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01 ATIVIDADE DO ÓLEO ESSENCIAL DE Ruta Graveolens SOBRE OS

DÉFICTS DE MEMÓRIA CAUSADO PELA ESCOPOLAMINA E

ACETILCOLINESTERASE EM CAMUNDONGOS

Camila Angela Zanella*, Paula Santana Lunardi**, Tanara Weber*, Assis

Ecker**, Aline Rosset*, Carlos Alberto Gonçalves, Rogério Luis Cansian,

Silvane Souza Roman

Objetivo: Verificar o efeito do óleo essencial de Ruta graveolens sobre a

reversão do défict de memória causado pela escopolamina bem como sua

atividade sobre a acetilcolinesterase. Métodos: Após aprovação deste projeto

pelo comite de ética da instituição, foram utilizados para o presente estudo 95

camundongos Swiss machos, com 60 dias de idade divididos em 5 grupos, dos

quais 3 grupos experimentais, que receberam as doses de 100 e 200 mg/kg de

óleo essencial via oral, 15 minutos antes da escopolamina (3 mg/kg

intraperitoneal), o terceiro grupo recebeu apenas óleo essencial na dose de

100 mg/kg e solução salina 0,9%i.p. e 2 grupos controles, controle negativo

recebeu os veículos e o controle positivo, veiculo via oral e escopolamina i.p.

Para avaliar os efeitos na memória de curta e longa duração, foi realizada a

tarefa de esquiva inibitória, sessão teste realizada 90 minutos e 24 horas após

a sessão treino, respectivamente. Foram verificadas as concentrações de óleo

essencial capazes de inibir a acetilcolinesterase (AChE) cerebral in vitro. Para

o ensaio ex vivo foram utilizadas as estruturas, córtex pré-frontal, hipocampo e

estriado oriundos dos animais em teste. Resultados: Para o grupo controle

negativo foi observado um aumento significativo na latência de descida da

plataforma na sessão teste, representando assim a formação de memória de

curta duração. Para memória de longa duração não foi verificado diferenças

entre sessão treino e teste. O grupo escopolamina reduziu a latência de

descida da plataforma na sessão teste, indicando desta forma o déficit de

memória de curta e longa duração. A administração via oral do óleo essencial

de Ruta graveolens não foi capaz de reverter significativamente o défict de

memória de curta e longa duração causado pela escopolamina. Entretando

observou-se que, quando administrado apenas 100 mg/kg do óleo essencial,

este não interferiu na formação da memória de curta duração pois não diferiu

significativamente do grupo controle negativo. Porém o aumento significativo na

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latência de descida da plataforma na sessão teste, quando avaliada a memória

de longa duração, sugere fortemente a capacidade do óleo essencial em

melhorar a aquisição de uma memória de longa duração. Toda via não foi

possivel verificar relação entre esta melhora coginitiva e o sistema colinérgico

central, pois as atividades da AChE não foram alteradas de forma significativa

no ensaio ex vivo, apesar de no ensaio in vitro a dose de 1000 µg/ml inibir 34%

da atividade enzimática. Conclusões: Pode-se concluir que o óleo essencial

de Ruta graveolens não conseguiu reverter o deficit de memória causado pela

escopolamina porém foi capaz de melhorar a aquisição de uma memória de

longa duração com apenas uma administração.

Apoio financeiro:PIIC/URI

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02 MODIFICAÇÃO DO VIÉS DE ATENÇÃO: ESTA TÉCNICA PO DE

AJUDAR FUMANTES A PARAREM DE FUMAR?

Fernanda M. Lopes**, Augusto Viana Pires**, & Lisiane Bizarro.

Laboratório de Psicologia Experimental, Neurociências e Comportamento

(LPNeC)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre.

O viés de atenção (VA) é a tendência de uma pessoa em dirigir ou manter a

atenção para uma classe particular de estímulos. Dependentes químicos

demonstram aumento da atenção em direção a eventos relacionados a sua

droga de escolha. No caso dos fumantes, as pistas condicionadas aos efeitos

da droga (cinzeiros, isqueiros) recebem mais atenção do usuário em detrimento

de outros estímulos do meio, portanto, o VA parece estar relacionado à maior

freqüência do uso de cigarro e à maior dificuldade para manter a abstinência.

Assim, o objetivo deste estudo foi investigar se uma técnica de modificação do

VA reduziria o VA para estímulos relacionados ao cigarro em fumantes que

querem parar de fumar. Método : Fumantes (n = 67, média de idade 45±12

anos) participantes de um tratamento para cessar o tabagismo e fumantes (n =

22, média de idade 45±14 anos) que não estavam pensando em parar de

fumar executaram uma tarefa computadorizada padrão para avaliar o VA para

estímulos relacionados ao cigarro em três diferentes tempos de exposição (50,

500 e 2000 milisegundos). Após, os fumantes em tratamento foram

randomicamente alocados em um de três grupos de treino para modificação do

VA: três sessões placebo (grupo controle); duas sessões placebo e uma

sessão de treino para evitar o cigarro (grupo evita 1); e três sessões de treino

para evitar o cigarro (grupo evita 3). Um dia após a última sessão de treino da

atenção os participantes executaram novamente a tarefa padrão de avaliação

do VA. Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética do Instituto de Psicologia

da UFRGS. Resultados : Todos os fumantes, querendo ou não parar de fumar,

apresentaram VA direcionado a pistas associadas ao cigarro na linha de base

[M=20, sd= 64, p>0.05] em todos os tempos de

exposição [M=17(50ms);M=30(500ms);M=13(2000ms,p>0.05]. No pós teste, os

três grupos experimentais mostraram redução no VA para pistas associadas ao

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cigarro, que se tornou negativo [M=-35,sd=54]. Além disso, quanto maior o

tempo de exposição, mais forte foi o padrão de evitação para esta classe de

estímulos [M=-16(50ms);M=-36(500ms);M=-53(2000ms),F(2,122)=6.3,

p=0,003]. Houve, ainda, uma diferença significativa entre grupos (F(2.61)=3.6,

p=0.03); com diferença entre o grupo que fez uma (M=2.4) e três sessões de

treino (M=-25.5), mas não entre estes e o grupo controle (M=-5.5). Não houve

interação entre os fatores. Conclusões : Considerando que todos os grupos

reduziram o VA, supõe-se que fumantes podem reduzir seus VAs para

estímulos relacionados ao cigarro após iniciarem tratamento para parar de

fumar. Eles desenvolvem uma evitação consciente para pistas relacionadas ao

cigarro, conforme comprovado nos diferentes tempos de exposição. Existe a

possibilidade de que três sessões de treino tenham desenvolvido um padrão

mais eficiente de evitação, contudo, a falta de interação do fator grupo com os

demais fatores não ajuda a explicar esta tendência. O estudo de seguimento de

seis meses e de um ano poderá detectar o impacto de longo prazo das

sessões de treino da atenção. Novas intervenções direcionadas a

processamentos automáticos como o VA podem ter aplicações clínicas no

tratamento da dependência química.

Apoio CAPES

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03 AVALIAÇÃO DOS LIMIARES DA REAÇÃO DE DEFESA INDUZIDOS

PELA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA DA SUBSTÂNCIA CINZENTA

PERIAQUEDUTAL NAS DIFERENTES FASES DO CICLO ESTRAL1de Abreu, L.D.*; 1Rangel, I.C.*; 2Müller, C.J.T.**; 2,3Bittencourt, A.P.S.V., 1,

3Bittencourt, A.S. 1-Dept. Morfologia, 2-Dept. C. Fisiológicas, 3-PPG

Bioquímica e Farmacologia, UFES, Vitória/ES.

Objetivos: O transtorno do pânico é uma doença que acomete adultos com

idades entre 25 e 44 anos, sendo que sua incidência é 2,2 vezes maior no sexo

feminino. Esse valor eleva-se para quatro vezes em mulheres em idade fértil e

declina após a menopausa. Entretanto, desconhece-se ao certo, qual a

influência das flutuações hormonais femininas nesta prevalência. Sintomas

presentes no ataque de pânico espontâneo são similares as respostas

aversivas evocadas pela estimulação elétrica intracraniana (EI) da substância

cinzenta periaquedutal dorsal (MCPAd), que possui participação no controle do

estado emocional aversivos de animais. Utilizando-se um modelo experimental

de pânico, objetivou-se quantificar as respostas defensivas: exoftalmia (EXO),

imobilidade (IMO), trote (TRT) galope (GLP), salto (SLT), micção (MIC) e

defecação (DEF), induzidas por EI da MCPAd de ratas nas diferentes fazes do

ciclo estral: Proestro (P), Estro (E), Metaestro (M) e Diestro (D).

Método: Ratas Wistar (Rattus norvegicus albinus) N=24, com livre acesso à

água e comida, pesando entre 270-300g, foram implantadas com eletrodos na

MCPAd, e mantidas em gaiolas de vidro individuais de 25x15x30cm com ciclo

de iluminação de 12h e temperatura controlada (20-25ºC). Cinco dias após a

cirurgia para o implante iniciaram-se as sessões de estimulação elétrica da

MCPAd e seus registros. Em cada sessão, os animais foram colocados

individualmente em uma arena cilíndrica de acrílico transparente, com 50 cm

de diâmetro e altura. Imediatamente antes das sessões de EI e com o auxílio

de uma micropipeta, a fase do ciclo estral de cada fêmea foi determinado pela

observação do esfregaço vaginal, obtido através da instilação de 20 µL de

salina na fenda vaginal, e o material disposto em lâmina de vidro foi analisado

em microscópio óptico (40x).

Resultados: Observamos efeitos nas respostas de IMO, cuja intensidade

mediana (I50) na fase M foi 34,5% superior quando comparado à do P; na

resposta de TRT no E, que teve a I50 18,8% menor do que em P; e pela MIC

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que se apresentou 44% maior no D em comparação ao P, além de ter sido

virtualmente abolida nas fases E e M (P < 0,007). No entanto, as demais

respostas defensivas não diferiram significativamente quando comparadas

individualmente entre as várias fases.

Conclusão: A ausência da MIC no E e M, e o menor limiar observado em P,

fase onde o nível de progesterona é maior, talvez esteja relacionado ao efeito

anti-mineralocorticóide deste hormônio. De forma geral, embora tenha sido

observado menor e maior limiar de IMO e TRT respectivamente no P na

comparação com as demais fases, estas não se mostraram sensíveis às

variações de limiares das respostas defensivas. A dosagem hormonal e o seu

pareamento com os comportamentos se fazem necessário para melhor

compreensão destes resultados.

Auxílio Financeiro : FAPES, CNPQ.

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04 MODULAÇÃO OPIÓIDE DA INTERAÇÃO SOCIAL ENTRE MÃE S E

FILHOTES SUBMETIDOS À ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO1da Mata, M.J.*; 1,2Schenberg, L.C.; 1,2Bittencourt, A.P.S.V. 1-Dept. C.

Fisiológicas, 2-PPG Bioquímica e Farmacologia, UFES, Vitória/ES.

Objetivos: As experiências dos primeiros anos de vida são determinantes no

desenvolvimento psicológico e fisiológico dos indivíduos, e eventos traumáticos

no período perinatal são potenciais desencadeadores de psicopatologias na

vida adulta. Neste contexto, a privação da presença materna nos primeiros

momentos da vida representa um dos principais eventos ansiogênicos para os

filhotes de mamíferos. O presente trabalho objetivou avaliar a influência da

ansiedade de separação sobre a interação entre mãe e filhote, bem como

verificar o efeito da manipulação do sistema opióide sobre essa interação.

Métodos: Foram utilizadas 30 ninhadas de ratos Wistar, cada uma com 8

animais (4 machos e 4 fêmeas), mantidas em condições controladas e mínima

manipulação. Aos 17 dias de idade, os animais e suas mães foram habituados

ao campo aberto onde o Teste de interação Social (TIS) foi realizado. No dia

seguinte, 30 min após terem sido injetados com morfina (MF 0,3, 1,0 ou 3,0

mg/kg) ou salina (SAL), os animais foram randomicamente organizados em

grupos Separados (S) e não separados (NS) de suas mães por 3 horas. Após

esse período, os filhotes foram individualmente avaliados no TIS com suas

mães, onde foram observados comportamentos como interação social (IS,

cheirar, seguir ou lamber a mãe), contato passivo (CP) e atividade exploratória

e locomotora. Os dados foram avaliados por ANOVA de duas vias, seguida

pelo teste de Bonferroni quando indicado, e expressos como Média + EPM de

segundos gastos em cada comportamento.

Resultados: Pudemos observar que a separação maternal induz alterações

nas respostas comportamentais dos filhotes, sendo as mais evidentes o

aumento no tempo de contato passivo com as mães em machos e a diminuição

desse tempo em fêmeas, bem como a diminuição da interação social em

machos e seu aumento em fêmeas (vide tabela, P < 0,01 em todas as

comparações). Tais efeitos foram prevenidos pela administração de morfina,

tanto em machos quanto em fêmeas.

MACHOS N CP (s) IS (s) FÊMEAS N CP (s) IS (s)

NS SAL 13 22,5 + 4,5 109,6 + 5,4 NS SAL 13 17,8 + 4,5 139,3 + 10,1

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NS MF 0,3 12 32,6 + 6,6 74,6 + 1,7# NS MF 0,3 9 20,4 + 2,9 92,3 + 2,2#

NS MF 1 13 25,6 + 1,9 103,5 + 0,9 NS MF 1 9 54,3 + 4,7# 82,8 + 10,1#

NS MF 3 12 39,2 + 4,8 95,8 + 5,4 NS MF 3 12 28,7 + 1,1 87,6 + 0,7#

S SAL 13 81,5 + 5* 79,2 + 0,7* S SAL 12 7,8 + 1,9* 164,9 + 2,7*

S MF 0,3 13 10,9 + 2# 162,8 + 1,1# S MF 0,3 10 20,6 + 2,7 129,2 + 0,6#

S MF 1 14 18,1 + 3,5# 145,8 + 6,1# S MF 1 10 22,3 + 4,5# 135,2 + 6,2#

S MF 3 13 49,5 + 1,9# 85,1 + 1,9 S MF 3 13 44,9 + 2,1# 116,8 + 7,3#

*Diferente do grupo NS equivalente, #Diferente do grupo SAL submetido à

mesma condição de separação

Conclusões: Podemos sugerir uma influência do sistema opióide nas

respostas comportamentais desencadeadas pela ansiedade de separação, as

quais se manifestam diferentemente em machos e fêmeas, bem como que a

modulação deste sistema pode representar uma alternativa farmacológica para

a prevenção das respostas de ansiedade eliciadas pela separação maternal

aguda.

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05 CARACTERIZAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DE COFILINA-1 NA

APOPTOSE EM RESPOSTA A NEUROTOXINA 6-HIDROXIDOMINA EM

LINHAGEM CELULAR TIPO DOPAMINÉRGICA – UM PROTÓTIPO PARA

ESTUDOS MOLECULARES DE DOENÇA DE PARKINSON.

Silva, A.C.*1,2; Marengo, L.*1,2; Lopes,F.**1,2; Londeiro, G. F.**1,2; Muller, C. B.**1,2,

Motta, L.L.**1,2; Freitas, M.B**1,2; Klamt, F1,2.

1. Departamento de Bioquímica, ICBS/UFRGS – Porto Alegre, Brasil.

2. Instituto Nacional de Medicina Translacional (INCT-TM)

Um dos grandes desafios no estudo sobre a Doença de Parkinson (DP) é a

elucidação da fisiopatologia dos neurônios dopaminérgicos da via Nigro-

estriatal durante a progressão da DP. A maior parte dos estudos sobre a DP

são desenvolvidos em modelos animais, o que compreende inúmeras

vantagens, mas também limitações inerentes de modelo experimental não

humano. Em nosso grupo de pesquisa, utilizamos a linhagem celular de

neuroblastoma humano SH-SY5Y diferenciada em linhagem tipo neurônio

dopaminérgico, como previamente descrito (Lopes et al. Brain Res. 1337:85-

94,2010). Essas células expressam marcadores como a nestina e após a

diferenciação marcadores típicos de neurônios maduros como a enolase

neurônio específica, proteína nuclear de neurônio, sinaptobrevina e

sinaptofisina. Além disso, expressa tirosina hidroxilase (enzima necessária para

síntese de dopamina) e transportador de recaptação de dopamina, marcadores

específicos de neurônios dopaminérgicos. O que as faz um modelo in vitro da

DP. Objetivos : Sabendo-se que oxidação de cofilina-1 medeia a disfunção

mitocondrial e apoptose por oxidantes em células tumorais (Klamt, et al. Nature

Cell Biol. 11:1241-1246, 2009) e pode potencialmente desempenhar um papel

na morte de células neuronais induzidas por neurotoxinas, como a 6-

hidroxidopamina (6-OHDA), nosso intuito é avaliar o papel da cofilina-1 e DJ-1

na indução de morte celular e neuroproteção. Metodologia e Resultados :

Após o estabelecimento do cultivo celular e protocolo de diferenciação, foram

avaliados diversos parâmetros como toxicidade da célula a 6-OHDA, nos

permitindo estabelecer o valor de GI50. Pelo ensaio de DCF, constatamos o

aumento da produção de espécies reativas de oxigênio na presença de 6-

OHDA e manutenção de viabilidade celular quando há inibição da via das

caspases. Verificamos também, a ocorrência da disfunção mitocondrial pela

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técnica de JC-1 e por western bloting a translocação de cofilina-1 do citosol

para a mitocôndria em resposta a 6-OHDA. E com sucesso, avaliamos a

possibilidade de transfecção destas células diferenciadas e superexpressão de

cofilina-1 pela célula, que torna mais sensível à neurotoxina utilizada neste

estudo. Conclusões : A linhagem SH-SY5Y diferenciada representa um modelo

experimental para estudar os mecanismos moleculares e celulares da DP; A

neurotoxina 6-OHDA induz disfunção mitocondrial com envolvimento da via das

caspases e translocação de cofilina-1, elucidando parte do processo

fisiopatológico da DP. Perspectivas: A curto prazo, avaliar os efeito

neuroprotetores de DJ-1e a longo prazo buscar inibidores para cofilina-1,

podendo ser um alvo terapêutico para o tratamento da Doença de Parkinson.

Financiamento: CNPq, CAPES, FAPERGS.

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06 EXPOSIÇÃO CRÔNICA A DIETA HIPERLIPÍDICA E ESTRE SSE POR

ISOLAMENTO NO PERÍODO PRÉ-PUBERE CONTRIBUEM COM

DESEQUILÍBRIO OXIDATIVO NO HIPOTÁLAMO DE RATOS MACH OS

ADULTOS.

Danusa Mar Arcego**; Rachel Krolow**; Carine Lampert**; Cristie Noschang;

Tamires Ben*; Carla Dalmaz.

* Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS, Porto Alegre-RS.

** Departamento de Bioquímica, UFRGS, Porto Alegre-RS.

Objetivo: A pré-puberdade é um período crítico para a maturação final dos

circuitos neuronais. Nessa fase de desenvolvimento, onde a capacidade

plástica do individuo é muito grande, estímulos externos, como exposição a

diferentes dietas e ao estresse, podem influenciar nas respostas de adaptação,

com repercussões a longo-prazo. É sabido que o consumo de alimento pode

funcionar como um mecanismo de compensação em uma situação de estresse.

A partir disso, o objetivo do nosso trabalho foi investigar os efeitos da

exposição a um estressor (isolamento social) e a diferentes tipos de dietas no

período pré-pubere sobre parâmetros relacionados ao estresse oxidativo no

hipotálamo de ratos adultos. Métodos: Ratos machos Wistar de 21 dias foram

divididos em 2 grupos: controle e estressados (isolamento do dia 21 ao 28 pós-

natal). Esses grupos foram subdivididos de acordo com a dieta: um grupo

recebeu somente ração, outro ração e dieta rica em glicídeos simples, e outro

ração e dieta hiperlipídica. As dietas foram oferecidas cronicamente, desde 21

dias até idade adulta. Aos 60 dias os animais foram sacrificados, o hipotálamo

foi dissecado e congelado (-80°C) para posterior an álise das atividades

enzimáticas da Superóxido Dismutase (SOD), Glutationa Peroxidase (GPx),

avaliação da produção de radicais livres pelo método da oxidação da

diclorodihidrofluoresceína e conteúdo de tióis totais. Análise estatística foi feita

por ANOVA de duas vias (fatores estresse e dieta). Este projeto foi aprovado

pelo Comite de Ética da nossa universidade (nº 21205). Resultados: Os

animais que foram estressados no período pré-pubere mostraram uma

diminuição da atividade da SOD (P=0.02). Além disso, a atividade da GPx foi

diminuída nos animais que receberam dieta hiperlipídica quando comparados

ao grupo que recebeu somente ração (P<0.05, seguido de post-hoc de

Duncan). Em relação à produção de radicais livres e conteúdo de tióis totais,

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não houve diferença significativa entre os grupos. Conclusão: O estresse no

período pré-pubere, parece causar um desbalanço oxidativo pela diminuição da

atividade de uma das enzimas antioxidantes. A dieta rica em gordura, por sua

vez, também atua de forma a contribuir com esse desequilíbrio oxidativo no

hipotálamo, mas não houve interação entre esses fatores nos parâmetros

avaliados.

Apoio financeiro: Capes e CNPq.

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07 CANABINÓIDE AUMENTA A IMPULSIVIDADE EM UM MODEL O

ANIMAL DO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E

HIPERATIVIDADE: INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO CRÔNICO CO M

CAFEÍNA

Douglas T. Leffa1*, Jussemara S. da Silva1*, Grasielle C. Kincheski1**, Diogo O.

Souza1, Pablo Pandolfo1, 2

1Departamento de Bioquímica, Instituto de Ciências Básicas da Saúde,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.2Departamento de Neurobiologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal

Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.

Objetivos: O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um

dos transtornos psiquiátricos mais prevalentes em crianças e adolescentes, e

se caracteriza pela presença de hiperatividade, falta de atenção e

impulsividade. Os ratos espontaneamente hipertensos (SHR), quando

comparados aos ratos Wistar Kyoto (WKY), são considerados um modelo

apropriado para o estudo do TDAH por apresentarem características

comportamentais e neuroquímicas observadas no transtorno. Há uma

associação bem documentada entre o TDAH e o consumo de substâncias,

sendo a maconha (Cannabis sativa) a droga ilícita mais utilizada entre os

pacientes com TDAH. Além disso, os antagonistas de receptores de adenosina

parecem atenuar alguns comportamentos relacionados à dependência de

drogas. Portanto, o presente estudo tem como objetivo investigar o efeito do

tratamento crônico com cafeína no aumento da impulsividade induzido pelo

agonista canabinóide WIN55,212-2 (WIN).

