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ética
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5/19/2018 01-A Etica Nas Organizacoes - Um Estudo de Caso Sobre a Empresa Moinho Globo
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A TICA NAS ORGANIZAES: Um estudo de casosobre a empresa Moinho Globo
UREA LCIA FERRAZ DESOUZATATIANE FERNANDES COSTENARO
CORNLIO
PROCPIO,
PARAN2012
5/19/2018 01-A Etica Nas Organizacoes - Um Estudo de Caso Sobre a Empresa Moinho Globo
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UREA LCIA FERRAZ DE SOUZATATIANE FERNANDES COSTENARO
A TICA NAS ORGANIZAES: Um estudo de casosobre a empresa Moinho Globo.
Trabalho Concluso de Curso apresentado aocurso de Bacharelado em Administrao daUniversidade do Norte do Paran Campus deCornlio Procpio, como requisito parcial paraobtenodograudeBacharel,soborientao
doprofessor Me. Denny Amari Nishitsuji.
CORNLIO
PROCPIO,
PARAN2012
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A TICA NAS ORGAN
TrabaAdmi
IZAES: Um estudo de caso sobre a em
Globo.
lho de Concluso de Curso apresentadistrao.
Banca examinadora:
Prof. Me. Denny AmaUENP Cornlio Pr
Prof. Me. Luiz EduardUENP Cornlio Pro
Prof. Me. Srgio Rob
UENP Cornlio Pr
Cornlio Procpio, 26 de Outubro de 201
resa Moinho
ao Curso de
i Nishitsujicpio-Pr
o de Arajocpio-Pr
rto Ferreiracpio-Pr
2.
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Dedicamos aos nossos pais, irms e amigos,incentivadoresde nossa realizaoprofissional.
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AGRADECIMENTO
AonossoorientadorProf. Me. Denny Amari Nishitsuji pela dedicao e orientao.
A todos os professores pelos ensinamentos.
Aosnossos familiares e amigos pelo apoio incondicional.
empresa Moinho Globo pela colaborao.
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"Contra a afirmao de que 'tudo negocivel' e de queo 'lucro o critrio supremo da economia' levanta-se avoz da Assemblia Mundial para recolocar a pessoahumana como valor tico fundamental da economia e dodesenvolvimento.
Montoro, 1999,p.22
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SOUZA, urea Lcia Ferraz de; COSTENARO, Tatiane Fernandes. A tica nasOrganizaes. 2012. N pginas. Trabalho de Concluso de Curso UniversidadeEstadual do Norte do Paran UENP/Campus Cornlio Procpio, Cornlio Procpio,2012.
RESUMO
O presente trabalho apresenta a tica nas organizaes, um assunto muito discutidoatualmente, mas que vm sendo estudado desde a Grcia Antiga. A ticaempresarial uma postura que as empresas esto adontando nitidamente, para quejunto com a responsabilidade social e a sustentabilidade, transmita s pessoas umaboa imagem da empresa, podendo garantir sua estabilidade e harmonia para comseus empregados e sociedade, j que a tica na atualidade no mais apenas umaquesto de moral. Hoje em dia, os consumidores esto mais atentos, alm deescolherem qualidade e satisfao, tambm procuram novos atributos, como porexemplo, questes de interesses sociais. Para o desenvolvimento deste trabalho, foi
realizado um estudo de caso nico, qualitativo e exploratrio baseado eminformaes oficiais extradas de documentos e site da empresa, alm de entrevistasinformais com colaboradores e moradores da cidade de Sertanpolis onde selocaliza a mesma; o caso confirma que, atualmente as empresas esto deixando delado a obteno de lucro a qualquer custo, e se importando cada vez mais comaes que valorizam a empresa, demonstrando respeito com os colaboradores,sociedade e meio ambiente, dando-lhes suporte, como cursos, auxlios e incentivos.Com o auxlio de um cdigo de tica a empresa busca garantir padres ticos norelacionamento com seus stakeholders, resultado que pode ser comprovado atravsda premiao recebida pelo segundo ano consecutivo no guia "As 150 MelhoresEmpresas para voc Trabalhar" da Revista Exame.
Palavras chave: tica, Organizao, Responsabilidade Social, Codigo de tica,Sociedade.
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LISTA
DE
ILUSTRAES
1
2345
Diferena entre moral e tica......................................................................
Correntes Filosficas..................................................................................Etapas da formao da conscincia moral.................................................Os crculos concntricos de Betham..........................................................O Triple botton line......................................................................................
20
21243473
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LISTA
DE
TABELAS
E
GRFICOS
12
34567
Bases da manipulao................................................................................Problemas ticos na rea de compras........................................................
Insatisfao dos consumidores no processo de vendas.............................Comportamento dos vendedores na viso dos clientes..............................Atributos do telecomunicador tico..............................................................Virtudes utilizadas na atividade financeira...................................................Pontos principais na administrao financeira............................................
4949
5152546162
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LISTA
DE
SIGLAS
AFUMG - Associao dos Funcionrios do Moinho GloboAMA - Associao Americana de Marketing
APPCC - Anlise de Perigos e Pontos Crticos de ControleBPF - Boas Prticas de FabricaoCIGE - Comisso Interna de Gerenciamento de EnergiaCIPA - Comisso Interna de Preveno de AcidentesCONAR - Conselho Nacional de Auto-Regulamentao PublicitriaEBEN - Europa Business EthicsNetworkEUA - Estados Unidos da AmricaFGTS - Fundo de Garantia por Tempo de ServioFIA - Fundao instituto de AdministraoIBASE - Instituto Brasileiro de Anlises Sociais e EconmicasIDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do ConsumidorIUCN - Conferncia Mundial sobre Conservao e
Desenvolvimento da Unio Internacional pela Conservao da NaturezaMBA - Master of Business AdministrationMEC - Ministrio da Educao e CulturaNBR ISO 9001:2008 - Sistema de Gesto da QualidadeONG - Organizao no GovernamentalPCC - Pontos Crticos de ControlePIS - Programa de Integrao SocialPPR - Programa de Participao nos Resultados.PROCON - Servio de Proteo ao ConsumidorSAC - Servios de Atendimento ao ConsumidorSECANP - Associao Nacional de Profissionais de Servios aConsumidores em EmpresasSESI - Servio Social da IndstriaSTAKEHOLDERS - Todos os envolvidos direta ou indiretamente empresa
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SUMRIO
1 INTRODUO ...................................................................................................... 13
1.1 OBJETO DO ESTUDO ....................................................................................... 14
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA .............................................................................. 14
1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 15
1.4 OBJETIVOS ....................................................................................................... 16
1.4.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 16
1.4.2 Objetivos Especficos ................................................................................... 16
1.5 DELIMITAO DO ESTUDO ............................................................................. 16
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................... 17
2 FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................ 18
2.1 O HOMEM NA SOCIEDADE .............................................................................. 18
2.2 DIFERENA ENTRE TICA E MORAL ............................................................. 19
2.3 TEORIAS TICAS .............................................................................................. 21
2.3.1 tica das Virtudes ......................................................................................... 21
2.3.2 Epicurismo ..................................................................................................... 25
2.3.3 Estoicismo ..................................................................................................... 26
2.3.4 tica Crist ou Religiosa .............................................................................. 26
2.3.5 tica do Dever ............................................................................................... 28
2.3.6 Marxismo ........................................................................................................ 30
2.3.7 Pragmatismo .................................................................................................. 32
2.3.8 Existencialismo ............................................................................................. 32
2.3.9 Finalismo e Utilitarismo ................................................................................ 33
2.3.9.1 Finalismo ...................................................................................................... 33
2.3.9.2 Utilitarismo .................................................................................................... 33
2.4 TICA EMPRESARIAL ...................................................................................... 342.4.1 O Surgimento da tica nas empresas.......................................................... 34
2.4.2 Etapas da Formao Moral de uma Empresa ............................................. 36
2.4.3 tica Descritiva e Normativa ........................................................................ 37
2.4.4 Cdigos de ticas ......................................................................................... 37
2.4.5 tica dos Diretores ........................................................................................ 39
2.4.6 A tica Individual ........................................................................................... 39
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2.4.7 A tica e as leis da incompetncia .............................................................. 40
2.5 TICA EM MARKETING E PROPAGANDA ....................................................... 43
2.5.1 tica na pesquisa de Marketing ................................................................... 44
2.5.2 tica na administrao do produto.............................................................. 45
2.5.3 tica na administrao do preo ................................................................. 46
2.5.4 tica na propaganda ..................................................................................... 47
2.4.5 tica da distribuio ..................................................................................... 48
2.6 TICA NA REA DE VENDAS .......................................................................... 48
2.6.1 Relao Empresa-Cliente ............................................................................. 50
2.6.2 Relao Empresa-Concorrncia .................................................................. 52
2.6.3 Contribuio da Propaganda tica .............................................................. 52
2.6.4 tica do Profissional de Vendas .................................................................. 532.6.5 tica em Televendas ..................................................................................... 54
2.6.6 Vendas em Contexto de Pas em Desenvolvimento ................................... 55
2.7 TICA NA RELAO EMPRESA-CONSUMIDOR ............................................ 55
2.7.1 O Papel do consumidor na empresa ........................................................... 55
2.7.2 Propaganda na relao empresa-consumidor ............................................ 57
2.7.3 Perfil tico dos Servios de Atendimento ao Consumidor ........................ 57
2.7.4 tica do Consumo ......................................................................................... 58
2.7.5 tica e defesa do consumidor ...................................................................... 592.8 TICA EM FINANAS ....................................................................................... 59
2.8.1 Virtudes Pessoais ......................................................................................... 60
2.8.2 Virtudes para atividade financeira ............................................................... 61
2.8.3 tica na Administrao Financeira .............................................................. 62
2.9 TICA NA GESTO DE PESSOAS ................................................................... 62
2.9.1 tica no relacionamento com os empregados ........................................... 64
2.9.2 Formao do perfil tico ............................................................................... 65
2.10 O ASSDIO MORAL NAS ORGANIZAES .................................................. 662.11 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAES ................................. 68
2.11.1 O que Responsabilidade Social .............................................................. 68
2.11.2 - Responsabilidade Social e desenvolvimento sustentvel ..................... 71
2.11.3 tica e responsabilidade social ................................................................. 73
3 METODOLOGIA ................................................................................................... 75
4 ANLISE, DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS ............................................ 80
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4.1 ESTUDO DE CASO: MOINHO GLOBO ............................................................. 80
4.1.1 A empresa ...................................................................................................... 80
4.1.2 O futuro .......................................................................................................... 81
4.1.3 Misso ............................................................................................................ 81
4.1.4 Viso ............................................................................................................... 81
4.1.5 Valores ........................................................................................................... 82
4.1.6 Poltica da Qualidade .................................................................................... 82
4.1.7 Os 10 Princpios da Gesto Moinho Globo ................................................. 82
4.1.8 Indstria ......................................................................................................... 84
4.1.9 Controle de qualidade ................................................................................... 85
4.1.10 Marketing e Propaganda ............................................................................. 87
4.1.11 Gesto tica ................................................................................................. 874.1.13 Premiaes .................................................................................................. 88
4.1.14 Responsabilidade Social ............................................................................ 90
5 CONSIDERAES FINAIS .................................................................................. 92
REFERNCIAS ......................................................................................................... 94
ANEXO A - MANUAL DO COLABORADOR DA EMPRESA MOINHO GLOBO ..... 96
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1 INTRODUO
O tema tica atualmente est em destaque devido aos grandes escndalos
em diversas reas, como poltica e economia; tambm est sendo muito discutido,
pois os consumidores esto cada vez mais exigentes, no analisando na hora da
compra apenas o custo/benefcio dos produtos, mas tambm se a atuao da
empresa positiva na comunidade da qual est inserida; assim a tica empresarial
vem sendo aplicada nos diferentes tipos de organizaes, sendo uma forma das
mesmas honrarem os compromissos assumidos com todos seus stakeholders.
