sua admissão ou durante a sua atividade no serviçopúblico, desde que mais benéficas, respeitadas as limitaçõesprevistas no art. 22 destas Disposições Transitórias.
Parágrafo único. Dentrode 180 dias a partir da promulgação desta Constituição, proceder-se-á à revisão dos direitos dos servidores públicos inativos e pensionistas e a atualização dos proventos e pensõeseles devidos, a fim de ajustálos ao disposto nesta Constituição.
Votaram:Sim:
.Abstenção:
I\lOVA CARTA
PRAZOParágrafo único - As pres
tações mensais dos benefíciosatualizados de acordo com ocaput deste artigo serão devidas e pagas a partir do sétimomês a contar da promulgaçãoda Constituição.PENSÃO VITALÍCIA
Art. 51B - A pensão mensal vitalícia de que trata o inciso V do art. 237 será paga aosidosos e deficientes incapazesde prover sua própria manutenção, ou de tê-la provida porsua família conforme dispusera lei,SEGURO-DESEMPREGO
Art. 58 - A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de IntegraçãoSocial, criada pela Lei Complementar n° 7, de 7 de setembro de 1970, e para o Programade Formação do Patrimônio doServidor Público, criado pelaLei Complementar n" 8, de 3de. setembro de 1970, passa, apartir da promulgação destaConstituição, a financiar o programa do seguro-desempregonos termos que a lei dispuser.DESENVOLVIMENTOECONÔMICO
§ 1°- Dos recursos mencionados no caput deste artigo,pelo menos 40-% serão aplicados em financiamento e investimento de programa de desenvolvimento econômico, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico eSocial, com critérios de remuneração que lhes preserve o valor.PRESERVAÇÃODE PATRIMONIO
§ 2°- Os' patrimônios acumulados do Programa de Integração Social e do Programade Formação do Patrimônio doServidor Público serão preservados, mantendo-se os critérios de saque nas situações previstas nas leis específicas, comexceção da retirada'por motivo
§ 2° Se decorrido o prazode três anos, a contar da promulgação desta Constituição,os trabalhos demarcatóriosnão tiverem sido concluídos,caberá à União a determinaçãodos limites das áreas litigiosas.
SEGURIDADE SOCIALArt. 51 - Os projetos de
lei relativos à organização daseguridade social e aos novosplanos de custeios e de benefícios, de acordo com o estabelecido nesta Constituição, serão apresentados no prazo máximo de seis meses da promulgação da Constituição ao Congresso Nacional, que terá atéseis meses para sua aprovação,sendo implantado progressivamente em até dezoito mesesapós sua aprovação pelo Con&resso Nacional.
REVISÃO DE VALORESArt. 51A - Os benefícios
de prestação continuada jáconcedidos pela PrevidênciaSocial, à data da promulgaçãoda Constituição, terão seus valoresrevistos, afim de que sejarestabelecido o poder aquisitivo, expresso em números desalários mínimos, que tinha àdata de sua concessão, obedecendo esse critério de atualização até a implantação de plano de custeio e benefícios referido no artigo anterior.
Através desse resultado ficouaprovada fusão de emendasapresentadas pelos constituintes Maguito Vilela (PMDB GO), Nyder Barbosa (PMDB- ES) e Stélio Dias (PFL ES), ensejando a inclusão deoutro artigo nas DisposiçõesTransitórias.
Votaram: 382Sim: 378Abstenção: 4
Foram os autores dessafusãoos constituintes Siqueira Campos (PDC - GO), José Freire(PMDB - GO), Bonifácio deAndrada (PDS - MG), IramSaraiva (PMDB - GO), Nyder Barbosa (PMDB - ES),Marluce Pinto (PTB - RR),José Serra (PMDB - SP), Raquel Capiberibe (PMDB AP), Aluizio Bezerra (PMDB- A C), Caio Pompeu (PMDB- SP) e Ottomar Pinto (PTB-RR).CENSURA FEDERAL
Até que se edite a regulamentação do art. 23, XV, osatuais ocupantes do cargo decensor federal continuarãoexercendo funções compatíveis com as de seu cargo, noDepartamento ne Polícia Federal, observado o dispostonesta Constituição.
Parágrafo único - A lei referida disporá sobre o aproveitamento dosicensores federais,conforme deíinido do capuzdeste artigo.
Votaram: 379Sim: 367Não 1Abstenção: 11
Através dessa votação aConstituinte aprovou não só otexto referente aos censores federais, segundo emenda de autoria do constituinte João deDeus Antunes (PTB - RS),como também as duas fusõesanteriores.FERNANDODE NbRONHA
Fica extinto o Território Federal de Fernando de Noronha, sendo sua área reincorporada ao Estado de Pernambuco.
Com esse resultado, a Constituição aprovou fusão deemendas apresentadas pelosconstituintes pernambucanosWilson Campos (PMDB), Nilson Gibson (PMDB) e JoséMoura (PFL) que acrescentanovo artigo ao texto das Disposições Transitórias.FRONTEIRASMUNICIPAIS
Os estados e os municípiosdeverão, no prazo de três anos,a contar da promulgação destaConstituição, promover, mediante acordo ou arbitramento, a demarcação de suas linhasde fronteira, podendo para issofazer alterações e compensações de área que atendam aosacidentes naturais, critérioshistóricos, conveniências administrativas e comodidadedas populações fronteiriças.
§ 1° Havendo solicitaçãodos estados e municípios interessados a União poderá encarregar-se dos trabalhos demarcatórios.
Votaram: 406Sim: 291Não 85Abstenção: 30
Jornal da Constituinte 5
voto a voto
Muita emendaderrubada no
sente ano. A emenda do representante do PDS cearense acabouderrotada por 327 votos contra,116 a favor e 11 abstenções. '
"Aos praças das Forças Armadas expulsos ou licenciados do serviço ativo, em decorrência de motivação política, fica asseguradaaposentadoria correspondente àgraduação a que teriam direito seestivessem em serviço ativo, naforma que dispuser lei de iniciativado Congresso Nacional, e a vigorar no prazo de 12 meses a contaida promulgação da Constituição".Essa emenda foi apresentada pelos constituintes Lysâneas Maciel(PDT - RJ) e Raquel Cândido(PFL-RO), e rejeitada pelo pla]car de 302 votos contrários, 139favoráveis e 17 abstenções. '
Foi também rejeitada a propos]ta de anistia política encaminhada~lo constituinte Roberto Freire(PCB - PE). Ela previa a conces-'são de anistia ampla, geral e irres-'trita a todos os que, de 18 de seitembro de 1946 até a data de promulgação desta nova Constituição, foram atingidos, por motivos'políticos, através de qualquer di~ploma legal, atos institucionais;complementares ou administratí-'vos, bem como aos punidos pelo!Decreto-Legislativo n°15, de 1961'e pelo Decreto n° 864, de 1969:Estabelecia ainda a proposta de:Roberto Freire que ficanam asse-oguradas as promoções às quais os:punidos teriam direito caso per~
manecessem no serviço ativo,'além de anistia também para osmilitares da Marinha e da Aero-'náutica expulsos ou licenciadosem decorrência dos acontecimentos políticos levados a efeito emmarço de 1964. Além disso, a pro-'posta de Roberto Freire estabe-'lecia que a anistia só geraria efei-:tos financeiros a partir da data de:promulgação da nova Carta - isto:é, vedava remunerações de qualquer espécie em caráter retroativo. Essa proposta caiu no plenário'por 288 votos contra, 139 a favore 15 abstenções. I
Foi também rejeitada emenda:do constituinte Bonifácio de An-]drada (PDS - MG), que pretendia possibilitar o pagamento re-ltroativo aos servidores civis anistiados por esta nova Constituição.'A proposta de Bonifácio de An~
drada foi rejeitada por 246 votos,contrários, 149 favoráveis e 46,abstenções. E a fusão de emendaslapresentada pelos constituintesAloysio Teixeira (PMDB - RJ)e Brandão Monteiro (PDT - RJ),.
ções municipais e as para governadores e para o Congresso Nacional. A proposta previa a possibilidade de reeleição para os futurosprefeitos e vice-prefeitos, e o mandato voltaria a serde quatro anospara os eleitos em 1990. A rejeiçãofoi por 347 votos contrários, 111favoráveis e 6 abstenções. ,
A proposta do constituinte Aureo Mello (pMDB - AM), queprevia o prolongamento dos mandatos dos atuais prefeitos, viceprefeitos e vereadores até 1" dejaneiro de 1990, com o adiamentodas próximas eleições municipaispara novembro de 1989 - mesmadata da eleição do novo presidenteda República, também foi rejeitada. Aureo Mello viu sua emendaser derrotada por 418 votos contrários, 19 favoráveis e 11 abstenções.
O constituinte César Cals Neto(PDS - CE) apresentou uma proposta bem semelhante à fusão deemendas de Rosa Prata, GilsonMachado e Arnaldo Martins. Elequeria estabelecer um mandatotampão de dois anos para os prefeitos, vice-prefeitos e vereadoreseleitos em 15 de novembro do pre-
vada, os mandatos dos atuais prefeitos e vereadores seriam prorrogados por um ano, com o adiamento das eleições municipaismarcadas para novembro próximo. Ao mesmo tempo, os atuaisgovernadores, senadores e deputados federais teriam seus mandatos reduzidos, também por umano. A idéia era fazer todos osmandatos coincidirem com o dopresidente da República. A proposta previa também a possibilidade de reeleição para todos osdetentores de mandatos em cargosexecutivos - prefeitos e governadores. A emenda de AsdrúbalBentes foi rejeitadapor 407 votoscontrários, 32 favoraveis e 10 abstenções.
O constituinte João Agripino(PMDB - PB) teve rejeitada suaproposta no sentido de que, emcaso de vacância do cargo de viceGovernador, no período correspondente ao mandato dos atuaisgovernadores, o preenchimentoda vaga se faria através de escolhaem convenção do partido peloqual foi eleito o governador, comsubseqüente confirmação pelamaioria de votos da assembléia legislativa. Na hipótese da não confirmação pela assembléia legislativa do nome indicado pela convenção do partido, o processo serepetiria. _
A rejeição dessa proposta sedeu por 385 votos contrários, 57favoráveis e 11 abstenções.
A proposta do constituinte Leite Chaves (PMDB - PR), quepretendia dar aos atuais q;overnadores estaduais a possibilidade dese candidatarem a presidência daRepública, desde que se licenciassem até seis meses antes do pleito,foi também rejeitada pelo Plenário. O resultado dessa votaçãoapontou 429 votos contrários, 20favoráveis e 5 abstenções.
Os constituintes Rosa Prata
~PMDB-MG), Gilson MachadoPFL - PE) e Arnaldo MartinsPMDB - RO) apresentaram
uma fusão de emendas prevendoque os prefeitos, vice-prefeitos evereadores a serem empossadosem 1° de janeiro de 1989 teriammandato de apenas dois anos, para que houvesse coincidência, emnovembro de 1990, entre as elei-
tal, compreendendo desde a fasedas comissões e subcomissões atéa fase da votação em primeiro turno, foram apreciadas nada menosque 35 mil emendas e propostasapresentadas por todos os constituintes. A votação dos títulos permanentes da Constituição terminou no final de maio último.
Então, o Plenário da Constituinte passou a votar, em primeiroturno, o título das chamadas "Disposições Gerais e Transitórias".Se o leitor ainda não sabe, fiqueem dia: nesse título estão todasas normas - como o próprio nomejá diz - de duração temporária,ou seja, matérias circunstanciais,que não se adequam ao corpo permanente do texto constitucional,mas que, por sua importância, nãopoderiam ficar fora da Carta.
