01 Fluidos de Corte

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECNICA EMC 5202 Usinagem dos Materiais Prof. Lourival Boehs

FLUIDOS DE CORTE

Acadmicos 1. Douglas Saito Melo 07244005 2. Louise Novello Btzner 07139034 3. Marcelo Reami Salati 06139063

Florianpolis, Setembro de 2010

Resumo: Em comparao ao todo que a usinagem abrange, fluidos de corte correspondem a uma pequena parcela, que possuem uma extensa lista de variveis atualizadas a todo o momento devido ao estudo e tecnologia envolvidos nesta rea. Com a finalidade de compreender a gama de aplicao dos fluidos de corte, preciso analisar em que momento vantajosa a utilizao destes fluidos e saber avaliar os diversos tipos existentes hoje na indstria e o modo de atuao de cada um no processo de usinagem desejado. Alm das qualidades desejadas para a aplicao, deve-se pensar nas conseqncias da escolha do fluido, sobre como se dar a sua manuteno e quais os impactos ambientais envolvidos em seu descarte.

Palavras-chave: fluidos de corte, usinagem, lubrificao, arrasto de cavaco, refrigerao.

Figura 1. Fluidos de corte comerciais. Fonte: Newman Tools, Inc. (www.newmantools.com)

SUMRIO INTRODUO 1. JUSTIFICATIVA DA UTILIZAO DE FLUIDOS DE CORTE 2. FLUIDOS DE CORTE 2.1) Funes 2.2) Propriedades desejveis a um fluido de corte 3. TIPOS DE FLUIDOS DE CORTE E SUAS CARACTERSTICAS 3.1) Miscveis com gua 3.2) No miscveis com gua 3.3) Gases e nvoas 3.4) Slidos 4. SISTEMAS DE APLICAO 4.1) Sistemas de circulao de fluidos de corte 4.2) Formas de aplicao 4.3) Aplicao em processos 5. CRITRIOS DE SELEO 5.1) Material da pea 5.2) Material da ferramenta 5.3) Processo de usinagem 5.4) Tipo de mquina 6. MANUTENO DOS FLUIDOS DE CORTE 6.1) Armazenagem 6.2) Preparao 6.3) Tratamento 6.4) Descarte 7. ASPECTOS NOCIVOS DOS FLUIDOS DE CORTE 7.1) Impactos ao ser humano 7.2) Impactos ambientais relacionados aos fluidos de corte 8. MTODOS ALTERNATIVOS DE USINAGEM 8.1) Usinagem a seco 8.2) Corte com mnima quantidade de fluido 8.3) Fluidos de corte biodegradveis 9. FORNECEDORAS NO BRASIL REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 4 5 6 6 7 9 9 14 16 16 17 18 19 21 25 25 27 28 30 32 34 34 34 38 40 40 41 43 43 44 46 47 49

INTRODUO

visvel a dificuldade de se encontrar atualmente algum tipo de componente utilizado na indstria que no tenha passado, em algum estgio de fabricao, por processos de usinagem. Assim, torna-se essencial a obteno de conhecimento acerca das variveis que afetam diretamente o processo. Nessas variveis encontram-se algumas de extrema importncia, entre elas pode-se citar a temperatura de usinagem, a qual depende diretamente do atrito gerado pelo conjunto pea-ferramenta. Nesse contexto, para que se avalie o desempenho global obtido preciso definir um conceito de usinabilidade. Uma definio bastante simples, porm pertinente, aquela que faz considerao interao existente entre o material da pea, a ferramenta e o fluido de corte. Com o intuito de controlar a temperatura de forma eficiente, melhorando o processo e seu custo-benefcio, as pesquisas sobre fluidos de corte (lubrificantes e refrigerantes) so cada vez mais intensas. Mas atualmente, face grande tendncia de preocupao ambiental, a utilizao dos fluidos de corte tem sido bastante questionada. Embora tenham significativa importncia dentro da maioria dos processos de produo, os fluidos de corte apresentam-se como um dos principais agentes nocivos ao homem (operador e meio ambiente). Como conseqncia, em especial da forma incorreta de descarte e no reciclagem que agridem o meio ambiente, os rgos de legislao ambiental tm exigido, atravs da imposio de leis ambientais rigorosas, a restrio de sistemas que provocam tais problemas. Alm disso, grande ateno tem sido dada aos custos envolvidos no processo de aplicao de fluidos de corte. Suas principais funes so: reduo do atrito (lubrificao), reduo do calor (refrigerao) e auxlio ao transporte de cavacos (limpeza).

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1. JUSTIFICATIVA DA UTILIZAO DE FLUIDOS DE CORTE

Atrito e temperatura de corte Durante os processos de usinagem, a retirada de material atravs da penetrao da ferramenta de corte na pea gera calor na interface pea/ cavaco/ ferramenta devido ao atrito, deformao plstica e ao cisalhamento de material ocorridos. As temperaturas geradas dependem diretamente das condies de corte empregadas (como velocidade de corte, avano e profundidade de usinagem) e da utilizao de fluido de corte. Porm, de uma maneira geral, a temperatura afetada principalmente pela velocidade de corte: estima-se que 80% do calor tenha origem pela deformao mecnica do cavaco, 18% pelo atrito do cavaco na sada da superfcie da ferramenta e somente 2% gerado pelo atrito da ferramenta com a pea (Yuhara, 2001). A temperatura gerada pode ser excessivamente alta, comprometendo, assim, o tempo de vida da ferramenta e podendo trazer alteraes dimensionais pea. Por exemplo, a temperatura na zona de cisalhamento do material pode chegar a variar entre 900 e 1300C na usinagem de ao utilizando ferramenta de metal duro, de acordo com Yuhara (2001). Ademais, sabe-se que a maior parte da energia utilizada para o cisalhamento do material convertida em calor, sendo que, desta, cerca de 75% removida pelo cavaco os 25% restantes so distribudos entre a pea, a ferramenta e o meio (Yuhara, 2001); sendo que um maior foco deve ser dado elevao da temperatura da ferramenta. Esta geralmente possui dimenses menores que a pea sendo usinada, e absorve aproximadamente quatro vezes mais energia trmica durante o processo. Alguns dos mecanismos mais importantes ativados pelo aquecimento excessivo da ferramenta so: a deformao plstica superficial causada pelo cisalhamento a altas temperaturas, a deformao plstica da aresta de corte sob tenses de compresso, a difuso e a formao de trincas trmicas. A energia desprendida com o cavaco no traz problemas ao processo (exceto os riscos para a segurana do operador, que podem facilmente ser contornados) e porque a quantidade de calor que flui para a pea no significativa. A introduo de fluidos de corte, por sua habilidade de reduzir significativamente o atrito de corte, refrigerao e arraste de cavaco auxilia na implementao de maiores velocidades de corte e maior produtividade, e ainda impacta positivamente na durabilidade da ferramenta. 5

