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11-Nov-14 1 ME111 – Materiais de Construção Mecânica Transformações fora do equilíbrio Prof. Dr. Tiago Felipe de Abreu Santos Departamento de Engenharia Mecânica/CTG [email protected] Mecanismos de aumento de resistência mecânica Refino de tamanho de grão; Aumento de resistência mecânica pela formação de solução sólida; Encruamento; Endurecimento por dispersão, precipitação Tratamentos termomecânicos Transformações de fases desenvolvimento de microestruturas bifásicas para ligas ferro-carbono (tratamentos térmicos) reações fora do equilíbrio

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Transformação Fora do equilibrio

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ME111 – Materiais de Construção Mecânica

Transformações fora do equilíbrio

Prof. Dr. Tiago Felipe de Abreu Santos

Departamento de Engenharia Mecânica/CTG

[email protected]

Mecanismos de aumento de resistência

mecânica

• Refino de tamanho de grão;

• Aumento de resistência mecânica pela formação de

solução sólida;

• Encruamento;

• Endurecimento por dispersão, precipitação

• Tratamentos termomecânicos

• Transformações de fases desenvolvimento de

microestruturas bifásicas para ligas ferro-carbono

(tratamentos térmicos) reações fora do equilíbrio

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Diagrama Fe-Fe3C e Eutetoíde

0.76

0.76

Cúbica de Corpo Centrado: CCC

Átomos por célula unitária:

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3

CCC

Cúbica de Face Centrada: CFC

Átomos por célula unitária:

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4

CFC

Hexagonal Compacta: HC

Átomos por célula unitária:

3 cubos = 2 x 3 = 6 átomos por célula

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Fator de empacotamento atômico (FEA)

unitáriacélula

esferas

V

V

_

FEA

CFC: 0,74

CCC: 0,68

HC: 0,74

Aços de composição hipereutetóide

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α

Perlita

Aços de composição hipoeutetóide

Microestruturas

Imagem de Microscopia Óptica do aço microligado com Nb austenitizado à 1000ºC, por 30mim, e temperado à (a) 498ºC e (b) 720ºC. F (ferrita), P (perlita), M (martensita).

F P

M F

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Microestruturas

Aços de composição eutetóide

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Austenita

Imagem de microscopia ópitca de aço inoxidável austenítico do tipo ABNT 304 contendo maclas de recozimento.

Fração volumétrica em função do tempo

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Tempo (s)

700

600

500

400

Tempo (s)

Fraç

ão v

ol.

P

1 102 103 104 10

Temperatura eutetóide

Curva 50% transformada

Curva de conclusão (100% perlita)

Curva de início (0% perlita)

Austenita estável

Austenita instável Perlita

Curvas TTT

700

600

500

Tempo (s) 1 102 103 104 10 105

727ºC

Temperatura eutetóide

Perlita grosseira

Transformação perlita (P)

Perlita fina

α

Fe3C

Alta temperatura (Austenita estável)

Tem

per

atu

ra (

ºC)

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Formação da Bainita

Cementita globulizada (esferoidizada)

Fe3C

α

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Formação da Martensita

Martensita

Imagem de Microscopia Óptica do aço microligado com Nb austenitizado à 1000ºC, por 30min, e temperado em seguida. Estrutura martensítica.

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(a) Resfriamento rápido até 350ºC, mantém esta temperatura por 104s, e em seguida, resfriamento rápido até temperatura ambiente

(b) Resfriamento rápido até 250ºC, mantém esta temperatura por 100s, e em seguida, resfriamento rápido até temperatura ambiente

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(c) Resfriamento rápido até 650ºC, mantém esta temperatura por 20s, e em seguida, resfriamento rápido até 400ºC, mantém essa temperatura por 103s, e em seguida, resfriamento rápido até a temperatura ambiente.

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Transf. Resf. Contínuo

Transf. isotérmica

Taxa de resf. alta

Taxa de resf. moderada

Taxa de resf. baixa

Transformação por Resfriamento

Contínuo Diagrama TRC

Para o resfriamento contínuo a curva TTT se desloca para baixo (temperaturas menores) e para a direita (tempos maiores) no diagrama.