Métodos: Os animais WKY (n=6-7) e SHR (n=5-6) foram divididos em dois

grupos e expostos a duas administrações intraperitoniais (i.p.) diárias de

cafeína (2 mg/kg) ou salina durante 21 dias, e foram expostos a uma restrição

alimentar por 7 dias. A impulsividade foi medida por meio do paradigma da

tolerância ao atraso da recompensa em um labirinto em T, onde os animais

podiam escolher entre uma recompensa pequena e imediata, ou então uma

recompensa maior e demorada. Durante a realização da sessão teste, os

animais foram injetados com o agonista canabinóide WIN (0,25mg/kg).

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Resultados: Os SHR do grupo controle fizeram um número menor de escolhas

da recompensa maior em comparação com os WKY controle, revelando o perfil

impulsivo desses animais. O tratamento agudo com o agonista canabinóide

aumentou a impulsividade dos animais de ambas as linhagens, assim como a

administração prévia e crônica com cafeína, que causou este mesmo efeito em

ambos os grupos.

Conclusões: Os resultados destacam a impulsividade basal aumentada dos

SHRs e indicam que ambas as drogas aumentam o comportamento impulsivo

das duas linhagens, sendo que as características apresentadas pelo modelo

animal do TDAH o torna mais sensível aos efeitos impulsivos dessa

associação. Mais investigações são necessárias para que as interações

farmacológicas entre os receptores dopaminérgicos, adenosinérgicos, e

canabinóides, assim como sua relação com a impulsividade, sejam

compreendidas.

Apoio Financeiro: CAPES; FAPERGS; FINEP/IBN.Net; CNPq/INCT para

excitotoxicidade e neuroproteção.

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08 EXPOSIÇÃO AO ETANOL NA ADOLESCÊNCIA E EFEITOS S OBRE A

ATENÇÃO NA VIDA ADULTA DE RATOS WISTAR

Augusto Viana Pires*, Jonatas Passos*, Leticia Scheidt*, Rosa Maria Martins

de Almeida, Lisiane Bizarro

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre

Palavras chaves: Atenção, modelo animal, álcool, padrão de consumo binge.

Introdução: A adolescência é uma fase de transição para a vida adulta e se

caracteriza por intenso comportamento exploratório e de exposição a riscos.

Durante esse período, são comuns a experimentação e o início do uso de

drogas, como a nicotina e o álcool. O álcool é uma droga amplamente utilizada

entre jovens, disponível nos diversos ambientes que frequentam. Nesta

população percebe-se um padrão de consumo denominado binge drinking,

caracterizado pelo consumo de cinco ou mais doses por ocasião. Este padrão

de consumo tem relação com prejuízos a curto prazo, associado a

comportamentos de risco sob o efeito da substância. É difícil, no entanto, isolar

os efeitos do álcool de outros efeitos ambientais em estudos com humanos. A

utilização de modelos animais em estudos sobre efeitos do álcool a longo prazo

mostram-se uma alternativa para o entendimento dos mecanismos da

dependência e prejuízos cognitivo-comportamentais derivados deste consumo.

Objetivo: Investigar os efeitos da exposição ao etanol na adolescência em

ratos sobre a atenção durante a vida adulta. Método: Ratos Wistar (machos,

peso médio de 81,4g) foram alojados em grupos de quatro até 60 dias pós-

natal. Do dia 30 ao 46 pós-natal, receberam um de três tratamentos: 3g/kg de

etanol (15% v/v; n=16); 1,5g/kg de etanol (12,5% v/v; n=12) em água ou

apenas água (n=12), a cada 48 horas. Após o dia 60 pós-natal, os animais

foram treinados na tarefa 5-choice serial reaction time task (5CSRTT). Nesta

tarefa detecta e responde a estímulos visuais de um segundo, apresentados a

cada cinco segundos em um de cinco buracos para receber comida até que

uma linha de base estável seja observada. Após a aquisição da linha de base

cinco sessões de teste foram conduzidas com duração de estímulos menor

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(0,5s e 0,25s),manipulação do intervalo entre tentativas (ITI, 2s e 15s) ou os

parâmetros da linha de base em ordem randomica para cada animal.

Resultados: O treinamento até os animais atingirem a linha de base foi

realizado em 89 dias. Não houve diferença entre grupos na aquisição da linha

de base da tarefa. Nas sessões de teste, quando o ITI foi de 15s, os grupos

apresentaram diferença (F(1,8;64,9)=3,2; p=0,02; contraste simples p<0,023),

sendo que o grupo que recebeu 3g/kg apresentou acurácia menor (72,5% de

acerto) que os demais (81,9% de acertos no grupo que recebeu 1,5g/kg e

83,4% no grupo que recebeu apenas água). Os grupos diferiram na latência

das respostas corretas (F(2;32)=5,7; p=0,007), sendo que o tratamento de

1,5g/kg produziu uma latência maior do que o grupo que recebeu 3g/kg

(Bonferroni, p<0,05). Não houve efeito principal de grupo ou interação de grupo

com o tipo de sessão nas demais medidas. Conclusão: A exposição

intermitente ao álcool durante a adolescência produziu uma dificuldade em

responder corretamente a uma tarefa de atenção na idade adulta e pode ter

comprometido a prontidão para responder.

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09 INFLUÊNCIA DO DIMORFISMO SEXUAL SOBRE A DISFUNÇ ÃO

MITOCONDRIAL EM CÓRTEX CEREBRAL DE RATOS NEONATOS

SUBMETIDOS À HIPÓXIA-ISQUEMIA

Nathália Kersting a*, Simone N. Weis b**, Leticia Pettenuzzo b, Rachel

Krolow b**, Lauren M. Valentim c, Carina S. Mota b**, Carla Dalmaz b, Angela

T.S. Wyse b, Carlos Alexandre Netto b

aFaculdade de Biomedicina,Instituto de Ciências Básicas da Saúde,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, BrasilbPrograma de Pós-Graduação em Bioquímica, Instituto de Ciências Básicas da

Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, BrasilcDepartamento de Ciências Exatas e da Natureza, Colégio de Aplicação,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

Introdução: A hipóxia-isquemia (HI) encefálica resulta em alterações

bioquímicas e neurofisiológicas que podem causar dano encefálico pela

ativação de mecanismos citotóxicos e apoptóticos. Dentre eles, a função

mitocondrial é particularmente afetada, através da inibição da atividade dos

complexos da cadeia respiratória. Uma vez que o dimorfismo sexual pode

influenciar as diferentes respostas de sobrevivência e morte celular após a

injúria cerebral, torna-se interessante o estudo dos efeitos da lesão causada

pela HI neonatal sobre a função mitocondrial, bem como a avaliação das

alterações encontradas no que se refere aos diferentes sexos. Objetivo: O

objetivo do estudo foi avaliar a integridade da função mitocondrial no córtex

cerebral de ratos Wistar submetidos à HI no período neonatal e verificar a

contribuição do dimorfismo sexual. Metodologia: O procedimento experimental

foi realizado aos 7 dias de vida pós-natal, e consiste na associação de uma

isquemia unilateral, seguida de exposição a atmosfera hipóxica (8% de O2) por

90 minutos. Os animais controle foram submetidos ao procedimento cirúrgico

sem oclusão da artéria carótida e sem a exposição à hipóxia. Após a HI (2 e 18

horas) amostras de córtex cerebral foram obtidas para a realização dos

procedimentos experimentais (n=5-6/grupo). Foi avaliada a atividade dos

complexos I-III, II e IV da cadeia respiratória mitocondrial e também foram

determinadas a integridade do potencial de membrana (∆ψ) e a massa

mitocondrial. Resultados: Não houve alterações significativas na atividade dos

20

complexos mitocondriais tanto em machos quanto em fêmeas 2h após a HI,

entretanto, as fêmeas apresentaram um aumento per se na atividade dos

complexos I-III, II e IV quando comparadas com os machos. Apesar da falta de

alterações na atividade dos complexos mitocondriais pela HI, tanto machos

quanto fêmeas tiveram diminuição da massa e do ∆ψ mitocondrial 2h após o

insulto. Por outro lado, 18h após a HI a atividade dos complexos (I-III, II e IV)

da cadeia respiratória mostrou uma inibição severa que foi acompanhada de

diminuição de ∆ψ mitocondrial em ambos os sexos, sendo observado

diminuição da massa mitocondrial somente nas fêmeas. Conclusão: Esses

resultados assinalam a disfunção mitocondrial induzida pela HI e apontam a

presença do dimorfismo sexual, uma vez que as fêmeas, além de

apresentarem maior atividade dos complexos da cadeia respiratória per se

quando comparadas aos machos, mostraram-se mais vulneráveis ao dano da

HI. Apoio Financeiro: CAPES e CNPq.

21

10 CARACTERIZAÇÃO DA DOSE DE INFUSÃO ICV DE ÁCIDO OCADÁICO

COMO MODELO ANIMAL DE DEMÊNCIA: IMPLICAÇÕES NA MEMÓ RIA

ESPACIAL

Núbia Broetto Cunha**, Márcio F. Dutra**, Roberta B. Silvestrin**, Cristiane

Batassini**, Ana Carolina Tramontina**, Carlos Alberto Saraiva Gonçalves.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre.

Diferentes modelos animais têm sido utilizados para o estudo da doença de

Alzheimer. Dentre eles, a infusão de ácido ocadáico, um potente inibidor das

fosfatases 1 e 2A, têm demonstrado características patológicas nos animais

que mimetizam a doença (Behav Brain Res. 226:420-7, 2012; Brain Res.

1309:66-74, 2010). Porém, a infusão ICV da referida droga ainda pode ser

melhor estudada quanto a dose utilizada. Objetivo: Caracterizar a melhor dose

de infusão de ácido ocadáico (AO) intracerebroventricular (ICV) capaz de

causar déficit cognitivo espacial. Método: Ratos Wistar machos (n=40) foram

divididos aleatoriamente em 4 grupos e submetidos a cirurgia estereotáxica

para infusão ICV bilateral de AO ou veículo, desta maneira, divididos nos

seguinte grupos: ratos submetidos a infusão do veículo (sham), submetidos a

infusão de ácido ocadáico na dose de 100ng (AO 100ng), de 200ng (AO

200ng) e 400ng (AO 400ng). No 12º dia após a indução do modelo animal,

iniciou o treino no labirinto aquático de Morris com duração de 5 dias, 24 horas

após o término do treino foi realizado o teste. Resultado: A análise estatística

mostrou diferença significativa (p<0,05) na latência para encontrar a plataforma

no dia do teste, ocorrendo um aumento do tempo no grupo AO 200ng

(42,44±6,56) quando comparado ao grupo sham (23,00±4,96). Não foram

observadas diferenças nos grupos AO 100ng e 400ng (36,22±6,58 e

33,09±5,66, respectivamente). Conclusão: Nossos resultados mostram que a

infusão ICV de ácido ocadáico na dose de 200ng foi mais efetiva em produzir

um déficit cognitivo espacial.

Apoio Financeiro: Capes e CNPq.

22

11 EFEITOS DO TREINAMENTO DE EQUILÍBRIO E COORDENA ÇÃO E DO

TREINAMENTO AERÓBICO NA RECUPERAÇÃO SENSORIOMOTORA DE

RATOS APÓS LESÃO NERVOSA PERIFÉRICA . Leandro Viçosa Bonetti**1,

Ana Paula Krauthein Schneider*1, Silvia Barbosa*1, Jocemar Ilha2, Maria

Cristina Faccioni-Heuser1.1- Departamento de Ciências Morfológicas – Instituto

de Ciências Básicas da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(ICBS/UFRGS). 2- Departamento de Fisioterapia – Laboratório de Pesquisa

Experimental – Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).

Objetivos: Desenvolver protocolos de treinamento físico voltados à reabilitação

de lesões nervosas periféricas.

Métodos: Foi utilizado o modelo de lesão no nervo ciático, onde a lesão foi

realizada através da compressão deste nervo por meio de uma pinça

homeostática, durante 30 segundos. Foram utilizados 24 ratos Wistar machos

adultos divididos em 4 grupos experimentais: non-trained (NT), animais que

passaram pelo procedimento cirúrgico e esmagamento do nervo porém sem a

realização de exercício físico; sham (SH), animais que passaram pelo

procedimento cirúrgico sem esmagamento do nervo e sem exercício físico;

balance and coordenation training (BC), animais que passaram pelo

procedimento cirúrgico com esmagamento do nervo e com a realização de

exercícios de equilíbrio e coordenação durante 4 semanas, 5 vezes por

semana; e treadmill training (TT), animais que passaram pelo procedimento

cirúrgico com esmagamento do nervo e com a realização de exercício em

esteira ergométrica durante 4 semanas, 5 vezes por semana. O protocolo de

treino do grupo BC consistiu em 5 passagens por 5 diferentes obstáculos

elevados, de 1 metro cada, correspondendo a 25 metros por dia de treino, onde

o grau de dificuldade aumentou a cada semana. Esse treino buscava a

recuperação nervosa periférica do nervo lesionado através de movimentos

específicos que proporcionassem equilíbrio e precisão. Já o protocolo de treino

do grupo TT consistiu no percurso por uma esteira ergométrica adaptada, não

exigindo habilidades motoras finas, em tempos que aumentaram

progressivamente de 20 minutos, na primeira semana, a 60 minutos, na última.

Para o acompanhamento temporal da recuperação sensoriomotora, foram

23

realizados testes sensoriomotores, o Horizontal Rung Ladder Walking Test

(HLWRT) e o Narrow Beam Test (NBT) ao final da segunda, terceira e quarta

semana de treinamento. Os animais foram filmados atravessando 3 vezes cada

aparato de teste, e o número de erros do membro posterior direito e esquerdo

por trilha foi analisado.

Resultados: No NBT, os grupos NT e TT cometeram mais erros de membro

posterior direito, obtendo, respectivamente, médias de 2,35 e 2,55, quando

comparado ao grupo SH, com média de 0,59 erros. Já o grupo BC obteve uma

média de erros de 0,72, se aproximando do grupo SH. No HLWRT, as médias

de erros dos grupos NT, TT, BC e SH foram respectivamente 1,88, 0,98, 0,61 e

0,59.

Conclusões: Os animais do grupo BC, que realizaram o treinamento de

equilíbrio e coordenação, obtiveram uma melhor performance motora em testes

sensoriomotores quando comparado com exercício aeróbico ou com a falta de

qualquer treinamento.

Apoio Financeiro: CAPES – CNPq

24

12 PADRONIZAÇÃO DA CONVULSÂO EM ZEBRAFISH ADULTO

INDUZIDA POR PENTILENOTETRAZOL

Luana Moro*, Ben Hur M. Mussulini**, Carlos E. Leite**, Suelen Baggio*,

Kamila C. Zenki*, Denis Broock Rosemberg**, Eduardo Pacheco Rico**,

Renato D. Dias, Tadeu M. Souza, Maria M. Campos, Maria E. Calcagnoto**,

Ana M. Battastini, Diogo L. de Oliveira.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre

Objetivo

O propósito desse trabalho é descrever detalhadamente parâmetros acerca

das crises convulsivas ao longo do tempo geradas por pentilenotetrazol (PTZ)

em zebrafish adulto.

Métodos

Os animais foram imersos em soluções de 0; 5; 7,5; 10 e 15 mM de PTZ

durante 20 min (n =12 para cada grupo). Foi avaliada a mortalidade durante 7

dias após a exposição. Como controle de crise, dois grupos (n = 12 para cada

grupo) foram expostos à diazepam 75 uM durante 40 minutos e,

posteriormente, um dos grupos foi submetido à água e o outro à 10 mM de

PTZ. Foi realizada uma dosagem da quantidade de PTZ que atinge o cérebro

do animal, para tanto usamos três cérebros de animais para cada amostra (n =

4 amostras), sendo esses expostos a 5mM e 10mM de PTZ, que foram mortos

após os tempos 2.5 e 20 min de exposição e 60 min após retirar o animal do

agente convulsivante.

Resultados

Nosso estudo apontou os seguintes estágios: (0) nado normal, (I)

hiperventilação, (II) burst: mudanças bruscas de direção do nado, (III)

movimentos circulares, (IV) convulsão tônico-clônica, (V) queda ao fundo do

aquário, (VI) morte. Expressamos através de curvas o perfil do comportamento

dos animais através do tempo, baseado nos estágios já definidos, para cada

concentração citada no qual deixou claro que os estágios progridem

rapidamente nos cinco primeiros minutos, e que os animais expostos à

concentrações elevadas atingem os estágios mais altos em menos tempo.

Assim, notamos que as crises se desenvolvem com diferentes intensidades. No

primeiro momento, as concentrações mais elevadas tiveram maior intensidade;

25

num segundo, as três maiores concentrações tiveram forte intensidade quando

comparada com 5 mM; num terceiro, todas as concentrações agora possuem

grande intensidade.. A mortalidade foi de 33% para a concentração de 10 mM

e 50% para 15 mM. O diazepam elevou a latência para o estágio IV de 150 s

para 600 s e aqui a mortalidade foi de 0%. Quanto a quantidade de PTZ

cerebral, níveis similares de PTZ foram encontrados no cérebro em 2.5 min de

exposição ao PTZ e 60 min depois da retirada da solução. Houve um pico de

PTZ no cérebro depois de 20 min de exposição ao agente convulsivante

Conclusão

Todas as análises descritas podem ser ferramentas importantes na

investigação acerca dessa doença e na descoberta de novos fármacos de uma

maneira rápida e em larga escala devido à praticidade de se trabalhar com

esse modelo animal.

Apoio financeiro: CNPq, CAPES, FAPERGS.

26

13 A NATAÇÃO DURANTE A GESTAÇÃO PREVINE DE FORMA S EXO-

ESPECÍFICA O DÉFICIT DE MEMÓRIA ESPACIAL EM RATOS W ISTAR

SUBMETIDOS À HIPÓXIA-ISQUEMIA CEREBRAL NEONATAL. Willborn,

S.2*, Sanches, E.1**, Boisserand, L.1**, Nicola, F.1**, Delgado, T.2*, Netto, C.A2

1 Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: Neurociências.

Departamento de 2 Bioquímica, Instituto de Ciências Básicas da Saúde,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

A encefalopatia hipóxico-isquêmica (HI) é causa importante de dano

cerebral e causa de graves sequelas neurológicas. Os modelos experimentais

de HI causam alterações comportamentais, dentre elas prejuízo à memória de

referência e de trabalho no labirinto aquático. Até o momento, as estratégias de

tratamento (farmacológicas ou não) têm se demonstrado pouco eficazes no

tratamento da HI. Em modelos animais, o nado durante a gestação promove,

nos filhotes, melhora da capacidade cognitiva, aumento da neurogênese

hipocampal e a liberação de fatores tróficos como o BDNF. Com isso, nossa

hipótese de trabalho é que um protocolo de nado durante o período gestacional

possa causar alterações na prole e influenciar a cascata de eventos

fisiopatológicos responsáveis pelo dano cerebral, prevenindo os prejuízos de

memória induzidos pela HI.

OBJETIVO: Avaliar o efeito da natação durante a gestação sobre a memória

espacial em ratos submetidos à HI.

MÉTODOS: Ratas Wistar foram submetidas a um protocolo de exercício físico

(natação) durante 10 minutos por dia durante toda a gestação (21 dias). Aos 7

dias de vida, os filhotes de ambos os sexos foram submetidos à HI cerebral

unilateral através da oclusão da artéria carótida comum direita, período de

recuperação de 2h e exposição a uma câmara hipóxica (8% de O2 por 90 min).

Os ratos sham foram submetidos a todos os procedimentos, porém sem a

oclusão da carótida. A partir dos 30 dias, a memória espacial foi avaliada

através do labirinto aquático de Morris. Os resultados foram analisados por

ANOVA seguido do post hoc de Duncan.

RESULTADOS: A HI neonatal causou prejuízo à memória de referência nos

animais HI sem nado de ambos os sexos. Na prole das ratas que nadaram, os

animais HI machos tiveram latências similares aos sham durante os 5 dias de

27

treino, sem prejuízo à memória de referência. No entanto, esse efeito não foi

observado nas fêmeas HI filhotes de ratas que treinaram durante a gestação,

indicando dificuldades na aprendizagem da tarefa assim como a apresentada

pelos HI cujas mães não realizaram o protocolo de treinamento. Os déficits de

memória de trabalho foram observados em todos os grupos HI, não tendo sido

observado efeito benéfico da natação.

CONCLUSÕES: Estes resultados indicam um efeito neuroprotetor da natação

durante a gestação sobre os déficits cognitivos causados pela HI. Este efeito se

manifestou nos ratos HI machos, mas não nas fêmeas. Os déficits sobre a

memória de trabalho não foram revertidos. A neuroproteção observada

confirma estudos mostrando que o sucesso de estratégias terapêuticas no

tratamento da HI dependente do sexo dos animais. Mais estudos se fazem

necessários na tentativa de identificar os mecanismos responsáveis por este

caráter neuroprotetor (Apoio: CAPES/ CNPq).

28

14 AVALIAÇÃO DE ALTERAÇÕES NO COMPORTAMENTO ALIMEN TAR

DE RATOS SUBMETIDOS À POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA POR UM C URTO

PERÍODO

SOARES, F.J.S.*1, SZCZEPANIAK, R.F.**1, VITÓRIA, P.S.**1, BORK, C.*1,

COLLARES G.*1, BAINY, B.K.*1, GAMARO, G.D.1.1Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS.

INTRODUÇÃO: O comportamento alimentar é controlado por interações entre

sistemas psicobiológicos e fisiológicos (OLIVEIRAet al., Rev. Nutr., 24(4):619-

628, 2011). Segundo Blundell et al. (Brain Res. Bull.,15(4):371-6.; 1985) o

comportamento alimentar de animais é uma resposta adaptativa, decorrente de

demandas internas que são moduladas pelas limitações impostas pelo

ambiente externo influenciando na homeostase. A poluição atmosférica, mais

precisamente o material particulado fino (MP 2,5 µm), pode atuar como um

agente estressor de relevância. Estudos sugerem que MP 2,5 µm pode

ultrapassar a barreira hematoencefálica atuando sobre o sistema nervoso

central via nervos olfativos (OBBERDORSTER et al., J. Toxicol. 65 : 1531-43;

2002 ). Tais partículas podem atuar sobre regiões responsáveis pela

modulação direta ou indireta do comportamento alimentar. OBJETIVO: O

presente trabalho tem como objetivo avaliar o consumo de alimento doce em

ratos submetidos à poluição atmosférica por um curto período (5 dias).