2. FLUIDOS DE CORTE

2. 1) Funes

a) Refrigerao A refrigerao da ferramenta considerada a principal funo dos fluidos de corte quando utilizadas altas velocidades de corte, caso em que ocorre a mxima solicitao mecnica da ferramenta e a temperatura do gume se aproxima do ponto de amolecimento (Stemmer, 2005). Dessa forma, quando refrigeradas, o tempo de vida das ferramentas aumentado, pois se previne que estas atinjam sua temperatura crtica que afetaria caractersticas fsicas e qumicas. Tambm h aumento da preciso dimensional. Para eliminar eficientemente o calor, desejvel que o fluido apresente baixa viscosidade (para melhor penetrar na interface), boa molhabilidade (capacidade de molhar a superfcie slida em contato) e altos valores de condutividade trmica e calor especfico (para armazenar e conduzir o calor a taxas altas). b) Lubrificao A reduo do atrito na interface pea/ cavaco/ ferramenta acaba, tambm, por reduzir a produo de calor na mesma. Porm, uma vez que apenas cerca de do calor da usinagem produzido pelo atrito, a lubrificao considerada funo secundria dos fluidos de corte. Entretanto, indiretamente, a lubrificao reduz o trabalho de dobramento do cavaco (Stemmer, 2005). Tambm, em virtude das elevadas presses de contato das interfaces (da ordem de 2700 MPa) difcil formar uma camada de fluido de espessura suficiente para lubrificao, e a real eficcia dessa funo discutvel (Stemmer, 2005). A situao gerada a de lubrificao limite, quando a pelcula do lubrificante apresenta espessura molecular (Vieira, 2010). Assim, pode ocorrer soldagem momentnea entre as superfcies em contato. Logo, um fluido lubrificante deve resistir a altas temperaturas e presses, possuir boas propriedades anti-aderentes e viscosidade adequada (deve ser alta o suficiente para aderir s superfcies e relativamente baixa para melhor penetrar na interface).

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c) Transporte de cavacos O cavaco deve ser retirado da rea de corte da usinagem para no comprometer o acabamento da pea, danificar a ferramenta ou mesmo impedir a usinagem. A remoo do cavaco pode ocorrer por esforo mecnico (literalmente arrastando o cavaco quando flui pela regio usinada); por resfriamento brusco, que fragiliza o material (facilitando a quebra do cavaco) ou por alta presso do jato de fluido na rea de corte (atuando como quebra cavaco). O transporte de cavacos como funo do fluido de corte especialmente til em furao, destacando a furao profunda e com brocas canho (Stemmer, 2005). Em funo semelhante ao transporte de cavaco, fluidos de corte podem tambm ser aplicados para prevenir a formao de gume postio, atravs da aplicao de fluidos com aditivos de extrema presso na superfcie de sada da ferramenta.

d) Proteo contra a corroso Para evitar corroso, um fluido deve prevenir que o metal entre em contato com umidade e oxignio, atravs da formao de uma pelcula protetora; pois metais ferrosos recm usinados tendem a oxidar rapidamente, uma vez que qualquer camada de proteo que possuam previamente removida ou alterada durante o corte. Caso o fluido de corte utilizado seja gua ou base desta, misturam-se aditivos anticorroso ou leos emulsificadores.

2.2) Propriedades desejveis a um fluido de corte

Alm das funes j apresentadas, o fluido de corte deve ter ainda algumas qualidades acessrias. As qualidades exigidas variam com a aplicao, no existindo um fluido com caractersticas universais, o qual atenda a todas as exigncias de qualquer processo de usinagem em qualquer condio. O acrscimo de certos aditivos, por exemplo, melhora algumas qualidades do fluido, porm, piora outras. Dessa forma, o constante estudo sobre cada caso torna-se imprescindvel para a seleo do fluido mais adequado para o processo e as condies em que se est trabalhando. Alguns exemplos de qualidades adicionais que os fluidos de corte devem apresentar esto listados a seguir:

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Preveno contra soldagem cavaco/ ferramenta

Reduo do consumo de energia, fora e potncia necessrias ao corte Prevenir a formao e/ou eliminar o gume postio Limpeza da superfcie de sada Resistncia a infeco por fungos ou bactrias No ser nocivo a sade Facilidade de preparao e manuteno No atacar metais, plsticos, borrachas ou outras peas da mquina Boa transparncia, para no impedir a visibilidade do processo Baixa inflamabilidade No afetar ou poluir o meio ambiente No ter odor desagradvel Boa molhabilidade e resistncia a altas presses Boa filtrabilidade No formar espuma

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3. TIPOS DE FLUIDOS DE CORTE E SUAS CARACTERSTICAS

3.1) Miscveis com gua

A gua o mais eficiente condutor de calor, ideal para operaes de altas velocidades e temperaturas, porm suas caractersticas corrosivas e de baixo efeito lubrificante limitam o seu uso. Para melhorar suas qualidades so usados aditivos. Dentre os fluidos miscveis com gua encontram-se as chamadas solues aquosas (sintticos), e as emulses (semi-sintticos e leos solveis).

a) Sintticos

Figura 2. Aplicao de fluido sinttico operao com serra fita. Fonte: Metal Sawing Technology, Inc (http://www.houstonhydmechsawservice.com/hydmech_service.cfm)

Fluidos sintticos no possuem leo mineral ou derivados de petrleo. Eles foram introduzidos no final dos anos 50 (Iowa, 2003). Consistem geralmente de elementos qumicos lubrificantes e inibidores de corroso dissolvidos em gua. Assim como os leos solveis, os fluidos sintticos so fornecidos como um concentrado que se mistura na gua para formar o fluido. Por causa da sua capacidade de resfriamento, sintticos so preferidos para operaes de alta temperatura e alta velocidade. Esses fluidos tambm so desejveis quando se necessita de um fluido transparente e que forma pouca espuma. Hoje em dia, com o avano da tecnologia de fluidos de corte, os fluidos sintticos podem ser utilizados na maioria das operaes de corte.

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Os seguintes agentes qumicos podem ser encontrados na maioria de fluidos sintticos (Iowa, 2003): Aminas e Nitratos para proteo contra ferrugem; Nitratos; Fosfatos e boratos para reduzir a dureza da gua; Sabes e agentes molhantes para aumentar a lubrificao; Compostos fosforosos, cloros e enxofre (aditivos de extrema presso).

Vantagens dos sintticos: Excelente controle microbitico; No inflamvel, no produz fumaa e pouco txico; Qualidade refrigerante superior; Maior estabilidade quando misturado gua dura; Pouca formao de nvoa e espuma; Os sintticos so facilmente separados da pea, facilitando a limpeza e manuseio; Perde-se menos fluido, pois este no adere tanto ferramenta e ao cavaco;

Desvantagens dos sintticos: Tem lubricidade muito limitada; Podem lavar o filme lubrificante de guias e mancais; Podem causar irritao de pele; Controvrsia em relao as nitrosaminas. (Sob certas condies de pH e de temperatura, as misturas de alcanolaminas com nitritos, podem formar nitrosaminas, que injetadas em animais tem mostrado efeitos cancergenos) (Stemmer, 2005).

Apesar dos sintticos apresentarem menos problemas que os fluidos base de leo, uma agitao muito forte pode causar a formao de espuma e nvoas. Fluidos sintticos so facilmente contaminados por outros fluidos e precisam ser

constantemente monitorados e cuidados para que possa ser utilizado com eficincia. Os sintticos, porm, podem ser aditivados com agentes molhantes, que evitam problemas com as guias e outras partes mveis da mquina. Podem tambm ser

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usados aditivos de extrema presso (EP) que permitem seu uso em operaes difceis (Stemmer, 2005). No geral, os fluidos sintticos so de fcil manuteno e tem bom tempo de vida, e podem ser utilizados em uma grande variedade de processos de usinagem. Se adicionadas pequenas quantidades de leo para melhorar as qualidades lubrificantes, tm-se os fluidos semi-sintticos. b) Semi-Sintticos

Figura 3. Aplicao de fluido de corte semi-sinttico. Fonte: Eastopet (http://www.eastopet.com/semi_synthetic_cutting_oil.html).