Conforme ABBAGNANO (1998 apud ALENCASTRO 2010, p.32), podemos
definir tica como a cincia da conduta, portanto muitas empresas a utiliza como
um de seus pilares, no apenas para sobrevivncia, mas tambm para expandir
seus negcios. Com a tica fortemente presente na cultura organizacional, condutas
desfavorveis imagem podem ser evitadas.
Desta forma, as empresas compreendem princpios e padres que as
orientem no comportamento no mundo dos negcios fazendo com que as mesmas,
juntamente com seus integrantes se desenvolvam em uma conduta de tica,
transformando seus valores e convices como parte de sua cultura.
A relao entre empresa e cliente, vem sendo responsvel pela sobrevivncia
ou pelo fracasso de muitas instituies em nosso pas. Portanto, a tica profissional,
tem como objetivo maior o relacionamento do profissional com seus clientes e com
outros profissionais, levando em conta valores como dignidade humana, auto
realizao e sociabilidade.
Esses relacionamentos existem porque os seres humanos so sociais,
necessitam do convvio e da aprovao da comunidade ao qual esto inseridos,
porm regras so necessrias; desta forma, para uma melhor compreenso detodos, as empresas implantam um cdigo de tica, onde dever ser seguido por
todos que de alguma forma esto ligados empresa.
Sabendo que, manter-se atraente no mercado sempre foi um desafio s
organizaes, preservar a imagem organizacional indispensvel para manter esta
atratividade. Em CARMONA (2008, p.84) se voc no atuar de maneira ntegra,
ecologicamente correta, socialmente aceitvel, provavelmente sua marca no
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sobreviver. As pessoas, hoje, esperam muito mais do que preo e qualidade, elas
querem utilizar uma marca que seja respeitada e admirada no mercado. Da a
importncia que se tem dado tica nas organizaes.
Anteriormente, o valor das empresas estava em seu patrimnio,
diferentemente dos dias atuais onde o principal patrimnio da empresa sua cultura,
sua integridade e transparncia na sua atuao no mercado, onde a busca pelo
lucro a qualquer custo d lugar aos objetivos conscientes, conciliando lucro, tica e
responsabilidade social.
Assim, este trabalho, objetiva aprofundar o conhecimento sobre a tica, seu
conceito e seus princpios, apreciar um caso de sucesso, avaliando a importncia do
desenvolvimento da tica nas organizaes empresariais.
1.1 OBJETO DO ESTUDO
Aprofundar o conhecimento sobre a tica, seu conceito e seus princpios,
apreciar um caso de sucesso, demonstrando a importncia do desenvolvimento da
tica nas organizaes.
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA
Desde os primrdios, tica e Moral se confundem, apesar de suas origens
serem distintas, onde tica vem do grego ethose Moral vem do latim mores, porm
ambas significam costume, modo de agir, comportamento.
Segundo PASSOS (2007, p.22), podemos diferenciar tica e Moral daseguinte maneira: A moral normatiza e direciona a prtica das pessoas, enquanto a
tica teoriza sobre as condutas, estudando as concepes que do suporte moral.
As organizaes empresariais esto inseridas na sociedade e so formadas
por pessoas, portanto a tica empresarial envolve no apenas as empresas, mas
todos os elementos da sociedade que interagem direta ou indiretamente. No livro A
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tica nas Organizaes, da Coleo Reflexo, Instituto Ethos de Empresas e
Responsabilidade Social, 2001, a tica empresarial definida da seguinte forma:
A tica no um valor acrescentado, mas intrnseco da atividadeeconmica e empresarial, pois esta atrai para si uma grande quantidade defatores humanos e os seres humanos conferem ao que realizam,inevitavelmente, uma dimenso tica. A empresa, enquanto instituiocapaz de tomar decises e como conjunto de relaes humanas com umafinalidade determinada, j tem desde seu incio uma dimenso tica.Uma tica empresarial no consiste somente no conhecimento da tica,mas na sua prtica. E este praticar concretiza-se no campo comum daatuao diria e no apenas em ocasies principais ou excepcionaisgeradoras de conflitos de conscincia. Ser tico no significa conduzir-seeticamente quando for conveniente, mas o tempo todo. (p.14)
Considerando, portanto, que a tica muito mais essencial no dia-a-dia da
empresa do que se imagina, chega-se ao seguinte problema:
O que tica e como aplic-la nas organizaes para obter resultados
positivos no desenvolvimento das mesmas?
1.3 JUSTIFICATIVA
Este trabalho ir conceituar a tica nas organizaes e suas dimenses.
Por ser a tica uma cincia que estuda os valores e virtudes do homem, com
o intuito de determinar regras e condutas a serem seguidas para que o convvio em
sociedade se d de forma ordenada e justa. Surge assim, a necessidade de
transmitir valores morais s futuras geraes. (MAXIMIANO, 2006).
Para PASSOS (2007, p.92), as organizaes ticas buscam, na prtica,
serem honestas, justas e verdadeiras e democrticas, por uma questo de princpio
e no de convenincias, mas nem sempre isso pode gerar sucesso e
reconhecimento. Esse tipo de atitude pode lhe trazer certo tipo de compromisso
para com ela, ajudando em seu crescimento e estabilidade no mercado.
O direito de falar, a exposio de idias e a defesa de princpios, devem
existir em uma empresa tica, sendo que os mais convincentes argumentos devem
ser aceitos por todos os que fazem parte de sua estrutura.
Enfim, o trabalho apresentar a prtica da tica e suas responsabilidades
sociais nas empresas, na busca pela credibilidade dos clientes, o caminho para
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diferenciao que envolve a responsabilidade social, que nada mais do que agir de
forma clara, sendo transparentes nas negociaes com clientes, fornecedores,
colaboradores e a sociedade como um todo. (ASHLEY, 2005).
1.4 OBJETIVOS
Para a obteno do resultado esperado neste estudo, foram definidos os
seguintes objetivos de carter geral e especficos:
1.4.1 Objetivo Geral
Desenvolver um estudo exploratrio, visando compreender os conceitos e
princpios ticos, apresentando um estudo de caso de uma empresa da regio de
Londrina que tem a tica como um pilar de sua cultura.
1.4.2 Objetivos Especficos
Apresentar um histrico de tica geral e suas teorias;
Demonstrar o conceito de tica Empresarial e seus princpios;
Apresentar uma organizao que possui uma gesto tica.
1.5 DELIMITAO DO ESTUDO
O presente trabalho se limita a um estudo do tema proposto baseado em
pesquisa bibliogrfica exploratria sobre a tica empresarial e em estudo de caso da
prtica em uma empresa.
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1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
A presente monografia desenvolveu-se, alm desse capitulo de introduo,
em mais quatro captulos, conforme a seguir:
1 Captulo: Neste captulo so apresentados alm da introduo
apresentando o tema, o objeto de estudo escolhido, em seguida so dispostas a
caracterizao do problema, a justificativa do trabalho, os objetivos geral e
especfico, e posteriormente delimitado o estudo.
2 Captulo: apresentada neste captulo, a fundamentao terica com o
intuito de proporcionar um embasamento emprico pesquisa, tendo sido
consultados livros, artigos especficos, dissertaes, teses de mestrado, revistas e
sites da internet, resultando na descrio das teorias e princpios da tica,
discorrendo sobre o uso da mesma nas organizaes.
3 Captulo: apresentada a metodologia escolhida e utilizada pelas
autoras para o desenvolvimento da pesquisa, tanto na parte terica quanto na
parte prtica.
4 Captulo: Neste captulo ser apresentada a empresa escolhida e
trabalhada no estudo de caso, bem como seu histrico, seus princpios e seu
tratamento em relao aos seus stakeholders.
5 Captulo: Para finalizar, neste captulo feita a apresentao das
concluses sobre o trabalho, as limitaes do estudo e algumas sugestes para
futuros trabalhos sobre o tema, seguidos pelas referncias bibliogrficas utilizadas
neste trabalho.
