03 Ecossistemas Aquaticos Costeiros Continentais Cap3

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captulo IIIEcossistemas Aquticos Costeiros e Continentais

Ecossistemas Aquticos, Costeiros e Continentais

162 | VI Congresso de Ecologia do Brasil, Fortaleza, 2003

Ecossistemas Aquticos, Costeiros e Continentais Estimativa das emisses de carbono, nitrognio e fsforo para o esturio do rio Jaguaribe (CE)Abreu Ilene Matan a , Luiz Drude de Lacerda a, Rozane Valente Marins a a Instituto de Cincias do Mar LABOMAR / UFC ([email protected]) 1. Introduo O Rio Jaguaribe o principal curso dgua do Estado do Cear, possui uma extenso aproximada de 610 km e sua bacia drena uma rea de 72.043 km2, ocupa as partes meridional e oriental do Estado do Cear, entre os paralelos sul 4 20e 41 oeste, desaguando no Oceano Atlntico. A Bacia hidrogrfica possui uma grande rede de drenagem, seus principais afluentes so pela margem direita, os rios Carius, Salgado e Figueiredo e pela margem esquerda os rios Banabui e Palhano (Macedo apud Soares Filho 1996). Segundo Campos et al (2001) uma caracterstica significante do Rio Jaguaribe a variao da sua descarga que pode variar de 7000 m3.s-1 a zero em um intervalo de poucos meses. Isto se deve ao regime pluviomtrico da regio que dividido em duas estaes; a chuvosa (janeiro a maio) e a seca (junho a dezembro). A foz do Rio Jaguaribe apresenta uma extensa zona estuarina localizada entre as coordenadas 4 2326S e 37 4345W ; 4 3658S e 37 4345W (Soares Filho, 1996), cuja penetrao das guas do mar se faz sentir at a barragem de Itaiaba, cerca de 34 Km da sua desembocadura (Marins et al., 2003). Embora seja evidente o impacto das atividades antrpicas sobre o meio fsico do Rio Jaguaribe, nada se conhece sobre as alteraes qumicas de suas guas, nem de seus impactos sobre a regio costeira, desta forma este trabalho tem por objetivo a avaliao das fontes naturais e antrpicas de carbono, fsforo e nitrognio para as guas estuarinas do Baixo Jaguaribe (CE), que se estende desde a barragem de Itaiaba at a linha de costa, utilizando-se o inventrio dos fatores de emisses das fontes naturais bem como das diferentes atividades econmicas implantadas na regio. 2. Resultados e Discusso As principais fontes de emisso de carbono, nitrognio e fsforo identificadas foram: os esgotos domsticos, a lixiviao e eroso dos solos, os fertilizantes utilizados na agricultura, e a pecuria, onde as fontes incluem os dejetos dos animais e o efluente dos viveiros de camaro. A descrio da variabilidade dessas fontes para o esturio do Rio Jaguaribe esto apresentadas abaixo juntamente com as emisses estimadas e suas respectivas memrias de clculo. Esgoto domstico: Na regio de Itaiaba, acima do esturio, encontra-se uma barragem que tem a funo de desviar o fluxo do rio para o canal do trabalhador. Apenas na poca chuvosa o volume de gua suficiente para transbordar a barragem e alcanar o esturio. Dessa maneira na maior parte do tempo as fontes de esgoto para o esturio so os municpios de Aracati e Fortim. A soma da populao local, entre a zona rural e urbana, de 72.572 habitantes (IPLANCE, 2001) e assumindo que a emisso do esgoto lquido de 100 a 150 l.hab-1.dia-1 (Carioca & Arora, 1984), pode-se calcular que anualmente so produzidos 2,65x106 a 3,98x106 m3 por ano de esgoto, contendo aproximadamente 250 mg.l-1 C, 50 mg.l-1 N, 14 mg.l-1 P (Von Sperling, 1996), o que corresponde a descargas de 663 a 995 t.ano-1 de C, 133 a 199 t.ano-1 de N e de 37 a 56 t.ano-1 de P. Solo: A lixiviao do solo uma fonte natural de emisso de C, N e P, no entanto sua contribuio aumenta a uma taxa que varia entre a desnudao qumica e/ou mecnica (Schlesinger, 1997) e a eroso associada a construo e urbanizao (Goudie, 1987), de 128 a 213 toneladas de solo.km 2 .ano-1, respectivamente. Segundo dados do IPLANCE (2001), a maior parte do solo da regio representada por areias quartzosas distrficas (1,13x10 3 km2), Solonchack (0,16x10 3 km 2) e latossolo vermelho-escuro (0,06x103 km2). De acordo com a composio mdia desses solos que na areia quartzosa distrfica de 0,54% de C, 0,05% de N e de 0,01% de P; no solonchack 0,45% de C, 0,05% de N e de 0,05% de P; no latossolo vermelho-escuro 0,91% de C, 0,09% de N e de 0,02% de P (Projeto RADAMBRASIL, 1981) calcula-se que juntos eles contribuam com 946 a 1569 t.ano-1 de C, 90 a 149 t.ano1 de N e de 11 a 19 t.ano -1 de P presente no material de solo lixiviado para o esturio. Agricultura: A produo agrcola anual da regio superior a 18.357 t.ano-1 e suas principais culturas so a castanha de caju, o feijo, o milho e o melo. As necessidades nutricionais dessas culturas so supridas com a adio de fertilizantes ricos em nitrognio e fsforo (Andrade, 1991), calcula-se que de acordo com as necessidades de nutrientes de cada cultura e suas respectivas rea cultivada, sejam aplicados por ano na regio 1110 t de N e 1315 t de P. Mesmo que a administrao desses fertilizantes seja feita com base em anlises qumicas dos solos, para que no haja desperdcio, uma parte dos fertilizantes aplicados ser perdida pela drenagem do solo. Segundo Vollenweider apud Esteves (1998), de 16 a 25% do nitrognio e de 0,7 a 1,4% do fosfato aplicado perdido em solos europeus, na regio nordeste essa taxa pode ser ainda maior devido aos solos ridos. Na agricultura regional no h emisso de carbono, mas apenas a incorporao do carbono pela biomassa. Estimase que a emisso de nitrognio e fsforo atribuda agricultura, calculada de acordo com Vollenweider, para a regio 178 a 278 (229) t.ano-1 de N e de 3 a 6 (5) t.ano-1 de P. Pecuria: A pecuria da regio est dividida entre a criao de bovinos (8601 cabeas), aves (32155 aves), sunos (3603 cabeas) e ovinos (8603 cabea) alm da carcinicultura que avaliada separadamente. A pecuria produz aproximadamente quarenta mil toneladas de dejetos por ano. Os teores de carbono, nitrognio e fsforo dos dejetos foram calculados com base no volume produzido por animal, que de 10 Kg.cabea-1.dia-1 para bovinos, 0,18 Kg.cabea-1.dia-1 para aves, de 2,5 Kg.cabea-1.dia-1 para sunos e de 1,0 Kg.cabea1 .dia-1 para ovinos. A composio mdia desses dejetos na ordem que se segue: bovino: 2,4% C, 0,6% N e 0,35% de P; aves: 4,8% de C, 1,2% de N e 1,3% de P; suno: 2,0% de C, 0,5% de N e 0,3% de P; ovino: 5,6% de C, 0,5% de N e 0,5% de P, (Boyd, 1999). Cerca de 55% do N e P depositados nos solos por dejetos animais absorvido por plantas e cerca de 15% do N evaporado para a atmosfera sob forma de amnia (NRC, 2003). Portanto, carga total de N e P aplica-se, respectivamente, os fatores de 0,3 e 0,45. O resultado final da contribuio da pecuria para a emisso total de carbono, nitrognio e fsforo na regio do esturio do rio Jaguaribe de 1097 t.ano-1 de C, 82 t.ano-1 de N e de 40 t.ano-1 de P. Carcinicultura: Esta uma atividade em expanso no estado e s na regio do esturio do Rio Jaguaribe cobre uma rea de 800 ha, que esto divididos em 31 fazendas, com predomnio de pequenos produtores (Gesteira et al, 2001). A gua dos viveiros renovada diariamente a uma taxa que varia de 5 a 10% do volume do viveiro (Boyd, 1999), gerando em mdia 219x106 m3 de efluente por ano. De acordo com a concentrao mdia do efluente gerado por uma fazenda da regio (determinado experimentalmente), 0,15 a 0,20 x 10-6 t.m-3 de N e 0,06 a 0,18 x 10-6 t.m-3 de P, calcula-se que a carcinicultura contribui com um volume anual que varia entre 33 a 44 t de N e 13 a 39 t de P. Assim, a contribuio dos esgotos domsticos atinge 26%, 28% e 39 % respectivamente da contribuio total de C, N e P para o esturio, enquanto que o solo contribui com cerca de 40% de C, 20% de N e 13% de P emitido, j a emisso proveniente da

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Ecossistemas Aquticos, Costeiros e Continentaisagricultura corresponde a cerca de 38% do nitrognio emitido e 4% do fsforo. A pecuria responsvel por 34% do C, 14% do N e 34% do P emitido, enquanto que a carcinicultura: emite aproximadamente 1% do N e 11% do P da contribuio total para a regio do esturio do rio Jaguaribe. 3. Concluso As principais contribuies de nutrientes para o esturio do Rio Jaguaribe provm do esgoto urbano, principal emissor de fsforo, da agricultura, responsvel pela maior parte da emisso de nitrognio e a lixiviao de solos, contribuindo principalmente com carbono, para o esturio. A carcinicultura pouco contribui com a emisso de nitrognio e fsforo para o esturio. Provavelmente as guas do esturio devem ser oligotrficas, apresentando baixos teores de N e P, necessitando adicionar nutrientes gua para alimentao dos animais, como essa adio feita com controle rigoroso ela pode ser to diminuta que o processo de produo pode ser denitrificador e supressor do contedo natural de fsforo das guas do Rio Jaguaribe. Entretanto, cabe ressaltar que a carcinicultura a nica das fontes estudadas que libera nutrientes diretamente na regio estuarina. 4. Referncias Bibliogrficas Andrade, F. P. P. de (Coord.) (1991). Diagnstico do uso de fertilizantes para o incremento da produtividade agrcola no cear. Governo do Estado do Cear. Secretarias de Industria e Comrcio (SIC) , Agricultura e Reforma Agrria (SEARA) e Planejamento e Coordenao (SEPLAN), Fortaleza: 83 p. Brasil, Ministrio das Minas e Energia, Secretaria Geral (1981). Projeto RADAMBRASIL: Programa de Integrao Nacional Levantamento de Recursos Naturais, Folhas SB 24/25 Jaguaribe/ Natal, v 23, Rio de Janeiro, 744 p. Boyd, C.E.; Tucker, G.S. (1999). Pond Aquaculture Water Quality Management. Kluwer Academic Publishers, Boston. 700 p. Campos, N.; Studart, T.; Franco, S.; Luna, R. Hydrological Transformations in Jaguaribe River Basin during 20th Century in: 20 th Hidrological Days. 2000, Fort Collins, CO. Proceedings of the 20th Annual American Geophysical Union. Fort Collins, Co: Hydrology Days Publications, 2000. v.1. p.221 - 227. (Disponvel em: . Acesso em: 23 maio. 2003). Carioca, J. O. B.; Arora, H. L. (1984) Biomassa: fundamentos e aplicaes tecnolgicas, EUFC: Fortaleza. 644 p. Esteves, F.A. (1998). Fundamentos de limnologia. 2. ed. Intercincia, Rio de Janeiro. Gesteira, T.C.V.; Nunes, A.J.P.; Miranda, P.T.C. (2001). Expanso da carcinicultura marinha no estado do cear. XII Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca. Goudie, A. (1987). The Human Impact: on the natural enviroment. 2 ed. Mit Press edition, Cambridge, Massachusetts. IPLANCE (Instituto de Planejamento do Estado do Cear) (2001). Anurio Estatstico do Cear. (Disponvel em: . Acesso em: 20 maio. 2003.) NRC 2003, National Research Council: Clean Coastal Waters. National Academic Press, Washington. Schlesinger, W.H. (1997). Biogeochemistry: an analysis of global change. 2 ed. Academic Press, San Diego. 588 p. Soares Filho, A.A. (1996). A ictiofauna da Regio Mdia a Boca do Esturio do Rio Jaguaribe (Cear Brasil): composio, distribuio e aspectos bioecolgicos. Dissertao de mestrado, Universidade Federal do Cear, Fortaleza. 110p. Von Sperling, M. (1996). Introduo qualidade das guas e ao tratamento de esgotos. 2 ed. Departamento de Engenharia Sanitria e Ambiental: Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte: 243 p.

