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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE ODONTOLOGIA RETRATAMENTO ENDODÔNTICO: AVALIAÇÃO DO SELAMENTO MARGINAL EM FUNÇÃO DA PRESENÇA DE RESÍDUO DE MATERIAL OBTURADOR E DO EMPREGO DE SOLVENTE. ELOI DEZAN JUNIOR Tese apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro para obtenção do título de MESTRE EM ODONTOLOGIA, área de concentração em ENDODONTIA.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

RETRATAMENTO ENDODÔNTICO: AVALIAÇÃO DO SELAMENTO

MARGINAL EM FUNÇÃO DA PRESENÇA DE RESÍDUO DE MATERIAL

OBTURADOR E DO EMPREGO DE SOLVENTE.

ELOI DEZAN JUNIOR

Tese apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro para obtenção do título de MESTRE EM ODONTOLOGIA, área de concentração em ENDODONTIA.

RIO DE JANEIRO1994

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

RETRATAMENTO ENDODÔNTICO: AVALIAÇÃO DO SELAMENTO

MARGINAL EM FUNÇÃO DA PRESENÇA DE RESÍDUO DE MATERIAL

OBTURADOR E DO EMPREGO DE SOLVENTE.

ELOI DEZAN JUNIOR

Tese apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro para obtenção do título de MESTRE EM ODONTOLOGIA, área de concentração em ENDODONTIA.

ORIENTADOR DR. HÉLIO PEREIRA LOPESCO-ORIENTADOR DR. ROBERTO HOLLAND

RIO DE JANEIRO1994

Eloi Dezan Junior Tese de Mestrado - 1994 ii

DEZAN JUNIOR, ELOI

RETRATAMENTO ENDODÔNTICO: AVALIAÇÃO DO SELAMENTO MARGINAL EM FUNÇÃO DA PRESENÇA DE RESÍDUO DE MATERIAL OBTURADOR E DO EMPREGO DE SOLVENTE.

v. 65 p.

TESE: MESTRE EM ODONTOLOGIA (ENDODONTIA)1 - RETRATAMENTO ENDODÔNTICO2 - SELAMENTO MARGINAL3 - SOLVENTE4 - RESÍDUOS

I. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - F. O.

II.TÍTULO

Eloi Dezan Junior Tese de Mestrado - 1994 ii

A DEUS PELO DIA A DIA E POR

PERMITIR O TÉRMINO DE

MAIS UMA JORNADA DE

MINHA VIDA SEMPRE COM A

ASSISTÊNCIA NECESSÁRIA DE

SEUS MENSAGEIROS, O MEU

SINGELO AGRADECIMENTO.

Eloi Dezan Junior Tese de Mestrado - 1994 iii

Aos meus pais Eloi Dezan e Ines

pela dedicação e afinco a que se

empenharam para a minha

formação, dedico este.

Ao Prof. Dr. Roberto Holland

pelo auxílio na elaboração deste

trabalho, pela amizade,

dedicação e afinco empenhados

no ensino e na pesquisa.

Ao Prof. Dr. Nicola Tancredo

(in memoriam), pela

oportunidade proporcionada.

Eloi Dezan Junior Tese de Mestrado - 1994 iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço, por diversas razões e auxílios às seguintes pessoas e instituições

(em ordem alfabética):

Alexandrina Maria Pereira, funcionária do Departamento de

Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia do Câmpus de

Araçatuba - UNESP.

Angela Cristine Alexandre, Odontolanda do ano de 1993 da

Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba - UNESP.

Angelina, funcionária do setor de pós-graduação da Faculdade

de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.

Cláudio Hideo Matsumoto, bibliotecário da Faculdade de

Odontologia do Câmpus de Araçatuba - UNESP.

Cleide Lemes Calzadilla, secretária substituta do Departamento

de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Araçatuba -

UNESP.

Cristina Dib dos Santos, Odontolanda do ano de 1993 da

Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba - UNESP.

Edson Luiz Scheneider, bibliotecário da Faculdade de

Odontologia do Câmpus de Araçatuba - UNESP.

Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba - UNESP.

Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro - UFRJ.

Prof. Dr. Geraldo Maia Campos, docente da disciplina de

Patologia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP

Eloi Dezan Junior Tese de Mestrado - 1994 v

Giseli Kátia Donini, secretária da Disciplina de Endodontia da

Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba - UNESP.

Helena Sumika Sanomiya Otsuki, bibliotecária da Faculdade de

Odontologia do Câmpus de Araçatuba - UNESP.

Dr. Hélio Pereira Lopes, Prof. Livre docente pela Universidade

Estadual do Rio de Janeiro - UERJ.

Hermelinda de Jesus P. Brefore, funcionária da Disciplina de

Endodontia da Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba -

UNESP.

Ivone Rosa de Lima Munhoz, bibliotecária da Faculdade de

Odontologia do Câmpus de Araçatuba - UNESP.

Prof. João Batista Elache Coelho, docente da disciplina de

endodontia da Universidade de Taubaté - UNITAU.

Prof. Ass. Dr. José Arlindo Otoboni Filho, docente da Disciplina

de Endodontia da Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba -

UNESP.

Jorge, funcionário do setor de pós-graduação da Faculdade de

Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.

Luzia Anderlini, bibliotecária da Faculdade de Odontologia do

Câmpus de Araçatuba - UNESP.

Maria Apparecida Carvalho, bibliotecária da Faculdade de

Odontologia do Câmpus de Araçatuba - UNESP.

Eloi Dezan Junior Tese de Mestrado - 1994 vi

Maria Helena Goméz Mendes, chefe de secretaria do setor de

pós-graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio

de Janeiro - UFRJ.

Prof. Ass. Márcio Lima Grossi, docente da disciplina de Prótese

Parcial Removível da Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba -

UNESP.

Prof. Ass. Dr. Mauro Juvenal Nery, docente da Disciplina de

Endodontia da Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba -

UNESP.

Nelci Vieira Dias, funcionária da Disciplina de Endodontia da

Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba - UNESP.

Neuza Angélica dos Santos, funcionária da Disciplina de

Endodontia da Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba -

UNESP.

Prof. Ass. Dr. Pedro Felício Estrada Bernabé, docente da

Disciplina de Endodontia e Md. Chefe do Departamento de Odontologia

Restauradora da Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba -

UNESP.

Sadako Fujino, bibliotecária da Faculdade de Odontologia do

Câmpus de Araçatuba - UNESP.

Sylvia Helena Guimarães, secretária do Departamento de

Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia do Câmpus de

Araçatuba - UNESP.

Sueli Satomi Murata, estagiária junto à Disciplina de Endodontia

da Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba - UNESP.

Eloi Dezan Junior Tese de Mestrado - 1994 vii

Prof. Dr. Valdir de Souza, docente da Disciplina de Endodontia

e Md. Diretor da Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba -

UNESP.

Valéria de Queiroz Marcondes, secretária do Departamento de

Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia do Câmpus de

Araçatuba - UNESP.

Prof. Wantuil Araújo Filho, prof. do curso de Especialização em

Endodontia da Policlínica do Exército do Rio de Janeiro e mestrando

(Endodontia) da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio

de Janeiro - UFRJ.

Prof. Adjunto Wilson Galhego Garcia, docente do Departamento

de Ciências Fisiológicas da Faculdade de Odontologia do Câmpus de

Araçatuba - UNESP.

Eloi Dezan Junior Tese de Mestrado - 1994 viii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1

2. REVISÃO DA LITERATURA 3

3. PROPOSIÇÃO 9

4. MATERIAL E MÉTODO 10

MATERIAL E INSTRUMENTAL UTILIZADOS 18

5. RESULTADOS 21

6. DISCUSSÃO 42

7. CONCLUSÕES 56

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 57

RESUMO 64

ABSTRACT 65

Eloi Dezan Junior Tese de Mestrado - 1994

Introdução

RETRATAMENTO ENDODÔNTICO: AVALIAÇÃO DO SELAMENTO MARGINAL EM FUNÇÃO DA

PRESENÇA DE RESÍDUO DE MATERIAL OBTURADOR E DO EMPREGO DE SOLVENTE.

INTRODUÇÃO

Apesar do grande índice de sucesso da moderna terapêutica

endodôntica, algumas vezes pode-se deparar com casos onde o êxito

almejado não é satisfatório.

Diante de tal situação o profissional deve utilizar seus

conhecimentos, a fim de solucionar o ocorrido, logrando desde logo a

eliminação desses sinais e sintomas, na busca de uma situação favorável e

compatível com o processo de reparo..

Cabe ao profissional, o correto diagnóstico, através da bagagem de

conhecimentos adquiridos com os anos de estudo e prática endodôntica,

ponderando sempre em verificar qual pode ser a melhor solução para o caso

a ser elucidado.

Na interpretação correta desses achados a solução cabida pode

levar à reintervenção no endodonto ou ao retratamento do canal radicular,

que vem se tornando procedimento, não raro, de futuro promissor na

terapêutica endodôntica atual.

O retratamento consiste basicamente em realizar-se o

esvaziamento, a reinstrumentação e a reobturação do sistema de canais

radiculares do elemento dental em questão.

1

Introdução

O intuito do retratamento endodôntico objetiva corrigir porventura

falhas existentes quanto ao limite, vedamento e homogeneidade do material

obturador, observadas pela uniformidade e radiopacidade da imagem

radiográfica, objetivando também, corrigir possíveis perfurações propiciando

com isso o reparo.

Tal reintervenção ou retratamento implica em remover o conteúdo

obturador, desobturando-se o canal e utilizando para essa finalidade, técnicas

adequadas.

Diante desses fatos é necessário que se formulem meios tais que

venham a facilitar o processo desobturador e que comprovem a eficiência da

reobturação.

Desta forma criam-se novas possibilidades de incrementar, ainda

mais, os níveis de sucesso dos retratamentos endodônticos.

Destarte, ao lado de trabalhos de cunho clínico e da qualidade da

desobturação, percebe-se que uma nova vertente poderia ser vislumbrada a

partir do estudo da eficiência na reobturação, tema central da presente

pesquisa.

2

Revisão da literatura

REVISÃO DA LITERATURA

Segundo SCHILDER41 (1986) o futuro da endodontia será o

retratamento das falhas endodônticas.

WILCOX e VAN SURKSUN58 (1991) dizem que o retratamento

em caso de fracasso do tratamento endodôntico, que primeiramente era raro,

está se tornando parte significante da prática endodôntica atual.

FRIEDMAN e STABHOLZ10 (1986) chamam a atenção para o fato

do tema retratamento endodôntico ser pouco encontrado na literatura, em

virtude de não se reconhecer que o retratamento difere em muitos aspectos

do tratamento endodôntico inicial de rotina.

Mais recentemente, no entanto, esse tema tem sido objeto de

algumas publicações, onde diferentes aspectos foram abordados, tais como

seleção de casos para retratamento (FRIEDMAN e STABHOLZ10, 1986;

TAINTOR48, 1983), planejamento (STABHOLZ e FRIEDMAN46, 1988),

porcentagem de êxito após o retratamento (ALLEN et al.2, 1989), avaliação

da eficiência da remoção do material obturador (WILCOX56, 1989;

SANTOS39, 1990; SANTOS e AUN40, 1992; LOPES e GAHYVA32, 1992),

publicação de casos clínicos (SALOMON et al.43, 1982; KLEIER30, 1984;

STAMOS47, 1988), técnicas de remoção da obturação (FONSECA8, 1973;

KRELL e NEO31, 1985; GILBERT e TED RICE14, 1987; FRIEDMAN et

al.13, 1990), etc.

