03 Historia 7ano

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    7 ANO

    UNIDADE I: A COLONIZAO DA AMRICA ....................................................90

    A colonizao da Amrica espanhola ............................................................91

    A administrao da Amrica espanhola .........................................................97

    A colonizao da Amrica portuguesa ........................................................100

    A administrao da Amrica portuguesa .....................................................107

    UNIDADE II: O BRASIL COLONIAL ...................................................................109 A produo aucareira e outras atividades econmicas .............................110

    Africanos no Brasil: dominao e resistncia ..............................................115

    Portugal sob o domnio da Espanha e as invases holandesas no Brasil ...122

    O avano da colonizao: a ocupao do interior do Brasil .......................127

    A minerao .................................................................................................130

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    As transformaes enfrentadas pela sociedade europeia ocidental entre os sculos XIV e

    XVI proporcionaram uma grande mudana no modo de viver e pensar o mundo.

    As grandes navegaes trouxeram para a burguesia comercial e para os monarcasabsolutistas altos lucros, obtidos atravs do comrcio e da explorao das regies

    conquistadas.

    Pioneiros nessas navegaes, Portugal e Espanha colocaram em prtica o PactoColonial, um sistema de regras que definia o domnio poltico e econmico da Metrpole(pas dominador) sobre a Colnia(regio dominada).

    Na Amrica, a ao do Pacto Colonial garantiu o enriquecimento das metrpoles

    portuguesas e espanholas. No entanto, causou a destruio de territrios e o extermnio de

    vrios povos.Mas afinal, que povos eram esses encontrados pelos portugueses e espanhis na

    Amrica? Como ocorreu o encontro entre esses dois mundos? De que forma as Metrpoles

    portuguesas e espanholas exploravam as suas Colnias?

    UNIDADE I: A colonizao da Amrica

    Obra de 1951 intitulada de A conquista ou chegada de Hernn Cortez a Veracruzque faz parte de uma srie de painis do artistamexicano Diego Rivera (1886 1957).

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    A COLONIZAO DA AMRICA ESPANHOLA

    A chegada da esquadra de Colombo Amrica, em 1492, teve um grande impacto tanto

    para a populao nativa (os indgenas) como para os europeus, representando um confronto

    de dois mundos.A existncia de povos muito ricos no continente americano, atraram vrios conquistadores

    e aventureiros em busca de prestgio e enriquecimento rpido. Estima-se que, nos primeiros

    cinquenta anos de domnio espanhol na Amrica, mais de 6 milhes de indgenas tenham

    morrido, vtimas de guerras, doenas, assassinatos e trabalhos forados no qual eram

    submetidos.

    A ocupao espanhola do continente americano teve incio pelas ilhas do Caribe (So

    Domingos e Cuba), e seguiu na direo norte, onde est localizado o Mxico.

    Essa expedio, que durou trs anos (1519-1521), foi comandada por Hernn Cortez

    que, com auxlio de 400 homens, 17 cavalos, 10 canhes e poucas armas conquistaram um

    dos maiores povos da Amrica: o Imprio

    Asteca.

    Os astecas fundaram, em 1325, a cidade

    de Tenochtitln (atual cidade do Mxico),

    capital do Imprio e l construram palcios,

    mercados, praas, lojas, residncias e

    templos em forma de pirmides.

    A guerra era uma das principais atividades

    dos astecas e, no final do sculo XV, j

    haviam dominado um imenso territrio,

    obrigando os diversos povos conquistados

    a pagarem impostos ao seu Imprio.

    Sua economia baseava-se na agricultura,na pesca, na caa e na produo de

    peas com cermica, ouro, prata e pedras

    preciosas. O comrcio foi uma atividade

    largamente desenvolvida pelos astecas e

    todas as cidades tinham mercados bastante

    movimentados. Diego Rivera. Cidade de Tenochtitln, 1945.

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    A sociedade asteca estava dividida em camadas bastante diferenciadas na qual, a mais

    alta era a do Imperador, seguida dos nobres e suas famlias, guerreiros, sacerdotes,

    funcionrios pblicos, comerciantes, soldados, camponeses, artesos e escravos que eram

    prisioneiros de guerra.

    Logo que chegaram, os espanhis ficaram admirados com a riqueza e a organizao da

    capital do Imprio e foram recebidos pelos astecas com presentes, festas e como hspedesde honra do Imperador Montezuma, pois a populao asteca acreditava estar diante do seu

    deus mtico Quetzalcoatl.

    Os astecas desconheciam o cavalo e, vendo homens brancos, com roupas de ferro,

    trazendo consigo armas que cuspiam fogo pensaram estar lidando com deuses.

    No entanto, em pouco tempo, perceberam que aqueles homens no eram deuses e sim

    invasores: os espanhis, passaram a saquear todas as cidades do Imprio e a matar, de

    forma cruel, seus habitantes.O Imprio Asteca at que resistiu invaso. No entanto, os espanhis, com uma

    superioridade militar e ajuda de povos inimigos dos astecas, destruram a cidade de

    Tenochtitln e condenaram o Imperador Montezuma morte. Diante desse fato, o Imprio

    Asteca, aps quase um sculo de grande esplendor, chegou ao fim.

    A descoberta de ouro em terras astecas parecia confirmar a crena dos espanhis de que

    o El Douradoera mesmo na Amrica.

    O Eldorado uma lenda que falava na

    existncia de um reino localizado na

    parte sul do continente americano, e suas

    cidades eram cobertas de ouro.

    Por esse motivo, outros

    colonizadores, comearam a ser atrados

    para Amrica em direo ao Sul e, em

    1532, Francisco Pizarro, chegou ao

    Imprio Inca.

    Os incas iniciaram sua expanso

    territorial dominando diferentes povos a

    partir do sculo XV. Assim, construram

    um imenso Imprio, abrangendo parte de

    onde hoje o Peru, o Equador, a Bolvia, o

    Chile e a Argentina.

    Runas da cidade de Machu Picchu, no Peru.

    WilliamAlbertAllard

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    As principais cidades incas eram Cuzco e Machu Picchu na qual possuam palcios e

    templos. Os incas viviam da agricultura, do pastoreio (principalmente de lhamas), da

    tecelagem, metalurgia e da produo de objetos de cermica. Dessa forma, a maior parte da

    populao era formada por camponeses e artesos. Faziam parte da nobreza os sacerdotes

    e chefes militares.

    Toda a sociedade era governada pelo Imperador Inca que, conhecido como Filho do Sol,

    era respeitado e venerado como um deus.

    Na poca em que Pizarro chegou, o Imprio Inca estava passando por uma grande crise:

    dois herdeiros do antigo Imperador estavam disputando o trono e muitos povos queriam se

    livrar do domnio inca.

    Pizarro, aproveitando-se da situao, iniciou a sua conquista marchando em direo a

    Cuzco, a capital do Imprio, onde encontrou uma forte resistncia, resultando em quarenta

    e um anos (entre 1533 a 1572) de batalhas at que, com reforos chegados da Espanha, oltimo lder indgena inca, Tupac Amaru, foi aprisionado e morto. Nesses anos de batalhas

    morreram cerca de 300 mil guerreiros incas e 1500 espanhis.

    Os maias foram outra grande civilizao que se formou na Amrica entre as florestas

    tropicais da Guatemala, Honduras e Pennsula de Yucatn (regio sul do Mxico). Esse povo

    no formou um grande Imprio, mas construiu grandes cidades que eram independentes,

    tinham governos e leis prprias.

    Nessas cidades foram construdos palcios e templos tambm em forma de pirmides eestradas com at dez metros de largura, que serviam de passagem para os templos religiosos.

    Esses templos no tinham muralhas e traziam inscries sobre a contagem do tempo atravs

    de um calendrio desenvolvido pelos maias.

    Quando os espanhis chegaram Amrica, essa civilizao j estava em decadncia. A

    populao havia abandonado suas cidades e se espalhado por outras regies misturando-se

    a outros grupos.

    Saquear:apossar-se de algo com violncia.

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    1. Elabore um quadro comparativo entre as civilizaes astecas, incas e maias:

    ASTECAS INCAS MAIAS

    Localizao

    As cidades

    Organizao social

    Atividades econmicas

    2. Observe o mapa a seguir e responda as questes:

    a) Identifique o continente representado no mapa e o que as setas esto indicando.

    b)Localize no mapa os povos astecas e incas.

    c) Explique como foi a conquista desses dois povos.

    d)Atribua um ttulo para o mapa.