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2 FUNDAMENTAO TERICA
2.1 O HOMEM NA SOCIEDADE
O ser humano um animal racional que se distingue dos demais pela
inteligncia e pela fala, definido tambm como um ente material que interage o
tempo todo com o meio em que habita, transformando o mesmo e sendo por ele
transformado.
LISBOA (1997, p.16) utiliza a afirmao axiomtica "O homem um animal
social por natureza", que define em poucas palavras que o homem no nasceu para
viver isoladamente; durante toda a sua existncia o mesmo vive em meio a uma
sociedade, definida por LISBOA (1997, p.16) como a "integrao verificada entreduas ou mais pessoas, que somam esforos para que determinado objetivo seja
alcanado".
Relaes das mais variadas ocorrem entre diferentes tipos de pessoas e
podem ocorrer por vrios motivos:
Por imposio, como o caso das Foras Armadas onde os homens aos 18
anos so obrigados a se alistarem;
Por natureza, como as famlias;
Por escolha, como o time futebol ou a religio.Existem muitas micro-sociedades interligadas que esto dentro de uma
sociedade muito maior que envolve todos os habitantes terrestres; porm cada
indivduo, cada micro-sociedade, a sociedade enfim tem seus objetivos especficos
que muitas vezes podem ser opostas e para que no haja conflitos faz-se necessrio
um ponto de entendimento para o desenvolvimento da sociedade em geral.
As coletividades humanas do origem ao que comumente se denomina decultura, ou seja, "tudo aquilo que caracteriza a existncia social de um povoou nao, ou ento de grupos no interior de uma sociedade." (SANTOS,
1994, p.24 apudALENCASTRO, 2010, p.29).
Toda cultura em que o indivduo est inserido influncia em sua
personalidade, pois o mesmo vai agregando os valores essenciais nela contido,
segundo CHAUI (2001, p.339 apudALENCASTRO, 2010, p.30) toda cultura e cada
sociedade instituem uma moral, isto , valores concernentes ao bem e ao mal, ao
permitido e ao proibido, e a conduta correta, vlida para todos os seus membros.
Porm nem sempre se segue as regras da sociedade, muitas vezes os interesses
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individuais podem sobressair aos interesses coletivos, criando conflitos entre
individuo e sociedade, trazendo consequncias para ambas ou para o individuo.
ALENCASTRO (2010) afirma que um indivduo estabelece os seus valores
sobre ele prprio e sobre os outros atravs da convivncia em sociedade, firmando
assim sua dimenso tica, ou seja, seus princpios sobre o certo e o errado e as
aes de cada individuo e dele mesmo. Habitualmente as aes do indivduo so
reflexos de suas crenas, porm tambm podem divergir do que se cr e at do que
se deve fazer.
2.2 DIFERENA ENTRE TICA E MORAL
Antes de definir tica faz-se necessrio distinguir tica e moral, embora
ambas tem suas origens distintas,porm so sinnimas, como a lngua portuguesa
adotou as duas h uma confuso em relao ao sentido de ambas,
A palavra tica surgiu da palavra grega Ethos; enquanto moral tem origem
latina, derivada da palavra Mores, ambas significam costumes, modo de agir, porm
segundo VASQUEZ (1975, p. 12 apud PASSOS, 2007, p. 23) "A tica a cincia
que estuda o comportamento moral dos homes na sociedade".
A origem histrico-filosfica da tica vem do filsofo Scrates, das indagaes
sobre os valores, hbitos e costumes de Atenas. Pode-se dizer ento que a tica
tem carter geral, pois mais ampla que a moral, principalmente porque segundo
LISBOA (1997, p.30) a tica, como expresso nica do pensamento correto, conduz
idia da universalidade moral, ou, ainda, forma ideal universal do comportamento
humano, expressa em princpios vlidos para todo pensamento normal e sadio.
Moral so os costumes, os hbitos do homem, enquanto tica teoria, a
cincia que estuda a moral, a conduta humana; a figura 1 abaixo mostra bem arelao entre tica e moral, considerando o que bom, o que certo e
repreendendo o que mau, o que errado; tendo por objeto de estudo o
comportamento humano e por objetivo "estabelecer nveis aceitveis que garantam
a convivncia pacfica dentro das sociedades e entre elas" (LISBOA, 1997, p.22).
Apesar de parecer simples a tica muito mais complexa do que parece, pois como
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dito anteriormente envolve juzos de valor que o indivduo agrega no decorrer da
vida, onde sua aplicabilidade difcil.
Figura 1 - Diferena entre moral e ticaFonte: Adaptado de Amodo, 2007.
Os princpios morais servem de padres de comportamento que sero
utilizados como parmetros para avaliaes da adequao das polticas das
instituies sociais e do comportamento individual. Alguns exemplos so os direitos
e a justia. Atravs de cinco aspectos os padres morais se diferem de outros, so
eles:
1. Os assuntos tratados pelos padres morais so aqueles nos quais
resultam em srias consequncias contra a coletividade;
2. Diferentemente das leis, os padres morais no podem ser alterados
pelas autoridades;
3. No h interesses pessoais que superem os padres morais;
4. A base dos padres morais so as consideraes imparciais;
5. Emoes e vocabulrio especiais se associam aos padres morais.Assim, pode-se resumir que a tica busca a compreenso da formao dos
costumes, hbitos, regras e leis que direcionam uma sociedade. Para entender no
somente o passado, como estabelecer parmetros de comportamento que reduzam
os conflitos dentro da sociedade.
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2.3 TEORIAS TICAS
A tica foi criada na Grcia Antiga por Scrates, porm vrios filsofos
criaram suas teorias em busca de solues aos conflitos internos da sociedade
causados pelo comportamento humano.
Tais filsofos podem ser divididos em dois grupos principais: Deontologistas e
Teleologistas/Axiologistas (Figura 2).
Existem trs correntes filosficas que regem esses filsofos, deontologista
que vem do grego dontos que significa "obrigatrio"; teleologista do grego teleos
que significa "final" (causa) e axiologista do grego axisque significa "digno".
Figura 2 - Correntes FilosficasFonte: Adaptado de Amodo, 2007.
Os conceitos bsicos dos deontologistas so o direito e o dever, onde os
mesmos afirmam que os padres morais derivam desses conceitos. Enquanto os
teleologistas e os axiologistas tm como conceitos bsicos a bondade e o valor, os
teleologistas enfatizam o clculo das consequncias de cada ao, entre as vriasalternativas possveis (LISBOA, 1997, p.29) e os axiologistas a bondade intrnseca,
o valor da bondade contida em certas aes.
Desde a Grcia Antiga, os filsofos estudam os conceitos de moralidade de
per si, onde a moral ao invs de contrastar com o imoral, contrasta com o amoral,
analisando o diferimento das normas morais e das aes imorais ou amorais;
levantando a questo da diferena entre ser moralmente correto totalmente ou
apenas em algumas situaes. A soluo encontrada que deve-se refletir a nfase
nos interesses e no bem-estar da sociedade.
2.3.1 tica das Virtudes
Scrates teve grande importncia na histria da humanidade, tanto que os
filsofos que vieram antes dele so chamados pr-socrticos e o foco dos estudos
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era o mundo fsico. Mas na idade antiga em que viveram Scrates, Plato e
Aristteles que a tica tem seu valor elevado, onde os estudos se voltam para o ser,
para os problemas morais e sociais.
Pode-se definir a tica pregada por Scrates, Plato e Aristteles como a
tica das virtudes, devido suas motivaes bsicas. Do latim virtusa palavra virtude,
na tica significa uma qualidade que traz uma ao benfica para si e para os
demais.
Scrates nasceu em Atenas e considerado o pai da filosofia moral; apesar
de no ter deixado nada escrito, tem suas teorias apresentadas por Plato seu
principal discpulo. Segundo ARRUDA, WHITAKER E RAMOS (2003, p.25) Scrates
vivia pelas ruas a conversar com as pessoas sobre a vida, a tica e a virtude,
utilizava-se do mtodo da maiutica, ou seja, com perguntas e respostas. Mesmoconsiderado pelo orculo de Delfos o homem mais sbio da Grcia, foi condenado
morte pelo senado ateniense.
"Dedicou-se busca da verdade, que deveria ser uma forma de juzo
universal, capaz de dirigir a vida das pessoas, no plano pessoal e poltico."
(PASSOS, 2007, p.32)
ALENCASTRO (2010, p.34) afirma que Scrates "defendia a idia de que as
demandas ticas s poderiam ser plenamente resolvidas com o conhecimento de si
mesmo (conhece-te a ti mesmo - frase reconhecidamente socrtica) por parte dosindivduos."
PASSOS (2007) afirma que a felicidade, o bem supremo da vida humana era
a idia central da tica pregada por Scrates, onde o indivduo deveria proceder
bem e ter uma alma boa.
Considerava a felicidade e a boa conduta como a mesma coisa, sendo
determinadas no "ser" de cada indivduo, ou seja, nos bens da alma, buscando o
conhecimento e a verdade. Percebe-se que para Scrates bondade, conhecimento e
felicidade caminham juntos, assim conhecendo o bem, o homem agiria bem, com oque se sentiria feliz porque seria dono de seu destino e de si mesmo (PASSOS,
2007, p.33).
Plato tambm nascido em Atenas, discpulo de Scrates, fugiu da mesma
aps a morte de seu mestre temendo represlias, volta anos depois e funda a
Academia de Atenas, estudando a filosofia e discutindo temas como matemtica e
astronomia, escrevia dilogos filosficos, onde o principal interlocutor seu mestre,
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Scrates. Seus dilogos so divididos em trs fases: dilogos da juventude, dilogos
da maturidade e dilogos da velhice.