METODOLOGIA: Foram utilizados ratos Wistar machos adultos, provenientes

do Biotério Central da UFPel. Os animais foram divididos em dois grupos:

animais expostos à poluição (n=5) e animais não expostos (n=5). Os animais

do grupo exposto à poluição foram colocados em um aquário (30x30x50) cm

hermeticamente fechado, com apenas duas saídas de ar com bombeamento

contínuo de ar externo, durante 5 dias, 4h/dia. Concomitantemente a

quantidade de partículas finas foi monitorada por meio do aparelho Dust Track

(Modelo 8520, TSI Incorporated, St. Paul, MN, USA). Após 30 minutos do

término da exposição, os animais realizaram a tarefa para avaliar o consumo

de alimento doce. A tarefa foi realizada conforme descrito em ELY et al., 1997.

Após a habituação ao ambiente e alimento novo, durante 5 dias, os animais

foram testados. Na extremidade oposta ao lado onde o animal era colocado

havia um recipiente com 10 rosquinhas Froot-Loops (Kellogs®). Os animais

foram expostos à tarefa durante 3 minutos, após o término da mesma foi

29

mensurado o número de rosquinhas ingeridas. RESULTADOS : Não houve

diferença significativa entre o consumo de alimento doce entre os grupos

(Teste t P = 0,986). Os resultados obtidos demonstram que a exposição de

curta duração à poluição de Pelotas, no inverno, parece não exercer influência

sobre o consumo de doce. CONCLUSÕES: Os resultados obtidos são

preliminares e serão repetidos para aumentar o número de animais por grupo e

em outra estação do ano. APOIO FINANCEIRO: CNPq

30

15 COMPARAÇÃO DE PARÂMETROS DO SISTEMA GLUTAMATÉRG ICO

EM CULTURAS DA LINHAGEM C6 COM PASSAGENS RECENTES E

TARDIAS

Chairini Cássia Thomé*, Mery S. L. Pereira**, Marcela M. Cavalheiro*, Kamila

Zenki*, Rafael Zanin**, Eduardo C. Filippi Chiela**, Guido Lenz e Diogo Lösch

de Oliveira.

UFRGS, Porto Alegre/RS

Objetivo: Avaliar e comparar alguns parâmetros do sistema glutamatérgico

entre passagens recentes e tardias de culturas da linhagem de glioma C6.

Métodos: Passagens recentes e tardias foram cultivadas em DMEM 5% SFB a

37°C e CO 2/ar (95:5). A captação de L-[3H]-Glu e D-[3H]-Asp foi feita em HBSS;

sua inibição foi realizada adicionando PDC 100µM ou TBOA 100µM e sua

estimulação foi realizada adicionando PMA 100nM. A liberação do [3H]

proveniente da captação dos aminoácidos foi avaliada incubando as células em

HBSS contendo L-[3H]-Glu ou D-[3H]-Asp durante 1h a 37ºC. Após, as culturas

foram incubadas por mais 1h a 37ºC em L-Glu ou D-Asp em HBSS. A

radioatividade foi mensurada por cintilação e as proteínas quantificadas pelo

método de Peterson. O imunoconteúdo dos transportadores de glutamato

(GLAST, GLT1 e EAAC1) foi avaliado por Western Blot, a integridade de

membrana por marcação com iodeto de propídeo e a senescência celular por

marcação com β-galactosidase e análise morfométrica nuclear.

Resultados: Ambas as culturas apresentaram aumento tempo-dependente no

conteúdo intracelular de [3H], atingindo platô em 2h. As passagens recentes

apresentaram um conteúdo intracelular de [3H] derivado da captação de L-[3H]-

Glu 55% maior que as passagens tardias (P<0,001, two-way ANOVA, n=4-14).

Ambas as passagens expressaram somente o transportador EAAC1, cujo

imunoconteúdo foi similar entre elas. As duas culturas apresentaram um

aumento tempo-dependente no conteúdo intracelular de [3H] derivado do D-

[3H]-Asp, sem atingir platô. Porém, nas passagens recentes, seu conteúdo foi

30% maior em até 2h em relação às passagens tardias (P<0,05, two-way

ANOVA, n=8). Houve inibição na captação dos aminoácidos tanto por PDC

quanto por TBOA. Nas duas culturas, aproximadamente 50% do [3H] derivado

da captação de L-[3H]-Glu foi liberado para o meio extracelular, entretanto não

foi verificada liberação de D-[3H]-Asp. Não houve diferença significativa em

31

relação à integridade de membrana. A adição de PMA estimulou somente o

aumento de 45% do conteúdo intracelular de [3H] nas passagens recentes.

Através da análise morfométrica nuclear, observou-se que 44% das células

com passagens tardias mostraram-se em processo de senescência.

Resultados: As passagens recentes e tardias da linhagem C6 apresentaram

perfis distintos de conteúdo intracelular de [3H] derivado da captação de L-[3H]-

Glu. A menor quantidade de [3H] intracelular nas passagens tardias não está

relacionada à perda na integridade de membrana, a diferenças do

imunoconteúdo de EAAC1 e a um excesso de libertação da radioatividade.

Porém, ela pode ser explicada por uma provável redução da expressão de

superfície do EAAC1 na membrana das passagens tardias, a qual pode estar

relacionada à grande quantidade de células em processo de senescência

nessas culturas.

Apoio: CNPq, CAPES, FAPERGS, INCT em EM, IBN-Net

32

16 ADMINISTRAÇÃO CRÔNICA DE CAFEÍNA PREVINE ALTERA ÇÕES NA

MEMÓRIA AVERSIVA E NO IMUNOCONTEÚDO DE BDNF EM RATO S DE

MEIA-IDADE1,2Cássia Sallaberry**, 2Fernanda Nunes**, 2Marcelo S. Costa **, 2Gabriela T.

Fioreze *, 2Ana P. Ardais **, 2Paulo H. Botton**, 2Bruno Klaudat *, 2Thomas

Forte*, 2Diogo O. Souza**, 1,2Elaine Elisabetsky**, 1,2Lisiane O. Porciúncula**

1.Programa de Pós-Graduação em Neurociências, ICBS, UFRGS, 2.

Laboratório de Estudos sobre o Sistema Purinérgico, Departamento de

Bioquímica, ICBS, UFRGS, Porto Alegre/RS.

Objetivo: Os efeitos benéficos da cafeína sobre a memória têm sido

observados em diferentes modelos animais de doenças neurodegenerativas e

de envelhecimento, embora os mecanismos subjacentes permaneçam

desconhecidos. Tendo em vista que o fator neurotrófico derivado do encéfalo

(BDNF) está associado à formação da memória e suas ações são modulados

por receptores de adenosina (alvos moleculares para as ações

psicoestimulantes da cafeína), o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da

administração crônica de cafeína sobre a memória de curta e longa duração e

sobre os níveis de proBDNF, BDNF, TrkB e CREB no hipocampo de ratos

adultos e de meia-idade. Métodos: ratos Wistar machos adultos (3 meses de

idade) e de meia-idade (12 meses de idade) receberam cafeína (1 mg / mL na

água de beber ) por 30 dias. Ambos os grupos foram submetidos à tarefa de

esquiva inibitória para avaliar a memória de curta duração (teste 90 minutos) e

de longa duração (teste 24 horas). Após a avaliação comportamental, os

animais foram sacrificados e o hipocampo removido para avaliação do

imunoconteúdo de proBDNF, BDNF, TrkB e CREB por Western blot.

Resultados: A administração de cafeína preveniu o comprometimento de

memória relacionado à idade em ratos de meia-idade nos dois tipos de

memória avaliada e preveniu o aumento do imunoconteúdo de BDNF

hipocampal. Além disso, a cafeína aumentou o imunoconteúdo de proBDNF e

CREB e diminuiu os níveis de TrkB, no hipocampo, independentemente da

idade. Conclusão: Estes dados fornecem novas evidências a favor da hipótese

de que modificações no BDNF e proteínas relacionadas no hipocampo

contribuem para os efeitos pró-cognitivos da cafeína em perdas associadas à

idade na codificação da memória.

33

Apoio financeiro: CAPES, CNPq/INCT, FAPERGS.

17 EXPRESSÃO DE HSP70 NO HIPOTÁLAMO DE RATOS APÓS

EXERCÍCIO AGUDO E TREINAMENTO DE DIFERENTES INTENSIDADES

DE NATAÇÃO

Porto, R. R**; Zancan, Denise, M; Bittencourt, A*; Scomazzon, S*; Rakowski, I*;

Lima, Leandro L*; Bandeira, B.B*; De Cesare*, M; Homem de Bittencourt, P.I.

Jr.

UFRGS – Porto Alegre

Objetivo: Determinar a influência do exercício de natação agudo e crônico em

diferentes intensidades na expressão de HSP70 no hipotálamo de ratos.

Métodos: 40 ratos Wistar machos (200-250 g) foram adaptados ao ambiente

da natação durante uma semana e, então, 3 grupos foram separados: 1- No

exercício agudo (n=5 por grupo), os ratos nadaram por 20 min em diferentes

intensidades (temperatura da água: 30±1°C) constitu indo os grupos G2%,

G4%, G6% e G8%, de acordo com o sobrepeso adicionado à cauda dos

animais. Um animal permaneceu na água rasa (3 cm) durante o mesmo tempo,

em repouso (rep). Os animais foram mortos por decapitação imediatamente

após o exercício e as amostras (hipotálamo) foram coletadas de cada animal.

2- No protocolo agudo 12 h (n=4 por grupo), os ratos foram submetidos à

mesma sessão de exercício (repouso; G2%, G4%, G6% e G8%) e foram

mortos por decapitação 12 h depois. 3- No protocolo crônico (n=6 por grupo),

os ratos foram submetidos a um treinamento de natação por 8 semanas, 5 dias

por semana, durante 20 min em diferentes intensidades, como no protocolo

agudo, e foram mortos 72 h depois da última sessão de exercício. A

imunodetecção da HSP70 (unidades arbitrárias HSP70/actina) foi determinada

por Western Blot com anticorpos monoclonais específicos.

Resultados: Não houve diferença na imunodetecção de HSP70 entre as

intensidades de exercício no grupo agudo imediato (rep=1,22±0,28;

G2%=1,08±0,11; G4%= 1,17±0,18; G6%= 1,20±0,29; G8%= 1,34±0,41;

p>0,05). Entretanto, no grupo agudo 12 h (rep=1,12±0,07; G2%=1,38±0,09;

G4%= 1,21±0,46; G6%= 1,73±0,16; G8%= 2,84±0,20; p<0,05) e no grupo

crônico (rep=1,05±0,06; G2%=1,11±0,13; G4%= 1,28±0,34; G6%= 1,59±0,21;

G8%= 1,84±0,56; p=0,02) houve um aumento significativo no conteúdo de

HSP70 no hipotálamo do grupo de maior intensidade (G8%) quando

34

comparado aos outros grupos, havendo uma correlação entre a intensidade de

exercício e o conteúdo da proteína, que aumentou com incremento da

intensidade.

Conclusão: O exercício agudo imediato não modificou a quantidade de HSP70

no hipotálamo. No entanto, 12 h após o exercício de alta intensidade (agudo e

crônico) provavelmente houve “estresse” nas células do hipotálamo,

aumentando a quantidade de HSP72. Esse aumento detectado no exercício de

alta intensidade pode estar relacionado com mudanças no metabolismo

energético, pois no hipotálamo contém núcleos responsáveis pela regulação da

glicose, fome e saciedade. No grupo treinado, esse aumento em situação basal

pode ter sido causado por uma adaptação à alta demanda e consumo

energético pelo encéfalo para manter a atividade neuronal, já que o hipotálamo

controla a homeostase corporal. Os resultados sugerem um possível

mecanismo a ser usado como tratamento e prevenção de disfunções

metabólicas, como a diabetes e a obesidade.

Apoio à pesquisa: CNPq, Propesq-UFRGS, INCT de hormônios e saúde da

mulher e CAPES.

35

18 EFEITO DA AMÔNIA SOBRE A ATIVIDADE ASTROGLIAL N O

HIPOCAMPO DE RATOS WISTAR

Galland F.**, Strapazzon L.*, Guera MC.**, Negri E.*, Da Re C.*, Froes F.*,

Gonçalves CA., Leite MC.

Instituto de Ciências Básicas da Saúde, Departamento de Bioquímica, UFRGS

- Porto Alegre

Objetivos: A hiperamonemia é observada tanto em doenças hepáticas quanto

em erros inatos do metabolismo. Altas concentrações de amônia no cérebro é

tido como uma das principais causas para as anormalidades neuropsiquiátricas

observadas na encefalopatia hepática (HE). De forma a atenuar os efeitos

deletérios da amônia podem ocorrer alterações moleculares e fisiológicas, tais

como alterações no metabolismo da glutamina sintetase (GS), a qual converte

glutamato em glutamina adicionando uma molécula de amônia; alterações na

captação de glutamato, a qual poderia estar comprometida em astrócitos uma

vez que estas células são o alvo principal da toxicidade da amônia; e no

metabolismo da glutationa (GSH), um importante antioxidante cerebral. O

objetivo deste estudo foi investigar o efeito agudo da amônia sobre a atividade

da GS, captação de glutamato e o conteúdo intracelular de GSH em fatias

hipocampais.

Métodos: O hipocampo de ratos Wistar, fêmeas de 30 dias, foi dissecado e

cortado em fatias de 0,3 mm. Após estabilização em solução salina HEPES por

duas horas, amônia foi adicionada em concentrações variando de 0,1 a 10 mM.

A atividade da GS foi medida por um ensaio enzimático, a captação de

glutamato por um ensaio radiométrico, utilizando [3H] glutamato, e a GSH por

um ensaio fluorimétrico. Todos os ensaios foram realizados após uma hora de

tratamento. A viabilidade celular foi testada utilizando os ensaios de redução do

MTT e incorporação do corante vermelho neutro.

Resultados: Não observou-se um aumento na atividade da GS como era

esperado. Acredita-se que esta enzima atue na sua capacidade máxima já em

condições fisiológicas, excedendo rapidamente a sua capacidade de

metabolizar a amônia no cérebro em condições de hiperamonemia (Progress in

Neurobiology 67 259–279, 2002). A redução observada na captação de

glutamato poderia contribuir para o acúmulo extracelular de glutamato, ativando

36

os receptores pós-sinápticos e, dessa forma, aumentando o efeito patológico

da hiperamonemia. A redução no conteúdo de GSH intracelular poderia ser um

indicativo de estresse oxidativo provocado pela amônia, bem como uma

tentativa de exportar GSH para o meio extracelular, a fim de minimizar os

danos aos neurônios.

Conclusão: As análises destes parâmetros podem revelar aspectos

importantes da etiologia e fisiopatologia da HE.

Apoio Financeiro: FAPERGS, CNPq, CAPES, MCT/INCT Excitotoxicidade e

Neuroproteção.

37

19 PADRONIZAÇÃO DE UM MODELO PARA AVALIAÇÃO DE MEM ÓRIA

EM ZEBRAFISH

⊥Sandro Daniel Córdova**, ⊥Cássio Morais Loss**, φFabiano Peres Menezes*,

⊥Eduardo Pacheco Rico**, ⊥Diogo Losch de Oliveira**

⊥UFRGS, Porto Alegre; φPUCRS, Porto Alegre

Objetivos: O zebrafish é um modelo animal em ascensão para estudo nas

mais diversas áreas incluindo a neurosciência. Devido ao número restrito de

testes comportamentais para avaliar a memória, é fundamental o

desenvolvimento de novos protocolos que visem mensurar este parâmetro. O

objetivo do presente trabalho é propor um novo aparato para avaliar diferentes

tipos de memória em zebrafish. Métodos: Animais de ambos os sexos de 3-4

meses foram obtidos de um fornecedor comercial e ambientados por 2

semanas com temperatura mantida em 26 + 2 ºC com ciclo claro/escuro de

14/10h com as luzes sendo acesas às 6 h. Resultados: Experimento 1: os

animais foram mantidos por 24 h em aquário transparente (T) ou preto (P).

Após este período, individualmente, foram colocados na zona branca do

aparato de teste (aquário 50% branco/50% preto). Foi medida a latência para a

entrada e a saída da zona preta. Não houve diferença entre os grupos na

latência de entrada. No entanto, na latência de saída do compartimento preto

houve diferença (grupo P 10 animais > 10s e 4 animais < 10s; grupo T 3

animais > 10s e 10 animais < 10s). Experimento 2: os animais foram mantidos

em aquário preto por 24 h. Após este período foram colocados no aparato

como no experimento 1, sendo que neste experimento ao entrar no

compartimento preto os animais receberam um estímulo elétrico de 0,4; 0,6 ou

0,8mA durante 3s. Após retornar para a zona branca, foi medida a latência de

retorno para a zona preta. O procedimento foi repetido até os animais atingirem

um teto de 180s de latência de retorno ou receberem 10 choques. Todos os

animais do grupo 0,8 atingiram o teto com no máximo 6 choques (mediana;

p25,p75 = 2;2,4). Para os grupos 0,4 e 0,6 somente 36% e 45%

respectivamente atingiram o teto (10;5,10 e 9;4,10 respectivamente). Quando o

teto foi estabelecido em 120s, todos os animais do grupo 0,8 atingiram o teto

com no máximo 6 choques (2;2,4), 72% dos animais do grupo 0,6 atingiram o

teto com 8 choque (6;4,10) e 45% dos animais do grupo 0,4 com 4 choques

(10;5,10). Quando o teto foi estabelecido em 60s, 100% dos animais do grupo

38

0,8 atingiram o teto com 3 choques (2;1,3), 81% dos animais do grupo 0,6 com

6 choques (3;2,6) e 63% dos animais do grupo 0,4 com 6 choques (5;5,10).

Conclusões: A ambientação por 24 h no aquário preto não diminui a latência

de entrada na zona preta quando comparada a ambientação em aquário

transparente. No entanto, foi observado um aumento na latência para retornar

para o compartimento branco, sugerindo que o retorno observado após o

choque (experimento 2) está relacionado com o estímulo e não com uma

preferência natural. Concluímos também, que um estímulo mais forte leva a

uma diminuição no número de choques necessário para gerar a memória

aversiva imediata.

Apoio financeiro: CNPq, FAPERGS, CAPES e FINEP “Rede Instituto

Brasileiro de Neurociência (IBN-Net)”

39

20 DIFERENCIAÇÃO NEURONAL DA LINHAGEM DE NEUROBLAS TOMA

HUMANO SH-SY5Y E SEU USO PARA PESQUISA EM NEUROCIÊN CIAS

Liana Marengo de Medeiros*, Eduardo Pacheco Rico**, Fernanda Martins

Lopes, Giovana Ferreira Londero, Valeska Aguiar de Oliveira**, Fabio Klamt

Departamento de Bioquímica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Introdução: Doenças neurodegenerativas formam um grupo de desordens

caracterizadas pela perda progressiva e seletiva de determinadas populações

de neurônios. Os mecanismos moleculares pelos quais ocorre a degeneração

neuronal ainda não são totalmente conhecidos. A linhagem de neuroblastoma

humano SH-SY5Y tratada com 6-hidroxidopamina (6-OHDA) tem sido

amplamente utilizada como um modelo in vitro para a DP. Evidências apontam

que esta linhagem pode ser diferenciada em neurônios dopaminérgicos em

resposta ao tratamento com ácido retinóico (AR). Ainda, o AR induz a

expressão de receptores TrkB em células SH-SY5Y, tornando-as responsivas

ao fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), o que parece modificar esta

linhagem para um fenótipo mais colinérgico. No entanto, são poucos os

estudos que comparam as alterações nos marcadores neuronais em células

SH-SY5Y nos diferentes processos de diferenciação.

Objetivo: Pretendemos avaliar as mudanças morfológicas e marcadores

neuronais dopaminérgicos e colinérgicos ao longo da diferenciação da

linhagem SH-SY5Y quando tratadas apenas com AR e AR em combinação

com BDNF.

Métodos: As células proliferativas SH-SY5Y foram cultivadas em meio

DMEM/F12 com 10% de soro fetal bovino (SFB). Após 24 horas, a

diferenciação foi induzida com 10µM de AR em meio de cultura com 1% de

SFB durante 4, 7 e 10 dias em cultura. BDNF foi acrescentado no quarto dia,

quando a expressão de TrkB já está ocorrendo.

Resultados: As células SH-SY5Y diferenciadas por 7 dias mostram um

aumento do imunoconteúdo de várias marcadores neuronais relevantes (DAT,

TH, NSE, NeuN) com a concomitante diminuição do marcador de células não-

diferenciadas (nestina). Além disso, as células tornaram-se duas vezes mais

sensíveis a 6-OHDA durante o processo de diferenciação, o que pode ser

explicado pelo aumento da imunoconteúdo DAT. Interessantemente, as células

40

diferenciadas têm níveis elevados de proteína DJ-1, a qual está relacionada

com uma parkinsonismo juvenil. Ainda, as células tratadas com BDNF

demonstraram um aumento da atividade de enzimas como AchE

(Acetilcolinesterase) e ChAT (Colina Acetiltransferase) indicando uma mudança

para o fenótipo mais colinérgico.

Conclusões: Assim, nossos dados demonstram a utilização de células SH-

SY5Y diferenciadas como um modelo in vitro mais específico para estudos de

doenças neurodegenerativas como a Doença de Parkinson e Alzheimer, pois,

dependendo da sua diferenciação, essas células apresentam características

morfológicas e neuroquímicas de neurônios dopaminérgicos, e colinérgicos e

também podem ser usadas para avaliar compostos neuroprotetores/

neurotóxicos.

Apoio Financeiro: MCT/CNPq Universal (470306/2011-4), INCT-TM

(MCT/CNPq 573671/2008-7), PRONEX/FAPERGS (1000274),

PROPESQ/UFRGS, FINEP/IBN-Net (01060842-00).