Semi-sintticos

(tambm

conhecidos

como

fluidos

semi-qumicos)

so

essencialmente um hbrido de leos solveis e fluidos sintticos. Eles contm pequenas disperses de leo mineral, geralmente de 2 a 30% em um composto que se dilui em gua (Iowa, 2003). O restante do composto consiste em emulsificadores e gua. Agentes molhantes, inibidores de corroso e biocidas tambm compe o concentrado. Fluidos semi-sintticos podem variar de quase opacos at quase transparentes, isto causado por pequenos glbulos de leos que ficam suspensos, alterando a quantidade de luz refletida e refratada. A maioria dos semi-sintticos sensvel ao calor e as molculas de leo tendem a se agrupar ao redor da pea durante a usinagem fornecendo maior lubrificao. Vantagens dos Semi-Sintticos: assim como sintticos, semi-sintticos so adequados para inmeros tipos de processos de usinagem e so mais fceis de cuidar que leos solveis. Esses fluidos fornecem uma boa lubrificao para trabalhos de mdia e grande dificuldade. Suas propriedades de resfriamento tambm so melhores 11

do que os leos solveis em geral, permitindo ao usurio cortar em velocidades maiores. So menos viscosos que um leo solvel. Os fluidos semi-sintticos tambm so eficientes contra o desenvolvimento bactrias, geram pouca fumaa e nvoa de leo. Sua vida til maior e possuem uma boa proteo contra corroso (Iowa, 2003). Desvantagens dos Semi-Sintticos: a dureza da gua afeta a estabilidade de semisintticos podendo causar a formao de depsitos de gua dura. Os semi-sintticos formam espuma facilmente devido aos seus aditivos de limpeza e geralmente oferecem menos lubrificao do que os leos solveis (Iowa, 2003).

c) Emulses

Figura 4. Aplicao de uma emulso em processo de furao. Fonte: Direct Industry (http://img.directindustry.com/images_di/photo-g/cutting-oil-62071.jpg)

So tambm conhecidas como leos solveis em gua. So formadas de 60 a 90% de leo, emulsificadores e outros aditivos (Iowa, 2003). Um concentrado misturado com gua para formar o fluido de corte. Quando misturados, emulsificadores causam a disperso do leo na gua formando uma soluo estvel de gua-leo. Os emulsificadores tambm provocam a adeso do leo na pea durante a operao. Partculas emulsificadoras refratam a luz, fazendo com que o fluido apresente uma aparncia opaca e leitosa. Os principais agentes emulsificadores usados so sabes, sulfatos e sulfonatos (Stemmer, 2005).

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Vantagens dos leos solveis: leos solveis possuem uma boa capacidade de resfriamento e lubrificao devido mistura da gua e leo. Esses leos tendem a deixar uma pelcula protetora de leo nas peas da mquina. Estes fluidos so ideais para trabalhar com metais ferrosos e no ferrosos de dificuldade de trabalho leve e mdio. Embora no lubrifiquem to bem quanto os leos integrais, agentes molhantes e aditivos de extrema presso (tal como cloro, fsforo ou compostos sulfurosos) podem estender o seu uso para operaes de maior dificuldade, como o brochamento e fresagem por gerao de engrenagens. A maioria dos cortes que utilizam leos integrais como fluido podem ser realizados utilizando leos solveis com aditivos (Iowa, 2005). Desvantagens dos leos solveis: a presena de gua torna os leos solveis mais perecveis e susceptveis perda por evaporao. A presena da gua pode tambm acarretar em problemas de corroso e de proliferao de bactrias, porm os leos solveis so geralmente formulados com aditivos que fornecem proteo contra corroso e que inibem a proliferao de bactrias. Outras desvantagens dos leos solveis so: Elevados custos de manuteno para preservar as caractersticas desse tipo de fluido; Constante controle da quantidade de leo nas emulses, pois mais leo que gua se adere aos cavacos e a pea acabada. Quando misturados com gua dura, leos solveis podem formar precipitados nas peas, ferramentas e mquinas; Dos fluidos miscveis em gua, os leos solveis so os mais difceis de limpar aps o seu uso devido justamente ao leo; Formao de nvoa provocando um ambiente de trabalho inseguro e sujo.

Em virtude dessas desvantagens, leos solveis esto sendo substitudos cada vez mais por fluidos de corte sintticos e semi-sintticos. Em comparao com os leos integrais, tanto as solues como as emulses tm custo inicial baixo, mas em virtude de sua vida limitada, exigem despesas mais elevadas de controle, manuteno e descarte (Stemmer, 2005).

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3.2) No-miscveis com gua

a) leos integrais

Figura 5. Aplicao de leo integral. Fonte: Todays Machining World (http://www.todaysmachiningworld.com/how-it-works-cuttingfluids/).

So chamados de leos integrais pois no possuem gua na sua composio. Podem ser classificados em: leos minerais, leos graxos, leos mistos e leos com aditivos. Como regra geral, todos leos integrais apresentam baixa capacidade de refrigerao e alta capacidade de lubrificao se comparados com os fluidos miscveis em gua. leos minerais puros: apresentam uma boa proteo contra corroso, porm sua capacidade de lubrificao limitada em condies de extrema presso. So utilizados para operaes leves, e se mantidos limpos, podem ser usados por longo tempo. leos Graxos: leos formados de longas cadeias de carbono com extremos polarizados que aderem fortemente nas superfcies. So bons lubrificantes at em condies de extrema presso. Com o tempo, se rancificam (decompem), apresentando um odor desagradvel. So usados tanto leos de origem animal quanto vegetal, tais como leo de baleia, banha, leo de soja, etc. leos Mistos: mistura de leos graxos e leos minerais. Possuem uma boa molhabilidade e propriedades lubrificantes. Porm, em temperaturas acima de 150C esses leos perdem seu efeito lubrificante. Por isso so empregados em operaes de difcil usinagem de baixas velocidade e temperatura, onde se exige com acabamento superficial, como em usinagem de lato, alumnio e cobre. Estes leos no mancham

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os metais, mas tem pouca resistncia ao envelhecimento, produzindo odores desagradveis. Aditivos esto sendo aperfeioados para evitar estes inconvenientes. leos com aditivos EP: aditivos servem para melhorar propriedades de um leo, geralmente no so necessrios para cortes de pequena dificuldade. Quando existem elevadas foras de corte, so utilizados estes aditivos de extrema presso (EP), compostos por enxofre, cloro e compostos fosforosos que aumentam a habilidade do leo de revestir a ferramenta de corte e a pea, formando na zona de corte sulfetos, cloretos ou fosfetos, constituindo uma pelcula anti-solda na face da ferramenta e assim, minimizando a formao do gume postio (Stemmer, 2005). Vantagens dos leos integrais: a principal vantagem dos leos integrais a sua capacidade de lubrificao. So bons para cortes de baixa velocidade que exigem acabamentos mais finos. Apesar do seu alto custo, os leos integrais so aqueles que proporcionam uma conservao prolongada para a ferramenta. Eles tambm fornecem uma boa proteo contra a corroso, podem ser mantidos em reservatrios por perodos longos e so de fcil manuteno. Desvantagens dos leos integrais: as desvantagens dos leos integrais incluem a dificuldade em dissipar calor e o alto risco de fogo. Esses fluidos podem gerar nvoa e fumaa nocivas sade do operador, resultando em um ambiente de trabalho inseguro principalmente quando as mquinas de corte no possuem proteo ou sistema de ventilao adequada. leos integrais geralmente so utilizados apenas para o corte de baixa velocidade e temperatura. A pelcula formada sobre a pea atrapalha a limpeza, necessitando a utilizao de solventes de limpeza (Iowa, 2003).

A tabela abaixo mostra as diferentes caractersticas obtidas com os diversos tipos de fluido, de acordo com a classificao apresentada.Tabela 1. Tipo de fluido versus qualidade obtida 1 = Ruim; 2 = Bom; 3 = timo; 4 = Excelente.