Assim, alguns discutem critérios para a seleção de casos para o

tratamento, e na discussão desses critérios consideram algumas indagações

tais como: a) vale a pena destruir uma restauração bem executada para obter

acesso aos canais? b) é necessário retratar um caso só porque ele parece

radiograficamente insatisfatório? c) quais as chances de melhorar a obturação

pelo retratamento? d) quais são as chances de sucesso em casos onde o

3

Revisão da literatura

tratamento prévio falhou, especialmente quando nenhuma razão aparente

explica a falha?

Em relação à porcentagem de êxito possível de ser obtido após o

retratamento, BERGENHOLTZ et al.4 (1979) analisaram 556 casos, com um

controle pós-operatório de 2 anos. O retratamento de dentes com lesões

periapicais, desde que não complicado por uma sobreobturação, exibiu

reparo em 62% dos casos, como também mostrou considerável redução da

lesão em outros 22% dos espécimes, o que forneceria 84% de resultados

favoráveis. Ainda em outra publicação do mesmo ano, BERGENHOLTZ et

al.5 relatam 94% de êxito em casos de retratamento executados em dentes

cujos canais estavam inadequadamente obturados. Por sua vez, ALLEN et

al.2 (1989) avaliaram o resultado do retratamento de 1300 casos, sendo

46,5% por causa de obturação curta, 22,6% porque as obturações estavam

adequadas, mas o tratamento resultou em insucesso, e 13,4% porque tinham

sobreobturação. Observaram 65,6% de sucesso e 18,3% de resultados

incertos.

Alguns discutem as técnicas de remoção do material obturador

composto por cimento aliado à guta percha ou cones de prata, ou mesmo

obturações realizadas só com cimento, que são as mais difíceis de serem

removidas (GILBERT e TED RICE14, 1987). Em relação à essa última

hipótese, KRELL e NEO31 (1985) relatam caso clínico onde o emprego do

ultra-som parece auxiliar essa árdua tarefa.

Outros ainda preocupam-se em avaliar solventes para a guta

percha. HAMEL e BRIAND16 (1983) colocam que a utilização dos solventes

não é obrigatória, mas que podem produzir um bom resultado, dependendo

das condições do material obturador a ser removido.

WOURMS et al.60 (1990) testaram 30 diferentes solventes,

objetivando alcançar alternativas para o clorofórmio. A 22oC, além do

próprio clorofórmio, dissolveram a guta percha o tricloroetileno e o

4

Revisão da literatura

tetracloroetileno. A 37oC, mais 6 produtos dissolveram a guta percha, porém

em tempo maior que o clorofórmio. Outros também se preocuparam em

apresentar opções ao clorofórmio (TANSE et al.50, 1986; KAPLOWITZ29,

1991; WENNBERG e ORSTAWIK55, 1989), mas todos concordam em

destacar o clorofórmio como sendo o melhor solvente para a guta percha.

FRIEDMAN et al.13 (1990) dizem que a remoção do material

obturador não deve resultar em alteração da morfologia do canal radicular.

SANTOS39 (1990) admite que, na maioria das vezes, os autores

não estabelecem limites entre desobturação e reinstrumentação, fazendo

desta última, uma verdadeira continuação da primeira.

WILCOX e VAN SURKSUM58 (1991) preocuparam-se com os

efeitos desse novo preparo. Esses autores analisaram: a) a quantidade de

dentina removida em 3 diferentes níveis do canal, durante a instrumentação

inicial e após o retratamento; b) o desvio do canal retratado,

comparativamente ao preparo biomecânico inicial; c) alterações na direção

do canal, após o preparo inicial e retratamento. Através de metodologia

adequada, avaliaram a forma do canal antes, após o preparo inicial e após a

reinstrumentação. Observaram que a porção apical do canal aumenta

significantemente mais (25,4%) que o terço médio (4%) ou terço coronário

(3%), independentemente de estarem diante de um canal amplo ou estreito.

Além disso, observaram também que o canal retratado tende a se deslocar,

quando reinstrumentado, para a mesma direção para a qual ele se moveu

durante a primeira instrumentação. WILCOX e SWIFT57 (1991) realizaram

trabalho semelhante em canais curvos.

WILCOX56 (1989) salienta que muitos endodontistas acreditam

que o sucesso do tratamento endodôntico depende mais do que se tira do

interior do canal do que o que nele se põe. Realça que o mesmo é verdadeiro

para o retratamento endodôntico, uma vez que é importante remover o

material obturador, da melhor maneira possível, de modo a descobrir

5

Revisão da literatura

remanescentes de tecido necrótico ou bactérias, os quais podem ser

responsáveis pela falha do tratamento. Diante disso, observa-se que na

literatura começam a aparecer trabalhos que procuram analisar a eficiência

das técnicas de remoção do material obturador.

WILCOX et al.59 (1987) obturaram dentes humanos, extraídos,

com cimento Roth 801 e AH 26, aliados a cones de guta percha.

Empregaram 4 métodos diferentes para remoção da obturação: 1) calor e

limas; 2) calor, limas e ultra-som e irrigação com hipoclorito de sódio; 3)

clorofórmio e limas; 4) clorofórmio, limas e ultra-som, irrigado o canal com

hipoclorito de sódio. Os resultados mostraram que nenhuma técnica

removeu todo o material obturador. Quando o material obturador foi o AH 26

o método 4 foi o menos efetivo. Quando o cimento foi o Roth 801, o método

menos efetivo foi o no. 1. Com este último cimento também observaram-se

canais mais limpos. Esses autores salientam ainda, que os resultados de suas

experimentações não esclareceram se o uso do ultra-som contribui para uma

melhor remoção do material obturador do canal. Também assinalaram que o

cimento obturador deixa mais resíduos do que a guta percha.

WILCOX56 (1989) obturou dentes humanos, extraídos, com AH

26, cimento Roth 801 e cones de guta percha. Decorridos 3 meses, os canais

foram retratados, após as obturações serem removidas com instrumento

aquecido, seguido de limas e clorofórmio. Ao final, os dentes foram

instrumentados usando ultra-som e clorofórmio ou hipoclorito de sódio. Não

foram observadas diferenças significativas entre os cimentos ou entre as duas

soluções irrigadoras, quando se considerava a remoção do material

obturador. A divergência com o trabalho anterior (WILCOX et al.59 1987) foi

explicada em função do fato de que no primeiro trabalho os canais foram

desobturados 2 semanas após o tratamento, enquanto que no último aos 3

meses. Concluem que possivelmente o AH 26 tenha com o tempo maior

tornado-se mais quebradiço, facilitando assim sua remoção.

6

Revisão da literatura

SANTOS39 (1990) e SANTOS e AUN40 (1992) compararam a

eficiência das técnicas manual e sônica na desobturação de canais

radiculares. Assim, realizaram um estudo in vitro, em dentes humanos

extraídos, tendo observado que nenhuma das técnicas estudadas conseguiu

remover completamente o material obturador. Também não houve diferença

estatisticamente significativa entre as duas técnicas, embora tenham

observado canais um pouco mais limpos no grupo onde foi empregado o

aparelho sônico.

LOPES e GAHYVA32 (1992) realizaram estudo em dentes

humanos extraídos, cujos canais radiculares foram obturados por estudantes.

Após a remoção das obturações, com o auxílio de instrumentos endodônticos

e eucaliptol, reinstrumentaram os canais até a lima tipo Kerr no. 55, fazendo

irrigações com hipoclorito de sódio. Os dentes foram radiografados, partidos

ao meio e detectou-se a presença de resíduos do material obturador. Notaram

que 93,4% dos dentes exibiam resíduo do material obturador, estando este

presente na região apical em 85,7% dos casos.

Pela revista da literatura observa-se que, embora alguns aspectos

atinentes ao tema em questão tenham sido abordados, os trabalhos são

poucos e alguns detalhes ainda não foram analisados.

Embora estejamos de acordo com a afirmação de que é muito

importante o que se tira do interior dos canais, julgamos que também é muito

importante o que nele se põe, e da forma como é posto. Ou seja,

consideramos também muito importante proceder-se a uma boa e eficiente

reobturação do canal.

Nota-se na literatura uma grande preocupação com os resíduos do

material obturador. Esses resíduos parecem, quase sempre, estarem presentes

após exaustivas tentativas de removê-los de modo adequado. É possível que

os resíduos, que ali permanecem, estão mais firmemente aderidos às paredes

7

Revisão da literatura

do canal, mesmo porque podem estar localizados em pequenas reentrâncias,

escapando, assim, à ação dos instrumentos endodônticos.

Acreditamos que seja muito importante observar se esses resíduos

acabam de algum modo influenciando a qualidade do selamento obtido após

o retratamento, fato este ainda não suficientemente abordado e publicado até

a presente data. SOLOMON et al.43 (1982) apoia essa preocupação

afirmando que 2/3 de falhas endodônticas se dão devido à percolação apical.

8

Proposição

PROPOSIÇÃO

Diante do exposto na literatura, e diante do fato de que ainda não

foi suficientemente estudada a influência que os resíduos do material

obturador possam exercer na qualidade do selamento marginal obtido após a

reobturação do canal, é propósito deste trabalho:

a) Analisar a qualidade do selamento marginal de canais radiculares

obturados com dois tipos de cimentos obturadores, que serão removidos por

dois procedimentos diferentes, e reobturados, também, pela técnica da

condensação lateral, com os mesmos cimentos.

b) Observar se o uso de solvente durante a desobturação tem influência

na quantidade de resíduo presente no interior do canal radicular após a

reinstrumentação, e na qualidade do selamento marginal, após a reobturação.

c) Avaliar se a análise radiográfica e visual são eficientes para a detecção

de resíduos no interior do canal radicular, após a desobturação e

reinstrumentação.

9

Material e método

MATERIAL E MÉTODO

Foram empregados neste trabalho 160 dentes humanos

unirradiculares, extraídos por diferentes razões, portadores de raízes retas,

que com auxílio de um disco de aço montado em um torno, tiveram suas

coroas cortadas a fim de conferir, aos espécimes, aproximadamente o mesmo

comprimento em relação ao segmento radicular. Durante o período que

antecedeu do início deste trabalho, os dentes foram mantidos numa solução

de formalina a 10%.

Após a remoção das coroas, fez-se o preparo biomecânico,

executado com o auxílio de limas endodônticas, acompanhadas de

abundantes e freqüentes irrigações com água destilada. Foi realizada a

odontometria com auxílio de uma lima tipo Kerr no. 10, até que a mesma

ficasse rente ao forame apical, a partir do qual foi recuado um milímetro e

anotou-se o valor correspondente ao comprimento de trabalho do espécime

em questão. O preparo biomecânico foi executado, na odontometria, até

atingir-se a lima tipo Kerr (SYBRON-KERR) no. 35. Isto feito, realizou-se

um preparo escalonado, segundo HOLLAND et al.26 (1991), até o

instrumento no. 60. Tal preparo escalonado consta de um recuo anatômico

natural, realizado com limas tipo HEDSTROEM (SYBRON-KERR),

iniciado a partir de uma lima imediatamente superior à última lima tipo Kerr

utilizada para o preparo apical. Entre uma lima tipo HEDSTROEM e outra,

faz-se a limpeza do canal com o instrumento memória, que é uma lima tipo

Kerr dois números inferior à última utilizada para o preparo apical.

