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1 Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória TRANCA RUAS - O Senhor dos Caminhos I Workshop Gratuito Desenvolvido e Ministrado por Rodrigo Queiroz ICA - Instituto Cultural Aruanda I Bauru-SP APRESENTAÇÃO Sempre comento que é difícil falar daquilo que se ama muito, pois somos levados pela emoção e muitas vezes perdemos o senso crítico sobre o assunto, já que este é objeto de muito amor e no campo da fé é também de devoção. Por isso falar de Umbanda é sempre um misto de prazer e êxtase já que esta é para nós o sentido para nossas vidas. Agora, falar de Tranca Ruas é como um filho falar de seu pai quando este é motivo de profunda admiração e reverência. Assim para mim esta oportunidade é sentida como missão com grande chance para demonstrar tudo isso que carrego em mim e quem sabe ainda assim contribuir para um processo de desmistificação entorno desta grande e poderosa linhagem de Exu, Tranca Ruas. Como você verá em vídeo-aula minha relação com esta força espiritual é bem íntima e profunda, fui apresentado à Umbanda pelo Sr. Tranca Ruas das Porteira, minha matriz e sou acompanhado pelo Sr. Tranca Ruas das 7 Encruzilhadas que sustenta minha mediunidade à esquerda dos Orixás. Desde de 2006 quando criamos a primeira escola de Umbanda online, Umbanda EAD, viemos focados em falar de bases globais, portanto temos como principal curso o Teologia de Umbanda que é para todos um divisor de águas na trajetória religiosa. São dezenas de cursos de temas diversos, onde a maioria busca trazer à luz conhecimentos profundos sobre os temas mais amplos possíveis e me parecia remota a suposição de um curso onde pudéssemos tratar de apenas uma Linhagem de Exu. Então foi uma grata e honrosa surpresa quando me foi solicitado pelo Sr. Tranca Ruas que me ampara juntamente com Sr. Tranca Ruas dos Caminhos que me preparasse para trazer para este portal de conhecimentos um curso rápido sobre a Linhagem de Tranca Ruas e suas Falanges, com abertura para atividades práticas sob o zelo e guia desta força espiritual. Confesso que fiquei apreensivo pois temia não ter muito mais o que falar além do que já temos no curso EXU - O Guardião do Mistério, de Alexandre Cumino, lá onde podemos nos aprofundar no assunto Exu como um todo. Quando então começaram a trazer as informações para compor este estudo me surpreendi pela outorga em tornar acessível questões tão práticas e poderosas sob a Lei de Tranca Ruas. A exigência foi clara, ser um "mini-curso", objetivo e de fácil entendimento, acessível a todos, portanto gratuito. Sendo assim, eis que você está diante o workshop online TRANCA RUAS - O Senhor dos Caminhos e desejo que você tenha uma das mais profundas experiências místicas de aprendizado espiritual da sua vida e que Sr. Tranca Ruas lhe dê benção, caminho, força e guia agora e sempre, sempre será, Omojubá! Com emoção e gratidão, seja muito bem vindo! Laroyê Exu, Exu Tranca Ruas Omojubá! Laroyê Exu Tranca Ruas das Porteira, grato pela acolhida e caminho, Omojubá! Laroyê Exu Tranca Ruas das 7 Encruzilhadas, grato pela companhia e parceria, Omojubá! Laroyê Exu Tranca Ruas dos Caminhos, grato pela oportunidade e caminhos sempre abertos, Omojubá! Rodrigo Queiroz

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Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória TRANCA RUAS - O Senhor dos Caminhos I Workshop Gratuito

Desenvolvido e Ministrado por Rodrigo Queiroz ICA - Instituto Cultural Aruanda I Bauru-SP

 APRESENTAÇÃO

Sempre comento que é difícil falar daquilo que se ama muito, pois somos levados pela emoção

e muitas vezes perdemos o senso crítico sobre o assunto, já que este é objeto de muito amor e no campo da fé é também de devoção. Por isso falar de Umbanda é sempre um misto de prazer e êxtase já que esta é para nós o sentido para nossas vidas. Agora, falar de Tranca Ruas é como um filho falar de seu pai quando este é motivo de profunda admiração e reverência. Assim para mim esta oportunidade é sentida como missão com grande chance para demonstrar tudo isso que carrego em mim e quem sabe ainda assim contribuir para um processo de desmistificação entorno desta grande e poderosa linhagem de Exu, Tranca Ruas.