    RubinSantosLeoAquinoetalii.Histriadassociedadesamericanas.

    RiodeJaneiro:Eu

    e

    vocEditora,

    1991.p.5

    2.

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    3.As imagens a seguir foram produzidas pelo artista belga Theodore de Bry(1528-1598)e o texto feito pelo religioso espanhol frei Bartolomeu de Las Casas (1474-1566) que seautodenominava protetor universal de todos os povos indgenas. Em seu livro, Brevssima

    relao de destruio das ndias Ocidentais, publicado em 1552, Las Casas relata a

    violncia cometida pelos colonizadores espanhis contra as populaes nativas da Amrica:

    Theodore Bry. Indgenas escravizados trabalhando naproduo de cana-de-acar, 1596.

    Theodore de Bry. Espanhis massacrando os indgenas, 1520.

    (...) No ano de 1531 os espanhis adentraram nos reinos do Peru, e com a mesma

    inteno de todos os outros, devastaram povoados e vilas, matando os habitantes (...).

    Numa ilha que est perto do mesmo local, e que se chama Pugna, muito povoada e

    agradvel, o Senhor com o seu povo receberam os espanhis como se fossem anjos

    descidos do cu e, seis meses depois, quando os espanhis comeram toda a reserva

    de alimentao, os indgenas apresentaram-lhes os ltimos gros de trigo com muitas

    lgrimas, para que os gastassem e o comessem vontade. Por fim os espanhis

    passaram a fio de espada uma grande quantidade de indgenas e outros foram

    transformado em escravos(...).Bartolomeu de Las Casas.Brevssima relao da destruio das ndias Ocidentais: o paraso destrudo.Porto

    Alegre: L&PM, 1984. p. 98-103.

    a)Identifique o acontecimento histrico representados nas imagens e relatado no texto.

    b)Como Las Casas relata a reao dos colonizados frente aos colonizadores? Retire um

    trecho do texto.

    c)Ocorreram resistncias por parte dos indgenas contra a dominao espanhola?

    Explique.

    d)As imagens de Theodore Bry e os relatos de Las Casas foram produzidos com quais

    intenes? Explique.

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    4.A conquista da Amrica pelos espanhis representou um dos maiores genocdios na histriada humanidade. Essa colonizao pode ser caracterizada como genocdio, pois ocorreu um

    assassinato em massa que levou a extino de vrios grupos indgenas.

    Quando os espanhis chegaram Amrica a populao estimada dos astecas era de 15

    milhes e dos incas 7 milhes. Em aproximadamente 100 anos, os astecas estavam reduzidos

    a 1 milho e os incas a 500 mil, vtimas de guerras, doenas, assassinatos e dos trabalhos

    forados aos quais eram submetidos.

    Organize os dados do texto na tabela seguinte:

    Na Sala de Informtica, transforme os dados da tabela do exerccio anterior (4)emum grfico seguindo o roteiro a seguir:

    a) Primeiramente, faa um rascunho em seu caderno sobre as diversas possibilidades

    da construo desse grfico.

    b) Aps ligar o computador, clique em INICIARPROGRAMASMICROSOFTEXCEL.

    c) Explore a ferramenta GRFICO e escolha um modelo de grfico que melhorrepresenta os dados da tabela.

    d)Organize a legenda e atribua um ttulo para o seu grfico.

    e) Clique em PROGRAMASMICROSOFT WORD e transfira o grfico para essapgina.

    f) Discuta com os seus colegas as seguintes questes: Quais os efeitos da colonizao

    espanhola nas populaes nativas da Amrica? Como to poucos derrotaramtantos?

    g) Por ltimo, salve o seu trabalho em menu, ARQUIVOSALVAR e escolha asseguintes opes: no Disco Local (C:); em um Disquete 3 (A:); ou em um Disco

    Removvel (D:). No espao a seguir, anote o nome do arquivo e o local onde voc o

    salvou:

    Nome do Arquivo: __________________________________________________________

    Local onde voc salvou: _____________________________________________________

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    A ADMINISTRAO DA AMRICA ESPANHOLA

    O governo espanhol, assim como outras monarquias europeias, adotou as prticas

    econmicas do mercantilismo, principalmente no que diz respeito ao metalismo (acmulo

    de metais preciosos), devido grande quantidade de ouro e prata encontrada na Amrica.

    A poltica mercantilista tambm estava relacionada conquista e explorao de novos

    territrios. Assim, o pas dominador passou a ser chamado de Metrpolee a rea conquistada

    de Colnia.

    A relao entre a Colnia e a Metrpole era definida peloPacto Colonialque determinava

    as seguintes regras:

    a prtica do monoplio comercial, ou seja, as Colnias eram fornecedoras de

    matrias-primas (madeira, algodo, cana-de-acar, tabaco, ouro e pedras preciosas)

    e s podiam vender esses produtos para a Metrpole; os produtos manufaturadoseram proibidos nas Colnias e tinham que ser comprados

    da Metrpole;

    os negcios com estrangeiros s eram possveis se autorizados pelo governo da

    Metrpole.

    Essas aes definiam o sistema colonial mercantilista, que organizou a economia da Colnia

    em funo da Metrpole, ou seja, a Colnia deveria produzir produtos que fossem lucrativos

    e exclusivos para a Metrpole. Dessa forma, era garantido o enriquecimento das Metrpolesque compravam matrias-primas por preos baixos e vendiam produtos manufaturados por

    preos altos.

    Para garantir essas prticas de explorao na Amrica, a Coroa espanhola criou em 1503,

    na cidade de Sevilha (cidade porturia da Espanha), a Casa de Contratao, local exclusivo

    de comrcio com as Colnias e responsvel pela sua fiscalizao e cobrana do quinto, e o

    Conselho das ndias, criado em 1524, que elaborava as leis e escolhia os funcionrios que

    iriam trabalhar nas Colnias.

    Na Amrica, o governo espanhol organizou unidades administrativas, dividindo o territrio

    em quatro vice-reinos. Em 1535 foi criado o Vice-Reino da Nova Espanha, em 1542, o

    Vice-Reino do Peru, e, no sculo XVII, os vices-reinos de Nova Granada e do Rio da Prata.

    Para governar os vice-reinos, o rei nomeava nobres que se tornavam a autoridade mxima

    nas Colnias. Os vice-reis, como eram chamados, cuidavam dos assuntos administrativos,

    militares, fiscais, financeiros, religiosos e presidiam as audincias, onde exerciam a funo

    de autoridade judicial.

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    1.Defina as palavras e expresses que aparecem no texto:

    mita - cabildos - Casa de Contratao chapetones - Pacto Colonial - Conselho

    das ndias - Metrpole vice-reinos - mercantilismo criollos - misses jesuticas -Colnia - monoplio comercial encomienda - mestios

    Em seu caderno, monte um quadro e organize essas palavras e expresses conforme o

    seu assunto:

    POLTICA SOCIEDADE ECONOMIA ADMINISTRAO TRABALHO

    2.Complete o esquema a seguir com as informaes do mapa:

    O comrcio espanhol na Amrica no sculo XVII COLNIA

    METRPOLE

    a)Que nome era dado a essa relao entre a Metrpole e a Colnia? Explique como

    funcionava.

    b) Que concluses podemos tirar sobre o papel das Colnias e sua relao com a Metrpole

    espanhola?

    3. Crie um esquema para representar a sociedade na Amrica espanhola e responda: O quedeterminava a posio social de cada uma?

    George

    Duby.AtlasHistrique.

    Paris:Larousse

    ,1987.p.

    289.

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    A COLONIZAO DA AMRICA PORTUGUESA

    Na segunda metade do sculo XVI, Portugal possua colnias na frica, no Extremo Oriente

    e na Amrica tornando-se assim a maior potncia naval e comercial de toda Europa.

    Portugal formou um vasto Imprio ultramarino no qual dominava a regio em que

    estabelecia, formando colnias, fortes, feitoriasou submetendo os chefes e toda a populao

    local atravs da fora.

    Dessa forma, essas regies se tornaram fornecedoras de uma grande variedade de

    produtos e africanos escravizados, como mostra o quadro a seguir:

    frica

    Parte Ocidental: cavalos, africanos escravizados, ouro, marfim, pimenta malagueta,corantes, tecidos e peles.

    Parte Oriental: marfim, peles, cermica, ouro, cobre, ferro, prolas, tecidos e sndalo.