Composio e variao sazonal da comunidade zooplanctnica em trs reservatrios da regio metropolitana de Fortaleza, Cear, BrasilAdriana Carrh Leito (DCR/CNPq, Laboratrio de Ecologia, DBEZ, UFRN, [email protected]) Rogrio Herlon Furtado Freire (CNPq, Depto. de Hidrulica e Saneamento, EESC,USP) Odete Rocha (Depto. de Ecologia e Biologia Evolutiva, UFSCar) 1. Introduo Os reservatrios do Estado do Cear, especificamente os localizados nos domnios da Regio Metropolitana de Fortaleza, alm de sofrerem impactos causados pela prpria natureza do regime climtico, caracterizado pelas irregularidades pluviomtricas no tempo e espao, altas taxas de insolao e evapotranspirao durante a maior parte do ano, contribuindo efetivamente para o processo de salinizao das guas; esto tambm submetidos aos impactos resultantes de diversas atividades antropognicas desenvolvidas nas reas do entorno da bacia hidrogrfica, decorrentes do uso irracional de ocupao do solo. Estas atividades refletem direta e/ou indiretamente na qualidade da gua destes mananciais (Leito, 2002). A introduo de substncias, ou formas de energia estranhas composio natural dos ecossistemas aquticos, provoca transformaes biolgicas e bioqumicas de interesse ecolgico, sendo importantssimas na determinao da biota deste meio. Neste caso, a eutrofizao afeta a composio especfica do zooplncton atravs de alteraes da natureza qumica da gua que, por sua vez, modificam a composio do fitoplncton, acarretando alteraes na qualidade e quantidade de alimentos disponveis ao zooplncton. Assim, podem existir diferentes comunidades associadas a diferentes condies trficas (Rocha & Matsumura-Tundisi, 1995). Comunidades e populaes aquticas podem ser consideradas indicadores biolgicos do nvel de contaminao de um ambiente, onde a presena ou a ausncia de espcies pode ser um indicativo da perturbao dos ecossistemas (Chapman, 1989). Assim, o monitoramento das variveis abiticas e biticas deve ser utilizado como importante ferramenta na avaliao da extenso e da magnitude destes impactos, bem como auxiliar no gerenciamento dos recursos hdricos. 2. Mtodos Os reservatrios Pacajus, Pacoti e Gavio esto localizados na bacia hidrogrfica da Regio Metropolitana de Fortaleza (15.085 Km2), Cear, a qual constitui o principal manancial hdrico de abastecimento da populao e de suprimento para todas as atividades econmicas associadas Regio (Cear, 1992). O Pacajus tem capacidade de acumulao de 148 hm3, o Pacoti de 370 Hm3 e o Gavio de 54 hm3. O presente estudo teve como base amostragens qualitativas e quantitativas de zooplncton, sendo realizadas coletas semestrais, que possibilitaram a observao de modificaes ecolgicas dos sistemas (reservatrios) na poca seca e na poca chuvosa. As coletas foram realizadas em seis estaes no reservatrio Pacajus, em oito estaes no Pacoti e em cinco estaes no Gavio, em dezembro/1998, junho/1999 e janeiro/2000. Amostras de zooplncton foram coletadas da coluna dgua por arrastos verticais, utilizandose de uma rede com malha de 45 mm. O animais coletados foram preservados em formalina 4% e foram identificados e contados em laboratrio. A transparncia da gua (m) foi determinada utilizando-se o Disco de Secchi. Temperatura da gua (C), pH, turbidez (UNT), salinidade (%), oxignio dissolvido (O2) e condutividade eltrica (mS/cm) foram obtidos nas estaes a cada metro utilizando-se a sonda Horiba. Amostras de gua foram coletadas, com a Garrafa de Van Dorn, para anlise de nutrientes. Em laboratrio foram analisados nitrito (NO2), nitrato (NO3), amnia (NH3), fosfato

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Ecossistemas Aquticos, Costeiros e Continentaissolvel reativo (g PO43--P/l), fsforo total (mg/m3), clorofila a (mg/m3), clcio (Ca2+ mg/l), magnsio (Mg2+ mg/l) e alcalinidade (mg CaCO3/l). Para a anlise dos resultados foi realizada estatstica noparamtrica. Anlise de Varincia (ANOVA), seguida do Teste de Tukey, foram utilizados para se detectar diferenas nos parmetros limnolgicos entre os meses e entre trs os reservatrios estudados. A Correlao de Spearman foi utilizada para se detectar possveis relaes entre a oscilao nos valores de densidade dos grupos e das espcies da comunidade zooplanctnica e as variaes nos parmetros limnolgicos e climatlgicos. 3. Resultados Um total de 36 taxa foram identificados: 6 espcies de Copepoda, sendo 3 de Calanoida e 3 de Cyclopoida, 6 espcies de Cladocera e de 24 Rotifera. Dentre os Copepoda as espcies encontradas foram os Calanoida Argyrodiaptomus azevedoi, Notodiaptomus cearensis e Notodiaptomus iheringi, e os Cyclopoida Mesocyclops longisetus, Thermocyclops decipiens e Thermocyclops minutus. A composio de espcies no reservatrio Pacajus mostrou uma certa estabilidade ao longo dos meses amostrados (dez/1998, jun/1999 e jan/2000), no ocorrendo variaes significativas no nmero total de espcies (riqueza de espcies) entre estes perodos. Os reservatrios Pacoti e Gavio apresentaram um padro muito semelhante, com relao riqueza e densidade total de espcies, sendo observado uma certa sazonalidade na composio especfica entre os perodos amostrados. Para estes reservatrios, foram observados valores muito reduzidos de riqueza e densidade de espcies no ms de dezembro/1998, quando foi encontrado baixa composiao de espcies na comunidade zooplanctnica, determinadas principalmente pela nmero reduzido de espcies que compuseram o grupo Rotifera no perodo seco. No presente estudo foi observado dominncia de Copepoda Cyclopoida sobre Copepoda Calanoida, e abundncia de Thermocyclops decipiens. Os resultados estatsticos revelaram uma associao entre as altas densidades do grupo Cyclopoida e altas concentraes de amnia na gua (p=0,05), sendo que para suas formas jovens, os copepoditos, tambm foi detectada uma relao com altos valores de alcalinidade total. Desta forma, possvel que este grupo tenha maior capacidade de adaptao s adversidades do ambiente. Esta tendncia teria como base o fato de que os Cyclopoida, capazes de agarrar o alimento, teriam vantagem seletiva em guas eutrficas onde geralmente predominam grandes algas cianofceas filamentosas ou coloniais, formando densos agrupamentos, ao passo que os Calanoida, filtradores seletivos, sofreriam reduo nas taxas reprodutivas, pela interferncia destas algas no processo de filtrao (GNTZEL, 2000). Alm disso, RIETZLER (1995) observou elevada ingesto de partculas de detritos pelos Cyclopoida, o que sugere a utilizao de fontes de alimento alternativas em um ambiente pobre em alimentos mais nutritivos. A maior densidade de T. decipiens esteve associada ao menor ndice de diversidade, no reservatrio Pacoti em dezembro, quando a espcie foi dominante sobre as outras espcies neste perodo, o que demonstra serem organismos oportunistas, tendendo a substituir espcies menos tolerantes s condies adversas do ambiente. Alm disso, esta espcie apresentou-se pontualmente abundante em estaes com alto grau de eutrofizao. Segundo RIETZLER (1995), a capacidade de efetuar migraes para as camadas superficiais quando ocorre reduo nas concentraes de oxignio dissolvido nas camadas profundas, pode atribuir vantagem competitiva aos Copepoda. T. decipiens uma espcie numericamente dominante entre os crustceos planctnicos em represas do Brasil, sendo considerada indicadora de ambientes eutrofizados (REID, 1988). O mesmo fato foi observado por FREIRE & PINTO-COELHO (1986), no reservatrio Vargem das flores em Minas Gerais; NEWMANN-LEITO et al. (1989), no reservatrio Apipucus em Pernambuco; e por NEWMANN-LEITO & PARANHOS (1987), em viveiros de peixe. As espcies Diaphanosoma spinulosum e Ceriodaphnia cornuta foram as que melhor representaram o grupo Cladocera nos trs reservatrios, sendo freqentes e abundantes na maioria das amostras analisadas. No presente estudo a abundncia destas duas espcies esteve sempre associada a condies de eutrofia e instabilidade do sistema. Estes dois gneros sempre estiveram presentes em guas com elevado grau de trofia, como na Represa Billings SENDACZ (1984). Os rotferos so considerados organismos oportunistas encontrados em altas densidades na maioria dos reservatrios, ultrapassando as densidades dos outros grupos que compem o zooplncton. Muitas espcies apresentam uma grande capacidade de se ajustar s mudanas do ambiente causadas pelas condies climticas, variaes fsicas e qumicas, e interaes biolgicas (RODRGUEZ & MATSUMURA-TUNDISI, 2000), podendo ser considerados organismos indicadores das condies de trofia de um ambiente (GANNON & STEMBERGER, 1978). Estatisticamente, foi detectada uma correlao negativa entre a densidade de indivduos e o fator pH (p=0,05), e positiva para a varivel alcalinidade total (p=0,05). O que podemos concluir que, apesar de serem considerados organismos de grande plasticidade genotpica e alto poder de adaptao s variaes do ambiente aqutico, os rotferos apresentam menor tolerncia s mudanas do pH, podendo ser este um fator altamente limitante. Alm disso, o alto grau de impacto causado pelo perodo de estiagem, causam mudanas nas caractersticas qumicas da gua que so limitantes ao desenvolvimento destes organismos. Neste perodo, as guas destes reservatrios apresentaram valores de pH acima de 8,0, e ainda altos valores de condutividade eltrica, fsforo total e amnia, o que indica um alto nvel de eutrofizao nestes lagos. Uma particularidade foi observada durante o perodo seco, em dezembro/1998, nos reservatrios Pacoti e Gavio. Nesta poca, a comunidade zooplanctnica ocorreu em menor densidade, considerando-se as amostragens realizadas em todo o estudo, com baixa riqueza de espcies (13 e 10 espcies, respectivamente) e baixos ndices de diversidade. Este registro foi determinado principalmente pelo grupo Rotifera, que esteve representado somente por 3 espcies no Pacoti e 2 espcies no Gavio. Este fato pode estar associado aos altos valores de pH verificados nestes lagos naquele perodo, quando estes alcanaram valores acima de 8,0. PENNAK (1953) encontrou baixo nmero de espcies de rotferos associados s guas alcalinas (pH acima de 7,0) em corpos de gua doce nos Estados Unidos. No Pantanal mato-grossense, MOURO (1989) encontrou em lagos alcalinos, popularmente conhecidos como salinas, baixssimo nmero de espcies de rotferos e por vezes apenas uma espcie, Brachionus calyciflorus. Dentre os Rotifera, os gneros que mais se destacaram foram Brachionus e Keratella. B. calyciflorus e K. tropica apresentaram as maiores densidades no Pacajus no final do perodo de estiagem (dez/1998), sendo dominantes sobre as demais espcies da comunidade. Nesta poca as guas deste reservatrio atingiram os mais altos ndices de trofia, devido s altas concentraes de fsforo total e clorofila a. As anlises estatsticas detectaram uma correlao positiva entre a densidade de B. calyciflorus e o fator fsforo total (p=0,01), o que se pode inferir ser esta espcie um indicador de eutrofizao para estes reservatrios. Estatisticamente, outras espcies de rotferos apresentaram tolerncia a ambientes impactados. o caso de Filinia longiseta e Keratella americana, que se mostraram resistentes a maiores concentraes de nitrito (p=0,01) e nitrato (p=0,05), respectivamente; e Hexarthra intermedia e Keratella tropica, que apresentaram-se tolerantes s condies de elevada alcalinidade total (p=0,05). 4. Concluso As secas sazonais, caractersticas no Cear, induzem mu-