41

21 CONSUMO DE CAFEÍNA PREVINE DANO À MEMÓRIA E AUM ENTO NO

IMUNOCONTEÚDO DE RECEPETORES A2A NO HIPOCAMPO EM MODELO

DE DEMÊNCIA ESPORÁDICA EM RATOS

A. Rocha*1, J. Espinosa**1, M. S. Costa**1, F. Nunes**1, V. Schein**1, V.

Kazlauckas**1, E. Kalinine**1, D. O. Souza1, R. A. Cunha2, L. O. Porciúncula1

1 Departamento de Bioquímica - UFRGS, Porto Alegre, Rio Grande do Sul,

Brasil

2 Universidade de Coimbra, Faculdade de Medicina – FMUC – Coimbra,

Portugal

Objetivos: Estudos recentes sugerem que o consumo de café/cafeína previne

a neurodegeneração e o déficit mnemônico decorrente da idade e de modelos

experimentais da Doença de Alzheimer (DA). A administração

intracerebroventricular (icv) de estreptozotocina (STZ) compromete a

sinalização encefálica de insulina e induz alterações patológicas e

comportamentais semelhantes à DA, sendo um bom modelo experimental de

demência esporádica em ratos. Utilizando-se desse modelo experimental, este

trabalho tem por objetivo avaliar o impacto da demência na expressão e

densidade de receptores de adenosina, bem como, os mecanismos envolvidos

nos efeitos neuroprotetores da cafeína.

Métodos: Ratos Wistar machos adultos foram divididos em quatro grupos:

água/veículo; água/STZ; cafeína/veículo e cafeína/STZ. A cafeína foi

administrada na água de beber (1mg/mL) por 15 dias antecedendo a infusão de

STZ (icv) e por 30 dias após a mesma. A seguir, os animais foram submetidos

à tarefa de reconhecimento de objetos. Parte dos animais teve seus

hipocampos processados para a análise do imunoconteúdo e do RNA

mensageiro dos receptores de adenosina A1 e A2A. Outra parte dos animais foi

submetida ao protocolo de imunohistoquímica para NeuN e DAPI. As áreas

analisadas na imunohistoquímica foram as regiões CA1 e CA3 do hipocampo.

Todos os procedimentos experimentais foram aprovados pelo Comitê de Ética

de Experimentos em Animais da Universidade do Rio Grande do Sul (Protocolo

nº 2008223).

42

Resultados: Os resultados analisados por ANOVA de duas vias revelam que a

administração de STZ prejudicou a memória de reconhecimento dos animais e

a cafeína preveniu esse comprometimento. O imunoconteúdo dos receptores

A2A, mas não do receptor A1, aumentou em 25% no hipocampo dos animais

tratados com STZ, um aumento prevenido pela administração de cafeína.

Coerentemente com esse resultado, na análise por PCR em tempo real

encontrou-se um aumento na expressão do RNA mensageiro para o receptor

A2A nos animais tratados com STZ, situação que foi normalizada pela cafeína.

Já na análise imunohistoquímica verificou-se uma diminuição na marcação de

NeuN na região CA1 do hipocampo dos animais tratados com STZ, efeito que

também foi prevenido pela administração de cafeína.

Conclusão: Sabe-se que parte dos mecanismos conhecidos para os efeitos

neuroprotetores da cafeína deve-se ao bloqueio dos receptores de adenosina

A2A, ao invés dos receptores A1. A partir dos resultados observados nesse

modelo de demência esporádica, sugere-se que a normalização do

imunoconteúdo dos receptores A2A seja um dos mecanismos responsáveis

pelos efeitos benéficos da cafeína em modelos experimentais de demência.

Apoio financeiro: INCT/CNPq, IBNnet, CNPq e CAPES.

43

22 AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FUNCIONAIS DA LINGUAGEM EM

ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DE ANSIEDADE: UM ESTUDO DE

CASOS E CONTROLES

Rudineia Toazza1� �, Giovanni Abrahão Salum2��, Rafaela Behs Jarros3� �, Suzielle

Menezes Flores4�, Flávia Vedana5�, Jeruza Fumagalli de Salles6, Gisele Gus

Manfro7

1,2,3,4,5,6,7 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre

Introdução: A maior parte dos transtornos de ansiedade inicia na infância e

adolescência a partir de alterações cerebrais durante o neurodesenvolvimento.

No entanto, poucos estudos avaliaram déficits de linguagem específicos em

adolescentes com Transtornos de Ansiedade. A linguagem pode ser vista como

uma ferramenta necessária para o sucesso acadêmico e comportamento social

adequado, sendo que crianças com pobres habilidades de linguagem estariam

em risco para posteriores dificuldades de aprendizagem e problemas sociais.

Sendo assim, supõe-se que indivíduos com Transtornos de Ansiedade

possuam alterações no processo da linguagem, especificamente déficits

discursivo, pragmático e prosódico. Objetivos: Avaliar o desempenho de

adolescentes com diagnóstico de Transtorno de Ansiedade em quatro

diferentes tarefas em uma bateria de avaliação da comunicação, comparados

com um grupo controle sem transtornos de ansiedade. Métodos: Participaram

do estudo 58 adolescentes (33 casos e 25 controles) selecionados a partir de

uma amostra comunitária, com idade entre 12 e 18 anos. Para avaliação

diagnóstica de transtornos de ansiedade e comorbidades foi utilizada a

entrevista semiestruturada K-SADS-PL, aplicada por um psiquiatra da infância

e adolescência ou residente em psiquiatria. Para avaliação dos componentes

da linguagem (prosódia linguística compreensão, discurso narrativo, prosódia

emocional compreensão e prosódia emocional produção) foi utilizada a Bateria

Montreal de Avaliação da Comunicação (MAC), validada para a população

brasileira, aplicada por fonoaudiólogos treinados. Os resultados obtidos entre

os grupos foram analisados com o teste de Mann-Whitney. Este estudo foi

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HCPA sob número 10-0333.

44

Resultados: Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos

de adolescentes ansiosos comparados aos não ansiosos para as seguintes

tarefas: prosódia linguística compreensão, Mdn= 10,00 vs. Mdn= 10,00 (U =

412, p =. 839 r = 026); discurso narrativo Mdn=11,00 vs. Mdn=11,00 (U = 362,

p =. 325, r = .129); prosódia emocional compreensão Mdn=11,00 vs. Mdn=

11,00 (U = 409, p = .800, r = .033; e prosódia emocional produção Mdn=18,00

vs. Mdn=18,00 (U = 424, p = .993, r = .001). Conclusão: Contrariamente às

nossas expectativas, não foram encontradas diferenças estatisticamente

significativas nas tarefas de linguagem comparando adolescentes ansiosos e

adolescentes sem transtornos de ansiedade. Mais estudos são necessários

para investigar características de linguagem nestes indivíduos.

Estudo financiado pelo FIPE – HCPA.

45

23 Memória e Nutrigenética: estudo da interação en tre consumo de zinco

e selênio sobre escores de memória no envelheciment o

Andréa Guedes Machado* (UFCSPA), Ana Paula Nazario* (UFCSPA), Tatiane

Jacobsen da Rocha** (UFCSPA), Tainá Ludmila Ramos Fonseca* (UFCSPA),

Paola Dornelles* (UFCSPA), Caroline Reppold (UFCSPA), Marilu Fiegenbaum

(UFCSPA), Luciana Tisser (FEEVALE), Fabiana de Andrade (FEEVALE),Alcyr

Oliveira (UFCSPA)

Objetivos

Avaliar a interação entre a variabilidade no gene SLC30A3 e o consumo de

Zinco (Zn) e a variabilidade no gene SEP15 e o consumo de selênio (Se) sobre

a memória de voluntários com mais de 50 anos.

Métodos

Participaram 197 voluntários da região do Vale dos Sinos com idades acima de

50 anos. Cinco tipos de memória foram analisados por meio dos seguintes

instrumentos: Memória Lógica da Escala de Memória de Wechsler Revisada

(WMS-R) que avalia memória verbal imediata e tardia; Reprodução Visual de

Figuras da WMS-R, para memória visual imediata e tardia; e Teste de

Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey. Os voluntários responderam a um

recordatório de freqüência alimentar que requisitava informações sobre

freqüência de consumo de 3 alimentos ricos em Zn (carnes de gado, frango e

peixe) e 4 ricos em Se (castanha do Pará, couve, espinafre e linhaça). O

recordatório considerava dois períodos da vida: antes e depois dos 40 anos de

idade. Os grupos alimentares foram alocados em duas classes de consumo

(diariamente e duas vezes por semana ou menos). A determinação dos

genótipos dos polimorfismos dos genes SLC30A3 (rs11126936 e rs73924411)

e SEP15 (rs5859, rs5845 e rs561104) foi realizada através de ensaios de

discriminação alélica em PCR em tempo real. As interações foram investigadas

através do delineamento fatorial, utilizando o grau de escolaridade (em anos de

estudo) e sexo como co-fatores de ajuste para escores de memória. Todas as

análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa SPSS versão 19,0.

Resultados

Dos cinco tipos de memória avaliados somente a memória verbal imediata

apareceu associada às variabilidades genéticas investigadas. Observou-se

interação (p=0,050) entre o consumo passado de Zn e o polimorfismo

46

rs11126936. Homozigotos GG que consumiam diariamente alimentos ricos em

Zn, apresentaram maiores escores de memória verbal imediata do que

heterozigotos GT (0,04 ±1,315 vs -0,33 ± 1,41 p=0,050). Efeito similar foi

observado para o polimorfismo rs5845 e consumo de Se sendo que o consumo

pouco freqüente foi associado a escores reduzidos neste tipo de memória

somente em homozigotos GG, mas não em portadores do alelo A (p=0,035).

Conclusões

O zinco (Zn) é um micronutriente essencial e desempenha funções no

metabolismo celular e expressão gênica, além de possuir um importante papel

na neurogênese. O gene SLC30A3 codifica a proteína transportadora de Zn3

(ZnT3) aparecendo no hipocampo e neocórtex, regiões envolvidas na

consolidação da memória. Já o selênio (Se) é um micronutriente e antioxidante

cujo declínio dietário têm estado associado a déficits de memória no

envelhecimento. O gene da selenoproteína 15k (SEP15) é responsável pelo

transporte de 50% do Se encontrado no plasma sendo esta concentração

influenciada pela dieta. A alimentação pode interagir com o perfil genético

individual e determinar a suscetibilidade de um indivíduo a desenvolver graus

maiores de déficit de memória. Os dados apresentados no presente trabalho

devem ser confirmados com o aumento do tamanho amostral, e indicam uma

possibilidade para a futura personalização da dieta relacionada à modulação da

memória. Apoio Financeiro: Edital Universal - CNPq.

47

24 MENSURAÇÃO DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE RATAS

FÊMEAS EXPOSTAS AS DIETAS HIPOPROTEICA E HIPERLIPÍD ICA

ATRAVÉS DO BIODAQ ®.

Daniela Pereira Laureano1,2**, Carla da Silva Benetti2**, Roberta Dalle Molle2**,

Tania Diniz Machado2**, André Krumel Portella, Fernanda Urruth Fontella,

Patricia Pelufo Silveira1,2.

1PPG Ciências Biológicas – Neurociências, 2PPG Saúde da Criança e do

Adolescente, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, - Porto Alegre/RS.

Introdução: Exposição crônica a diferentes tipos de dieta altera o metabolismo

do sistema dopaminérgico bem como o comportamento alimentar dos animais.

O BioDAQ (Research Diets®) é um sistema computadorizado de mensuração

episódica, através dele é possível obter uma monitorização contínua do

comportamento alimentar. Objetivos: Verificar como a exposição a diferentes

tipos de dieta altera o perfil alimentar de ratas expostas ao consumo agudo de

alimento doce através do BioDAQ®. Métodos: Ratas Wistar fêmeas adultas

randomizadas por peso divididas em: dieta controle (C) contendo 22% de

proteína e 4% de lipídios; dieta hipoproteica (LP) 8% de proteína ou dieta

rica em gordura (HF) 45% de lipídios, ad libitum, por 5 semanas, sendo o

consumo medido a cada 72 horas e o peso semanalmente. Após, os animais

ficaram durante 7 dias no BioDAQ®. O consumo alimentar dos animais foi

mensurado através de mordidas (diferença de 0,1 g na balança) e refeições

(conjunto de mordidas por um tempo igual ou menor a 15 min). Após 1

semana, foi coletado sangue, cérebro e mensurada a gordura abdominal.

Resultados: Houve efeito do tempo sobre o consumo durante os 7 dias no

BioDAQ® (p= 0,016). Os grupos HP e LP apresentaram um maior número de

mordidas por dia (p= 0,001) e maior quantidade de gramas/mordida (p= 0,008).

LP teve maior acúmulo de gordura abdominal (p= 0,025). Não houve diferença

pós e pré BioDAQ® tanto no peso corporal (p= 0635; p= 0,258) quanto no

consumo alimentar (p= 0,987; p= 0,838). O consumo entre os ciclos claro e

escuro foi similar (p= 0,227; p= 0,254). Conclusões: Não existiu grande efeito

das dietas crônicas no comportamento alimentar em si (nem no ritmo

48

circadiano, nem no consumo calórico), mas ambas as dietas alteram a

estrutura da refeição (número de mordida, mordidas/grama). (Apoio: CNPq,

FAPERGS, CAPES, FIPE-HCPA).

49

25 ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS EM RATOS INDUZIDAS A PÓS

ADMINISTRAÇÃO SUBCRÔNICA ORAL DE BENZO[A]PIRENO

SCHUNCK, R. V. A.1**, MACIEL, É. S.1**, BECKER, G. C.2*, SALOMON, J.2*,

BRANCO, C. S.3**, DALLEGRAVE, E.5**, SALVADOR, M.3**, GARCIA, S. C.4**,

LEAL, M. B1,2**.1 Programa de Pós Graduação em Neurociências, UFRGS, Porto Alegre.2 Departamento de Farmacologia, UFRGS, Porto Alegre.3 Centro de Ciências Agrárias e Biológicas, UCS, Caxias do Sul.4 Departamento de Análises, UFRGS, Porto Alegre.5 Departamento de Ciências Básicas da Saúde, UFCSPA, Porto Alegre.

Objetivos: Benzo(a)pireno (BaP) é um composto tóxico pertencente à classe

de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA). Forma-se pela combustão

incompleta de matérias orgânicas e acumula-se como material particulado no

ar, no solo, na água e nos alimentos. Já que a exposição humana ao BaP pode

ocorrer pela ingestão de água e alimentos contaminados, o objetivo deste

estudo foi investigar os efeitos da administração subcrônica oral de BaP sobre

parâmetros comportamentais e indução de danos ao ácido desoxiribonucléico

(DNA) em ratos.

Métodos: Após a aprovação do comitê de ética da UFRGS (protocolo número

18287), ratos Wistar machos (120 dias, 360-480g, n= 6-8/grupo) foram tratados

com BaP (2 mg/kg) ou óleo de milho (grupo controle), via gavagem oral, uma

vez ao dia, por 28 dias. Teste de avaliação da atividade locomotora (caixa de

atividade locomotora Insight Equipamentos Ltda.) e memória de

reconhecimento de objetos de curta duração foram usados para analisar

alterações comportamentais após administração de BaP. Adicionalmente

amostras de sangue da veia cava caudal foram coletadas para a análise de

dano ao DNA (ensaio cometa). Os resultados da atividade locomotora e de

danos ao DNA foram analisados através do teste estatístico “t de Student” e a

memória de reconhecimento de objetos através do teste estatístico Mann-

Whitney U teste.

Resultados: Foi observado um aumento significativo (p<0,05) na atividade

locomotora dos animais tratados com BaP (7682,25mm±1123,56mm) em

relação ao grupo controle (2935,71mm±1476,37mm). No teste de

reconhecimento de objetos de memória de curta duração, o índice de

50

reconhecimento dos animais tratados com BaP foi 38,6 [21,0/48,0] e dos

animais do grupo controle 51,4 [43,6/59,9], apresentando uma tendência

(p=0,064) de déficit na memória. Um efeito genotóxico (ensaio cometa) foi

encontrado nos animais tratados com BaP em relação ao grupo controle

(p=0,001). Danos ao DNA de classe três (p<0,001) e quatro (p<0,01) no grupo

tratado com BaP foram maiores em relação ao grupo controle, que apresentou

maior freqüência de células sem danos (p<0,01).

Conclusão: BaP administrado subcronicamente em baixa dose (2mg/kg)

provocou alterações comportamentais e induziu danos ao DNA. Em relação ao

teste de memória de curta duração, apesar da tendência de déficit observada,

mais testes são necessários para a confirmação desta hipótese.

Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, FAPERGS, INCT- Instituto Nacional de

Análise Integrada do Risco Ambiental e PROPESQ/UFRGS.

26 EFEITOS DO HUPERZINE-A SOBRE O DESEMPENHO DE MEMÓRIA E

COMPORTAMENTO EXPLORATÓRIO DE RATOS EM UM MODELO DE

DOENÇA DE ALZHEIMER . Anna Ourique**, Letícia Bertuzzi**, Patrícia Silva*,

Élida Fluck*, Arthur Bastos*, Giovani Gatto*, Alcyr Oliveira. Universidade

Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre.

Objetivos: investigar os efeitos do Hup-A sobre a memória e o comportamento

exploratório de ratos em um modelo animal de doença de Alzheimer.

Métodos: 36 ratos Wistar, machos, adultos e pesando entre 200 e 250 gramas,

receberam infusões unilaterais de AMPA (α-Amino-3-hydroxy-5-methyl-4-

isoxazolepropionic acid), no núcleo basal magnocelular (NBM) através de

cirurgias estereotáxicas. Todos os animais na cirurgia de lesão receberam

infusões da neurotoxina com exceção do grupo controle que foi infundido com

solução salina. Os animais foram distribuídos em 4 grupos de acordo com o

tratamento recebido: Salina + Salina (Grupo 1), Lesão + Hup-A (Grupo 2),

Lesão + Salina (Grupo 3) e Salina + Hup-A (Grupo 4). Logo após a injeção de

Hup-A ou salina, os animais foram submetidos a três instrumentos de avaliação

comportamental: Teste do Campo Aberto para avaliar atividade motora,

comportamento exploratório e habituação; Teste de Reconhecimento de

Objetos para investigar o estado da memória de reconhecimento; Teste do

51

Labirinto em T-elevado para avaliar desempenho da memória emocional

espacial.

Resultados: Os resultados sugerem que o Hup-A produziu ativação

comportamental exploratória como observado no teste do campo aberto.

Entretanto, não ocorreram diferenças significativas entre os grupos no teste de

reconhecimento de objetos nem no teste do labirinto em T-elevado.

Discussão:

A doença de Alzheimer (dA) é uma patologia neurodegenerativa incurável cujo

principal sintoma é o acentuado declínio mnemônico em decorrência da perda

de terminações colinérgicas nos córtices frontais e parietais. O tratamento para

a doença baseia-se no alívio farmacológico através da inibição de enzimas que

degradam a acetilcolina. Fármacos que associam capacidades neuroprotetoras

e anticolinérgicas associadas tem sido considerados como importantes

alternativas para o tratamento da dA. O Huperzine-A (Hup-A) derivado de um

arbusto natural da China, a Huperzia Serrata, tem sido usada há séculos como

chá para o tratamento de diversas doenças. Após ter sido sintetizado, muitos

estudos têm mostrado que o Hup-A é um potente, reversível, seletivo e bem

tolerado inibidor da acetilcolinesterase com ação antioxidante e efeitos

neuroprotetores. O estudo de tais fármacos é de grande relevância na medida

que cresce o número de casos da doença na população idosa. Nossos

resultados, entretanto, não indicaram acentuado efeito nos testes efetuados.

Estudos sobre o Hup-A sugerem que os animais apresentariam recuperação

nos testes de memória. Entretanto, os resultados não indicam diferenças

significativas no teste de reconhecimento de objetos nem no labirinto em T-

elevado. Na fase final do estudo ainda não concluída, os animais serão

sacrificados e perfundidos para extração de seus encéfalos. Logo após, os

cérebros serão examinados imunoistologicamente para detecção de corpos

colinérgicos no NBM, local da lesão e de terminações colinérgicas nos córtices

frontal e parietal. Bolsista CAPES.

52

27 EFEITOS DA EXPOSIÇÃO PRÉ-NATAL AO ÁLCOOL NO

DESENVOLVIMENTO GLIAL EM FATIAS HIPOCAMPAIS DE RATO S

Giovana Brolese**, Paula Lunardi**, Franciane L. Pedroso*, Núbia B. Cunha**,

Carlos Alberto Saraiva Gonçalves. Universidade Federal do Rio Grande do Sul

– UFRGS. Porto Alegre.

Os astrócitos são células gliais particularmente suscetíveis aos efeitos do

etanol. Além de alterar a homeostase entre a interação neurônio-glia (Dev.

Brain Res. 147, 119–133, 2003), estudos recentes reportam que a exposição

crônica ao álcool pode ser capaz de ativar uma resposta neuroinflamatória

imune (J. Neurosc. 30(24), 8285-8295, 2010). Astrócitos expressam a proteína

glial fibrilar ácida (GFAP), bem como receptores para diferentes

neurotransmissores (GABA e glutamato). São células responsáveis por grande

parte da captação do glutamato na sinapse e atuam como moduladores de

respostas inflamatórias no cérebro. Tanto a captação de glutamato como a

proteína GFAP podem sofrer alterações após a exposição crônica ao álcool

durante o desenvolvimento cerebral, mas pouco se sabe se o mesmo ocorre

sob doses moderadas de etanol. Objetivo: Avaliar o efeito da exposição pré-

natal ao álcool, sob doses moderadas na captação de glutamato e expressão

da GFAP. Método: Ratas (n=28) Wistar prenhas foram expostas por via oral

sob livre escolha, desde o dia gestacional um (DG1) até o dia pós-natal 22

(DPN22), aos seguintes tratamentos: água, solução não-alcoólica (SNA),

SNA+5%v.v.EtOH ou SNA+10%v.vEtOH. Os filhotes (DPN 30 – 35) foram

sacrificados, o hipocampo foi dissecado e fatiado. Parte das fatias foram

congeladas para posterior análise de GFAP, o restante das fatias procedeu

para estabilização e posterior tratamento ex vivo com ou sem LPS 0,1 ug/mL

durante 1 hora. Testes de morte (atividade da LDH) e viabilidade celular (MTT)

foram realizados bem como a captação de glutamato. Resultados: Os

resultados mostram que administração pré-natal de 5% e 10% etanol foi capaz

de reduzir significativamente o conteúdo de GFAP (F3,50=42,87; p<0,0001)

quando comparado ao controle (água e SNA), além disso, a solução de 10%

etanol reduziu a captação de glutamato quando comparado ao controle

(F3,38=4,382; p=0,0096). A fim de avaliar um possível papel da resposta

53

inflamatória na modulação da captação de glutamato envolvida nesse modelo

de exposição pré-natal a 10% etanol, fatias hipocampais foram tratadas com

LPS 0.1 ug/mL. LPS não alterou a captação de glutamato em fatias de

hipocampo de animais do grupo Água, entretanto, quando analisamos as fatias

de hipocampo dos animais expostos a 10% etanol observamos uma redução

significativa (Teste t Student, p=0,0184). Nenhum tratamento causou morte ou

perda de integridade celular. Conclusão: Os nossos resultados sugerem que a

exposição pré-natal ao etanol, mesmo sob doses moderadas, foi capaz de

reduzir o conteúdo da proteína GFAP no hipocampo de ratos jovens, sugerindo

um atraso na maturação dos astrócitos para esta proteína durante o

desenvolvimento do cérebro. Ainda, a redução da captação de glutamato

observada no grupo exposto a 10% etanol pode nos indicar uma alteração no

funcionamento dos astrócitos que pode ou não estar relacionado com a

redução de GFAP.

