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    2 Mapeamento Social dos Povos e Comunidades Tradicionais do Rio Tapajs:Povo Munduruku Cara-Preta e a luta pelo reconhecimento do territrio.

    Nova Cartografia Social da Amaznia

    Participantes das ocinas de mapas realizadas em 18

    de junho e 03 de outubro de 2015:Adailcy de SousaLopes; Adejanildes Cardoso Pereira; Adriana CardosoPereira; Aline Fabiana C. de Almeida; Andriely Horranade Sousa; Antnio Pereira; Aristilde Pereira Franco;

    Csar Franco Marques; Cleocinete Cardoso Pereira;Cleodiane Pereira Franco; David Matheus MarquesFialho; Douglas Cavalcante de Almeida; Edvan dosSantos Furtado; Edvnia dos Santos Furtado; Erlisondos Santos Corra; Evandro Cavalcante de Almeida;Evellyn Kalliany Nunes Corra; Everton Cavalcantede Almeida; Giza Cardoso Batista; Gilvanice IngredesBatista Silva; Crislane Franco Santos; Iralice CardosoSilva; Ivonete Cardoso Pereira; Joana MargaridaCardoso; Joo Eliseu dos Santos Furtado; Jucirene C.Pereira; Jucirene Cardoso Pereira; Katiane Carvalho;Larcio das Chagas; Lana Souza Parintins; Lanilde

    Almeida Chagas; Leony Almeida Chagas; MrcioCardoso Batista; Marcos Gabriel Cardoso; Mari C.Marques; Maria Aparecida Cardoso Brz; Mariade Nazar Cardoso Marques; Maria Necy FrancoMarques; Maria Rosenilda Almeida Chagas; MariaRuna Cardoso Marques; Marlisson Huan CardosoBatista; Mayara Pereira Brz; Hasley Oliveira Martins;Natanilson Miranda de Almeida; Oracy CardosoCavalcante; Raimundo Colares Marques; Renildo daCosta Cardoso; Rosimara de Souza; Rozellia dos SantosFurtado; Rozielly dos Santos Furtado; Sebastio DiegoC. dos Santos; Wilderlam Cardoso Cavalcante; Yvaldo

    P. da Silva Jnior.

    Coordenao geral do PNCSA:

    Alfredo Wagner Berno de Almeida (UEA)

    Ncleo Baixo Amazonas: equipe de pesquisa

    Solange Maria Gayoso da Costa (PPGSS/ICSA/UFPA)

    Marcos Vincius Costa Lima (PPGEO/UFF/PNCSA)Gleyce Kelly Ramos Miranda (FASS/ICSA/UFPA)Mylena dos Santos Santana (FASS/ICSA/UFPA)Ricardo Almeida Paiva (FGEO/IFCH/UFPA)Sebastio Diego Cardoso dos Santos (FGEO/UFOPA)

    Edio

    Solange Maria Gayoso da Costa (PPGSS/ICSA/UFPA)

    Fotograas

    Acervo PNCSA Solange Maria Gayoso da Costa e MarcosVinicius Costa Lima

    Cartograa: coleta de dados e croquis equipe de pesquisae participantes da ocina; cones da legenda do mapa-participantes das ocinas de cartograa; cartograa

    - Marcos Vincius Costa Lima (PPGEO/UFF/PNCSA) e

    Ricardo Almeida Paiva (FGEO/IFCH/UFPA).

    Reviso de texto

    Iraneide Silva

    Realizao

    Associao Indgena BurutiConselho Indgena Tapajs Arapiuns (CITA)

    Apoio

    Universidade Federal do Par (UFPA)Universidade Federal do Oeste do Par (UFOPA)Universidade Estadual do Amazonas (UEA)Ministrio da Educao (MEC/SESU) - EditalPROEXT/2015

    Mapeamento social dos povos e comunidades tradicionaisdos rios Tapajs: aldeia/comunidade Escrivo - povoMunduruku Cara-Preta e a luta pelo reconhecimento doterritrio, 1/coordenao geral, Alfredo Wagner Berno deAlmeida; coordenao de pesquisa, Solange Maria Gayosoda Costa ... {et al.}. Manaus: UEA-Edies, 2015.

    16p. :il. Color. ; 25 cm.

    ISBN 978-85-7883-359-6

    1. Identidade. 2. Povos indgenas Munduruku Cara-PretaAveiro (PA). 3. Territorialidade Baixo Tapajs Rio.

    5. Cartograa. I. Almeida, Alfredo Wagner Berno de. II.Gayoso da Costa, Solange Maria. III. Srie.

    M297

    Fotos: Participantes da ocina 03/10/2015Fotos: Participantes da ocina 18/06/15

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    3Mapeamento Social dos Povos e Comunidades Tradicionais do Rio Tapajs:Povo Munduruku Cara-Preta e a luta pelo reconhecimento do territrio.