O JornaldaConstituinte tem divulgado todas as propostas aprovadas nesse título. Aqui vamos fazer um apanhado geral das propostas rejeitadas. Isto é, aquelas'l.ue, levadas à votação em plenáno, não obtiveram aprovação. Eque,são muitas, como o leitor podera constatar.
A primeira delas foi uma proposta apresentada pelo constituinte Luiz Salomão, do PDT do Riode Janeiro. Ela previa-que, apósa aprovação da redação final danova Constituição, esta deveriaser submetida a um plebiscito popular. Esse plebiscito deveria serealizar no J?razo de até 30 diasapós o término dos trabalhos daAssembléia Nacional Constituinte. E a nova Carta só entraria emvigor, somente seria promulgada,uma vez fosse o seu texto referendado pela população nessa consulta.
O plebiscito, segundo a idéia deLuiz Salomão, seria organizadopela Justiça Eleitoral e precedidopor uma campanha de esclarecimento popular, na qual todos ospartidos representados na Constituinte teriam acesso igualitário aorãdio e à televisão, por uma horadiária. Os eleitores se manifestariam no sentido de aprovar ou derejeitar, em bloco, todo o textoconstitucional. Caso este fosse rejeitado pela maioria simples doseleitores, a Constituinte seria dissolvida, e convocadas eleições, em90dias, para uma nova Constituinte, que dessa vez teria caráter exclUSIVO - quer dizer, não seriatambém Câmara dos Deputadose Senado Federal. Essa propostade Luiz Salomão (PDT - RJ) foirejeitada por 354 votos contrários,174 favoráveis, e 9 abstenções.
Foi igualmente rejeitada umaproposta do constituinte AsdrúbalBentes (PMDB - PA), que pretendia a realização, no dia 15 denovembro de 1989, de eleições gerais n?:país - para presidente da'República, senadores, deputadosfederais, deputados estaduais, governadores, prefeitos e vereadores. Caso essa emenda fosse apro-
A Assembléia Nacional Constituinte está completando, neste final de junho, um ano e quatro meses de atividade. Pode parecer umtémpo demasiado longo, mas o fato é que isso se deve ao processoparticipativo e democrático que aConstituinte elegeu para tnlharseu caminho, rumo à elaboraçãode uma Constituição moderna, capaz de refletir com fidelidade osanseios e as reivindicações damaioria da população brasileira.
Não houve um texto prévio, umesboço de Constituição a ser discutido e votado pela Constituinte.A nova Constituição começou aser escrita nas chamadas comissões e subcomissões temáticas. OsConstituintes eleitos em novembro de 1986foram distribuídos poroito comissões temáticas, encarregadas de, após ouvir depoimentosdos mais variados setores e entidades representativas existentes nasociedade, discutir e votar um texto sobre determinado conjunto deassuntos. E cada' uma dessas Comissões se dividia em três subcomissões, cada qual incumbida deanalisar uma parte dos temas atribuídos à Comissão.
Foi a partir do trabalho dessascomissões e subcomissões que orelator da Constituinte, BernardoCabral, elaborou o projeto deConstituição, gue foi então submetido à Comissão de Sistematização, encarregada, justamente,de sistematizar todo o trabalho desenvolvido até então. Integradapor 91 constituintes, indicados peIas várias lideranças partidárias,em função da expressão numéricade cada partido, a Comissão deSistematização discutiu e votou oprojeto do relator, produzindo assim um novo projeto de Constituição, que ficou pronto pouco antes do final de 1987.
Como resultado de um movimento que ganhou o apoio damaioria dos constituintes, houveentão uma mudança no Regimento Interno da Assembléia Nacional Constituinte. A principal mudança foi no sentido de permitira apresentação ao Plenáno, paraa votação em primeiro turno danova Constituição, de emendascoletivas globais, alternativas aotexto preparado pela Comissão deSistematização, Ficou decididoque essas emendas, caso contassem com a assinatura da maioriaabsoluta dos constituintes (280),teriam a preferência para votação,em relação ao texto da Sistematização. Foi assim que nasceu oprojeto de Constituição do chamado Centrão, gue terminou sendoo projeto efetivamente votado durante o primeiro turno.
A discussão e votação em primeiro turno começou no final dejaneiro deste ano. Título por título, capítulo por capítulo, artigopor artigo, emenda por emenda,todas as questões foram criteriosamente discutidas e votadas. No to-
no sentido de que os punidos pormotivos políticos através da legislação excepcional pudessem requerer ao Supremo Tribunal Federal o reconhecimento de todosos seus direitos e vantagens interrompidos pelos atos punitivos,caiu embora tenha tido 228 votosa favor, 166 contra e 29 abstenções. E que, para ser aprovada,qualquer proposta teria que ter nomínimo o quorum de 280 votosfavoráveis - a maioria absolutada Constituinte.
Emenda do constituinte Marcelo Cordeiro (PMDB - BA), queobjetivava conceder aos servidores civis e militares anistiados umaindenização especial correspondente à soma dos salários dos últimos cinco anos, também caiu noplenário. Pela emenda, a indenização teria por base o salário atualizado do servidor e seria paga noprazo de um mês após o recebimento do pedido. Ela foi derrotada por 228 votos contrários, 154a favor e 24 abstenções.
Outra emenda derrotada foi ado constituinte Jayme Paliarin(PTB - SP) que pretendia contar,para todos os efeitos, inclusiveaposentadoria, o tempo do mandato não cumprido em decorrência da cassação ou suspensão dosdireitos políticos do seu titular. Aemenda beneficiaria os políticosafastados de seus cargos pelos atosinstitucionais baixados no decorrer do período autoritário, e foivencida por 384 votos contrários,42 a favor e 20 abstenções.
Caiu também em plenário a fusão de emendas de autoria dosconstituintes Brandão Monteiro(PDT - RJ), Mário Lima(PMDB - BA), João Paulo (PT- MG) e Nelson Wedekin(PMDB - Se), que concediaanistia aos servidores militaresque, em decorrência dos fatosocorridos em 1964, foram atingidos por atos administrativos, desde que a punição fosse reconhecida, em sentença judicial, comotendo sido motivada por razõesexclusivamente políticas. A fusãoteve 221 votos contra, 213 a favore 21 abstenções.
Por 198 votos contrários, 196 afavor e 18 abstenções, foi derrotada outra fusão de emendas quepretendia ampliar a anistia política. Apresentada pelos constituintes Haroldo Lima (PC do B BA) e Lélio Souza (PMDB RS), ela visava a anistiar os servidores que perderam seus empregos em virtude da aplicação doDecreto-Lei n° 1.632. Os servidores teriam direito aos antigos empregos, com as promoções regulares. Outra emenda relacionadacom a anistia, que acabou rejeitada, foi a do constituinte Uldurico Pinto (PMDB - BA), quequeria beneficiar os que, por motivação exclusivamente política, foram atingidos por declaração deincapacidade física ou mental. Arejeição foi por 157 votos contra,194 a favor, e 32 abstenções (aaprovação, é bom lembrar, exigiao voto favorável de pelo menos280 constituintes).
Outra proposta que obteve oapoio da maioria simples do Plenário (206 votos a favor, 173 contra e 21 abstenções), mas acabourejeitada por não ter a maioria absoluta, foi a fusão de emendas dosconstituintes Moema São Thiago(PDT - CE) e Sérgio Spada(PMDB - PR). Ela pretendia revogar todos os chamados decretossecretos (cujo teor não era publicado no Diário Oficial da União),bem como os atos neles fundados.
Foi ainda rejeitada emenda doconstituinte Nelson Carneiro(PMDB - RJ), que queria sUl?rimir do texto artigo que preve aestatização das serventias do forojudicial, respeitados os direitos deseus atuais titulares. A rejeição foipor 225 votos contrários, 177 a favor e 23 abstenções. E por umapequena diferença de votos foi rejeitada emenda do constituinteBonifácio de Andrada (PDS MG), cujo destaque foi encaminhado pelo constituinte Mário Covas (PSDB - SP), que pretendiadar nova redação ao parágrafoúnico do artigo que trata da estatização das serventias de foro judicial. A redação proposta por Bonifácio de Andrada era a seguinte:"Fica assegurado aos substitutosdas serventias judiciais, notariaise registrais, na vacância, o direitode acesso a titular, desde que legalmente investido na função atéa data da instalação da Constituinte." A proposta foi rejeitada, embora tenha contado 251 votos afavor, 154 contra e 1J abstenções.
Por pouco, também, não Pl';lss~ua fusão de emendas dos constítuíntes Augusto Carvalho (PCB DF), Sigmaringa Seixas (PSDBDF), Pompeu de Sousa (PSDB-DF) e Maurício Corrêa (PDT DF), que visava a realizar, no próximo dia 15 de novembro de 1988,as primeiras eleições para governador e para a Câmara Legislativado Distrito Federal. Ela obteve256 votos favoráveis - apenas 34a menos que o necessário para aaprovação -, 81 contrários e 27abstenções.
Outra fusão de emendas rejeitada foi a dos constituintes IvoVanderljnde (PMDB - SC),Cláudio Avila (PFL - SC) e Alexandre Puzyna (PMDB - Se),cujo objetivo era dar aos participantes da Força de Emergênciadas Nações Unidas de 1956 - ochamado batalhão de Suez - asmesmas vantagens e direitos dosintegrantes da Força Expedicionária Brasileira, que lutou na 2'Guerra Mundial. Essa fusão deemendas foi derrotada por 243 votos negativos, 143 a favor e 30 abstenções.
Foi também rejeitada emendado constituinte Mauro Benevides(PMDB - CE), que pretendiainstalar no Nordeste, no prazo de180 dias após a promulgação daConstituição, as chamadas Zonasde Processamento de Exportação
(ZPE). A proposta caiu com 214votos contra, 154 a favor e 21 abstenções. Foi igualmente rejeitadaemenda do constituinte GersonCamata (PMDB - ES), que pretendia manter, por 20 anos, os benefícios e incentivos fiscais criadospelo Decreto-Lei n° 880, de 1969.Trata-se de benefícios à atividadede exportação. A emenda de Gerson Camata perdeu, porém, porescassa diferença de votos em relação ao quorum exigido: ela obteve260 votos a favor, contra 87, alémde 28 abstenções.
O constituinte Jesus Tajra (PFL- PI) propôs que, durante 25anos, fosse concedida redução de50% sobre as alíquotas dos impostos federais cobrados no Piauí, como forma de incentivar o desenvolvimento econômico e social doestado. Sua emenda caiu por 243votos contrários, 149 a favor e 35abstenções,
Já o constituinte José Dutra(PMDB - AM) pretendia que asterras devolutas que pertenciamaos estados e foram incorporadasao patrimônio da União ou de órgãos da administração pública federal, por força de procedimentosdiscriminatórios, administrativosou judiciais, revertessem ao patrimônio dos estados de que foramexcluídas. Essa emenda foi rejeitada por só ter tido 217 votos afavor, com 161contrários e 22 abstenções.
Outra proposta rejeitada foi afusão de emendas dos constituintes Sandra Cavalcanti (PFL - RJ)e Jorge Leite (PMDB - RJ), pelaqual a União ficaria obrigada adestinar, durante 20 anos, para serem aplicados em projetos de educação, saúde pública, saneamentobásico, recuperação do solo, irrigação e desenvolvimento agroindustrial, nos municípios da regiãonoroeste-norte do estado do Riode Janeiro, recursos oriundos de5% da arrecadação do Imposto deRenda no referido estado. Essaproposta teve 210 votos a favor,170 contra e 45 abstenções.