Apoio Financeiro: Capes e CNPq.

54

28 Atualização neurohumoral da memória por mecanis mos de

reconsolidação

SIERRA, R. O.** , CASSINI, L. F. **, DE OLIVEIRA ALVARES, L. **,

SANTANA, F. **, CRESTANI, A. P. **, DURAN, J. M. **, BOOS, F. Z. *,

HAUBRICH, J. **, DUTRA, F. D. **, ZANONA, Q. K. **, QUILLFELDT, J.

A. Departamento de Biofisica - UFRGS

Resumo

Objetivos

Sob certas circunstâncias, a evocação pode tornar uma memória lábil. Essa

memória precisa de um período de estabilização para persistir, processo

chamado de reconsolidação. Durante a reconsolidação é possível atualizar a

memória com novas informações. Para se estudar a atualização utilizam-se

pequenas mudanças ambientais a serem incorporadas na memória original.

Nossa hipótese é de que, além de atualizar características ambientais, também

é possível atualizar-se características endógenas ou neurohumorias da

memória.

Métodos

158 ratos machos Wistar (250-350g) foram treinados em um protocolo de

condicionamento aversivo ao contexto (CAC; choque padrão 0,7mA ou fraco

0,4mA) no dia 1. No dia 2, 18h antes da sessão de reativação, o grupo

experimental teve restrito seu acesso à água, enquanto que o grupo controle

não teve restrição nenhuma. No dia 3, ambos grupos foram reexpostos à caixa

do CAC durante 3min, protocolo padronizado no nosso laboratório para

reativação da memória. Seis horas após a reativação, o grupo em restrição

voltou a ter livre acesso à água. No dia 4, todos os animais foram testados

(Teste 1), sem restrição de água, durante 4 min. Seis horas após o Teste 1,

animais do grupo experimental foram colocados novamente em restrição

durante 18h. No dia 5, os grupos foram testados novamente (Teste 2), nas

mesmas condições que na reativação. Para sabermos se essa atualização

correspondia a um processo de reconsolidação, administramos Nimodipina

(16mg/kg; S.C.) antes da reativação. Além do contexto de condicionamento

55

foram utilizados dois outros (AB e C), e o treinamento com choque fraco visava

avaliar a função da atualização da memória na evocação.

Resultados

Ratos reativados com restrição, e testados sem, apresentam uma diminuição

significativa do tempo de congelamento em comparação com o grupo controle

(n=12; P = 0,044), efeito que não se verifica quando os animais são testados

novamente sob restrição. Ratos em restrição sem a sessão de reativação não

diferem dos controles durante o teste. A Nimodipina reverteu os efeitos da

restrição no teste 1 (n=36; F(1,32)= 5,075, P= 0,031). Nos contextos AB e C

nenhuma diferença foi encontrada. No treino com o choque fraco, ratos em

restrição durante a reativação e o teste apresentam maior congelamento que

os controles (n=20; P = 0,031).

Conclusão

Nossos experimentos indicam que a memória pode ser atualizada por eventos

que alterem o estado neurohumoral. Os efeitos desses eventos sobre a

memória parecem ser mediados por um processo de reconsolidação e podem

variar conforme a intensidade do treino e as condições nas quais a memória é

evocada. Uma possível interpretação desses resultados é que durante a

reativação em condições de restrição estabelece-se uma dependência de

estado, ou seja, as mudanças produzidas pela restrição são incorporadas à

memória, e a presença dessas condições passam a ser necessárias para uma

adequada evocação. Os resultados poderiam estar associados ao aumento de

angiotensina ll no hipocampo dorsal gerada pela restrição.

Apoio Financeiro: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior/CAPES.

56

29 Diferenças entre camundongos C57BL6 e suíços a lbinos na

realização da tarefa de relocação de objetos.

Autores: 2Giordano G. Viola; 1Paula G. Dias *; 2André Colla**; 1Sabrina Y. I.

Minatelli*; 3 Camila Zanella*; 1,2Ana L. S. Rodrigues;

1Laboratório de Neurobiologia da depressão, Departamento de Bioquímica,

UFSC, Florianópolis, SC.

2 Programa de Pós-graduação Neurociências, CCB, UFSC

3 Universidade Regional Integrada, Erechim, RS.

Palavras-chave: camundongos Suíços, C57BL/6, etologia, relocação de

objetos.

OBJETIVOS: A manutenção de animais em cativeiro para

experimentação gera espécimes com encéfalo reduzido e uma diminuição da

capacidade cognitiva quando comparados com congêneres selvagens. A

seleção artificial por diversas gerações produz alterações comportamentais nos

indivíduos, como por exemplo, o surgimento de linhagens mais dóceis. Por

outro lado, trabalhos demonstram que a condição padrão de laboratório não

produz uma uniformidade na realização de tarefas comportamentais tanto em

ratos quanto em camundongos. É conhecido que roedores são capazes de

formar memória espacial sobre os locais onde vivem e que esta é utilizada para

obtenção de alimentos e fuga de possíveis predadores. Sendo assim, o

objetivo deste trabalho é avaliar diferenças comportamentais na tarefa de

relocação de objeto (TRO) nas linhagens de camundongos Suíço e C57BL/6.

MÉTODOS: Os camundongos Suíço (n=10) e C57BL/6 (n=8) machos

foram criados em condição padrão de biotério. Com 90 dias, os animais

realizaram a TRO. Para tanto, foram expostos ao teste do campo aberto (10

min) e reexpostos 24 horas após. Depois de 24 horas foram expostos à sessão

de treino e no dia seguinte (24 horas), os animais foram colocados na sessão

de teste. A análise estatistica atraves de ANOVA de medidas repetidas para

TRO. Protocolos CEUA nº 478 e 446.

RESULTADOS: Na TRO, a razão de discriminação indica que os

camundongos Suíços não foram capazes de discriminar o objeto relocado: 0,49

± 0,01 vs 0,51 ± 0,02 enquanto os C57BL6/J discriminaram 0,53 ± 0,01 vs 0,62

± 0,04. O tempo de exploração total foi diminuído do treino para o teste, no

57

Suíço de 61,59 ± 9,621 para 21,59 ± 1,779 (N=9) enquanto não há diferença na

linhagem C57BL/6 de 15,40 ± 2,819 (N=8) para 10,34 ± 1,263 (N=8).

CONCLUSÃO: A linhagem C57BL/6 apresenta capacidade mnemônica

na TRO, enquanto a Suíço não. A C57BL/6 despende menos tempo

explorando os objetos. Entretanto, à diminuição de exploração total no treino

indica um possível aprendizado do camundongo Suíço.

Apoio Financeiro: CAPES, CNPq.

58

30 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO ESTRESSE DO RETÍCULO

ENDOPLASMÁTICO EM LINFÓCITOS DE PACIENTES COM TRANS TORNO

BIPOLAR

André V. C. Paz*1,2, Bianca Pfaffenseller1,2,3, Bianca Wollenhaupt de Aguiar1,2,3,

Gabriel Rodrigo Fries1,2,3, Gabriela Delevati Colpo1,2, Renan Kubiachi Burque1,2,

Giovana Bristot1,2, Pâmela Ferrari1,2, Keila Mendes Ceresér1,2, Fábio Klamt1,3,4,

Flávio Kapczinski1,2,5

1Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Translacional em Medicina

(INCT), Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio

Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil2Programa de Transtorno Bipolar e Laboratório de Psiquiatria Molecular,

Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil3Departamento de Bioquímica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

Porto Alegre, RS, Brasil4Rede Gaúcha de Estresse Oxidativo e Sinalização Celular (FAPERGS), Porto

Alegre, RS, Brasil5Departamento de Medicina Legal e Psiquiatria, Universidade Federal do Rio

Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil

Introdução: O Transtorno Bipolar (TB) é uma doença psiquiátrica crônica e

grave que tem sido relacionada com várias disfunções celulares, tais como

uma resposta prejudicada ao estresse do retículo endoplasmático (RE).

Objetivos: O objetivo deste trabalho foi avaliar a resposta ao estresse do RE

(Unfolded Protein Response - UPR) e a morte celular induzida por este

processo celular em linfócitos de pacientes com TB e indivíduos saudáveis,

avaliando sua relação com os estágios da doença. Métodos: Linfócitos de 30

pacientes bipolares e 32 controles pareados por sexo e idade foram tratados

com tunicamicina (TU), um indutor do estresse do RE, por 12h ou 24h, com o

objetivo de mensurar os níveis de proteínas relacionadas à UPR (GRP78,

eIF2α-P e CHOP) por citometria de fluxo, e por 48h para analisar a morte

celular induzida pelo estresse do RE. O efeito do lítio sobre estes parâmetros

na cultura celular também foi avaliado. Este protocolo foi aprovado pelo comitê

59

de ética do HCPA (projeto 10-091) e todos os participantes assinaram o termo

de consentimento livre e esclarecido antes da inclusão no estudo. Resultados:

No grupo controle, observamos a indução de GRP78 e eIF2α-P pela TU após

12h e 24h e de CHOP após 24h, não havendo indução nos pacientes. Os

pacientes eutímicos em estágio inicial da doença tiveram uma melhor UPR

quando comparados aos pacientes em estágios avançados, apresentando

níveis de GRP78 e eIF2α-P semelhantes aos controles após 12h de tratamento

com TU. A morte celular induzida por TU foi maior nos pacientes bipolares em

relação aos controles. O lítio não induziu diferenças na expressão das

proteínas avaliadas, entretanto levou a uma diminuição pequena, mas

estatisticamente significativa, na morte celular. Conclusão: Este estudo reforça

os resultados anteriores sobre a disfunção UPR no TB. Essa disfunção no RE

pode estar associada com a diminuição da resiliência celular nos pacientes,

contribuindo, em última análise, para a progressão da doença.

Apoio financeiro: CNPq INCT-TM (573671/2008-7), FINEP / IBN-Net

(01060842-00), PRONEX / FAPERGS (1000274), FAPERGS (1009613/PqG

2010-6) e FIPE-HCPA (10-0191).

60

31 MORTE CELULAR POR AUTOFAGIA EM RATOS NEONATOS

SUBMETIDOS À HIPÓXIA-ISQUEMIA: CONTRIBUIÇÃO DO DIMO RFISMO

SEXUAL

Weis, S.N. a**, Toniazzo, A.P. a**, Ander, B.P. b, Zhan, X. b, Careaga, M. b,

Ashwood, P. b,c, Sharp, F.R. b, Wyse, A.T.S. a, Netto, C.A. a

aPrograma de Pós-Graduação em Bioquímica, Instituto de Ciências Básicas da

Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS, Brazil.bDepartment of Neurology and the Medical Investigation of Neurodevelopmental

Disordes (M.I.N.D.) Institute, UC Davis Health System, Sacramento, CA, USA.cDepartment of Microbiology & Immunology, UC Davis Health System,

Sacramento, CA, USA

Introdução: A autofagia é um processo catabólico que tem por objetivo regular

a renovação dos constituintes celulares, pela degradação de proteínas e

organelas, através da via autofagossomo/lisossomo. A autofagia é importante

para manter a homeostase e serve como um mecanismo de adaptação quando

há uma baixa disponibilidade de nutrientes. O dano encefálico induzido pela

hipóxia-isquemia (HI) neonatal causa morte celular dependente e independente

da ativação das caspases além de ativar o processo de autofagia. Objetivo: O

objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do processo de autofagia no

hipocampo de ratos neonatos submetidos à HI neonatal e determinar as

possíveis diferenças sexo-específicas destas alterações. Metodologia: Aos 7

dias de vida pós-natal os neonatos foram submetidos à oclusão da artéria

carótida comum direita (isquemia unilateral) e em seguida foram expostos a

uma atmosfera hipóxica (8% O2) por 90 minutos. Os animais controles foram

submetidos ao procedimento cirúrgico sem oclusão da artéria carótida e sem a

exposição à hipóxia. Dezoito horas após a HI, amostras de hipocampo foram

obtidas para a avaliação do conteúdo de autolisossomos e lisossomos

intracelulares, quantificação das proteínas LC3B e beclina e atividade das

caspases 3/7. Resultados: Não foram encontradas alterações nos níveis de

LC3B. Essa ausência de efeito na expressão da proteína LC3B poderia ser

explicada pela rápida degradação desta pela via lisossomal que pode ocorrer

sob condições severas de dano, levando à rápida degradação e turnover do

61

LC3B. Surpreendentemente, somente os machos submetidos à HI

responderam à ativação da autofagia uma vez que o número de

autolisossomos nas fêmeas apresentava-se elevado per se tanto nos animais

controle quanto nos HI. Este efeito pode representar um mecanismo intrínseco

de proteção por renovação celular presente nas fêmeas. Em ambos os casos,

entretanto, a indução da autofagia pode ter sido tão intensa a ponto de

comprometer a viabilidade celular levando as células a entrar em processo de

apoptose, uma vez que machos e fêmeas apresentaram aumento da atividade

das caspases. Conclusão: A HI ativou o processo de autofagia o qual se

apresentou de forma distinta em machos e fêmeas, entretanto, essa ativação

invariavelmente poderia levar à morte celular quando os animais são

submetidos à HI neonatal por mostrar-se incapaz de restabelecer a

homeostase através do turnover celular. Apoio Financeiro: CAPES e CNPq.

62

32 ATIVIDADE DOS RECEPTORES CB1 NA EXTINÇÃO DE UMA

MEMÓRIA AVERSIVA NO HIPOCAMPO E CÓRTEX INFRALÍMBICO

Santana, F.°*, De Oliveira Alvares, L. °*, Duran, J .M. °*, Zanona, Q.K.°*, Sierra,

R.O.°*, Cassini, L.F.°*, Crestani A.P.°*, Boos, F.Z .°, Haubrich, J.°*, Dutra,

F.D.°*, Quillfeldt, J.A.°*

°LPBNC, Depto Biofísica, IB & * PPG Neurociências, ICBS, UFRGS, Porto

Alegre, RS

Objetivos: O sistema endocanabinóide tem um papel modulador retrógrado

sobre a atividade neural excitatória e inibitória no sistema nervoso central e

periférico. Os receptores canabinóides CB1 têm uma alta concentração em

áreas importantes na modulação da memória, como no hipocampo -

responsável pelo componente contextual, e no córtex infralímbico, envolvido na

manutenção da extinção. O objetivo deste trabalho foi estudar os efeitos da

microinfusão do agonista do receptor CB1 - CP55,940 - no hipocampo dorsal

ou no córtex infralímbico sobre processo de extinção de uma memória

aversiva.

Métodos: Foram utilizados ratos 57 Wistar machos adultos com idade igual ou

superior a 60 dias (pesos entre 250 e 350 g). Os animais foram canulados

bilateralmente no hipocampo dorsal ou no córtex infralímbico e treinados na

tarefa de condicionamento aversivo ao contexto (2 choques 0,7mA/2s). Após

48h, os animais passaram por uma sessão de reativação da memória de longa

duração (30min), apropriada para desencadear a extinção de memórias

previamente aprendidas. 15min após essa reexposição, os animais foram

infundidos bilateralmente no hipocampo ou no córtex infralímbico com veículo

ou CP55,940 (5µg/µl). Testes foram realizados 24h (teste I) e 7 dias (teste II)

depois, registrando-se o tempo de congelamento dos animais durante 4min. A

análise estatística utilizada foi ANOVA de uma via com teste post hoc de Post

Hoc Student-Newman-Keuls para um nível de significância de 0,05.

Resultados: No hipocampo dorsal não houve diferença significativa na sessão

de teste I (F(2,27)= 0,021; P=0,591) entre os grupos droga (15%±6, n=10) e

controle (11%±3, n=9), o mesmo tendo se verificado no teste II (P=0,618). Já

no córtex infra-límbico a infusão do CP55,940 apresentou diferença significativa

na sessão de teste I (F(2,26)=; P=0,000), entre os grupos droga (44%±6,

63

n=10) e controle (18%±5, n=9, Tukey P<0,001), mas não no teste II (F(2,18)=

0,463; P=0,637), entre os grupos droga (39%±6) e controle (34%±7).

Conclusão: A ativação exógena dos receptores CB1 pelo CP55,940 no córtex

infralímbico, mas não na área CA1 do hipocampo dorsal, foi capaz de inibir a

extinção dessa memória aversiva contextual num teste feito 1 dia após a

reativação, mas o efeito foi temporário, não se estendendo ao 7o dia. Esse

efeito disruptor corrobora a conhecida participação dessa região cortical na

modulação da extinção, porém sugere um papel menos duradouro das ações

do subsistema CB1, pelo menos sob a ação de um agente artificial exógeno

como a CP55.940, que age independentemente dos níveis locais de

endocanabinóides. Em trabalhos anteriores de nosso grupo, encontramos um

efeito facilitatório da anadamida intrahipocampal em baixas concentrações,

porém a tarefa era diferente (esquiva inibitória) e este lipídio, um ligante muito

inespecífico. Assim, a CP55,940 tem um perfil de ação farmacológico bem

diferente do da anandamida, porém ficou demonstrada a participação da

modulação canabinóide do córtex infralímbico dessa tarefa comportamental.

Apoio Financeiro: FINEP, CAPES, CNPQ, FAPERGS e IFS

64

33 Efeito amnéstico do agonista canabinóide exóge no, CP55.940, na

reconsolidação de memória aversiva ao contexto infu ndido no

Hipocampo e no Córtex Infralímbico de ratos

ZANONA, Q. K.**, SANTANA, F.**, DE OLIVEIRA ALVARES, L.**, SIERRA, R.

O.**, CASSINI, L. F.**, CRESTANI, A. P.**, BOOS, F. Z. *, DURAN, J. M.**,

HAUBRICH, J.**, DUTRA, F. D.**, QUILLFELDT, J. A. UFRGS, Porto Alegre.

Objetivos

A evocação pode induzir a desestabilização da memória, necessitando a

mesma ser reconsolidada para persistir. Evidências anteriores sugerem que os

receptores de endocanabinóides estão envolvidos com a labilização e posterior

reconsolidação da memória: o agonista anandamida pouco seletivo, que é

facilitador pós-treino no hipocampo foi amnéstico pós-reativação. O objetivo

deste trabalho foi estudar os efeitos da microinfusão do agonista canabinóide

CP55.940 no hipocampo dorsal ou no córtex infralímbico sobre o processo da

reconsolidação da memória.

Métodos

Ratos Wistar machos adultos (270 e 320 g) foram treinados na tarefa de

condicionamento aversivo ao contexto (2 choques 0,7mA/2s). Após 48h, os

animais passaram por uma sessão de reativação da memória por 3min, tendo

sido infundidos bilateralmente no hipocampo (Ns = 6 a 8) ou no córtex

infralímbico (Ns = 8 a 10) com veículo ou CP55.940 (5µg/µl) 15min após a

sessão reativação. Depois de 24h (teste I) e 7 dias (teste II) registrou-se o % de

tempo de congelamento dos animais durante 4min. A análise estatística

utilizada foi ANOVA de uma via com teste post hoc de Student-Newman-

Keuls para um nível de significância de 0,05.

Resultados

No hipocampo dorsal houve diferença significativa na sessão de teste I

(P=0,026) entre os grupos droga (17,4% ± 5,2) e controle (45,8% ±

5,0; Tukey P=0,020), o mesmo se dando no teste II (P=0,039) entre os grupos

droga (9,4% ± 3,8) e controle (42,0% ± 6,7; Tukey P=0,050). A infusão do

CP55,940 no córtex infra-límbico apresentou diferença significativa na sessão

de teste I (P=0,003), entre os grupos droga (18,7% ± 4,5) e controle (50,4% ±

65

7,3; P=0,020), e também no teste II (P=0,002), entre os grupos droga (12,7% ±

3,0) e controle (42,5% ± 8,0; P =0,003).

Conclusão

A ativação dos receptores de canabinóide pelo CP55.940, tanto no córtex

infralímbico, quanto no hipocampo dorsal, promoveu um efeito amnéstico na

reconsolidação da memória desta tarefa aversiva. Além disso, anandamida

intrahipocampal também provocou um efeito amnéstico na reconsolidação da

memória na esquiva inibitória, o que corrobora com os nossos resultados.

Levando em consideração esses aspectos, a infusão de CP55.940 nestas duas

estruturas foi capaz de modificar um traço de memória recém-reativado que se

encontrava lábil devido ao processo de reconsolidação, que sabemos ser

iniciado após uma reexposição ao contexto com essa exata duração de 3

minutos (Neurobiol Learn Mem. 90(1):1-9, 2008), um achado totalmente novo,

especialmente com relação ao córtex infralímbico. Por fim, mostrou-se que tal

modificação é duradoura, já que persistiu até pelo menos 7 dias após a

reativação.

Apoio Financeiro: FINEP, CAPES, CNPQ e FAPERGS

66

34 EFEITOS DE DIFERENTES PROPORÇÕES DE ÁCIDOS GRAXOS

POLIINSATURADOS NA DIETA CETOGÊNICA NO METABOLISMO

BIOQUÍMICO PERIFÉRICO E NEUROGLIAIL EM RATOS WISTAR

Leticia Dapont Toniolli*, Adriana Fernanda Kuckartz Vizuete**, Daniela Fraga

de Souza**, Cristiane Batassini**, Márcio Ferreira Dutra**, Ana Paula Costa**,

Carlos Alberto Saraiva Gonçalves.