Segundo PASSOS (2007, p.33) para Plato havia dois mundos, o sensvel e o
inteligvel ou mundo das Idias, onde o primeiro apenas uma cpia do segundo, de
onde vem toda a essncia. Segundo AMEDO (2007, p.4) a justia a hierarquia
harmnica das trs partes da alma - a sensibilidade, a vontade e o esprito. Ao
contrrio de Scrates, Plato pregava que a moral prepara o indivduo para uma
felicidade extraterrena, assim considerava que a alma era constituda de razo,
vontade e apetite, sendo a razo superior ao apetite por ser este uma necessidade
corporal.
Assim, atravs da contemplao e da prtica das virtudes, o indivduo se
purifica e se desliga do mundo material, alcanando o mundo das idias. As virtudesdestacadas por Plato so: a prudncia, virtude da razo; a fortaleza, virtude da
vontade e a temperana, virtude do apetite, tais regem uma parte da alma, guiando
ou refreando e a harmonia de todas as partes da alma, constituem a justia, a quarta
virtude.
Plato tratava da virtude como inata, ou seja, o indivduo j nasce com essa
qualidade, enquanto para Aristteles a virtude poderia ser aprendida.
Aristteles nasceu em Estagira, discpulo de Plato, usava o mtodo
peripattico em seus ensinamentos, foi tutor de Alexandre Magno e principal filsofoda tica das virtudes, escreveu grandes obras sobre o tema, fundou o Liceu seu
centro de estudos das cincias naturais. Ao contrrio de seu mestre, rejeitou o
mundo das idias e utilizou-se de observaes do mundo sensvel em conjunto com
a cincia e a filosofia, pois o mundo das idias no tem realidade objetiva e o
conhecimento no viria da idia e sim do que real, ligado aos sentidos.
ARRUDA, WHITAKER E RAMOS (2003) diz que Aristteles afirma que o ser
e o bem esto correlacionados, onde o bem, a felicidade um objetivo a ser
alcanado, assim a felicidade tem como composio a sabedoria, a virtude e oprazer, sendo o mais importante a sabedoria e o prazer apenas um acrscimo.
Afirmava que o bem uma vida virtuosa, o bem moral o ponto certo, o "meio-
termo", onde qualquer atitude deve ser equilibrada e orientada pela razo, no
sendo natural do indivduo e sim aprendida atravs de bons hbitos.
Pregava que o bem uma atividade da alma, em conformidade com
determinadas virtudes; que o homem busca a felicidade e que a tica tem por tarefa
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averiguar como se chega a ela. As virtudes so ento atributos ou qualidades que o
ser humano deve cultivar para chegar a ser feliz (ARISTTELES, 1992, p.19-20
apudALENCASTRO, 2010, p.34).
Aristteles apresenta dois tipos de virtudes:
As virtudes ticas ou morais no qual necessrio o exerccio contnuo do
hbito, entre elas, a justia, a temperana, a honestidade, a lealdade e a fidelidade.
E as virtudes dianoticas ou no morais/intelectuais que podem ser
aprendidas pelo ensinamento, como a coragem, a sapincia e a prudncia. Ambas
se complementam.
ALENCASTRO (2010) questiona sobre o que Aristteles diria nos dias de hoje
e faz referncia entre ele e o educador Jean Piaget, que apresenta quatros etapas
da formao da conscincia moral dos indivduos (Fig. 3).
Figura 3 - Etapas da formao da conscincia moralFonte: Adaptado de Amodo, 2007.
A primeira etapa denominada anomia, do grego a que quer dizer "negao"
somada nomosque significa "lei, regra", ou seja, sem lei ou regras. Nesta fase oinstinto a base, onde o indivduo se orienta pelo prazer e pela dor.
Na segunda etapa, a Heteronomia, do grego heterosque quer dizer "outros"
somada nomos, "lei, regra", ou seja, lei estabelecida por outros. Nesta fase so
consideradas as consequncias, como recompensa ou castigo.
Na terceira etapa, a socionomia, do latim sociusque quer dizer "companheiro,
parceiro" somada nomos de origem grega j denominada acima, ou seja, lei
interiorizada pelo convvio social.
Na quarta etapa, a autonomia, do grego autos, que quer dizer "por si mesmo"
somada nomos. Nesta fase as normas morais j esto interiorizadas e o
comportamento influenciado por elas.
Freud falaria do "superego", em relao a conscincia moral, o superego seria
o regulador interno sobre os valores morais de dada sociedade, onde quando se
comete um erro, ter o sentimento de culpa, seria o superego te punindo e quando
se age de maneira correta, ter a sensao de satisfao.
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Com grandes mudanas polticas aps a morte de Alexandre Magno,
mudanas ocorrem tambm no plano moral, surgindo o Epicurismo e Estoicismo.
2.3.2 Epicurismo
O Epicurismo surgiu atravs de Epicuro, da o nome dessa corrente filosfica,
o mesmo nasceu em Samos, colnia de Atenas, teve sua vida regrada devido
sade frgil e dedicou-se cincia, fundando em Atenas a Escola do Jardim e l
vivia com seus discpulos. Sua filosofia dividida em cannica, fsica e tica, sendo
a tica a mais importante pois apontaria qual o caminho da sabedoria , ou seja, da
felicidade.
Citado por CORBISIER (1984, p.318 apud PASSOS, 2007, p.35) Epicuro
escreveu: "uma vida feliz impossvel sem a sabedoria, a honestidade e a justia, e
estas por sua vez, so inseparveis de uma vida feliz. Aquele que no vive nem
honesta, nem sbia, nem justamente, no pode viver feliz."
Sendo a anttese do estoicismo e tendo sua tica definida como a tica do
prazer, porm Epicuro apresenta a felicidade no como a procura do prazer, mas
como a ausncia de dores. Segundo PASSOS (2007), Epicuro explica que o prazer
expressado por ele a ausncia de sofrimento do corpo e a ausncia de inquietao
da alma e no prazer sexual.
Para ele, existem trs tipos de prazeres: os naturais necessrios; os naturais
no necessrios e aqueles que no so naturais, nem necessrios. Os naturais
necessrios so aqueles ligados conservao da vida, ou seja, as necessidades
fisiolgicas do indivduo como comer e beber; os naturais no necessrios so
aqueles que ultrapassam as necessidades, por exemplo, beber uma bebida refinada
e terceiro tipo aquele que vai alm dos outros dois, como ambicionar uma granderiqueza ou poder.
A felicidade em forma de prazer deveria ser duradoura e estvel oriunda do
repouso e no do movimento, sendo o prazer supremo, pois o prazer advindo de
movimentos ocasionar perturbao e desconforto.
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Epicuro pregava que os desejos deveriam ter certos limites, no
ultrapassando os naturais; ser prudente, viver sem atropelos seria construir a
"esttica da existncia".
2.3.3 Estoicismo
O Estoicismo surgiu no sculo IV a.C. e seus principais filsofos foram Zenon
Sneca e Marco Aurlio. A frase que define o estoicismo "Nada te inquiete, nada
te perturbe"
O estoicismo ao contrrio de Aristteles no fez distino entre o bem e a
virtude, para os esticos a virtude era suprema, pois no buscava um fim exterior,
onde a vida feliz seria uma vida virtuosa em conformidade com a natureza, com a
razo, sem deixar-se perturbar pelo mundo externo.
Segundo ARRUDA, WHITAKER E RAMOS (2001, p.24) o essencial uma
retido, uma adequao ordem intrnseca do mundo, a uma lei natural, lei divina
(...) que mede o que justo e o que injusto.
A tica estica de compreenso intelectual e no de conquista, onde o
sentido de igualdade entre todos os homens uma dimenso pessoal.
2.3.4 tica Crist ou Religiosa
Segundo PASSOS (2007, p.37) a tica crist ocorreu na idade mdia, poca
em que aconteceram no campo cultural, importantes feitos, como a conservao da
cultura greco-romana, o pensamento filosfico e cientfico, a criao de escolas e a
organizao do sistema educacional; no campo poltico j no havia mais a
harmonia da plis grega, porm a teoria se sobreps prtica.
Com o Cristianismo se tornando a religio oficial, tambm a prtica moral foi
influenciada.
Nesse novo contexto, o contedo moral modificou-se, entrando em cena aautonegao, a humildade e a disposio para obedecer, uma vez que osseres humanos eram considerados como imagem e a semelhana de Deus.(PASSOS, 2007, p.37)
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Deus a autoridade suprema, sendo o princpio e o fim de tudo, inclusive da
lei moral, assim a relao entre Deus e o homem era baseada nas verdades
reveladas por Ele sendo respeitadas e seguidas para encontrar a salvao.
PASSOS (2007, p.38) explica que as virtudes morais apresentadas nesse
perodo so a f, a esperana e a caridade, diferentemente da Idade Antiga, a idia
de igualdade entre os homens tambm aparece, mas sendo uma igualdade
espiritual, s possvel no plano espiritual. A tica religiosa era baseada em regras
de conduta oriundas de Deus, mas abstratas e universais, a tica subordinada
religio mostrava que a filosofia estava subordinada teologia. Alguns precursores
da tica religiosa so Santo Agostinho e So Toms de Aquino.
Santo Agostinho, filho de uma crist e um pago, nasceu em Tagaste,
provncia romana de Numdia, viveu em Roma e Milo e foi professor de retrica,
viveu desregradamente antes de converter-se ao Cristianismo e torna-se bispo de
Hipona.
Primeiramente, seguiu uma seita denominada maniquesmo, que acreditava
que o bem e o mal regiam o mundo, porm aps conhecer o pensamento de Plato
escreveu algumas obras como Confisses e a A cidade de Deus. Na poca em que
viveu, a razo estava em decadncia devido ao Cristianismo e Santo Agostinho
atravs da f decidiu restaur-la, pois acreditava que Deus e a f eram o nico
caminho para "compreender para crer e crer para compreender. (PASSOS, 2007,
p.38)
Ele considerava que o homem era morada de Deus e todas as coisas
exteriores s tinham sentido porque continham Deus em si, assim a verdade est em
cada ser sendo revelada pela meditao, onde a busca da verdade levava
inquietao e contnua procura.