    Pennsula Arbica (Ormuz)

    Arroz, ferro, cavalos, pedras preciosas, sal e tmaras.

    ndia e do Ceilo

    Especiarias (canela, cravo, pimenta, noz-moscada, aafro) e pedras preciosas.

    Extremo Oriente

    Especiarias, sndalo, pedras preciosas, metais, algodo, porcelanas e seda.

    Amrica

    Pau-brasil, acar, fumo, algodo, anil e aguardente.

    A Amrica foi um continente que demorou para ser colonizado, pois os portugueses

    estavam mais interessados nas riquezas do Oriente, de onde provinham produtos de grandevalor comercial na Europa.

    Os relatos do escrivo da frota de Pedro lvares Cabral, Pero Vaz de Caminha, sobre as

    terras brasileiras e a populao decepcionaram os reis portugueses que esperavam encontrar

    ouro e pedras preciosas como ocorreu com as expedies espanholas na Amrica. Porm,

    Caminha confirmou a presena de uma grande quantidade de pau-brasil, madeira utilizada

    para construir mveis, casas e navios e que tambm fornecia um corante para tingir tecidos.

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    O pau-brasil crescia em meio mata Atlntica, entre os Estados do Rio Grande do Norte e

    do Rio de Janeiro. Sua extrao era feita pelos nativos que cortavam e carregavam as rvores

    para as feitorias, em troca, recebiam objetos de pouco valor para os europeus, mas que

    fascinavam os nativos, como: machados, facas, anzis, espelhos, tecidos, agulhas e pentes.

    Essa troca de mercadorias era conhecida como escambo.

    Comparado com as especiarias que vinha do Oriente, o comrcio do pau-brasil dava

    pouco lucro para a Coroa Portuguesa. Por esse motivo, entre 1500 e 1530 as expedies

    enviadas para o Brasil eram formadas por pequenas esquadras que limitavam-se em extrair

    o pau-brasil e fazer o reconhecimento do litoral brasileiro.

    A presena constante de outros europeus no litoral brasileiro, tambm interessados em

    explorar o pau-brasil, comeou a preocupar a Coroa Portuguesa que, no ano de 1530, enviou

    para o Brasil uma expedio comandada por Martim Afonso de Sousa com a inteno de

    povoar e iniciar o plantio de cana-de- acar.

    Outro fator que levou o governo portugus a iniciar a colonizao foi a perda do monoplio

    do comrcio das especiarias orientais para os holandeses e espanhis. Assim, era necessrio

    produzir no Brasil um produto que compensasse a perda dos lucros no Oriente.

    Portulano de Pedro Reinel e Lopo Homem produzido em 1519 que mostra o conhecimento dos portugueses sobreparte dos habitantes, da flora e da fauna do litoral brasileiro. Os autores tambm registraram nomes de rios, portos,

    baas e a extrao do pau-brasil realizada pelos nativos.

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    Esse fato fez com que os portugueses optassem pela produo da cana-de-acar, pois

    o acar era uma mercadoria muito valorizada na Europa, alm disso os portugueses j

    possuam experincia na sua produo em algumas ilhas do Atlntico e o litoral do nordeste

    brasileiro oferecia condies ideais para o seu cultivo, como o clima quente e mido e o solo

    de massap.

    Martim Afonso, a mando do rei portugus, distribuiu lotes de terras aos colonos (assesmarias), e exigiu que eles as defendessem e as explorassem. Em 1532, foi fundada a

    Vila de So Vicentee construdo o primeiro engenhode acar do Brasil: o Engenho de So

    Jorge dos Erasmos.

    Muito diferente da feitoria, a vila era um ncleo permanente de populao onde possua

    uma igreja, cadeia, sede administrativa, praa central e um pelourinho.

    Aps a instalao dos engenhos de cana-de-acar, os indgenas comearam a ser

    capturados para trabalharem na produo desse produto.

    Os nativos das terras brasileiras no do sculo XVI estavam agrupados pela semelhana

    cultural e a lngua que falavam. Em geral, no litoral brasileiro o tronco lingustico era o tupi,

    formando os povos tupis-guaranis e os da regio central do tronco lingustico j, agrupando

    os povos macro-j.

    Entre os povos tupis-guaranis estavam os Potiguares, Caets, Tupiniquins, Tupinambs

    e Carijs que, na sua maioria, viviam da caa, pesca e da agricultura de produtos como a

    mandioca, milho, batata-doce, car, feijo, amendoim, tabaco, abbora, algodo, pimenta,

    abacaxi, mamo, caju e pequi. Esses povos pintavam seu corpos, confeccionavam artefatosde cermica, colares e mantos com sementes , conchas e plumas. A msica, presente

    em vrias cerimnias, era tocada por meio de instrumentos de sopro e percusso.

    As aldeias eram compostas por ocas ou malocase as relaes sociais eram estabelecidas

    por grau de parentesco e amizade. Os chefes dos tupis, os morubixabas, eram aqueles que

    se destacavam nas guerras e na boa oratria.

    Os tupis cultuavam espritos que habitavam as matas e os rios e alguns grupos, como os

    Tupinambs, realizavam rituais de antropofagia, ou seja, os prisioneiros eram devorados na

    crena de que iriam incorporar a coragem do inimigo.Os povos que no falavam a lngua tupi, como o macro-j, chamados pelos tupis-guaranis

    de tapuias(no tupis) formavam grupos como os Kaiaps, Bororos, Timbiras e Xavantes que

    tambm viviam da caa, da pesca e da agricultura.

    Como habitavam o litoral, os tupis-guaranis foram os primeiros a se relacionar com os

    portugueses que, de incio, foi de forma pacfica. Contudo, rapidamente esse relacionamento

    tornou-se conflituoso, j que muitos indgenas passaram a ser escravizados e suas terras

    tomadas.

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    Entre 1554 e 1567, os tupis-guaranis, de vrias regies do litoral Sudeste (Rio de Janeiro,

    Angra dos Reis e Ubatuba) e os no-tupis, como os Goitacs e os Aimors, se aliaram e

    travaram muitas batalhas contra os portugueses. Essa aliana ficou conhecida como a

    Confederao dos Tamoios(Tamoio quer dizer em Tupi, o mais velho ou antepassado),

    que significou a unio dos mais antigos, isto , dos primeiros donos da terra.

    Os portugueses, aliados a outros grupos indgenas como os Guaians, Temimins e osCarijs, massacraram os Tamoios.

    Para agravar ainda mais a situao dos indgenas, os portugueses trouxeram doenas

    como o sarampo e a rubola e, como os nativos no tinham resistncia, aldeias inteiras foram

    dizimadas.

    Estima-se que, na poca da chegada dos portugueses, havia no Brasil de 5 a 6 milhes

    de indgenas. Segundo o ltimo censo do IBGE em 2000, h hoje no Brasil cerca de 700 mil.

    Assim como ocorreu na Amrica espanhola, os indgenas tambm sofreram a ao das

    misses jesutas, que tinham por objetivo converter esses povos ao cristianismo e proteg-losda escravido. No entanto, podiam ser requisitados para trabalhar para os colonos mediante

    pagamento.

    As frequentes fugas individuais e coletivas, as revoltas e a resistncia ao trabalho imposto

    pelo colonizador, foram formas de reao dos diversos grupos indgenas contra as misses.

    Muitas das informaes sobre os primeiros habitantes do Brasil e os contatos com os

    colonizadores so provenientes dos vestgios de materiais recuperados pelos arquelogos e

    dos relatos escritos e iconogrficosfeitos pelos viajantes europeus. Dentre eles, podemos

    destacar os franceses Jean Lry, Andr Thevet e o alemo Hans Staden, que estiveram no

    Brasil na segunda metade do sculo XVI.

    Hans Staden produziu um livro intitulado As viagens ao Brasil que fala sobre a fauna, flora

    e como escapou de ser comido vivo pelos tupinambs. Em um de seus relatos, descreve o

    encontro com os tupinambs como mostra o trecho a seguir:

    (...) Formaram um crculo ao redor de mim, ficando eu no centro com duas mulheres,amarraram-me numa perna um chocalho e na nuca penas de pssaros. Depois comearam

    as mulheres a cantar e, conforme um som dado, tinha eu de bater no cho o p onde

    estavam atados os chocalhos.