Após desidratados em álcool por 15 minutos e secos com jatos de

ar, todos os espécimes foram envolvidos externamente com uma camada de

Araldite (CIBA e GEIGY S.A.), exceção feita ao forame apical e acesso

coronário, permanecendo para secar por 24 horas.

A seguir, os espécimes foram irrigados com água destilada, secos

com jatos de ar e cones de papel absorvente (SYBRON-KERR): 60

10

Material e método

espécimes foram obturados com auxílio de cones principais no. 35

(DENTSPLY), e cones secundários B7 e B8 (DENTSPLY), pela técnica da

condensação lateral, com auxílio de espaçadores A 30 e A 40

(MAILLEFER), empregando-se o cimento obturador FILL CANAL-1 (DG-

LIGAS ODONTOLÓGICAS LTDA.). Outros 60 espécimes também foram

obturados da mesma forma, porém empregando-se o cimento obturador

SEALAPEX-1 (SYBRON-KERR). O cimento FILL CANAL-1 foi

manipulado em placa de vidro com auxílio de espátula flexível no. 24f

(DUFLEX) até que atingisse consistência tal que, quando a espátula fosse

elevada de 1 a 2 centímetros, deixasse um fio homogêneo. O cimento

SEALAPEX-1 foi manipulado a partir de porções de mesmo comprimento

em placa de vidro. Após a condensação lateral foi realizada uma

condensação vertical com auxílio de calcadores tipo Paiva (PRODOCTOR),

após o qual o excesso da obturação foi removido com auxílio de calcadores

aquecidos na chama de uma lâmpada a álcool.

Foram realizadas radiografias para comprovar a qualidade da

obturação no que tange à homogeneidade e compactação do material

obturador.

Os dentes, assim obturados, foram mantidos em câmara úmida,

em temperatura de 37oC, em uma estufa bacteriológica (FANEM), aí

permanecendo por 10 dias. Decorrido esse período, a obturação dos 60

canais com o FILL CANAL-1, e dos 60 com o SEALAPEX-1, foi removida

por 2 processos:

A) Desobturação com o auxílio de brocas Gates no. 2 e 3

(MAILLEFER), e limas tipo Kerr, até a de número 35.

B) Desobturação com auxílio de brocas Gates no. 2 e 3, limas tipo

Kerr, até a de número 35 e clorofórmio (MERCK). Esse produto químico foi

empregado em conjunto tanto com as brocas Gates quanto com as limas tipo

Kerr.

11

Material e método

As brocas Gates foram introduzidas no canal radicular até que

atingissem 2/3 do seu comprimento. O clorofórmio foi gotejado a fim de que

o canal ficasse sempre saturado dessa solução.

Tanto para o processo de obturação quanto para o de desobturação

e reobturação, os dentes foram segurados com a mão do operador, não se

fazendo diferença quanto a serem superiores ou inferiores.

Considerou-se desobturado, o canal radicular, quando ao se

introduzir a lima tipo Kerr no. 35 a mesma não encontrava dificuldade para

penetrar até o comprimento de trabalho.

Após a desobturação dos canais, estes foram reinstrumentados até

a lima tipo Kerr no. 45, bem como foi realizado um preparo escalonado com

limas tipo Hedstroem, até a lima no. 80, segundo HOLLAND et al.26 (1991),

acompanhado de irrigações com água destilada. Concluída a fase de

desobturação e reinstrumentação, foi feita a limpeza do canal cementário e

desobstrução do forame apical de todos os espécimes, com auxílio de uma

lima tipo Kerr no. 20.

A seguir, 40 espécimes foram reobturados com o cimento FILL

CANAL-2, na consistência de 3.2 g de pó para 1 ml de líquido (SIMÕES

FILHO42, 1969), enquanto que, 40 outros foram reobturados com o cimento

SEALAPEX-2 acrescido de iodofórmio, segundo HOLLAND et al.21,23, pela

técnica da condensação lateral, com o auxílio de cones de guta percha

principais no. 45, e acessórios B7 e B8, espaçadores e condensadores. Foram

utilizados espaçadores A30 e A40, procurando fazer com que, no início da

condensação lateral, atingissem uma profundidade de 1 a 2 milímetros do

limite de manipulação, objetivando obter uma obturação de boa qualidade

(ALLISON et al.3, 1981). Após a condensação vertical foram cortados os

excessos de material obturador como descrito anteriormente.

Também foram obturados 10 espécimes com o FILL CANAL-2 e

10 com o SEALAPEX-2 a fim de constituírem os grupos controle para os

respectivos cimentos.

12

Material e método

10 outros espécimes não foram instrumentados a fim de

constituírem o controle positivo, e também. 10 espécimes foram totalmente

envolvidos externamente por araldite, onde não se respeitou o forame apical

e nem a entrada do canal a fim de constiruírem o controle negativo.

Conforme o procedimento levado a efeito, foram constituídos 16

grupos experimentais de 10 espécimes cada, a saber: (diagrama 1)

13

Material e método

Diagrama 1 16 grupos experimentais constituídos para a realização do

trabalho.

I Canais obturados com Fill Canal-1, desobturados pelo processo

A, reinstrumentados e reobturados com Fill Canal-2.

II Canais obturados com Fill Canal-1, desobturados pelo processo

A, reinstrumentados e reobturados com Sealapex-2.

III Canais obturados com Fill Canal-1, desobturados pelo processo

B, reinstrumentados e reobturados com Fill Canal-2.

IV Canais obturados com Fill Canal-1, desobturados pelo processo

B, reinstrumentados e reobturados com Sealapex-2.

14

160 canais

GRUPO XVI10 CANAIS

CONTROLE NEGATIVO

GRUPO XV10 CANAIS

CONTROLE POSITIVO

PREPARO BIOMECÂNICO E OBTURAÇÃO

GRUPO IX10 CANAIS

FILL CANAL2

GRUPO X10 CANAIS

SEALAPEX 2

60 CANAISFILL

CANAL1

60 CANAISSEALAPEX1

20 CANAISDESOB.PROC. A

20 CANAISDESOB.PROC. B

20 CANAISDESOB.PROC. B

GRUPO XI10

CANAIS DESOB. PROC. A REINST.

GRUPO XII10

CANAIS DESOB. PROC. B REINST.

GRUPO XIII10

CANAIS DESOB. PROC. A REINST.

GRUPO XIV10

CANAIS DESOB. PROC. B REINST.

REINSTRUMENTAÇÃO E REOBTURAÇÃO

GRUPO I10

CANAIS FILL

CANAL 2

GRUPO II10

CANAIS SEALAPE

X 2

GRUPO IV10

CANAIS SEALAPE

X 2

GRUPO V10

CANAIS FILL

CANAL 2

GRUPO VII10

CANAIS FILL

CANAL 2

GRUPO VIII10

CANAIS SEALAPE

X 2

GRUPO VI10

CANAIS SEALAPE

X 2

GRUPO III10

CANAIS FILL

CANAL 2

Material e método

V Canais obturados com Sealapex-1, desobturados pelo processo

A, reinstrumentados e reobturados com Fill Canal-2.

VI Canais obturados com Sealapex-1, desobturados pelo processo

A, reinstrumentados e reobturados com Sealapex-2.

VII Canais obturados com Sealapex-1, desobturados pelo processo

B, reinstrumentados e reobturados com Fill Canal-2.

VIII Canais obturados com Sealapex-1, desobturados pelo processo

B, reinstrumentados e reobturados com Sealapex-2.

IX Canais obturados com Fill Canal-2 e não desobturados.

X Canais obturados com Sealapex-2 e não desobturados.

XI Canais obturados com Fill Canal-1 e desobturados pelo processo

A e reinstrumentados.

XII Canais obturados com Fill Canal-1 e desobturados pelo processo

B e reinstrumentados.

XIII Canais obturados com Sealapex-1 e desobturados pelo processo

A e reinstrumentados.

XIV Canais obturados com Sealapex-1 e desobturados pelo processo

B e reinstrumentados.

XV Canais não obturados. Controle positivo.

XVI Dentes com canais preenchidos e envolvidos externamente com

Araldite. Controle negativo.

Imediatamente após a reobturação, os dentes foram identificados e

radiografados no sentido mésio-distal, para que se averiguasse a qualidade e

nível da obturação. As radiografias foram feitas com 0,3 segundos de tempo

de exposição e com uma distância de 5 cm do cilindro ao filme, sendo

reveladas pelo processo visual.

A seguir, à exceção dos espécimes referente aos Grupos XI a XIV,

os demais tiveram sua porção coronária selada com Araldite, e sua porção

apical mantida mergulhada em água por 24 horas. Decorrido esse tempo, os

15

Material e método

espécimes foram mergulhados na solução traçadora (azul de metileno a 2%),

em ambiente com vácuo (0,002 mm Hg), fornecido por uma bomba de

vácuo (Arthur Pheiffer) conectada a um dissecador. Os espécimes

permaneceram no interior da solução traçadora por 24 horas (HOLLAND et

al.25, 1990). Após o que, os espécimes foram lavados, secos e seccionados ao

meio no sentido longitudinal. Com auxílio de brocas 699 (KG SORENSEN),

montadas em alta rotação, foi feito um sulco, sem que esse atingisse o canal

radicular e com um cinzel para osso as raízes foram divididas ao meio no

sentido vestíbulo-lingual. Com o auxílio de uma lupa estereoscópica, com

aumento de 10 vezes, e uma ocular micrometrada, fez-se a avaliação da

profundidade atingida pelo corante, anotando-se esse valor.

Essa mensuração foi realizada sempre a partir da porção mais

apical do dente.

As radiografias, devidamente identificadas, foram projetadas e

efetuada a medida da distância entre o término da obturação e a porção mais

apical do canal radicular. Essa medida foi subtraída do resultado anotado

através do exame visual, fornecendo, desse modo, a infiltração real ocorrida

Os espécimes dos Grupos XI a XIV, após serem desobturados e

reinstrumentados, foram submetidos à análise quanto à permanência de

resíduos do material obturador no canal radicular. Foram utilizados dois

critérios de avaliação, a saber:

ANÁLISE RADIOGRÁFICA: Os dentes, após a desobturação e

reinstrumentação, foram radiografados tanto no sentido vestíbulo-lingual

quanto no sentido mésio-distal. Essas radiografias foram projetadas à

distância fixa, com aumento de 12 vezes e a imagem correspondente ao

resíduo desenhada em papel sulfite branco. Essa imagem teve sua área

calculada com auxílio de um planímetro de compensação polar (HOPE

9001), tanto para as imagens correspondentes às radiografias tomadas no

sentido V-L quanto M-D. Foi calculada a média aritmética dos valores

16

Material e método

encontrados, resultando assim, o valor correspondente ao resíduo do

espécime em questão.

ANÁLISE VISUAL: Foi feita por intermédio de uma lupa

estereoscópica, com aumento de 10 vezes e ocular micrometrada, através do

exame das partes da raiz submetidas à secção longitudinal

As duas metades dos dentes foram analisadas e o resíduo da

obturação medido linearmente, sendo anotado o valor correspondente à

maior quantidade de resíduo encontrada. Esses resíduos foram divididos em

duas condições: quando apenas aderidos à parede do canal, ou ocupando a

luz do canal radicular. Quando o resíduo ocupava a luz do canal o valor

linear encontrado foi multiplicado por um fator de diferenciação igual a 2.