Segundo PASSOS (2007, p.38), Deus era a concretizao da bondade
absoluta, enquanto o homem a encarnao do pecado, da misria e da danao (...)cuja recuperao dependia da vontade e bondade divinas. Onde os valores e as
normas morais foram criadas por Deus, assim os valores e o bem tm seus sentidos
atravs da relao com Deus.
Porm, pelo livre arbtrio que Deus concedeu aos homens, os mesmos
poderiam afastar-se Dele e seguirem o mal, mas ainda necessitando da bondade de
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Deus para reencontrar o bem; mesmo sendo escravo do pecado original, atravs da
graa divina poderia se restaurar.
Toms de Aquino, natural da Itlia, estudou na Universidade de Npoles e na
Universidade de Paris, onde na segunda se formou doutor em teologia e passou a
lecionar na mesma; em 1.243 entrou para a Ordem dos Dominicanos, escreveu uma
obra importante, onde comenta a Bblia e discute outros assuntos, principalmente os
pensamentos aristotlicos; questiona o uso da razo, os erros e acertos, afirmava
que a razo deveria estar dentro de seus limites e no adentrar no campo da f,
porm deveria colaborar com a mesma quando solicitada. (PASSOS, 2007, p.39)
Segundo PASSOS (2007), apesar da filosofia entrar em crise no sculo XIII
com as mudanas ocorridas nesta poca, a essncia metafsica do pensamento
filosfico no sofreu alteraes. Para Toms de Aquino, a f era mais importanteque a filosofia e como Aristteles acreditava que o fim buscado pelo homem era a
felicidade e ela seria alcanada atravs da contemplao e do conhecimento, porm
diferentemente do mesmo, Toms acreditava que o fim supremo era Deus e a
felicidade estava contida Nele.
Assim, na Idade Mdia diferentemente das concepes anteriores que
acreditavam que a felicidade estava no prprio ser, as concepes morais dessa
poca pregavam que a o fim do ser, a felicidade estava em Deus; alterando tambm
o conceito de felicidade que passa a ser Bem-Aventurana, sendo alcanada pela fe no pela razo.
Resumidamente ento, na tica religiosa, os princpios e valores que a regem
so os mandamentos de Deus, sendo imperativos supremos, onde a obedincia aos
deveres religiosos seria a forma correta de agir. (ALENCASTRO, 2007, p.40)
2.3.5 tica do Dever
Segundo PASSOS (2007, p.40), a tica do dever nasce na idade moderna
que teve todos os setores (econmico, poltico, social e espiritual) totalmente
diferentes das pocas anteriores, onde a Igreja perde sua hegemonia, surgem
estados modernos e centralizados na economia capitalista e no desenvolvimento
cientfico, fortalecendo a burguesia que se impe politicamente.
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PASSOS (2007) explica que se desfaz as idias de relao entre f e razo,
de que existe uma natureza humana e de que para se ter uma vida boa, deveria-se
viver eticamente como pregava Aristteles; surgindo novos conceitos como por
exemplo a felicidade passa a ser a liberdade de escolha, e o indivduo em si o
ponto de partida e o centro do conhecimento. O valor dos indivduos no est mais
em serem imagem e semelhana de Deus, nem em serem cidados da plis grega,
mas est contido no prprio ser.
A tica que surge e vigora nesse perodo de tendncia antropocntrica,em que o ser humano seu fim e fundamento, apesar de ainda consistir naidia de um ser universal e possuidor de uma natureza instvel. Assimmesmo, ele aparece como o centro de tudo: da cincia, da poltica, da arte eda moral. (PASSOS, 2007, p.40)
A tica do dever tem sua origem com o filsofo alemo Immanuel Kant
nascido em Koenigsberg, onde contribuiu no s no campo da tica, mas tambmno campo do conhecimento, segundo PASSOS (2007, p.40) Kant demonstrou que
no era o sujeito a girar em torno do objeto, ao contrrio, o que ele conhecia era
produto de sua conscincia.
ALENCASTRO (2010, p.41) afirma que para Kant, a tica centrada na razo
e no na religio, onde o dever surge pelo reconhecimento de que necessrio
obedecer a algumas regras obrigatoriamente.
ARRUDA, WITHAKER E RAMOS (2001, p.32) cita a primeira frase da obra de
Imannuel Kant denominada Fundamentos da metafsica dos costumes: "de tudo
quanto possvel conceber no mundo, e mesmo fora do mundo, no h nada que
possa ser considerado sem restrio como bom a no ser a boa vontade." e diz
ainda que a boa vontade tem a bondade em si mesma, fundamenta-se na retido,
na inteno de agir por obrigao, por cumprir um dever.
Ou seja, no existe um bem em si, mas a boa vontade em agir por dever e
no apenas atuar, onde mesmo que a busca da felicidade possa apresentar riscos
de infringir o dever, no quer dizer que a mesma no deve ser procurada.
Para Kant existem dois "imperativos categricos" que devem ser obedecidos:
O primeiro que toda a humanidade deve ser respeitada como um fim e
jamais como um meio, o fim aqui tem expresso de dever e no de fundamento.
Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como napessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente, como um fim enunca simplesmente como um meio (KANT, 1984, p.135, apudALENCASTRO, 2010, p.41).
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O segundo seriam procedimentos prticos e/ou atos bons reconhecidos e
aceitos pela razo que fosse praticado por todos sem distino, ou seja, universal.
"Apenas segundo uma mxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se
torne lei universal" (KANT, 1984, p.135, apudALENCASTRO, 2010, p.41).
Segundo ARRUDA, WITHAKER E RAMOS (2001, p.33) o dever no se impe
exteriormente: provm da razo que constitui o homem. Assim no digno que o
homem se subordine a uma lei desconhecida e ao contrrio das teorias anteriores, a
submisso nesse caso somente ao dever, sem relao nenhuma a qualquer objeto
que no seja o dever pelo dever, lei de si prpria e sua liberdade est ai. Para
Kant tica e liberdade so idnticas, onde o homem razo e sensibilidade e por ser
os dois a razo se sobrepe sensibilidade.
Ser livre agir sem estar determinado por causas estranhas, masdeterminando cada um a lei de sua prpria ao. Liberdade e tica, entoso idnticas. O homem razo e sensibilidade. Se fosse somente razo,seria sempre tico. Caso fosse somente sensibilidade, suas aes estariamsujeitas heteronomia. Por ser razo e sensibilidade, a necessidaderacional impe-se a ele como um dever a cumprir. (ARRUDA; WITHAKER;RAMOS, 2001, p.33)
PASSOS (2007, p 41), afirma que Kant reconhecia que os princpios de sua
tica eram bastante rgidos, porm acreditava que uma sociedade s se tornaria
perfeita se todas as outras coisas estivessem submetidas ao dever e a moralidade.
2.3.6 Marxismo
Segundo PASSOS (2007, 42), Karl Marx, foi o fundador do materialismo
histrico, natural da Alemanha, acreditava que o idealismo mistificava a moral, pois
seus princpios eram irreais, se baseavam nas idias; assim desenvolveu uma teoria
moral baseada no real, na prtica. Marx afirmava que o homem era capaz de
transformar a realidade conforme sua necessidade, pois era histrico e social,
objetivo e subjetivo simultaneamente, criando um mundo concreto e seus valores.
Segundo PASSOS (2007, p.42), o mundo material, chamado por Marx de
infra-estrutura est relacionado ao mundo espiritual, denominado de superestrutura,
havendo predominncia do primeiro sobre o segundo. Assim a infra-estrutura (base
econmica) condiciona a superestrutura (as formas da conscincia) no de forma
mecnica, e sim dialtica.
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Constantemente ocorrem alteraes nas relaes entre os homens e o
mundo, seguindo as transformaes histrico-sociais e econmicas, assim encontra-
se uma relao dialtica com as idias humanas. Deixando a moral de ser imutvel
e sendo criada atravs do desenvolvimento das sociedades, passando a ser
temporais e espaciais.
Marx considera a moral como relativa, pois esta altera-se conforme a poca,
conforme s condies histricas ou mesmo conforme s classes sociais, podendo
apresentar caractersticas diferentes.
A moral sob a perspectiva Marxista relativa, porque condiciona aomomento e s condies histricas, e tambm de classe, pois cada classeelabora seus princpios morais, os quais sero constitudos ou adaptadosaos princpios da classe dominante, ou antagnicos a eles, Com isso, osvalores morais alteram-se de poca para poca ou apresentam-se comcaractersticas diferentes dentro de um mesmo perodo, a depender das
diferentes classes sociais. (PASSOS, 2007, p.43)
Friedrich Nietzsche tambm natural da Alemanha, assim como os filsofos
anteriores, afastou-se do Cristianismo e criticou-o, criticou tambm a sociedade e as
teorias cientficas, no criou uma teoria e sim uma "experincia esttica de vida",
para ele muito mais importante que a primeira. Escreveu vrias obras, onde
apresentou uma inverso de valores, apresentando os valores tradicionais como
errneos. (PASSOS, 2007)
Buscou distanciar-se da dicotomia onde a verdade o bem e o erro um mal
e entender o valor que dado a alguns atos e a outros no. Fez crticas ao conceito
de bom que a sociedade pregava.
Segundo NIETZSCHE (1985, p.79 apudPASSOS, 2007, p.44) o bom oque no injria ningum, nem ofende, nem ataca, nem usa de represlias,seno que deixa a Deus o cuidado da vingana e vive oculto como ns eevita tentao e espera pouco da vida, como ns os pacientes, os humildese os justos.
Criticou os cristos por pregarem um ideal asctico, distanciando o homem da
alegria, da ambio, entre outros. Assim para ele, a sociedade impe aos indivduos
uma moral doentia, desvalorizando os sentimentos e os instintos, ele ainda acreditaque o homem s ser independente quando se livrar da moral e dos costumes.