    As mulheres fazem bebidas. Tomam as razes de mandioca, que deixam ferver em

    grandes potes. Quando bem fervidas, tiram-nas (...) e deixam esfriar (...). Ento as moas

    assentam-se ao p, e mastigam as razes, e o que fica mastigado posto numa vasilha

    parte. Acreditam na imortalidade da alma (...)."

    Hans Staden. Duas viagens ao Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, So Paulo, 1974. p. 218.

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    Jean Lry e Andr Thevet estiveram no Rio de Janeiro no ano de 1555, durante a tentativa

    dos franceses em fundarem uma colnia na Baa da Guanabara, chamada de Frana

    Antrtica. Dos registros e imagens da populao, da natureza e da tentativa de se estabelecer

    no local, Andr Thevet produziu um livro intitulado de As singularidades da Frana Antrtica

    e Jean Lry o livro Histria de uma viagem feita na terra do Brasil.

    Jean Lry. Dana com pajs, 1578. Andr Thevet.A coleta de alimentos feita pelosselvagens, 1590.

    Engenho: fazenda e instalaes destinadas ao plantio de cana para a fabricao doacar.

    Feitorias:entrepostos comerciais fortificados e instalados no litoral da regio de domnioportugus. Funcionavam como mercado, armazm e local de receber as embarcaes.

    Iconografia:desenhos e pinturas.Malocas:conjunto de habitao indgena.Massap: terra argilosa, frtil, de cor escura.

    Pelourinho: coluna de pedra ou de madeira, fixada em lugar pblico, na qual eramcastigados os escravos e criminosos. Segundo os costumes portugueses, era o smbolo

    da autoridade e da justia do municpio.

    Portulano: denominao empregada para designar os documentos martimos doperodo medieval. Alguns anos depois, passou a denominar os pequenos livros onde

    os navegantes registravam suas observaes.

    Sesmaria: grande lote de terra entregue a quem tivesse recursos para explor-loeconomicamente.

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    Quando os portugueses chegaram em terras brasileiras, no ano de 1500, encontraram

    uma populao nativa, uma fauna e flora bastante diversificada.

    Em pouco tempo, essa populao comeou a ser dizimada em consequncia do

    trabalho ao qual era submetida, maus tratos e doenas.

    Assim como ocorreu com os povos nativos, o meio ambiente tambm foi devastado.

    Nesse perodo, praticamente todo o litoral brasileiro era coberto pela Mata Atlntica -

    calcula-se que ela ocupava uma faixa de 1 milho de metros quadrados, o equivalente a

    12% da rea atual do pas - que passou a ser devastada pela extrao do pau-brasil e a

    derrubada de florestas para o plantio de cana-de-acar.

    No entanto, atualmente no Brasil vivem muitos povos indgenas e tambm parte da

    Mata Atlntica.Juntamente com os seus colegas, realize uma pesquisa sobre os seguintes temas:

    A presena indgena no Brasil atuale O que restou da Mata Atlntica. Organize um roteiro sobre os assuntos a serem pesquisados de cada tema. Procure

    informaes e imagens em diversas fontes como livros, jornais, revistas, internet e tambm

    em organizaes do governo e no governamentais (ONGS) que protegem a populao

    indgena e a Mata Atlntica.Na sala de aula, discuta com os colegas o resultado da pesquisa e monte um mural.

    Os mapas seguintes iro auxili-lo em sua pesquisa.

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    Com exceo das capitanias de So Vicente e Pernambuco, que tiveram sucesso com

    o cultivo de cana, todas as outras fracassaram devido ao descaso dos donatrios, falta de

    investimentos e os constantes ataques indgenas.

    O rei de Portugal decidiu melhorar esse sistema e, em 1548, implantou o sistema de

    governo-geral, um centro poltico para administrar toda a Amrica portuguesa, comandadopelo governador-geral.

    O governador geral representava o rei na Amrica e possua as seguintes atribuies:

    povoar o litoral, organizar a defesa, dominar e catequizar os indgenas, incentivar a produo

    agrcola, cobrar impostos, procurar metais preciosos, impedir o contrabando, fundar vilas e

    exercer a administrao e a justia.

    Mapa representando o sistema de capitanias hereditrias do sculo XVI

    A ADMINISTRAO DA AMRICA PORTUGUESA

    O sistema de sesmarias implantado por Martim Afonso no deu certo, pois muitos colonos

    chegaram a abandonar suas terras.

    Assim, no ano de 1534, o rei D. Joo III, adotou o sistema decapitanias hereditriasondea Colnia foi dividida em 15 faixas de terras que seriam entregues a nobres portugueses efuncionrios da Coroa que passaram a ser denominados de capites donatrios. Essesdonatrios tinham amplos poderes polticos para governar sua capitania podendo fundar

    vilas, impor leis e explorar suas terras.

    JorgeCouto.AconstruodoBrasil:

    amerndioseafricanosnoinciodos

    descobrimentos.

    Porto:Afrontamento,

    1978.p.

    220.

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    Oscar Pereira da Silva.A fundao de So Paulo, 1909.

    A administrao das vilas e cidades era feita pelasCmaras Municipais, compostas por

    juzes, vereadores e o governador, os chamados homens bons da Colnia, ou seja, brancos,

    nascidos no local, proprietrios de terras e escravos.

    As decises de toda a vida cotidiana dos colonos cabiam s Cmaras que tambm

    decidiam sobre a construo de estradas, pontes, edifcios, limpeza, conservao das ruas,

    regulamentao das feiras, mercados e a determinao de prises.

    1.Elabore as perguntas para as palavras e expresses contidas na Cruzadinha:

    O primeiro governador-geral no Brasil foi Tom de Souza que chegou Colnia em 1549,

    na Bahia, e por ordem do rei, construiu a cidade de Salvador, primeira capital do Brasil esede do governo-geral. Com ele tambm vieram os jesutas, funcionrios reais, soldados,

    artesos entre outros.

    O segundo governadorgeral foi Duarte da Costa e juntamente com ele veio o padre Jos

    de Anchieta, que fundou o colgio de So Paulo no planalto de Piratininga (atual cidade deSo Paulo).

    1- C M A R A M U N I C I P A L2- F E I T O R I A

    3- V I L A

    4- G O V E R N O - G E R A L

    5- C A P I T A N I A - H E R E D I T R I A

    6- S E S M A R I A

    7- C A P I T A N I A

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    UNIDADE II: O Brasil Colonial

    Entre os anos de 1500 a 1822, compreende o perodo da Histria do Brasil, denominado

    Brasil Colnia, pois estava sob o domnio de Portugal e tinha como principal objetivo dar

    lucros e atender as necessidades do rei e dos nobres comerciantes portugueses.

    Como fez a Espanha com relao sua poro na Amrica, Portugal tambm estabeleceu

    com o Brasil relaes reguladas pelo pacto colonial, ou seja, o Brasil, na condio de

    Colnia, s podia vender para Portugal, sua Metrpole, e comprar dele todos os produtos que

    necessitava. Dessa relao, o rei de Portugal procurou manter a exclusividade na explorao

    de todos os produtos, tornando-os monopliosdo governo portugus.

    Dessa forma, desenvolveu-se no Brasil o cultivo de produtos de alto valor no mercado

    internacional, entre os principais, podemos encontrar o acar, o ouroe as pedras preciosas.

    Outros produtos como o fumo, algodo, o cacau, a carne, o couro e o anil tambm foram

    importantes para o mercado externo e interno.

    Mas afinal, como se deu o desenvolvimento desses produtos?

    Como se organizou o trabalho e a sociedade no Brasil Colonial?

    Esses e outros assuntos sero discutidos nos textos e atividades desta unidade.

    Ainda hoje a produo de cana-de-acar importante para a economia brasileira.Cerca de 45% dessa produo destina-se fabricao do acar e aproximadamente 55% se transforma em lcool, utilizado como

    combustvel, em usinas como a de Andradina localizada no interior de So Paulo, representada na imagem.

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    A PRODUO AUCAREIRA E OUTRAS ATIVIDADES ECONMICAS

    Muitas atividades econmicas se desenvolveram no Brasil durante os primeiros sculos

    de colonizao, no entanto, a produo de acar foi a mais importante. A escolha desse

    produto deu-se devido s seguintes razes:

    o acar era um produto de grande consumo na Europa e alcanava altos preos; os portugueses possuam experincia nessa lavoura nas ilhas da Madeira, Cabo Verde

    e Aores;

    o Brasil tinha muita terra, solo frtil, clima quente e mido, propcio para esse tipo de

    plantao.