    Nova Cartografia Social da Amaznia

    Identidade

    Indgena

    Minha me s dizia que eu tenho sangue de ndio da beira do Amazonas. Eu tenho sangue dendio de Pinhel, que meu pai morava l. A minha v dizia que a qualidade dos ndios l, naquela poca,era uns ndios brancos com cabelo e tudo, s que eram ndios [...]. No tempo que o meu pai morreu, euestava com dois anos; quando ele morreu, ns viemos pra c. A quando eu comecei a morar mesmoaqui, eu comecei a estudar, foi com cinco anos, ento eu me considero assim. (Raimundo Colares

    Marques, Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 18/06/2015).T lhe dizendo sou ndio mesmo. Meus avs era tudo ndio [...]. Eu estava dizendo [...]

    quando vinha num barco de Manaus, o cozinheiro me espiava, at que ele conseguiu falar comigo praperguntar se eu era ndio. Eu disse que era. Eu conheci o senhor desde que o senhor embarcou, euvi que o senhor ndio mesmo. E o senhor, acha que eu sou ndio? Eu digo S se o senhor contarse . A ele disse: eu sou ndio. Minha me, minha av, tudo ndio. Mas todo mundo olha em mim epensa que eu no sou ndio, mas eu sou ndio! [...]. Quando veio um rapaz do Acre [...] ele me contavatudinho que a av dele era ndia, tudo por a ns andava com ele, conversando [...]. (Aristilde PereiraFranco, Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 18/06/2015).

    A nossa maloca ali, ca meio longe daqui [...], foi o primeiro patrimnio que ns zemos dedentro do movimento, por intermdio de uma parenta [...] deixa eu ver se me lembro da etnia dela ela Munduruku [...]. E hoje o que voc est vendo tudo trabalho nosso, braal mesmo, trabalhoda porrada mesmo, como se diz. Sem ajuda de ningum, s pai e me. Uma hora dessa, s vezes nsestava trabalhando, muita vez com fome e sem tomar um pouco de caf, mas a gente conseguiu. A se-nhora est vendo esse campinho aqui, foi uma luta muito grande, porque isso era um mato muito feio.E quando dia de sbado, eu quero que voc veja aqui professora, muita animao do jovem, vemjogar bola l de baixo os indgenas ou no indgenas, todos se amontoam aqui. Ento, isso pra ns muito graticante; [...] a gente escorre a lgrima quando v que os outros companheiros no queremaproveitar essa oportunidade que a gente tem [...]. logo que comeou, o movimento era muito forte,muito forte mesmo. E todo mundo se assumiu, todo mundo deu sim. Poxa, a gente trabalhava comaquela animao, com aquela alegria. Depois veio uma mulher l de Pinhel, que ela no se assumia. Aela foi metendo na cabea de algum, que naquela poca ela era coordenadora de uma associao [...]:olha isso no existe, isso mais coisa que eles querem fazer, ganharem as coisas no nome de vocs.A o pessoal que no se assume at hoje [...] e a cou. Os que se assume at hoje eles vivem por aquicom a gente, trabalhando. (Larcio das Chagas, Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 18/06/2015).

    Fotos: Maloca indgena

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    Nova Cartografia Social da Amaznia

    Conheo muito aqui nessa regio, at Arapiuns, por aqui conheo tudinho os matos. Apendi a andarno mato com um primo meu, chamado Adalcino. Ele j at faleceu. Eu aprendi com ele. Eu ia desde os 10anos. Andava com ele. Eu deixava de estudar pra aprender a andar. Eu estudava mata, estudava nos astros[...]. Na mata, assim, por exemplo, antes de sair pra mata eu estudava os astros, assim, nas nuvens. , nasestrelas, por exemplo, assim, a nuvem t cortando aqui, ento essa nuvem corta pra c [...]. Pois ! A euAprendi. Ele sempre dizia olha, quando voc chegar, quando voc sair [...] antes de sair voc v comoos astros to l, pra seguir. Porque quando voc chegar no mato, voc j sabe donde se saiu e pra onde sevai. Entendeu? E isso eu tenho at hoje, porque hoje eu j com uns 73 anos, e eu j tenho ensinado pros

    meus lhos, ensino pra qualquer uma pessoa. Agora, esses jovens, num querer coisa, mas eles no queremaprender essas coisas assim. Porque uma coisa to boa [...], porque s vezes, como muitos que vm cortar[...] at no aparelho (refere-se ao GPS) assim, cortar um pico, eles erram. Porque quando a gente entra namata, no s entrar na mata. Porque tem muitos que entram na mata com a cabea abaixada no assimque a gente faz. Antes de ir a gente deve procurar saber os astros aqui, estudar at as estrelas de noite, agente v numa noite bonita; a gente v como , como no . assim. Porque tem pessoa que no sabe. Estoulhe dizendo que no sabe. (Aristilde Pereira Franco, Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 18/06/2015).