Como você verá em vídeo-aula minha relação com esta força espiritual é bem íntima e profunda, fui apresentado à Umbanda pelo Sr. Tranca Ruas das Porteira, minha matriz e sou acompanhado pelo Sr. Tranca Ruas das 7 Encruzilhadas que sustenta minha mediunidade à esquerda dos Orixás.

Desde de 2006 quando criamos a primeira escola de Umbanda online, Umbanda EAD, viemos focados em falar de bases globais, portanto temos como principal curso o Teologia de Umbanda que é para todos um divisor de águas na trajetória religiosa. São dezenas de cursos de temas diversos, onde a maioria busca trazer à luz conhecimentos profundos sobre os temas mais amplos possíveis e me parecia remota a suposição de um curso onde pudéssemos tratar de apenas uma Linhagem de Exu. Então foi uma grata e honrosa surpresa quando me foi solicitado pelo Sr. Tranca Ruas que me ampara juntamente com Sr. Tranca Ruas dos Caminhos que me preparasse para trazer para este portal de conhecimentos um curso rápido sobre a Linhagem de Tranca Ruas e suas Falanges, com abertura para atividades práticas sob o zelo e guia desta força espiritual.

Confesso que fiquei apreensivo pois temia não ter muito mais o que falar além do que já temos no curso EXU - O Guardião do Mistério, de Alexandre Cumino, lá onde podemos nos aprofundar no assunto Exu como um todo. Quando então começaram a trazer as informações para compor este estudo me surpreendi pela outorga em tornar acessível questões tão práticas e poderosas sob a Lei de Tranca Ruas.

A exigência foi clara, ser um "mini-curso", objetivo e de fácil entendimento, acessível a todos, portanto gratuito.

Sendo assim, eis que você está diante o workshop online TRANCA RUAS - O Senhor dos Caminhos e desejo que você tenha uma das mais profundas experiências místicas de aprendizado espiritual da sua vida e que Sr. Tranca Ruas lhe dê benção, caminho, força e guia agora e sempre, sempre será, Omojubá!

Com emoção e gratidão, seja muito bem vindo! Laroyê Exu, Exu Tranca Ruas Omojubá! Laroyê Exu Tranca Ruas das Porteira, grato pela acolhida e caminho, Omojubá! Laroyê Exu Tranca Ruas das 7 Encruzilhadas, grato pela companhia e parceria, Omojubá! Laroyê Exu Tranca Ruas dos Caminhos, grato pela oportunidade e caminhos sempre abertos,

Omojubá! Rodrigo Queiroz

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INSTRUÇÕES DE PARTICIPAÇÃO E USO DA PLATAFORMA

Saudações irmã(o), saravá! É com grande satisfação que lhe recebemos para esta turma do workshop online e gratuito

TRANCA RUAS - O SENHOR DOS CAMINHOS, uma oportunidade ímpar para nós que temos sede de conhecimento afim de nos tornarmos melhores e mais preparados como fiel e instrumentos da Umbanda.

A plataforma UMBANDA EAD é o que tem de mais moderno em infraestrutura de Ensino à Distância, via on-line.

Somos pioneiros neste modelo de ensino e atuamos desde 2006. Nossa experiência tecnológica somada com a equipe de tutores criadores dos cursos garante para você a melhor experiência de aprendizagem.

Dividimos nosso workshop em duas semanas, a cada semana é postado uma aula compondo: vídeo-aula, vídeo-atividade, fórum atividade, fórum de dúvidas e textos de apoio, podendo ainda ter links externos de vídeos e blogs recomendados para aprofundar o estudo.

Todas as ferramentas que utilizamos no sistema de ensino são complementares para tornar a construção do conhecimento sólido e funcional.