    Em quase todas as capitanias foram plantados canaviais e construdos engenhos, mas, o

    seu cultivo, apresentou melhores resultados na capitania de So Vicente e principalmente na

    faixa litornea do Nordeste, nas capitanias de Pernambuco e da Bahia.

    Para estabelecer a economia canavieira, o governo portugus pediu emprstimosprincipalmente aos homens ricos da Holanda, j que, para montar um engenho, eram

    necessrios altos investimentos.

    De incio, engenhoera o nome dado ao equipamento utilizado para a fabricao do acar.

    Com o tempo, passou a significar um conjunto maior, no qual faziam parte:

    a casa-grande:sede da fazenda e residncia do senhor de engenho;

    a senzala: alojamento dos africanos escravizados;

    a moradia dos trabalhadores livres: alojamento dos trabalhadores assalariadoscom as mais diversas profisses;

    a capela:onde realizavam os batizados, missas, festas e casamentos.

    as mquinas e instalaes:conssistiam nas moendas, fornalhas, carros de bois,capela e a caldeira;

    a roa:onde se plantavam os mais diversos gneros alimentcios;

    o canavial:local onde se plantava a cana-de-acar;

    animais:principalmente bois para transportar a cana para o engenho e o acar paraa venda.

    Todo o trabalho de preparao do acar era supervisionado pelo feitor-mor, j que, era

    bastante complexo e envolvia muitas etapas. Ele tambm estava encarregado de vigiar os

    escravos.

    Inicialmente, a mata era derrubada para o plantio da cana que aps alguns meses era

    cortada e amarrada em feixes para ser transportada nos carros de bois para a casa do

    engenho, na qual a cana era moda na moenda. Grande parte do trabalho nessa etapa de

    produo era realizado pelos africanos escravizados e seus descendentes.

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    O caldo, resultante da moagem, era passado para a caldeira, onde era fervido durante

    horas at formar o melao que era levado para a casa de purgar. Desse melao tambm era

    feita a aguardente, a rapadura e o acar mascavo.

    Na casa de purgar, o acar passava pelo processo de branqueamento, formando um

    bloco duro chamado de pes de acar que era separado por tipo (claro, mascavo ou escuro),

    triturado e colocado em grandes caixas de madeiras forradas com folhas de bananeiras. Porfim, eram transportados para os portos e embarcados para a Europa.

    Zacharias Wagner. Engenho da capitania de Pernambuco, 1634.

    Para atender ao mercado externo, nos engenhos plantava-se quase que exclusivamente a

    cana em grande quantidade. Esse tipo de produo ficou conhecida como monocultura, ou

    seja, a cultura de um nico produto agrcola que necessitava de grandes extenses de terras,

    formando assim, os latifndios.

    A cana-de-acar estimulou outras atividades econmicas no Brasil como a pecuria,

    a produo do tabaco, dacarne seca, do couroe as plantaes de subsistncia como amandioca, o arroz, omilhoe o feijo.

    Dentro dos engenhos formou-se uma sociedade bastante diversificada e dividida. De um

    lado estavam os senhores de engenhos, donos das terras, das mquinas e at de pessoas -

    africanos escravizados. Eram considerados os homens bons e possuam um imenso poder:

    decidiam o destino das filhas, a profisso dos filhos, forneciam o dinheiro para a manuteno

    da Igreja, da Vila e de outros servios para a comunidade. A esse tipo de organizao familiar

    em que todos dependem do patriarca d-se o nome de patriarcalismo.

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    Jean Baptiste Debret. Representao de uma tpica famlia patriarcal, 1837.

    Assim como os senhores de engenho, os grandes comerciantestambm acumularam

    bastante riqueza, s que atravs do comrcio de bois, mulas, escravos, tabaco e gneros

    alimentcios.

    Do outro lado da sociedade estava maior parte da populao formada pelos africanos

    escravizadose seus descendentesque trabalhavam nas plantaes da cana, na fabricao

    do acar, em servios domsticos e nas atividades artesanais.

    Alm dos africanos escravizados, os engenhos empregavam muitos trabalhadores livres e

    assalariados como o feitor-mor, que administrava todo o engenho, o mestre-de-acar, quecontrolava toda a fabricao do acar e tambm carpinteiros, ferreiros, pedreiros, alfaiates,

    artesos entre outros.

    a) Moradia do senhor, a _________________, normalmente possua uma planta retangular,

    dois pavimentos, uma escada externa dando acesso a uma pequena varanda, vrias

    salas e quartos, duas cozinhas e despensa.

    1.Identifique nos textos as partes do engenho, a etapa de produo do acar e a camadasocial a qual se referem:

    b)A vida social do engenho de acar em parte se realizava nas ___________________,

    que tanto se prestavam para demonstrar a f catlica do senhor de engenho como

    tambm as suas posses.

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    c) Descreva a imagem:

    ________________________________

    ________________________________

    ________________________________

    ________________________________

    d) O _____________________ era um ttulo a que muitos aspiravam porque trazia consigo

    o ser servido, obedecido e respeitado por muitos.

    e) Local onde ficavam os __________________ e seus ___________________, a

    ______________. Construo bastante precria sob o ponto de vista de conforto,

    durabilidade e segurana. Essa camada social realizava os mais diversos trabalhos

    como: ______________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________

    f) O trabalho mais bem pago dentro do engenho era o do _________________, pois a

    qualidade do produto final dependia do seu conhecimento experincia.

    h) O ___________________________ era o encarregado da administrao do engenho, e

    controlava o ritmo da produo do acar e garantia um bom funcionamento dos

    equipamentos do engenho.

    i) A purificao do acar era feito na __________________.

    j) O engenho empregava muitos trabalhadores assalariados como ____________,

    _____________, _________________, _______________ entre outros.

    g) Descreva a imagem:

    ________________________________________ ________________________________________

    ________________________________________

    ________________________________________

    ________________________________________

    Simon de Vries. O engenho, sculoXVII.

    Jean Baptiste Debret. Pequeno moinho de acar,sculo XIX.

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    2.O texto I foi escrito pelo francs Louis-Franois Tollenare que esteve no Brasil no inciodo sculo XIX e o texto II uma reportagem de 2007 sobre a rotina de trabalho de muitos

    cortadores de cana atualmente no Brasil:

    Texto I

    Aqui nada de apatia; tudo trabalho, atividade, nenhum movimento intil, no se

    perde uma s gota de suor. (...) Vejo ao longe negros e negras curvados para a terra,

    e excitados a trabalhar por um feitor armado dum chicote que pune o menor repouso.

    Negros vigorosos cortam canas que raparigas enfeixam. Os carros, atrelados de quatro

    bois, vo e vem dos canaviais aos engenho. Outros carros chegam da mata carregados

    de lenha para as fornalhas. Tudo movimento. Raparigas negras empurram a cana para

    os cilindros da moenda. Alguns negros descarregam as canas e as colocam ao alcance

    das mulheres; outros as transportam em grandes cestos e espalham no terreiro o bagao

    intil da cana, que no usado como combustvel.

    Coletnia de documentos histricos para o 1 grau: 5 8 sries. So Paulo: SE/CENP, 1985. p.15.

    Texto II

    So 4h30 em Guariba, cidade do noroeste do Estado de So Paulo, quando o ronco

    dos motores de dezenas de nibus quebra o silncio da madrugada. Por seis vezes

    na semana, o barulho das rodas sobre as acanhadas caladas do municpio anuncia

    o trabalho a um exrcito de boias-frias, entre eles,

    homens e mulheres que trabalham at 12 horas por

    dia, muitos passam fome e outros chegam a tombar

    mortos de tanto trabalhar e tambm de acidentes

    nos canaviais. Como se no bastasse as pssimas

    condies de trabalho, o salrio tambm muito

    baixo."

    Disponvel em: . Acesso em out. de 2009.

    Discuta a seguinte questo com os seus colegas e anote em seu caderno as suas

    concluses:

    Com relao ao trabalhador e a produo de cana no Brasil colonial e atualmente, o que

    mudou e o que permaneceu?

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    AFRICANOS NO BRASIL: DOMINAO E RESISTNCIA

    A conquista da frica pelos portugueses iniciou-se em 1415, com a tomada da cidade

    de Ceuta, localizada no atual Marrocos. De incio, essas expedies tinham como objetivos

    encontrar ouro e um caminho para chegar s ndias. No entanto, em pouco tempo, essas

    expedies voltaram-se para a captura e o comrcio de africanos para serem vendidos como

    escravos.