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Ecossistemas Aquticos, Costeiros e Continentaisdanas nas caractersticas fsicas e qumicas da gua, que levam a hipereutrofizao. Condies extremamente limitantes da qualidade da gua comprometem a diversidade de espcies, favorecendo a dominncia de algumas espcies sobre as demais. Neste estudo, alguns organismos foram considerados bioindicadores de situaes severas nos reservatrios, como o caso do Copepoda Cyclopoida Thermocyclops decipiens, dos Cladocera Ceriodaphnia cornuta e Diaphanosoma spinulosum, e dos Rotifera Keratella tropica e Brachionus calyciflorus, os quais apresentaram-se aparentemente tolerantes a caractersticas adversas da gua. 5. Bibliografia CHAPMAN, D. V. 1989. Concepts and strategies for biological monitoring. London, GEMS / Monitoring and assessment Research Center, 25 p. FREIRE, B. M. & PINTO-COELHO, R. M. 1986. Composio e distribuio horizontal do zooplncton no reservatrio de Vargem das Flores, Betim/Contagem, Minas Gerais. Cincia e Cultura, 38 (5): 919-927. GANNON, J. E. & STEMBERG, R. S. 1968. Zooplankton (especially crustaceans and rotifers) as indicator of water quality. Trans. Am. Microsc. Soc., 97: 16-35. GNTZEL, A. 2000. Variaes espao-temporais da comunidade zooplanctnica nos reservatrios do mdio e baixo rio Tiet/ Paran, SP. So Carlos, Tese de Doutorado, UFSCar, 445 p. LEITO, A. C. 2002. Anlise ecolgica da comunidade zooplanctnica dos reservatrios Pacajus, Pacoti e Gavio, na Regio Metropolitana de Fortaleza, Estado do Cear. So Carlos, Tese de Doutorado, UFSCar, 257 p. MOURO, G. M. 1989. Limnologia comparativa de trs lagoas (duas baas e uma salina) do Pantanal da Nhecolndia, MS. So Carlos, Dissertao de Mestrado, UFSCar. NEWMANN-LEITO, S., PARANHOS, J. D. N. & SOUZA, F. B. V. A. 1989. Zooplncton do aude Apipucos, Recife-PE (Brasil). Arq. Biol. Tecnol., 32 (4): 803-821. NEWMANN-LEITO, S.; PARANHOS, J. D. N. 1987. Rotferos, cladceros e coppodos de Pernambuco. I. Algumas espcies que ocorrem em viveiros de cultivo de camares de Nova Cruz - PE. In: Anais da Sociedade Nordestina de Zoologia, 2 (2): 87-118. PENNAK, R. W. 1953. Freshwater invertebrates of the United States. Nova York, Ronald Press, 769 p. REID, J. W. 1988. Thermocyclops decipiens (Copepoda Cyclopoida): exemplo de confuso taxonmica. Acta Limnol. Brasil., 2: 479-499. RIETZLER, A. C. 1995. Alimentao, ciclo de vida e anlise da coexistncia de espcies de Cyclopoida na represa de Barra Bonita, So Paulo. So Carlos ,Tese de Doutorado, EESC/ USP, 385 p. ROCHA, O., SENDACZ, S. & MATSUMURA-TUNDISI, T. 1995. Composition, biomass and productivity of zooplankton in natural lakes and reservoirs of Brazil. In: J. G. Tundisi, C. E. M. Bicudo & T. Matsumura-Tundisi (eds.). Limnology in Brazil. Rio de Janeiro, Brazilian Academy of Sciences and Brazilian Limnological Society, 384p. RODRGUEZ, M. P. & MATSUMURA-TUNDISI, T. 2000. Variation of density, species composition and dominance of rotifers at a shallow tropical reservoir (Broa Reservoir, SP, Brazil) in a short scale time. Rev. Brasil. Biol., 60 (1): 1-9. SENDACZ, S. 1984. A study of the zooplankton community of Billings Reservoir So paulo. Hydrobiol., 113: 121-127.

Distribuio de entomofauna no Crrego Barreiro e sua nascente (UEG-Anpolis-GO) em poca secaAdriana Rosa Carvalhoa; Ndia Maria Moreira-e-Silvab; Juliana Simio Ferreirab a Universidade Estadual de Gois ([email protected]); b Graduao Biologia Universidade Estadual de Gois. 1. Introduo A entomofauna aqutica um dos principais grupos de animais invertebrados em ecossistemas lticos, pelo seu papel no fluxo de energia, na ciclagem de nutrientes convertendo material vegetal e detritos em tecido animal, e por sua participao na teia trfica aqutica, em especial em cabeceira, onde a produo primria baixa (Vanotte et al, 1980; Bispo & Oliveira, 1998; Russo et al., 2002). A estrutura e distribuio destes organismos podem ser determinadas por vrios fatores: ordem do ambiente ltico em questo, caractersticas morfofisiolgicas especficas que auxiliam na colonizao dos diferentes nichos, caractersticas fsico-qumicas do corpo dgua, fisiografia, substrato local, disponibilidade de alimento, e sazonalidade, podendo at mesmo variar da cabeceira em direo foz de rios em uma mesma microbacia (Vannote et al., 1980; Oliveira & Froelich, 1997; Bispo et al., 2001). Os estudos de entomofauna conduzidos at o momento destacam as pocas secas como mais favorveis para levantamentos descritivos preliminares, devido dificuldade de amostragem na poca chuvosa ocasionada pelo aumento de volume e vazo da gua, que resulta em menor nmero de espcies e indivduos na amostragem (Bispo et al., op cit). Recentemente, cresceu o interesse sobre organismos indicadores de qualidade da gua, em especial as ordens Ephemeroptera, Plecoptera e Tricoptera (Callisto et al., 2001). Apesar disto, os estudos so escassos e dificultados pela identificao taxonmica. No Centro-Oeste do Brasil, estudos de entomofauna aqutica so recentes e realizados por Oliveira et al., (1997), Bispo & Oliveira (1998) e Bispo et al. (2001). Contudo estes trabalhos ainda no abrangem reas de nascentes e do corpo do rio em um mesmo ambiente ltico, para que pressupostos do river continuum concept, a distribuio, composio e riqueza das espcies na mesma microbacia possam ser avaliados. O Crrego Barreiro que atravessa o campus da Universidade Estadual de Gois-UEG, em Anpolis, um ambiente ainda no estudado com afloramentos que formam uma nascente que se junta ao Crrego, propiciando a abordagem comentada acima. Estes ambientes (o Crrego e a Nascente) possuem baixa profundidade variando de 0,052m 0,180m e leito protegido por mata galeria alm de conter fundo pedregoso, arenoso, com folhio ou permeado de blocos de argila, o que permite a colonizao por diversos taxa que se adequam diferentes substratos. O clima local tropical semi-mido com uma estao bem definida em chuvosa no vero e seca no inverno. Diante disto, o objetivo deste trabalho foi realizar na poca de seca uma caracterizao limnolgica e da entomofauna aqutica imatura no Crrego Barreiro e sua Nascente dentro do campus da UEG, para fornecer dados descritivos que incrementem a literatura existente e permitam comparao entre estes dois ambientes, determinando que variveis (limnolgicas, pluviomtricas ou fisiogrficas) influenciam a distribuio, composio e riqueza estimada. 2. Mtodos Foram estabelecidos trs pontos de coleta no Crrego Barreiro, pontos 1, 3 e 4. O primeiro ponto (1) est localizado aps a entrada do Crrego no campus e os segundo e terceiro pontos (3 e 4 respectivamente) abaixo da confluncia de um tributrio no crrego, provindo da nascente. O rio, formado pelos afloramentos de gua, foi o segundo ambiente amostrado_ a Nascente_ onde foram amostrados quatro pontos (2, 5, 6 e 7): i) o primeiro (7) quando a nascente toma propores lticas permitindo o uso dos aparelhos