    Terra Preta

    O Mateiro

    Era pra senhora que eu estava dizendo que eu conheo tudinho isso a, no m desses igaraps,tudo terra preta, tudo onde os ndio cultivavam. A gente achava aqueles bolos que os ndios faziamenterrados. Acho que era de macaxeira com aquele leo de coquinho. Tudo a gente topava. E muitobonito, professora, eu estou lhe dizendo que muito bonito uma terra preta dessa. Muito bonito mes-mo, a gente topa tudo com aqueles pedao de panela, essas coisas que fazem de barro, bem preparado,aqueles pedaos [...] s que muito bonito, uma terra preta que t at entrando a nesse mapa que agente j zemos. muito bonito l [...]. Daqui pra chegar na terra preta? Desse lado do Aricor, quemvem tem um igarap que chama igarap da Terra Pretinha, um brao; tem um outro que igarap

    do Burutizal; outro que chama igarap do Manelito, isso t tudo no mapa. E o igarap do Andiro-ba, que chega j pra terra preta. E desse lado daqui, tem um, dois, trs [...] trs, j aqui perto. Ento,isso a, [...] bonito l, muito bonito aquela terra preta, vou lhe dizer. (Aristilde Pereira Franco,Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 18/06/2015).

    Fotos: Cermica encontrada na Terra Preta

    No, eu fui pra l em 1998, quando eu me casei, e eu sou lha duma outra comunidade quetambm caracteristicamente indgena. Quando eu fui fazer meu magistrio, em 2007, [...] eu fui pes-quisar as minhas razes e descobri que meus antepassados eram indgenas. Meus bisavs falavam umalngua, mas assim, no tem como identicar qual a lngua que se falava. Como na comunidade do meumarido tiveram essa autoidenticao, a foi que eu resolvi me autoidenticar, mas fazendo parte dopovo dele [...]. Quando eu cheguei, em 1998, eles j estavam na discusso de autoarmao do mo-vimento, criao duma associao, ento eu comecei a participar [...]. (Rozellia dos Santos Furtado,Ocina de Mapas, Aldeia/Comunidade de Escrivo, em 18/06/2015).

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    5Mapeamento Social dos Povos e Comunidades Tradicionais do Rio Tapajs:Povo Munduruku Cara-Preta e a luta pelo reconhecimento do territrio.

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    Pede. Pode pedir, porque tudo isso tem seu dono, vamos dizer assim. A senhora j ouviu falarem curupira? Olha, isso a o que eu j vi; vi no, porque eu nunca vi no. Ela assobia. Mas a genteno mexendo com ela, ela no prejudica, no faz mal pra ningum. Mas quer ver, mexe com ela. Elajoga at a gente da rede. T lhe dizendo! Eu digo pra qualquer uma pessoa, mas no mexendo...! Sedisser assim: curupira hoje eu quero dormir contigo no mato, voc vai dormir no mato. Vai! Vai,porque ela faz. Ela emenda o pico da gente, o pico cortado. Agora, quebrado ela no emenda no.Mas cortado ela emenda. Por exemplo, se eu for romper pra varar numa colnia assim, e ela tiver le eu mexer com ela, eu vou rodar. Embora que eu conhea, mas eu no varo [...]. Tem que distrair ela[...]. A gente tem uma palha aqui, est vendo a folha? A gente fura ela bem aqui. Eu vou lhe ensinar. Agente fura ela aqui e amarra. E deixa pra trs. E a gente segue. Aqui ela vai pelejar pra tirar essa palhade dentro desse lao aqui. Entendeu? At que ela tire, a gente prende, ela deixa a gente e a gente varapra onde tem de varar. E outro que tambm a pessoa pode tirar a camisa e girar do avesso e vestir.Agora, isso a eu no sei qual a causa; que at uma cobra que tiver atrs da gente a gente faz isso.[...]. porque no mato tem cobra que atrai, a jiboia [...]. (Aristilde Pereira Franco, Ocina de Mapas,

    Aldeia Escrivo, em 18/06/2015).

    Para Entrar Na Mata Pede Licena a Curupira

    Fotos: Lao de palha feito para distrair a Curupira

    Encantados

    A gente est acostumado a crer no convvio, nas histrias, nos acontecimentos dos antepas-sados. A gente acredita que muitas das vezes essas pessoas, eles chegam numa paragem e no pedemlicena. Ento l tem umas palmeiras que o nosso buriti. Tem esses buritizeiros l, e se sabe que tudopor onde tem essa palmeira existe me. Me que a gente diz assim, por ter um dono. E muitas das ve-

    zes a gente chega numas paragens dessas e a gente no lembra de pelo menos fazer um pedido: Olha!Eu estou aqui atrs disso, daquilo. Para que a gente possa entrar e sair livre. Ento a gente coloca issoem mente e aconselha tambm o nosso jovem a respeito aqui dessa permisso. (Larcio das Chagas,Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 03/10/2015).