O indivduo soberano o que se orienta por sua conscincia e responde porsi mesmo. Recomenda, portanto, aos serem humanos lutarem paratornarem-se "senhores dos seus instintos fundamentais, dos seus instintosplebeus e animalistas" (NIETZSCHE, 1985, p.32 apud PASSOS, 2007,p.44) que foram abandonados por causa do moralismo pregado pelasociedade.
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2.3.7 Pragmatismo
Os principais representantes do Pragmatismo foram Willian James,
JohnDewey e seu criador Charles SandersPeirce, formado em fsica e matemtica,
natural de Cambrigde e filho de um reconhecido matemtico.
O Pragmatismo (derivado de Prgma) significa ao, prtica, surgiu como
justificativa valorizao dada ao lucro e ao bem-estar material pela burguesia. Para
Peirce o pragmatismo era um mtodo e no uma teoria, pois acreditava que as
questes filosficas deveriam ser tratadas atravs do mtodo cientfico. Buscava
entender a relao entre teoria e prtica, pensamento e ao. (Passos, 2007, p.44)
PASSOS (2007, p.45) diz que, para Peirce, a verdade o til, ou seja, o que
melhor ajudar os seres humanos a viverem e a conviverem. No que se refere
moral, algo bom quando conduz obteno de um fim exitoso. No existem,
portanto, valores absolutos. O que bom ou mau relativo, variando de situao
para situao. Depende de sua utilidade para a atividade pratica.
2.3.8 Existencialismo
No existencialismo, a existncia precede a essncia, ou seja, que o indivduo
aquilo que quiser ser, que se projetou a ser (PASSOS, 2007, p.45).
Jean Paul Sartre o representante do existencialismo ateu, onde h a
rejeio da verdade e do valor universal; no h lei e no havendo lei, o homem
pode determinar quais caminhos tomar e qual destino quer para sua vida, sendo
totalmente responsvel por seus atos. "O homem primeiro existe, se descobre e s
depois se define. Assim no h natureza humana visto que no h Deus para
conceber" (SARTRE, 1979, p.6 apudPASSOS, 2007, p.45).
Para ele, a base da tica a liberdade, onde o mundo no tem valor, sendo
os homens que iro atravs de suas experincias atribuir valor ele, ento a moral
valorizada pelo uso da liberdade e no por princpios estabelecidos.
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2.3.9 Finalismo e Utilitarismo
2.3.9.1 Finalismo
O que rege o finalismo no so regras, mas sim objetivos onde as aes so
avaliadas conforme elas favorecem os mesmos, ou seja, primeiro define-se o fim,
para depois escolher os meios mais apropriados para se chegar a tal. Pode-se
resumir o finalismo com a seguinte frase: "os fins justificam os meios", ou melhor,
segundo BROWN (1993, p.65-66, apudALENCASTRO, 2010, p.42) a bondade dos
fins justificam as aes a serem implementadas.
2.3.9.2 Utilitarismo
O utilitarismo relaciona o bom ao til, ou seja, o que til bom. Os principais
precursores do utilitarismo so Jeremy Bentham e John Stuart Mill, onde o objetivo
da tica seria que a maior felicidade deveria ser proporcionada ao maior nmero de
pessoas, admitindo o sacrifcio individual a favor da coletividade, Mill ainda
considerava a felicidade como o prazer e a ausncia de dor, assim como Epicuro, os
prazeres do esprito e no carnais.
No tendo um critrio mximo para definir o que tico em determinado
momento, considera-se que ambos so relativistas.
Segundo MILL (1960, p.29-30 apudALENCASTRO, 2010, p. 43) o credo que
aceita a utilidade ou princpio da maior felicidade, como fundamento da moral,
sustenta que as aes so boas na proporo com que tendem a produzir felicidade;
e ms na medida em que tendem a produzir o contrrio de felicidade.
Considerando que uma ao pode ter consequncias positivas ou negativas,
a escolha moral seguir um Clculo moral" onde aquela ao resulte no maior bem
possvel sendo prejudicial o mnimo possvel.
Esta base firme constituda pelos sentimentos sociais da humanidade, odesejo de estar unidos com os nossos semelhantes, que j um poderosoprincpio da natureza humana e, afortunadamente um dos que tendem arobustecer-se inclusive sem que seja expressamente inculcado, dada ainfluncia do progresso da civilizao. (MILL, apudARRUDA, WHITAKER ERAMOS, 2001 p.36)
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Jeremy Bentham identifica os segmentos influenciadores do comportamento
humano em crculos concntricos (Fig.4), segundo AMODO (2007, p.10-11):
A religio, constituindo o cerne da conscincia;
O direito, estabelecendo a padronizao de um julgamento objetivado na
justia;
A moral, ditando os limites do comportamento;
e por ltimo a tica, formuladora de princpios de natureza genrica e em
permanente evoluo.
Figura 4 - Os Crculos Concntricos de BethamFonte: Amodo, 2007
2.4 TICA EMPRESARIAL
2.4.1 O Surgimento da tica nas empresas
Estabelecendo-se principalmente no sculo XX, as maiores mudanas foram
acontecendo especialmente a partir dos anos 1950, pois surgiram as leis trabalhistas
em vrios pases, inclusive no Brasil. Em 1960, a religio interferiria, pois pregava a
moralidade nos negcios, os valores humanistas e a luta contra a pobreza, fazendo
com que John Kennedy criasse junto a Consumers Bill of Right, o cdigo do
consumidor.
Filsofos, socilogos e estudiosos de outras reas, iniciaram estudos
relacionados teoria tica ao campo empresarial em 1970. A segurana de
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produtos, a preservao do meio ambiente, subornos e a publicidade enganosa
ganhou destaque durante este ano.
ARRUDA, WHITAKER E RAMOS (2003, p.53) dizem que "O ensino da tica
em faculdades de Administrao e negcios tomou impulso nas dcadas de 60 e 70,
principalmente nos Estados Unidos, quando alguns filsofos vieram trazer sua
contribuio". Com isso, nos Estados Unidos e em diversos pases surgiram vrias
empresas multinacionais oriundas.
Professores universitrios, que se dedicaram ao ensino da tica nos negcios
em faculdades de administrao, se destacaram na dcada de 1980, devido aos
programas de MBA Master of Business Administration.
ARRUDA, WHITAKER E RAMOS (2001, p.54), afirma que a participao de
trabalhadores em conselhos de administrao na Alemanha, e os estudos sobretica nos negcios realizados por Baumhart nos Estados Unidos marcaram um
perodo de ascenso das discusses sobre tica no mundo empresarial,
alavancando esta reflexo em mbito internacional. Este movimento propiciou o
surgimento, na dcada de 90, de redes acadmicas como a Society for Business
Ethics nos EUA, e a EBEN Europa Business EthicsNetwork. As reunies anuais
destas associaes permitiram avanar nos estudos da tica, tanto conceitualmente
quanto em sua aplicao s empresas.
Entretanto, no final da dcada de 90, alguns desafios puderam seridentificados. Segundo Enderle e Solomon (2001 apud Whitaker, Ramos e Arruda
2003, p.56), alguns temas especficos de tica Empresarial se delinearam, como
um foco de preocupao internacional, nesse fim de dcada e de sculo: a
corrupo, a liderana e as responsabilidades corporativas.
A partir de ento, surgem algumas ONGs (Organizaes no
Governamentais) tendo como papel, a importncia no desenvolvimento econmico,
social, e cultural de todos e cada um dos pases.
No Brasil, a Escola Superior de Administrao de Negcios, fundada em1941, iniciou o ensino da tica nos cursos de graduao desde seu inicio. J em
1992, o MEC (Ministrio da Educao e Cultura) sugeriu formalmente que todos os
cursos de administrao, em nvel de graduao e ps-graduao, inclussem a
disciplina de tica em seu currculo.
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2.4.2 Etapas da Formao Moral de uma Empresa
Existem cinco etapas para a evoluo moral de uma empresa, segundo a
autora STARKE (1999, p.186-187 apud ALENCASTRO 2010, p.66). Para ela as
etapas so: Corporao amoral, Corporao legalista, Corporao receptiva,
Corporao tica que aflora e Corporao tica.
A corporao amoral persegue o sucesso a qualquer custo, v os
empregados como meras unidades econmicas de produo, descreve
ALENCASTRO (2010, p.66). menos desenvolvido, e por buscar o sucesso a
qualquer custo, acaba violando normas e valores sociais, o que demonstra ser
completamente descompromissado com o meio social.
Ao contrrio da corporao amoral, a corporao legalista, apegada lei,
pois adota cdigos de conduta, para tentar definir a conduta da corporao, que
segundo ALENCASTRO (2010, P.67) buscam adotar algumas posturas ticas
apenas para evitar problemas legais.
A corporao receptiva, compreende que as decises ticas podem ser do
interesse da companhia a longo prazo, ou seja, para ALENCASTRO (2010, p.67), a
corporao receptiva, interessa em mostrar-se responsvel porque isso
conveniente, no porque certo. Seus cdigos de conduta comeam a tomar forma
de cdigos de tica.
Um pouco mais desenvolvido, as corporaes ticas que afloram,
reconhecem a existncia de um contrato social entre os negcios e a sociedade.
Generalizam essa atitude por todos os setores da corporao, que a exemplo da
Johnson & Johnson equilibra preocupaes ticas e lucratividade (ALENCASTRO,
2010, p.68).
Por fim, a corporao tica, sendo a mais desenvolvida, descrita por
STARKE, (1999 apudALENCASTRO 2010, p.69), possui um perfeito equilbrio entrelucro, envolvendo a tica na recompensa aos empregados que se afastassem de
aes comprometedoras, mentores para dar orientao moral aos novos
empregados. Segundo ALENCASTRO (2010, p.69), um nmero muito grande de
empresas est colocando a responsabilidade moral no centro de suas operaes.