Os dados referentes às infiltrações marginais observadas, e os

referentes à análise da remoção de resíduos, foram submetidos à análise

estatística indicada para o assunto em tela.

17

Material e método

MATERIAL E INSTRUMENTAL UTILIZADOS

- Água destilada

- Aparelho de Raio X

Dabi Atlante - SP Brasil

- Araldite

Ciba e Geigy SA - Brasil

- Azul de metileno 2%

Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba - UNESP

- Bomba de vácuo 0.002 mm Hg

Arthur Pheiffer - Alemanha

- Brocas Gates-Gliden no 2 e 3

Maillefer - Suíça

- Brocas 699

KG Sorensen - SP Brasil

- Caixa para revelação

Manoel Pereira Gonçalves Ind. e Comércio - SP Brasil

- Calcadores verticais tipo Paiva

Prodoctor - SP Brasil

- Cimento obturador Fill Canal

DG-Ligas Odontológicas Ltda. - Brasil

- Cimento obturador Sealapex

Sybron-Kerr - Estados Unidos

- Clorofórmio

Merck SA - RJ Brasil

- Colgaduras individuais para radiografias

- Cones de papel absorvente 1a e 2a séries

Sybron-Kerr - SP Brasil

- Cones de guta percha principais

18

Material e método

Dentsply - RJ Brasil

- Cones de guta percha acessórios B7 e B8

Dentsply - RJ Brasil

- Espaçadores digitais A30 e A40

Maillefer - Suíça

- Estufa bacteriológica

Famen - SP Brasil

- Espátula para cimento no 24f

Duflex, MG Brasil

- Filme radiográfico EP 21

Kodak USA Dental Film

- Limas endodônticas tipo Kerr 1a e 2a séries

Kerr - SP Brasil

- Limas endodônticas tipo HEDSTROEM 1a e 2a séries

Kerr - SP Brasil

- Lupa estereoscópica

Oficine Galileo de Milano - Itália

- Micro motor e contra ângulo

Dabi-Atlante - SP Brasil

- Ocular micrometrada 6X de aumento

Ernst Leitz Wetzlar - Alemanha

- Placa de vidro

- Pinça para algodão no 317

Duflex, MG Brasil

- Planímetro de compensação polar

Hope 9001 - Japão

- Revelador e fixador

Kodak - Sp Brasil

- Seringa 10 ml tipo Luer

Ibrás - SP Brasil

19

Material e método

- Solução de formalina 10%

Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araçatuba - UNESP

- Torno monofásico

Nevoni - SP Brasil

20

Resultados

RESULTADOS

Com os procedimentos científicos realizados chegamos aos

seguintes resultados:

A) CAPACIDADE SELADORA APÓS OBTURAÇÃO

A.1) QUANDO DO RETRATAMENTO ENDODÔNTICO

Os dados utilizados nesta parte do estudo constam de 80 valores de

infiltração marginal (Tabela I). Esse total resulta do cruzamento de 2

cimentos utilizados para obturação, por 2 processos de desobturação, por 2

cimentos de reobturação e por 10 repetições dando o produto fatorial

2x2x2x10=80.

TABELA I INFILTRAÇÃO MARGINAL, EXPRESSA EM mm, APÓS RETRATAMENTO ENDODÔNTICO UTILIZANDO-SE DOIS CIMENTOS OBTURADORES E DOIS PROCESSOS DE DESOBTURAÇÃO.

CIMENTO DA REOBTURAÇÃO

FILL CANAL -2 SEALAPEX - 2

CIMENTO DA 1a OBTURAÇÃO

CIMENTO DA 1a OBTURAÇÃO

PROCESSO DE DESOBTURAÇÃO

FILL CANAL-1

SEALAPEX-1 FILL CANAL-1

SEALAPEX-1

A

SEMSOLVENTE

1.760.760.351.540.60

2.100.881.761.321.32

1.100.660.631.160.88

0.440.350.440.960.32

0.231.200.790.600.66

0.730.880.510.700.63

1.230.601.200.830.66

1.480.600.821.760.66

B

COMSOLVENTE

0.790.820.410.430.60

0.821.320.791.070.63

0.761.230.460.490.60

0.570.380.300.660.93

0.460.230.350.960.52

0.350.570.880.350.60

0.570.880.320.660.68

0.760.740.450.320.35

21

Resultados

Para verificar qual o tipo de estatística a ser utilizado, foi realizada

uma série de testes, utilizando-se um software estatístico desenvolvido pelo

Prof. Dr. Geraldo Maia Campos, da Faculdade de Odontologia de Ribeirão

Preto - USP, que permite verificar se a distribuição do erro amostral é

normal, o que possibilita o emprego da estatística paramétrica.

Mostramos aqui o teste de aderência à curva normal.

1) Teste de aderência à curva normal.

No resultado do teste de aderência à curva normal (tabela II),

verificamos uma probabilidade de 87.15 % da distribuição ser normal.

TABELA II Teste de aderência à curva normal: Valores originaisA. Freqüências por intervalos de classe: Intervalos de classe : M-3s M-2s M-1s Med. M+1s M+2s M+3s Curva normal : 0.44 5.40 24.20 39.89 24.20 5.40 0.44 Curva experimental : 1.25 3.75 27.50 37.50 23.75 6.25 0.00

B. Cálculo do Qui Quadrado: InterpretaçãoGraus de liberdade : 4 A distribuição amostral testada Valor do Qui Quadrado : 1.24 Probabilidade de Ho : 87.15 é normal

2) Análise de Variância.

Este teste preliminar demonstra que a distribuição amostral é

normal, o que nos autoriza a aplicação de testes paramétricos. Destes o que

mais se adequa ao modelo matemático do experimento é a Análise de

Variância, cujos resultados estão expressos a seguir (tabela III).

22

Resultados

TABELA III

ANÁLISE DE VARIÂNCIA: Valores originaisFonte de variação Soma de Quadr. G. L. Quadr. Méd. ( F ) Prob. H0Entre Cim. Obturação (C) 0.2398 1 0.2398 2.12 14.554 %Entre Proc. Desobt. (P) 1.2600 1 1.2600 11.16 0.170 %Entre Cim. Reobt. (R) 0.2668 1 0.2668 2.36 12.464 %

Interação CxP 0.0911 1 0.0911 0.81 37.534 %Interação PxR 0.0281 1 0.0281 0.25 37.486 %Interação CxR 1.5457 1 1.5457 13.69 0.070 %Interação CxPxR 0.7220 1 0.7220 6.40 1.305 %

Resíduo 8.1265 72 0.1129

Variação total 12.2801 79

Pela análise dos dados deste teste podemos concluir:

* que os cimentos usados na obturação, FILL CANAL-1 e SEALAPEX-1,

apresentam a mesma infiltração marginal;

* que os processos de desobturação, A sem solvente e B com solvente,

apresentam infiltração marginal diferentes entre si (p < 0.01);

* que os cimentos utilizados para a reobturação FILL CANAL-2 e

SEALAPEX-2, apresentam infiltração marginal semelhante.

Traçando-se o gráfico para os processos de desobturação (figura

1), podemos observar que o processo B com solvente apresenta menor

infiltração marginal que o processo A sem solvente.

23

Resultados

INFILTRAÇÃO MARGINALINFLUÊNCIA DO SOLVENTE

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

Figura 1 Gráfico da infiltração marginal proporcionada pelos dois processos de desobturação testados A sem solvente (0.88), e B com solvente (0.63), em termos da qualidade de selamento marginal, que é inversamente proporcional à infiltração marginal.

Estudo das Interações

1) Interação Cimento da Primeira Obturação X Processo de

Desobturação: A significância estatística desta interação apontada pela

análise de variância, 37.534 % (tabela III), indica que os cimentos

comportam-se semelhantemente quanto ao processo de desobturação (figura

2), o que pode ser verificado pela inclinação descendente das linhas

representativas dos cimentos de A para B. A tabela IV contém as médias

para esta interação, utilizadas para a construção do gráfico contido na figura

2.

24

A sem solvente

B com solvente

Resultados

TABELA IV. Médias relativas a interação Cimento da primeira obturação X Processo de desobturação.

Cimento da primeira obturaçãoFILL CANAL-1 SEALAPEX-1

Processo de A 0.97 0.79desobturação B 0.65 0.61

0

0,5

1

1,5

2

A B

FILL CANAL 1 SEALAPEX 1

Figura 2 - Gráfico da interação cimento da primeira obturação X processo de desobturação que ilustra o comportamento dos cimentos frente aos processos de desobturação, em termos da qualidade de selamento marginal, que é inversamente proporcional à infiltração marginal.

2) Interação Processo de Desobturação X Cimento da Reobturação:

A significância estatística desta interação apontada pela análise de variância,

37.486 % (tabela III), indica que os processos de desobturação comportam-se

semelhantemente frente aos cimentos utilizados (figura 3), o que pode ser

constatado através do paralelismo entre as linhas representativas dos

processos de desobturação, apresentando, o processo B, linha inferior no

gráfico, menor infiltração que o processo A. A tabela V contém as médias

desta interação que foram utilizadas para a construção da figura 3.

25

Processo de desobturação

INTERAÇÃOCIM. 1a OBT. X PROC. DESOB.

Resultados

TABELA V. Médias relativas à interação Processo de desobturação X Cimento da reobturação.

Processo de desobturação

A B

Cimento da FILL CANAL-2 0.92 0.70

reobturação SEALAPEX-2 0.84 0.55

0

0,5

1

1,5

2

FILL CANAL 2 SEALAPEX 2

A B

Figura 3 - Gráfico da interação processo de desobturação X cimento da reobturação que ilustra o comportamento dos processos de desobturação frente aos cimentos, em termos da qualidade de selamento marginal, que é inversamente proporcional à infiltração marginal.

3) Interação Cimento da Primeira Obturação X Cimento da

Reobturação: A significância estatística desta interação apontada pela análise

de variância, 0.070 % (tabela III), indica que os dois cimentos utilizados na

primeira obturação comportam-se diferentemente frente aos dois cimentos

utilizados na reobturação (figura 4). A tabela VI contém as médias desta

interação que foram utilizadas para a construção do gráfico contido na

figura 4.

26

Cimento da reobturação

INTERAÇÃOPROC. DESOBT. X CIM. REOB.

Resultados

TABELA VI. Médias relativas à interação Cimento da 1a. obturação X

Cimento da reobturação.

Cimento da primeira obturaçãoFILL CANAL-1 SEALAPEX-1

Cimento da FILL CANAL-2 1.00 0.62

reobturação SEALAPEX-2 0.61 0.77

0

0,5

1

1,5

2

FILL CANAL 2 SEALAPEX 2

FILL CANAL 1 SEALAPEX 1

Figura 4 - Gráfico da interação cimento da primeira obturação X cimento da reobturação que ilustra o comportamento dos cimentos da primeira obturação frente aos cimentos da reobturação, em termos da qualidade de selamento marginal.

27

Cimento da reobturação

INTERAÇÃOCIM. OBT. X CIM. REOB.