    Olha, quando eu era criana, quando era cinco horas da tarde, tinha um boto grande que pas-sava. A nossa casinha era l na beira. Quando dava cinco horas ele vinha, mas ele fazia assim affquando ele boiava e ia embora. Quando ele dava uns trs coisas daquele, mame dizia: olha, l vemo Domingo. O nome dele era Domingo, que morava l naquele poo, naquela enseada. E entravapara l. E toda manh era a mesma coisa. Quando dava cinco horas da manh. A mame dizia: olha,o Domingo j vai saindo. Ele vinha fazendo assim, coisa e saa. Ento l tinha uma casa. Quandoera meia-noite saa do fundo, devido uma mulher menstruada que foi tomar banho. E a ela estavamenstruada, quando chegou l na beira ela viu aquela casa to bonita, mas muito bonita, e muita gentedanando naquela casa, dentro daquela casa. A chegou, ela cou olhando, ento ela entrou. Quandoela entrou naquela casa, pronto, a casa sumiu. E ela cou l encantada, a dita moa. Ento aquilo l novazava, por isso que eu digo que agora a me de l j saiu, porque quando a gua vaza muito, ca secomesmo e aquilo no cava seco e dava muito peixe, peixinho de todo tamanho l. Eu tenho uma lhaque era muito danada, se ela fosse pra l e no levasse um dente de alho assim no peito dela, ela vinhade l maluca de dor de cabea. E eu tinha um primo que o nome dele se chamava Jos. A ela estavaaperreada, ento ele chegou, ela disse: Tio Jos, me benza que eu estou quase doida com essa dor decabea. A ele benzeu ela e disse: , minha lha, voc sabe quem mora l agora, aonde voc passou?

    a dona Concha. O nome dela dona Concha, aquela que mora l. Mas eu vou prender ela por 10 anos.Por 10 anos eu vou prender ela, mas quando ela soltar de l, ela vai continuar no mesmo. Quem passarl vai achar. E foi! Nunca mais foi acontecer. Foi o tempo que ele morreu, a foi indo, at completou os10 anos e a agora eu acho que ela j est solta, porque tem gente que j passa l e j vem com essa dorde cabea. Dor de cabea e dor de estmago. Chamavam pra ela Dona Concha, era o nome dela. Essa a estria. (Maria Runa Cardoso Marques, Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 03/10/2015).

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    Nova Cartografia Social da Amaznia

    Dona Raimunda era moradora aqui da nossa comunidade. Na poca que ns zemos a entrevista,ela j tinha mais de cem anos. Faz uns dois anos que ela faleceu. Na poca, eu z um trabalho com osalunos sobre o histrico da comunidade, como ela era a pessoa mais idosa da nossa comunidade, ns con-versamos com ela. Ela falou que aqui na comunidade de Escrivo os primeiros moradores eram FranciscaApiak, Francisca Munduruku e Herculano Cara-Preta. Eram essas trs famlias que existiam aqui. Ela eramuito criana, morava com a Chiquinha Munduruku na poca, e eles moravam aqui na parte de cima dacomunidade. Nessa poca, ela falou que as casas eram em ritmo de maloca mesmo, coberta de palha. Ti-

    nham poucas crianas, mas havia batizado nessa poca. Quando o padre chegava aqui pra fazer o batizado,ele no entedia a lngua indgena, ento quem acompanhava esses trabalhos de batizado, de comunicaoentre eles e os indgenas era a Chiquinha Munduruku, que falava a lngua Munduruku. Ela falou que nosabia mais coisas, porque sempre ela saa daqui, viajava. Ela era criana mas j saa pra outras comunida-des. E ela tambm falava a lngua indgena. Ela falava, s que a gente no gravou nessa poca. A gente nogravou e ns perdemos esse grande tesouro que era a sabedoria dela na lngua Munduruku [...]. (Maria deNazar Cardoso Marques, Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 03/11/2015).