Emenda da constituinte AnnaMaria Rattes (PSDB - RJ), quedeterminava o resgate de todas asenfiteuses não reguladas por leisespeciais, caiu por só ter obtido226 votos favoráveis, além de 166votos contrários e 27 abstenções.Pela emenda de Anna Maria Rattes, ficariam resolvidos todos osafõramentos de bens particulares,desde que não pertencessem a en-
tidades com fins assistenciais, filantrópicos ou comunitários.
Também não passou emenda doconstituinte Theodoro Mendes(PMDB - SP), que pretendia ocancelamento e a proibição dasatividades nucleares constantes doProjeto Aramar, desenvolvido pela Marinha na cidade paulista deIper6. A votação apontou 253 votos contrários, 87 a favor e 10 abstenções.
Caiu ainda a emenda do constituinte Luiz Gushiken (PT ~ SP),pela qual as contribuições sindicais continuariam vigorando, bemcomo a atual forma de sua aplicação no custeio das representaçõessindicais, enquanto não fosse regulamentado definitivamente oassunto pelas entidades sindicais.A emenda foi derrotada por 290votos contrários, 7 a favor e 7 abstenções.
Mas o processo constituinte ainda continua, ainda tem várias fasesa cumprir até a promulgação danova Carta constitucional. Apósa conclusão da votação em primeiro turno das Disposições Geraise Transitórias, o relator BernardoCabral deverá novamente consolidar todo o trabalho, redigindoum novo projeto de Constituição,que agora já estará bem próximodaquele que deverá ser o texto defimtivo da nova Carta. Para isso,o relator terá o prazo de sete dias,contados l.lpartir do final dos trabalhos em primeiro turno.
Publicado o texto do relator noDiário da Assembléia NacionalConstituinte, e distribuído emavulsos a matéria será então incluída na Ordem do Dia para adiscussão em segundo turno, quedurará cinco dias. Nesta discussãoem segundo turno, cada oradorpoderá falar, uma única vez, pordez minutos, e os líderes dos partidos por 20 minutos. Simultaneamente a essa discussão em segundo turno, será facultada a cadaconstituinte a apresentação de atéquatro emendas supressivas, alémde outras destinadas a sanar omissões, erros ou contradições, ou para correção de linguagem. Essessão os únicos tipos de emendasque serão aceitas para a votaçãoem segundo turno. Não poderãomais ser apresentadas emendasaditivas - que buscam introduziralgum dispositivo novo no texto-, ou emendas substitutivas que procuram modificar alguma
'parte do texto já aprovado em primeiro turno.
Encerrada a discussão .em segundo turno - o que provavelmente ocorrerá em agosto -, orelator Bernardo Cabral deveráemitir parecer sobre as emendasapresentadas, sendo a matéria,após publicação, submetida à votação em plenário. A votação emsegundo turno, no entanto, aindanão será a fase final dos trabalhos.Concluída a votação, a matéria será encaminhada a uma Comissãode Redação integrada por constituintes designados pelo presidente'da Constituinte, Ulysses Guimarães.
A Comissão de Redação Finalserá presidida pelo próprio Ulysses Guimarães, tendo como copresidentes os constituintes Afonso Arinos (PSDB - RJ) e JarbasPassarinho (PDS - PA), e comorelator o próprio Bernardo Cabral(PMDB - AM), sendo ainda integrada pelos constituintes LuizViana (PMDB - BA), Nelson Jobim (P!v,IDB - RS), Tito Costa
~MDB - SP)1 Humberto Souto
PFL - MG), Antônio Carlosonder Reis (PDS - Se), Vival
do Barbosa (PDT - RJ), SólonBorges dos Reis (PTB - SP), Plínio Arruda Sampaio (PT - SP),Adolfo Oliveira (PL - RJ), Haroldo Lima (PC do B - BA) eRoberto Freire (PCB - PE).
Quando a Comissão concluir aredação final do texto, este serápublicado no Diário da Assembléia Nacional Constituinte e emavulsos, e será novamente incluída, para votação do plenário, emturno único, no prazo de 24 horas.No encaminhamento desta votação, poderão usar a palavra doisrepresentantes de cada partido,que poderão falar uma única vez,durante cinco mmutos.
O trabalho da Constituinte estará terminado quando o texto dessa ('redação final for aprovado. Res- .tará, então, apenas a solenidadede promulgação da nova CartaConstitucional.
Luiz Cláudio Pinheiro
NOTA: A votação em l' turno encerrou-se na última quinta-feira. Iniciamos, nesta edição, a publicação dasmatérias das Disposições Transitônasvotadas e rejeitadas. No próximo número publicaremos o restantedessa relação.
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Artigo... - Na liguidação dos débitos, inclusive suas renegociações e composições posteriores, ainda que ajuizados, decorrente dequaisquer empréstimos concedidos por bancose por instituições financeiras, não existirá correção monetária desde que tenha sido concedido:
I - Aos micros e pequenos empresários ouseus estabelecimentos no período de 28-2-86a 28-2-87;
II - Ao mini, pequeno e médio produtoresrurais no período de 28-2-86 a 31-12-87, despeque relativos a crédito rural;
§ 1°.- Considera-se para efeito ,I:l~~ ~~tigo: microempresas as pessoas jurídicas e asfirmas individuais com receitas anuais de até10.000 (dez mil) OTN; e, pequenas empresasas pessoas jurídicas e firmas individuais C0IDreceita anual de até 25.000 (vinte cinco mil)OTN;
No calor da luta vale tudo: o grito do jovem qud pedI
Eis
A UDR trouxe sanfoneiro para cantar a miséria do pequeno. proprie 'rio
ADIRPlRoberto Stuckert
Micro e peq
Concedeu a anistia da correçãomonetária mas estabeleceu condições, entre
elas,a de que os mutuários liquidemseus débitos num prazo de 90 dias após
a promulgação da nova Carta e a deque demostrem não terem,
realmente,condições financeiras de honrarocompromisso assumido. A emenda (veja o
texto, na íntegra, ao lado) define o que émicroempresa e pequena empresa, assim
como fixa parâmetros para se avaliar quemsão os mini, pequenos e médios
produtores rurais. E exclui do benefício osatuais constituintes.
A mobilização, que incluiu até a montagemde um stand permanente no trajeto entre o
plenário e os gabinetes dos deputados,venceu a oposição do governo e a força dos
números com que se tentou derrubar asemendas da anistia.
o plenário da Assembléia NacionalConstituinte aprovou, na última quarta-feira,
a emenda dos deputados Humberto Souto(PFL - MG), Ziza Valadares (PMDB
MG) e do senadorMansueto de Lavor (PMDB- PE) que concede anistia da correção
monetária aos micro e aos pequenosempresários urbanos e aos pequenos e médios
proprietários rurais que contraíramempréstimos durante a vigência do Plano
Cruzado. As negociações, entre ospartidossobre o assunto,consumiram praticamente
30dias, durante os quais milharesde microempresários urbanos e
pequenos proprietários rurais ficaram"deplantão" nos corredores da Assembléia,nomaior lobby já visto. O governo fez o que pôdepara impedir a concessão,daanistia monetária.
Centenas de propostas alternativas foramdebatidas pelos constituintes, dezenas
de fórmulas intermediárias foram colocadas namesa de negociações. Mas o plenário decidiu
soberana e livremente.
A aprovação foi apertada (286 votos a favor,163 contra e 22 abstenções). Foi uma vitóriada persistência, da união e da argumentação
dos próprios interessados, que lançaram mãode todos os recursos para sensibilizar
os constituintes para a justiça de seus pleitos.
ADIRPlReynaldo Stavale
Urbanos e rurais, irmanados pela dívida, ocuparam o prédio da Constituinte e pressionaram.
'os microempresários não pouparam esforços para chamar a atenção dos constituintes e da sociedade para seus problemasADIRPlReynaldo Stavale
8 Jornal da Const
ADIRPlRoberto Stuckert
ADIRPlRoberto Stuckert
Pensando grande, os pequenos e micros organizaram o maior lobby já visto na Constituinte.
ADIRPlReynaldo Stavale
A irreverência do burro panfletado foi o contraponto das reivindicações e dos apelos contidos nas centenas de faixas espalhadas.
radia e os instrumentos de trabalho e produção;
e) Se o beneficiário não for proprietário demais de cinco módulos rurais.
§ 4°- Os benefícios de que trata este artigonão se estendem aos débitos já quitados e aosdevedores que sejam constituintes.
§ 5°- No caso de operações com prazosde vencimentos posteriores à data limite deliquidação da dívida, havendo interesse do mutuário, os bancos e as instituições contratuaisoriginais de forma a ajustá-las ao presente benefício;
§ 6°- A concessão do presente benefíciopor bancos comerciais privados em nenhumahipótese acarretará ônus para o poder público,inclusive através de refinanciamento e repassede recursos pelo Banco Central.
§ 7°- No caso de repasse a agentes financeiros oficiaise cooperativas de crédito, o ônusrecairá sobre a fonte de recursos originária.
livram da correçãoeconômica
nos se
§ 2°- A classificação de mini, pequeno emédio produtores rurais far-se-á obedecendose às normas do crédito rural vigente à épocado contrato;
§ 3°- A insenção monetária a que se refereeste artigo só será concedida nos seguintes casos:
a) se a liquidação do débito inicial, acrescido de juros legais e taxas judiciais, vier aser efetivado no prazo de até 90 dias a contarda data da promulgação desta Constituição;
b) Se o financiamento inicial não ultrapassar o limite de 5.000 (cinco mil) OTN;
c) Se a aplicação dos recursos não contratara finalidade do financiamento, cabendo o ônusda prova à instituição credora;
d) Se não for demonstrado pela instituiçãocredora que o mutuário dispõe de meios parao pagamento de seu débito, excluído desta demonstração o seu estabelêcimento, casa de mo-
socorro contra a correção e passeatas para chamar a atenção de quem tem poder para decidir.
o texto aprovado em plenário
tuinte 9
•
meslIes_
DívidaExterna
Srs. Constituintes,A minha sugestão vai para o pa
gamento da dívida externa brasileira. Pergunto se seria possívelpagar a dívida da seguinte maneira: su{'?nhamos que o montanteda dívida seja de 100 mil cruzadose que uma grande empresa nacional ou multínacional pague emcinco anos o correspondente a 20mil cruzados, ou seja, 4 mil cruzados por ano; então essa empresapagava 1/5 da dívida; em troca,para compensar a grande evasãode capital, ela receberia dez anosde isenção de imposto, ou seja,4 mil cruzados mais juros por ano.
Pedro Francisco DutraJúniorltuiutaba - MG
PagamentoIntegral
Srs. Constituintes,Minhas reivindicações são as se
guintes: as pensões das viúvasequivalentes ao pagamento integral do que recebiam os maridos;fixação dos salários de acordo coma realidade da região (regularizaras diferenças salariais); maioratuação dos vereadores dentro dacomunidade em que vivem, (poismuitos ganham dinheiro sem fazernada, aJ?enas defendendo o seupróprio mteresse) e correção dasdistorções nos órgãos públicos.
Otávio RodriguesWenceslau Braz - MG
Cristina A. CostaCriciüma - SC
ração dos Direitos da Criança, emseu princípio lI: "A críànçagozaráde proteção especial e disporá deoportunidades e serviços a seremestabelecidos em lei por outrosmeios, de modo que possa-desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de formasaudável e normal, assim como emcondições de liberdade e dignidade (...)