Diagrama TRC

Curvas de resfriamento para a formação de 100% de martensita

TRC = Taxa de Resfriamento Crítico. Taxa mínima a qual formará somente

martensita

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Comportamento mecânico das fases

Fe3C Mais dura Porém frágil

Material mais duro e resistente Menor ductilidade e tenacidade Ex: aços perlíticos

Resistência da Perlita Fina > resistência da perlita grosseira

Lamelas de α-Fe3C promove mais reforço da matriz ferrítica

Microestruturas de Fe3C globulizada possui menor resistência que a perlita, efeito de endurecimento por fibras (concreto armado) é mais eficaz que particulado (concreto).

Comportamento mecânico das fases

Bainita Aços bainíticos possuem maior resistência que os aços

perlíticos Ferrita acicular

Maior área interfacial por unidade de volume

Ainda sim, possuem boa relação resistência - ductilidade

Martensita A mais dura, resistente e frágil das fases no aço

Depende do teor de carbono aumenta a

tetragonalidade da estrutura;

Ferrita A mais macia, tenaz e dúctil das fases no aço

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Têmpera

• Alta taxa de resfriamento

• Praticamente não há difusão

• Há a formação de martensita em aços;

• Superfície esfria mais rapidamente que o centro da

amostra tensões, trincas.

– Tamanho de amostra

– Taxa de resfriamento

– Banho de têmpera

Trat. Térmicos: Têmpera

Mais importante tratamento térmico

Aumento nas proprieades mecânicas e dureza (perda de ductilidade e tenacidade)

Variáveis Importantes

• Aquecimento acima da temperatura de austenitização

• Resfriamento rápido

Forma de Realizar

Temperatura de Austenitização

Varia de material para material

Carbono e Elementos de Liga Pelo menos parte dos carbonetos formados devem ser dissolvidos

Velocidade de Resfriamento (mais crítico neste processo)

Formar martensita (trincas, empenamento, homogêneo)

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Revenimento

• Aquecimento de um aço martensítico até uma

temperatura abaixo da temperatura eutetoíde (250 a

650ºC) durante um intervalo específico.

• Microestrutura semelhante a cementita esferoidizada;

• A martensita revenida pode ser quase tão dura e

resistente quanto a martensita, porém com uma

dutilidade e tenacidade melhoradas.

Revenimento

Têmpera (impossibilita a utilização do material)

baixa ductilidade e tenacidade após tratamento

• Aquecimento entre 250ºC e 650ºC

• Tempo necessário para recuperar parte da ductilidade e tenacidade

Forma de Realizar

• Resfriamento até a temperatura ambiente

• perda da resistência mecânica e dureza, variando com a temperatura e o tempode revenido

Conseqüências

• quanto maiores, maior o ganho de ductilidade e tenacidade e maior a perda das propriedades mecânicas e dureza

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Recozimento Normalização Têmpera

Revenimento

Martensita (fase TCC)

Bainita (α + Fe3C)

Perlita (α + Fe3C) + uma

fase pro-eutetóide

Martensita revenida (α+Fe3C)

Austenita

Têmpera rápida

Resfriamento Moderado

Resfriamento Lento

Reaquecimento

Dureza em função do tempo de revenido para um aço carbono 1080 com composição eutetoíde que foi temperado em água.

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Dureza como função da concentração de carbono para um aço carbono martensítico comum, um aço martensítico revenido a 371ºC e um aço perlítico.

1. Um aço 1050 (ferro com 0,5%C) é rapidamente resfriado para 330ºC, mantido por 10 minutos nesta temperatura e depois resfriado para a temperatura ambiente. Qual é a microestrutura resultante? Qual é o nome desse tratamento térmico?

R: Microestrutura: 100% Bainita. Trat. Térmico: Austêmpera

Bainita

Perlita Fina

Perlita Grosseira

Martensita

Austenita

Diagrama TTT para aço hipoeutetoíde

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2. (a) Um aço eutetoíde é (i) resfriado instantaneamente para 500ºC, (ii) mantido por 5 segundos, (iii) resfriado instantaneamente para temperatura ambiente, (iv) reaquecido para 300ºC por 1 hora e (v) resfriado para a temperatura ambiente. Qual é a microestrutura final?