Portanto execute todas as atividades e utilize tudo o que oferecemos. CERTIFICAÇÃO: Somente terá direito ao Certificado de Conclusão aquele que participar de 100% das

atividades. INSTRUÇÕES IMPORTANTES: Para amenizar as distâncias, solicitamos que "obrigatoriamente" você acesse seu link Perfil,

insira uma foto sua, (evite desenhos, figuras, bichinhos). DISPONIBILIDADE DOS MATERIAIS: Observe a data de início do curso e o período do mesmo. Quando entrar a última aula o

material fica disponível ainda por mais 30 dias, após este prazo o curso é expirado da plataforma e não é mais possível acessar os materiais e realizar atividades. Portanto baixe todo o material no período pertinente.

DIREITOS AUTORAIS: Fornecemos um link para baixar os vídeos, somente para ajudar aqueles que por motivos

diversos não conseguiriam assistir de outra maneira, entretanto vale ressaltar que estes vídeos estão sob a lei dos direitos autorais, portanto, é veementemente proibido a disponibilização dos mesmos em sites públicos ou privados e mesmo em ambientes públicos sem expressa autorização do Instituto Cultural Aruanda, o qual detém os direitos de reprodução. É proibido o compartilhamento deste materiais e vídeos de qualquer maneira. Você é o responsável e zelador deste material.

Lembre-se: não vendemos vídeos, oferecemos cursos, com uma grande estrutura e metodologia, portanto use com responsabilidade e zelo os materiais aqui disponibilizados.

Seu canal direto para contato comigo é [email protected] Agora, bons estudos! Bem vinda(o) à Evolução! Fraterno abraço, saravá! Rodrigo Queiroz Diretor Umbanda EAD

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Poesia á EXU Por Andréia Avalone Guimarães No meio das matas ele chega Traz no peito a razão Com nossos sentidos ele mexe Logo sei que é um Guardião Espírito que luta bravamente Tem seu corpo presente Para que todo mal padeça E o bem se fortaleça Com as palavras ele traz A transparência da verdade Do ser humano como capataz De seu orgulho e vaidade Em sua última encarnação Aprendeu que tudo tem seu preço Paga seus erros á prestação Em sua atuação não há falhas Seu nome é Tranca Ruas Sinônimo de Fé e Bravura. (Dedicado ao Sr. Exu Tranca Ruas das 7 Encruzilhadas).

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EXU Por Jorge Amado Não sou preto, branco ou vermelho. Tenho as cores e formas que quiser. Não sou diabo nem santo, sou Exu! Mando e desmando. Traço e risco. Faço e desfaço. Estou e não vou. Tiro e não dou. Sou Exu. Passo e cruzo. Traço misturo e arrasto o pé. Sou reboliço e alegria. Rodo, tiro e boto. Jogo e faço fé. Sou nuvem, vento e poeira. Quando quero, homem e mulher. Sou das praias, e da maré. Ocupo todos os cantos. Sou menino, avô, maluco até Posso ser João, Maria ou José Sou o ponto do cruzamento. Durmo acordado e ronco falando Corro, grito e pulo. Faço filho assobiando Sou argamassa De sonho carne e areia. Sou a gente sem bandeira, O espeto, meu bastão. O assento? O vento! Sou do mundo, nem do campo Nem da cidade Não tenho idade, Recebo e respondo pelas pontas, Pelos chifres da nação Sou Exu. Sou agito, vida, ação Sou os cornos da lua nova, A barriga da rua cheia!... Quer mais? Não dou, Não tou mais aqui. FONTE: Fundação Casa Jorge Amado

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Ao Mistério Tranca-Ruas Por Mãe Adelaide Scritori

Faço reverência a vós mistério sagrado da criação, vós que sois a manifestação do

divino, peço que nesta noite possa se manifestar entre nós, conforme nosso merecimento. No seu poder, na sua força, e na sua magnitude, pelo caminho tripolar que emana de

vós, pelo caminho que só vós conheceis, pela força que só a vós pertenceis, e pelo poder de trancar a vós concedido,