WaldemarBatista AlvesTág~nga-DF
NOTO Goma,lO de Junho de 1.988 7
sre , Constituintos.
Investir najuventude
,A
ExodoRural
CélioDonizeti PereiraMoji das Cruzes - SP
Srs. Constituintes,Temos que acabar com essa mi
séria que assombra o nosso Brasil,tudo isso é desumano, não podemos viver num país tão rico comoo nosso, mas que é privilégio deapenas uma pequena elite. Vamosinvestir na Juventude, pois ela éo futuro do Brasil, vamos educálos para não reprimi-los.' Queremos um ensino verdadeiro, um ensino digno de um brasileiro, temosque dar condições para o jovempoder estudar.
Srs. Constituintes,Que <Se insira na nova Consti
tuição o..ensinodo 29 grau nas escolas rurais, em alguns estados brasileiros de maiores recursos.
A medida servirá para evitar f)
êxodo rural de pessoas que procuram as randes cidades para estu~ar (...
Tenho acompanhado através do "Jornal. da ConB1iitum1;e" o dee.n
rolor da futura Constituição do llras:ü..Ult:lmamonte ando bastlUlte proocupado principalmento com algu
mas en1;revis'taa de alguns par1am.n1;ares que querem no segundo turno de
votação da Constituinto BllprimJ.r do texto constitucionel,elguns dir01 -I tos conquistados às duras penas pela Sociedade Brasile1ra,princ1pa1Jnente
na área Bocial..
Para mim como ErasUeiro,cidadão,.1.e~'tor,conttibuinte,es'teB são
pontos importantes ,pois repreaeDta O Anseio da ma.J.oria da população br....
sileira,tais como.
~- Jomada ae 'trabalho de 44 horas semanaiB,o ideal aeria 40 horas como
noa países desenvolvJ.dos.
2- Redução da jornada de 8 pora 6 horas de trabolho em turnos ininterrup-tos.
]- Direito de greve para o iimcionario públJ.co,bem como Bmdical.ização.
4- Licença do 120 dias pora a gestlUltO,5- Licença de 8 dias para a paternidade1
6- Aposentadoria aos 25 e 3D anos pua o magietério,
7- Ensino gratuito e 18::' do orçQ1ento da UDião e 25~ do orç.-men'to dOB Es-
tados e Municípios para a Educação,
8- Verbas pÚblicas so~ente para o eneino público,
9- Voto facul'tativo aos 16 anos,
lO-Permanência do direito adquirido.
NóB,cidadÃoB trabalhadores deste Paí.e,tell.Os que ficar vigJ.1antes
e fazer de tu.do para que 8ates U"ançoB permam89am no ~ Totação da consti
tuinte ,a:f'iDal. não ee faz uma cODs'titu.ição 'todo dia.
Atenciosamente
Oaixa Pastel '" 1.677.223 NOTO Goma -.Go.
Direitos da.criança
Srs. Constituintes,Que seja criada uma lei especí
fica para a educação pré-escolar,na faixa etária de 5 a 7 anos. Quenesta mesma lei fosse destacadaa obrigatoriedade e gratuidade doensino às crianças de todas as camadas sociais, especialmente as denível sócio-econômico baixo, comatendimento na faixa etária de 5a 7 anos. Que se atenda à Decla-
Cidadãodo campo
Srs. Constituintes,Seria tão bom se o cidadão do
campo fosse respeitado da mesmamaneira que o da cidade. Na comunidade onde moro, que é nabeira de um lago, não temos assistência agrícola, e sem orientaçãotécnica não podemos produzirquase nada. Gostaria de receberuma orientação sobre o que é odocumento chamado "escriturapública" , se esse documento aindatem validade no país.
Ananias Cerejo BritoMonte Alegre - PA
AlfabetizaçãoSrs. Constituintes,Em virtude do estado em que
se encontra o ensino se faz necessária a pré-escola. Com a pré-escola as crianças quando chegamno 10 grau já sabem pelo menosas letras e os números, não sendomais necessário alfabetizá-las. Poderão começar a aprender outrasdisciplinas que lhe servirão nosgraus postenores. E necessáno reformular o ensino de 10 grau (...)
Hélio Iadelka de SouzaCuritiba - PR
A Constituinte-entrou em sua últimaetapa, a da votação'«;do projeto deCohstíruição pelo plenário. Desdeo início a sociedade partícípog eopinou, por todos os meios. E ainda étempo de contribuir. Escreva a suacarta, dizendo o que você pensa e quer.
Sei realmente que os senhores estio optos para resoverem este ~ssunto, se ~1nda nio o fiz@ram, pois eu n~a consegui •ver algo neste sentido, mas também não tenho acompanhado tojo acontecimento desta ~ssembléi~••
Durante o debate sobre ~ dlvisio do bolo tribUtorio,euverifiqu~i que lutaram pel~ autonomia do município, maS infelizmente não fal~r~1l nada sobre os funcionorios. Nilo quer.. discutirsobre este ospecto, m~s se o Prefeito nio conseguiro os votos I
que eleg~rio os deput~dos. E prova diSSO, podemos verific~r que'v~rias Prefeituras vem perdendo. política e isto vai ~contecer'
principalllente COII os Deputados, caso desprezem tanto o povo que
os elegeI!.Espe"ando suas ~tençies, desde jo antecipamos agradecl
SenhorFs Const ituint es,
ment es ,
Vendo o Jornal da Conctituinte, pude ler alguma cois1l,que diz: Sero dado todo apoio ~o trabalhadOr.
Diante disso, eu gostaria de saber, se este apoio es tende também aOS funcionários municipais, que hoje rec~bem o Sario dos mais baixos do país e ainda niio possui nenhum órgio que'o ampare, pois o r~gime da Prefeitura é ESTATUTÁRIO, o que ela'faz esto feito, como dIzem os nossos chefes. Por exemplo: funclonorio que ganha menos do salorl0 mínImo. A leI diz que todo rusclonario deverQ receber pelo menos um salorl0 mínimo, mas os ergãos regidos pelo ESTA;UTO sia dispensados desta abediênc;a. Poroutro lado, os funcionarios que recebiam mais de dois salarlos I
~ínimos, hoje sofre uma defasagem tão grande, que nio ganha. nemum salorio. Diante disso, eu gostaria, que se ror possível, os 'nobres constituintes, acabassem oom os ESTATUTOS MUNICIPAIS ou 'pelo menos, colocassem leis, que deveria. ser obedecidas pelos '
J'I.Fun.c,
Idade paraconcursos
EnsinoPré-.Escolar
Srs, Constituintes,Minha sugestão é ligada à área
de educação. Que se tome práticaa lei que concede ao governo custear o ensino pré-escolar em todoterritório nacional, pois o ensinopré-escolar neste pais é prioridadedas escolas particulares e de crianças ricas. Peço-lhes que lutem pelaeducação, para que este país setome uma nação educada.
Tânia Maria da SilvaSão Sebastião do Passe- BA
Sao Sebastião do Maranhão, 01 de junho de 1988.
Srs. Constituintes,(...) Que se acabe com a lei que~
límita a idade de 45anos para con- :cursos públicos e outros serviços,pois o homem está apto a trabalhar em toda sua vida, exceto setiver e.mbl~1Jl.a.s.:..9.e_~aMQ~.C:,~) .Oeumprímentç por parte do gov~t.:no, no quedi2;-respeno li educaçãodo homem, do pnmário até a universidade. Que se dê condição aobrasileiro de um melhor desenvolvimento cultural. Que as universidades sejam gratuitas e se criem.novas unidades de nível superior.Flscaliz'ãção"dõ'gõverno em órgãos como o' INPS para que oscontribuirites não sejam explorados (...)
Paulo Afonso RibeiroAlto Porã - PR
10 Jornal da Constituinte
País necessita formar técnicosFrancisco Diógenes - O mo
mento político atual é difícil, aeconomia brasileira está passandopela maior crise da sua história.Acredito numa saída, no entendimento dos homens de bem queexistem neste país, que existem napolítica brasileira. Cabe.a todosnós a nossa parcela de colaboração, fazer com que este país, queé rico, grande, que tem um povojovem! CJ.ue tem as suas riquezasnaturaís Imensas, os seus mananciais são poderosos, saia dessa crise. De forma que acredito que oBrasil, se houver um entendimento, mais um pouco de critério noshomens que estão administrandoeste país, não tenho dúvidas deque logo sairemos desta crise queestamos passando.
JC - O que o deputado pensada reformulação partidária que jáestá ocorrendo?
Francisco Diógenes - Existemúdança e acredito que vão sejuntar forças ideológicas, comoocorreu agora com o PSDB, ondepessoas que têm o mesmo posicionamento filosófico formaram umnovo partido.
JC - Presidencialismo ou parlamentarismo?
Francisco Diógenes - Votei nopresidencialismo, até porque desta maneira que os POlítICOS de hojeestão pensando, o nosso Parlamento seria mudado semanalmente. Não iríamos ter uma continuidade de governo com seriedade.O Parlamento teria uma funçãofisiológica, ou seja, na hora emque determinados candidatos nãofossem ministros, diretor, presidente dessa ou daquela entidade,iriam, naturalmente, pressionarno sentido de derrubar o Parlamento.
JC - Qual a sua opinião sobreas eleições municipais deste ano eseu reflexo em relação às eleiçõespara presidente da República nopróximo ano?
Francisco Diógenes - O Brasilestá tendo muitas eleições. Masa democracia só se faz através deeleições. Acredito que as eleiçõesmunicipais vêm realmente identificar praticamente os candidatose os partidos que irão certamenteeleger o seu futuro presidente.
JC - Como está o Acre?
Francisco Diógenes - O Acreestá bem. Politicamente, o meupartido, hoje, no Acre, apesar desó ter eu como deputado federal,estamos liderando lá nas pesquisaspara a candidatura de prefeitos,tanto nos municípios de Cruzeirodo Sul e Mâncio Lima, como nacapital, que é Rio Branco. Vamosenfrentar essa campanha soberbamente, altaneiramente, e esperamos sair vitoriosos, pelo menosem sete municípios lá do nosso estado.
JC - Deputado, encerrada aConstituinte, que Constituição teremos?
Francisco Diógenes - Teremosuma Constituição progressista, àaltura dos anseios do povo brasileiro. Alguns erros, ou algumaspropostas, que estão inseridos naConstituição atual, serão certamente suprimidos agora no segundo turno, de forma que VaInOS teruma Constituição que, na média,vai ser boa.
truir bastante neste país, onde háuma defasagem muito grande detécnicos. O que se vê na Europaé o técnico e o doutor trabalhandoem nível salarial próximo um dooutro. Aqui, há uma defasagemsalarial muito grande, há uma discriminação com o técnico, de modo que precisamos formar maistéCnICOS e também, fortalecer oensino fundamental básico, que éuma matéria pela qual venho medebatendo por muito tempo naminha vida.
JC - É favorável a que o Congresso Nacional aprecie as concessões de rádio e de televisão?
Francisco Diógenes - Há, porsinal, emenda de nossa autoria,para que as concessões sejam dadas pelo Executivo e apreciadaspelo Congresso Nacional. Achoque é muito justo isso, porque oCongresso Nacional, como a Casado povo, tem como resolver, analisar e julgar as concessões concedidas a esse ou àquele grupo.
JC - Na áreada ciênciae tecnologia, o que destacariano novo texto?
Francisco Diógenes - Eu destacaria a livre iniciativa da ciênciae tecnologia, porque entendo 'luea ciência e a tecnologia não temfronteiras. Votei contra e sou contra a reserva de mercado. O Brasilestá defasado mais de 50 anos emtermos de-tecnologia. Não podemos e não temos condições decompetir no mercado internacional se não abrirmos a nossa fronteira para o desenvolvimento tecnológico.