(i)

(ii)

(iii)

Diagrama TTT para aço eutetoíde

Martensita

R: Mantido 5s a 500ºC, inicia a formação da perlita fina. Com o resfriamento até a temperatura ambiente, a austenita que restou se transforma em martensita (iii). Com o reaquecimento até 300ºC por 1h a martensita sofre revenimento. Microestrutura final: Perlita Fina + Martensita revenida

Perlita Fina

Perlita Grosseira

Bainita

Martensita

2. (b) Um aço carbono com 1,13%C recebe exatamente o mesmo tratamento térmico descrito na parte (a). Qual é a microestrutura resultante nesse caso?

(i)

(ii)

(iii)

Diagrama TTT para aço hipereutetoíde

R: Mantido 5s a 500ºC, praticamente toda austenita se transforma para perlita fina. Microestrutura final: Perlita Fina

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Perlita Fina

Perlita Grosseira

Bainita

Martensita

3. (a) um aço carbono com 1,13%C recebe o seguinte tratamento térmico: (i) resfriado instantaneamente para 200ºC, (ii) mantido por 1 dia a essa temperatura e (iii) resfriado lentamente para temperatura ambiente. Qual é a microestrutura resultante?

(i)

(ii)

Diagrama TTT para aço hipereutetoíde

(iii)

R: Como 200ºC é acima de Ms (início de formação de martensita), toda a austenita se transforma em bainita. Microestrutura final: 100% Bainita

3. (b) Que microestrutura seria resultante se um aço carbono 0,5%C recebesse exatamente o mesmo tratamento térmico?

Bainita

Perlita Fina

Perlita Grosseira

Martensita

Austenita

Diagrama TTT para aço hipoeutetoíde

(i)

(ii)

R: Abaixo da Ms, toda austenita se transforma em martensita(*). Microestrutura Final: Quase 100% de Martensita (*) A formação completa da martensita depende da temperabilidade do aço. Aços hipoeutetoídes possuem menor temperabilidade, portanto, na prática, não se formará 100% de martensita.

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4. Três aços eutetoídes diferentes recebem os seguintes tratamentos térmicos: (a) resfriados instantaneamente para 600ºC, mantidos por 2 minutos, depois resfriados para temperatura ambiente;

(i)

(ii) Perlita Fina

Bainita

Perlita Grosseira

Martensita (iii)

Diagrama TTT para aço eutetoíde

R: Mantido em 600ºC por 2 min, toda a austenita se transforma em perlita grosseira (Recozimento).

4. Três aços eutetoídes diferentes recebem os seguintes tratamentos térmicos: (b) resfriados instantaneamente para 400ºC, mantidos por 2 minutos, depois resfriados para temperatura ambiente.

Diagrama TTT para aço eutetoíde

(i)

(ii) Perlita Fina

Bainita

Perlita Grosseira

Martensita (iii)

R: Mantido em 400ºC por 2 min, grande parte da austenita se transforma em bainita e o restante em martensita. (Parecido com uma austêmpera)

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4. Três aços eutetoídes diferentes recebem os seguintes tratamentos térmicos: c) resfriados instantaneamente para 100ºC, mantidos por 2 minutos, depois resfriados para temperatura ambiente.

Diagrama TTT para aço eutetoíde

(i)

(ii)

Perlita Fina

Bainita

Perlita Grosseira

Martensita (iii)

Diagrama TTT para aço eutetoíde

R: Mantido em 100ºC por 2 min, toda austenita se transforma em martensita (têmpera) Ordem decrescente de dureza: - amostra temperada; - amostra de autêmpera; - amostra recozida.

-Martensita é a fase mais dura, portanto, produzirá um aço de maior dureza. Depois da martensita a combinação bainita e martensita geram maior dureza e, por último, com menor dureza, se tem a ferrita e perlita grosseira do recozimento (fases mais macias).