Sinttico Calor removido 4 Lubrificao 1 Manuteno 3 Filtrabilidade 4 Danos ambientais 4 Custo 4

Semi-sinttico 3 2 2 3 3 3

leo solvel 2 3 1 2 2 2

leo mineral 1 4 4 1 1 1

Fonte: Webster (2005), citado em Thom (2006).

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3.3)

Gases e nvoas Entre os fluidos gasosos utilizados, o ar o mais comum. O ar comprimido

utilizado para melhorar a retirada de calor e expulso do cavaco da zona de corte. Por terem menor viscosidade, os fluidos gasosos tm maior capacidade de penetrar at a zona ativa da ferramenta. Em alguns casos especficos, so utilizados para a refrigerao e proteo contra oxidao gases como o argnio, hlio, nitrognio e dixido de carbono, porm, uma aplicao de alto custo. Em operaes de mecnica de preciso, usinagem de alta velocidade e em QMFC, nvoas e gases so usados. QMFC (quantidade mnima de fluido de corte) um termo empregado para sistemas de nvoa onde o consumo na operao permanece abaixo de 50 ml/h de fluido de corte. Nesse tipo de aplicao o fluido disperso na forma de spray sobre a regio que se quer refrigerar ou lubrificar. As vantagens deste sistema so o menor consumo de leo, o que reduz os custos e os impactos ao meio-ambiente, melhor visibilidade, melhora da vida da ferramenta. Mas em contrapartida, a capacidade de lubrificao e refrigerao so limitadas e se faz necessrio um sistema de exausto. 3.4) Slidos Ceras, pastas, sabo, banha de porco, grafite e Bissulfeto de Molibdnio so os mais comuns. So geralmente aplicados diretamente na pea ou ferramenta. A pasta de Bissulfeto de Molibdnio (MoS2) pode ser aplicada na superfcie de sada da ferramenta com um pincel. Pelas suas caractersticas lubrificantes em condies de extrema presso, tem dado excelentes resultados (Stemmer, 2005).

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4. SISTEMAS DE APLICAO

Segundo Stemmer (2005), a forma de aplicao dos fluidos de corte tem influncia pondervel no sucesso da sua utilizao e suas variveis so: volume, presso, velocidade dos jatos, ngulo de impacto, forma e nmero de bocais. Em geral, basta uma aduo abundante, sob mnima presso, dirigida adequadamente para a regio de corte. Importante que o meio lubri-refrigerante seja aplicado antes e no depois do incio do processo de usinagem. No deve haver, tambm, interrupo na aduo, por qualquer que seja o motivo. Sales et al. (2001) afirmam que quando um fluido de corte aplicado, ele pode trazer benefcios, no interferir ou at ser danoso ao processo, dependendo das condies de corte, material da pea e da ferramenta. Aplicaes onde os fluidos de corte oferecem benefcios: Corte com ferramentas de baixa dureza, como aos para alta velocidade (furao, alargamento, fresamento, roscamento); Operaes onde a aspereza e/ou a tolerncia dimensional estreita; Na furao de materiais que geram cavacos descontnuos; Cortes contnuos de qualquer metal usando ferramentas de metal duro. Aplicaes onde o fluido de corte no interfere no processo (em termos do tempo de vida da ferramenta): Usinagem de ferro fundido cinzento (com exceo da furao), ligas de magnsio e de alumnio; Usinagem de materiais plsticos ou resinas. Aplicaes onde o fluido de corte danoso: Usinagem com ferramentas de cermica; Cortes interrompidos com ferramentas de metal duro; Usinagem de materiais endurecidos.

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4.1)

Sistemas de Circulao de Fluidos de Corte

Sistemas de circulao tm como objetivo o armazenamento do fluido, transporte dos mesmos at os pontos de aplicao e de volta ao tanque, alm de sua refrigerao e clarificao. Possui como componentes reservatrios, bombas, tubulaes,

refrigeradores, dispositivos de clarificao, entre outros. O sistema pode ser: Individual: quando atende a apenas uma mquina; Coletivo: quando atende a vrias mquinas; Centralizado: tambm atende a vrias mquinas, porm, possui uma srie de vantagens como, entre outras: vida mais longa dos fluidos de corte; inspeo e manuteno mais eficiente; economia de espao; eliminao e despejo simplificado. Como desvantagens o sistema apresenta, dentre outras: propriedades do fluido devem ser baseadas na mquina em que ocorre o processo de usinagem mais difcil; investimentos mais elevados; em caso de falha, todas as mquinas ligadas ao sistema devem ser desligadas.

Figura 6. Esquema de um sistema de circulao de fluidos de corte. Fonte: Occupational Safety and Health Administration (OSHA.gov).

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4.2)

Formas de Aplicao

a) Aplicao Manual A aplicao manual consiste simplesmente em um operador usando um recipiente, como um galo de leo, aplicando o fluido de corte na ferramenta de corte/pea. Embora esta seja a mais fcil e mais barata maneira de aplicar o fluido, possui um limite de uso nas operaes de usinagem e freqentemente estorvado por inconsistncias na aplicao. (Iowa, 2003).

Figura 7. Aplicao manual de fluido de corte. Fonte: LPS Labs (http://www.directindustry.es/prod/lps-laboratories/fluido-de-corte-de-agua11942-266793.html)

b) Aplicao por Jatos A aplicao por jatos entrega fluido na interface ferramenta/pea por meios de tubos, mangueiras ou sistema de esguicho. O fluido direcionado sob presso interface pea/ferramenta de maneira que produz mximos resultados. Presso, direo e tamanho do jato de fluido devem ser regulados para alcanar tima performance (Iowa, 2003).

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Figura 8. Aplicao do fluido de corte por jatos.

c) Aplicao por Atomizao, Pulverizao atravs de Nvoa (Mist) O aspecto mais importante por trs da atomizao a reduo de resduos. Nessa forma de aplicao, o fluido atomizado, geralmente com ar comprimido, e direcionado interface de corte por meio de esguichos. Devido ao fato de o fluido ser aplicado em baixssimas taxas, boa parte ou quase a totalidade do fluido utilizado levado junto com a parte. Isto elimina a necessidade de coletar o fluido enquanto se est aplicando fluido para lubrificao, preveno contra corroso, e uma limitada quantidade de refrigerao. Graas baixa taxa de aplicao, o refrigerante no pode ser usado para transportar cavacos, significando que mtodos alternativos para retirada dos mesmos deve ser implementada. No entanto, os cavacos que so retirados devem

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possuir um valor mais alto visto que no esto contaminados com grandes quantidades de fluidos (Hasib). Este tipo de aplicao requere uma ventilao adequada para proteger o operador da mquina-ferramenta. A presso e a direo da corrente de nvoa tambm so cruciais para o sucesso da aplicao (Iowa, 2003).

Figura 9. Esquema de um sistema de aplicao de fluido de corte por atomizao. Fonte: IJMNE vol. 10 n4.

4.3)

Aplicao em Processos

a) Retificao Para Ebbrell et al. (1999), citado por Catai et al. (2003), a aplicao correta dos uidos na regio de corte de grande importncia, pois possibilita o aumento da capacidade de sua lubricao e refrigerao e promove a remoo de cavaco mais facilmente. De acordo com Catai et al. (2003), as formas de aplicao dos uidos devem ser estudadas para cada operao, desde o posicionamento do bico de sada de uido em relao superfcie da pea, o que inuencia signicativamente sua rugosidade nal, at seus dimetros e formas internas e externas. Para bicos arredondados especiais, o ideal que eles possuam superfcies cncavas, a m de minimizar a ocorrncia de

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queda de presso e turbulncias ocasionadas durante a passagem e a sada do uido de corte do bocal.