JC- Deputado, como vê a reforma tributária, aprovada no primeiro turno?
Francisco Diógenes - Ela deixa, de certo modo, o governomeio canhestro, porque os recursos são repassados para os estados, beneficiam os municípios.Entendo que a união dos municípois é que forma o estado, que forma a nação, mas o governo ficapraticamente desprovido de recursos para as grandes obras federais,que ele tem necessariamente defazer para desenvolver este país.
JC - Deputado como está omomento político atual?
Teremos umaConstituiçãoprogressista,à altura dosanseios do
povo. Algunserros serãocertamentesuprimidosno segundo
turno devotação
JC - O que acha do projeto deeducação aprovado pela Assembléia Nacional Constituinte?
Francisco Diógenes - É razoável. Não é tão bom quanto o quese esperava, até porque todos osrecursos vêm englobados, ou seja,18% foram englobados para aeducação, e hoje sabe-se - e éuma palavra muito usada, o lobby- que as universidades têm equipes de planejadores, de lobistas,até de reitores influentes e de estados fortes, como São Paulo, MinasGerais, Rio de Janeiro, Bahia.Enfim, esses grandes estados conseguem arrancar maiores recursospara a educação e para as suas universidades, em detrimento do ensino fundamental básico. Não foientão caracterizado na nossaConstituição, como o foi na Constituição de 1946, os recursos parao ensino fundamental básico. Aquantia total é de 18%, mas poucovirá para a educação do ensinofundamental básico e sim para osníveis superiores.
Não vão para as escolas profissionalizantes, que temos que cons-
ADIRPlWtlliam Prescotti\--:\
Diógenes: democracia só se faz através de1deições
estamos atravessando no momento. Por tudo isso, penso que o governo tinha que compatibilizaressa situação, levando para aquelesempresários que realmente aplicaram, desenvolveram e que produziram uma anistia total, de certomodo prolongando ou prorrogando esses prazos ou mesmo congelando essa dívida a nível de hoje,dando um prazo de seis meses aum ano para que se reconstituame façam os pagamentos devidosdas suas dívidas junto aos bancos.
JC - Uma preocupação muitogrande do deputado é com o ensinofundamental. Por quê?
Francisco Diógenes - Entendoque um país, uma nação e um Estado só podem desenvolver-seatravés da educação. Critica-semuito a universidade hoje. Segundo alguns, ela está preparandomaus técnicos - está aí o mercadode trabalho para comprovar isso-, pois os técnicos se formam enão conseguem o devido emprego. Isso vem em função do ensinofundamental básico. Hoje, o primário, o pré-primário, a pré-escola, o ginásio, todos, enfim, estãodespreparados de professores, dematerial didático e de salas de aulacompatíveis para que se realize aformação do Jovem condignamente. Existem municípios como umdo interior de Alagoas, que tem88% da sua população de analfabetos. São dados fornecidos pelaONU. Em outros cantos, no Acre,na Amazônia, onde os professoressão mal remunerados, chegam alguns a ganhar l1!enosde um saláriomínimo. Como exemplo, posso citar os municípios de Mâncio Limae Cruzeiro do Sul, onde os professores ganham 500 cruzados pormês.
A formação desses jovens é precaríssima, até fora de comentário.Não há estímulo para que o jovemfaça o seu segundo grau com plenitude, para que no futuro ingresse,até através de seu próprio esforço,em uma universidade. Por isso éque defendo o ensino fundamentalbãsíco, porque acredito que sóatravés do seu fortalecimento éque se pode, realmente, construiruma comunidade educacionalmais forte, mais coesa, mais humana e mais justa, que tenha aplicabilidade no futuro.
"Defendo o ensino fundamental básico porque acreditoque só através do seu fortalecimento é que se pode, realmente, construir uma comunidadeeducacional mais forte e maisjusta, que tenha aplicabilidadeno futuro". A afirmação é doconstituinte Francisco Diógenes (PDS - AC), lembrandotambém que os recursos nãovão para as escolas profissionalizantes, "que temos de construir bastante neste país, ondehá uma defasagem muito grande de técnicos". Ele consideraacertada a medida que determina que as concessões de rádio e televisão sejam dadas pelo Executivo e apreciadas peloCongresso Nacional. Diógenesé contra a reserva de mercado,argumentando que o Brasil está defasado mais de 50 anos emtermos de tecnologia.
JC - Deputado, um dos assuntos mais polêmicos, nà parte dasDisposições Transitórias é a questão da anistia fiscal às microempresas. Como analisa a questão?
Francisco Diógenes - Infelizmente, o Brasil, que se diz umpaís capitalista, na verdade não oé. Se assim fosse, não estaríamosenfrentando problemas desse tipohoje, porque este país privatiza oslucros e socializa os prejuízos. Haja vista que todos os bancos quefizeram essas concessões de empréstimos tiveram lucros. E sempre, ao longo da história brasileira, os bancos foram as empresasmais lucrativas neste país - é umbom negócio quando mal administrado, razoavelmente administrado e bem administrado, mas sempre foi um bom negócio, até porque o governo, quando os bancostêm problemas, os socorre atravésdo Banco Central, com recursospara sanear a sua saúde financeira.Agora seria a oportunidade de ogoverno transferir esses problemas para os bancos, e o que vemosatualmente é o governo assumindo essa posição e até oprimindoasociedade no sentido de que consulte ou pressione os seus constituintes para que não seja votadaa anistia fiscàl, uma vez que, seisso ocorrer, o governo irá buscarrecursos, é lógico, na própria sociedade, isto é, criando empréstimos compulsórios - como Já vimos ne~e período - e aumentando o Imposto de Renda e empréstimos compulsórios sobre osbens de primeira necessidade e atéde supérfluos, como é o caso decarros, uísque, perfume e uma série de outros bens, quando, na realidade, já se poderia ter tomadouma providência com relação àanistia fiscal.
Existem tantos pequenos e médios produtores que desviaram recursos recebidos dos bancos paraaquisição de automóveis, apartamentos e viagens como outrosque, até por incompetência, nãoaplicaram devidamente esses recursos. Mas, uma grande maioriadesses pequenos e médios empresários aplicaram devidamente osrecursos, e uma política desastrada, que veio através do Plano Cruzado, levou esses pequenos e médios empresários à situação que
Jornal da Constituinte 11
Camata apóiaa reformatributária
ADIRPlReynaldo Stavaleque é subordinado ao programado partido.
JC - Senador, há um temor deque, no segundo turno de votações,alguns avanços alcançados na primeira fase sofram um retrocesso.Acredita nessa possibilidade?
Gerson Camata - Não acreditoporque aquilo que foi concedidoou conquistado dificilmente poderá ser retomado. Explico. Poderiahaver algumas correções em alguma coisa excêntrica que fosse atéestapafúrdia, extemporânea, como por exemplo, tabelar juros naConstituição. Acredito que não éo objetivo principal, e é uma coisapossível de ser feita, pois isso ]l0(leria até desmoralizar a nova Carta. Há um ou outro pequeno reparo em coisas que não são própriaspara uma Constituição. Por exemplo, acho que as garantias individuais, garantias da coletividade,garantias do cidadão, garantias-dos trabalhadores são imutáveis,porque elas se consolidaram rapi(lamente. Não porque foram conquistadas agora. Mas porque sãoreivindicações que se estendiamao longo de 20 ou 30 anos, e agorase solidificaram.
JC - Em sua opinião, queConstituição teremos?
Gerson Camata - Vamos teruma Constituição mais avançada,principalmente no capítulo dos direitos dos trabalhadores, dos direitos individuais; uma Constituição com maior participação da população porque maior volume derecursos estará próximo de ondeserão aplicados: os estados e municípios. Uma Constituição quenão fará qualquer milagre - achoque a população, no início, pensava que todos os problemas do Brasil seriam resolvidos quando promulgada a Constituição. A população, hoje, já sabe que a Constituição é um caminho, um instrumento, um norte para que comecemos a resolver nossos problemas, não sendo uma varinha mágica.
Virá depois, a legislação complementar. Acho que teremosuma Constituição bem melhor,que garantirá um longo períodode sobrevivência das instituições,com caminhos que terão que serperiodicamente corrigidos, masque são normais, já que a sociedade é dinâmica e toda legislaçãoe aparato legal precisam ser tãodinâmicos quanto à sociedade.
JC - Para encerrar, como estáo seu estado, o Espírito Santo?
Gerson Camata - O estado doEspírito Santo, no conceito dos estados brasileiros, se agigantoueconomicamente - estado queteIll apenas 45 mil km", uma unidade federativa muito pequena.Quando olhamos o mapa do Brasil, vemos que ele é territorialmente pequeno, mas quando vemoso mapa econômico do Brasil, é umestado que se agiganta. Hoje, porexemplo, é o segundo maior produtor de café do Brasil, o maiorprodutor de mármore, o segundoprodutor de cacau. Tem o maiorcomplexo portuário do Brasil e,comparando-se o tamanho do seuterritório, tem a maior e mais extensa rede viária do Brasil. É osegundo estado em matéria depropriedades eletrificadas do Brasil e o terceiro produtor de aço.
Tudo isso da ao estado uma situação econômica mais ou menossólida, com boas perspectivas parao futuro. Acho que com a Constituição, com a desconcentraçãoeconômica que teremos, o estadoterá um período de desenvolvimento e crescimento.
Vamos ter umaConstítuíçãoavançada nocapítulo dosdireitos dos
trabalhadores,dos direitosindividuais.
Uma Cartacomparticipação
maior dasociedade
Camata: sou favorável a candidaturas avulsas
com ele mesmo. Acho que é bom,e é necessário, que ele se depureou se extinga, e normalmente todas as novas facções irão sair dedentro do gigante PMDB. Eucreio que, se certa vez o bicho quecomeu a Arena estava dentro daArena, o bicho que vai comer oPMDB está dentro do PMDB. OBrasil precisa de uma estruturapartidária mais sólida. Dois fatores são necessários para uma democracia estável: pnmeiro, a matéria-prima da democracia, o cidadão fiem-informado, o cidadãocom cultura e com capacidade dedecidir bem; segundo, partidosque representem bem esses cidadãos conscientes.
Acho que há dois processos quea Constituinte proporcionou, através da ampla participação popular. Primeiro, e que começa a sociedade a se organizar. Uma sociedade organizada é que vai gerarpartidos estáveis, partidos com linhas programáticas. Enquantonão houver uma base, os partidosainda vão bater cabeça.
Outro problema que a Constituinte esqueceu, no meu entender, foi o de permitir as candidaturas avulsas. Qualquer cidadão,ao pretender ser candidato a qualquer posto eletivo, deveria ter odireito de comparecer ao juiz eleitoral, registrar a sua candidaturae apresentar-se diante da opiniãoptíblica, sem o ônus de pertencera partido político. Esse fator, embora pareça que desagregue o partido político, na verdade, é um fator se se estabelece a comparaçãoentre candidatura avulsa, que nãotem compromisso com partidos esó com a comunidade, e o candidato do partido político compromissado.
Quando a sociedade começa afazer essa diferenciação, ela começa a solidificar os partidos porqueela tem um parâmetro para compª,rar a ação daquele que não ésubordinado ao partido e aquele I
JC - Senador, previu-se queapós a promulgação da nova Cartahaveria uma reformulação partidária, o que já está acontecendo agora. Como acha que vai ficar o quadro partidário?