Resultados

No gráfico da página anterior, observando o comportamento das

linhas, que se cruzam, vemos que o FILL CANAL-1, quando reobturado com

FILL CANAL-2, apresenta maior infiltração que quando reobturado com

SEALAPEX-2, e que, ao utilizar-se o SEALAPEX-1 na obturação, este

melhora o selamento para a reobturação com FILL CANAL-2.

A.2) FRENTE AO TRATAMENTO ENDODÔNTICO

Verificamos também a infiltração marginal para os cimentos FILL

CANAL-2 e SEALAPEX-2, quando os mesmos não foram submetidos ao

retratamento endodôntico (tabela VII), que foram comparados entre si e com

os resultados da interação cimento da primeira obturação x cimento da

reobturação.

TABELA VII. Infiltração marginal após obturação de canais radiculares.

CIMENTO OBTURADORFILL CANAL-2 SEALAPEX-2

0.82 0.481.76 0.761.17 0.380.76 0.481.26 0.761.20 0.481.76 0.321.22 0.410.38 0.291.89 0.47

Comparados os cimentos FILL CANAL-2 e SEALAPEX-2 (tabela

VIII), encontramos melhor qualidade de selamento marginal para o Sealapex-

2 que para o Fill Canal-2 [(p = 0.01)(tabela VIII e figura 5)].

28

Resultados

TABELA VIII. Resultados do teste t:para FILL CANAL-2 x SEALAPEX-2

Valor calculado de t 4.58Graus de liberdade 18Probabilidade de igualdade 0.04 %Média para FILL CANAL- 21.22Média para SEALAPEX-2 0.48Significante ao nível de 1% (p = 0.01)

QUALIDADE DO SELAMENTO MARGINAL APÓS OBTURAÇÃO

FIL CANAL 2 SEALAPEX 20

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

FIL CANAL 2 SEALAPEX 2

Figura 5 Gráfico da infiltração marginal proporcionada pelos cimentos testados Fill Canal-2 (1.22) e Sealapex-2 (0.48). Em termos da qualidade de selamento marginal, que é inversamente proporcional à infiltração marginal.

Comparando-se os dados da interação cimento da primeira

obturação x cimento da reobturação (tabela VI) à capacidade seladora dos

cimentos FILL CANAL-2 e SEALAPEX-2 que não foram submetidos ao

retratamento endodôntico (tabela VII) iremos encontrar o seguinte resultado:

1) para a interação FILL CANAL-1 x FILL CANAL-2 (tabela I e

VI) comparada com o cimento FILL CANAL-2 (tabela VII), temos que o

retratamento FILL CANAL-1 com FILL CANAL-2 (interação), mantém a

qualidade do selamento marginal deste cimento, quando comparado com

apenas a obturação com o próprio FILL CANAL-2 (tabela IX; figura 6).

29

CIMENTO OBTURADOR

Resultados

TABELA IX. Resultados do teste t:para FILL-1xFILL-2 X FILL CANAL

Valor calculado de t 1.44Graus de liberdade 28Probabilidade de igualdade 26.32 %Média da int Fill-1xFill-2 1.00Média para FILL CANAL 1.22

Não significante (amostras iguais)

2) para a interação SEALAPEX-1 x SEALAPEX-2 (tabela I e VI)

comparada com o cimento SEALAPEX-2 (tabela VII), temos que o

retratamento SEALAPEX-1 com SEALAPEX-2 (interação), piora a

qualidade do selamento marginal deste cimento, quando comparado com

apenas a obturação com o próprio SEALAPEX-2 (tabela X; figura 6).

TABELA X. Resultados do teste t:para SEAL-1xSEAL-2 X SEALAPEX-2

Valor calculado de t 2.35Graus de liberdade 28Probabilidade de igualdade 2.48 %Média da int Seal1-XSeal-2 0.78Média para SEALAPEX-2 0.48

Significante ao nível de 5% (p = 0.05)

30

Resultados

FIL CANAL SEALAPEX0

0,20,40,60,8

11,21,4

FIL CANAL SEALAPEX

OBT x REOB

CONTROLE

Figura 6. Gráfico da infiltração marginal referente ao retratamento endodôntico comparado com o tratamento. Em termos da qualidade do selamento marginal que é inversamente proporcional à infiltração marginal. Observar que para o Fill Canal a diferença entre controle e interação não é significante, e que para o Sealapex o controle (sem retratamento) apresenta menor infiltração que quando do retratamento.

B) CAPACIDADE DE REMOÇÃO DE RESÍDUOS NA

DESOBTURAÇÃO

Os dados utilizados nesta parte do estudo constam de 40 valores de

resíduos após a desobturação dos canais. Esse total se dá do cruzamento de 2

cimentos, por 2 processos de desobturação, por 10 repetições, obtendo-se

assim o produto fatorial 2x2x10=40 para cada tipo de interpretação, que são:

B.1) Capacidade de remoção de resíduos, do processo desobturador,

avaliada a partir da área calculada através da projeção

radiográfica após a desobturação e reinstrumentação dos

canais radiculares.

31

CIMENTO OBTURADOR

QUALIDADE DA OBTURAÇÃO COM RETRATAMENTO COMPARADA À OBTURAÇÃO SEM RETRATAMENTO

Resultados

Temos na tabela XI os valores originais da área calculada a partir

da projeção radiográfica dos resíduos após a desobturação e

reinstrumentação dos canais radiculares.

TABELA XI. Valores originaisPROCESSO DE DESOBTURAÇÃO

CIMENTO DA OBTURAÇÃO

A SEM SOLVENTE

B COM SOLVENTE

FILL CANAL -1

0340

32.526

124413

20.519

012.5

156

0060

12.5

SEALAPEX-1

13.5240055

1017.5

0530

10005

4.5

00590

1) Teste de aderência à curva normal

Submetendo-se os dados da tabela XI ao teste de aderência à curva

normal obtemos uma probabilidade de H0 de 1.30%, sendo então a

distribuição amostral tida como não normal (tabela XII).

TABELA XII Teste de aderência à curva normal: Valores originaisA. Freqüências por intervalos de classe: Intervalos de classe : M-3s M-2s M-1s Med. M+1s M+2s M+3s Curva normal : 0.44 5.40 24.20 39.89 24.20 5.40 0.44 Curva experimental : 0.00 5.00 17.50 55.00 15.00 2.50 5.00

B. Cálculo do Qui Quadrado: Interpretação Graus de liberdade : 4 A distribuição amostral testada Valor do Qui Quadrado : 12.66 Probabilidade de Ho : 1.30 não é normal

32

Resultados

Realizando-se uma transformação dos dados amostrais originais

(tabela XI) em Raiz quadrada dos dados + 1/2 (tabela XIII), e submetendo-se

esses dados transformados ao teste de aderência à curva normal (tabela XIV),

a probabilidade da distribuição ser normal sobe para 45.92 %, o que nos

autoriza a utilização da estatística paramétrica.

TABELA XIII. Raiz quadrada dos dados + 1/2PROCESSO DE DESOBTURAÇÃO

CIMENTO DA OBTURAÇÃO

A SEM SOLVENTE

B COM SOLVENTE

FILL CANAL -1

0.705.840.705.745.14

3.536.673.674.584.41

0.703.601.222.342.54

0.700.702.540.703.60

SEALAPEX-1

3.744.940.700.707.44

3.244.240.707.310.70

3.240.700.702.342.23

0.700.702.343.080.70

TABELA XIVTeste de aderência à curva normal: Valores originaisA. Freqüências por intervalos de classe: Intervalos de classe : M-3s M-2s M-1s Med. M+1s M+2s M+3s Curva normal : 0.44 5.40 24.20 39.89 24.20 5.40 0.44 Curva experimental : 0.00 5.00 32.50 35.00 22.50 5.00 0.00

B. Cálculo do Qui Quadrado: Interpretação Graus de liberdade : 4 A distribuição amostral testada Valor do Qui Quadrado : 3.62 Probabilidade de Ho : 45.92 é normal

2) ANÁLISE DE VARIÂNCIA

Dos testes paramétricos a análise de variância é o que melhor se

adequa ao nosso modelo matemático (tabela XV).

33

Resultados

TABELA XVANÁLISE DE VARIÂNCIA: Valores originaisFonte de variação Soma de Quadr. G. L. Quadr. Méd. ( F ) Prob. H0Entre Proc. Desobt. (P) 38.6776 1 38.6776 11.16 0.229 %Entre Cimentos (C) 2.1235 1 2.1235 0.61 44.473 %

Interação P x C 0.7204 1 0.7204 0.21 31.448 %

Resíduo 124.7188 36 3.4644

Variação total 166.2404 39

Pela análise dos dados deste teste, podemos concluir:

* que os cimentos FILL CANAL-1 e SEALAPEX-1 comportam-se

semelhantemente quanto à quantidade de resíduos presentes após a

desobturação;

* que dos processos de desobturação testados, o processo B com solvente

deixa uma menor quantidade de resíduos que o processo A sem solvente, o

que pode ser visto melhor através da figura 7.

QUANTIDADE DE RESÍDUO APÓS A DESOBTURAÇÃO

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Figura 7 Gráfico da quantidade de resíduos proporcionada pelos dois processos de desobturação dos canais radiculares. Processo A sem solvente (3.74), processo B com solvente (1.77), em termos da qualidade de desobturação que é inversamente proporcional à quantidade de resíduo.

34

B com solvente

A sem solvente

Resultados

Estudo da Interação Processo de Desobturação X Cimentos. A

significância estatística desta interação, 34.448 % (tabela XV), indica que os

processos de desobturação, A sem solvente e B com solvente, comportam-se

semelhantemente frente aos cimentos obturadores Fill Canal-1 e Sealapex-1

(figura 8). A tabela XVI contém os dados referentes a esta interação que

foram utilizados para a construção dos gráficos contidos na figuras 8 e 9.

TABELA XVI. Médias relativas à interação Processo de desobturação X Cimentos.

Processo de desobturaçãoA B

Cimentos FILL CANAL-2 4.10 1.87SEALAPEX-2 3.38 1.68

00,5

11,5

22,5

33,5

44,5

5

FILL CANAL 2 SEALAPEX 2

A SEM SOLVENTE B COM SOLVENTE

Figura 8 Gráfico da interação processo de desobturação X cimentos que ilustra o comportamento dos processos de desobturação frente aos cimentos, em termos de qualidade de desobturação, que é inversamente proporcional à quantidade de resíduo.

35

INTERAÇÃOPROC. DESOB. X CIMENTOS

Resultados

Analisando o gráfico da página anterior (figura 8) verificamos uma

menor quantidade de resíduo para o processo B que para A, para os dois

cimentos empregados na obturação; o mesmo pode ser visto para a Interação

Cimento X Processo de Desobturação (figura 9), onde as linhas são ainda

mais paralelas que no gráfico da página anterior (figura 8).

00,5

11,5

22,5

33,5

44,5

5

A SEMSOLVENTE

B COMSOLVENTE

FILL CANAL 1 SEALAPEX 1

Figura 9 Gráfico da interação cimentos X processo de desobturação que ilustra o comportamento dos cimentos frente aos processos de desobturação, em termos de qualidade de desobturação que é inversamente proporcional à quantidade de resíduo.

B.2) Capacidade de remoção de resíduos, do processo de

desobturação, avaliada a partir da secção longitudinal dos dentes após a

desobturação dos canais radiculares.