Figura 10. Bico tradicional de sada de fluido.

Figura 11. Bico especial arredondado de sada de fluido - minimiza a queda de presso e a turbulncia.

Fonte: Catai et al, 2003.

O principal obstculo para a aplicao correta dos fluidos de corte a barreira de ar a ser suplantada, resultado da prpria rotao do rebolo. Isto pode ser efetuado aplicando-se o fluido de corte a uma velocidade igual velocidade perifrica do rebolo. Entretanto, um projeto inadequado do bico de aplicao de fluido e das tubulaes leva disperso do jato de fluido durante a tentativa de aumentar a sua velocidade de sada. O desempenho dos fluidos de corte ser aumentado se todo o sistema de aplicao (bomba, projeto do bico e tubulaes) for otimizado. Reduzindo ou eliminando o efeito da camada de ar, alm de se conseguir utilizar uma quantidade menor de uido no processo, principalmente quando se trabalha com reticaes de altas velocidades de corte, possvel diminuir as foras de corte em at 60% e a rugosidade, em at 20% (Ramesh et al., 2001 apud Catai et al., 2003). b) Torneamento Com um volume mais amplo possvel, aplica-se o fluido por cima do gume, sem presso, para evitar que os cavacos mudem a direo do jato e o local de trabalho seja inundado. O volume mnimo recomendvel da ordem de 5 l/min por kW de potncia de corte. O tubo de sada do fluido deve ter um dimetro de ao menos da largura da ferramenta. Sua boca deve ser dirigida diretamente sobre o gume e estar situada to prxima quanto possvel do mesmo. Em cortes pesados, deve-se aplicar um jato por baixo do gume com alguma presso, alm do jato por cima. 22

Figura 12. Corte pesado com insero dupla de jato de fluido. Fonte: Fox Valley Technical College.

c) Fresamento Dois esguichos devem ser usados sempre que possvel em operaes de fresamento. Um esguicho na frente da ferramente e outro atrs. Juntos eles refrigeram a pea e a ferramenta, alm de arrastarem o cavaco (Fox Valley Technical College). d) Alargamento e Furao Utiliza-se aduo interna pelo corpo da ferramenta, com presso de at 20 MPa, e/ou aduo externa, por tubos e bocais. Jatos de alta velocidade so eficientes, porm, exigem bombas de alta presso e provocam o espalhamento do fluido e nvoas.

Figura 13. Os furos para leo nas brocas vo suplantar o fluido de corte diretamente nas partes cortantes da broca. Fonte: Fox Valley Technical College.

O fluido deve ser direcionado na regio onde a ferramenta toca a pea. Deve ser inundado de maneira que o fluido alcance os gumes. O operador deve retirar, 23

ocasionalmente, a ferramenta para remover os cavacos. A melhor maneira atravs de ferramentas que possuam furos para leos integrados. Isso significa que varias ferramentas esto disponveis para alimentar o refrigerante atravs da ferramenta e diretamente ao gume. Isso tambm ajuda a limpar os cavacos do buraco (Fox Valley Technical College).

Figura 14. Broca com canais. Fonte: Valcool, 2007.

24

5. CRITRIOS DE SELEO

A escolha do fluido de corte baseia-se nos objetivos desejados no processo de usinagem. Como exemplo desses objetivos pode-se citar: Aumento da produo, vida mais longa da ferramenta, arraste de cavacos, melhor acabamento. Essa escolha torna-se complicada em funo da gama de fluidos de corte (composies) existentes e as exigncias diversas de cada processo de usinagem. Encontrar a melhor combinao para obter o mximo proveito possvel do fluido e de suas propriedades no tarefa simples e exige, em muitos casos, intensas pesquisas. Para que se escolha o fluido de corte que possibilite as melhores condies de usinagem possveis, devem-se levar em considerao os seguintes aspectos:

Processo de usinagem, variveis de usinagem, material da pea e da ferramenta;

Qualidade da usinagem, preciso de forma e de medidas, acabamento superficial;

Mquinas-ferramentas usadas; Armazenagem, limpeza, tratamentos posteriores das peas; Sistemas de recirculao dos meios lubri-refrigerantes: sistemas individuais, mltiplos, centralizados;

Anlise econmica: custos de preparao, manipulao, controle, transporte, manejo, armazenagem; benefcios obtidos;

Segurana: efeitos sobre a sade, nvoas de leo, risco de incndios, descarte; Condies de fornecimento: apoio tcnico do fornecedor, garantias de fornecimento,... .

5.1)

Material da pea

A usinabilidade do material definida pelas caractersticas da pea e seu comportamento nas condies do processo de usinagem. Um material que possua baixa usinabilidade dever ser usinado a baixas velocidades de corte, situao em que o atrito gerado supera a elevao da temperatura. Dessa forma, ser selecionado um fluido de corte lubrificante, como um leo integral.

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J um material de alta usinabilidade ser, preferencialmente, usinado a altas velocidades de corte, gerando muito calor durante o processo. Emulses poderiam ser escolhidas nesse caso.

a) Materiais Ferrosos

a.1) AOS Praticamente qualquer fluido de corte pode ser utilizado, dependendo

predominantemente do tipo de operao de usinagem a ser realizado. Para aos de usinabilidade normal (aos de cementao, de beneficiamento e de construo) recomenda-se o uso de emulses e solues. Para aos de usinabilidade difcil (ao inox, ao fundido) recomendam-se emulses com aditivos de extrema presso e leos altamente aditivados para evitar o empastamento do material na ferramenta (Amorim). Para aos de dificlima usinagem (ao mangans, aos CrMo, aos silcio) torna-se necessrio o emprego de leos de extrema presso.

a.2) FERRO FUNDIDO O ferro fundido cinzento apresenta como vantagens de usinagem sua elevada capacidade de amortecimento de vibraes e os veios de grafite que favorecem a quebra de cavacos e boas caractersticas de deslizamento a seco. O ferro fundido malevel tambm geralmente usinado a seco. O grafite presente nos cavacos desses materiais, na presena de leos de corte e de emulses, induz a formao de massas que entopem os filtros e podem prejudicar o funcionamento das ferramentas. J no alargamento manual de furos o emprego de grafite misturado com sebo traz resultados excelentes (Stemmer, 2005). No ferro fundido branco, todavia, requerem-se aditivos de extrema presso (Amorim).

b) Ligas no-ferrosas

b.1) LIGAS DE ALUMNIO Em geral de fcil usinagem e, portanto, usinadas a altas velocidades. O calor gerado rapidamente dissipado, em funo da boa condutividade trmica do Alumnio, dessa forma, freqentemente usinado a seco ou com leos inativos sem enxofre. O uso de emulses pode levar auto-ignio devido liberao do hidrognio (Amorim). 26

No corte refrigerado so usadas emulses ou leos de baixa viscosidade. Para operaes difceis usam-se leos com aditivos de extrema presso com uma formulao que impea a formao de manchas negras nas peas. Em ligas de alumnio com alto teor de zinco no se deve usar solues aquosas, pois estas reagem com o zinco formando hidrognio e amonaco, com srio risco de incndios e exploses (Stemmer, 2005).

b.2) LIGAS DE COBRE A usinabilidade das ligas de cobre varia bastante, conforme a quantidade e os elementos envolvidos na liga. O cobre puro forma cavacos longos, com pssimo acabamento, sendo utilizados fluidos de corte mais viscosos. Lato, bronze e metais de maior dureza so fceis de usinar a seco ou com emulses. Para ligas de cavaco longo usam-se leos de baixa viscosidade com aditivos que melhoram o efeito lubrificante. Deve-se tomar cuidado na escolha do fluido, pois alguns aditivos causam manchas na pea.

b.3) LIGAS DE MAGNSIO Geralmente so de corte fcil, permitindo altas velocidades de corte e um bom acabamento. Porm, como o magnsio oxida facilmente, decompondo a gua e gerando calor e hidrognio (levando muitas vezes combusto), s pode ser usinado a seco ou com leos refrigerantes de baixa viscosidade, sem enxofre (Amorim). Em circunstncia alguma se deve utilizar gua, emulses ou solues aquosas (Stemmer, 2005).