    Pioneiros nessa prtica, os comerciantes portugueses entre os sculos XV e XIX

    transformaram vrias regies da frica em fornecedoras de africanos escravizados

    principalmente para a Amrica. O comrcio de seres humanos, juntamente com o ouro, se

    tornou muito lucrativo.

    Grande parte desses africanos escravizados, que vieram para o Brasil, eram originrios da

    frica Ocidental - povos de culturas sudaneses e da frica Centro-Meridional povos deculturas bantas.

    Dentre os povos sudaneses podemos encontrar diferentes etnias como os Nags (ou

    Iorub), os Jejes, os Egbs, e dos povos bantos, os Quimbundos, Quicongos, Moambiques

    e os Caanjes. Alm de falarem diversas lnguas, esses povos possuam culturas e formas de

    vida bastante diferentes: alguns eram pastoreios e agricultores, caadores e coletores, outros

    viviam em reinos com organizaes bastante complexas, no qual comercializavam produtos

    com vrios outros povos.

    Imagem de Jean Baptiste Debret, representando as diferentes etnias de africanas escravizadas no Brasil, sculo XX.

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    Regies como Angola, Congo, Moambique e Guin se tornaram entrepostos comerciais do

    comrcio de seres humanos. No Brasil, os africanos escravizados desembarcavam no litoral

    do Maranho, Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Esse comrcio de africanos escravizados

    pelo Oceano Atlntico passou a ser denominado por historiadores da atualidade de

    trfico negreiro.

    Alm dos portugueses, holandeses, ingleses e franceses tambm construram feitorias aolongo do litoral africano para praticarem o comrcio de seres humanos. Entretanto, esses

    traficantes de escravosno se arriscavam a penetrar no interior da frica. Esse trabalho era

    feito por intermedirios africanos que escravizavam diferentes povos da frica e os trocavam

    com os europeus por plvora, aguardente, tabaco, ferramentas, armas entre outros objetos.

    Estima-se que entre os sculos XVI e XIX foram trazidos para o Brasil cerca de 4 milhes

    de africanos escravizados que, depois de capturados, eram acorrentados e marcados com

    um ferro em brasa para identificao. Aps serem vendidos para os comerciantes europeus,

    embarcavam em navios pequenos e frgeis conhecidos como navios negreirosou tumbeiros.

    Neles, os africanos escravizados se amontoavam e, enfrentavam uma viagem para o Brasil

    que durava de quarenta a sessenta dias.

    Mapa representando o trfico negreiro entre a frica e a Amrica portuguesa.

    LuisFelipedeAlencastro.Otratodosviventes:formaodoBrasilnoAtlnticoSul.So

    Paulo:CompanhiadasLetras,

    2000.p.

    250.

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    Nessa travessia do Atlntico, calcula-se que entre 5% a 25% dos africanos morriam devido

    aos maus-tratos, condies do transporte, disenteria, desidratao, escorbutoou por causa

    do banzo.

    Nos navios negreiros, os africanos escravizados eram batizados e recebiam um nome

    cristo. Para certos povos africanos isso era muito doloroso, pois, em muitos lugares da

    frica, o nome dado a uma pessoa tem um significado especial. Essa prtica era feita paraque o africano escravizado apagasse de sua memria todo o seu passado: sua famlia, seus

    amigos, sua lngua, sua identidade, sua histria.

    Imagens produzidas por Jhoann Moritz Rugendas representando o poro de um navio negreiro e o mercado de escravosbrasileiros, sculo XIX.

    Ao desembarcarem nos portos brasileiros, os africanos escravizados ficavam em armazns

    espera de compradores. Eram examinados e contados como peas, depois identificados

    como macho, fmea, filhote e cria. Os recm-chegados, que no conheciam a lngua,

    eram chamados de boais, s depois que aprendiam a lngua passavam ser denominados

    ladinose custavam mais caro. Os nascidos no Brasil eram chamados de crioulos.

    O Brasil foi um pas escravista durante quase 400 anos. Os escravos trabalhavam de

    doze a quinze horas por dia, sob a vigilncia dos feitores, que tinham ordens de castigar os

    preguiosos no troncocom aoites, palmatrias, mscaras e coleira de ferro.

    Eram eles que realizavam quase todo o trabalho na lavoura, nos engenhos, nos servios

    urbanos, domsticos e nos transportes de pessoas e mercadorias. Os homens trabalhavamcomo agricultores, carpinteiros, ferreiros, pescadores, mineradores, alfaiates, carregadores,

    construtores de casa, marceneiros, boiadeiros e em vrias outras funes. As mulheres

    lavavam, passavam, cozinhavam, teciam, cultivavam a terra, e nas cidades vendiam pes,

    doces, salgados, flores, verduras, animais e frutas.

    Entre os trabalhadores urbanos, havia tambm os libertos, nome dado queles que tinham

    conseguido a carta de alforria (documento de libertao da condio de escravo).

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    Jean Baptiste Debret. Diferentes castigos aplicados e trabalho de um escravo, sculo XIX.

    Contudo, em toda a histria da humanidade, onde ocorreu escravido houve resistncia.

    Os africanos e os afro-americanosno aceitaram passivamente a escravido e reagiram

    contra essa condio de diversas formas: atravs de sabotagens nas plantaes, vinganas

    contra feitores, revoltas e fugas, onde muitas vezes formavam quilombos(palavra originria de

    kilombo, da lngua africana ioruba, que significa habitao), locais de grande concentrao

    de escravos fugidos.

    Desde o incio do sculo XVII havia vrios quilombos espalhados pelo Brasil, do Amazonas

    at o Rio Grande do Sul, povoados com africanos escravizados de diferentes culturas e

    regies, alm de indgenas e brancos.

    O maior e mais famoso dos quilombos foi o Quilombo dos Palmares, localizado na Serrada Barriga, limite entre os atuais Estados de Alagoas e Pernambuco, que ao longo de 65 anos

    (1629-1694) abrigava 20 mil habitantes.

    Para sobreviver, os quilombolas(ou mocambos), plantavam milho, feijo, mandioca, batata-

    doce, banana, cana-de-acar, abacate, jaca, criavam porcos e galinhas alm de caarem

    diversos animais e confeccionarem objetos de cermica, palha e ferramentas.

    Entre 1645 e 1694, Palmares foi atacada 25 vezes, mas os quilombolas, liderados por

    Zumbi, resistiram. O bandeirante Domingos Jorge Velho, com uma tropa de 6.500 homens,incendiou Palmares, matando muitos de seus moradores. No ano da destruio de Palmares,

    em 1694, no dia 20 de novembro, Zumbi foi encontrado morto.

    No Brasil, atualmente, ainda existem povoaes quilombolas, ou seja, comunidades que

    se originaram de antigos quilombos. Essas comunidades so chamadas de remanescentes

    de quilombos, na qual vivem os descendentes dos antigos quilombolas. Essas comunidades

    esto espalhadas por vrias regies do Brasil e muitas lutam para ter o reconhecimento do

    seu territrio.

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    Outra forma de resistncia por parte dos africanos escravizados era conservar a sua cultura

    praticando o lundue a capoeira.

    De origem banto, o lundu era uma dana praticada com rebolados sob o ritmo de batuques e,

    a capoeira, uma mistura de luta, dana e msica, utilizada pelos escravos para se protegerem

    dos senhores e dos feitores.

    Johann Maritz Rugendas. Imagens representando a capoeira e o lundu, sculo XIX.

    Afro-americano: americano de ascendncia africana.

    Banzo:depresso profunda que levava o negro morte pela recusa em comer e beber.

    Escorbuto: doena desenvolvida devido a uma carncia de vitamina C, que causa

    hemorragias, alteraes da gengiva, queda dos dentes e da resistncia e do organismo.Etnias:populao ou grupo social que apresenta homogeneidade cultural e lingustica,

    compartilhando histria e origem comuns.

    Palmatria: pea circular de madeira com um cabo, usada para bater na palma da mo.

    Quilombola: morador dos quilombos.

    Tronco:pea de madeira onde se prendiam os ps, o pescoo ou as mos dos escravos.

    a)A conquista da frica pelos portugueses.

    b)A captura e o comrcio de africanos escravizados.

    c)A travessia do Oceano Atlntico feito pelos africanos escravizados.

    d)O trabalho e o tratamento dado aos africanos escravizados no Brasil.

    e)Formas de resistncia contra a escravido.