Temos na tabela XVII, os valores originais correspondentes à

análise, através de uma lupa estereoscópica com ocular micrometrada, dos

resíduos observados após a desobturação e reinstrumentação dos canais e

secção radicular.

TABELA XVII. Valores originais

36

INTERAÇÃOCIMENTOS X PROC. DESOB

Resultados

PROCESSO DE DESOBTURAÇÃOCIMENTO DA OBTURAÇÃO

A SEM SOLVENTE

B COM SOLVENTE

FILL CANAL -1

044960120

*+**

60146688412

****+

2385203568

++++

204430030

+++

+

SEALAPEX-1

70120101060

**++*

160100201300

**+*

250381530

+ +++

4035352015

+++++

Os valores marcados por * estão multiplicados por um fator de diferenciação 2< + > Resíduo apenas aderido à parede< * > Resíduo obstruindo a luz do canal

1) Teste de aderência à curva normal

Submetendo-se esses valores originais, referentes aos resíduos

(tabela XVII), ao teste de aderência à curva normal obtemos uma

probabilidade de H0 de 0.14 % (tabela XVIII), sendo então a distribuição

amostral tida como não normal.

Tabela XVIIITeste de aderência à curva normal: Valores originaisA. Freqüências por intervalos de classe: Intervalos de classe : M-3s M-2s M-1s Med. M+1s M+2s M+3s Curva normal : 0.44 5.40 24.20 39.89 24.20 5.40 0.44 Curva experimental : 0.00 7.50 20.00 52.50 10.00 10.00 0.00

B. Cálculo do Qui Quadrado: Interpretação Graus de liberdade : 4 A distribuição amostral testada Valor do Qui Quadrado : 17.78 Probabilidade de Ho : 0.14 não é normal

Realizando-se, então, uma transformação dos dados amostrais

originais (tabela XVII), em Raiz quadrada dos dados + 1/2 (tabela XIX), e

submetendo-se estes dados transformados ao teste de aderência à curva

normal (tabela XX), a probabilidade de H0 sobe para 91.20 %, o que nos

37

Resultados

autoriza a utilização da estatística paramétrica, por tratar-se então de uma

distribuição normal.

TABELA IX. Raiz quadrada dos dados + 1/2PROCESSO DE DESOBTURAÇÃO

CIMENTO DA OBTURAÇÃO

A SEM SOLVENTE

B COM SOLVENTE

FILL CANAL -1

0.706.673.087.7710.97

7.7712.108.279.193.53

4.849.244.525.958.27

4.526.675.520.705.52

SEALAPEX-1

8.3910.973.243.247.77

12.6610.024.5211.420.70

5.040.706.203.935.52

6.365.955.954.523.93

TABELA XXTeste de aderência à curva normal: Valores originaisA. Freqüências por intervalos de classe: Intervalos de classe : M-3s M-2s M-1s Med. M+1s M+2s M+3s Curva normal : 0.44 5.40 24.20 39.89 24.20 5.40 0.44 Curva experimental : 2.50 5.00 20.00 42.50 25.00 5.00 0.00

B. Cálculo do Qui Quadrado: Interpretação Graus de liberdade : 4 A distribuição amostral testada Valor do Qui Quadrado : 0.99 Probabilidade de Ho : 91.20 é normal

2) ANÁLISE DE VARIÂNCIA

Dos testes paramétricos a análise de variância é o que melhor se

adequa ao nosso modelo matemático (tabela XXI).

38

Resultados

TABELA XXI

ANÁLISE DE VARIÂNCIA: Valores originaisFonte de variação Soma de Quadr. G. L. Quadr. Méd. ( F ) Prob. H0Entre Proc. Desobt. (D) 38.2454 1 38.2454 4.01 5.005 %Entre Cimentos (C) 0.5664 1 0.5664 0.06 19.599 %

Interação D x C 2.7684 1 2.7684 0.29 40.028 %

Resíduo 343.4440 36 9.5401

Variação total 385.0242 39

Pela análise dos dados deste teste, podemos concluir:

* que os cimentos FILL CANAL-1 e SEALAPEX-1 comportam-se

semelhantemente quanto à quantidade de resíduos presentes após a

desobturação;

* dos processos de desobturação testados, o processo B com solvente deixa

menor quantidade de resíduos que o processo A sem solvente (figura 10).

QUANTIDADE DE RESÍDUO APÓS A DESOBTURAÇÃO

0

2

4

6

8

Figura 10 Gráfico da quantidade de resíduos proporcionada pelos dois processos de desobturação dos canais radiculares. Processo A sem solvente (7.15), processo B com solvente (5.12), em termos da qualidade de desobturação que é inversamente proporcional à quantidade de resíduo.

39

A sem solvente

B com solvente

Resultados

Estudo da Interação Cimentos X Processo de desobturação: A

significância estatística desta interação, 40.028 % (tabela XXI), indica que os

cimentos Fill Canal-1 e Sealapex-1 comportam-se semelhantemente frente

aos processos de desobturação, A sem solvente e B com solvente, ou seja,

quando desobturados por B, diminui a quantidade de resíduos (figura 11), o

que pode ser visto pela inclinação descendente das duas linhas referentes aos

cimentos. A tabela XXII contém os dados referentes às médias para essa

interação e que foram utilizados para a construção do gráfico (figura 11).

TABELA XXII. Médias relativas à interação Cimentos X Processo de desobturação.

Processo de desobturaçãoA B

Cimentos FILL CANAL-2 7.01 7.30SEALAPEX-2 5.58 4.82

0123456789

A SEMSOLVENTE

B COMSOLVENTE

FILL CANAL 1 SEALAPEX 1

Figura 11 Gráfico da interação cimentos X processo de desobturação, que ilustra o comportamento das técnicas de desobturação frente aos cimentos, em termos de qualidade de desobturação, que é inversamente proporcional à quantidade de resíduo.

40

INTERAÇÃOCIMENTOS X PROC. DESOB

Resultados

C) CONTROLE POSITIVO E NEGATIVO

Todos os dentes do grupo controle positivo exibiram infiltração da

solução traçadora em toda a extensão do canal.

Os dentes do grupo controle negativo não exibiram infiltração

marginal.

41

Discussão

DISCUSSÃO

Na primeira parte do nosso estudo avaliamos a infiltração marginal

após o retratamento endodôntico.

Em relação à metodologia usualmente empregada para avaliar a

infiltração marginal, nota-se que a maior parte dos procedimentos consta de

mergulhar os espécimes em estudo em alguma solução traçadora líquida,

contendo corante ou radioisótopo. Esta técnica de avaliação pode ser alvo de

algumas críticas, dentre elas a de que onde, muitas vezes, o elemento

traçador penetra, as bactérias não penetrariam, dado sua maior dimensão.

Mais recentemente, no entanto, surgiram alguns trabalhos experimentais que

demonstraram que defeitos de dimensões conhecidas, em selamentos do

canal radicular, não eram totalmente alcançados pela solução traçadora,

lembrando, de modo "grosseiro", uma garrafa vazia imersa em água, de boca

para baixo. O ar aprisionado nesses defeitos impediria a completa penetração

do elemento traçador (GOLDMAN et al.15, 1989; SPANGBERG et al.45,

1989; SPADLING e SENIA44, 1982), mas poderia 28 não impedir a

penetração de microorganismos. Esse dado sugere, no mínimo, a necessidade

de se reavaliar o que se fez até aqui, quando se empregou a metodologia

referida. Um processo que soluciona o problema mencionado, conforme já se

demonstrou experimentalmente, é a imersão dos espécimes em estudo, no

elemento traçador, em ambiente com vácuo (GOLDMAN et al.15, 1989;

SPANGBERG et al.45, 1989; HOLLAND et al.22,25 1992, 1990). O emprego

do vácuo, no entanto, vem sofrendo algumas críticas. DICKSON e PETERS7

(1993) não encontraram diferença significativa nos grupos experimentais

utilizando-se ou não o vácuo quando da imersão dos dentes em estudo na

solução traçadora. Entretanto, para o grupo controle positivo, dentes não

selados imersos na solução traçadora, esses autores observaram 100% de

42

Discussão

infiltração apenas com o emprego do vácuo, não obtendo o mesmo resultado

com a infiltração passiva do corante.

OLIVER e ABBOTT36 (1991), grandes defensores do emprego do

vácuo, relatam que os trabalhos existentes na literatura avaliam a infiltração

marginal apical através de vários métodos: fluorometria, espectofotometria,

métodos eletroquímicos, penetração de isótopos, corantes e metabólitos

bacterianos. Eles afirmam que a maioria desses estudos representam uma

ignorância dos conceitos de física envolvidos com a capacidade da solução

traçadora de penetrar um espaço vazio, preenchido com ar ou fluido. Quando

preenchido por líquido pode, ocorrer difusão da solução traçadora para o

espaço existente, mas frente a trabalhos in vitro, esses espaços estariam

preenchidos por ar. Nessa condição a solução traçadora penetraria no espaço

existente por uma ação capilar modificada. Essa penetração ocorreria até que

a pressão parcial do ar aprisionado se igualasse à pressão hidrostática

exercida pela solução traçadora, fato que concorreria para uma detecção

parcial da falha existente.

OLIVER e ABBOTT36 (1991) dizem também que nesses

experimentos a tendência da infiltração tem sido incorretamente atribuída aos

materiais e técnicas testados, e que seria mais correto atribuir essa tendência

de infiltração a um reflexo dos efeitos do ar aprisionado. Concluem dizendo

que seu estudo demonstrou que trabalhos que utilizaram a infiltração passiva

são irreais e muitos variáveis.

No nosso caso foi utilizado o azul de metileno a 2%, que vem

sendo amplamente empregado como solução traçadora (HOLLAND et al. 19,20,21,22,24,25; PORKAEW et al.38, 1990; WEISENSELL et al.54, 1987), sob

vácuo, para obtermos resultados quantitativos e não apenas qualitativos

(GOLDMAN et al.15, 1989).

Observamos, neste trabalho, que o cimento Sealapex-2 exibiu

melhor capacidade seladora que o Fill Canal-2. Esse dado está em

43

Discussão

concordância com os relatos de HOLLAND et al.19,21, que demonstraram

melhor selamento marginal em relação ao Óxido de Zinco e Eugenol ou o

próprio Fill Canal. É provável que o melhor vedamento exibido pelo

Sealapex deva-se à expansão durante a tomada de presa, fato já demonstrado

experimentalmente (CAICEDO e VON FRAUNHOFER6, 1988).

Tanto o Sealapex-1, quanto o Fill Canal-1, utilizados na primeira

obturação, apresentaram a mesma influência no selamento marginal final,

independentemente dos processos de desobturação e reobturação realizados

posteriormente. Acreditamos que isso tenha ocorrido pelo bom desempenho

alcançado durante o processo de desobturação e reinstrumentação.

Entendemos também que os resíduos dos cimentos interferiram de modo

semelhante no resultado final da infiltração marginal. Daí veio a dúvida de

que se um cimento à base de hidróxido de cálcio (Sealapex) e um cimento à

base de óxido de zinco e eugenol (Fill Canal) influenciariam de modo

semelhante o selamento apical após a reobturação. Tal dúvida foi eliminada

quando observamos a interação cimento da primeira obturação X cimento da

reobturação.