    Olha, aqui em Escrivo, comeando do Aricor, aonde pertence pra c, pra essa comunidade, temmuita diferena de l pra c, porque naquele tempo existia poucas pessoas morando nesse lugar; [...] sexistia trs famlias que moravam, que hoje em dia eles no existem mais. Ainda tem uma, agora nessapoca tem uma famlia que mora l. Dona Maria, Maria Pereira Marques que mora l [...]. E no Orucurexistia uma famlia tambm e continua existindo agora uma famlia. E passando aqui pro povoado tinhauma comunidade onde mora a maioria, na poca do passado existia sete famlias. Agora, no presente deagora, do que a gente t, umas quarenta e cinco (45) famlias. Agora, mas no passado eram poucos. Poucaspessoas que existiam aqui nessa comunidade. E todos eram conhecidos como indgena, quer dizer, ums que no era considerado como indgena porque era da famlia de judeu. S que dessa famlia no temnenhum. Nem os lhos dele foram todos embora. E cou s os que eram considerados indgenas. Nessetempo, essa comunidade era chamada de Taperinha. Era de dono, tinha gente que se dizia dono e o nome

    era Taperinha. Depois, com o movimento do pessoal, ele entregou. Acabou entregando pra comunidadetomar conta. No estou lembrado, mas era mais ou menos, era no ano de 1944, se no me falha a memria isso contado pela minha av, pelos meus tios e minha me. Porque eu nasci no ano de 1944, depois daguerra. Ento a tem uma histria. Uma histria que eu gostaria de contar como todo mundo conta, o sig-nicado de ser Escrivo, hoje reconhecido como Escrivo, porque no tempo da guerra (refere-se guerrada cabanagem) veio o pessoal dos guerreiro, do batalho, aquele pessoal que acompanha onde tinha um

    Histria da

    Aldeia / Comunidade

    Fotos: Ocinas de mapas 18/06/15

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    escrivo no meio. E esse escrivo, ele morreu nessa ponta que tem a, nessa sada, perto dessa ponta que agente chama, nosso costume de falar. E a foi l que ele foi achado morto. Agora, at hoje eu no conseguidescobrir se foi matado ou se ele morreu de uma doena. A o pessoal chamava Ponta do Escrivo, antesda comunidade se desenvolver. Era Ponta do Escrivo, s chamavam Ponta do Escrivo. Depois dessaPonta do Escrivo a que foi considerada a comunidade do Escrivo. Foi a que passou a ser Escrivo;cou sendo Comunidade Escrivo. Mas a histria assim [...]. (Raimundo Colares Marques, Ocinade Mapas, Aldeia Escrivo, em 18/06/2015).

    Eu nasci em Escrivo. Ento as casas no eram l em cima do morro, era tudo a abeirando [...]onde tinha uma mangueira grande, ento, ali tinha uma faixa de 50 metros beira do rio. Porque aquilo no

    era praia, aquilo era terra rme. Ento ali embaixo era a igreja, era o barraco comunitrio, era casa demoradores e a gente andava ali abeirando. Porque tinha um caminho que a gente vinha pro lado do igarap,que a gente fala agora, onde tem o grupo (antiga escola), aquilo no era um grupo. L onde tem aquelegrupo, l era a casa duma famlia, e o nome dela se chamava Erminda (conhecida como Mindoca). E tam-bm aquela parte que limpa, onde era terreiro do grupo, ali era um jardim. Eram plantas que ela tinhaplantado e era cercado para ningum pisar em cima das plantas. E l ela festejava uma santa, que o nomeda Santa Santa Luzia. Ento era s a casa dela que tinha e um campo que tinha l. E tinha mais outrafamlia, da Nazar Furtado, e a vinha a casa do meu av, que era a casa do Miguel, e de l expandia [...].Depois foi o tempo que a eroso comeou e veio quebrando, quebrando, quebrando, foi quando a gentepassou l pra cima. E antes disso, l em cima, onde hoje a igreja, l tinha a casa de um senhor. Ento agente precisou daquela rea, e ele j no estava mais l. Ento a gente entrou em contato com ele, tendoreunio, mas ele no aceitou. Mesmo assim, as famlias se juntaram para fazer a igreja. Ele, ento, foi pelapolcia a respeito do terreno, mas a comunidade sabe que a comunidade soberana, ganhou a questo.Ento fomos suspendendo as casas de baixo pra cima [...]. (Antonio Pereira, Ocina de Mapas, AldeiaEscrivo, em 18/06/2015).

    Fotos: Ocinas de mapas 18/06/15

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    Olha, a vida naquele tempo para ns, tem muita diferena dagora. Era muito farto do alimento,tinha muito peixe nesse rio, o rio no era essa situao que t agora, tinha uma ilha grande a, que davabastante peixe. A gente pegava peixe quase como uma brincadeira, para pegar alimento. Aquela era umadas facilidades sobre o alimento. E sobre as caas tambm era muito farto, essas mata tudo tinha muitacaa, que esse rapaz que estava a, que eu contava ainda agora. Esse senhor que estava ali, ele daquelapoca e vivia disso, de caa. Caa e tirao de jutaicica, da seringa. Naquele tempo, encontrava muito prasobreviver, tirar seringa, colher castanha, trabalhar em roa, era isso a nossa vida. Era sofrido porque nsno tnhamos uma ajuda de ningum nessa poca. O que se produzia por aqui mesmo era vendido, eradado de um pro outro. Naquele tempo no tinha negcio de ambio, de correr por causa de dinheiro, deganho, porque no tinha pra onde correr mesmo. Ento a situao era daquele jeito. Era bom pelo um ladoe ruim por outro [...]. (Raimundo Colares Marques, Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 18/06/2015).