Eu peço: Que as trevas que habitam em mim sejam trancadas; que o ódio e o sentimento

impuro que emana da minha alma sejam trancados; que o rancor e a miséria que habitam o meu

coração sejam trancados; que a dissimulação e a superficialidade que nasce da minha lingua sejam trancados; que o egoísmo e a maldade que transcendem da minha mente sejam trancados;

que a palavra torta que sai da minha boca e o pensamento roto que sai da minha cabeça contra o próximo sejam trancados; que a capacidade que o meus olhos têm de amaldiçoar e destruir sejam trancados; e assim, fonte primária da criação, assim que Trancar a tudo isso no seu âmago, pois é na vossa essência que tudo isso se desvitaliza,

peço a VÓS que: Destranque todas as portas de meu caminho; destranque todas as passagens da minha jornada; destranque toda prosperidade material e espiritual; destranque o meu coração das amarguras; destranque o meu sustento de cadadia; destranque os meus corpos espirituais e o meu corpo material da agonia, do desespero

e da aflição que me assolam na calada da noite; destranque o meu emprego, o meu negócio e a minha morada material; destranque o martírio familiar pelo qual eu tenho passado; destranque os meus olhos para as maravilhas do mundo espiritual; destranque a minha liberdade! Pois vós, Força Sagrada do Divino Criador, é o portador supremo da Vitalidade! Salve o Mistério Tranca-Ruas!!!

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PROSA COM EXU Um diálogo sobre a vaidade

Por Rodrigo Queiroz - Salve tu cabra! - Salve vós Exu! - Cabra, escreve umas coisas aí. - Pode falar. - Existe algo no ser humano que gera muita preocupação a todos nós e que mais complica a vida de vocês encarnados. - Do que vós está falando? - Da imperceptível sombra da vaidade. - Ah sim, conheço... - Então, vim aqui dissertar sobre isso, e mais me preocupa é o coração dos que se dizem companheiros de caminhada e mais fazem é piorar situações delicadas no relacionamento interpessoal e pouco contribuem para o auxilio daqueles que são parte de um conjunto. - Sei... - Como disse, a vaidade é uma sombra imperceptível que assola cedo ou tarde a vida de todos neste plano e ela, a suposta vaidade, pode ser em verdade a extravasão de uma série de necessidades do individuo como carências, traumas, etc. Existem milhares de facetas desta sombra e garanto, ninguém está livre dela, bem dizendo, aquele que se diz não vaidoso, já o é, pois afirma isto se envaidecendo de uma suposta nobre e mentirosa humildade. Há há há. Tolos. - Senhor, acho que entendi, mas está um tanto complicado... - Já explico cabra. Digo que ninguém está apto a apontar ninguém. E aquele que enxerga um “defeito” no outro a ponto de se incomodar, deveria entender que está vendo no outro o seu espelho, reconhecendo nele o que tanto incomoda em si mesmo e por incapacidade de se auto superar, apedreja o próximo, a fim de anular aquilo que em si o apavora. Complicou? - (risos) nossa, parece que estou conversando com um analista. - Há há há. Se estiver complicando é sinal que deve ler e reler estas palavras até que fundo toque sua alma. - Farei isto Senhor. - Então continuemos. Coloco a exemplo um grupo, ou melhor, um terreiro. Onde uma comunidade divide um mesmo espaço, conseguinte o mesmo ideal e propósito interno. Sendo assim, para todo grupo o que deve existir é respeito entre si e, respeito não é sorrisos falsos ou tapinhas nas costas. Respeito é algo que poucos sabem e que a falta do mesmo é que promove tanta discórdia e confusões entre os indivíduos. -Realmente a noção de companheirismo e respeito é diferente de um para outro. -Certo. Um fator relevante é a atração de afinidades que varia de um para outro dentro de uma mesma comunidade. Até aí tudo certo, portanto, não deve esquecer que aquele que não inspira grande afinidade a você não pode ser descartado do convívio ou dar menos importância, pois conviver com aqueles que só o agrada não trás mérito algum no processo evolutivo do desenvolvimento da tolerância, respeito ás diferenças e união de propósitos que deve transcender o umbigo. - Certo Exu. - Desta forma, pergunto, sabes reconhecer a vaidade?