Encontramos diferença quanto à qualidade do selamento marginal

entre as técnicas de desobturação. Houve melhor vedamento marginal

quando foi utilizado o clorofórmio como solvente auxiliar na desobturação,

do que sem a utilização do mesmo.

Os dois cimentos da reobturação, Fill Canal-2 e Sealapex-2,

comportaram-se semelhantemente quanto ao vedamento apical. Esse fato nos

deixou um tanto intrigados. Esperávamos que o Sealapex-2 fosse apresentar

melhor capacidade seladora que o Fill Canal-2, também na reobturação.

Acreditamos que resíduos do material obturador de alguma forma tenham

diminuído a adesão do Sealapex-2 às paredes do canal, causando uma

diminuição da qualidade do selamento, quando comparado com o próprio

Sealapex-2 controle. Percebemos, por outro lado, que não ocorreu tal fato

44

Discussão

com o Fill Canal-2, pois este apresentou infiltração marginal semelhante ao

respectivo grupo controle.

Através do estudo das interações pudemos entender um pouco

mais o que ocorre com a qualidade seladora dos cimentos frente ao processo

de retratamento endodôntico.

Verificando a interação cimento da primeira obturação X processo

de desobturação, vimos que tanto o cimento Fill Canal-1, quanto o Sealapex-

1, comportam-se semelhantemente frente aos dois processos de desobturação

aqui testados. Destarte, apresentam maior infiltração quando efetuada a

desobturação sem que se utilize o clorofórmio como solvente (processo A)

do que quando desobturados pela processo B (com solvente). Esse fato nos

permite admitir que o clorofórmio proporcionou uma desobturação melhor.

Para a interação processo de desobturação X cimento da

reobturação verificamos também que quando os dentes foram desobturados

com auxílio do clorofórmio, a qualidade da reobturação foi melhor. Ou seja,

quando não utilizamos solvente houve maior infiltração marginal tanto para o

Fill Canal-2 quanto para o Sealapex-2. Quando utilizamos o solvente, ele

permitiu melhor acesso ao comprimento de trabalho através da plastificação

da obturação, favorecendo o contato do instrumento com as paredes do canal,

o que influencia a limpeza de todo o canal. Sem a utilização do solvente, o

resíduo, por ser consistente e duro, pode alterar a direção do instrumento

durante a reinstrumentação, ocorrendo, assim, o desvio do trajeto no canal

radicular.

Um fato para o qual atentamos foi a interação cimento da primeira

obturação X cimento da reobturação. Podemos perceber que os cimentos

utilizados para a reobturação comportam-se diferentemente frente aos

utilizados na primeira obturação. O Fill Canal-1 quando reobturado com Fill

Canal-2, apresenta maior infiltração marginal que quando reobturado com

Sealapex-2. Tal fato já era de se esperar, pois o Sealapex-2 apresenta uma

45

Discussão

melhor capacidade seladora que o Fill Canal-2, resultado por nós assinalado

(vide tabela VIII e figura 5 - Resultados).

É notório que o Sealapex-1 melhorou significativamente o

selamento obtido com o Fill Canal-2. Acreditamos que essa observação

esteja relacionada com o fato do cimento Sealapex ser à base de hidróxido de

cálcio. TAGGER et al.49 (1988) comprovaram que o hidróxido de cálcio

contido no Sealapex dissocia-se em íons Ca++ e OH-. HOLLAND et al.19,24

(1993) observaram que o uso de um curativo de hidróxido de cálcio

determinava significativa melhora da qualidade seladora de cimentos

obturadores.

FOSTER9 (1991) preocupou-se com a possibilidade de que

resíduos do hidróxido de cálcio que venham a permanecer no canal possam

ter um efeito negativo no selamento obtido após sua obturação, motivo que o

levou a estudar diferentes métodos de remoção do Ca(OH)2. PORKAEW et

al.38 (1990) realizaram um estudo "in vitro", em dentes humanos, onde

empregaram como curativo de demora o hidróxido de cálcio quimicamente

puro, o Calasept e o Vitapex. Uma semana após, os curativos foram

removidos, os dentes obturados com cimento de Grossman (formulação

semelhante à do Fill Canal) e cones de guta percha e avaliada a infiltração

marginal, utilizando como elemento traçador o azul de metileno a 2%. Os

autores mencionados observaram uma diminuição significativa da infiltração

marginal quando do emprego do hidróxido de cálcio, não havendo diferença

entre as três formulações desse material analisadas. Notaram, também, a

nível de microscopia eletrônica, que havia resíduos de hidróxido de cálcio

nas paredes dos canal, mesmo após o esforço despendido para sua remoção.

ALEXANDRE1 (1993), realizou um trabalho onde dentes, instrumentados

até uma lima 35K, receberam um curativo de hidróxido de cálcio. Para a

remoção desse curativo foi realizada uma reinstrumentação com vários

diâmetros de preparo apicais. Foram formados, desse modo, grupos de dentes

46

Discussão

reinstrumentados até as limas 45K, 50K, 55K, 60K e 70K. Observou-se que

a capacidade da melhora do selamento marginal proporcionada pelo

hidróxido de cálcio tem relação também com o material que penetrou na

dentina. Ou seja, mesmo reinstrumentando-se os canais até a lima 70K,

portanto, removendo-se 300 micrômetros de dentina, a melhora do selamento

ocorre da mesma forma. PORKAEW et al.38 (1990) levantaram a hipótese de

que a melhora no selamento poderia ser transitória. MURATA34 (1993), no

entanto, demonstrou que essa melhora do selamento, após o uso de hidróxido

de cálcio, persistiu mesmo após 30 dias da obturação, em casos onde o

cimento obturador foi o Fill Canal.

O hidróxido de cálcio também tem sido utilizado para constituir

um plug apical, e com isso impedir que ocorra sobreobturação durante a

condensação lateral (HOLLAND18, 1984; PITTS et al.37, 1984).

WEISENSEEL et al.54 (1987) analisaram a infiltração marginal após a

obturação de canal com ou sem o plug apical de hidróxido de cálcio.

Notaram que canais obturados com Tubli-seal demonstraram menos

infiltração marginal ao azul de metileno a 2%, quando do emprego do plug

apical de hidróxido de cálcio. Esses autores acreditam na possibilidade do

melhor selamento ter ocorrido em função do fato de que o plug apical

permitiria uma melhor condensação do material obturador.

HOLLAND et al.19 (1993) entendem que o contato do cimento

obturador com os resíduos do hidróxido de cálcio determinaria não só um

aceleramento do tempo de presa do cimento, mas principalmente uma

expansão do material obturador, o que possibilitaria melhor selamento

marginal.

É sugestivo que os resíduos de hidróxido de cálcio do Sealapex-1

tenham influído no selamento marginal do Fill Canal-2 de modo semelhante

a um curativo de demora. Podemos admitir também que esses resíduos de

47

Discussão

hidróxido de cálcio, dissociados em íons Ca++ e OH- (TAGER et al.49, 1988)

tenham penetrado na dentina, como sugere ALEXANDRE1 (1993).

Verificamos ainda que o retratamento Fill Canal-1 X Fill Canal-2

apresenta a mesma capacidade seladora que o Fill Canal-2 controle. E que o

retratamento Sealapex-1 X Sealapex-2 tem sua capacidade seladora

diminuída quando comparado com o Sealapex-2 controle. Isso indica que,

durante o retratamento endodôntico, a qualidade seladora do Sealapex-2 foi

prejudicada, o que ocorreu provavelmente por causa dos resíduos.

Acreditamos que resíduos aderidos à parede do canal, quando localizados no

limite da nova obturação, interfiram na vedação do novo material obturador.

Tal fato poderia explicar o fenômeno ocorrido com o Sealapex-2.

É praticamente nula a existência de publicações que analisem o

tema infiltração marginal após o retratamento endodôntico. É evidente que,

até certo ponto, esse fato, dificultou a discussão dos resultados do presente

trabalho.

A segunda parte do nosso estudo diz respeito à persistência de

resíduos do material obturador após o emprego dos processos de

desobturação e reinstrumentação estudados. Nesse sentido, para a remoção

do material obturador dos canais radiculares empregamos dois processos de

desobturação que constaram do uso de brocas Gates e limas endodônticas.

Tais processos de desobturação diferem quanto ao emprego ou não do

solvente. No processo B utilizamos o clorofórmio como auxiliar na

plastificação do material obturador, enquanto que no processo A essa droga

não foi empregada.

A desobturação do 1/3 coronário pode ser realizada por

instrumentos rotatórios ou aquecidos. As brocas Gates, por apresentarem

ponta inativa, são mais seguras que as brocas Peeso, cuja extremidade é

perfurante, podendo pois, causar desvios ou perfurações no canal radicular.

O emprego da broca Gates retifica o 1/3 coronário facilitando o acesso das

48

Discussão

limas à região apical. Assim, essa broca é considerada um auxiliar na

desobturação. Há, no entanto, quem sugira a substituição da broca Gates pelo

GPX (TEPLITSKY et al.51, 1992).

Outros, que utilizam-se de instrumentais sônicos (SANTOS39 1990;

SANTOS e AUN40, 1992), afirmam que o tempo despendido na desobturação

é bem menor. No entanto, a qualidade da desobturação é semelhante quando

comparada à técnica manual. O ultra-som é utilizado, também, com a

finalidade de desobturação dos canais radiculares, tanto para obturações que

contenham apenas cimento (JENG e ELDEEB28, 1987; KRELL e NEO31,

1985) quanto para obturações convencionais (STAMOS47, 1988). Algumas

vezes, esse procedimento é associado ao emprego de um solvente

(FRIEDMAN et al.11,12, 1992 e 1993; WILCOX et al.59, 1987; WILCOX56

1989).

Alguns autores concordam em afirmar que tanto a técnica sônica

(SANTOS e AUN40, 1992) quanto a manual ou ultra-sônica (JENG e

ELDEEB28, 1987; KRELL e NEO31, 1985; FRIEDMAN et al.11,12 1992 e

1993; WILCOX et al.59, 1987; WILCOX56 1989; LOPES e GAHYVA33,

1993) deixam resíduos no interior do canal radicular. FRIEDMAN et al.11

(1992) dizem que as técnicas manual e ultra-sônica deixam a mesma

quantidade de resíduos. Salientam, ainda, que o ultra-som é

significativamente mais rápido na desobturação dos canais, quando

comparado à técnica manual.

O clorofórmio, triclorometano (CHCl3), apresenta-se como um

líquido pesado, transparente, incolor, de odor característico. É pouco solúvel

em água e inteiramente miscível em álcool. Altera-se pela luz solar e ar.