Gerson Camata - Acho que aConstituinte não vai assim estabelecer um caospolítico, partidárioe ideológico. Ela foi um laboratório onde principalmente oPMDB foi um partido praticamente artificial, inclusive que veiopor duas vezes artificial na épocado bipartidarismo. E, depois, nasmudanças que vieram com a eleição de Tancredo Neves e José Sarney, o PMDB, então, dentro desse princípio, entrou em choque
Melhor dirigidos, vão gerar frutosde desenvolvimento e progresso,crescimento social, maiores paratoda a população.
JC - Senador, o assunto polêmico do momento é a anistia fiscalaos microempresários, pequenos emédios produtores rurais.
Gerson Camata - A anistia sedeve exatamente à pouca sensibilidade com que o governo viu oproblema quando ele era ainda pequeno. Terminado o Plano Cruzado, o governo cuidou de resolveros problemas que o desastradoPlano Cruzado causou a ele, governo. E se esqueceu que esse pIano tinha causado enormes prejuízos e danos a toda a sociedade brasileira. O governo se preocupouem resolver os problemas dele, enão se preocupou em resolver osproblemas da coletividade. Se elefosse resolver em fevereiro do anopassado, e logo após o fim do Plano Cruzado, eles seriam problemas pequenos e, facilmente, poderiam ser resolvidos. Essas dívidas foram se acumulando, tomando-se impagáveis àqueles que tomaram recursos no período doPlano Cruzado, e isto agora tornou-se um problema. E o queacho que está acontecendo, quea.sociedade, não conseguindo absorver o problema, o está transferindo para o governo.
Há necessidade dessa anistia.Acho que as emendas são justas.Mas o que me preocupa são doisaspectos. Primeiro, são as pessoashonestas e sérias, por exemplo,conheço várias e que, tendo umapequena propriedade, venderama propriedade para saldar a dívida.Quer dizer, a anistia não vai devolver os bens dessas pessoas que foram honestas e os venderam parapagar o que era seu. Em compensação, as gue não pagaram, algumas por dificuldades, outras nãotanto por dificuldades, vão serpremiadas. Acho que a emendadeveria prever era a possibilidadede um exame de caso a caso.Aqueles que, efetivamente, vãoperder os seus bens, mereciam essa anistia. Aqueles que têm muitosbens, têm uma certa capacidadede pagamento, pagariam de acordo com a sua capacidade de pagamento. E o governo, por seu lado,teria uma maneira de absorver isso.
Ouvi dizer, há pouco tempo,que havia um entendimento, porparte do Ministério das Minas eEnergia, no sentido de retirar ocompulsório sobre os combustíveis. Poder-se-ia usar o compulsório durante uns dois anos, aoinvés de retirá-lo, para que o compulsório estabelecesse um fundoque pudesse fazer com que essagente voltasse a trabalhar e a produzir, a pagar tributos, e a sociedade ganharia e, também, o governo e a coletividade inteira. Enão ficaria o peso do pagamentodessa dívida sobre os assalariadosapenas.
Com a experiência de ex-governador do Espírito Santo, oconstituinte Gerson Camata(PMDB) considera ótima paraos municípios e boa para os estados a reforma tributáriaaprovada pela ANC. A preocupação com uma possível crise econômica da União deveráser evitada, segundo Camata,através de dispositivos inseridos nas Disposições Transitórias que fixa o prazo de cincoanos para que também encargos sejam transferidos para osestados e municípios. Quantoà anistia fiscal, ele diz que faltou sensibilidade ao governo,que apenas se preocupou comseus problemas, esquecendose dos prejuízos causados à sociedade. Entre outros assuntos, Camata comenta a reformulação partidária e a situaçãoatual do Espírito Santo.
JC - Senador, na condição deex-governador do Espírito Santo,como analisa a reforma tributáriaaprovada pela Constituinte?
Gerson Camata - Acho queela foi muito boa para os municípios, aliás, ótima para os municípios e muito boa para os estados.Era uma aspiração velha tanto dosgovernadores quanto dos prefeitos. Havia, realmente, uma concentração enorme de recursos empoder da União, e me preocupo,sob certos aspectos, porque veioem hora em que a União atravessatambém dificuldades econômicofinanceiras muito salientes.
O temor é que, terminada a reforma em 1991, se a União nãoconseguir fazer a transferência,ela irá enfrentar problemas muitosérios para a sua própria manutenção. O presidente José Sarneyanunciou outro dia que o estadobrasileiro, praticamente, se esgotou no atendimento de suas necessidades mínimas. E um saque de25% da receita, nesse momento,pode ser problemático se nãoocorrerem transferências tambémde competências para os estadose municípios. Algum problemamuito sério para a União pode gerar uma crise econômica e talvezuma crise institucional.
Entretanto, está nas Disposições Transitórias o dispositivo quedeve ser aprovado por esses dias,exatamente disciplinando e dandoo espaço de cinco anos, quer dizer,praticamente o espaço em que seconsubstanciassem as transferências, para que encargos sejamtransferidos aos estados e tambémaos municípios. Acho que feito isso, quem ganha muito é a população, porque um volume maior derecursos fica perto do povo. Querdizer, mais próximo da decisãodos eleitores e contribuintes. Nomunicípio eles poderão, num determinado momento, dirigir melhor a aplicação desses recursos.
12 Jornal da Constituinte
Devemos amparar o aluno carente
Oliveira Lima: a escola brasileira se notabilizou no exterior pelo número de greves
o constituinte Agripino deOliveira Lima (PFL - SP) gostou do projeto de educaçãoaprovado pela ANC, por proteger o ensino público sem desfazer do ensino privado. Eleargumenta também que "o dinheiro público deve atender aoaluno carente, independentemente da escola que estiver estudando" e considera insuficientes as bolsas de estudo distribuídas pelos deputados.
JC - Que análise o deputadofaz do projeto de educação aprovado no primeiro turno pela Assembléia Nacional Constituinte?
Agripino de Oliveira Lima - Ameu ver, o projeto aprovado nesteprimeiro turno pela Constituinte,no campo educacional, foi muitobom, pois considerou o ensino público sem desfazer, dando forçae ênfase ao ensino privado. Agora, o meu pensamento é que asverbas púbhcas, que são vultosaspara o ensino público, não estãosendo bem aplicadas. Haja vistaque temos em escolas federais umprofessor para deis alunos. Quando isso nem nos Estados Unidosacontece. Na área da saúde, nosEstados Unidos, que é um país rico, um país desenvolvido, lá temse um professor para dez alunos,doze alunos, na área médica, naárea odontológica, na área farmacêutica. Aqui, no Brasil, nós nosdamos ao luxo de ter um professorpara dois alunos. Então, ISSOencarece demais o ensino. Prova é queestamos gastando este ano 220 bilhões de cruzados com o ensinoe ainda se pedem mais verbas parao ensino público. O que temos dever é a aplicação correta dessasverbas, porque temos quase 30 milhões de brasileiros analfabetos edestinamos 96% das verbas federais ao 3° grau.
Veja que estamos funcionandoerrado na área educacional. E, sepudéssemos corrigir essa falha lastimável, poderíamos dar um atendimento muito maior aos estudantes de 3° grau, porque no Brasilacontece um fenômeno assim curioso: os alunos ricos estudam nasescolas públicas e os alunos pobresestudam nas escolas privadas, nasescolas particulares. Além de elesterem de trabalhar o dia todo, têmde pagar ainda o curso noturnode 3°grau. Acho que isso está errado. Apesar de que os constituintesde esquerda defendem este pontode vista, verbas públicas só paraescolas públicas, eu penso diferente. Acredito que dinheiro públicodeve atender ao aluno carente, independentemente da escola queestiver estudando.
JC - E quanto à destinação derecursos por parte dos estados emunicípios para o ensino gratuito?
Agripino de Oliveira Lima Há questão de 20 anos, os municípios participavam muito da educação do primeiro grau. Depois, oEstado foi assumindo essa responsabilidade e os municípios foramse afastando. Foram aplicandosuas verbas em outros setores,apesar de que existe ainda umaobrigação funcional de os municípios aplicarem 20% de sua receitana"educação do 1° grau. Mas elesdesviam essas verbas para parte
esportiva, merenda escolar e outros setores. em vez de aplicá-lasestritamente na área educacional,na área de 19 grau.
Mas com essa redistribuição,com essa participação mais diretados mUllicípio!; !'lestados com 25%de suas receitas para educação,vejo com bons olhos. Mas sempredizendo que essas verbas devemser bem aplicadas, bem canalizadas e bem fiscalizadas, para que.atinjam sua função a que foramdestinadas e não sempre obedecendo ao caráter político, ao caráter ideológico que muitas vezes sedivorciam das reais necessidadesda nossa Nação e da educação.
JC - Havia dois projetos conflitantes antes da votação: um, patrocinado pelo Centrão, que privilegiava de certa forma o ensino privado, e o projeto da Sistematiza-oção, favorecendo o ensino público.O deputado acha que o acordo firmado foi justo?
Agripino de Oliveira Lima Não, foi um acordo, assim, razoável. A meu ver, acho que o Centrão queria o seguinte: que essasverbas públicas fossem destinadasa bolsas de estudo para os alunoscarentes de 3°grau. Era mais isso.E a Sistematização já havia corta-
do essa parte. As verbas públicassó para escolas públicas e não paraas escolas particulares e nem tampouco para os alunos carentes de3° grau das escolas públicas.
Ficaríamos praticamente sembolsas de estudo para os alunosde 3°grau, que por sinal são muitopoucos. Os alunos de 39 grau dasescolas particulares o que conseguem, o pouquinho que conseguem, do governo, são bolsas deestudo reembolsáveis. Mas bolsade estudo mesmo, gratuita, essesalunos não têm conseguido. Temsido muito pouco.- O gue"o MEC distribuiu aí,atraves dos deputados, é mais oumenos um milhão de cruzados porano, o que é praticamente insuficiente. Daria para atender a uns20 alunos, no máximo, cada constituinte, cada deputado. Então, deforma que seria muito pequena.E as bolsas de estudo distribuídastambém para o 2°grau são pequenas, porque correspondem a 3 ou
Penso que asituação doensino nopaís está
muito difícilporque nas
escolaspúblicas ocusto estácrescendode forma
assustadora
4 mil cruzados por aluno. Isso nãodá nem para pagar 50% de ummês que o aluno paga na escola.E muito irrisório.
JC - Na qualidade de reitor daUniversidade do Oeste, de Presidente Prudente, São Paulo, comovê a atual situação do ensino universitário no Brasil?
Agripino de Oliveira Lima - Asituação do ensino do país estámuito difícil, porque nas escolaspúblicas o custo está crescendo assustadoramente. Existem as reivindicações dos professores, dosfuncionários que mantêm essas escolas praticamente paradas, emconstantes greves, como estamosvendo aí. A escola brasileira senotabilizou no exterior pelo número de greves. Isso é muito ruim,porque os alunos vão ter uma freqüência muito pequena - três,quatro meses por ano, e depoissempre dão um jeitinho de os alunos passarem, para que não haja
maiores transtornos, inclusivecontra os próprios professores.
E na escola particular o governoestá concedendo a URP para osfuncionários e para os professorese o repasse para os alunos. Masacontece também um fato estranho, porque os funcionãrios e professores mantêm-se nós empregos, porquanto estão recebendoum aumento salarial. E com osalunos, que têm de ter o repassedas suas anuidades, o que acontece? Abandonam a escola, porque não podem pagar. Então, háuma evasão muito grande na escola particular, e, principalmente,na escola de 3° grau.