    1.Faa um fichamentodo texto, de forma a identificar os seguintes assuntos:

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    2.O mapa a seguir est representando o comrcio triangular. Realizado entre os sculos XVI

    e XIX, uma expresso utilizada para identificar as relaes comerciais feitas pela Metrpole

    (pases europeus) e as suas Colnias na frica e Amrica:

    a)Identifique os continentes e os oceanos

    que aparecem no mapa.

    b)Qual o significado das setas no mapa?

    c)Faa uma legenda para cada seta.

    d)Quem lucrava com esse comrcio?

    Justifique.

    e)Explique por que essa relao comercial

    foi chamada de comrcio triangular.

    3.Observe a tabela a seguir e responda as questes:

    TABELA

    PERODONMEROS DE AFRICANOS QUEDESEMBARCARAM NO BRASIL

    1531 - 1600 50.000

    1601 - 1700 560.000

    1701 1800 1.680.100

    1801 1855 1.719.300

    TOTAL 4.009.400

    Herbert Klein.Trfico de escravos.Rio de Janeiro: IBGE, 1987.

    a) Identifique o assunto da tabela.

    b)Explique a expresso trfico negreiro e qual a sua relao com a tabela.

    c) Por que entre 1531 e 1700 o nmero de africanos no Brasil aumentou?

    d) Qual a relao entre a tabela e o mapa do exerccio anterior?

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    PORTUGAL SOB O DOMNIO DA ESPANHAE AS INVASES HOLANDESAS NO BRASIL

    No ano de 1578 o rei de Portugal D. Sebastio morreu na batalha de Alccer Quibir (regio

    da frica que corresponde ao atual Marrocos) em luta contra os rabes. Como no tinha

    filhos, o trono de Portugal foi ocupado por seu tio-av, o cardeal D. Henrique que tambm

    morreu sem deixar herdeiros.

    A questo sucessria s foi resolvida quando, em 1580, o rei da Espanha Felipe II, que

    possua descendncia portuguesa por parte de me, invadiu e conquistou Portugal. Felipe II

    pertencia a dinastia dos Habsburgos, uma das mais poderosas famlia da Europa.

    A partir da, iniciou-se o domnio espanhol a todo o reino de Portugal e suas Colnias. Esse

    domnio, que se estendeu at o ano de 1640 ficou conhecido como Unio Ibrica, pois unia

    Portugal e Espanha, ambos pases ibricos.Na Europa, o domnio do governo espanhol se estendia aos pases Baixos, como Holanda e

    Blgica, e parte da pennsula itlica. Em 1581, a Holanda, aps muitas batalhas, conquistou a

    sua independncia. Como represlia a essa ao, Felipe II proibiu o comrcio dos holandeses

    com as Colnias que pertenciam a Portugal, pois agora, faziam parte do Imprio Espanhol.

    Essa proibio representou uma grande perda para os comerciantes holandeses,

    principalmente os que agiam no Brasil, j que, desde o incio da colonizao, eram eles que

    participavam do lucrativo comrcio do acar e de outros produtos como o pau-brasil, oalgodo e o couro.

    Como reao, os holandeses invadiram regies do mundo pertencentes Unio Ibrica: na

    frica conquistaram regies como Monbaa, Arguim, So Jorge da Mina e Angola, destinadas

    ao trfico negreiro, e na Amrica regies produtoras de acar, como as Antilhas e o nordeste

    brasileiro.

    Planejada pelaCompanhia das ndiasOcidentais, a primeira invaso holandesa no Brasil

    ocorreu em Salvador no ano de 1624. A reao da populao local e do governo espanhol foi

    imediata, e os holandeses foram expulsos.

    Os holandeses voltaram a invadir a regio Nordeste no ano de 1630, s que agora as

    cidades de Recife e Olinda, da Capitania de Pernambuco. Apesar da resistncia dos colonos,

    os holandeses apoderaram-se dessa regio e ampliaram os seus domnios para outras partes

    do Nordeste na qual se estendia de Alagoas at o Rio Grande do Norte.

    Para consolidar sua conquista, a Companhia das ndias Ocidentais escolheu o conde

    Joo Maurcio de Nassaupara ser o governador-geral do Recife no ano de 1637.

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    A vitria sobre os holandeses em 1648 foi representada 150 anos depois pelo artista Victor Meirelles Limana obra intituladaBatalha de Guararapes.

    Aps a restaurao do governo portugus e a expulso dos holandeses do Brasil,

    tornou-se necessria uma reorganizao da administrao da Colnia brasileira que passoua ser controlada de forma mais rigorosa: o combate ao contrabando se intensificou, as

    cobranas de impostos aumentaram e o comrcio e o transporte martimo da produo

    colonial passaram a ser controlados por companhias comerciais criadas pelo rei portugus

    como a Companhia de Comrcio do Brasil (1649) e a Companhia de Comrcio do

    Maranho(1682).

    Essas Companhias passaram a possuir o monoplio da venda e compra de produtos

    coloniais e, para aumentar os seus lucros, vendiam caro e compravam barato. Os preos

    abusivos, a falta de produtos, e os constantes choques com os jesutas, que lutavam contra a

    escravido indgena, provocaram no Maranho, em 1684, uma revolta de proprietrios rurais

    e comerciantes locais que ficou conhecida coma a Revolta de Beckman, pois foi liderada

    pelos senhores de engenho e irmos Manuel e Toms Beckman.

    Apesar dos revoltosos dominaram a Companhia de Comrcio do Maranho e expulsarem

    os jesutas da regio, essa revolta foi contida pelas foras da Coroa Portuguesa e seus lderes

    foram mortos. Tempos depois, a Companhia foi extinta e os jesutas voltaram a agir no local.

    Em Pernambuco, mais especificamente em Olinda, com a sada dos holandeses, ocorreu

    uma queda na economia aucareira, pois ao serem expulsos do Brasil, os holandeses criaram

    nas Antilhas uma rea produtora de acar que passou a concorrer com a produo brasileira

    no mercado externo.

    Essa concorrncia fez com que o preo do acar brasileiro casse pela metade. Alguns

    senhores de engenho de Olinda ficaram em situao difcil tendo que pedir emprstimos aos

    grandes comerciantes de Recife, formado na maioria por portugueses.

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    Mesmo com todo o enriquecimento, os mascates, como eram chamados os comerciantes

    de Recife, no tinham poder poltico, pois estavam submetidos s decises da Cmara

    Municipal de Olinda. Os mascastes, ento, passaram a exigir autonomia administrativa, que

    s foi conquistada quando em 1709, por ordem do rei, Recife foi elevada de povoamento

    categoria de Vila.

    Essa deciso no foi aceita pelos senhores de engenho de Olinda que iniciaram umarevolta armada em 1710. Esse conflito, que ficou conhecido como a Guerra dos Mascates,

    s terminou em 1711, com a interveno das tropas da Coroa Portuguesa no local. Apesar da

    derrota dos olindenses, ficou decidido que suas dvidas seriam perdoadas e Recife tornou-se

    a capital da capitania de Pernambuco.

    Alm dos holandeses, durante a Unio Ibrica, outros estrangeiros como ingleses e

    franceses tambm invadiram o Brasil: os inglesestentaram se apoderar da Bahia e depois

    do Amazonas, devido sdrogas do serto(canela, cravo, urucum, salsaparrilha, pimenta ecacau), produtos de grande valor comercial, e os franceses, parte do Rio de Janeiro, Paraba

    e Maranho, onde participavam do contrabando do pau-brasil.

    A luta dos portugueses para expulsar esses invasores serviu como base para a ocupao

    da Regio Norte do Brasil.

    Companhia das ndias Ocidentais:empresa criada em 1621 para estabelecer Colniasna Amrica e na frica, com o objetivo de monopolizar o comrcio do acar e de

    africanos escravizados.

    Insurreio: o mesmo que revolta, motim.

    Latifundirio: dono de grande proporo de terras ou de propriedade rural.

    1.Explique a relao entre o domnio espanhol sobre Portugal no final do sculo XVII e ainvaso holandesa no Brasil.

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    Mameluco: nome que designava o mestio de branco e ndio; o mesmo que caboclo.

    Natureza morta: refere-se a arte de pintar, desenhar ou fotografar, composies ouobjetos inanimados, como por exemplo, pedras, frutas, legumes, jarros, cestos entre

    outros.