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Ecossistemas Aquticos, Costeiros e Continentaisde amostragem (cerca de 3-4m abaixo dos afloramentos de gua); ii) o segundo (ponto 6) em uma poro intermediria entre os pontos 7 e 5; iii) o terceiro (ponto 5) prximo entrada deste tributrio na represa e; iv) o quarto (ponto 2) aps o reservatrio, antes deste tributrio entrar no Crrego. Em todos os pontos foram feitas amostragens fsico-qumicas compostas de 02 sries de 10 (dez) dias durante a poca seca (set/ 2002 e set/2003, a ser realizada). Os parmetros fsico-qumicos foram coletados com Horiba Water Check U-22. A velocidade da gua foi medida pelo mtodo do flutuador, e a vazo foi estimada pelo produto da velocidade mdia da gua por uma rea de seco feita no crrego. Para temperatura do ar e umidade utilizou-se medidor digital (Soil Control). Os valores pluviomtricos foram obtidos da unidade climatolgica da regio. A amostragem de entomofauna foi feita no primeiro dia das amostragens limnolgicas com uso do amostrador do tipo Surber, com rea de 10 cm2 e malha de 0,225 mm. Em cada um dos pontos foram coletadas 10 subamostras aleatrias totalizando uma rea de 1m2. Os organismos coletados foram previamente triados e fixados em formol 5% e posteriormente preservados em lcool 80% para identificao taxonmica de ordem e famlias. Aps triagem dos organismos, a identificao taxonmica feita no laboratrio de Limnologia da Universidade Federal de Gois. Por uma anlise de agrupamentos poder-se- verificar quais pontos se assemelham em caractersticas fsico-qumicas e abundncia e composio de insetos aquticos. Um modelo de regresso logstica - logit ser ajustado para estimar a influncia de variveis fsico-qumicas, climticas e fisiogrficas na presena ou ausncia dos grupos ocorrentes, e assumida uma funo de probabilidade com distribuio logstica para verificar a probabilidade de ocorrncia do grupo i, aps ser determinada a varivel que tem influncia sobre ele. Este modelo auxiliar na interpretao cerca da composio e distribuio dos insetos aquticos nos pontos amostrais dos dois ambientes estudados. A heterogeneidade ser calculada segundo o ndice de diversidade de Shannon - H, e o ndice de Morisita simplificado ser usado para verificar a similaridade de riqueza de espcies entre os ambientes estudados. 3. Resultados e Discusso O Crrego possui maior largura (2,77m), e maior vazo (0,167m) com substrato predominantemente pedregoso e arenoso. O trecho de rio formado pela Nascente apresentou maior profundidade (0,182m), com largura mxima de 1,55m e substrato predominantemente folhoso com formao de blocos de argila. A vazo mxima neste ambiente de 0,079m3/s. O pH cido nos dois ambientes, com valor mdio de 5,78 no Crrego e 5,32 na Nascente, corroborando as observaes pessoais de Oliveira & Froelich (1997). Os valores mdios de condutividade eltrica (1,56 mS/m), concentrao de oxignio (8,6mg/L) e os slidos totais dissolvidos STD (0,010 g/L) so maiores no Crrego (valores na Nascente: 0,5mS/m; 7,5mg/L; 0,003g/L). A temperatura do ar e da gua no variou entre os dois ambientes (27,6oC e 27oC). Contudo, na Nascente a umidade do ar, que no CentroOeste um fator importante por atingir baixas porcentagens na seca, maior (53,4%) em relao ao Crrego (49%), embora ambos sejam bem protegidos pela mata galeria. A anlise de cluster dos pontos de amostragem segundo suas caractersticas fsico-qumicas indica que no Crrego, os pontos 1 e 3 formam um agrupamento que difere pouco em relao ao ponto 4. Estas diferenas parecem ser resultado das caractersticas fisiogrficas (como o substrato). Na nascente os pontos 5, 6 e 7 formaram um s agrupamento que divergiu bastante do ponto 2. Essa divergncia se deve existncia de um reservatrio localizado sua montante. A correlao entre parmetros fsico-qumicos e a precipitao pluviomtrica dos 3, 10 e 15 ltimos dias anteriores coleta, indicam que o pH tem correlao positiva e significativa apenas com a precipitao dos 3 ltimos dias anteriores amostragem (r de Pearson= 0,85). A concentrao de oxignio dissolvido est correlacionada apenas com 10 e 15 ltimos dias anteriores amostragem (r = 0,58; r= 0,77), indicando que a precipitao exerce pouca influncia sobre os parmetros coletados no perodo estudado. Resultados preliminares qualitativos indicam a ocorrncia das ordens Plecoptera, Ephemeroptera, e Tricoptera, alm de Diptera, Coleptera, Odonata e Acari, com a presena de 10 famlias distribudas por 7 ordens. At o momento a ordem mais abundante foi Diptera, seguida por Plecoptera e Trichoptera. Em guas limpas a ordem Diptera representada pela famlia Simullidae. Tambm a maioria das ninfas de Trichoptera vive em guas limpas, bem oxigenadas, correntes, debaixo de pedras, troncos e materiais vegetais. Em geral esta ordem juntamente com Plecoptera e Ephemeroptera utilizada no monitoramento biolgico (Callisto et al., 2001). Desta forma, a presena das ordens Diptera, Trichoptera, Plecoptera e Ephemeroptera indicam que os parmetros fsicoqumicos nos ambientes estudados no caracterizam um ambiente poludo, por permitirem a colonizao e manuteno desta fauna. Contudo, segundo Callisto et al.(2001), embora a maioria dos Ephemeropteras ocorra em ambientes aquticos lmpidos, algumas espcies de Ephemeroptera so uma exceo, por ocorrerem em ambientes poludos e at mesmo se beneficiarem destes. Como a identificao taxonmica da 1a amostragem (set. 2002) no foi finalizada, no possvel ainda afirmar quais espcies desta ordem ocorrem nos dois ambientes. O Crrego Barreiro apresentou dentro da ordem Plecoptera a famlia Gripopterygidae, que em estudos da entomofauna aqutica realizados no Centro-Oeste pouco encontrada. Ainda no h na literatura preciso de dados quanto ao endemismo deste txon, mas sabe-se que sua presena est relacionada altitude, estando mais distribuda em lugares de altitudes elevadas (Bispo et al., 2001). At o momento este grupo no foi evidenciado na Nascente, com o fim da identificao taxonmica ser possvel verificar se outros fatores alm da altitude determinam a ocorrncia deste txon. As famlias identificadas at o momento foram Ceratopogonidae, Chironomidae, Simuliidae (Diptera); Gripopterygidae e Perlidae entre os Plecoptera; Glossosomatidae e Hydropsychidae (Tricoptera); Leptophlebiidae e Baetidae (Ephemeroptera) e Elmidade (Coleoptera). Outras 5 famlias (Odonata, Diptera, Coleoptera e Acari) ainda no foram identificadas. 4. Concluses O pH dos ambientes estudados cido, uma tendncia que vem sendo observada em corpos dgua do Centro Oeste. O parmetro limnolgico que mais variou entre os ambientes amostrados STD, que acaba por influenciar a condutividade eltrica, maiores no Crrego Barreiro. Os pontos se agrupam entre si por ambiente estudado, com exceo do ponto 2, que desgua no Crrego aps passar por uma lagoa que deve influenciar juntamente com o substrato local, nesta diferena. Anlises quantitativas posteriori so necessrias e indicaro se a estrutura e distribuio da entomofauna seguem o padro limnolgico evidenciado. As ordens bioindicadoras mais estudadas no Centro-Oeste so Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera, e todas elas foram encontradas nos dois ambientes estudados. A presena ou no de gneros que caracterizem o ambiente como poludo depende da finalizao da identificao taxonmica. At o momento, a entomofauna ocorrente caracterstica de ambientes aquticos no poludos. A ordem Gripopterygidae que considerada rara e ocorre em locais com altitudes superiores a 800.000m foi encontrada no crrego Barreiro, o que ressalta a importncia do estudo deste ambiente para o conhecimento da entomofauna aqutica local e para o estudo cientfico desta famlia no Brasil.

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Ecossistemas Aquticos, Costeiros e Continentais5. Referncias Bibliogrficas Bispo, P.C.; Oliveira, L.G. (1998). Distribuio espacial de insetos aquticos (Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera) em crregos de cerrado do Parque Ecolgico de Goinia, Estado de Gois. Pp. 175189. In: Nessimian, J. L. & A.L. Carvalho. E (eds). Ecologia de Insetos Aquticos. Series Oecologia Brasiliensis, vol. V. PPGEUFRJ. Rio de Janeiro, Brasil. Bispo, P.C.; Oliveira L.G.; Crisci, V.L.; Silva, M.M. (2001). A pluviosidade como fator de alterao da entomofauna bentnica (ephemeroptera, Plecoptera e Tricoptera) em crregos do Planalto Central do Brasil. Acta Limnol. Bras., 13 (2): 1-9. Callisto, M.; Moretti, M.; Goulart, M. (2001). Macroinvertebrados Bentnicos como Ferramenta para Avaliar a Sade de Riachos. Revista Brasileira de Recursos Hdricos, 6(1):71-82. Oliveira, L.G.; Froelich, C.G. (1997). 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Mtodos Este trabalho foi realizado durante o perodo de dois anos (agosto/2000 a julho/2002), numa rea de mangue do Furo Grande, na regio bragantina no Estado do Par. Os trs stios de coleta foram escolhidos com base na sua formao vegetal: o Stio#01, um bosque misto constitudo por Rhizophora mangle e Avicennia germinans; o Stio#02, um bosque puro de Avicennia germinans e o Stio#03, onde Avicennia germinans ocorre, mas Rhizophora mangle dominante. Para estimar a serapilheira, 21 cestas coletoras de 1m2 de rea til, com malha de 1mm, suspensas acima do nvel das mars de sizgias, foram distribudas ao longo dos trs stios. A serapilheira, coletada mensalmente, foi separada nos seguintes componentes: Folha, Flor, Fruto, Estpula, Galho e Miscelnea e, posteriormente, seca em estufa a 70 C durante 72 horas e pesada em balana de preciso. 3. Resultados e Discusso A produo total de serapilheira para a rea do Furo Grande foi de 7,47 ton.ha-1.ano-1 no Ano#01 e 7,13 ton.ha-1.ano-1 no Ano#02. O Stio#01 (Misto) destacou-se com os valores mais altos nos dois anos consecutivos (9,25 ton.ha-1.ano-1 e 9,60 ton.ha1 .ano-1), seguido pelo Stio#02 (7,68 ton.ha-1.ano-1 e 6,01 ton.ha1 .ano-1) e Stio#03 (5,48 ton.ha-1.ano-1 e 5,78 ton.ha-1.ano-1). Quando comparados entre si, os trs stios apresentaram diferenas significativas em relao produo de serapilheira apenas no segundo ano (ANOVA, F=3,56; gl=35; p0,05). Analisando os componentes separadamente, observou-se que no primeiro ano de trabalho, o componente Folha contribuiu com 72,0% (referente a 5,3 ton.ha-1.ano-1), Flor com 8,3% (0,62 ton.ha1 .ano-1), Galho com 7,2% (0,54 ton.ha-1.ano-1) e os outros componentes (Estpula, Fruto e Miscelnea) com 12,5% (0,9 ton.ha1 .ano-1). No ano seguinte, Folha, Flor e Galho tambm foram os componentes de maior contribuio com 76,0% (5,42 ton.ha-1.ano1 ), 5,4% (0,39 ton.ha-1.ano-1) e 8,27% (0,59 ton.ha-1.ano-1), respectivamente, ao passo que Fruto, Estpula e Miscelnea em conjunto, contriburam com apenas 10,1% (0,72 ton.ha-1.ano-1). Folha apresentou a maior contribuio para a produo total em todos os stios e durante os dois anos de trabalho, com valores que variaram de 65,5% (Stio#03 Ano#01) a 78,4% (Stio#01 Ano#02). Numa anlise geral, o Stio#01 (Rhizophora e Avicennia) foi o mais produtivo das reas de mangue do Furo Grande. A queda de serapilheira na rea do Furo Grande foi varivel ao longo do perodo deste estudo. Nos dois anos, a produo parece aumentar por volta de abril, entretanto h variaes com relao aos picos de produo. Junho, por exemplo, foi o ms mais produtivo no primeiro ano, enquanto no segundo o pico ocorreu em agosto. No entanto, a produo de serapilheira resultou em padres interanuais similares para os trs stios estudados e na rea como um todo. A mdia anual de serapilheira total do Furo Grande (7,47 ton.ha-1.ano-1 Ano#01 e 7,13 ton.ha-1.ano-1 Ano#02) situa-se dentro da faixa de valores de diferentes reas reunidas por Saenger & Snedaker (1993). Os resultados do presente estudo mostraram que, em mdia, o Stio#01 (Misto) produz uma diferena em torno de 3 ton.ha-1.ano-1 em relao aos Stios #02 e #03, o que em termos estatsticos no reflete uma diferena significativa. Os trs stios podem ser considerados florestas bastante produtivas, quando comparadas s outras florestas estudadas nos trpicos. A alta produo de serapilheira dos bosques de mangue aqui estudados foi diretamente influenciada pela alta taxa da queda do componente Folha. Alm de ser registrada ao longo de todo o ciclo anual, a serapilheira tambm apresenta variao na produo mensal que determinada pela variao da produo desse componen-

Variao anual na produo de serapilheira dos bosques de mangue do Furo Grande, Bragana - ParAdriana S.C. Gonalvesa,b, Antnia A.M. Nascimentoa, Luciane F.P. Rodriguesa, Andra S.C. Fariasa, Joaquim A.S. Seixasa, Ederly S. Silvaa, Muzenilha L. Carvalhoa, & Marcus E.B. Fernandesa,b a Universidade Federal do Par Campus Universitrio de Bragana Alameda Leandro Ribeiro, S/N, 68600-000, Bragana - Par. b [email protected] e [email protected] 1. Introduo Os manguezais desempenham um importante papel no funcionamento da zona costeira nas regies tropicais (Alongi et al., 2000). A serapilheira fornece uma contribuio importante para a cadeia alimentar, mantendo os ecossistemas costeiros em estado dinmico, atravs da intensa atividade biolgica que acompanha sua decomposio, compreendendo, a longo prazo, um reservatrio de energia e nutrientes. Alm disso, os manguezais exercem uma influncia no controle contra a eroso costeira, criam diferentes micro-hbitats que so utilizados como berrios e local de desova para diversas espcies de peixes, bem como fornecem locais que servem como refgio e reas de procriao para aves e outras formas de vida terrestres e marinhas e, por fim, atravs da associao com a manuteno da biota, so importantes como um reservatrio gentico (Hegazy, 1998). Na maioria das pesquisas sobre produtividade primria, a produo de serapilheira tem sido medida por um curto perodo de tempo, normalmente durante um ciclo anual. Estes trabalhos no permitem esclarecer se a variao na produo entre as diferentes reas estudadas conseqncia das caractersticas especficas destas reas, ou das variaes interanuais nos fatores abiticos locais e/ou regionais. Para resolver esta questo, estudos de longo prazo ajudam a determinar o quanto as variaes na produtividade dos manguezais so resultado de uma variabilidade interanual. Neste estudo, foram analisados dois anos de dados, visando comparar as taxas de produo de serapilheira dos bosques de mangue (Rhizophora mangle e