5.2)

Material da ferramenta

a) Ao rpido O ao rpido permite a utilizao de qualquer tipo de fluido de corte (solveis ou insolveis).

b) Metal duro Assim como o ao rpido, no oferece restries para a maioria dos fluidos de corte. No entanto, para o metal duro existem problemas referentes sensibilidade aos 27

choques trmicos. O que se faz com intuito de minimizar esse inconveniente tomar os seguintes cuidados: ligar o fluxo de fluido de corte antes de iniciar a operao; Manter o fluxo do fluido de corte por algum tempo aps o termino do processo; Usar leos de baixa transferncia de calor quando o fluxo do fluido refrigerante no for, com certeza, constante (Stemmer 2005).

c) Cermica A ferramenta de cermica utilizada geralmente a seco.

d) Diamante Utilizam-se, na maioria das vezes, solues aquosas como fluido de corte para o diamante.

5.3)

Processo de Usinagem

Em processos com baixa velocidade de corte (de usinagem difcil) recomendam-se fluidos com boas caractersticas de lubrificao, os insolveis em gua (leos com aditivos de extrema presso, por exemplo). Na usinagem fcil, onde se utilizam altas velocidades de corte, a caracterstica esperada do fluido a qualidade refrigerante (usam-se emulses ou solues). Colocando os processos de usinagem em ordem crescente de dificuldade de usinagem (conseqentemente em ordem decrescente de velocidade de corte), temos: Serrar, Fresar, Furar, Torneamento, Cortar, Furao profunda, Escanhoar engrenagens, Fazer roscas. Na retificao ocorrem fortes aquecimentos de certos que produzem camadas marcas macias de por

superaquecimento,

endurecimento

pontos,

recristalizao, trincas, etc. Assim, necessrio reduzir a temperatura na zona de retificao. Isso pode ser feito atravs de refrigerao ou reduzindo-se o atrito (lubrificao). Em operaes leves de retificao (retificao sem centros, retificao plana) empregam-se normalmente fluidos de corte miscveis em gua. Atravs de aditivos o conjunto pea-ferramenta fica protegido contra corroso, reduz-se o atrito e o desgaste. Na retificao com rebolos perfilados (roscas, engrenagens), gera-se muito calor de atrito. Alm disso, h grandes exigncias quanto preciso de formas e de

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medidas e de qualidade do acabamento. Por conta disso, leos com aditivos redutores do atrito so utilizados. J no superacabamento, o fluido de corte deve reduzir o atrito e o desgaste, isso para que se obtenha a mnima rugosidade superficial. Utilizam-se leos de viscosidade muito baixa com aditivos de extrema presso e busca-se melhorar as qualidades lubrificantes.

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Tabela 2. Seleo do fluido de corte de acordo com o material da pea e da operao de usinagem.

Material Alumnio

Fresamento leo Solvel (96% gua) ou leo mineral

Furao leo Solvel (7090% gua)

Roscamento 25% leo a base de enxofre misturado com leo mineral 10-20% banha com leo mineral 30% banha com 70% leo mineral 30% banha com 70% leo mineral

Torneamento leo mineral com 10% gordura ou leo Solvel leo mineral com 10% gordura leo Solvel

Lato

leo Solvel (96% gua)

leo Solvel

Bronze

leo Solvel

leo Solvel

Ao-ligas

10% banha animal com 90% leo mineral Seco

leo Solvel

25% leo a base de enxofre com 75% leo mineral Seco

Ferro Fundido

Seco

Seco ou 25% banha com 80% leo mineral leo Solvel

Ferro Malevel

leo Solvel

leo Solvel leo Solvel leo Solvel

leo Solvel

Cobre

leo Solvel

leo Solvel

leo Solvel

Ao ferramenta e baixo carbono

leo Solvel

25-40% banha com leo mineral

25% banha com 75% leo mineral

Fonte: Fox Valley Technical College.

5.4)

Tipo de mquina

Muitas mquinas para processos de usinagem especficos, como brochadeiras e rosqueadeiras, utilizam ferramentas caras e com exigncias de alto grau de acabamento das peas, necessitando de fluidos de corte especiais, em geral leos com aditivos de extrema presso.

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Em centros de usinagem que realizam uma grande variedade de processos comum a utilizao de fluidos de corte com ampla gama de aplicaes.

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6. MANUTENO DOS FLUIDOS DE CORTE

O monitoramento da qualidade do controle e da manuteno dos fluidos deve ser realizado para antecipar problemas. Aspectos importantes do controle de fluidos incluem inspees de sistemas e medies peridicas dos parmetros dos fluidos tais como a concentrao, o crescimento microbiolgico e o pH. A reciclagem de fluidos pode ajudar nos problemas de resduos de fabricao, a diminuir o tempo de parada de mquinas, a reduzir os custos e minimizar os problemas de poluio. A filtrao peridica durante o uso para a remoo de partculas grosseiras e pequenos cavacos (para posterior refundio) aumenta a vida til destes fluidos. O fluido de corte solvel em gua tem essencialmente a habilidade refrigerante da prpria gua. Quando comparados aos fluidos a base de leo, os solveis em gua oferecem como vantagens baixo custo, simples manuseio e menor risco sade. Entretanto, o uso dos fluidos a base de gua apresenta problemas de deteriorao por microorganismos, corroso acelerada e pouca compatibilidade com materiais de vedao (Souza, 2007). A contaminao dos fluidos de corte por bactrias anaerbias e aerbias resultam em reduo do pH do fluido, mau cheiro caracterstico, corroso nos materiais e equipamentos envolvidos e irritao na pele e mucosas do operador. Tal contaminao leva quebra da emulso e formao de camadas de leo em suspenso (biofilme) que, quando removida, impede a proliferao das bactrias. Porm, tcnicas de deteco instantneas de microorganismos ainda so financeiramente inviveis, sendo que mesmo os modelos mais simples, como os citmetros de fluxo, custam em torno de U$100.000. Logo, o indicador usual de bactrias e fungos nos fluidos de corte ainda o mau odor proveniente do fluido contaminado (Thom, 2006).

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Figura 15. Citmetro de fluxo. Fonte: Monlab Hematology (http://www.monlab.es/ingles/productos-hematologia/conthematologicos-symex.html).

As bactrias geram subprodutos cidos, reduzindo, assim, o pH da emulso e sua proteo anticorrosiva. Para impedir a proliferao bacteriana, o pH adequado das emulses deve estar entre 9 e 10,5.

Figura 16. Cultura de bactrias em fluido de corte. A colorao avermelhada devido presena de fungos. Fonte: Burge, Harriet. Machining Coolants. (http://www.emlab.com/s/sampling/env-report-102006.html)

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6.1)

Armazenagem Deve-se evitar a infiltrao de outros lquidos, inclusive gua, e a faixa

recomendada para a temperatura de armazenagem situa-se entra 10 e 45C.