JC - O deputado considera estatizante o texto aprovado até omomento?
Agripino de Oliveira Lima De modo geral, ~cho que houveum progresso assim muito exagerado para esta parte estatizante.Procurou-se um protecionismopara o povo. Mas isto é justamentepela formação da nossa Constituinte, que é formada por políticos, por deputados e senadores,e esse pessoal procura fazer aquium pouquinho de política, um
pouquinho de demago gia d e n t r o d aConstituinte. Procuram agradar os seuseleitores, para quepossam ser reconduzidos na próxima
eleição. Isso atrapalhou bastante.Esta Constituição vai ser um pouquinho protecionista. E o que estamos vendo aí é que o nosso paísestá se enterrando na economia.Estamos entrando num atoleiroterrível econômico, difícil de sair,porque o brasileiro está querendo- são os lobbies constantes queestamos vendo aqui -, está querendo um pouquinho de vantagens, de benefícios, e produzirmesmo são poucos os que estãotrabalhando. De acordo com a estatística que eu vi há questão decinco anos, só 20% da populaçãobrasileira trabalha. Mas, do jeitoque estamos vendo e sentindo ascoisas, podemos dizer que só 10%da população trabalha e produz.
JC - A sociedade está descrentedos partidos políticos, deputado?
Agripino de Oliveira Lima Sem dúvida, o povo está descrentedos partidos. Eu, que nunca fuiapaixonado de partidos políticos,'
sempre defendi posições .assim,enaltecendo mais a figura humana, o homem, o cidadão, aqueleque já mostrou que trabalha, corihece e pode oferecer alguma coisa à Nação. Em São Paulo, porexemplo, tivemos a campanha de1982, e eu, pertencendo ao Partido da Frente Liberal, apoiei Antônio Ermírio de Morais, independente de ele estar nesse ou naquele partido. Naquela época, ele fezopção pelo PTB, mas eu o apoiei.Por quê? Porque eu via nele umhomem de visão, capaz, inteligente, trabalhador, e penso que assimé que o povo deveria ver e escolheros seus dirigentes, os seus representantes. Vimos, agora, umexemplo, há questão de uns dias,na França, em que o povo esqueceu-se dos partidos e escolheu oshomens. E esse pensamento, esseraciocínio é o que eu já venho desenvolvendo ha muito tempo nasminhas campanhas, lutando paraque o povo escolha sempre o homem apropriado para um determinado cargo, e nunca o partido,porque num partido como oPMDB, que era um partido dominante e que fez 54% dos elementos da Constituinte, e que está tomando conta do Brasil todo - emmais de 5 mil prefeituras ele detém95%. Nos governos dos estados,detém quase todos. Apenas o deSergipe pertence a outro partido.São todos do PMDB. O povo seiludiu com uma pregação de longadata e votou, em massa, noPMDB, e o que estamos vendoaí é o caos.
Hoje o próprio PMDB não seentende, está dividido. Você vêque o senador Fernando HenriqueCardoso saiu do partido, bem como Mário Covas e José Richa, evão abrindo, porque se se concentrarem todos num partido, umpartido que inchou, com um munCio de ideologias dentro do mesmopartido, e um partido que se tornou, no governo, fisiológico, oque aconteceu? Está explodindo.E assim. E se escolhermos verdadeiramente homens capazes, nãovai acontecer nada disso.
JC - Deputado, as eleições municipais deste ano constituem-se naante-sala das eleições presidenciaisdo ano que vem. O senhor é favorável à realização das eleiçõesmarcadas para este ano?
Agripino de Oliveira Lima - OCongresso aprovou as eleiçõesmunicipais, Estamos dependendoda"homologação do presidente daRepública e ele parece que estáem dúvida se vai homologar ounão, mas sou perfeitamente favorável à realização das eleições,porque elas vão ter um preparo,para que possamos escolher, anoque vem, o presidente da República. Do jeito que está, não poderíamos ter eleições para presidente da República este-ano, porque,como já disse, o país todo esta namão de um partido, do PMDB,de norte a sul, de leste a oeste.Este partido teria uma influênciamuito grande na eleição do presidente da República, se fosse realizada este ano. Mas para o ano quevem, e com a mudançadas prefeituras, dos prefeitos neste ano de1988, então creio que poderemoster um presidente da Repúblicasaído mesmo, representando mesmo a ahna do povo brasileiro, deum modo bem misto.
Jornal da Constituinte 13
•Governantesprecisam ser
~ .responsavets
JC - Que análise faz do textoaprovado até agora?
Oswaldo Almeida - O texto teve conquistas válidas e pontos frágeis e que nada mais são do queo reflexo do povo que somos.Quer dizer; o nosso Congresso, onosso Parlamento Constituinte serenovou em quase 70%, passandopor um período de estagnação política, vamos dizer assim, em termos de lideranças, etc. Então, essas manifestáções que aí estão,com aberrações, com excessos,com omissões e com falhas, sãoexatamente o reflexo daquilo quesomos. Tenho a tranqüila convicção de que a partir de agora, mesmo na legislação complementarque aí vem, ou até já no própriosegundotUTllO,ValllOspodercorrigir alguns excessos, enxugar essaConstituição e aperfc::içoar. o seutexto, para que ele seja mais compatível com o que deve ser uni texto constitucional e com o que éa nossa realidade, com aquilo queé mais importante, que deverá sero nosso futuro. Não tenho dúvidasde que estamos amadurecendo.
Eu, por exemplo, sou um político de pouco mais de dois anose estou amadurecendo dentro docampo político exatamente parabuscar, vamos dizer assim, umaforma sensata de estabelecermosum modus faciendi da política, deacordo com aquilo que verdadeiramente somos. Não queremosaqui, de forma alguma, uma Constituição à la Inglaterra, pois o povobrasileiro ainda difere muito do inglês, ou do americano, ou do alemão. Temos que fazer alguma coisa compatível com o que somose, à proporção que evoluímos, vamos adequando as nossas leis, anossa Carta para a nossa realidade.
JC - Como vai o seu estado, oRio de Janeiro?
Oswaldo Almeida - O Rio deJaneiro está com problemas sérios. A minha região, o norte fluminense, está com seriíssimos problemas. O Rio de Janeiro aindanão perdeu a sua característica decorte, de capital da República tradicional. Isso tem sobremaneiracriado grandes dificuldades na administração estadual. E nós, quesomos uma região interiorana doRio de Janeiro, ficamos, de certomodo, afastados de um grande número de decisões que são importantes para nós. Somos daquelesque acreditam que o grande objetivo hoje deverá ser fortalecer ointerior, para que nós, os que láestamos, lá permaneçamos, e paraque os que de lá saíram por faltade oportunidades, para lá retornem, de modo que possamos desinchar os grandes centros e fortalecer o interior, criando oportunidades, uma equalização, para todos aqueles que querem ter umavida mais tranqüila, sem os granJdesproblemas da grande cidade.
Estamos vendo a todo momento os problemas das favelas do Riode Janeiro, como a da Rocinhae de Santa Marta. Isso ocupa àsvezes uma página inteira de umjornal, falando sobre a Rocinha,deixando de se falar sobre umacrise que, porventura, esteja ocorrendo no norte fluminense, colocando a perder toda uma safra decana-de-açúcar, ou o problema dogranizo de Miracema, etc. Precisamos criar condições compatíveispara que equilibremos melhor oestado e possamos, a partir daí,aspirar a uma vida muito maistranqüila, muito mais consentâneacom as aspirações do cidadão comum fluminense.
o texto teveconquistasválidas e
pontos frágeise que nadamais são doque o reflexodo povo que
somos. Temosagora de
corrigir osexcessos
-~;\~=--Almeida: o PLfala urna linguagem moderna e objetiva .
bida, bem entendida e que criecondições de participação dessesdiversos segmentos i:Iinâmicos dopaís, porque é através deles quevamos conseguir resgatar este paísdesse estado de coisas.
Todos estamos conscientes dogigantismo, da dimensão e do potencial deste país. Não estamos sabendo como aproveitar isso tudo.E é exatamente através desse mecanismo de agremiações políticassaudáveis, falando uma linguagemsimples, mais entendível e exeqüível, que vamos poder ir ao encontro dessa nova sociedade que estáaí se formando.
JC - Deputado, o que o PL espera das eleições municipais desteano?
Oswaldo Almeida - Esperamos uma resposta bastante SIgnificativa. E estamos muito convencidos disto, porque o partido estátendo uma receptividade acimadaquilo que tínhamos projetado.Isto porque estamos falando umalinguagem muito simples, muitopé-no-chão, muito dentro da nossa realidade, e preparando políticos, através de nossos cursos demotivação de formação políticapara o cidadão comum, que precisa se estranhar dentro desse segmento político que se forma comele, cidadão, que é a célula de todaatividade política, e com istocriando condições para que a suaparticipação seja mais produtiva,mais objetiva, e, a partir daí, vamos formando uma geração, engajando jovens, a mulher, enfim,todos aqueles que têm de fato umaresponsabilidade dentro dessecontexto. A partir daí, não tenhodúvidas de que vamos ser muitobem-sucedidos, porque é essa alinguagem que o cidadão brasileiro quer e está precisando para setornar de fato um lhama; politicusneste país.
quais os políticos se esquecem ouprotelam as medidas; como foi ocaso do Plano Cruzado, para ganhar um momento que de repentepõe a perder toda a expectativade um povo, de uma sociedade.
Precisamos, de fato, falar essalinguagem moderna, atual, racional, objetiva, pragmática, envolvendo, tanto quanto possízel, pessoas novas em-política, representativas de 'segmentos vitoriosos 'Cbem-sucedidas da sociedade nacional. E é exatamente isto queo nosso partido está procurandofazer. E não queremos alçar vôo,subindo nas costas de quem querque seja, queremos caminhar nanossa linha própria, dentro deüma linguagem que seja bem rece-
ADIRPlWlIham Prescott
Oswaldo Almeida - É exatamente um despreparo. Naturalmente que o governo tem muitomais facilidade para chegar a possíveis números. Mas acredito queo tempo decorrido entre o convencimento do governo de que sairiaperdedor no caso de um confrontoe esses dias atuais, que estamosvivendo às vésperas da decisão, tenham sido insuficientes para queo próprio governo possa ter tidocondições de aferir esses aspectos.
Afora isto, existe uma série deoutros componentes que são de difícildimensionamento. E isso tudocompõe um quadro que, ao finalda história, resulta da irresponsabilidade de governantes que, aotomar tal ou qual decisão, comprometendo uma parcela ponderável da sociedade nacional no seutodo, não foram capazes de avaliar, de concluir que tal ou qualmedida era de tanta importânciapara o futuro do país. E a verdadeé que aqui estamos. Nós, que somos um país dito de improvisações, precisamos de cautela. Nãoque devamos ser britânicos emplanejamento, mas pelo menosresponsáveis, para que não se chegue a uma situação como esta.
Então, vamos evitar esse tipode coisa e vamos passar, daqui pordiante, a considerar as coisas comresponsabilidade, e, o que é maisimportante, diante do fato, vamosbuscar uma solução que seja compatível com os dois aspectos: o aspecto daqueles que foram levadosa uma situação constrangedora os microempresários e os pequenos e médios empresários rurais- e o do governo.
JC - Deputado, havia umaperspectiva de que após a promulgação da nova Cartahouvesse umareformulação partidária ampla.Mas ela já teve início. Qual a perspectiva de crescimento de seu partido, o PL?