    Fartura de caa tambm que tinha, que vinha a por perto do rio, bando de queixada, at que vinhaconversando no barco, que naquele tempo varava bando de queixada era na beira do rio comendo essejauari no igap, e hoje a gente no v mais varar a, isso por causa das perseguio que tinha e tem. Ento

    essa uma parte que a gente v, que aconteceu e t acontecendo dentro das prprias comunidades, no s em Escrivo, mas das outras comunidades inteiras. E se acontecer mesmo assim, de a gente no ter umequilbrio disso, acredito que daqui mais uns tempo vai sumir tudo. (Antonio Pereira, Ocina de Mapas,Aldeia Escrivo, em 18/06/2015).

    Recursos Naturais Antes

    A parte da seca uma parte dicultosa pra todas as famlias ribeirinhas, no s de Escrivo comodas outras comunidades [...]. Voc v aquele riozo grande, mas, quando seca s um canalzinho assim[...]. Tem paragem que fundo, tem paragem que baixa, e assim vai, some, seca tudo. Fica s mesmoaqueles lagote assim. A a gente sai da de Escrivo trs horas da madrugada pra pegar o barco l con-

    fronte o Apac (comunidade), a gente roda l confronte o Tumbira, volta de novo pra pegar barcol numa ilha que tem. Ento a gente chega l umas cinco horas da manh. Pra gente ir em Aveiro fazercompra, a chega l umas trs horas da tarde, quando a gente chega de volta umas sete, oito, nove horas danoite. Assim, ento, uma diculdade. Em tempo de cheia no, em tempo de cheia uma maravilha agente vai, ainda mais agora que a gente tem essa rabetinha, isso tambm favoreceu muito toda a popu-lao, por causa de que naquele tempo a gente esperava os barcos, que tinha as pessoas que tinha barco,pra poder conduzir as pessoas pra levar pra l pra Aveiro fazer compra. E agora no, cada um pega suarabetinha e vai fazer suas compras, vem a hora que quer, sai a hora que quer, se quiser chegar cedo nasua casa ele sai mais cedo e chega cedo. uma maravilha. (Antonio Pereira, Ocina de Mapas, AldeiaEscrivo, em 18/06/2015).

    Hoje em dia, infelizmente todo mundo quis saber s de criao, de criar gado, e a bem poucaspessoas j vivem da agricultura. Ento, Escrivo vive assim. mais criador do que agricultor. Atpor causa de que assim, um precisa do outro, sabe? E o que cria mata e vende para aquele que notem, mas tem a farinha, que tem a tapioca, que tem o tucupi esses derivados. E a faz qualquer tipode negcio [...]. assim um tipo de troca, ele me d carne eu dou a farinha para ele ou a tapioca, nocaso. E a gente vive assim. T certo que no so todas pessoas que fazem isso, mas a maioria fazemisso [...]. farinha, a mandioca, tem o arroz, tem o feijo, o milho que a gente no deixa de no ter; agente cria um negcio de umas galinhas, assim para alimentar a gente quando est ruim de comida, etudo isso a gente deixa. (Larcio das Chagas, Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 18/06/2015).

    A Vida na Cheia e na Seca do Rio

    Fotos: Aldeia/Comunidade de Escrivo na seca do rio

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    A nossa autoidenticao, a gente sabe que foi desde o ano de 1998. No! Foi em 1996, com aRESEX. Ento, em 1996 a gente comeou a discusso da RESEX, antes disso a nossa luta ela era pelosindicato, lutando para defender a nossa terra. E de l comeou a discusso da RESEX extrativista, e agente conseguiu a RESEX extrativista. A gente viu que no era importante isso, ento a gente tambmcomeou a lutar para nossa autoidenticao como indgena. J que a gente era extrativista, a gentetem no sangue aquele sangue dos indgenas. Ento a gente comeou a se identicar, mas antes disso,quem j tinha se autoidenticado como indgena foi Taquara, o Paj Laurelino, que se identicoucom a famlia dele [...]. Ns tambm de Escrivo, ns se autoidenticamos como indgena, porque agente tem cunha (coragem, fora) na pele. (Antonio Pereira, Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em18/06/2015).