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- Penso que sim. - Pensa? - É, entendo a vaidade na extravasão do ego. - Ego cabra? Há há há. - Qual a graça? - Vocês são tolos, então reconhece a vaidade no ego extravasado? Não me faça rir cabra. Como pode falar de Ego? Então vocês são assim, querem o tempo todo sistematizar o ser humano, espécie esta das mais complexas criações do Criador. Sistematizar é criar estes parâmetros, ou seja, vaidoso é aquele que age assim, assim, assim. Humilde é aquele que se comporta assim, assim, assim. Não, não. Este não é e nunca foi um bom caminho, pois esquecem que cada qual é um ser único, e você tem toda uma estrutura própria, diferente da minha que é diferente dos demais. - Entendo, então como fica? Se não podemos sistematizar, como sanar problemáticas? Parece que o Senhor como um bom Exu está querendo me confundir. - Nada disso cabra, não venho aqui confundir, ainda que seja nossa especialidade. Há há há. - Então esclareça senhor. - É simples. Quero que fique entendido que antes de qualquer apontamento dentro de uma comunidade é fundamental a análise de si mesmo. E o que está sendo apontado deve passar pelo crivo do respeito e do amor. Percebo que quando isto acontece o indíviduo apontado não vira motivo de imitações , chacotas ou piadas , estes comportamentos nada mais apresenta do que a podridão do responsável pelo dedo que aponta. O simples deve contribuir para auxiliar aquele que se excede ou mesmo erra sem que se aperceba. - Errar sem perceber? Mesmo onde existam - Sim, ainda bem que existe uns e outros que não prestam a devida atenção nos ensinamentos, para provocar no orientador a necessidade de renovar suas ferramentas a fim de envolver a atenção dos seus orientados. - (risos) estou entendendo. - Cabra todos erram, todos deixam a desejar, será que é tão complicado entender isso? O que deve ser avaliado é o resultado final de um trabalho, isto é realmente importante, e numa corrente, um deve complementar na necessidade e franqueza do irmão ao lado, por isso cada qual é diferente do outro. - Este é o ideal né Exu? - Mais que isso, deve ser uma realidade, caso contrário o caos se instalada. - Sei... - Assim, não é aceitável apontamentos atrás de apontamentos, crivados pela vontade de ver o outro prejudicado. Não é bem visto “irmãos” que ridicularizam seus “irmãos”, cadê o companheirismo? Cadê o amor? Afinal, onde está a tolerância das diferenças? Se você pensa que não precisa conviver com as diferenças então é chegado o momento de se isolar no cume do monte mais alto que possa encontrar e lá sozinho buscar sua transcendência... há há há. - Que ironia Exu!

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- Irônico são vocês, bobocas que só perdem tempo, olham demasiadamente para o lado e esquece de si próprio. Estão tão preocupados com o outro sem antes se garantir no trabalho a ser executado. Não digo que olhos devem ficar cerrados, no entanto, abra-os com amor. - Certo Exu, então o que fazemos quando um companheiro de excede. - Converse oras. - E como abordar isto? - Bem, primeiramente quando se trata de um terreiro o melhor para esta abordagem é o próprio Dirigente, uma vez que a ele é dada a função de guiar os membros. - Sei... - Mas antes é preciso que se observe todo um histórico o individuo, sua história, sua educação, seu signo, seu orixá, sua metas etc. Pois o que parece “vaidade” pode ser um excesso de carinho, de contribuição ou porque não, excesso de dedicação. - Dedicação se excede? - Oras, é óbvio que sim. - Passando por este crivo, então é bom que uma franca, amorosa e longa conversa aconteça, com zelo e preservação. - Parece fácil. - Mas não é. E aconselho a todos que não fiquem dando ouvido a tantas falácias de outrem. Faça sempre sua própria avaliação e saiba que sua avaliação estará fatalmente ligada a sua limitada compreensão do meio. Sendo assim amplie sua consciência, conhecimento, amor e compaixão ao próximo. Dê as mãos àquele que acredita necessitar de ajuda, aproxime-se dele e sutilmente contribua no auxilio, caso contrário, cale-se e não crie tanta polêmica sobre aquilo que invariavelmente nem te pertence. Todo julgo já é o retrato de auto exaltação. No amor reside a compreensão, ou ao menos a sincera vontade de constantemente ser útil para o melhor de todos. Assim cabra, deixo meu salve a todos que este texto lê e peço uma nova leitura afim de se encontrar nas entrelinhas ou nas linhas...há há há...e que seu coração entenda que mais vale colaborar, contribuir, somar para que os resultados aconteçam. Ame-se e ame seu meio com tudo o que ele te oferece. Nas diferenças encontre suas falhas. Nas semelhanças se fortaleça no aperfeiçoamento. Na incompreensão aproveite para se olhar no espelho e ver o quanto pequeno és. Salve tu cabra e salve eu! Salve sua força Sr. Exu Tranca Ruas das Sete Encruzilhadas! Após esta prosa me lembrei de uma lição muito antiga e conhecida. “Pessoas sábias falam de idéias, Pessoas medianas falam de coisas, Pessoas medíocres falam de pessoas” (Ditado no dia 07/06/07)