Introdução: A dieta cetogênica é empregada como tratamento em casos de

epilepsia refratária. Durante a ingestão da dieta ocorrem adaptações no

metabolismo periférico e neuroglial, como a síntese de corpos cetônicos no

fígado e a substituição parcial da glicose por corpos cetônicos como fonte

energética no encéfalo. Entretanto, o mecanismo de neuroproteção da dieta

cetogênica na epilepsia não está bem esclarecido. Além disso, pouco se

discute sobre a qualidade dos lipídios constituintes da dieta assim como a

proporção ideal de ácidos graxos poliinsaturados (ômega-3).

Objetivo: Este trabalho visou padronizar dietas cetogênicas com diferentes

composições em ácidos graxos poliinsaturados e avaliar seus efeitos no

metabolismo periférico e neuroglial a fim de compreender seu mecanismo de

ação e seus diferentes efeitos.

Métodos: Para tanto, 10 ratos machos Wistar de 30 dias foram submetidos há

8 semanas de tratamento com diferentes dietas: 1) dieta controle (C), 2) dieta

cetogênica usual (u-DC) e 3) dieta cetogênica com aumento na composição de

ômega-3 (w3-DC). Ao término do tratamento, os ratos foram mortos 8h pós-

jejum para avaliação sérica de marcadores bioquímicos e do imunoconteúdo de

BDNF e da proteína S100B nas estruturas do hipocampo e estriado. No líquido

cefalorraquidiano (LCR) foi avaliado o conteúdo de corpos cetônicos e S100B.

Os dados estão expressos em média ± E.P. e foram analisados através de

ANOVA de uma via seguido de teste post hoc de Tukey (p < 0,05).

Resultados: No soro, observou-se níveis elevados de corpos cetônicos em

ambas as dietas cetogênicas (C= 0,14 ± 0,01; u-DC=0,25 ± 0,04 ; w3-DC=

0,29 ± 0,04 ), redução de uréia apenas na u-DC (C= 4,84 ± 0,18; u-DC=3,94 ±

0,29; w3-DC= 4,08 ± 0,23 ), e não houve diferença na glicemia dos ratos nos

diferentes tratamentos (C= 7,0 ± 0,66; u-DC=7,89 ± 0,40; w3-DC= 8,18 ± 0,59).

Não houve diferença do conteúdo de S100B no hipocampo entre as diferentes

dietas. No estriado, entretanto, houve diferença somente entre as dietas

67

cetogênicas (C= 0,46 ± 0,06; u-DC=0,54 ± 0,05; w3-DC= 0,38 ± 0,04 ). A

expressão de BDNF foi reduzida por ambas dietas cetogenicas somente no

estriado (C= 0,17 ± 0,03; u-DC=0,06± 0,02; w3-DC= 0,08± 0,01 ). No LCR, os

níveis de β-hidroxibutirato (C= 1,54 ± 0,41; u-DC= 0,51 ± 0,02; w3-DC= 0,06 ±

0,01). e S100B (C= 1,54 ± 0,41; u-DC= 0,51 ± 0,10; w3-DC= 0,46 ± 0,11).

foram reduzidos somente nos animais cetogênicos.

Conclusões: As diferentes dietas cetogênicas promoveram alterações no

metabolismo periférico tornando-o cetogênico. Entretanto, seu efeito quanto ao

BDNF mostrou-se tecido-especifico.

Apoio financeiro: CNPq e CAPES.

68

35 ESTRATÉGIAS COMPORTAMENTAL E FARMACOLÓGICA

ENFRAQUECEM MEMÓRIA TRAUMÁTICA

Boos, F.Z.*, de Oliveira Alvares, L., Sierra, R.O.* *, Crestani A.P.**, Dutra,

F.D.**, Cassini, L.F.**, Santana F.**, Haubrich, J. **, Zanona, Q.K.**, Duran

J.M.**, Quillfeldt, J.A.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Al egre/RS

Introdução: Memórias podem ser alteradas ao longo do tempo, desde que

sejam evocadas e que ocorra o processo de labilização ou desestruturação das

mesmas. Memórias muito fortes, como traumas, são mais resistentes à

labilização e a alterações. Nesse trabalho, desenvolvemos um modelo de

Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) em ratos com o objetivo de

investigar a influência de ferramentas comportamentais e farmacológicas na

facilitação da labilização da memória traumática para que a mesma possa ser

atenuada através da inibição de sua reconsolidação. Métodos: Foram

utilizados ratos Wistar machos (60 dias, 270-320g) em um protocolo de TEPT,

que consistiu em uma caixa dividida em dois compartimentos, o claro (seguro)

e o outro escuro (com choques). Cada animal permaneceu 2 min no

compartimento seguro, quando a divisória entre os compartimentos foi

suspensa apenas para o animal passar para o compartimento escuro. Ali,

recebeu 20 choques de 1mA/s. Sete dias depois, os ratos foram reexpostos ao

compartimento claro durante 3min (reativação da memória) e divididos em 4

grupos [nome do grupo] conforme o tratamento: (a) administração de salina

logo após a reativação [controle reativado, n=10], (b) administração de

Midazolam (3mg/Kg) i.p. logo após a reativação [MDZ, n=11], (c) exploração de

campo aberto (habituação) por 20 min, 1h antes da reativação com

administração de Midazolam logo após a reativação [hab+MDZ, n=10], e (d)

adição de uma novidade (essência de baunilha) ao contexto de reexposição

com injeção de Midazolam imediatamente depois da reativação [nov+MDZ,

n=10]. Sete dias após a reativação, a resposta de medo dos animais foi

avaliada durante 4 min no contexto (claro). Já havíamos demonstrado que o

Midazolam pós-reativação era capaz de inibir a reconsolidação. Resultados:

Na sessão de teste houve diferença significativa na resposta de medo entre os

grupos (F(3,37)=3,504; P=0,024, ANOVA de uma via), sendo que somente o

69

grupo hab+MDZ apresentou uma diminuição na resposta de medo (P=0,007,

post hoc SNK) em relação ao grupo controle. Conclusões: Acredita-se que a

função biológica do processo de labilização-reconsolidação de uma memória

seja a atualização da mesma. A memória traumática apenas conseguiu ser

labilizada e atenuada com a ação conjunta de uma estratégia comportamental

(exposição ao campo aberto antes da reativação no contexto idêntico) e

farmacológica (administração de Midazolam). Esses resultados sugerem que

mesmo uma memória traumática pode ser alterada através da reconsolidação,

desde que se utilize a estratégia adequada para a desestabilização da mesma.

Apoio Financeiro: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico/CNPq, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior/CAPES, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio

Grande do Sul/FAPERGS e Financiadora de Estudos e Projetos/FINEP.

70

36 AÇÕES DO TAMOXIFENO SOBRE PARÂMETROS OXIDATIVOS EM

CÉREBRO DE RATAS OVARIECTOMIZADAS - EFEITOS AGONIST A E

ANTAGONISTA DE ESTRÓGENO .

Lampert C.**; Arcego, D. M.**; Krolow, R.**; Noschang, C.**; Laureano D. P.**;

Lima, I.F.* ; Diehl, L.A.**; Dalmaz C.; Pettenuzzo, L.F.**; Vendite, D.

**Laboratório de neurobiologia do estresse, Departamento de Bioquímica –

UFRGS. Porto Alegre/RS.

Introdução: A terapia de reposição hormonal é normalmente usada para

minimizar alterações físicas e psicológicas associadas à menopausa. No

entanto, esta terapia provoca um aumento na incidência de câncer da mama.

Por outro lado, o tamoxifeno é um modulador seletivo do receptor de estrógeno

amplamente utilizado no tratamento do câncer de mama e pode ter atividade

estrogênica ou antiestrogênica dependendo do tecido. No cérebro ainda não

esta bem claro se o tamoxifeno funciona como agonista ou antagonista de

estrógeno, além disso já se sabe que os estrógenos podem modular as

enzimas antioxidantes, mas não se conhece os efeitos do tamoxifeno nesse

contexto. Portanto, o objetivo do presente estudo é investigar os efeitos do

tratamento crônico com tamoxifeno (TAM), estradiol (E) e E+TAM sobre as

atividades das enzimas antioxidantes superóxido dismutase (SOD), glutationa

peroxidase (GPX) e catalase (CAT) no cérebro de ratas ovariectomizadas.

Também, avaliar a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS).

Métodos: Cinquenta ratas Wistar, 60-75 dias de idade, foram ovariectomizadas

e após 14 dias foram injetados (ip.) com: estradiol (E), TAM e E + TAM durante

30 dias. Os grupos controles (SHAM e OVX) foram injetados com veículo.

Depois do tratamento, as ratas foram sacrificadas por decapitação, o

hipotálamo, hipocampo e estriado foram removidos e posteriormente foram

realizadas as análises das enzimas antioxidantes e ROS. Resultados: Os

grupos E, TAM e E+TAM apresentaram um aumento na atividade da SOD no

hipocampo e no hipotálamo e diminuição da atividade dessa enzima no

estriado. A atividade da GPX foi diminuída pelo TAM e estradiol no hipocampo,

no entanto, no hipotálamo apenas no grupo E+TAM que a atividade da GPX foi

menor. Estradiol reduziu a atividade da CAT no hipocampo e no hipotálamo e

TAM aumentou esta atividade no estriado. Nos grupos TAM, E e E+TAM os

71

níveis de ROS foram aumentados no hipotálamo. Conclusão: Os efeitos do

TAM sobre o perfil oxidativo foi dependente da estrutura cerebral analisada.

TAM atua como agonista de estrógeno sobre a atividade da SOD e GPX no

hipotálamo, hipocampo e estriado. No entanto, o efeito do TAM sobre a

atividade da CAT é possivelmente independente de receptor de estrógeno.

Estes resultados sugerem que TAM é capaz de agir como agonista de

estrógeno sobre o sistema antioxidante enzimático no cérebro.

Apoio financeiro: CAPES e CNPq.

72

37 EFEITO DA EPIGALOCATEQUINAGALATO EM MODELO ANIM AL DA

DOENÇA DE PARKINSON INDUZIDA POR 6-HIDROXIDOPAMINA

SORRENTINO, J. M.*(1); ABIB, R. T.** (1); BATASSINI, C.** (1);DUTRA, M. F.**(1);BORSOI, M.** (1);LAZZARETTI, C.** (1);SILVESTRIN, R. B.**

(1);GONÇALVES, C. A(1); MELLO E SOUZA, T(1).; GOTTFRIED, C(1).

(1)Departamento de Bioquímica, UFRGS (Porto Alegre-RS)

Objetivos: A Doença de Parkinson (DP) é caracterizada pela perda de

neurônios dopaminérgicos na substância negra (SN) e consequente depleção

de dopamina estriatal. Os tratamentos atualmente disponíveis minimizam os

sintomas, mas não impedem a progressão da doença, reforçando a

importância da pesquisa de novas terapias. O consumo de chá verde tem

mostrado inúmeros benefícios para a saúde, e isso têm sido atribuído ao seu

conteúdo de catequinas, especialmente a epigalocatequina galato (EGCG).

Neste estudo, o objetivo foi avaliar a possível ação neuroprotetora do EGCG

em um modelo animal da DP induzida por 6 hidroxidopamina (6-OHDA).

Métodos: foram ministradas doses únicas de 10mg/kg intraperitoneais de

EGCG ou solução salina (NaCl 0,9%) em ratos machos Wistar (110-150 dias

de idade) durante sete dias. Ao quarto dia de tratamento, os animais

receberam três infusões cirúrgicas de 6-OHDA (6µL, 21 µg) ou de veículo

(NaCl a 0,9% + ácido ascórbico 0,2%, sham) no estriado direito. Os animais

foram divididos aleatoriamente em quatro grupos: (a) solução salina+ sham, (b)

salina+6-OHDA; (c) EGCG+sham; (d) EGCG+6-OHDA. A avaliação do

comportamento rotacional induzido pelo metilfenidato (40 mg/kg, 4 mg/mL) foi

realizado 30 dias após a cirurgia. Sessenta dias após a cirurgia, realizou-se

imunohistoquímica anti-tirosina hidroxilase (TH) cuja finalidade de identificar

células TH positivas na SN. Foi utilizado o software Scion Image para a

quantificação de neurônios TH-nigral positivos na SN de ambos os hemisférios.

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa local (número

19.553). A análise estatística foi realizada utilizando ANOVA de duas vias

seguido pelo teste post-hoc de Duncan, considerando P <0,05. Resultados:

houve aumento do número de rotações ipsolaterais em animais lesionados com

6-OHDA [efeito fator lesão, F (3,16) = 10,44, p = 0,002], confirmando a indução

do modelo. No entanto, não houve diferença significativa no número de

73

rotações entre os dois grupos [efeito fator tratamento; F (3,18) = 1,77, p = 0,19]

(n = 13, 9, 10, 11 nos grupos salina+sham, EGCG+sham, salina+6-OHDA e

EGCG+6-OHDA, respectivamente). Os animais tratados com EGCG

apresentaram menor redução no imunoconteúdo de TH, comparado com os

animais tratados com solução salina [efeitofator tratamento; F (1,10) = 11, p =

0,007]. (N = 2, 4, 4, 4 dos animais sham+soro fisiológico, EGCG + placebo,

solução salina+6-OHDA e EGCG+6-OHDA, respectivamente). Conclusões:

estes resultados preliminares sugerem que EGCG pode exercer um efeito

neuroprotetor neste modelo de PD, uma vez que encontramos uma menor

diminuição no número de células positivas para TH em EGCG animais tratados

quando comparados com os controle. No entanto, EGCG não mostrou um

efeito benéfico sobre o comportamento motor. Apoio financeiro: CNPq,

CAPES e FAPERGS.

74

38 MEDITAÇÃO, EMOÇÃO E COGNIÇÃO: ENSAIO CONTROLADO

RANDOMIZADO DE 6 SEMANAS COM UMA AMOSTRA NÃO CLÍNIC A

Carolina B. Menezes1**, Mirtes Pereira2, Lisiane Bizarro1

1LPNeC, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2LABNEC,

Universidade Federal Fluminense, Niterói

Objetivo: Este ensaio avaliou o efeito de 6 semanas de meditação

concentrativa em variáveis emocionais e cognitivas usando uma tarefa de

discriminação com distratores emocionais, bem como escalas de autorrelato

em estudantes universitários (meditação=35; relaxamento progressivo=37; lista

de espera=28). Método: 120 imagens neutras e 120 emocionais - negativas e

ativadoras - (9 cm de altura x 12 cm de largura), flanqueadas por duas barras

periféricas (0,3 cm de largura x 3 cm de altura), equidistantes do centro da

figura (9 cm), foram igualmente e randomicamente distribuídas e apresentadas

em três blocos, um com baixa carga de atenção (B) e dois com alta carga (A).

Os participantes indicavam se as barras estavam paralelas, ou não,

pressionado um de dois botões. Nas condições B e A, respectivamente, as

barras diferiam com uma inclinação de 90º e 6º em metade das tentativas.

Cada tentativa começava com uma cruz de fixação (1500ms), seguida por uma

figura com barras (200ms). Após, um tabuleiro permanecia na tela até a

resposta ou por 2000ms. Resultados: Os principais resultados indicaram que

após o treino (meditação=26; relaxamento=24; controle=24), a meditação

mostrou a maior redução da interferência emocional na condição fácil

[F(2)=4,47, p=,01], diferindo significativamente do relaxamento [t(46)=2,69,

p=0,01]. Ademais, apenas a meditação reduziu significativamente a avaliação

da valência [t(23)=-3,0, p=,001] e da ativação das imagens [t(23)=3,69, p=,001],

e os escores de ansiedade-traço [t(25)=2,20, p=,03] e de afeto negativo

[t(25)=2,7, p=,01]. Ambos meditação e relaxamento aumentaram o afeto

positivo [t(25)=-2,7, p=<,001; t(23)=-3,7, p=,001] e reduziram os escores de

dificuldades de regulação das emoções [t(25)=2,1, p=,04; t(23)=2,2, p=,03].

Referente aos aspectos cognitivos, a análise da Teoria da Detecção de Sinal

mostrou uma interação significativa entre carga x tempo x grupo para o viés de

75

resposta [F(2,68)=4,02, p=,02]: meditação [t(23)=5,6, p=<,001] e relaxamento

[t(23)=3,6, p=,001] reduziram significativamente o viés comparado aos

controles [t(22)=1,0, p=,29] após o treino, na condição difícil. Também

observou-se um efeito dose-resposta no viés (p=,02), o qual foi

significativamente menor na meditação, aumentando linearmente no

relaxamento e no controle. Conclusão: Os resultados sugerem que meditação

e relaxamento podem ajudar no bem-estar emocional, mas que a meditação

parece exercer um efeito maior, especialmente na redução de aspectos

negativos e no controle cognitivo. Estes dados apoiam a ideia de que a

combinação entre um estado de relaxamento e o controle atencional

característica do treino meditativo podem ser particularmente úteis para a

regulação das emoções, assim como a associação entre meditação e

processos atencionais e de monitoramento.

Palavras-chave : meditação concentrativa, relaxamento progressivo,

interferência emocional, viés de resposta.

Apoio : CNPq

76

39 ESTUDO DE ASSOCIAÇÃO ENTRE OS TRANSTORNOS DE

ANSIEDADE E SEUS ENDOFENÓTIPOS E O POLIMORFISMO DA REGIÃO

PROMOTORA DO GENE DO TRANSPORTADOR DE SEROTONINA (5 -

HTTLPR) EM ADOLESCENTES E SUAS FAMÍLIAS

Andressa Bortoluzzi 1,2**, Eduarda Dias da Rosa 2,3*, Carolina Blaya 3,5,

Giovanni Abrahão Salum 2,4**, Sandra Leistner-Segal 6, Gisele Gus Manfro

1,2,4

1 Programa de Pós-Graduação em Ciência Biológicas: Neurociências -

UFRGS; 2 Programa de Transtornos da Infância e Adol escência

(PROTAIA); 3 Graduação em Farmácia da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul (UFRGS); 4 Programa de Pós-Graduação em Ciências

Médicas: Psiquiatria- UFRGS; 5 Universidade Federal de Ciências da

Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); 6 Serviço de Genéti ca Médica do

Hospital de Clínicas de Porto Alegre (SGM-HCPA)

Introdução: Os transtornos de ansiedade (TA) e os traços relacionados à

ansiedade, como o comportamento inibido (CI) e a evitação de danos (ED), são

prevalentes na infância e na adolescência e podem persistir na vida adulta. O

neurotransmissor serotonina (5-HT) possui um papel crítico no

desenvolvimento e na plasticidade do encéfalo. A existência de um

polimorfismo funcional na região promotora do gene do transportador de

serotonina (5-HTTLPR) tem relevância para estudos de associação na

psiquiatria.

Objetivos: Investigar a associação entre o 5-HTTLPR (bialélico e trialélico) e os

TA, CI e ED, em adolescentes ansiosos e não ansiosos e seus familiares.

Métodos: 225 adolescentes (129 casos e 96 controles para TA) e seus

familiares (200 mães, 66 pais e 34 irmãos) participaram do estudo. O

diagnóstico psiquiátrico resultou de entrevista clínica e do K-SADS-PL. A

escala TCI e uma adaptação da escala RSRI mensuraram, respectivamente, a

77

ED e o CI. O DNA salivar foi extraído de todos os participantes. Os genótipos

foram agrupados pelo nível de expressividade: baixo (SS, LGS, LGLG);

intermediário (LALG, LAS) e alto (LALA). A análise estatística foi realizada com

o software PLINK (α < 0.05).

Resultados: Não foi encontrada associação entre o 5-HTTLPR (bialélico e

trialélico) e os TA, CI e a ED, tanto no caso-controle quanto no estudo de

família.

Conclusões: Diante de resultados controversos descritos na literatura, estudos

de meta-análises são necessários para esclarecer a perda de associação entre

o 5-HTTLPR e as variáveis estudadas.

Apoio Financeiro: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) e Fundo de Incentivo à Pesquisa e Eventos do Hospital de

Clínicas de Porto Alegre (FIPE-HCPA)

78

40 AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE ANIMAIS SUBMETIDO S À

POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA POR UM CURTO PERÍODO

VITÓRIA, P.S.**1 SOARES, F.J.S.*1 ,SZCZEPANIAK, R.F.**1,BORK, C.*1,

COLLARES G.*1, BAINY, B.K.*1, SILVA, A.L., GAMARO, G.D.1.1Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS.

INTRODUÇÃO: A atmosfera é constituída por vários tipos de gases e material

particulado (MP). O MP é constituído por uma mistura complexa

de componentes orgânicos e inorgânicos de tamanhos variados geralmente

invisíveis, mas, coletivamente podem aparecer como nuvens em suspensão

movimentadas pelos ventos. Vários estudos epidemiológicos têm relacionado

uma série de efeitos adversos à exposição ao MP nos sistemas respiratório,

cardio-vascular e reprodutivo. Porém pouco se sabe a respeito de alterações

neurocomportamentais frente à ação de poluentes. A ativação do eixo

hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) que regula e integra muitas funções

fisiológicas em resposta a estressores ambientais, resulta na secreção de

glicocorticóides, pelas glândulas supra-renais responsáveis por alterações

fisiológicas que incluem efeitos sobre o metabolismo intermediário, crescimento

e resposta inflamatória. A exposição a poluentes pode gerar alteração da

função das supra-renais com conseqüências relacionadas as capacidades

cognitivas e nas funções imunológicas. Além disso, existem estudos (ZANCHI,

et al 2009) demonstrando o envolvimento de sistemas de neurotransmissores

atuando na modulação de comportamentos. OBJETIVO: O objetivo desse

trabalho é avaliar os efeitos da exposição de curta duração ao MP

(representando a poluição de Pelotas) na tarefa comportamental: Labirinto em

Cruz-Elevado. METODOLOGIA: Foram utilizados ratos Wistar machos adultos,

oriundos do Biotério da UFPel. Os animais foram divididos em dois grupos:

animais expostos à poluição (n=5) e animais não expostos (n=5). Os animais

do grupo exposto à poluição foram colocados em um aquário hermeticamente

fechado (30x30x50) com bombeamento contínuo de ar externo, durante 5 dias,

4h/dia. Após o término da exposição, os ratos realizaram a tarefa de

comportamento Plus Maze. O equipamento é constituído por 2 braços abertos

(50 X 10 cm ) sem qualquer anteparo dispostos em oposição a outro e de 2

braços fechados (de mesma proporção com paredes de 40 cm de altura)

79

também opostos, formando uma cruz, com 50 cm de altura do chão (Rhoden e

Rhoden, 2006). Os animais foram colocados no centro do labirinto (no

cruzamento entre os braços), com a cabeça voltada para um dos braços

abertos e o comportamento foi avaliado por um período de 5 minutos para cada

animal. Concomitantemente a quantidade de partículas finas foi monitorada por

meio do aparelho Dust Track (Modelo 8520, TSI Incorporated, St. Paul, MN,

USA). RESULTADOS: Os animais expostos entraram maior número de vezes

nos braços abertos bem como permaneceram maior tempo nesses (Teste t P =

0,026 para tempo e P = 0,045 para entradas). CONCLUSÕES: Os resultados

sugerem que os animais expostos à poluição de Pelotas parecem ser menos

ansiosos que os não expostos. Porém tal fato pode ser devido a alguma

alteração nas vias sensoriais principalmente nas vias olfativas. Desta forma é

preciso estudar mais a respeito dessas interações APOIO FINANCEIRO:

CNPq

80

41 CARACTERIZAÇÃO MORFOFUNCIONAL DE CULTURA DE

ASTRÓCITOS ADULTOS

Aline Boni*, Débora Guerini de Souza**, Bruna Bellaver*, Diogo Souza, André

Quincozes-Santos

Departamento de Bioquímica, Instituto de Ciências Básicas da Saúde,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre – RS

Introdução: O cultivo de células do Sistema Nervoso Central é uma ferramenta

metodológica amplamente utilizada no estudo de propriedades celulares e

teciduais por inúmeros grupos de pesquisa ao redor do mundo. A maioria dos

protocolos utilizados faz uso de animais neonatos (geralmente ratos e

camundongos) para a obtenção das células. Neste estudo, propomos um

protocolo de obtenção de cultura de astrócitos corticais a partir de ratos Wistar

adultos de 90 dias, caracterizando-os morfofuncionalmente.