    Organizao e Mobilizao

    pelo Reconhecimento do Territrio

    Fotos: Ocinas de mapas 18/06/15

    Bom, eu j sou da quarta gesto. E o processo de legalizao da Associao, ela foi fundada em2006 [...] uma associao jurdica para a gente se organizar melhor. Ultimamente ns conseguimos oprojeto do microssistema de gua e estamos trabalhando em prol da comunidade, e esperamos nalizaresse projeto e tentar buscar mais. A organizao : primeiro coordenador, segundo, tesoureiro, vice--tesoureiro e secretrio e vice-secretrio. Tem assembleia ordinria, que uma vez no ano, e extraor-dinria, quando precisamos fazer alguma mudana que a gente pode fazer. Tem 80 associados, mas euacho que nem todos esto atuando. A, no mximo, eu acho que tem uns 50. Tem famlia que tem trs,quatro associados, e assim sucessivamente, porque so 40 famlias indgenas. Na aldeia tem o cacique,tem o tuxaua. O cacique ele tem autonomia maior, que quando ele vai tomar alguma deciso, ele temque consultar o povo, e de acordo com o povo. No por ele ter uma autonomia maior, que ele tem quedecidir o que ele acha que ele tem que fazer, no! Ele tem que ir de acordo com o povo. E o presidenteda associao tambm para acompanhar esse processo, mas juridicamente, em termos de documento,encaminhar documentao, juntamente com o cacique, expedir declaraes para benefcios, encami-nhar ofcios pra questo de audincias, reunies e tudo mais. (Rozellia dos Santos Furtado, Ocina deMapas, Aldeia/Comunidade de Escrivo, em 18/06/2015).

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    14 Mapeamento Social dos Povos e Comunidades Tradicionais do Rio Tapajs:Povo Munduruku Cara-Preta e a luta pelo reconhecimento do territrio.

    Nova Cartografia Social da Amaznia

    O que que vem acontecendo que o pessoal que vieram de Santarm, no sei de onde que elesvinham, vieram nuns barco, comearam a entrar na ilha com grande malhadeira, no tempo da malhadeira,com grande pescaria, a comeou a animar o povo daqui da regio de Aveiro esse povo a, com esse tipode coisa. Porque eles pegavam em quantidade pra levar [...]. Era de todo jeito que eles faziam. Aquelas redesenormes de mil e poucos metros. Pegavam bastante peixe. Parece brincadeira. A a malhadeira entrou e o

    pessoal comearam a comprar as malhadeira pequena. Comearam a colocar e matavam pirarucu e pega-vam lhote, e pegava tudo que era peixe que entrava, at boto e jacar, tudo isso entrava na malhadeira, eles

    matavam [...]. (Raimundo Colares Marques, Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 18/06/2015).Outro tempo tambm que eu vivo at agora, a gente vinha conversando no barco a respeito da fartu-

    ra que tinha. Muita fartura de peixe, muita fartura de caa, muita fartura de tracaj que a gente fala, pirarucu,isso como eu tenho dito sempre pros meus jovens olha, jovem, voc no vai mais ver a fartura que nsvimos, por causa que daquele tempo tambm a populao era pouca, no tinha muita perseguio, e agorano, a perseguio diariamente. perseguio de malhadeira, perseguio de anzol, perseguio de

    bomba, perseguio de arrasto, ento tudo isso afugenta os peixes. No acaba, mas afugenta os peixes.E diminui tambm porque tambm agora no est mais vazando muito os capim que tinha aqui, que servia

    Situaes de Conito

    Pesca Predatria

    Criao de Gado

    Indgenas e no indgenas

    E a ca assim. A ca agora com essa situao, muitos dizem: rapaz, a criao de gado nailha. Se no tirar esse gado essa ilha nunca mais vai recuperar e nem os peixes tambm no, porqueos peixe vivem l, vivem daquilo. E a outros: no, rapaz, que isso tinha que acontecer, e num sei oqu; que o gado no acaba. A ca o negcio. Tem um pouco, [...] mas a maioria tem gado criando.

    E a comea a fazer campo. At os seringais que tinha, que a gente vivia do seringal, de seringa, notem mais, essas coisas vai sendo derrubada e pronto, o pessoal vai acabando com isso. E a pra trs,aonde tinha seringa a os caras comearam a derrubar e to continuando. O negcio t continuandocada vez mais. (Raimundo Colares Marques, Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 18/06/2015).

    Ento s o que apareceu l foi s os indgenas. Os no indgenas no se compareceram, princi-palmente aqueles que colocavam a minhoca na cabea dos outros, esses no se compareceram. Mas oMinistrio Pblico foi franco ao dizer: j que eles no se compareceram aqui pra dar seu parecer, entode hoje por diante, de onde partir a violncia, a discriminao, o preconceito, penalizado. E o que t

    acontecendo aqui. E eu acredito que o que a gente pode fazer isso, puxar uma audincia pblica; euacredito que vai acabar com isso. A gente faz reunio, diz que t tudo normal, mas quando a gente sai, apedrada pior. Eu, pelo menos, como eu estava dizendo, eu estou sendo ameaado. T a nosso pessoal,est a. Nosso povo est vendo. Eu coloquei isso na assembleia dos Munduruku (residentes no mdio e altoTapajs) [...]. E a situao no est fcil pro meu lado. por isso que um dia eu estou aqui, outro dia euposso est ali tambm, mas no isso que pode ser a minha segurana [...]. As pessoas pra tirarem a vida dooutro, basta R$ 100, R$ 50, quererem isso, tirar a vida de uma pessoa. Pensa que vai pagar a vida de uma