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IMOLE ESU (Autor desconhecido, caso venha a tomar conhecimento da autoria faço questão de dar os créditos

para este texto incluso como material nesta apostila)

“Esu, aqui está minha Oferenda! Por favor, diga a Olorun que aceite esta Oferenda

e alivie meu sofrimento!"

Fórmula ritual com que os fiéis devem oferecer o Ebo destinado ao Imole Esu

Mo ju iba, Esu Oba Baba awon Esu! Iba se, o! Saudações, Esu Senhor e Pai de todos os Esus!

Que esta homenagem se cumpra!

E pedimos-lhe Agô ou “licença” para citar o seu Orisirisi ou “Contos Imemoriais” onde se fala de seus dezesseis maiores atributos, sobretudo ligados ao Culto de Ifá, e que são tão negligenciados hoje em dia até pelos seus El’esu ou “Sacerdote de Esu”!

Eis aqui seus dezesseis títulos e suas correspondentes “qualidades”, os quais sempre foram ligados aos 16 Odu ou “Fundamentos de Tradição” dos Itan Ifa ou “Contos de Ifá” de Ile Ife ou “Cidade Santa de Ifé”:

1. Esu Yangi - o Senhor da Laterita Vermelha 2. Esu Agba - o Senhor Ancestral 3. Esu Igba Keta - o Senhor da Terceira Cabaça 4. Esu Okoto - o Senhor do Caracol 5. Esu Oba Baba Esu - o Rei e Pai de todos os Eshus 6. Esu Odara - o Senhor da Felicidade 7. Esu Osije - o Mensageiro Divino 8. Esu Eleru - o Senhor da Obrigação Ritual 9. Esu Enu Gbarijo - o Senhor da Boca Coletiva 10. Esu Elegbara - o Senhor do Poder Mágico 11. Esu Bara - o Senhor do Corpo 12. Esu L’Onan - o Senhor dos Caminhos 13. Esu Ol’Obe - o Senhor da Faca 14. Esu El’Ebo - o Senhor das Oferendas 15. Esu Alafia - o Senhor da Satisfação Pessoal 16. Esu Oduso - o Vigia dos Odus

As funções desses Exu Ancestrais nos rituais: Exu Yangi: é o princípio de tudo, a própria memória de Olorum, seu criador. Exu Agba ou Exu Agbo: é o nome que mostra sua ancianidade; ele é o mais velho

e, por consequência, o pai que é retratado no mito em que Orunmila o persegue através dos nove Orum.

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Exu Igba Keta: é o terceiro aspecto mais importante de Exu que está ligado ao número três, a terceira cabaça onde ele é representado pela figura de barro junto aos elementos da criação.

Exu Ikorita Meta: ligado ao encontro dos caminhos ou a encruzilhada; o encontro de três ruas (Y).

Exu Okoto: representado pelo caracol agulha, mostra a evolução de tudo que existe sobre a terra, e está ligado ao Orixá Aje Shaluga, o antigo Orixá da riqueza dos Yoruba.