Alguns criticam a sua utilização por admitirem ser essa droga um

cancerígeno em potencial (YANCICH et al.53 (1989; HUNTER et al.27, 1991;

WENNBERG & ORSTAVIK55, 1989), que foi banido da Food, drugs and

cosmetics (U.S. Department52, 1985). Outros (ZAKARIASEN et al.61, 1990)

49

Discussão

dizem que o clorofórmio tem efeito adverso à saúde e deveria ser

considerado um risco em potencial, por ser um irritante tanto local quanto

sistêmico. Contudo, esses autores acreditam que o clorofórmio, quando

usado corretamente na terapêutica endodôntica, ou seja, em pequena

quantidade e confinado ao canal radicular, não apresentaria um risco

significativo ao paciente. NGUYEN35 (1988) salienta não conhecer nenhum

caso de câncer cuja causa esteja relacionada com o uso do clorofórmio no

tratamento endodôntico. Todavia, em função da suspeita mencionada há

quem aconselhe o emprego do eucaliptol em substituição ao clorofórmio

(ZAKARIASEN et al.61, 1990). Esses autores desenvolveram uma técnica

baseada no uso combinado de espaçador auto-aquecido, eucaliptol e limas

endodônticas. Há, no entanto, quem aponte as seguintes vantagens do

clorofórmio sobre o eucaliptol (YANCICH et al.53, 1989): 1) solubiliza a guta

percha mais rapidamente; 2) é de menor custo; 3) é de fácil obtenção; 4)

torna-se quimicamente integrado com a guta percha, enquanto que o

eucaliptol somente envolve sua superfície. O xilol também é apresentado

como uma opção para substituir o clorofórmio, mas a dissolução da guta

percha em xilol é pior que no clorofórmio (TANSE et al.50, 1986;

WENNBERG e ORSTAVIK55, 1989), tem evaporação lenta, sendo

considerado impróprio para o uso em consultório (FRIEDMAN et al.13,

1990).

WENNBERG e ORSTAVIK55 (1989) concluem que o metil-

clorofórmio é a melhor alternativa para o clorofórmio, por ter menor efeito

tóxico e não ser carcinogênico. E apesar de ser menos efetivo que o

clorofórmio, é mais efetivo que o xilol e o eucaliptol.

Concordamos com ZAKARIASEN et al.61 (1990), acreditando que,

diante de um uso correto na terapêutica endodôntica, o clorofórmio não traria

maiores conseqüências ao paciente.

50

Discussão

As técnicas de avaliação da qualidade da desobturação também são

muitas.

LOPES E GAHYVA32,33 (1992, 1993) utilizaram duas técnicas de

análise baseadas na imagem radiográfica do resíduo contido nos 3 milímetros

apicais, e também na análise visual das raízes seccionadas. Esses autores

dizem não ter havido concordância entre a análise radiográfica e a visual,

pois ocorreria em alguns casos o mascaramento da imagem radiográfica do

resíduo.

SANTOS39 (1990) e SANTOS e AUN40 (1992) fizeram a análise

da quantidade de resíduos apenas pelo método radiográfico. Basearam-se no

cálculo da área do canal radicular, e do resíduo, em mm2, após o que foi

estabelecido um índice denominado de sujidade residual, baseado na

porcentagem da área do canal que estava preenchida pelo resíduo.

WILCOX et al.59 (1987) e WILCOX56 (1989) analisaram a

qualidade da desobturação e reinstrumentação a partir de fotografias feitas do

canal radicular após o seccionamento das raízes. As fotos eram projetadas

com 12X de aumento. Foi feito um desenho do canal radicular e dos resíduos

da guta percha e cimento obturador, sendo, em seguida, calculadas as

respectivas áreas.

Outros usam escores a partir da quantidade de resíduo encontrado

no interior do canal, através de uma análise até certo ponto subjetiva.

FRIEDMAN et al.11,12 (1992; 1993) atribuem escores de 0 a 5 aos

resíduos presentes: 0 ou 1 ausência ou mínima quantidade, 2, 3, 4 e 5 como

sendo resíduo cobrindo menos de 50%, 50%, mais de 50% ou toda a parede

do canal, respectivamente.

Nós preferimos neste trabalho não utilizar o sistema de escores,

procurando avaliar a qualidade da desobturação e reinstrumentação de forma

mais quantitativa quanto possível. Fizemos isso tanto para a análise

radiográfica quanto para a visual.

51

Discussão

Não observamos diferença estatística entre os dois critérios por nós

empregados na análise da quantidade de resíduos presentes. Tal resultado

discorda dos obtidos por LOPES e GAHYVA32 (1992), onde a análise

radiográfica não se mostrou eficiente. Tal fato poderia ser explicado pela

diferença da metodologia empregada nos dois trabalhos. Esses autores

basearam-se no exame do 1/3 apical das raízes, utilizando-se de escores, para

a avaliação da quantidade de resíduos. Nós calculamos a área do resíduo

observado através do exame radiográfico.

WILCOX et al.59 (1987) e WILCOX56 (1989) diferenciam, no

resíduo, o cimento da guta percha. FRIEDMAN et al.11 (1992) não fazem a

distinção dos componentes do resíduo durante a análise. Nós também não

diferenciamos guta percha e cimento. Todavia, encontramos uma quantidade

maior de cimento compondo os resíduos. Tal achado está de acordo com os

de FRIEDMAN et al.11 (1992).

Fizemos também, uma diferença do resíduo quanto ao fato de ele

estar apenas aderido à parede ou obstruindo a luz do canal. Entendemos que

quando esse resíduo está obstruindo a luz do canal, ele interfere de modo

significativo na qualidade da reobturação, de forma a prejudicar a adaptação

do cone de guta percha principal à parede do canal, durante a reobturação,

causando interferência no vedamento marginal. Entendemos, todavia, que

quando ficam resíduos aderidos à parede do canal, e estes estiverem

localizados aquém do limite da reobturação, não haveria maiores problemas.

Entretanto, se o resíduo estiver de forma tal que fique entre a extremidade do

cone principal reobturador e o limite do preparo realizado durante a

reinstrumentação, este poderia interferir na adaptação do novo material

obturador.

Não podemos esquecer, também, que parte significativa dos dentes

apresenta ramificações apicais e canais laterais (HESS e KELLER17, 1988).

Se o resíduo aderido à parede, cobrisse uma ramificação apical ou canal

52

Discussão

lateral, e, estando este contaminado, poderia comprometer o êxito almejado

pelo retratamento.

Observamos que tanto o Fill Canal-1 quanto o Sealapex-1 deixam

quantidade semelhante de resíduos após a desobturação e reinstrumentação.

Isso ocorreu, a despeito de haver diferença na capacidade de aderência dos

referidos cimentos.

Os processos de desobturação comportam-se de modo

significativamente diferentes. Quando empregamos o clorofórmio houve

melhor remoção do material obturador. Ocorrendo assim, maior quantidade

de resíduo para o processo que não utilizou solvente. Esses dados discordam

dos de WILCOX56 (1989). Essa autora analisou a qualidade da desobturação

dos canais que tiveram o 1/3 apical irrigados com hipoclorito de sódio ou

clorofórmio. Obteve quantidade de resíduo semelhante para as duas soluções

irrigantes. A discordância nos resultados encontra amparo na diferença de

metodologia. A autora utilizou-se do ultra-som e nós limas endodônticas

manipuladas manualmente.

No que se refere ao tipo de obturação, FRIEDMAN et al.12 (1993)

realizaram um trabalho onde obturaram dentes com a técnica do cone único

ou condensação lateral. Observaram maior quantidade de resíduo no 1/3

apical frente à condensação lateral, processo por nós utilizado.

A escolha do método a ser utilizado para a desobturação não

depende da técnica de obturação empregada, que geralmente é desconhecida,

mas certamente da qualidade da condensação, anatomia do canal e limite da

obturação.

No que diz respeito à quantidade de resíduos, observamos que 90%

dos casos de desobturação os apresentam. Esse número está de acordo com

LOPES e GAHYVA33 (1993) que obtiveram 93,34% de resíduos após a

desobturação e reinstrumentação, sendo que 85,71% localizavam-se no 1/3

apical.

53

Discussão

Após analisarmos a influência do solvente na desobturação,

entendemos o resultado obtido quanto à infiltração marginal após a

reobturação. Percebemos agora, que quando utilizamos o clorofórmio

proporcionamos melhor remoção do material obturador. Notamos ainda que

os resíduos interferiram de modo a diminuir a adaptação da reobturação às

paredes do canal, determinando maior infiltração marginal quando o solvente

não foi utilizado.

Acreditamos que esse trabalho possa auxiliar, de algum modo, aos

interessados não só na qualidade da desobturação, mas também aos que se

preocupam com a influência que a desobturação venha a acarretar na futura

obturação.

Por fim, cabe-nos sugerir que frente a um caso de retratamento

endodôntico, onde haja necessidade de desobturação de canal, o processo de

desobturação deva ser realizado com auxílio do solvente, objetivando assim,

promover-se uma reobturação de melhor qualidade.

Por se tratar de trabalho inicial, destinado a analisar a influência

causada pela qualidade da reobturação durante o retratamento endodôntico,

entendemos que novos estudos são necessários para elucidar dúvidas

porventura surgidas.

54

Conclusões

CONCLUSÕES

À luz da metodologia utilizada, parece-nos lícito chegar às

seguintes conclusões:

1) A natureza dos cimentos não influenciou quanto à quantidade de

resíduos após a desobturação e reinstrumentação e apresentaram a mesma

qualidade seladora após a reobturação.

2) O emprego do Sealapex durante a obturação melhorou a

qualidade do selamento marginal proporcionado pela reobturação com o Fill

Canal.

3) A utilização do solvente durante a desobturação deixa menor

quantidade de resíduos e proporciona melhor selamento marginal após a

reobturação.

4) Tanto a metodologia através da análise radiográfica quanto

através da análise visual, utilizando-se da lupa, foram eficientes em detectar

resíduos no interior do canal radicular após a desobturação.

55

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62

Resumo

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade do selamento

marginal apical após o retratamento endodôntico com da utilização do

solvente e da presença de resíduos de material obturador. Para tal fez-se a

obturação dos canais com dois cimentos que foram desobturados utilizando-

se ou não o clorofórmio e reobturados com Fill Canal ou Sealapex.

Com o objetivo de avaliar os resultados foram analisadas a

infiltração marginal após a obturação e reobturação e a qualidade da

desobturação.

Assim, pôde-se concluir, pelos resultados obtidos, que os cimentos

Fill Canal e Sealapex deixaram a mesma quantidade de resíduos após a

desobturação e reinstrumentação. O Fill Canal utilizado na reobturação, após

o emprego do Sealapex na primeira obturação, apresentou melhora

significativa da qualidade do selamento marginal. A utilização do solvente

durante a desobturação proporcionou menor quantidade de resíduo e

selamento marginal melhor após a reobturação. A análise da quantidade de

resíduo através do método radiográfico mostrou-se eficiente.

63

Summary

ABSTRACT

ENDODONTIC RETREATMENT: MARGINAL SEALING

ABILITY EVALUATION BASED ON THE PRESENCE OF FILLING

MATERIAL DEBRIS AND THE USE OR NOT OF A SOFTENING

AGENT.

The purpose of this study was to evaluate the quality of the

periapical seal after endodontic retreatment with and without a softening

agent for filling removal and to observe if debris might interferes in the

sealing ability after refilling.

The root canals were filled with two cements, and then removed

with and without the use of chloroform. After that they were refilled with the

following cements: Fill Canal or Sealapex.

The apical leakage after the root canal filling and refilling and the

quality of the filling removal were analysed.

Based on the results, it can be concluded that Fill Canal and

Sealapex leave the same amount of debris after the root canal filling removal

and reinstrumentation. The use of chloroform provides a smaller amount of

debris and a better periapical seal after refilling. The apical leakeage for

refilling with Fill Canal cement was smaller after using Sealapex as the first

filling material. The analysis of the amount of debris by the radiographic

method proved to be very efficient.

KEY WORDS: Endodontic Retreatment; Marginal Leakage; Softening

Agent; Debris.

64