    Fotos: Igreja catlica Fotos: Barraco comunitrio

    pra choca dos peixes, j no t tendo. No t

    tendo mais os capim pra choca dos peixes,ento t cando tudo limpo. Ento os peixesprocuram pra onde tem acmulo pra eles po-derem desovar. (Antonio Pereira, Ocina deMapas, Aldeia Escrivo, em 18/06/2015).

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    DemandasA demanda a publicao do nosso territrio, educao, a regularizao da nossa escola e sade.

    porque assim, questo de sade, a gente reivindica de ser reconhecido pela secretaria de sade como indgenamesmo. No querendo ser melhor de que os outros n, pra ser atendido primeiro, no. Que ns somos reconheci-dos como indgenas, que ns no somos. Tambm um auxiliar de enfermagem para a aldeia e uma biblioteca co-munitria. (Rozellia dos Santos Furtado, Ocina de Mapas, Aldeia/Comunidade de Escrivo, em 18/06/2015).

    pessoa, vai pagar com R$ 50, R$ 100. Ento isso um alerta que eu estou falando pra vocs aqui, eu atmemorizei assim dentro da minha memria quando ela disse um pequeno relato pros mais jovens. Ento,ningum sabe, eu t dando esse relato pro meu povo, sempre dizendo isso pra eles, que ningum sabe davida da gente como que est. (Antonio Pereira, Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 03/10/2015).

    Eu quero dizer assim, que nem toda reunio que a gente convidado ele (refere-se ao sr. Antonio)pode participar no. Ele no pode estar com a gente. Olhe, domingo passado teve uma reunio sobre o ne-

    gcio a da gua que no entregaram [...] quando foi agora esse domingo, ns tivemos outra. E eles no meio.Sabe que l eles no queriam que a gente falasse? S eles pra l que estavam reunidos. No! Eles tinhamque dar a vez pra ns. A eu me abusei com aquele negcio, e eu me levantei mesmo. Eu me levantei. Eufui l e disse: olha, o que eu vou dizer pra vocs, vocs sabem muito bem que ns nos separamos. Entovocs tratam do povo de vocs que ns cuida do nosso. E outra que eu vim dizer pra vocs que ns vamostirar o nosso cobrador da gua. Vocs fazem a equipe de vocs que ns vamos fazer a nossa [...]. Porquetodo ano essa polmica, todo tempo essa coisa de gua. dodo! E eu me levantei e vim embora, essesque ainda estavam l caram l. E eu vim embora. E eu disse o negcio no fcil, mas tem um encontronosso com eles l. Ento por isso que nem toda reunio ele pode participar com a gente, ainda mais se ooutro tiver do outro lado. A que quente mesmo. Pois , a nossa situao essa. Quando o prefeito veioaqui resolver o problema da escola, ele disse que ia acalmar tudo [...]. Mas s que eles levantam questo.

    E a gente no pode car calado [...]. E a gente t lutando pra conseguir aquilo que a gente v que melhorpro nosso povo. (Maria Runa Cardoso Marques, Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 03/10/2015).

    Uma Mensagem para os JovensO que eu quero s colocar assim, se por acaso a gente alcanar ainda at ver esse livro, mas o que

    eu quero assim, at deixar assim uma mensagem pros jovens: que no se esmorea das nossas lutas, nose esmorea das nossas lutas, porque a nossa luta ela muito importante, dos nossos ancestrais. Mesmoporque, pra respeitar a me natureza, respeitar os nossos mitos, como as mes dos igaraps, de lago, do rio,da mata [...] tudo isso. Tem muita gente, tem muito jovem, eu digo assim, a juventude, eles desrespeitamat os momentos, at assim, que no t preparado pra ir banhar seis horas da tarde, meio-dia, e a vai a pegauma doena e no t sabendo de qu. Mas no t sabendo que tambm as mes dos igarap, eles tambmtem os momentos deles tambm estarem visitando a casa deles. E nesse momento que eles to visitando acasa deles, a gente vai entrando de corpo aberto e aonde eles do uma olhada e coisa, que do uma tacadana cabea da gente. E a tem uma doena que no sabe de qu. Ento, essa mensagem eu quero colocar,deixar pros jovens n, que no desprezem a nossa me natureza e que respeite tambm ela e os nossosmitos. (Antonio Pereira, Ocina de Mapas, Aldeia Escrivo, em 18/06/2015).

    Fotos: Cozinha da escola indgena Fotos: escola indgena Fotos: sala de aula da escola indgena

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