Exu Odara: é o que, se satisfeito através do sacrifício, traz a felicidade ao sacrificante.

Exu Ojisé ébó: o que observa todos os sacrifícios rituais e recomenda sua aceitação, levando as súplicas a Olodunmarê.

Exu Eleru: é o que leva os carregos dos iniciados. Exu Enugbarijo: o que devolve a todos o sacrifício em forma de benefícios. Exu Elegbara: o todo poderoso que transforma o mal em bem, cujo poder reside

na transformação das coisas. Exu Bara: um dos mais importantes aspectos de Exu, pois ele é o Exu do

movimento do corpo humano, infundido no corpo pré-humano, ainda no Orum por Obatala, sendo "assentado" no momento da iniciação, junto com o Ori e o Orixá individual.

Exu Lonã: o senhor de todos os caminhos do mundo. Exu Olobé: dono do obé (faca) tem que ser reverenciado ao começar todos os

sacrifícios, onde a faca é necessária. Exu Élébó: o carregador de todos os Ébo. Exu Odusô ou Olodu: o que tem seu rosto retratado no Opon Ifa, e vigia o

Babalawo para que este não minta; é o que vigia os oráculos (Opélé-Ikin-Erindilogun). Exu Elepo: o que recebe o sacrifício do azeite de dendê. Exu Ina: um dos aspectos mais importantes deste Esu primordial é presidir o

Ipade, sendo o dono do fogo. É a Exu Ina que os Babalorixa/Iyalorixa se dirigem no começo do Ipade, uma das mais importantes cerimônias do ritual afrodescendente religioso.

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Exu, vazio absoluto; Oxalá, espaço infinito por Rubens Saraceni

Muitos têm Exu como o primeiro Orixá gerado, que, por isso, tem a primazia no culto. Essa primazia se justifica se entendermos a criação como um encadeamento de ações

divinas destinadas à geração do Universo e dos meios para que os seres pudessem evoluir. Nós aprendemos que dois corpos não ocupam o mesmo “espaço” e, a partir daí,

deduzimos que, para haver o espaço, tinha que haver algo em outro estado que permitiu a criação de uma base estável para que, aí sim, tudo pudesse ser criado. Esse estado é o de “vazio”, pois, só não havendo nada dentro dele, algo poderia ser criado e concretizado, mas como outro estado. Então, unindo o primeiro Orixá (Exu) e o primeiro estado da criação (o vazio absoluto), temos a fundamentação do Mistério Exu.

O Mistério Exu é em si o “vazio absoluto” existente no exterior de Deus e guarda-o em si, dando-lhe a existência e sustentação para que, a partir desse estado, tudo o que é cria-do tenha seu lugar na criação.

Por ser Exu o guardião do vazio absoluto, e este ter sido o primeiro estado da criação manifestado por Deus, então Exu é, de fato, o primeiro Orixá manifestado por Ele.

Logo, Exu é o primeiro Orixá, o mais velho de todos, o primeiro a ser cultuado. Por ser e trazer em si o vazio absoluto, tem que ser invocado e oferendado em primeiro lugar e deve ser “despachado” de dentro do templo e firmado no seu exterior para que um culto possa ser realizado, pois, se assim não for feito, a presença de Exu dentro dele implica a ausência de todos os outros Orixás, já que seu estado é o do “vazio absoluto”. Porque junto com o Orixá Exu vem o vazio absoluto, os seus intérpretes religiosos deduziram corretamente que, nesse estado de vazio, não é possível fazermos nada.

Logo, a ato de invocar o Orixá Exu em primeiro lugar é correto, porque, antes de Olorum manifestar os outros Orixás, manifestou-o e criou o vazio absoluto à sua volta. O ato de oferendá-lo antes dos outros Orixás está fundamentado nessa sua primazia, pois não se oferenda primeiro ao segundo Orixá manifestado, e sim ao primeiro.

O ato de despachá-lo para fora do templo fundamenta-se no fato de que, se ele está presente dentro do templo, com ele está o seu “vazio absoluto”, no qual nada existe. Então, é preciso despachá-lo e assentá-lo no exterior do templo, para que outro estado se estabeleça e permita que tudo aconteça.