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Ecossistemas Aquticos, Costeiros e Continentaiste. Como as folhas representaram o componente de maior importncia na composio da serapilheira, de se esperar que os principais perodos de produo desta coincidam, em geral, com os perodos de produo de folhas. Este padro foi observado em todos os stios estudados. A produo total de serapilheira tambm foi complementada, em menor proporo, pelas variaes da queda dos outros componentes. O aumento da produo de serapilheira ocorreu a partir do final da estao chuvosa em todos os stios de trabalho e na rea como um todo. Picos de produo de serapilheira na estao seca foram registrados em outros estudos. Amarasinghe & Balasubramanian (1992) consideram que tal fato pode ser atribudo ao maior custo energtico para a planta manter os tecidos fotossintticos em condies ambientais de alta salinidade durante as estaes secas, causando assim a absciso das folhas. Esta pode ser uma explicao plausvel para a rea do Furo Grande, haja vista as altas taxas de absciso de folha ocorrerem durante o perodo da seca, onde h aumento da salinidade no sistema. 4. Concluses Folha foi o componente mais representativo para o total de serapilheira produzida nos trs stios estudados, influenciando fortemente na sua distribuio ao longo do ciclo anual. A ocorrncia de picos na queda de serapilheira durante a estao seca, sugere baixa influncia do aporte de gua doce sobre a produo de serapilheira e sua exportao para as reas adjacentes ao Furo Grande. A sazonalidade observada na produo da serapilheira foi similar para os dois anos de estudo. Este fato indica que as variaes na produo dos bosques estudados apresentamse de forma bastante discreta, o que direciona este tipo de estudo para escalas maiores de tempo. 5. Referncias Bibliogrficas Alongi, D. M.; Tirendi, F. & Clough, B. F. (2000). Below-ground decomposition of organic matter in forests of the mangroves Rhizophora stylosa and Avicennia marina along the arid coast of Western Australia. Aquatic Botany 68: 97-122. Amarasinghe, M. D. & Balasubramaniam, S. (1992). Net primary productivity of two mangrove forest stands on the northwestern coast of Sri Lanka. Hydrobiologia 247: 37-47. Hegazy, A. K. (1998). Perspectives on survival, phenology, litter fall and decomposition, and caloric content of Avicennia marina in the Arabian Gulf region. Journal of Arid Environments 40: 417-429. Saenger, P. & Snedaker, S. C. (1993). Pantropical trends in mangrove above ground biomass and annual litterfall. Oecologia 96: 293-299. relaes intra e interespecficas atravs das quais competem pela utilizao de espao, de nutrientes e alimento disponvel na coluna de gua (Valiela, 1995). O zooplncton constitui uma das comunidades mais abundantes e diversificadas dos ambientes marinhos e costeiros j que apresenta espcies pertencentes quase todos os filos de invertebrados (Raymont, 1980) e como segundo nvel trfico, exerce papel central na formao, transformao e exportao de partculas biognicas. Devido a complexidade dos movimentos das massas de gua, migrao vertical, entrada e sada de larvas e predao, a distribuio do zooplncton em um esturio freqentemente desigual (Day et al, 1989). Os organismos que constituem o zooplncton gelatinoso so muito importantes devido ao papel que exercem dentro da cadeia trfica, seja como filtradores de nanoplncton, como as salpas e as apendiculrias; ou seja como predadores, como quetognatos e cnidrios. Em alguns lugares, em determinadas pocas do ano, os gelatinosos podem formar grandes agregados, exercendo um papel central como controladores e estruturadores das comunidades de presas (Bmstedt, 1990; Purcell, 1991; 1992; Purcell et al., 1994a, b; Gibbons, 1994; Baier & Purcell, 1997). Dentre os vrios grupos observados no zooplncton gelatinoso, um em especial possui uma ecologia alimentar diferente de todas as outras encontradas no reino animal, so as apendiculrias (Esnal, 1981). As apendiculrias so tunicados pelgicos caracterizados pela presena de notocorda inclusive nos adultos e ausncia de cloaca. O corpo est dividido em duas regies, um tronco, que raramente ultrapassa os 5 mm, e cauda, vrias vezes maior que o tronco. Outro grupo muito importante do zooplncton o das hidromedusas, estas pertencem ao filo Cnidaria e a classe Hydroidomedusae. Estes organismos apresentam um ciclo de vida metagentico, no qual a fase medusa (estgio adulto) representa a etapa sexual se reproduzindo por meio de gametas com fecundao externa e interna com a formao de uma larva (plnula), e o plipo representa a etapa assexual se reproduzindo por brotamento. O presente estudo teve como objetivo o estudo quali-quantitativo das apendiculrias e hidromedusas do esturio do rio Caet e zonas adjacentes de modo a avaliar sua importncia dentro da comunidade de organismos aquticos destes ecossistemas. 2. Mtodos As amostras utilizadas neste estudo fazem parte das coletas do programa MADAM (Mangrove Dynamic and Management) e compreende uma rede de estaes de coleta situadas das no rio Caet, canais de mar e zona costeira prxima, at aproximadamente 50 Km da costa. Para este estudo foram escolhidos os cruzeiros realizados em junho/1998, dezembro/1998, fevereiro/1999 e junho/1999. As amostras de zooplncton foram obtidas atravs de arrastos horizontais, com uma rede de plncton cnico-cilndrica de 300 m de malha. As variveis transparncia da gua (disco de Secchi), temperatura (termmetro digital), pH (potencimetro porttil), salinidade (refratmetro), oxignio dissolvido (oxmetro), profundidade (profundimetro) e condutividade foram obtidas diretamente no campo nos pontos de coleta. Outros valores como de clorofila a, feofitina, seston, silicatos, fosfatos e nitritos foram obtidos atravs de anlises laboratoriais realizadas por outro grupo de pesquisa da ZMT (Zentrum fr Marine Tropenkologie), sendo todos este parmetros utilizados para anlise dos padres de distribuio obtidos. No laboratrio, as hidromedusas e apendiculrias foram triadas e identificadas segundo literatura especializada: Bouillon (in Boltovskoy, 1998), Esnal (in Boltovskoy, 1981 e 1999) e Yamaji (1962). Aos dados de abundncia obtidos foram correlacionadas s variveis abiticas para uma anlise da distribuio encontrada.

Zooplncton gelatinoso do esturio do rio Caet, costa norte do BrasilAdriano Augusto Vilhena Martins a; Silvana do Socorro Arajo Mesquita a & Rauqurio Marinho da Costa a 1 LBPMRA - Ncleo de Estudos Costeiros - UFPA, Campus de Bragana; Alameda Leandro Ribeiro s/n. Aldeia, CEP: 68600-000 - Bragana, Par, Brasil ([email protected]) 1. Introduo A costa norte do Brasil uma regio privilegiada por apresentar uma grande e complexa rede hidrogrfica, onde o principal rio o Amazonas. Este rio assim como outros cursos de gua menores, desembocam no mar formando os esturios. Esturios so muito freqentemente definidos como uma poro da zona costeira onde h interao da gua do oceano com a gua doce. A principal caracterstica dos esturios a grande variabilidade espacial e temporal das propriedades fsicas e qumicas (Day et al., 1989). A compreenso das relaes trficas e influncia dos fatores abiticos sobre a distribuio e abundncia dos organismos um dos principais objetivos da Ecologia. Os organismos apresentam

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Ecossistemas Aquticos, Costeiros e Continentais3. Resultados Dos grupos analisados neste estudo, o grupo dos cnidarios se mostrou mais abundante que o das apendicularias. Em junho de 1998 foram analisadas 18 amostras. Neste perodo, as hidromedusas ocorreram em 77,7%, das amostras, enquanto que as apendiculrias estiveram presentes em 78% das mesmas. As apendicurias apresentaram densidades relativamente baixas, que variaram de 0,02 a 67,19 ind.m-3. Oikopleura dioica e O. longicauda foram as nicas espcies de Appendicularia registradas nas amostras pertencentes a este cruzeiro. As hidromedusas estiveram representadas pelos gneros Clytia sp, Crossota sp, Amphogona sp e Tiaropsidium sp . Clytia sp apresentou a maior densidade dentre as espcies de hidromedusas (1.28 ind.m-3). Em dezembro de 1998 verificou-se a presena das espcies O. dioica e O. longicauda. As apendiculrias estiveram presentes em 80% das amostras, sendo e a espcie O. dioica observada em todas as amostras enquanto que O. longicauda foi registrada em apenas 11% das mesmas. Para estes organismos, as densidades oscilaram entre 0,01 ind.m-3 at 20,71 ind.m-3. A densidade mdia foi de 2,24 ind.m-3. J a densidade das hidromedusas nos pontos de coleta variou entre 0,01 e 8,8 ind.m-3. Foram identificados os seguintes gneros: Clytia sp, Sarsia sp, Amphinema sp, Malagazzia sp e Heterotiara sp. Em fevereiro de 1999 a densidade mdia das apendiculrias foi de 1,98 ind.m-3.Verificou-se apenas a presena de O. dioica. A maior densidade observada foi de 28,65 ind.m-3, encontrada em frente a praia de Ajuruteua. O menor valor de densidade foi 0,03 ind.m-3. A maior densidade observada para as hidromedusas foi de 4,23 ind.m-3 para Crossota sp, e o menor valor foi de 0,005 ind.m-3 para Heterotiara sp. Em maio de 1999, num total de 38 amostras analisadas, as hidromedusas apresntaram uma freqncia de 97%, enquanto que as apendiculrias estiveram presentes em 50% das mesmas. A densidade das apendiculrias variou de 0,01 a 20,70 ind.m-3. As espcies encontradas foram: Oikopleura doioca, O. longicauda e Oikopleura sp, sendo O. doioca a espcie dominante. Com relao nas hidromedusas, o gnero Clytia sp apresentou freqncia de 71% e uma densidade de 0,29 ind.m-3. Outros gneros registrados foram: Malagazzia sp, Sarsia sp, Heterotiara sp e Octocanna sp. 4. Concluso Os gneros mais freqentes para as hidromedusas foram Clytia e Heterotiara, que estavam presentes em todas as expedies, enquanto que para as apendiculrias apenas a espcie Oikopleura dioica esteve presente em todos os cruzeiros. As hidromedusas e apendiculrias se encontraram distribudas em toda e extenso do esturio at o alto mar. A espcie Oikopleura dioica (Appendicularia) mostrou uma ampla distribuio dentro dos ambientes em que foram realizadas as coletas, porm, notou-se uma pequena preferncia pela poro mais interna do esturio. A espcie O . longicauda, por outro lado, apresentou uma grande preferncia por regies mais distantes da costa em direo ao alto mar. provvel que a espcie O . longicauda no tenha tolerncia a ambientes oligoalinos, pois no foram observadas na parte mais interna do esturio nem nas proximidades da costa em perodos chuvosos. muito provvel que o fator salinidade seja o fator limitante da distribuio das hidromedusas na rea estudada, visto que, nas regies em que a salinidade mdia foi igual a 0,6 e superior 37 o nmero de espcies foi bastante reduzido chegando at mesmo a zero. 5. Bibliografia Boltovskoy, D. 1981. Atlas del Atlantico Suddocidental y mtodos de trabajo con el zooplancton marino. Mar del Plata, INIDEP. 936p. Day, J. W.; Hall, C. A. S.; Kemp, W. M., 1989. Estuarine Ecology. New York, John Wiley & Sons, 558p. Purcell. J E. 1991. A review of cnidarians and ctenophores feeding on competitors in the plankton. In: Williams, R.B.; Corneluis, P.F.S.; Hughes, R.G. & Robson, E.A. eds Coelenterate Biology: recent research on cnidaria and ctenophora. v.216-217, p. 335-342. Purcell, J.E. 1992. Effects of predation by the scyphomedusan Chrysaora quinquecirrha on zooplankton populations in Chesapeake Bay, USA. Mar. Ecol. Progr. Ser., 87:65-76 Purcell, J.E.; Nemazi, D.A.; Dorsey, S.E.; Houde, E.D. & Gamble, J.C. 1994. Predation mortality of bay anchovy Anchoa michilli eggs and larvae due to scyphomedusae and ctenophores in Chesapeake bay. Mar. Ecol. Progr. Ser., 114 (1-2): 47-58. Purcell, J.E.; White, J.R.; Roman, M.R. 1994. Predation by gelatinous zooplankton and resource limitation as potential controls of Acartia tonsa copepod populations in Chesapeake Bay. Limnol. Oceanogr., 39: 263-278. Raymont, J.E.G. 1980. Plankton and productivity in the oceans: Zooplankton. Oxford, New York, Toronto, Pergamon Press. 824 p. Valiela, I. 1995. Marine Ecological Process. 2nd ed. New York Springer Verlag. 686 p. Esnal, G.B. 1981. Appendicularia. In : Boltovskoy, D ed. Atlas del Atlantico Suddocidental y mtodos de trabajo con el zooplancton marino. Mar del Plata, INIDEP. 936p. Esnal, G.B. 1999. Appendicularia. In: Boltovskoy, D ed. South Atlantic Zooplankton. Backhuys Publishers, Leiden. v.2 1409-1422.