Materiais e Métodos: Os cérebros foram cuidadosamente dissecados e

lavados com Hank's Balanced Salt Solution (HBSS), pequenas fatias foram

retiradas da porção mais superficial do córtex e submetidas a dois processos

de digestão enzimática (tripsina e papaína), além de uma cuidadosa

dissociação mecânica com pipeta Pasteur. A suspensão de células resultante

foi contada em câmara de Neubauer e semeada numa quantidade de 300-500

mil células/cm2, em placas com poços de 15mm de diâmetro, contendo poli-L-

lisina. O meio de cultivo utilizado foi DMEM/F12 com 10% SFB nas primeiras

duas semanas e 20% na semana seguinte, sendo as células cultivadas em

incubadora umidificada a 37°C numa atmosfera conten do 5% CO2/95% ar.

Resultados: Após esse período, as células apresentaram morfologia poligonal

caracteristicamente astrocitária visualizada ao microscópio ótico (contraste de

fase) e intensa marcação para GFAP (Proteína Glial Fibrilar Ácida).

Funcionalmente, as células não apresentaram perda de integridade de

membrana, uma vez que não incorporaram o corante iodeto de propídio e

foram capazes de captar glutamato, uma das principais funções astrocitárias.

Conclusões: Assim, podemos concluir que o protocolo proposto foi efetivo

para gerar uma cultura funcional e caracteristicamente astrocitária, utilizando

ratos adultos, os quais já apresentam diferenciação celular e conexões

cerebrais estabelecidas. Nosso estudo apresenta uma importante metodologia

relacionada à cultura de células, onde poderemos avaliar importantes funções

81

astrocitárias em animais adultos sob condições normais ou patológicas. Outros

experimentos estão em andamento para seguir nesta investigação.

Apoio financeiro: CNPq, CAPES, INCTen

82

42 AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS GLIAIS EM CULTURA DE

ASTRÓCITOS DE RATOS WISTAR ADULTOS

Bruna Bellaver*, Débora Guerini de Souza**, Aline Boni*, Diogo Souza, André

Quincozes-Santos.

Departamento de Bioquímica, Instituto de Ciências Básicas da Saúde,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre – RS

Introdução: O Sistema Nervoso Central (SNC) de mamíferos apresenta dois

principais grupos celulares: neurônios e astrócitos. Os astrócitos, células gliais

que representam aproximadamente 50% do número total de células do SNC,

estão envolvidos em um grande número de funções que garantem a

manutenção das condições fisiológicas do cérebro. Eles estão envolvidos na

homeostase iônica e de neurotransmissores, na defesa contra o estresse

oxidativo, na manutenção da barreira hematoencefálica e também garantem

suporte metabólico para os neurônios.

Objetivo: Nesse estudo utilizamos um protocolo de obtenção de cultura de

astrócitos corticais de ratos Wistar adultos (90 dias), e avaliamos se as células

respondem a estímulos externos como oxidantes, antioxidantes e condições

inflamatórias.

Materiais e Métodos : Para a elaboração da cultura, os cérebros foram

cuidadosamente dissecados e o córtex foi dissociado mecânica e

enzimaticamente. As células foram cultivadas em incubadora de CO2 (5% CO2,

95% ar), com DMEM/F12 (10% SFB) nas duas primeiras semanas e

DMEM/F12 (20% SFB) até atingirem a confluência. As células foram expostas

ao peróxido de hidrogênio (H2O2 - 50 and 100 µM) por 1, 3 e 6 h e ao

lipopolissacarídeo (LPS - 10 µg/ml) por 3 h. Buscando avaliar o efeito protetor

do resveratrol, realizamos um pré-tratamento de 1h antes da adição do H2O2

(50 µM/3 h). Utilizamos as seguintes técnicas: captação de glutamato, atividade

da enzima glutamina sintetase (GS), conteúdo de glutationa (GSH), ELISA,

DCFH-DA, e testes de viabilidade celular (MTT e Iodeto de propídeo).

Resultados: Dessa forma pudemos verificar que os astrócitos são suscetíveis

aos estímulos externos, comprometendo sua funcionalidade celular. A

exposição ao H2O2 foi capaz de reduzir a atividade glutamatérgica e as defesas

antioxidantes, enquanto que, o pré-tratamento com resveratrol apresentou

efeito protetor com menor dano oxidativo. Também, observamos que os

83

astrócitos são sensíveis à imunoestimulantes, como o LPS e o H2O2, devido ao

aumento de secreção da citocina TNFα.

Conclusão: Nosso estudo apresenta uma importante ferramenta metodológica

relacionada à cultura de células, onde avaliamos importantes funções

astrocitárias em animais adultos, tanto em condições fisiológicas quanto frente

a insultos celulares. Assim, astrócitos adultos cultivados in vitro apresentam

características mais similares ao cérebro adulto in vivo, e podem ser usados

para se obter respostas mais fidedignas aos estímulos aos quais serão

submetidos, principalmente relacionados a doenças neurodegenerativas e

neurotoxicidade, assim como, agentes neuroprotetores.

Apoio financeiro: CNPq, CAPES, INCTen

84

43 IMPLICAÇÕES NA MEMÓRIA DE LONGO PRAZO DE FILHOT ES

MACHOS DE RATAS COM OBESIDADE INDUZIDA POR DIETA DE

CAFETERIA NA TAREFA DE ESQUIVA INIBITÓRIA STEP-DOWN

Amanda Brondani Mucellini**a, Rafael Corrêa Caceres*a, Ana Carla de Araújo

da Cunha*a, Jéferson Ferraz Goularte**a, Grace Violeta Espinoza Pardo**a,

Patrícia Pelufo Silveirab, Gilberto Luiz Sanvittoa

aPrograma de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: Fisiologia,

Departamento de Fisiologia, ICBS, UFRGS, Porto Alegre/RSbPrograma de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente,

FAMED e Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas:

Neurociências, ICBS, UFRGS, Porto Alegre/RS

Objetivos: Recentes investigações indicam que a obesidade se tornou a

principal causa de complicações na gestação e está também relacionada a

distúrbios na saúde da prole, incluindo déficits cognitivos. Neste estudo,

utilizou-se um modelo animal de obesidade, composto por alimentos altamente

palatáveis e calóricos, conhecido por Dieta de Cafeteria, e buscou-se avaliar o

desempenho de filhotes machos de ratas obesas na tarefa de esquiva inibitória

step-down, reconhecido modelo de avaliação da memória em roedores.

Métodos Ratas wistar com 21 dias foram divididas em grupo Controle (PAD,

n=20) com acesso a ração padrão e água ad libtum e grupo Cafeteria (CAF,

n=24) com acesso a ração padrão, água, alimentos hipercalóricos e

refrigerante ad libtum. Após quatro meses de experimento, quando na fase do

proestro e receptivas, as fêmeas foram expostas a macho sexualmente ativo.

Após verificação do tampão vaginal na manhã seguinte, foram consideradas

prenhas. Aos 21 dias após o parto, os filhotes machos foram desmamados,

pesados e divididos em grupo PAD-PAD (n=18), provenientes de mães PAD;

grupo PAD-CAF (n=22), provenientes de mães PAD; grupo CAF-PAD (n=25),

provenientes de mães CAF; grupo CAF-CAF (n=21), provenientes de mães

CAF. Semanalmente, foi avaliado o peso corporal dos filhotes. Metade dos

filhotes de cada grupo foi exposta à tarefa da esquiva inibitória step-down

quando púberes (aos 30 dias); a outra metade foi exposta quando adultos (aos

120 dias). A tarefa de esquiva inibitória era composta por 3 sessões: 1

(habituação de 5min); 2 (treino 24h após sessão 1, choque de 0,3mA, quando

púberes, ou de 0,7mA, quando adultos, durante 2seg quando descer com as 4

85

patas da plataforma); 3 (teste, 24h após sessão 2, observação até descer com

4 patas ou até 5min). Os dados foram analisados pela ANOVA de duas vias.

Em todos os casos um P de 0,05 foi considerado significativo. Resultados:

Houve diferença entre as latências de descida da plataforma no treino e no

teste, sendo maior no teste (P<0,0001), dentro de todos os grupos. Porém, os

tratamentos não influenciaram nos tempos (P=0,3122), tampouco houve

interação entre dia da observação e tratamento (P=0,5573), indicando que os

animais PAD-CAF, CAF-PAD e CAF-CAF não apresentaram qualquer

alteração na memória de longa duração em comparação ao PAD-PAD, tanto

aos 30 dias, quanto aos 120 dias. Não houve influência das dietas dos filhotes

e das mães nos tempos de latência no dia do teste, assim como não houve

influência da interação entre as elas, tanto na puberdade (P=0,7559; P=0,7683;

P=0,3630) quanto na idade adulta (P=0,5091; P=0,6546; P=0,1873),

respectivamente. Conclusões : Nas condições do presente estudo, a ingestão

de dieta de cafeteria, tanto dos filhotes, quanto das mães, não influenciou na

memória de longo prazo dos filhotes, além de não haver tido interação entre

dieta da mãe e do filhote. São necessários estudos com outros modelos de

tarefa de memória em roedores para poder elucidar esse efeito prejudicial da

obesidade na cognição descrito na literatura. Apoio Financeiro: CNPq e

PPGCB: Fisiologia

86

44 ESTUDO PRELIMINAR SOBRE OS EFEITOS DA RESTRIÇÃO DE

CRESCIMENTO INTRAUTERINO NO COMPORTAMENTO MATERNO E

ESTADO NEUROLÓGICO DO RECÉM-NASCIDO

ALVES MB**, REIS AR**, NUNES M**, GRUPO IVAPSA, GOLDANI MZ,

SILVEIRA PP

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil.

Restrição de Crescimento Intrauterino (RCIU) é uma condição que se

caracteriza quando o feto não atinge seu tamanho esperado para uma

determinada idade gestacional. É um problema complexo e comum na

obstetrícia moderna, que pode surgir como resultado de uma grande variedade

de fatores. Enquanto os desfechos metabólicos têm sido bem caracterizados

em indivíduos que nascem com esta condição, seus coincidentes prejuízos

neurocomportamentais têm recebido significativamente menor atenção.

Objetivos: Avaliar os efeitos da RCIU sobre o comportamento materno e o

desenvolvimento do sistema nervoso nos primeiros dias de vida.

Métodos: Fizeram parte deste estudo vinte e quatro pares mãe-bebê

participantes da coorte de nascimentos IVAPSA (Impacto das Variações no

Ambiente Perinatal sobre a Saúde do Recém-Nascido nos Primeiros Seis

Meses de Vida) realizado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Estes pares

foram caracterizados nos grupos Controle (n=17) e RCIU idiopático (n=10). O

comportamento materno foi analisado no 7° e 15° dia s pós-parto, através do

questionário auto-aplicável What Being the Parent of a Baby is Like – Revised

(WPL-R) traduzido e adaptado para o português. Este questionário contempla

medidas de avaliação, centralidade e mudança de vida das mães. Já o estado

neurológico do recém-nascido, foi acessado através do Escore de Capacidade

Neurológica e Adaptativa (NACS) no 7° dia pós-parto . Os dados foram

analisados através de ANOVA de medidas repetidas e teste T não-paramétrico.

Resultados : Bebês do grupo RCIU exibiram um papel mais central nos

pensamentos e ações de suas mães se comparados com os bebês do grupo

controle (efeito principal de grupo: F�1,18)= 5,57 p=0,03; efeito principal do

tempo: F�1,18)= 0,001 p>0,05; interação grupo/tempo: F�1,18)= 1,00 p>0,05).

Para o NACS, bebês do grupo RCIU apresentaram um escore

significativamente menor (33,75±0,64) quando comparados com o grupo

Controle (28,00±2,22), com p<0,05.

87

Conclusão: Embora seja um estudo preliminar, este trabalho indica que a

Restrição de Crescimento Intrauterino pode influenciar o comportamento

materno e também causar prejuízos ao estado neurológico do recém-nascido

pelo menos nas duas primeiras semanas de vida, um período tido como crítico

para o desenvolvimento do sistema nervoso. A continuidade deste estudo

epidemiológico, em conjunto com modelos animais de RCIU, pode ser de

grande interesse para avaliar a intensidade de seus efeitos e identificar os

mecanismos subjacentes que ligam a RCIU com desfechos

neurocomportamentais adversos.

Apoio financeiro: FIPE, CNPq and CAPES

88

45 Alta Frequencia de Cefaleia em Pacientes com Hi perprolactinemia

Centro de Neuroendocrinologia ISCMPA/UFCSPA

Klein AP, Fitarelli LD, Leães CGS, Pereira Lima JFS, Barea LM, Oliveira MC

Objetivo: A cefaleia é uma manifestação comum dos adenomas de hipófise,

particularmente dos prolactinomas. A participação neuroendocrinológica na

gênese da cefaleia nestes tumores tem sido fortemente sugerida, havendo

evidências de que a hiperprolactinemia contribua para o desenvolvimento de

dor, provavelmente por neuro-modulação sensorial. Dessa forma, tivemos

como objetivo avaliar a frequência e as características da cefaleia em pacientes

com hiperprolactinemia.

Métodos: Foram avaliados, através de questionário sobre cefaleia, 71

pacientes com diagnóstico prévio de hiperprolactinemia, 53 do sexo feminino

(74,6%), média de idade de 43 anos (variando de 16-85), média de tempo de

diagnóstico de 8,6 anos (0-37 anos) e de tempo de acompanhamento de 5,2

anos (0-23). Em relação à etiologia da hiperprolactinemia, 45,3% dos pacientes

apresentavam macroprolactinomas, 26,7% microprolactinomas e 27,9%

hiperprolactinemia por outras causas (medicamentosa ou idiopática). Foram

considerados patologia de base, valor sérico da prolactina na apresentação e,

naqueles com adenomas, o volume tumoral e presença de invasão,

documentadas através da ressonância magnética de hipófise. Nos pacientes

em tratamento ou após este, foi reavaliado o padrão da cefaleia.

Resultados: A prevalência geral de cefaleia nos pacientes com

hiperprolactinemia foi de 64,7% e o fenótipo de enxaqueca foi classificado na

maioria dos pacientes (70,9%), seguido de cefaleia tensional (14,5%). Dentre

as causas de hiperprolactinemia, macroprolactinomas invasivos foram os mais

associados à cefaleia (80%), seguido dos microprolactinomas (71,4%) e dos

macroprolactinomas não-invasivos (66,7%). Terapia com agonista

dopaminérgico foi instituída isoladamente em 47 pacientes (59,1%), sendo

cirurgia e radioterapia realizadas em 17 e 5 pacientes, respectivamente. Na

avaliação dos pacientes em tratamento com normoprolactinemia, 94,7%

referiam melhora da cefaleia (média de prolactina de 28,9ng/ml). Entre os

pacientes que permaneciam com hiperprolactinemia (média de 110,7ng/ml)

apesar do tratamento, 52,9% relatavam melhora da cefaleia.

89

Conclusões: Cefaleia foi um achado muito comum nos pacientes com

hiperprolactinemia (64,7%), especialmente em macroprolactinomas invasivos,

predominando o fenótipo de enxaqueca, ao contrário do que acontece na

população adulta em geral, quando a prevalecia de transtorno de cefaleia ativo

é de 46% para cefaleia em geral, 11% para a enxaqueca e 42% para cefaléia

do tipo tensional. O tratamento da hiperprolactinemia se associa a melhora dos

sintomas. Os mecanismos pelos quais a hiperprolactinemis modula tal tipo de

dor ainda não são conhecidos e merecem maiores estudos.

90

46 INFLUÊNCIA DA IDADE NA PRECISÃO DA MEMÓRIA E NO

DESEMPENHO DE OUTRAS TAREFAS ESPACIAIS DEPENDENTES DE

HIPOCAMPO.

CRESTANI, A. P. **, DE OLIVEIRA ALVARES, L. **, SANTANA, F. **,

ORDOÑEZ, R. S. **, CASSINI, L. F. **, HAUBRICH, J. **, DUTRA, F.

D.**, ZANONA, Q. **, DURAN, J. M. **, BOOS, F. Z.*, QUILLFELDT, J. A.

Instituto de Biociências – Depto Biofísica - UFRGS

Objetivos

Com o passar do tempo as memórias podem perder sua precisão

(detalhamento), tornando-se mais genéricas. Ao longo do desenvolvimento e

posterior envelhecimento são encontradas várias diferenças (anatômicas,

fisiológicas, moleculares, etc), por esse motivo resolvemos analisar diferenças

na precisão da memória e o desempenho em outras tarefas também

dependentes de hipocampo em animais de diferentes idades.

Métodos

Com objetivo de avaliar a precisão da memória em diferentes idades utilizamos

ratos Wistar machos de 47-49dias de idade (adolescentes), 3 meses (adultos)

e 12 meses (meia-idade). Todos os animais foram treinados na tarefa de

condicionamento aversivo contextual (choques 2x0.7mA por 2s) e para

avaliação da precisão foram testados no mesmo contexto (ctx tr) ou em um

contexto alternativo (ctx alt) 2, 14 ou 28 dias após o treino, sendo esperado que

animais com a memória detalhada não demonstrariam medo no ctx alt. Tarefa

de Labirinto Aquático de Morris (LAM) e Localização de Objetos (LO) também

foram utilizadas para avaliar déficits em outras memórias também dependentes

de hipocampo.

Resultados

Quando testamos ratos adolescentes 2 dias após o condicionamento eles

conseguiram distinguir (p= 0,039) entre o ctx tr(N=8) e o ctx alt(N=9). Se

testados 14 dias após o treino não havia distinção (p=0,248) entre os contextos

[ctx tr N=6 e ctx alt N=6], sugerindo que a memória já não era precisa. Os ratos

adultos testados 2 dias pós-treino discriminaram os contextos (p<0,001) [ctx tr

N=6 e ctx alt N=7], assim como os ratos adolescentes. Quando os adultos

foram testados aos 14 dias, a precisão da memória se manteve (p<0,002,

91

Ns=6). Aos 28 dias a memória perdeu sua precisão em animais adultos (p=

0,232) [ctx tr N=8 e ctx alt N=6] podendo isso ser correlacionado com a

independência hipocampal. Já os animais de meia-idade expressaram uma

memória generalizada logo aos 2 dias após o treino (0,502), sendo o N=7 em

ambos os contextos. Além disso, foram utilizadas mais duas tarefas

dependentes de hipocampo: LAM e LO. Nós encontramos diferenças na curva

de aprendizado entre as idades (ANOVA de medidas repetidas F(2,32)= 8.094;

p = 0,0014 e efeito dos dias (primeiro, segundo, terceiro e quarto) F(3, 96)=

26,172 p<0.001; e grupo vs dias não teve interação F(6;96)= 1,391), mostrando

que animais demoram mais para aprender quando comparados com adultos.

No LO apenas animais adultos aprenderam (p = 0,004; N=10,10), enquanto

adolescentes (p= 0,497; N=10,10) e meia-idade (p= 0,108; N=10,10) não

aprenderam.

Conclusão

Nós observamos que ratos adolescentes e de meia-idade mantém a memória

precisa por menos tempo; os adolescentes generalizam a memória aos 14

dias, metade do tempo dos adultos (28 dias), e os ratos de meia-idade

demonstram generalização da memória logo aos 2 dias. Além disso,

adolescentes e animais de meia-idade tem mais dificuldade de aprender

memórias espaciais. Uma possível explicação seria que na adolescência a

circuitaria encefálica ainda não está totalmente estabilizada e nos animais de

meia-idade a memória pode ser menos específica devido aos déficits cognitivos

que costumam ser observados.

Apoio Financeiro: CNPq, Capes, FINEP, FAPERGS, IFS.

92

47 SOCIAL INSTIGATION IN LACTATING RATS: EFFECTS O N SOCIAL

INTERACTION AND OXYTOCIN RESPONSES OF THE ADULT OFF SPRING

1Corrêa C.N ., 1Henriques T.P.*, 2Diehl L.A., 1Souza M.A., 1Alves M. B.,

1Menegotto P.R., 1Veiga C.P., 2Dalmaz C., 3de Almeida R.M.M., 1Lucion

A.B., 1Physiology, Federal University of Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS,

Brazil; 2Biochemistry, Federal University of Rio Grande do Sul; 3Institute of

Psychology, Federal University of Rio Grande do Sul.

Objective : We investigated the effects of the Social Instigation as a neonatal

intervention upon social interaction and oxytocin responses in adulthood.