6. Explique sucintamente por que a perlita fina é mais dura e mais resistente do que a perlita grosseira, que por sua vez é mais dura e mais resistente do que a cementita globulizada. R: A fase de reforço da perlita é a cementita, quanto mais denso e quanto menor o espaçamento entre lamelas de cementita mais resistente será a perlita. Como a perlita fina tem menor espaçamento entre lamelas e uma maior quantidade de cementita do que a perlita grosseira que, por sua vez, tem mais que a cementita esferoidizada, a ordem de resistência será perlita fina, perlita grosseira e cementita. Extrapolando o raciocíno, temos que a normalização, que gera perlita fina(*1) , produz aços com maior resistência mecânica que o recozimento, que gera a perlita grosseira(*2), que por sua vez, tem maior resistência mecânica do que aços esferoidizados (cementita esferoidizada). (*1) Para aços eutetoídes, a normalização produz somente a perlita fina. Para aços hipo e hipereutetoídes existe ainda uma fase proeutetoíde, ferrita e cementita, respectivamente. O mesmo raciocínio vale para o recozimento e esferoidização.

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7. a) Cite os três fatores que influenciam o grau segundo o qual a martensita é formada ao longo de toda a seção reta em uma amostra de aço. (b) Para cada fator, diga como a extensão da formação de martensita pode ser aumentada.

(a) 1. Tamanho de amostra 2. Taxa de resfriamento 3. Banho de têmpera (b) 1. Quanto menor a amostra mais martensita se formará ao longo do corpo de prova. 2. Quanto maior a taxa de resfriamento mais martensita se formará. 3. Quanto menor a temperatura do banho mais martensita se formará.

8. Descreva as microestruturas típicas formadas durante os tratamentos térmicos de recozimento e normalização para aços hipoeutetoídes, eutetoídes e hipereutetoídes. Justifique com base na microestrutura porque a normalização gera uma peça com maior resistência mecânica do que o recozimento. R: Aços hipoeutetoídes: Normalização Ferrita proeutetoíde + perlita fina; Recozimento Ferrita proeutetoíde + perlita grosseira. Aços eutetoídes: Normalização Perlita fina Recozimento Perlita grosseira Aços hipereutetoídes: Normalização Cementita proeutetoíde + perlita fina Recozimento Cementita proeutetoíde + perlita grosseira A normalização gera a perlita fina, que é uma fase mais resistente do que a perlita grosseira, produto do recozimento. Portanto, a normalização gera um aço com melhor resistência mecânica do que no recozimento. Ressaltando que a maior resistência da perlita fina se deve ao menor espaçamento da fase de reforço (cementita) e maior densidade.

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9. Um aço ao ser submetido à têmpera forma trincas devido à diferença de resfriamento da superfície para o centro. Quais opções de tratamento existem que permitem que ainda se tenha uma alta dureza? Qual desses tratamentos é mais viável economicamente? Por quê? Autêmpera e Martêmpera. A austêmpera é um processo mais econômico pois não necessita de uma etapa final de revenimento. 10. Quando se quer reduzir as propriedades mecânicas (dureza) e aumentar a ductilidade, para promover uma etapa de usinagem, quais tratamentos térmicos são aconselhados? Qual seria o mais eficaz em reduzir as propriedades mecânicas (dureza) e aumentar a ductilidade? Recozimento, Normalização e Esferoidização. O mais eficaz em aumentar a ductilidade é a esferoidização.

11. Classifique em função do comportamento mecânico (dureza) as fases e constituintes que aparecem no aço. (b) Com base na parte (a), classifiquem, em ordem decrescente de dureza alcançada, os tratamentos térmicos que produzem estas fases e constituintes. Martensita Martensita revenida Bainita Perlita Fina Perlita Grosseira Cementita esferoidizada Ferrita

Têmpera Têmpera e revenimento e/ou martêmpera Austêmpera Normalização Recozimento Esferoidização

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Bibliografia

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Pearson Ed. do Brasil, 2008.

• Callister, W.D. Int. Ciência Eng. Mat., 5ª ed., RJ: LTC,

2002.

• Cardoso, A.V., Laboratório de Material Didático

Multimídia CETEC-MG, www.cienciadosmateriais.org