Estrutura do componente lenhoso de uma restinga no municpio de Tamandar, Pernambuco, nordeste do BrasilAdriano Vicentea, Simone Santos Lirab, James R.R. Cantarellic & Carmen Silvia Zickeld a Doutorando em Botnica ([email protected]), bMestranda em Botnica, cMestre em Botnica, d Professora. Universidade Federal Rural de Pernambuco. 1. Introduo O estado de Pernambuco possui cerca de 187 km de linha de costa, abrigando uma grande diversidade de ecossistemas, como praias e dunas, restingas, tabuleiros e manguezais (Andrade-Lima, 1960). As feies geomorfolgicas que melhor representam a rea estudada so os terraos marinhos superiores de origem pleistocnica. Estes foram elaborados durante a penltima transgresso e ocorre de forma descontnua, ocupando a poro interna da plancie costeira. Deve-se salientar que terraos marinhos so pores do terreno mais ou menos paralela a linha de costa, possuindo um topo aplainado e um rebordo abrupto, o qual se mantm livre das investidas do mar, permanecendo secos mesmo durante as mars altas (Medeiros, 1996). Medeiros (1996) destacou trs tipos de solo para o litoral sul de Pernambuco, que so: Podzol, Areias Quartzosas e classes de Solos da Plancie Costeira, onde os trs apresentam-se: profundos, com horizonte A e C, arenosos, com translocao de matria orgnica, e ocorrem associados Formao Barreiras, Formao Beberibe e aos Terraos Marinhos Quaternrios. A vegetao de Restinga tem sido reduzida mais que 90% (SOS Mata Atlntica 1998), principalmente devido a sua posio geogrfica ao longo do litoral. Local preferencial para a ocupao nos primeiros 400 anos de colonizao do Brasil. Aps a exausto de grande parte de seus recursos florestais, as restingas sob influncia destes plos demogrficos, foram e continuam sendo locais preferenciais para desenvolvimento urbano e turstico (Lacerda & Esteves 2000, Silva 1999). A despeito desse alarmante quadro, poucos estudos tm sido desenvolvidos nessa ecorregio, princi-

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Ecossistemas Aquticos, Costeiros e Continentaispalmente no nordeste (e.g. Oliveira-Filho 1993, Sacramento 2000, Pontes 2000, Cantarelli 2003) e pouco conhecido sobre a sua significante variao ao longo do litoral (Silva 1999). Levando-se em considerao estas prerrogativas, a caracterizao florstica estrutural de reas de Restinga essencial para o conhecimento dessa ecorregio, como passo primordial para subsidiar futuras pesquisas de ecologia funcional (i.e. dinmica de populaes, fenologia, disperso de sementes etc.) e projetos de manejo e conservao. 2. Mtodos A rea de estudo localiza-se no municpio de Tamandar, litoral sul do estado de Pernambuco (8o 47 20S e 35o 06 45W) a cerca de 110 km da cidade de Recife. Sua costa formada pela Baa de Tamandar, praia das Campas e praia dos Carneiros, totalizando uma rea de aproximadamente 9 km de extenso (Maia & Ferreira 1997). O clima predominante AS, quente e mido, de acordo com a classificao de Kppen. A precipitao mdia anual atinge cerca de 2000 mm com maior concentrao no perodo de maio a setembro. A temperatura mdia anual de 25o a 30o C (Lira & FonsecaGenevois 1994). A rede hidrogrfica do municpio de Tamandar formada pelos rios Formoso, Calhetas, Uma, Mamucabas, Ilhetas e Carro Quebrado. O rio Formoso o mais expressivo da rea, possui vrios afluentes, entre eles os rios Arinquid, Unio, Porto do Tijolo (Duarte 1993) A vegetao formada por trs diferentes fisionomias, arbrea, arbustiva e herbcea. A fisionomia arbrea formada por algumas rvores que podem atingir 15 m de altura, mas em sua maioria formada por pequenas rvores de at 8 m, apresentando um estrato arbustivo, logo abaixo, com arbustos no seu sub-bosque, que atingem 4-5 m de altura e poucas ervas. A fisionomia arbustiva prevalente na rea, apresentando arbustos agregados ou esparsos, sempre associado com uma fisionomia herbcea ao redor. A fisionomia herbcea encontrada em vrios pontos da rea, s vezes com a presena de arbustos esparsos, ou formadas a partir da ao antrpica. Foi utilizado o mtodo de quadrantes (Cottam & Curtis 1956). Sendo demarcado um transecto, onde foram instalados 50 pontos, espaados a intervalos de 10 m, perfazendo um total de 500 m. Em cada ponto foram medidas a distncia do indivduo mais prximo em cada quadrante, que apresentaram permetro maior ou igual a 10 cm, ao nvel do solo. Para todos os indivduos amostrados foi estimada a altura e coletado material botnico para posterior identificao. O Material coletado foi depositado no herbrio do IPA (Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuria). Para a caracterizao da arquitetura da comunidade amostrada foram elaborados histogramas do nmero de indivduos por intervalos de altura (amplitude de um metro) e dimetro (amplitude de 5 cm). Para a distribuio nas classes de dimetro de indivduos que apresentaram perfilhamento, foi considerado o perfilho de maior dimetro (Fabris 1995). Os parmetros fitossociolgicos rea basal (AB), densidade relativa (DR), freqncia relativa (FR), dominncia relativa (DoR), ndice de valor de importncia (IVI), ndice de valor de cobertura (IVC), ndice de diversidade de Shannon Weaver e o ndice de equabilidade de Pielou para as famlias e espcies foram calculados utilizando o software FITOPAC (Shepherd 1995). 3. Discusso e resultados Dos 200 indivduos amostrados em 50 pontos quadrantes, foram identificadas at o momento 23 espcies (considerando-se morfoespcies), pertencentes a 16 famlias, sendo XX ainda no identificadas. A famlia com maior nmero de espcies foi Myrtaceae (4 espcies), seguida de Malpighiaceae (3), Lauraceae, Fabaceae e Rubiaceae (2 espcies cada uma), as demais famlias apresentaram apenas uma espcie. A amostragem resultou e uma distncia mdia de 3,26 m, equivalente a uma densidade total por rea de 938,41 indivduos/ ha e uma freqncia . O ndice de diversidade de Shannon & Weaver foi de 2,85, com 0,89 de eqitabilidade. A altura mdia dos indivduos foi de 4,93m e a altura mxima foi de 17,0m e a mnima de 1,30m. A maior freqncia de indivduos ficou entre as classes de 2 a 6m (104 indivduos 70,0%), com destaque para a classe de 3 a 4m, com maior nmero de indivduos (46). Apenas quatro indivduos apresentaram altura superior 15m, Andira nitida (Mimosaceae), Ocotea gardneri (Lauraceae), Protium sp. (Apocynaceae) e uma espcie ainda no identificada. Os indivduos que ocupam as primeiras classes de altura abaixo de 2,0 m, pertencem as espcies Curatella americana (Dilleniaceae), Myrtaceae 2, Protium sp., Ocotea gardneri e Anacardium occidentale (Anacardiaceae). O dimetro mdio apresentado foi de 12,89cm, com dimetro mximo em 82,76cm e mnimo em 1,91cm (considerando-se os perfilhos menores que 3,0cm). A maior freqncia de indivduos concentrou-se nas menores classes de dimetro, entre 1 e 10cm (136 indivduos 68%). Apenas quatro espcies apresentaram dimetro superior 60cm, destacando-se as espcies Couepia impressa (Chrysobalanaceae), Anacardium occidentale, Byrsonima gardneriana e Lauraceae 1. Por outro lado, as espcies Ocotea gardneri (Lauraceae), Byrsonima sericea e Byrsonima gardneriana (Malpighiaceae) apresentaram os indivduos com menor dimetro. Anacardium occidentale, Byrsonima gardneriana, Protium sp. e Manilkara salzmanii foram as espcies que apresentaram maiores valores de importncia, representando mais da metade do IVI total, 51,57% e maiores valores de cobertura, com 46,64% do total. As trs primeiras espcies apresentaram tambm os maiores valores para densidade relativa, dominncia relativa e freqncia relativa, com algumas variaes na ordem de grandeza. Byrsonima gardneriana apresentou maior densidade e maior freqncia que Anacardium occidentale e Manilkara salzmanii apresentou maior dominncia que Byrsonima gardneriana e Protium sp. Alm disso, Andira nitida apresentou maiores valores que Manilkara salzmanii em relao densidade relativa e freqncia relativa, contudo esta espcie apresentou uma baixa dominncia relativa de 2,93%, enquanto que a mdia percentual das quatro primeiras ficou em torno de 13,32%. 4. Concluses A dominncia relativa teve maior influncia sobre o IVI, pois apesar de Anacardium occidentale ter apresentado menores valores que Byrsonima gardneriana em densidade relativa e absoluta e freqncia relativa e absoluta, esta apresentou maiores valores para rea basal, dominncia absoluta e conseqentemente para dominncia relativa que influencia diretamente o IVI e o IVC. As Anacardium occidentale e Byrsonima gardneriana so espcies comuns a vrios trechos de restinga que ocorrem ao longo do litoral nordestino (Sacramento 2000, Almeida Jr. et al. 2002, Cantarelli 2003), mas a predominncia destas na rea de tamandar, provavelmente est relacionada ao alto grau de degradao em que se encontra este ambiente, visto que estas so espcies pioneiras que ocupam principalmente a borda da floresta, clareiras e reas onde o dorsel mais aberto. Este fato tambm pode ser evidenciado pela presena nas classes mais baixas de altura, de vrios indivduos jovens de espcies que ocupam as classes mais altas de altura (acima de 10m), como por exemplo: Anacardium occidentale, Protium sp., Manilkara salzmanii, Andira nitida e Ocotea gardneri. Este fato tambm demonstra que este fragmento se mantm em constante estado de regenerao, devido aos cortes e queimas peridicos. 5. Referncias Bibliogrficas Almeida Jr., E.B.; Zickel, C.S. & Arns, K.N.Y. 2002. Levantamento florstico e fitossociolgico do Santurio de Pipa RN. In: Anais do XII Congresso de Iniciao Cientfica da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife 2002. UFRPE, Recife, 2002.