Oswaldo Almeida - O que seobserva, exatamente, é que oPMDB foi O grande avalista e condutor das decisões políticas dos últimos tempos e entrou numa canoa furada. E o que estamos vendo é o que ocorre sempre nestepaís em termos de política: na horaem que se vê o furo na canoa,aqueles mais vivos, mais argutos,estão pulando da canoa e buscando outra legenda, porque nestaque aí está, em termos de voto,de credibilidade, estarão altamente comprometidos.
E o povo está, desde as últimaseleições, revelando, como já revelou, muita sensibilidade ou umasensibilidade um pouco acima daquilo que se esperava, e está sabendo escolher, mesmo com todaessa falta-de credibilidade, de confiança, e está querendo renovação, partidos políticos modernos,capazes de pautar sua linha dentrode uma realidade do país, falandocoisas sérias, que possam ser cumpridas, e não aquelas demagogias,aquelas promessas vãs, muito comuns em vésperas de eleições, das
JC - Qual a sua opinião sobreas emendas que tratavam da anistiafiscal?
Oswaldo Almeida - Acho queestamos em face de dois aspectosimportantes. O primeiro é exatamente o convencimento da sociedade nacional de que foram cometidos erros sérios, que estão comprometendo a vida, a saúde - vamos dizer assim - dessas pequenas empresas rurais e das microempresas, que são o suporte daatividade deste país. Por outro lado, em face desta ameaça, o governo também se convenceu deque há uma disposição dentro doplenário da Constituinte de aprovar essas emendas. E tal aprovação representaria, hoje, uma certaameaça ao equilíbrio econômicofinanceiro do país,
Diante destas' duas condições,pretende-se que a coisa deve caminhar para um entendimento, ondeseja reparado um erro e criadascondiçoes, dentro dessa correção,para que o país não sofra esse impacto. Mas temos que tirar dissotudo uma série de ilações. A primeira delas é que é preciso queos governantes tenham responsabilii:lade no uso de decisões e depolíticas que ao final de tudo aparecem como coisas forjadas, semresponsabilidade, e que vão comprometer o equilíbriç da nossa sociedade no futuro. E preciso queaqueles que criaram esse constrangimento, esta situação que estamos hoje vivendo, desgraçadamente, no país, sejam responsabilizados, para que não se comet~merros futuros e para que a SOCIedade possa ter um pouco mais deconfiança nos seus governantes.
De qualquer forma, acho queo bom senso vai conduzir as duasforças que estão buscando uma solução para que haja uma correçãosatisfatória para os dois lados. Eque disso tudo resulte esse exemplo, de modo que, futuramente,esses governantes tenham maisresponsabilidade no uso das decisões naquilo que representa anseios e das que traçam os destinosda coisa pública no nosso país.
JC - Deputado, um aspectoque causa estranheza é a disparidade dos números. O governo falaem até 750 bilhões de cruzados;já os constituintes, autores dasemendas, falam em números bemmenores. Como é possível avaliaressa questão?
o constituinte Oswaldo Almeida (PL - RJ) vê uma liçãonas emendas que concedemanistia fiscal às microempresase a pequenos e médios produtores rurais: "Que os governantes tenham responsabilidade no uso de decisões e de políticas que ao final de tudo aparecem como coisas forjadas eque vão comprometer o equilíbrio da nossa sociedade no futuro".
14 Jornal da Constituinte
AtRozca.\FeiJAõfÁBOM.
Né MARiA?!, \, p,
-
A Carta explicada em cartilhas
Paulo Neves
_IRMA PASSONI- Deputada Federal=
na história política do Brasil.' Etrabalhos como esse, da deputadapaulista, servem não apenas paradizer aos eleitores o que ela faz(apresentou nada menos do que222 emendas, 69 das quais aprovadas integral ou parcialmente),como também contribuem para aatenção permanente de significativas parcelas da comunidade aoque se faz na Constituinte. E issoé bom para quem escreve a futuraCarta, tanto quanto para aquelescujas vidas se regerão, dentro embreve, por novas normas destinadas a mudar a fisionomia da sociedade brasileira, preparando-a para o agora e para a virada do século.
momentos de sua vida. E afirma,em destaque, na última página,que "Constituinte pra valer temque ter direitos da mulher".
Um boletim inteiramente voltado para o trabalhador, mostrandoo que ele ganha com a nova Constituição, é outro dos trabalhos publicados por Irma Passoni, semprecom uma visão crítica da situaçãoatual. E aponta, também, aquiloque ela acha que foi uma perdapara os trabalhadores. Ela mostraos principais artigos aprovados,fazendo uma análise comparativae crítica. E adverte: "Se você, trabalhador, não continuar batalhando pelos seus direitos, poderemosperder tudo no 2° turno". "Também a questão da saúde mereceuda deputada um boletim especial,
-mostrando o 9,ue se aprovou e rei-terando que 'Saúde é direito de ..I-1- ---.
todos e dever do Estado". A propósito, ela apóia a formação doSIstema Uni co de Saúde, "quepermite uma organização mais racional em centenas de órgãos municipais, estaduais e federais", dividindo tarefas e coordenando entre si as atribuições em relação àsaúde. A mesma publicação destaca pontos positivos da futura Cartaem relação à educação.
Em síntese, o que Irma Passoniestá fazendo, com seus boletins,editados em formato de cartilhae mimeografados, é uma aproximação maior da Constituinte como seu princípio, meioe fim: a sociedade. Todos reconhecem que,em matéria de divulgação e de participação popular a atual Constituinte não encontra precedentes
-,;
Irma Passonirevive a
linguagem dosalmanaques
para mostrarcomo vai ser
a futuraConstituição.Textos curtos,
leves ediretos, comilustrações
descontraídas,abrem um canal
de diálogo,enquantoinformam
debatidas e aprovadas' na Constituinte. Através dessas publicações, milhares de pessoas podemcompreender melhor o sentido eo alcance de proposições e obtercondições de formar juízo de valorpara sugerir, criticar ou apoiar oque está sendo feito.
No boletim de número 1, porexemplo, Irma Passoni chama aatenção do leitor para artigos doprojeto de Constituição que, a seuver, merecem um exame especial.E assinala que a futura Carta trazalgo de novo para a sociedade. "Agrande reclamação do povo - diza deputada no preâmbulo do Boletim n° 1 - é de que nós nãotemos leis no Brasil; que são declarações de direitos, de boas intenções, mas que a lei não "pega",na prática não funciona. A grandeinovação desta Constituição é queela faz avanços em direitos, criae aperfeiçoa instrumentos jurídicos eficazes para que esses direitossejam "garantidos" na prática. Alei que vale".
Nessa mesma edição do informativo, a constituinte paulista fazuma síntese breve, mas bem explicativa para o leitor, dos principaisavanços da ANC em questões como o racismo, o tratamento aospresidiários, a cultura, a igualdadeentre os homens e as mulheres,o mandado de injunção, o habeasdata é outras. .
Outro boletim, destinado especialmente à mulher, informa aoleitor tudo o que a Constituintediscutiu e aprovou em relação àsituação feminina no lar, no trabalho, na sociedadee em todos os
Com ilustrações alegres e deboa técnica, onde as imagens, porsi mesmas, já valem como afirmações e como críticas, os boletinsde Irma Passoni atingem váriospontos do estado de São Paulo,sua base eleitoral, e chegam aossindicatos, associações comunitárias e outros círculos menos assistidos e menos informados da sociedade, de modo a que todos possam ver e entender as propostas
direito de todos e
~
*~
• IRMA PASSONIDeputada Federal
SAODE"SSE'MBLÉIA NACIONAL CONSTITrnNTE
"Deputado s.m. 1. Indivíduocomissionado para tratar de negõcios de outrem. 2. Membro eleitode assembléia legislativa". É assim que Aurélio Buarque de Holanda Ferreira define o que é umrepresentante do povo nas casaslegislativas. E essa definição éconfirmada, em sua atuação, peladep'utada constituinte Irma Passoni (PT -SP), que, além de "tratarde negócios de outrem", se dá aocontinuado exercício de colocar aparcela da população por ela representada, e toda a sociedade, apar do que faz na Assembléia Nacional Constituinte.
Para manter esse vínculo diretoe freqüente com o povo, Irma Passoni criou uma linha de publicações de caráter bastante singelo,didático, acessível a todos os níveisde entendimento. São os boletins produzidos por seu gabinete,'sob sua supervisão direta, destinados a levar ao público informações pormenorizadas sobre o queestá acontecendo na Constituinte,com enfoque todo especial paraaquelas decisões de natureza social, que, mais de perto, falam dosdireitos e deveres dos trabalhadores e, particularmente, das mulheres.
Jornal da Constituinte 15
ADIRP/Castro Júmor
Parlamentareschineses na ANC
Os aposentados voltaram àAssembléia NacionalConstituinte, às centenas,para acompanhar a votaçãode emendas de seu interesse,no capítulo das DisposiçõesGerais e Transitórias.Presentes à ANC desde oinício dos trabalhos,vindos de todos os pontosdo país, osaposentados acreditaram.E, ao final, conseguirammais uma significativaconquista, com a aprovaçãoda emenda que garantea revisão dos benefíciosde prestação continuada, demodo a que mantenham opoder aquisitivo. Alémdisso, obtiveram agarantia de que os projetosdos novos planosde custeio e de benefíciosterão de ser votadospelo Congresso até seis mesesdepois de promulgada a novaConstituição, e implantadosno prazo máximo de 18meses de sua aprovação.
O presidente Ulysses e odeputado Fernando Gasparian
recepcionaram, com almoço, osmembros da delegação do PC
chinês que visita- oBrasil aconvite do PMDB. Além de
encontros com autoridades doExecutivo e Legislativo, oschineses estão visitando o
projeto Carajás e as usinas -de Tucuruí e Itaipu.
Aposentadoslutam e ganhamnovos benefícios
REFORMA AGRÁRIA foi assunto da audiência que o presidenteUlysses Guimarães concedeu aos dirigentes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, da Campanha Nacional pelaReforma Agrária, da Comissão Pastoral da Terra e da AssociaçãoBrasileira de Reforma Agrária. Eles buscaram informações sobreas votações em segundo turno na Constituinte, a fim de definirema estratégia que utilizarão para assegurar direitos iguais aos trabalhadores urbanos e rurais e, ainda, de melhor caracterizar a propriedadeprodutiva para fins de reforma agrária.
ADIRPlBcnedlta Passos
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ADIRPlReynaIdo StavaIc
Profetas•previram
Minas unidaOs profetas do Aleijadinho,
que guardam o pátio damatriz de Congonhas do
Campo, criaram vida e sefizeram presentes à
•Constituinte para dizerque Minas Gerais é una
e indivisível,geográfica, política
e historicamente,E as paredes dos
corredores do edifíciodo Congresso foram
transformadas emgrandes painéis onde
se combateu aseparação do Triângulo.
Mineiros das demaisregiões do estado
saíram do seutradicional e
decantado silênciopara dizer Nãoà separação do
Triângulo.Traduzindo todo esse
sentimento de unidadehistórica, o mestre
das Minas Gerais, AfonsoArinos, foi à tribuna
lIO dia da votaçãoda emenda para
dizer que a divisãodo estado não quebraria
apenas a integralidadefísica de Minas: seriatambém uma ameaça
às instituiçõesbrasileiras, à democracia
e à unidade nacional,pois Minas Gerais foie é o fiel da balança.
Valeu oapelo de Afonso Arinos.
Valeu a lutaanti-separatista
dos mineiros.Minas Gerais continua una e
indivisível, como berço deTiradentes, de Milton Campos,
de Juscelino e de Tancredo.ADlRPlReynaIdo Stavale
16 Jornal da Constituinte