6.2)

Preparao A preparao do fluido um importante passo para a extenso da vida do mesmo,

atingindo o melhor desempenho do fluido. As misturas refrigerantes devem ser preparadas de acordo com as normas do fabricante. A maneira correta de mistura do fluido muito importante. O concentrado e a gua devem ser misturados em um recipiente fora do depsito, de acordo com as regras do fabricante. Se a mistura for preparada dentro do recipiente de aplicao ela pode ser misturada incompletamente. A qualidade da gua empregada nas solues e emulses deve ser limpa e isenta de germes, possuir pH o mais neutro possvel e apresentar baixa dureza, ou seja, os seus sais minerais (como carbonato de clcio e de magnsio) devem ser removidos, pois prejudicam a estabilidade da emulso. Porm, a gua muito mole induz formao de espumas. O amaciamento da gua pode ser feita por deionizao, osmose reversa e destilao.

6.3)

Tratamento Apesar da manuteno adequada do fluido de corte, sua qualidade eventualmente

cair a um ponto onde dever ser reciclado ou descartado. Saber a hora certa de se fazer uma purificao do fluido fundamental, pois depois de degradado devido presena de bactrias ou de grandes concentraes de leos indesejveis o fluido no pode ser mais tratado. Se o fluido exibir alguma das seguintes caractersticas (vlido para emulses) no devera ser tratado, pelo contrrio, dever ser descartado e a mquina bem limpa antes da aplicao de um novo fluido (Iowa, 2003): pH menor que 8.0; Aparncia escura ou preta (o normal uma aparncia leitosa ou opaca); Presena de forte odor azedo ou de degradao (o normal um leve odor de produto qumico). Equipamentos de separao incluem tanques de sedimentao, separadores magnticos, separadores de ciclones e centrfugas. A funo preliminar destes

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equipamentos a remoo de partculas, porm, os tanques de sedimentao e as centrfugas podem tambm ser usados para remover leos indesejveis. a) Tanques de sedimentao A decantao, como no caso do tratamento de guas, um processo de separao por gravidade. composto por um tanque de decantao onde o fluido despejado, e aps certo tempo, as impurezas slidas se depositam no fundo e leos indesejveis flutuam na superfcie. O tanque pode ser equipado com esteira de raspadores que arrasta as partculas depositadas, ou com escumadores que removem as impurezas da superfcie. No momento do despejo do fluido sobre o tanque, desaconselhvel o uso de fluidos que tendem a formar espuma. Portanto, cuidados especiais devem ser tomados no uso do mtodo para fluidos semi-sintticos e emulses.

Figura 17. Tanque de decantao. Fonte: CIMM (www.cimm.com.br).

b) Separadores magnticos Usam ms cilndricos para remover as partculas ferrosas. O lquido contaminado gira lentamente entre os cilindros magnticos que extraem as partculas ferrosas do lquido. As partculas ferrosas so raspadas ento do cilindro magntico. Os metais no ferrosos que passam pelo cilindro magntico so removidos por outros processos de separao.

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Figura 18. Separador magntico da Knoll Amrica. Fonte: Todays Machining World (http://www.todaysmachiningworld.com/how-it-works-cuttingfluids/)

c) Separadores de ciclone Os separadores de ciclone e as centrfugas usam uma gravidade artificial para a separao das impurezas. As diferenas de densidade entre o fluido do corte e as impurezas causam sua separao. O fluido entra em um reservatrio em forma de cone e a fora da centrifugao faz as partculas de impureza escorregarem pela parede para baixo e para fora. A desvantagem desse tipo de separao a tendncia de emulsificar leos indesejveis (Iowa, 2003).

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Figura 19. Separador cliclone. Fonte: Jain (http://www.jains.com/irrigation/filtration%20equipments/jain%20hydrocyclone%20filter.htm)

d) Centrfugas Algumas centrfugas podem exercer uma fora de at 6000 vezes a fora da gravidade no fluido de corte. Ao contrrio dos separadores ciclone, as centrfugas de alta velocidade podem separar at mesmo leos indesejveis que foram emulsificados no fluido e tambm remover bactrias (Iowa, 2003). As desvantagens das centrfugas necessidade de constante manuteno e seu custo. Em alguns casos pode ocorrer a separao dos componentes de uma emulso, por isso deve-se consultar a recomendao dos fabricantes dos fluidos de corte.

e) Equipamento de filtrao Envolve a passagem do fluido de corte atravs de um material permevel para a remoo das partculas indesejveis. Os filtros podem ser permanentes ou descartveis, e so feitos tipicamente de materiais como papel, pano e fibras sintticas. Em algumas aplicaes pode ser necessrio o uso de uma srie de filtros progressivamente mais finos a fim se conseguir o nvel desejado de remoo de contaminantes. Os sistemas de filtrao usados na reciclagem de fluidos de corte incluem a filtrao a vcuo, presso e por gravidade.

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f) Separao por flotao um processo no qual o fluido de corte aerado para causar a separao. Durante a aerao, leos e partculas se aderem as bolhas e so carregadas para a superfcie onde so escumadas.

6.4)

Descarte

De acordo com o Iowa Waste Reduction Center (2003), os resduos perigosos caractersticos apresentam uma ou mais da seguintes propriedades: Ignitabilidade resduos que podem inflamar durante o transporte,

armazenamento ou descarte; Corrosividade trazem contaminantes txicos, reagem com outros elementos, podem afetar diretamente a sade humana, Reatividade qualquer tipo de resduo que pode causar um problema, como uma exploso, em qualquer estgio do seu ciclo de descarte; Toxicidade possui quantidades suficientes de arsnio, brio, cdmio, cromo, mercrio, selnio e prata devido a sua toxicidade sade humana e ao meio ambiente. Aps o seu uso, os fluidos de corte podem ser reciclados ou descartados internamente, pela prpria empresa, ou atravs de uma companhia de servios especializada em reciclagem. Conforme Sahm (1996 apud Ramos et all, 2002), os custos de um tratamento interno se tornam, comparativamente, mais vantajoso, principalmente quando o lubrificante separvel da gua pode ser reciclado. Ao desfazer dos resduos e rejeitos, estes no podero ser lanados diretamente no ambiente. Devero ser tratados convenientemente e, dependendo do modo e qualidade do tratamento, o resultado pode ser a eliminao dos resduos ou um aumento da poluio destes no ar e na gua. Conforme Silva et al (2000 apud Ramos et al, 2002), o leo integral pode ainda ser queimado em caldeira, desde que permitido em legislao, devendo o mesmo estar isento de impureza, com baixa concentrao de enxofre e sem cloro. Quanto aos fluidos de corte solveis em gua, necessrio separar o leo da gua (no caso de emulses) e dos demais produtos qumicos da gua (no caso de solues) antes do descarte.

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A resoluo N 9 do Conama, de 31 de agosto de 1993, contempla a poltica de reciclagem e descarte de fluidos de corte. A borra produzida deve ser descartada de maneira correta conforme norma em legislao. Atualmente existe certa tendncia em evitar contedos problemticos dos refrigerantes, tais como, compostos de cloro, parafina, formaldedos, nitretos, metais pesados e outras substncias nocivas. Substncias perigosas, poluentes da gua, como tambm resduos, devem ser evitados ou, pelo menos, ter seus volumes reduzidos ao mnimo.

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7. ASPECTOS NOCIVOS DOS FLUIDOS DE CORTE

7.1) Impactos ao Ser Humano

Grande parte dos fluidos possui componentes que podem causar, alm do impacto ambiental, doenas ao ser humano. O contato do fluido com o operrio pode ser direto ou atravs de vapores, nvoa ou subprodutos formados durante a usinagem. Doenas causadas pela ao direta com o fluido de corte: Problemas de pele (como irritaes, dermatites e erupes); Cncer (de pele, reto, clon, bexiga, estmago, ...); Doenas pulmonares (como asma, bronquite, pneumonia e reduo da capacidade respiratria).