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Ecossistemas Aquticos, Costeiros e ContinentaisAndrade-Lima, D. de. 1960. Estudos fitogeogrficos de Pernambuco. Arquivos do Instituto de Pesquisas Agronmicas 5: 305-341. Cantarelli, J.R.R. 2003. Florstica e estrutura de uma restinga da rea de proteo ambiental (APA) de Guadalupe-Litoral Sul de Pernambuco. Dissertao de Mestrado. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. Cottam, G.; Curtis, J. T. 1956 The use of distance measures in phytosociological sampling. Ecology 37, p.451-460. Duarte, R.X. 1993. Mapeamento de pesquisas em fertilidade de solo. Braslia. Secretaria de Administrao Estratgica. 392 p. Fabris, L.C. 1995. Composio florstica e fitossociologia de uma faixa de floresta arenosa litornea do Parque Estadual de Sepetiba, municpio de Guarapari-ES. Dissertao (Mestrado em Biologia Vegetal). Instituto de Biocincias, Universidade Estadual de Paulista, Rio Claro. Lacerda, L.D., Araujo, D.S.D. & Maciel, N.C. 1993. Dry coastal ecosystems of the tropical Brazilian coast. In Dry coastalecosystems: Africa, Asia, Oceania (E. Van der Maarel, ed.). Elsevier, Amsterdam, p. 477-493. Lira, L. & Fonseca-Genevois, V. 1994. Interaes biolgicas da Baa de Tamandar, litoral sul de Pernambuco, Recife. Cincias Aquticas 4: 85-108. Maia, M. & Ferreira, B.P. 1997. Coral reefs of Brazil: an overview. 8th Internacional Coral Reefs Symposium 1: p. 263-274. Medeiros, A.B. 1996. Compartimentaes geolgicogeomorfolgica e geoambiental na faixa costeira sul da regio metropolitana do Recife- Folha Ponte dos Carvalhos (SC 25-V-A-III/ 1-SE) e a Folha Santo Agostinho (SC 25-V-A- III/3-NO). Dissertao de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco, Recife. Oliveiro-Filho, A.T. 1993. Gradient analysis of an area of coastal vegetation in the state of Paraba, Northeastern Brazil. Edinburg Journal of Botany 50 (2): 217-236. Pontes, A. F. 2000. Levantamento florstico da Mata da AMEM, Cabedelo, Paraba, Brasil. Monografia de Graduao. Universidade Federal da Paraba, Recife. Sacramento, A. C. S. 2000. Levantamento florstico da restinga da Praia do Paiva- Ponte dos Carvalhos, Cabo de Santo Agostinho Pernambuco. Dissertao de Mestrado. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. Shepherd, G.J. 1996. FITOPAC verso 2.0. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. Silva, S.M. 1999. Diagnstico das restingas do Brasil. In: Workshop Avaliao e Aes Prioritrias Para a Conservao da Biodiversidade da Zona Costeira, Ilhus. (Fundao Bio Rio, ed.). http:// www.bdt.org. SOS MATA ATLNTICA. 1998. Atlas da evoluo dos remanescentes florestais e ecossistemas associados no domnio da Mata Atlntica no perodo 1990-1995. SOS Mata Atlntica e INPE, So Paulo. interdependncia no meio aqutico, sendo indispensveis para seu equilbrio, tanto no que diz respeito transferncia de energia na cadeia alimentar, como no que concerne a sua influncia sobre o ciclo dos nutrientes. Por outro lado, contribuem para a manuteno da qualidade da gua e de seu equilbrio fsico-qumico (Ramalho, 1990). O fitoplncton desempenha um importante papel nos ecossistemas aquticos, pois representa o principal produtor primrio, do qual depende direta ou indiretamente a sobrevivncia da maioria dos organismos que habitam estes ambientes. Muitos crustceos e peixes utilizam o fitoplncton como recurso alimentar durante as fases larvais (Oliveira, 1983). Diversas tcnicas vm sendo empregadas no cultivo de microalgas. Os primeiros experimentos foram realizados no final do sculo passado, sendo Miquel (1890 apud VIEIRA, 1977) o primeiro pesquisador a obter com sucesso o crescimento de algumas diatomceas em laboratrio. Este trabalho tem por objetivo comparar o efeito de diferentes meios de cultivo (NPK, NPK com vitaminas e f/2), sobre as taxas de crescimento e densidades celulares de Dunaliella viridis (Chlorophyta - Volvocales) em condies controladas de laboratrio, de modo a subsidiar informaes que possam contribuir para a comparao de parmetros ecofisiolgicos em condies naturais e de laboratrio. 2. Material e mtodos As cepas de microalgas foram obtidas no Laboratrio de Cultivo de Microalgas da Universidade Federal do Par Campus de Bragana. Os Experimentos tiveram a durao de nove dias contados a partir do dia da inoculao das algas em Erlenmeyers. As cepas utilizadas foram retiradas dos recipientes de cultivo durante a fase exponencial e mantidas sob uma temperatura de 28 1 C, salinidade de 26 e iluminao constante (irradincia de aproximadamente 100 mol.m-2.s-1). O experimento foi realizado em triplicata, utilizando-se Erlenmeyers de 250 ml, contendo, cada um dos quais, 200 ml de meio de cultivo. Os tratamentos empregados foram: E1- meio f/2 de Guillard; E2- meio NPK; E3- meio NPK com vitaminas. A cada erlenmeyer foi adicionado 50 ml de um cultivo denso da microalga Dunaliella viridis. Durante o experimento foram retiradas alquotas de 1 ml de cada rplica, as quais foram acondicionadas em Eppendorfs de 1,5 ml. Para fixao das amostras foram acrescentadas duas gotas de formol neutro a 4%. Este procedimento foi realizado durante 09 dias, sempre no mesmo horrio. Para determinao da densidade celular e das taxas de crescimento especfico utilizou-se uma Cmara de Neubauer, a qual foi visualizada com o auxilio de um microscpio binocular Zeiss. 3. Resultados Os experimentos realizados demonstraram que o meio de cultivo f/2 de Guillard (1975) proporcionou o maior crescimento celular quando comparado aos meios alternativos NPK e NPK com vitaminas. As densidades celulares obtidas com a utilizao do f/2 oscilaram entre 1,00 x 105 clulas.ml-1, no primeiro dia, e 6,52 x 105 clulas.ml-1, no stimo dia. A taxa de crescimento especfico apresentou valores que variaram entre 0,01 d-1 , no quinto dia, e 0,32 d-1, no quarto dia de experimentos. O meio NPK apresentou um crescimento celular inferior ao observado com a utilizao do meio f/2 e superior ao NPK com vitaminas, demonstrando densidades celulares mnima e mxima respectivas de 1,1 x 105 clulas.ml-1, no primeiro dia, e 2,71 x105 , no sexto dia. As taxas de crescimento especfico oscilaram entre 0,08 d-1, no quarto dia, e 0,47 d-1, no segundo dia.

Crescimento de Dunaliella viridis (chlorophytavolvovales) cultivadas com diferentes meios de cultivoAdson Pinheiro Brito1 , Keila Patrcia Mota de souza1 , Rosngela de Souza Silva1 , Rauqurio Marinho da Costa1 1 LBPMRA Ncleo de Estudos Costeiros UFPA, Campus de Bragana; Alameda Leandro Ribeiro s/n. Aldeia, CEP: 68600-000 Bragana, Par, Brasil ([email protected]). 1. Introduo As microalgas fazem parte de um complexo sistema de

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Ecossistemas Aquticos, Costeiros e ContinentaisO meio NPK com vitaminas apresentou uma densidade celular mnima de 1,01 x 105 clulas.ml-1, no primeiro dia, e um mximo de 2,45 x 105 clulas.ml-1 , no quinto dia. As taxas de crescimento especfico variaram entre 0,05 d-1, no quarto dia, e 0,42 d1 no primeiro dia. Foi observada uma fase lag ou de induo no meio de cultivo f/ 2 de Guillard (1975), enquanto que nos meios alternativos no se verificou essa fase e sim um crescimento celular bem acentuado a partir do primeiro e segundo dias. 4. Concluso Atravs de contagens dirias realizadas durante o experimento traou-se curvas de crescimento para a anlise comparativa dos meios alternativos com meio f/2 de Guillard (1975), mostrando que apenas este ltimo apresentou uma fase de induo ou fase lag,. A partir do segundo dia, observou-se uma fase de crescimento exponencial a qual durou at o quinto dia. Os tratamentos com meio NPK, no demonstraram a presena de uma fase de induo. A fase de crescimento exponencial durou at o sexto dia, sendo seguida por uma fase estacionria. O meio de cultivo f/2 de Guillard (1975) foi o mais eficiente, porm os meios de cultivos NPK e o NPK com vitaminas no podem ser descartados, pois apresentaram um crescimento algal significativo e um baixo custo econmico, quando comparados ao meio f/2 de Guillard (1975) 5. Referncias Bibliogrficas RAMALHO, C. C. Desempenho do cultivo polialgal em comparao com as algas Chlorella e Tretaselmis no sistema de gua verde. 1990, p.09. OVILEIRA, D. B. F. de.Espcies de algas utilizadas em alimentao de larvas de peixes e camares e microcrustceos.Universidade Federal de Pernambuco departamento de Oceanografia.Recife, 1983. 1 p. RODRIGUES, J. B. R. Cultivo de macroalgas. 1983, 1 p. ASSUNO, C. M. F. de; NOGUEIRA, J. D. da C.; LIMA, J. T. de & COLTO, L. M. M. R. Influncia de Fotoperiodismo (11 e 24 horas de luz) no desenvolvimento de Tetraselmis chuii em condies de laboratrio.Universidade Federal de Pernambuco. Departamento de Oceanografia. Recife,1987. 5 p berrio, alimentao, reproduo e descanso), podero ser realizadas avaliaes sobre os possveis impactos de natureza antrpica. Sendo assim, podero ser definidas medidas de proteo e manejo para D. americana no Arquiplago de Fernando de Noronha, servindo de base tambm outras reas do Brasil. O presente trabalho tem por objetivos apresentar os resultados parciais do projeto obtidos durante a primeira expedio, realizada no perodo de 5 a 25 de maio de 2003. 2. Material e Mtodos: As observaes sobre histria natural de D. americana foram realizadas atravs de mergulhos livres e autnomos. Durante os mergulhos os indivduos de D. americana avistados foram identificados quanto ao sexo e marcas naturais da morfologia externa (cicatrizes, pigmentao e escoriaes), fotografados e tiveram comprimento do disco estimado com auxlio de uma rgua (50cm de comprimento e graduao de 10 em 10cm) presa a um basto. Todos os dados obtidos durante as observaes foram anotados em pranchas de PVC. Foi identificado tambm o tipo de atividade dos espcimes observados e se havia interao com exemplares de outra espcie ou indivduos da mesma espcie durante as avistagens. Dados da profundidade, temperatura da gua e tipo de substrato foram devidamente anotados na hora da observao, assim como o local e habitat no qual foram encontrados os espcimes. 3. Resultados: Foram realizados ao todo 38 mergulhos em distribudos em 16 diferentes localidades distribudas pelo arquiplago. Destes, foram realizados 28 mergulhos livres nas praias localizadas dentro e fora dos limites do Parque. Os 10 restantes mergulhos foram autnomos e efetuados dentro do limite com apoio tcnico e logstico da operadora de mergulho Noronha Divers. A praia do Porto foi o local que apresentou o maior nmero de mergulhos com avistagem (20,83%) e uma maior quantidade de indivduos avistados (32,89%) seguido pela praia do Sancho (16,7% e 14,47% respectivamente) . Enquanto as praias do Sueste, Ruro e Boldr e os pontos de mergulho autnomo Caverna da Sapata e Laje Dois Irmos no foi observado nenhum espcime de D. americana. Com relao ocorrncia dos indivduos por tipo de habitat pode-se notar uma possvel segregao de tamanho em relao profundidade e tambm quanto ao tipo de substrato ocupado. Indivduos de tamanho compreendidos entre 20cm de comprimento de disco (tamanho mnimo observado) e 35cm foram observados em profundidades de at 7,50m e em ambientes de praia com substrato de areia ou areia e pedras. Os indivduos com tamanho entre 45cm e 90cm foram encontrados em sua maioria em profundidades superiores a 7,92m e em substrato variado relacionados a ambientes recifais. A exceo se deu com apenas um indivduo macho de 80cm observado na praia do Leo em profundidade de 1,20m e em substrato de areia. Os indivduos avistados com tamanho de 40cm foram encontrados nos dois tipos de ambientes (praia e recifal) e em profundidades compreendidas entre 1,0m e 16,50m caracterizando a preferncia dessa classe de tamanho como indefinida. A proporo encontrada de indivduos machos e fmeas avistados foi praticamente a mesma. No entanto a maior quantidade de exemplares observados no foi possvel identificar o sexo, principalmente devido ao pequeno tamanho desses. A observao do clsper (rgo intromitente masculino) s foi observada em indivduos com tamanho a partir de 40cm de comprimento de disco, sendo assim, indivduos menores que 40cm no puderam ser identificados quanto ao sexo. Tambm no foi encontrada uma grande diferena entre o tamanho mnimo e mximo de machos e fmeas. Durante os mergulhos alguns indivduos de D. americana foram observados junto a outras espcies de peixes telesteos e