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2.4.3 tica Descritiva e Normativa
A tica descritiva e normativa pode ser compreendida segundo AMODO
(2007, p.14) como:
A tica descritivadescreve a forma como as pessoas agem e explicam suaao, em termos de julgamento de valor e pressuposies. A ticanormativa estuda a forma como as pessoas devem agir e analisa osjulgamentos de valor e pressuposies que justificam tais aes.
A tica normativa ocupa-se em determinar os princpios do que certo e do
que errado. como julgar o que moralmente aceito, ou seja, que aes devemos
ou no fazer enquanto agentes morais.
A tica descritiva, como o prprio nome diz, descreve a moral existente, ou
seja, as atitudes e convices morais existente na empresa.
2.4.4 Cdigos de ticas
Toda organizao precisa estabelecer um sistema de valores, de tal forma
que direta ou indiretamente seja uma boa contribuio para o desempenho da
prpria organizao.
Para os autores ARRUDA, WHITAKER E RAMOS (2003, p.64), esses valores
podem coincidir ou conflitar com os valores individuais de cada pessoa. Sendo
assim, bom que existam padres e polticas uniformes, para que todos saibam
qual a conduta adequada e apropriada. Desta forma, o cdigo de tica,
resumidamente, um instrumento que busca a realizao dos princpios, viso e
misso da empresa.
Segundo ARRUDA, WHITAKER E RAMOS, (2003, p. 65) "os cdigos de tica
no tem a pretenso de solucionar os dilemas ticos da organizao, mas fornecer
critrios ou diretrizes para que as pessoas encontrem formas ticas de se conduzir."
Os cdigos de tica podem desta maneira, servir como uma ponte entre as
relaes dos empregados entre si com o restante da empresa, ou seja, os
stakeholders. Eles servem para orientar as aes de seus colaboradores e explicitar
a postura social da empresa, de acordo com os diferentes pblicos com os quais
interage. Neles so abordados alguns tpicos importantes, como por exemplo:
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conflitos de interesse, conduta ilegal, segurana dos ativos da empresa, honestidade
nas comunicaes dos negcios da empresa, denuncias, suborno, entretenimento e
viagem, propriedade de informao, contratos governamentais, responsabilidade de
cada stakeholders, assdio profissional, assedio sexual, uso de drogas e lcool.
Desta maneira o cdigo de tica, alm de possibilitar um trabalho harmonioso,
serve tambm como proteo dos interesses pblicos e dos profissionais, que
contribuem de alguma forma para a organizao, os stakeholders, conforme cita os
autores ARRUDA, WHITAKER E RAMOS, (2003, p. 66). Sendo assim, para definir
sua tica, e sua forma de atuar no mercado, cada empresa precisa saber o que
deseja fazer e o que espera de cada um dos funcionrios, pois a conduta tica das
empresas o reflexo da conduta de seus funcionrios.
Uma vez que a organizao adota um cdigo de tica, importanteestabelecer um comit de alta qualidade, geralmente formado por umnumero impar de integrantes provenientes de diversos departamentos,todos reconhecidos como pessoas ntegras, por seus colegas. (ARRUDA;WHITAKER; RAMOS, 2003, p.67)
O comit pode ser til tanto nas tomadas de decises como tambm ser um
instrumento de aconselhamento, podendo investigar e solucionar casos, analisando
com profundidade e sob diferentes perspectivas o problema colocado.
Os autores ARRUDA, WHITAKER E RAMOS (2003, p.67) citam que, cabe ao
comit de tica delinear uma poltica a ser adotada e modernizar o cdigo de
conduta de tempos em tempos, acompanhando as mudanas e atendendo s
necessidades dos stakeholders.
Aps a criao do comit, a empresa nomeia um profissional de tica,
vinculado a Diretoria e com total autonomia para coordenar os programas de tica,
mantendo vivo e atualizado o cdigo de tica.
Para o bom funcionamento do cdigo de tica entrar em ao, os mesmos
autores acima citados, ARRUDA, WHITAKER E RAMOS (2003, p.68) afirmam que,
preciso fazer com que qualquer funcionrio sinta que tem crdito, que suas
opinies no so apenas ouvidas, mas tambm valorizadas e aplicadas sempre que
conveniente.
Para que se torne parte da cultura da organizao, ARRUDA, WHITAKER E
RAMOS (2001, p.68), explica que necessrio a implementao de um sistema de
monitoramento, expondo: Para que se mantenha o alto nvel do clima tico,
resultante do esforo de cada stakeholders, pode ser til programar um sistema de
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monitoramento e controle dos ambientes interno e externo da organizao, para
detectar pontos que podem vir a causar uma conduta antitica. Esse sistema,
denominado por alguns, auditoria tica, e por outros compliance, visa ao
cumprimento das normas ticas do cdigo de conduta, certificando que houve
aplicao das polticas especificas, sua compreenso e clareza por parte de todos
os funcionrios.
Este trabalho de acompanhamento pode servir como subsdio para o comit
de tica e o treinamento em tica.
2.4.5 tica dos Diretores
Sendo exemplo para os demais empregados da organizao, a tica do
comportamento dos diretores fundamental, pois sua conduta e seu estilo tendem a
ser copiados servindo de referencia para a cultura da empresa.
Para JIMNEZ (p.345-346 apud ARRUDA, WHITAKER E RAMOS, 2003,
p.77), os objetivos da empresa normalmente implicam desafios, de modo que o
estilo dos diretores pode ensinar aos empregados o sentido de compromisso
assumido e o empenho para cumpri-lo.
A responsabilidade dos membros da diretoria aumenta, pois, mais fcil que
os empregados aprendam algo ao ver os diretores fazendo do que se a mesma
conduta fosse ensinada com palavras.
2.4.6 A tica Individual
A tica individual possui um trplice interesse, sendo eles o interesse por siprprio, o interesse pelos outros e o interesse pela instituio.
Epteto, filsofo grego, declarava que jamais muito cedo ou muito tarde
para se ocupar da prpria alma, ou seja, cuidar de si mesmo. Conhecer a ti mesmo
estabelece o valor supremo no individuo, sob a influncia da imagem, conforme
escreveu FOUCAULT (1984 apud CHANLAT, 1992), v-se surgir um individuo
narcisista. C.LASCH (1981 apud CHANLAT, 1992), salienta que, em um universo
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onde a auto-satisfao depende da aceitao e da aprovao pblica, normal
que os homens no busquem a aprovao de suas aes, mas de seus atributos
pessoais.
2.4.7 A tica e as leis da incompetncia
A tica da competncia fundamental, conforme diz o autor MATOS (2008,
p.52), pois sem ela no se constroem organizaes slidas. So leis no escritas,
mas, talvez por isso, catastroficamente eficientes.
Lei da no criatividade:
Para matar uma sugesto e liquidar de vez com os criativos, transforme
sempre o autor da sugesto em execuo da ideia. (MATOS, 2008, p.52).
Para o autor o resultado infalvel, pois, quem pago para ter idias o
chefe. Isso o que sugere uma gerencia com ms atitudes e comportamentos.
Lei da saturao:
Solicite sempre ao autor de uma idia tantas informaes, pareceres e
pesquisas, at que ele estoure e se atenha, exclusivamente, s ordens
transmitidas. (MATOS, 2008, p.52). Muito talento jovem embotado em funo
deste expediente burocrtico. So frustraes irrecuperveis, por traumas
decorrentes de tentativas malsucedidas.
Lei dos pequenos grandes problemas:
As coisas importantes, para os funcionrios medocres, no so as
relevantes, pois estas envolvem comprometimentos e responsabilidade. (MATOS,
2008, p.53). Para no se envolver em dificuldade, as pessoas tendem a tornar
grandes os pequenos problemas.
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Lei da proteo s avessas:
Excesso de proteo gera efeitos contrrios, e negativos. Para MATOS
(2008), a ao exagerada de proteger direitos e vantagens, resultam em represso e
boicote. Um exemplo citado pelo autor so as leis de proteo ao trabalho da mulher
que deram origem ao desemprego feminino.
Lei da acumulao de papis:
Acumule papel para dar a impresso de muito trabalho, justificar atrasos efundamentar solicitaes de mais subordinados. Uma mesa entulhada dedocumentos, relatrios, correspondncia e expediente, s significa umacoisa: ineficincia. Demonstra desperdcio, improdutividade. Revelaincapacidade de dirigir, de delegar, de disciplinar e hierarquizarresponsabilidades, de agir com mtodo e com presteza. (MATOS, 2008,p.53)
Lei da queixa permanente:
Para o mesmo autor acima citado, a queixa excelente recurso para justificar
a omisso. Reclame, reclame, para no ter de realizar. Afinal, no h meios, no h
pessoal suficiente, no h tempo disponvel, no h....
Lei da valorizao pela complexidade:
preciso complicar para valorizar, pois acredita-se que ningum valoriza ascoisas simples.
S o sbio capaz de valorizar a simplicidade, diz MATOS (2008, p.54). So
as manifestaes complexas, dos aparentemente competentes, que do origem
infernal burocratizao.
Lei do ativismo:
A agitao histrica a mais eloquente manifestao de esterilidade
administrativa. Ningum pensa, pois todos esto empenhados em realizar.
Corra, corra,corra! Deste modo, todos o acreditaro atarefado. (MATOS
2008, p.54).
Lei da inrcia burocrtica:
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Deixar o barco correr, esperar que os outros assumam e deixar ficar para ver
como fica so formas de alienao administrativas, geradoras comuns do processo
burocratizante e ineficaz.
Para MATOS (2008, p. 54), Deixe os outros se movimentarem, assim no se
arrisca a tropees e quedas.
Lei das dificuldades desonestas:
Crie dificuldades para vender facilidades. [...] este princpio universalizou-se
entre os corruptos. O suborno, como instrumento de conquista administrativa e de
obteno de favores, bastante conhecido, em suas formas mais variadas e
engenhosas.(MATOS, 2008, p.55)
Lei da atitude agressiva ou estou trabalhando, no se aproxime!.