Avançando um pouco mais na interpretação das necessidades primordiais para que tudo pudesse ser “exteriorizado” por Deus, como no “vazio absoluto” (Exu) não havia como se sustentar em alguma coisa, eis que, após esse primeiro estado da criação, Olorum manifestou o seu segundo estado: o “estado do espaço”!

• O vazio absoluto é a ausência de algo. • O espaço é a presença de um estado. Deus criou o espaço “em cima” do vazio absoluto. Logo, se antes só havia o vazio

absoluto, o espaço foi criado dentro dele, e, à medida que o espaço foi se ampliando, o vazio absoluto foi distendendo-se ao infinito para abrigá-lo e permitir-lhe ampliar-se cada vez mais, de acordo com as necessidades da mente criadora de Olorum.

Aqui, já entramos na genealogia (no nascimento) dos Orixás e em uma teogonia a partir dos estados da criação.

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Esse segundo estado (o espaço) dentro do primeiro (o vazio absoluto) criou uma base que se amplia segundo as necessidades do Criador, e começa a nos mostrar os Orixás como estados da criação, pois se Exu é o vazio absoluto, o Orixá que é em si o espaço se chama Oxalá.

Sim, Oxalá é o espaço infinito porque é capaz de conter todas as criações da mente divina do nosso Divino Criador.

Porém, o que nos levou à conclusão de que Oxalá é em si o mistério do “espaço infinito”? Ora, o mito revela-nos que Olorum confiou-lhe a função de sair do seu interior e começar a criar os mundos e os seres que os habitariam.

Como algo só pode ser criado se houver um espaço onde possa ser “acomodado” e antes só havia o “vazio absoluto” à volta de Olorum, assim que Oxalá saiu (foi manifestado), com ele saiu seu estado (o espaço infinito), que se expandiu ao infinito dentro do vazio.

O espaço não é maior ou menor que o vazio, porque são estados, mas ambos são bem definidos:

• o vazio absoluto é o estado de ausência de qualquer coisa (o vazio). • o espaço infinito é o estado de presença de alguma coisa (a ocupação). Como Olorum tem em si tudo, e tudo ocupa um lugar no espaço, então Oxalá, como

estado preexistente em Olorum, já existia no seu interior. E, como a mente criadora de Olorum ocupa um espaço, este era Oxalá, pois foi a Oxalá que Ele confiou a missão de criar os mundos e povoá-los com os seres que seriam criados.

Logo, Oxalá traz em si esse estado de espaço infinito que pode abrigar nele tudo o que for criado pela mente de Olorum. Portanto, Oxalá também traz em si o poder criador.

O vazio absoluto é um estado e não algo mensurável. O espaço infinito, ainda que não seja mensurável, é a existência de algo. E, como se esse algo denominado “espaço infinito” se abriu e expandiu-se dentro do vazio absoluto, criaram-se dois estados opostos complementares:

• O vazio absoluto • O espaço infinito Exu e Oxalá são ligados umbilicalmente por causa desses dois primeiros estados da

criação. Exu é o vazio exterior de Olorum, e Oxalá, o seu espaço exteriorizado. Exu é a ausência, e Oxalá é a presença. Em Exu nada subsiste, e em Oxalá tudo adquire existência.

Exu, por ser o vazio absoluto, nada cria em si. Em Oxalá, por ele ser o espaço em si mesmo, tudo pode ser criado.

Exu e Oxalá são oposto-complementares porque sem a existência do vazio absoluto o espaço não poderia se expandir ao infinito. Como ambos são estados, não são antagônicos, pois onde um está presente, o outro está ausente. O vazio absoluto é anterior ao espaço infinito. E, porque é anterior, Exu é o primeiro Orixá manifestado por Olorum e detém a primazia. E, se tudo preexistia em Olorum, ainda que não fosse internamente o Orixá mais velho é, no entanto, o primeiro a existir no seu exterior.

Texto extraído do livro “Orixá Exu” de Rubens Saraceni, Editora Madras.