Uso de habitat por Dasyatis americana no Arquiplago de Fernando de Noronha (Brasil): Resultados PreliminaresAguiar, A. A.1; Cavalcanti, A. B.1 & Rosa, R. S1 1- Laboratrio de Ictiologia, Depto. Sistemtica e Ecologia Universidade Federal da Paraba ([email protected]) 1. Introduo: O estudo de batideos no Brasil escasso, sendo assim, trabalhos sobre a histria natural e outros aspectos ecolgicos de raias so de extrema importncia. Tais estudos podem servir de embasamento para formulao e aplicao de programas de manejo e conservao em unidades de conservao, tais como o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Com relao espcie foco Dasyatis americana foram estudados seu comportamento reprodutivo, hbito alimentar e interaes com outras espcies (Broockmann, 1975; Snelson, et al, 1990; Strong, et al, 1990; Gilliam & Sullivan, 1993; Henningsen, 2000). Tendo em vista a falta de conhecimento sobre a ecologia de D. americana em guas brasileiras, foi elaborado o projeto Histria Natural de Dasyatis americana (Chondrichthyes: Dasyatidae) no Arquiplago de Fernando de Noronha Brasil, o qual inclui, dentre outros objetivos, o estudo sobre o uso de habitat pela espcie em questo. Ao definirem-se as reas preferenciais de ocupao de acordo com a classe de idade e utilizao de habitat (eg: reas de

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Ecossistemas Aquticos, Costeiros e Continentaiselasmobrnquios (guarajuba -Caranx latus, pirana - Cephalopholis fulva, budio Sparisoma sp., dento Lutjanus jocu, Carangoides bartholomaei e o tubaro-lixa -Ginglymostoma cirratum. Algumas destas co-ocorrncias denotam relaes ecolgicas entre estas espcies, e sero posteriormente investigadas 4. Concluso: O presente trabalho apresenta dados parciais sobre a ecologia de D. americana no Arquiplago de Fernando de Noronha. Estes j mostraram algumas caractersticas distintas entre as classes de tamanho quanto distribuio espacial, possivelmente indicando diferentes habitats preferenciais. No entanto necessrio que sejam realizadas as demais excurses programadas pelo presente projeto para se fazer, atravs de comprovaes estatsticas, inferncias significativas e conclusivas sobre o uso de habitat por D. americana no Arquiplago de Fernando de Noronha. 5. Bibliografia: BROCKMANN, F. W. , (1975). Observation on mating-behavior of southern stingray, Dasyatis americana. Copeia (4): 784-785. GILLIAM, D. & SULLIVAN, K. M., (1993). Diet and feeding habits of the southern stingray Dasyatis americana in the Central Bahamas. Bulletin of Marine Science 52(3): 1007-1013. HENNINGSEN, A. D., (2000). Notes on reproduction in the southern stingray, Dasyatis americana (Chondrichthyes; Dasyatidae). Copeia (3): 826-828. SNELSON, F. F.; GRUBER, S. H.; MURU, F. L. & SCHMID, T. H., (1990). Southern stingray, Dasyatis americana: host for a symbiotic cleaner wrasse. Copeia 1990(4): 961-965. STRONG, W. R.; SNELSON, F. F.; GRUBER, S. H., (1990). Hammerhead shark predation on stingrays: an observation of prey handling by Sphyrna mokarran. Copeia 1990(3): 836-840. (IBAMA, Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, Administrao do Distrito Estadual de Fernando de Noronha, Operadora de Mergulho Autnomo Noronha Divers, Hidrosfera Produes e Ciliares Produes) manejo sejam implementados com sucesso ao longo do litoral. 2- Mtodos A rea de estudo considerada foi o litoral de Pernambuco e Fernando de Noronha. O clima do litoral de Pernambuco apresenta-se na classificao de Keppen (1948) Clima do tipo AS, (Clima tropical chuvoso, quente e mido, com estao seca no vero e chuvas no outono-inverno, e menos de 50 mm de precipitao no ms mais seco). A mdia pluviomtrica em torno de 2100 mm/ano, tendo uma maior precipitao nos meses de maio, junho e julho, e um perodo mais seco nos meses de outubro, novembro e dezembro Os dados fenolgicos foram obtidos nos Herbrios Prof. Geraldo Mariz da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Drdano de Andrade Lima do Instituto Pernambucano de Pesquisa Agropecuria (IPA), atravs da anlise das etiquetas de todas as exsicatas, que faziam referncia Restinga, coletas prximo praia ou em municpios do litoral pernambucano. Para cada exsicata analisada foram anotados os seguintes dados: nmero do herbrio, famlia, espcie, localidade, nome e nmero do coletor, data, presena ou ausncia de flores e frutos. No foi excludo nenhum perodo de coleta. Aps a primeira etapa, a coleta de dados, foram verificadas as sinonmias e a grafia de todas as espcies anotadas atravs do site do Missouri Botanical Garden . A anlise estatstica realizada foi o teste G (Sokal & Rodlf, 1995) para verificar a correlao entre a sazonalidade das fases fenolgicas. 3- Resultados e Dsicusso Foram analisadas 693 exsicatas pertencentes a 360 espcies, 219 gneros reunidos em 59 famlias. Quanto distribuio das espcies de restinga em relao s localidades, existe uma ligeira predominncia de maiores coletas em Itamarac e Olinda (litoral Norte) e Rio formoso (litoral sul), provavelmente devido a trabalhos de coletas intensivos de projetos individuais e o fcil acesso a estas praias. As restingas de Pernambuco mostraram um padro de florao sazonal, com pico de florao em fevereiro, setembro e outubro, ou seja, durante o perodo seco. Apesar desta sazonalidade foram encontradas espcies florescendo o ano todo. Atravs do teste G, mostrou-se significativa a relao entre florao e precipitao (G=5,29 , p=0.021, g.l.=1). No foi possvel comparar estes dados encontrados com as restingas do Nordeste por falta de estudos. Morellato et al. (1989) e Morellato (1991, 1995) descreve para as Florestas Semidecduas e Matas Ciliares (Carmo & Morellato, 2000) do Sudeste do Brasil, que o pico de florao ocorre no incio da estao chuvosa. Contudo, os dados aqui apresentados mostram um padro diferente ao encontrado para as Florestas do Sudeste. O estudo da fenologia de 15 espcies realizado por Medeiros (2003), nica pesquisa fenolgica de comunidade de Floresta Atlntica para Pernambuco, indicou o mesmo pico de florao do presente trabalho, contudo a relao da fenofase com a precipitao, no foi estatisticamente significativa. Comparando a florao das espcies do litoral norte e sul de Pernambuco, observou-se que segue o mesmo padro sazonal j apresentado, sendo que as localidades do litoral norte apresentaram picos em fevereiro e outubro, e as do litoral sul com pico de florao em setembro. A fenofase frutificao ocorreu nos perodos de transio, chuvoso-seco, e seco, e poucas espcies apresentaram picos no perodo chuvoso. O teste G mostrou que houve significncia estatstica entre a frutificao e a precipitao (G =5.1161; p =0.023; g. l.=1). Os padres de frutificao foram diferentes a Floresta Atlntica do Nordeste (Medeiros, 2003) que ocorreu no perodo de transio seco-chuvoso, .com os das Matas Ciliares do sudeste do Brasil, onde o pico da fenofase ocorreu na estao chuvosa (Carmo e Morellato, 2000), e das Florestas Semidecduas do sudeste do Brasil, onde os picos se apresentaram na transio da estao seca para chuvosa.

Fenologia de espcies das restingas depositadas em herbrios do estado de PernambucoAleksandra Michelli de Souzaa; Eduardo Bezerra de Almeida Jrb. & Carmen Slvia Zickelc a Biloga; b Aluno de Lic. em Cincias Biolgicas UFRPE ; c Profa. Biologia-Botnica UFRPE([email protected]) 1 - Introduo As Florestas de Restinga desenvolvem-se na orla martima, distante cerca de 500 metros da praia (Morellato et al, 2000). Ecologicamente, as Restingas podem ser definidas como ecossistemas costeiros, fisicamente determinados pelas condies edficas (solo arenoso) e pela influncia marinha, possuindo origem sedimentar recente (incio no perodo Quaternrio), sendo que as espcies que se desenvolvem (flora e fauna) possuem mecanismos para suportar os fatores fsicos dominantes como: a salinidade, extremos de temperatura, forte presena de ventos, escassez de gua, solo instvel, insolao forte e direta, etc. As mesmas esto distribudas ao longo do litoral brasileiro e por vrias partes do mundo. Essa distribuio norte-sul cria ao longo do litoral, variaes climticas, o que confere uma grande diversidade ambiental e biolgica para as restingas brasileiras. (Benevides, 1999). O aspecto de padres fenolgicos pouco estudado para Floresta Atlntica do Brasil, e praticamente desconhecido para as Florestas de Restinga. Todos os trabalhos relacionados para o Estado no incluem a flora da Restinga. Por isso, tornam-se necessrios os dados bsicos de florao e frutificao das espcies ao longo da Costa relacionados com a precipitao, para que os planos de

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Ecossistemas Aquticos, Costeiros e ContinentaisA frutificao entre as localidades do litoral norte e sul de Pernambuco apresentaram um padro sazonal de frutificao. Mesmo ocorrendo espcies reprodutivas o ano todo, os picos ocorreram na estao seca, janeiro e setembro nos municpios do litoral norte, e dezembro para os do litoral sul. 4- Concluses O estudo mostrou, estatisticamente, que os padres fenolgicos das espcies das Restingas do estado de Pernambuco apresentaram influncia da precipitao pluviomtrica. A fenofase florao e frutificao da maioria das espcies, mesmo havendo indivduos reprodutivos o ano todo, apresentou um padro sazonal, com picos ocorrendo na estao seca. A predominncia de espcies nas cidades do litoral norte, devido ao maior nmero de coletas naquela rea, no interferiu no padro fenolgico, ocorrendo os picos na estao seca. 5- Referncias Bibliogrficas Benevides, S. (1999). Estrutura das Restingas. Disponvel em http:/ /intermega.com.br/restinga. Acesso em: 3 janeiro de 2003. Carmo, M.R.B. & Morellato, L.P. C. (2000). Fenologia de rvores e arbustos das Matas Ciliares da Bacia do Rio Tibagi, estado do Paran. In: Leito-Filho, H. F. & Rodrigues, R. R. (eds) Matas Ciliares: Preservao e Conservao. EDUSP So Paulo, p.125-141. , Koeppen, W. (1948). Climatologia: com um estdio de los climas de la tierra. Mxico. Medeiros, D. P. W. (2003). Fenologia de 15 espcies de um fragmento de Floresta Atlntica na Estao Ecolgica de Caets, Paulista, Pernambuco, Brasil. Monografia (concluso de curso de Bacharelado em Cincias Biolgicas), Depto. Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. Morellato, L.P Rodrigues, R.R.; Leito Filho, H. F. & Joly, C. A. .C.; (1989). Estudo comparativo fenolgico comparativo de espcies arbreas de floresta de altitude e floresta mesfila semidecdua na Serra do Japi, Jundia, SP Revista Brasilieira de Botnica 12: 85-98, So Paulo. . Morellato, L. P. C. (1991). Estudo da fenologia de rvores, arbustos e lianas de uma floresta semidecdua no sudeste do Brasil. Tese(Doutorado em Ecologia). Universidade Estadual de Campinas, Campinas. Morellato, L. P. C. (1995). As estaes do ano na floresta. In: Morrelato, L. P. C. & Leito Filho, H. F.(eds) Ecologia e preservao de uma floresta tropical urbana: Reserva de Santa Genebra. Universidade de Campinas, Campinas, p.37-41. Morellato, L. P. C.; Talora, D. C.; Takahasi, A.; Benkle, C. C.; Romera, E. C, & Zipparo, W. B. (2000). Phenology of Atlantic Rain Forest trees: a comparative study. Biotropica: 32: 811-823 Sockal, R. R. & Rohlf, F. J. (1995). Bio