Method : At the end of the 1st postpartum day (P0), 23 Wistar dams had their

litters culled to 8 pups. At P2 and P5, 12 dams were submitted to the social

instigation (SI) paradigm: an adult male (instigator) inside a perforated tube was

placed in the dam’s cage with its pups for 5min. After a 5min interval, another

male (intruder) was introduced into the home-cage for 10min. The control group

(C, n=11) was left undisturbed. At P90, C and SI male and female experimental

rats were submitted to social interaction test for 15min: the apparatus consisted

of 2 clear Plexiglas boxes (A and B) connected to a third (neutral) by corridors

and guillotine doors. With the connecting doors closed, one experimental rat

was placed into box A and a random rat from the same sex into B. Each rat

remained isolated without access to the neutral box for 24h. The test started at

the dark phase of the light–dark cycle. The doors to compartments were opened

at the same time, allowing both rats the exploration of all three boxes. The test

was recorded to analyse the social behaviors later. Immediately after the test,

experimental rats and rats from the same groups but not submitted to the

behavioral test were sacrificed to collect trunk blood to analyse plasma oxytocin

by ELISA.

Results : In the social interaction test, SI rats showed higher lateral attack

frequencies compared to C. Males from both groups showed increased lateral

attack, biting, boxing, sniffing and mounting frequencies compared to females.

There was a statistical interaction between SI and social interaction on plasma

oxytocin levels: C animals submitted to the test showed increased levels.

93

Conclusion: The SI paradigm, which is used to study maternal aggression

towards male intruders in previous studies, can also represent an early adverse

social experience for the pups. It led to alterations on aggressive behavior and

plasma oxytocin on adult offspring: SI increased lateral attack frequencies and

made the rats fail to increase oxytocin levels when interacting with other

individual. We suggest that the SI paradigm might also be considered as a new

model of neonatal intervention with behavioral and hormonal long-lasting

effects. However, it has the advantage of being closer to an ethological

approach.

94

48 EXERCÍCIO FÍSICO MELHORA A MEMÓRIA AVERSIVA DE RATOS

WISTAR E ALTERA O CONTEÚDO DE CITOCINAS INFLAMATÓRI AS EM

HIPOCAMPOS DE RATOS DE DIFERENTES IDADES

Gisele Agustini Lovatela**, Viviane Rostirola Elsnerb**, Karine Bertoldib**, Cláudia

Vanzellac**, Felipe dos Santos Moysésb**, Christiano Spindlerb**, Laura Reck

Cechinel*, Carlos Alexandre Nettoa,c, Ionara Rodrigues Siqueirab

aPPG Neurociências; bPPG Fisiologia; cPPG Bioquímica. Universidade Federal

do Rio Grande do Sul.

Objetivo: Há evidências demonstrando o papel da neuroinflamação crônica no

processo de envelhecimento cerebral. O exercício físico tem sido proposto

como estratégia neuroprotetora no envelhecimento, no entanto, seus

mecanismos de ação não estão totalmente esclarecidos. O objetivo deste

estudo foi investigar o efeito do exercício sobre a memória aversiva e os níveis

de citocinas pró- e anti-inflamatórias em hipocampos de ratos de 3 e 20 meses

em diferentes tempos após a última sessão de treino.

Métodos: Ratos Wistar de 3 e 20 meses de idade foram submetidos a

exercício de corrida (20min/diariamente/2 semanas) ou mantidos sedentários.

Para avaliar a memória aversiva os animais foram submetidos ao teste da

esquiva inibitória, 30 min antes da decapitação. Os animais foram decapitados

1h, 18h, 3d ou 7d após a última sessão de exercício, o hipocampo foi

homogeneizado e o sobrenadante coletado para ensaios bioquímicos. Níveis

de TNF-α, IL-1β e IL-4 foram determinados usando kit comercial de ELISA. Os

resultados foram expressos em média ± desvio padrão e analisados por

ANOVA de duas vias seguida de Duncan.

Resultados : Observamos um efeito significativo dos fatores exercício

(p<0,001) e idade (p<0,001) sobre a latência de descida da plataforma no teste

da esquiva inibitória. Houve uma melhora transitória da memória induzida pelo

exercício em ambos os grupos, 3 e 20 meses de idade, quando comparados

aos respectivos sedentários (p<0,005). Foi observado um aumento nos níveis

de TNF-α e de IL-1β em ratos de 20 meses comparado aos ratos jovens

(p<0,05). O exercício em esteira reduziu os níveis de TNF-α transitoriamente (1

hora) em hipocampos de ratos de 20 meses, entretanto os níveis de IL-1β

foram reduzidos 1h e 18h após a última sessão de exercício, comparados aos

95

sedentários (p<0,005). Houve um efeito significativo dos fatores exercício

(p<0,001) e idade (p<0,001) sobre os níveis de IL-4, além disso, o exercício

físico aumentou transitoriamente (1 hora após a ultima sessão de exercício) os

níveis de IL-4 em hipocampos de ratos de 3 meses (p<0,005).

Conclusão: Nossos resultados indicam que corrida em esteira aumenta os

níveis da citocina anti-inflamatória, IL-4, em hipocampos de ratos de 3 meses,

enquanto que, o protocolo de exercício reduz os níveis de citocinas pró-

inflamatórias, TNF-α e IL-1β, em hipocampos de ratos de 20 meses. O

exercício altera diferentemente os marcadores neuroinflamatórios em

hipocampos de ratos Wistar adultos jovens e envelhecidos. Esta modulação de

mediadores inflamatórios pode estar relacionada com a melhora da memória

aversiva induzida pelo exercício.

Apoio: CAPES, CNPq

96

49 AVALIAÇÃO DA MEMÓRIA ESPACIAL EM ANIMAIS SUBMET IDOS À

HIPÓXIA-ISQUEMIA NEONATAL: UTILIZAÇÃO DO ÁCIDO FÓLI CO COMO

ESTRATÉGIA NEUROPROTETORA.

JAQUELINE VIEIRA CARLETTI**, BRUNA FERRARY DENIZ**, JOSEANE

JIMENEZ ROJAS**, LUÍSA MARTINATO*, RAMIRO DIAZ**, LENIR ORLANDI

PEREIRA. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS –

UFRGS - PORTO ALEGRE.

Objetivos

Estudos anteriores do nosso grupo demonstraram que o tratamento com ácido

fólico em ratos que sofreram hipóxia-isquemia (HI) foi capaz de reverter o

déficit na memória aversiva desses animais. Neste trabalho, nosso objetivo foi

avaliar a memória espacial no labirinto aquático de Morris de animais

submetidos à HI e tratados com ácido fólico.

Materiais e Métodos

Foram utilizados ratos Wistar machos e fêmeas, que sofreram o procedimento

de HI no 7º dia pós-natal (DPN). Esses animais foram tratados diariamente, a

partir do 7ºDPN, uma vez ao dia, com injeções diárias, I.P, de ácido fólico

(0,011µmol/g de peso corporal) até o 40 º DPN. Os animais foram divididos em

quatro grupos experimentais: Controle-Salina, Controle-Ácido fólico, HI-Salina e

HI-Ácido fólico. Após o tratamento os animais foram submetidos ao teste para

memória espacial no labirinto aquático de Morris. O teste consistiu em quatro

sessões diárias de treino, onde a plataforma permaneceu no mesmo local,

durante cinco dias consecutivos. Vinte quatro horas após o treino, os animais

foram avaliados para a memória espacial, sem a plataforma durante 60

segundos, utilizando as variáveis tempo no quadrante alvo e oposto, latência e

número de cruzamentos. Os dados referentes ao aprendizado foram

submetidos à análise de variância (ANOVA) de medidas repetidas seguido do

post hoc de Duncan. Os demais dados foram submetidos a ANOVA de duas

vias seguido do teste de Duncan. Foram considerados valores significativos

p<0,05.

Resultados

Nossos resultados demonstraram que os animais HI-Salina apresentaram

prejuízo no aprendizado durante o treino quando comparado aos demais

97

grupos. Esse prejuízo foi verificado também pelo menor número de

cruzamentos e maior latência para encontrar o alvo no dia de teste.

Conclusão

Nossos resultados demonstraram que o ácido fólico não foi efetivo no

tratamento do déficit na memória espacial apresentado pelos animais

hipóxicos-isquêmicos.

Apoio Financeiro: FAPERGS, CNPq

98

50 ALTERAÇÕES ASTROGLIAIS E NA VIA DE SINALIZAÇÃO DAS MAPKs

EM RATOS APÓS A ADMINISTRAÇÃO SUBCRÔNICA ORAL DE

BENZO[a]PIRENO . Maciel É.S.1**, Biasibetti, R.2, Costa A.P.3, Paula Lunardi2,

Schunck, R.V.A.1, Becker G.C.6, Dallegrave, E.5, Gonçalves C.A.2, Garcia

S.C.4, Leal R.B.3, Leal M.B.1,6.1Programa de Pós Graduação em Ciências Biológicas - Neurociências, Instituto

de Ciências Básicas da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

Porto Alegre, RS, Brazil. 2Departamento de Bioquímica, Instituto de Ciências

Básicas da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,

RS, Brasil. 3Departamento de Bioquímica, Centro de Ciências Biológicas,

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil. 4Laboratório

de Análises e Pesquisas Toxicológicas, Departamento de Análises, Faculdade

de Farmácia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS,

Brasil. 5Departamento de Ciências Básicas da Saúde. Universidade Federal de

Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)/RS. 6Laboratório de

Farmacologia e Toxicologia de Produtos Naturais, Departamento de

Farmacologia, Instituto de Ciências Básicas da Saúde, Universidade Federal do

Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil

Introdução: Benzo[a]pireno (BaP) é um contaminante ambiental produzido

durante a combustão incompleta de material orgânico. Por ser capaz de

atravessar a barreira hemato-encefálica, BaP pode atingir o sistema nervoso

central (SNC), causando neurotoxicidade. No entanto, existem poucos estudos

sobre as alterações moleculares, celulares e comportamentais após a

exposição ao BaP. Lesões no SNC podem ativar respostas astrocitárias que

envolvem mudanças no conteúdo da proteína glial fibrilar ácida (GFAP) e na

proteína S100β. Além disso, as vias de sinalização celular, tais como as

proteínas quinases ativadas por mitogêneos (MAPKs), que regulam a

proliferação celular, sobrevivência e morte, bem como a neuroplasticidade, em

muitos casos estão envolvidas no mecanismo de neurotoxicidade de

substâncias tóxicas ambientais. Objetivos : Avaliar o efeito da administração

oral subcrônica de BaP em parâmetros comportamentais e neuroquímicas.

Metodologia: Após aprovação número 18287(CEUA/UFRGS). Ratos Wistar

machos (90 dias, peso 250-300g) foram tratados com BaP (2 mg/kg) ou óleo de

99

milho (controle) via gavagem, uma vez ao dia, durante 28 dias (n=12/grupo). A

atividade locomotora espontânea (Insight Equipamentos Ltda) e a memória de

curta e de longa duração (teste de reconhecimento de objetos) foram

avaliadas. O imunoconteúdo de GFAP e S100β em hipocampo, soro e líquor

foram medidos através de ELISA, enquanto que as formas totais e fosforilada

de MAPKs (ERK1/2, p38MAPK e JNK1/2) foram avaliadas em hipocampo por

Western blotting. Análise estatística: teste de reconhecimento de objetos

(Mann-Whitney U teste) e os demais resultados (teste t de Student).

Resultados: BaP induz um aumento significativo (p<0,05) na atividade

locomotora (BaP: 8428,587±947,08mm x controle: 5517,92±673,98mm) e um

decréscimo na memória de curta duração (Índice de Reconhecimento: BaP:

46,0[43,3/50,0] x controle: 55,9[53,5/58,4]). O conteúdo de S100β aumentou

significativamente (p<0,05) no líquor (BaP=281,9±54,88 x controle=100±30,98

ng/mL), mas reduziu (p<0,05) no soro (BaP=42,03±8,70 e controle=100±23,98

ng/mL). O conteúdo de GFAP hipocampal aumentou (p=0,07) nos animais

tratados com BaP, sugerindo uma tendência à astrogliose. Em relação à

modulação de MAPKs, o tratamento com BaP induziu uma redução (p<0,01) da

fosforilação de ERK2 no hipocampo, sem alterações na fosforilação de p38MAPK

ou JNK 1/2. Conclusão: BaP 2mg/kg induziu alterações comportamentais e

neuroquímicas que podem estar envolvidas nos mecanismos de

neurotoxicidade deste composto.

Apoio financeiro: CNPq, CAPES, INCT- Instituto Nacional de Análise

Integrada do Risco Ambiental e PROPESQ/UFRGS.

100

Índice de autores

(ordenado alfabeticamente pelo sobrenome do primeir o autor) Númerodoresumo

ALVES MB, REIS AR, NUNES M, GRUPO IVAPSA, GOLDANI MZ, SILVEIRA PP 44

Arcego, Danusa Mar; Rachel Krolow; Carine Lampert; Cristie Noschang; TamiresBen; Carla Dalmaz.

6

Bellaver, Bruna, Débora Guerini de Souza, Aline Boni, Diogo Souza, AndréQuincozes-Santos.

42

Bonetti, Leandro Viçosa, Ana Paula Krauthein Schneider, Silvia Barbosa, JocemarIlha, Maria Cristina Faccioni-Heuser

11

Boni, Aline, Débora Guerini de Souza, Bruna Bellaver, Diogo Souza, AndréQuincozes-Santos

41

Boos, F.Z., de Oliveira Alvares, L., Sierra, R.O., Crestani A.P., Dutra, F.D., Cassini,L.F., Santana F., Haubrich, J., Zanona, Q.K., Duran J.M., Quillfeldt, J.A.

35

Bortoluzzi, Andressa, Eduarda Dias da Rosa, Carolina Blaya , Giovanni AbrahãoSalum, Sandra Leistner-Segal, Gisele Gus Manfro

39

Brolese, Giovana, Paula Lunardi, Franciane L. Pedroso, Núbia B. Cunha, CarlosAlberto Saraiva Gonçalves

27

CARLETTI, JAQUELINE VIEIRA, BRUNA FERRARY DENIZ, JOSEANE JIMENEZROJAS, LUÍSA MARTINATO, RAMIRO DIAZ, LENIR ORLANDI PEREIRA

49

Chairini, Cássia Thomé, Mery S. L. Pereira, Marcela M. Cavalheiro, Kamila Zenki,Rafael Zanin, Eduardo C. Filippi Chiela, Guido Lenz e Diogo Lösch de Oliveira.

15

Córdova, Sandro Daniel, ⊥Cássio Morais Loss, Fabiano Peres Menezes, ⊥EduardoPacheco Rico, Diogo Losch de Oliveira

19

Corrêa, C.N ., Henriques T.P., Diehl L.A., Souza M.A., Alves M. B., Menegotto P.R.,Veiga C.P., Dalmaz C., de Almeida R.M.M., Lucion A.B.,

47

CRESTANI, A. P., DE OLIVEIRA ALVARES, L. , SANTANA, F., ORDOÑEZ, R. S.,CASSINI,. F., HAUBRICH, J., DUTRA, F. D, ZANONA, Q, DURAN, J. M., BOOS, F.Z., QUILLFELDT, J. A.

46

Cunha, Núbia Broetto, Márcio F. Dutra, Roberta B. Silvestrin, Cristiane Batassini,Ana Carolina Tramontina, Carlos Alberto Saraiva Gonçalves

10

da Mata, M.J.; Schenberg, L.C.; Bittencourt, A.P.S.V. 4

de Abreu, L.D.; Rangel, I.C.; Müller, C.J.T.; Bittencourt, A.P.S.V., Bittencourt, A.S. 3

Galland F., Strapazzon L., Guera MC., Negri E., Da Re C., Froes F., Gonçalves CA.,Leite MC.

18

Kersting, Nathália, Simone N. Weis, Leticia Pettenuzzo, Rachel Krolow, Lauren M.Valentim, Carina S. Mota, Carla Dalmaz, Angela T.S. Wyse, Carlos Alexandre Netto

9

Klein, AP, Fitarelli LD, Leães CGS, Pereira Lima JFS, Barea LM, Oliveira MC 45

Lampert C.; Arcego, D. M.; Krolow, R.; Noschang, C.; Laureano D. P.; Lima, I.F. ;Diehl, L.A.; Dalmaz C.; Pettenuzzo, L.F.; Vendite, D.

36

Laureano, Daniela Pereira, Carla da Silva Benetti, Roberta Dalle Molle, Tania DinizMachado, André Krumel Portella, Fernanda Urruth Fontella, Patricia Pelufo Silveira

24

Leffa, Douglas T., Jussemara S. da Silva, Grasielle C. Kincheski, Diogo O. Souza,Pablo Pandolfo

7

101

Lopes, Fernanda M., Augusto Viana Pires, Lisiane Bizarro. 2

Lovatel, Gisele Agustini, Viviane Rostirola Elsner, Karine Bertoldi, Cláudia Vanzella,Felipe dos Santos Moysés, Christiano Spindler, Laura Reck Cechinel, CarlosAlexandre Netto, Ionara Rodrigues Siqueira

48

Machado, Andréa Guedes, Ana Paula Nazario, Tatiane Jacobsen da Rocha, TaináLudmila Ramos Fonseca, Paola Dornelles, Caroline Reppold, Marilu Fiegenbaum,Luciana Tisser, Fabiana de Andrade, Alcyr Oliveira

23

Maciel, É.S., Biasibetti, R., Costa A.P., Paula Lunardi, Schunck, R.V.A., Becker G.C.,Dallegrave, E., Gonçalves C.A., Garcia S.C., Leal R.B., Leal M.B.

50

Medeiros, Liana Marengo de, Eduardo Pacheco Rico, Fernanda Martins Lopes,Giovana Ferreira Londero, Valeska Aguiar de Oliveira, Fabio Klamt

20

Menezes, Carolina B., Mirtes Pereira, Lisiane Bizarro 38

Moro, Luana, Ben Hur M. Mussulini, Carlos E. Leite, Suelen Baggio, Kamila C.Zenki, Denis Broock Rosemberg, Eduardo Pacheco Rico, Renato D. Dias, Tadeu M.Souza, Maria M. Campos, Maria E. Calcagnoto, Ana M. Battastini, Diogo L. deOliveira.

12

Mucellini, Amanda Brondani, Rafael Corrêa Caceres, Ana Carla de Araújo da Cunha,Jéferson Ferraz Goularte, Grace Violeta Espinoza Pardo, Patrícia Pelufo Silveira,Gilberto Luiz Sanvitto

43

Ourique, Anna, Letícia Bertuzzi, Patrícia Silva, Élida Fluck, Arthur Bastos, GiovaniGatto, Alcyr Oliveira

26

Paz, André V. C., Bianca Pfaffenseller, Bianca Wollenhaupt de Aguiar, GabrielRodrigo Fries, Gabriela Delevati Colpo, Renan Kubiachi Burque, Giovana Bristot,Pâmela Ferrari, Keila Mendes Ceresér, Fábio Klamt, Flávio Kapczinski

30

Pires, Augusto Viana, Jonatas Passos*, Leticia Scheidt, Rosa Maria Martins deAlmeida, Lisiane Bizarro

8

Porto, R. R; Zancan, Denise, M; Bittencourt, A; Scomazzon, S; Rakowski, I; Lima,Leandro L; Bandeira, B.B; De Cesare , M; Homem de Bittencourt, P.I. Jr.

17

Rocha, A., J. Espinosa, M. S. Costa, F. Nunes, V. Schein, V. Kazlauckas, E.Kalinine, D. O. Souza, R. A. Cunha, L. O. Porciúncula

21

Sallaberry, Cássia, Fernanda Nunes, Marcelo S. Costa, Gabriela T. Fioreze, Ana P.Ardais, Paulo H. Botton, Bruno Klaudat, Thomas Forte, Diogo O. Souza, ElaineElisabetsky, Lisiane O. Porciúncula

16

Santana, F., De Oliveira Alvares, L., Duran, J.M., Zanona, Q.K, Sierra, R.O. Cassini,L.F, Crestani A.P., Boos, F.Z., Haubrich, J., Dutra, F.D., Quillfeldt, J.A.

32

SCHUNCK, R. V. A., MACIEL, É. S., BECKER, G. C., SALOMON, J., BRANCO, C.S., DALLEGRAVE, E., SALVADOR, M., GARCIA, S. C., LEAL, M. B

25

SIERRA, R. O. , CASSINI, L. F. , DE OLIVEIRA ALVARES, L., SANTANA, F. ,CRESTANI, A. P. , DURAN, J. M. , BOOS, F. Z. , HAUBRICH, J. , DUTRA, F. D. ,ZANONA, Q. K. , QUILLFELDT, J.

28

Silva, A.C.; Marengo, L.; Lopes,F.; Londeiro, G. F.; Muller, C. B., Motta, L.L.; Freitas,M.B; Klamt, F

5

SOARES, F.J.S., SZCZEPANIAK, R.F., VITÓRIA, P.S., BORK, C., COLLARES G.,BAINY, B.K., GAMARO, G.D.

14

SORRENTINO, J. M.; ABIB, R. T.; BATASSINI, C.;DUTRA, M. F.;BORSOI, M.;LAZZARETTI, C.;SILVESTRIN, R. B.;GONÇALVES, C. A; MELLO E SOUZA, T.;GOTTFRIED, C.

37

Toazza, Rudineia , Giovanni Abrahão Salum , Rafaela Behs Jarros , SuzielleMenezes Flores , Flávia Vedana, Jeruza Fumagalli de Salles, Gisele Gus Manfro

22

Toniolli, Leticia Dapont, Adriana Fernanda Kuckartz Vizuete, Daniela Fraga de 34

102

Souza, Cristiane Batassini, Márcio Ferreira Dutra, Ana Paula Costa, Carlos AlbertoSaraiva Gonçalves

Viola, Giordano G.; Paula G. Dias ; André Colla; Sabrina Y. I. Minatelli; CamilaZanella; Ana L. S. Rodrigues

29

VITÓRIA, P.S., SOARES, F.J.S. ,SZCZEPANIAK, R.F.,BORK, C., COLLARES G.,BAINY, B.K., SILVA, A.L., GAMARO, G.D.

40

Weis, S.N., Toniazzo, A.P., Ander, B.P., Zhan, X., Careaga, M., Ashwood, P., Sharp,F.R., Wyse, A.T.S., Netto, C.A

31

Willborn, S., Sanches, E., Boisserand, L., Nicola, F., Delgado, T., Netto, C.A 13

Zanella, Camila Angela, Paula Santana Lunardi, Tanara Weber, Assis Ecker, AlineRosset, Carlos Alberto Gonçalves, Rogério Luis Cansian, Silvane Souza Roman

1

ZANONA, Q. K., SANTANA, F., DE OLIVEIRA ALVARES, L., SIERRA, R. O.,CASSINI, L. F., CRESTANI, A. P., BOOS, F. Z. , DURAN, J. M., HAUBRICH, J.,DUTRA, F. D., QUILLFELDT, J. A.

33