Figura 18. Dermatite causada por contato com fluidos de corte. Fonte: http://plymovent.episerverhotell.net

Figura 19. Eczema causada por contato com fluidos de corte. Fonte: American Society for Testing and Materials (http://www.astm.org/SNEWS/ND_2009/e3450_nd09.html)

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7.2) Impactos Ambientais Relacionados aos Fluidos de Corte

No sentido de impacto ambiental, pode-se analisar o fluido de corte como um produto de ciclo de vida fixo. Durante este ciclo, o fluido mantm contato permanente com os trabalhadores, sendo causas de problemas mencionados anteriormente, como as dermatoses. Em relao ao meio ambiente, infelizmente os produtos que agregam boas caractersticas tecnolgicas aos fluidos de corte so em sua grande maioria nocivos. Durante o uso, normalmente em circuito fechado, o fluido tambm recebe contaminaes de outros produtos e elementos nocivos, como solventes e metais pesados do material da pea, ferramenta e revestimentos. A figura a seguir mostra os aspectos ambientais relacionados utilizao de fluidos de corte em processos de usinagem:

Figura 20. Aspectos ambientais relacionados ao uso de fluido de corte.

Quando o fluido de corte perde suas propriedades, o mesmo descartado, pois a reciclagem integral dos fluidos de corte ainda invivel economicamente, uma vez que esta soluo no abrange o problema como um todo, evitando somente a contaminao no descarte do fluido de corte. Os gases produzidos pelas elevadas 41

temperaturas de corte, os respingos, os volumes agregados aos cavacos e peas, so exemplos de problemas no eliminados com o tratamento. Como j mencionado anteriormente, existem legislaes rigorosas para o controle do descarte de fluidos de corte, devido a seus elementos nocivos. Em anexo encontrase a RESOLUO N 9, DE 31 DE AGOSTO DE 1993 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, a qual estabelece definies e torna obrigatrio o recolhimento e destinao adequada de todo o leo lubrificante usado ou contaminado. As especificaes mencionadas na Resoluo devem ser rigorosamente seguidas para que crimes ambientais no sejam cometidos, evitando desta forma tanto atos extremamente prejudiciais ao meio ambiente a ao homem, como problemas judiciais que envolvam a organizao. Dentro do contexto atual de responsabilidade ambiental vivenciado pelas empresas, os fabricantes de fluidos de corte esto trabalhando no sentido de adaptar seus produtos s novas exigncias ecolgicas impostas pela sociedade. Certamente o desenvolvimento tecnolgico neste setor deve conduzir para o surgimento de novos produtos no nocivos e com boa eficincia nas operaes de corte.

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8. MTODOS ALTERNATIVOS DE USINAGEM Processos limpos

Os mtodos alternativos de usinagem, tambm chamados de processos limpos, visam reduo dos impactos sade do operador e ambientais dos fluidos de corte. Dentre esses mtodos, podemos citar a tradicional usinagem a seco, o corte com mnima quantidade de fluido (MQFC) e o corte com fluidos biodegradveis.

8.1) Usinagem a seco

A usinagem a seco (isto , sem utilizao de fluidos de corte) est novamente se tornando popular por problemas econmicos (custos de aquisio, manuteno, armazenamento e eliminao dos fluidos) e ambientais. Outro aspecto positivo a reduo do choque trmico, alm da reduo das trincas e dos lascamentos (Yuhara, 2001). Porm, o uso deste tipo de usinagem estabelece certas exigncias em relao aos seus fatores influentes, devendo ser observadas uma seleo correta do material de trabalho, das especificaes de corte e principalmente das ferramentas utilizadas. Quanto ao material da pea, a maioria dos aos podem usinados sem aplicao de fluidos refrigerantes (Amorim). Em relao ferramenta utilizada, a aplicao de camada de revestimento reduz o coeficiente de atrito na zona de contato, reduzindo as foras decorrentes da frico e a gerao de calor, o que ajuda a evitar ou diminuir a tendncia aderncia dos cavacos. Alm disso, a camada de revestimento tambm pode atuar isolando termicamente o substrato da ferramenta. Entretanto, em alguns processos de usinagem a operao sem fluido de corte impraticvel, como na retificao.

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Figura 20. Mquina-ferramenta dotada de jato de ar para usinagem a seco. Fonte: HAAS Automation, Inc. (http://www.haascnc.com/lang/VMC/options_VMC.asp?intLanguageCode=1046)

8.2) Corte com Mnima Quantidade de Fluido

Nesse mtodo o fluido aplicado em volumes muito baixos, podendo chegar a diminutos 10 ml/h, juntamente com um fluxo de ar (pulverizao), direcionado contra a sada do cavaco, ou entre a superfcie de folga da ferramenta e a pea. Esta pequena quantidade de fluido pode ser suficiente para reduzir o atrito no corte e diminuir a tendncia aderncia. Dessa forma o cavaco sai do processo de usinagem praticamente seco, sem necessidade de tratamento. Todavia, o vapor, a nvoa e a fumaa de leo podem ser considerados subprodutos indesejveis, aumentando o poluente em suspenso no ar, sendo necessria, por vezes, a implantao de um sistema de exausto. Ademais, o fluido considerado sem retorno. Outro fator negativo desse mtodo o rudo causado pela linha de ar comprimido, que pode prejudicar a sade do operador e perturbar a comunicao.

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Figura 21. Furao com mnima quantidade de fluido de corte. Fonte: Schroeter, Rolf B. Minimizao e eliminao do fluido de corte no processo de furao. (http://www.lmp.ufsc.br/linhas_pesquisa/dueco/dueco_minim.html)

Figura 22. Diagrama esquemtico de um sistema de Mnima Quantidade de Refrigerao. Fonte: Catai et al, 2003.

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8.3) Fluidos de corte biodegradveis

Alm da facilidade de degradao, os fluidos de corte biodegradveis, em geral, no causam danos nocivos ao operador e, em alguns casos, apresentam melhor rendimento. Um tipo de fluido de corte biodegradvel que pode ser citado o fluido base de leo de mamona, desenvolvido por um grupo de pesquisa da EESC USP (Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo). Este fluido no utiliza substncias derivadas do petrleo em sua composio e produzido a partir de uma fonte renovvel. Junto ao fluido so acrescentados detergente que faz a ligao entre o leo e a gua , um anti-corrosivo e um bactericida (CIMM, 2009). Atualmente, o fluido base de leo de mamona comercializado por uma empresa parceira da universidade.

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9. FORNECEDORAS NO BRASIL

Armo do Brasil

BW Lubrificantes

Castrol Motor Oils and Lubricants

Cosan

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Mobil Industrial Lubricants

Petroquim Lubrificantes Industriais

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

[1] AMORIM, Heraldo. Processos de Fabricao por Usinagem Fluidos de corte. Porto Alegre. Disponvel em:

http://www.ufrgs.br/gpfai/download/eng03343_14.pdf. Acesso: em 11 set. 2010.

[2] CARVALHO, Davidson F. et al. Monitoramento da Temperatura de Usinagem. In: XI CREEM, Nova Friburgo, 2004. Disponvel em:

http://www.abcm.org.br/xi_creem/resumos/PF/CRE04-PF16.pdf. Acesso em: 20 set. 2010. [3] CATAI, E. R. et al. Estudo dos mtodos otimizados de aplicao dos fluidos de corte no processo de retificao. Revista de Cincia & Tecnologia, 2003, vol. 11, no. 22. [4] CIMM. Fluidos de corte de origem vegetal ganham espao no mercado. [S.l]: 2009. Disponvel em:

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