Utilizado com freqncia pelas gerencias como artifcio para se ausentarem
de suas responsabilidades e mesmo assim passarem a impresso de dinamismo,
justificando sua inacessibilidade. MATOS (2008, p 55) exemplifica: Conserve a
fisionomia sria, preocupada, gestos neurastnicos, voz irritadia, palavras speras
e inquietao permanente e todos os tero em conta de chefe dinmico.
Lei da soluo por crise:
Promova crises, para no ter de enfrentar a realidade. A administraomaquiavlica procura desviar-se dos verdadeiros problemas, fabricandocrises contemporizadoras. [...] As dificuldades do desenvolvimento acabampor se transformar em desenvolvimento de dificuldades. (MATOS, 2008,p.55).
Lei da irresoluo por supersimplificao:
Simplificar , muitas vezes, uma forma de resolver a ansiedade, no o
problema. Segundo MATOS (2008, p.55):
Simplifique para resolver a ansiedade; deixe o problema resolver-se por simesmo. [...]Quando o problema complexo, inquietante, demandandoesforos de reflexo e ao exaustiva, h tendncia em supersimplific-lo.[...] Deste modo, a aparncia de soluo serve para amenizar a angstia.
Lei da embalagem vistosa:
O relatrio pode ser considerado a pea smbolo do sistema burocrtico.
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A apresentao de um relatrio ou projeto ter impacto tanto maior quantomais volumoso for o contedo, mas rica a aparncia, maior abundancia dedados, frmulas, grficos e anexos, com a contrapartida de que no serlido. [...] Laurence Peter afirma que a maior parte das hierarquias, nosdias que ocorrem, esta to sobrecarregada de normas e tradies e toamarrada pelas leis administrativas que os funcionrios de alto nvel no
tm que conduzir ningum a parte alguma, no sentido de apontar caminhose dar o ritmo da marcha. Seguem simplesmente seus antecessores,obedecem aos regulamentos e vo testa da...multido. S se pode dizerque eles lideram se tambm acharmos que as figuras de proa esculpidasnos barcos que lideram a embarcao. (MATOS, 2008, p.56)
Sendo assim, desperdia-se tempo precioso em impasses estreis por
incompatibilidades de significao desprezvel. A falsa iluso de que tudo se resolve
com lei atitude caracteristicamente tecnocrtica.
2.5 TICA EM MARKETING E PROPAGANDA
O Marketing, dentre todas as atividades empresariais, possivelmente, a
mais sujeita a debates e questionamentos de natureza tica e moral, o que nos
explica (NANTEL e WEEKS, 1996; LUND, 2000; SINGHAPAKDIET et al., 1999a;
URDAN e ZUIGA, 2001 apudDANGELO, 2003).
No por acaso inmeros cdigos de tica procuram fornecer diretrizes a quem
atua na rea; alguns dos mais conhecidos so os da Associao Americana deMarketing (AMA), instituio que congregam profissionais e acadmicos de
marketing de todo o mundo, e, no Brasil, o do Conar (Conselho Nacional de Auto-
Regulamentao Publicitria), que congregam anunciantes e profissionais de
propaganda. Como caracterstica principal, esses cdigos apresentam diretrizes de
comportamentos adequados s atividades de marketing, normatizando tais
atividades e conscientizando seus profissionais acerca de seu papel social
(O'BOYLE e DAWSON JR., 1992 apudDANGELO, 2003).
Para ARRUDA, WHITAKER E RAMOS (2003, p.83), o marketing constituiuma das reas de maior importncia em uma organizao. Sua funo precpua
atender s necessidades e desejos do consumidor, oferecendo produtos tangveis,
servios e idias, em consonncia com os objetivos de lucro que toda empresa visa.
certo que o marketing convive, h bastante tempo, com a crtica, a
desconfiana e a dvida quanto validade tica e moral de seus princpios e
prticas. STEINER (1976 apudDANGELO, 2003) apontou tais crticas, buscando
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razes histricas ao que chamou de "preconceito contra o marketing". Segundo ele,
das quatro utilidades fundamentais que uma mercadoria deve apresentar para
satisfazer determinada necessidade humana - forma, tempo, lugar e posse - trs
pertencem ao escopo de marketing (tempo, lugar e posse), sendo as atividades
profissionais a elas relacionadas s menos valorizadas desde h muito. Plato e
Aristteles, por exemplo, atacavam lojistas e comerciantes, definindo-os como "no
amigveis e inconfiveis". Outros pensadores de Atenas os definiam como
"trapaceiros", "dissimulados" ou "parasitas". As atividades de venda e propaganda
tambm teriam sofrido de preconceito semelhante desde a poca "da Bblia, de
Confcio e da literatura grega clssica", conforme STAR (1989, p.148) apud
DANGELO 2003. Mais recentemente, DANGELO cita os autores VEBLEN e
GALBRAITH (apudSTEINER, 1976) onde falam que teriam sido alguns dos inimigosda propaganda, definindo seus profissionais como "manipuladores".
A propaganda, sendo um instrumento de comunicao, possibilita o acesso
informao, do lanamento, ou atributos de produtos, servios e idias, j que o
consumidor no os conhece. (ARRUDA; WHITAKER; RAMOS, 2003, p.83).
2.5.1 tica na pesquisa de Marketing
Mediante a pesquisa de marketing, desenvolve-se o processo de conhecer as
necessidades e desejos do consumidor. Para os autores ARRUDA, WHITAKER E
RAMOS (2003), na contratao e execuo dos projetos de pesquisa, os
procedimentos devem ser bem claros, o pesquisador deve estar integrado com a
empresa que o contratou, informando todos os passos da pesquisa, seus custos,
entre outros. As concluses devem ser apresentadas com preciso e objetividade.
A tica recomenda cuidado no tratamento dos dados, especialmente quandoso empregadas tcnicas de pesquisa projetiva ou qualitativa, cruzamento de dados
provenientes de diferentes fontes, ou uso de bases de dados por computador sem
autorizao.
A confeco dos relatrios de pesquisa implica apresentar dados completos,
transparentes, objetivos e fundamentados em tabelas, grficos, ou figuras que
facilitem a verdadeira compreenso da informao. A informao coletada
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confidencial e deve ser resguardada para que no ocorram eventuais conflitos de
interesse.
2.5.2 tica na administrao do produto
O consumidor tem direito informao relevante sobre o produto, sua
segurana e garantias, para que seu consumo seja eficaz e responsvel, o que diz
os autores ARRUDA, WHITAKER E RAMOS (2003, p.84), para eles a inteno um
dos fatores que necessrio considerar para avaliar o comportamento tico. Um dos
exemplos que eles citam, quando os fabricantes oferecem ao mercado novos
produtos, que na realidade so usados, sendo assim, fica clara a inteno de
enganar os consumidores.
Outro exemplo so os imveis que foram construdos com materiais de pouca
qualidade, ou estruturas obsoletas, ocasionando prejuzos, algumas vezes
irreparveis e inestimveis a seus compradores.
Os autores acima citados, tambm discorrem que o marketing prope um
beneficio ligado a um produto, e no divulga as restries que envolvem seu uso. Na
venda do produto ou servio, no so reveladas as restries ou limitaes, que s
aparecem quando o consumidor de boa f conta com o atributo do produto ou
beneficio e no o encontra, permanecendo insatisfeita sua necessidade. Sendo
assim, as consequncias so imprevisveis para o consumidor ou para uma gama de
pessoas, que indiretamente so prejudicadas pela falta de tica do profissional de
marketing.
D'ANGELO cita em seu artigo, referenciando os autores KOTLER (1972),
GREYSER (1973), MOYER e HUTT (1978), SMITH (1995), KOTLER e
ARMSTRONG (1998), alguns dos questionamentos ticos quanto s praticas demarketing referente ao produto:
O produto pode causar algum dano ou prejuzo a quem o utiliza?
O consumo constante do produto, ao longo dos anos, pode causar algum
efeito negativo ao consumidor?
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As informaes prestadas aos consumidores a respeito do produto so
suficientes e que possa causar prejuzos no curto ou longo prazo para o
consumidor?
O produto lanado tem sua obsolncia planejada, devendo sair de linhadentro de alguns meses/anos e perder valor para quem o adquirir?
O processo de fabricao do produto, em algum estgio, causa danos ao
meio ambiente?
A embalagem, embora atraente aos olhos do consumidor, representa
desperdcio de algum material?
Ainda para os autores ARRUDA, WHITAKER E RAMOS (2003, p.86):
Um ltimo aspecto da analise tica da gerencia de produtos abarca sua
responsabilidade no perodo ps-venda. Assistncia tcnica e recalls sotcnicas que reforam a atitude tica dos profissionais de marketing. Nessesentido, a informao ao consumidor deve ser amplamente divulgada antesde se retirar um produto do mercado.
2.5.3 tica na administrao do preo
A fixao de preo dos produtos, servios ou idias, uma das tarefas mais
complexas do marketing, estabelece alguns critrios, que do ponto de vista tico,so os princpios de justia e equidade.
ARRUDA, WHITAKER E RAMOS (2003, p.86) citam que a determinao de
preos deve levar em considerao no apenas aspectos de custos, concorrentes e
determinaes governamentais, mas, tambm, o poder aquisitivo e a hierarquia real
e objetiva de necessidade dos consumidores. Pela necessidade urgente de um
produto ou servio, como em caso de emergncia, por vezes so cobrados preos
abusivos, o que revela falta de justia.
Para os autores ao qual nos referenciamos logo acima, alguns profissionaisde marketing aproveitam-se da escassez de um produto para cobrar valores
exorbitantes. O marketing e a propaganda transformam produtos em essenciais, e
as condies de pagamentos tornam a compra acessvel.
Assim como no marketing