    2.Durante o governo de Maurcio de Nassau na capitania de Pernambuco, muitos artistasholandeses vieram para essa regio, dentre eles o pintor Albert Eckhout, que esteve noBrasil entre os anos de 1637 a 1644, e produziu imagens que retravam a natureza e seus

    habitantes.

    ndia Tupi Negra Mameluco Natureza morta

    a) Faa uma descrio detalhada de cada obra.

    b) Identifique elementos tpicos brasileiros nas imagens. Em seguida, elementos de

    influncia europeia.

    c) Poderamos afirmar que as obras de Albert Eckhot so representaes fiis dos

    habitantes do Brasil do sculo XVII? Justifique.

    d) Escolha uma das obras e faa uma releitura. Depois, apresente para a sala.

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    O AVANO DA COLONIZAO: A OCUPAO DO INTERIOR DO BRASIL

    No incio da colonizao, a maioria da populao luso-brasileirase concentrava no litoral

    brasileiro.

    A partir do sculo XVII, essa situao comeou a mudar e o interior do territrio passou a

    ser ocupado. Isso ocorreu devido: a ao dos soldados portugueses, pagos para expulsar estrangeiros e garantir a posse

    de terras na Amrica;

    as expedies bandeirantes, que percorriam o serto aprisionando indgenas ou

    procurando metais preciosos;

    a atuao das misses jesutas, que fundavam aldeias para catequizar os indgenas e

    explorar as riquezas do serto;

    a criao de gado, que adentrou o interior do Brasil procura de pastagem.

    As aes das expedies militaresorganizadas pelo governo portugus para ocupar edefender as terras brasileiras de invasores estrangeiros, deram origem a vrios povoados que

    se formaram ao redor de fortificaes e atualmente so importantes capitais brasileiras como:

    Forte de Filipeia de Nossa Senhora das Neves, fundado em 1584, atual cidade de

    Joo Pessoa, capital da Paraba;

    Forte dos Reis Magos, fundado em 1597, atual cidade de Natal, capital do Rio Grande

    do Norte;

    Forte de So Pedro, fundado em 1613, atual cidade de Fortaleza, capital do Cear;

    Forte do Prespio, fundado em 1616, atual Belm, capital do Par.

    Se por um lado o governo portugus tentava garantir a posse do territrio com as

    expedies militares, por outro ele intensificou a busca por ouro, pedras preciosas e a captura

    de indgenas, organizando expedies denominadas de entradas.

    Com o pouco sucesso dessas expedies, a capitania de So Paulo, passou a organizar

    expedies denominadas de bandeiras, que assim como as entradas, tinham como objetivo

    capturar indgenas e achar ouro e pedras preciosas.

    Na sua maioria, essas expedies partiam da Vila de Piratininga, atual cidade de So Paulo,

    que naquela poca era uma regio bastante pobre e a nica forma vista pelos paulistas para

    sair dessa situao de misria era penetrar no serto em busca de ndios e metais preciosos.

    Dessa forma, desenvolveram-se as bandeiras de caa ao ndio que chegavam a reunir

    grupos de at 3 mil homens. Os indgenas capturados eram vendidos como escravos para

    fazendeiros de outras regies e principalmente para produo de trigo em So Paulo.

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    Para conseguir muitos indgenas de uma vez s, muitos bandeirantes atacavam as

    misses.

    Diante dos constantes ataques na regio que hoje corresponde aos estado do Paran e

    Mato Grosso do Sul, os jesutas, juntamente com os negros da terra (como eram chamados

    os indgenas), travaram importantes batalhas como a de Caasapaguau em 1638 e a de

    MBoror em 1641 onde os bandeirantes foram derrotados.

    Jean Baptiste Debret. Imagens representando a caa e aprisionamento de indgenas pelas expediesbandeirantes, sculo XIX.

    Johann Moritz Rugendas.Aldeia dos tapuias, Sculo XIX.

    Alguns bandeirantes tambm eram contratados pelos senhores de engenho, autoridades e

    criadores de gado, para combater indgenas e africanos que se rebelavam contra a escravido

    e formao de quilombos. Esse tipo de negcio era chamado de sertanismo de contrato e

    foi uma dessas bandeiras, comandada por Domingos Jorge Velho, que destruiu o Quilombo

    dos Palmares em 1694.

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    Durante a caa aos indgenas, os bandeirantes encontraram pequenas quantidades de

    ouro no leito dos rios, fazendo com que na segunda metade do sculo XVII, o rei de Portugal

    financiasse as bandeiras de busca de ouro e pedras preciosas.

    Para estimular essa procura, as minas encontradas podiam ser exploradas pelo seu

    descobridor, mediante pagamento de impostos Coroa Portuguesa. De incio, pouco ouro

    foi encontrado, somente no final do sculo XVII que os bandeirantes paulistas fizeramdescobertas importantes principalmente na regio do Mato Grosso e Minas Gerais.

    Assim que a notcia da descoberta de ouro chegou a So Paulo, milhares de pessoas

    se deslocaram para as regies aurferas, para vender alimentos, roupas e instrumentos de

    trabalhos. Essas expedies comerciais ficaram conhecidas como mones.

    Enquanto o interior da regio Sudeste era povoada pela ao do bandeirismo e das

    misses, nos sertes do Nordeste e nas Campinas do Sul, a ocupao se deu atravs da

    criao de gado, usado para transportar cargas e para a alimentao.O avano para o interior do Brasil fez com que os portugueses se apossassem de terras

    espanholas, desrespeitando o Tratado de Tordesilhas de 1494.

    O governo Portugus, ento, fez vrios tratados internacionais para oficializar essas

    conquistas. Dentre os mais importantes destacaram-se:

    Tratado de Utrecht (1713): assinado entre Frana e Portugal. Estabelecia que o

    rio Oiapoque, no norte do territrio brasileiro limitaria a fronteira entre o Brasil e a

    Guiana Francesa.

    Tratado de Madri (1750): assinado entre Portugal e Espanha. Estabelecia que a Colnia

    do Sacramento, na regio sul, pertencia Espanha. Em troca, Portugal recebeu reas

    das Sete Misses, sete grandes aldeamentos indgenas da nao guarani e terras do

    atual Rio Grande do Sul.

    Tratado de Santo Idelfonso(1777): assinado entre Portugal e Espanha, onde o povoado

    das Sete Misses passou para a Espanha.

    Tratado de Badajs (1801): assinado entre Portugal e Espanha. Estabeleceu a posse da

    regio das Sete Misses para Portugal.

    Luso-brasileiro:relativo a Portugal e ao Brasil ou o que tem sangue portugus e brasileiro.

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    A partir da, muitos mineradores desviavam as guas dos rios e cavavam as encostas das

    montanhas. Essas minas eram chamadas de lavrase o trabalho nas galerias subterrneasera difcil e muito perigoso.

    Johann Maritz Rugendas. Lavagem do ouro em Itacolomi, sculo XIX.

    Alm de controlar a regio e a explorao do ouro e de pedras preciosas, a Coroa

    Portuguesa procurou lucrar com sua extrao e reprimir o seu contrabando cobrando os

    seguintes impostos: o quinto, onde ela ficava com um quinto ou 20% de todo ouro e diamante

    extrado; a capitaoque era a cobrana de 17g de ouro por cada escravo que o minerador

    possua e o dzimo, ou seja, a dcima parte sobre tudo o que fosse produzido em Minas

    Gerais como produtos agrcolas, aves, madeiras entre outros.

    Essas cobranas eram controladas e feitas pelos funcionrios reais das Casas de Fundio,criadas por toda regio mineradora em 1720. Nesses locais o ouro era transformado em

    barras, selado e cobrado o quinto, a fim de proibir o contrabando e a circulao do ouro

    em p.

    O controle sobre os diamantes tambm era muito rigoroso, e no ano de 1734 foi criado,

    no Arraial do Tijuco (atual cidade de Diamantina), a Intendncia dos Diamantes para

    administrar e policiar a sua produo.

    Para pressionar os mineiros a pagarem todos esses impostos, a Coroa portuguesa instituiua derrama, ou seja, a cobrana dos impostos atrasados e caso a cota de ouro no fosse

    cumprida, a populao tinha que pag-la com seus prprios recursos.

    A violncia utilizada na cobrana dos impostos fez com que em 1720, no Distrito de

    Diamantina, a populao se rebelasse, exigindo o fim das Casas de Fundio. A revolta

    foi reprimida e seus lderes, entre eles o tropeiro Felipe dos Santos e o comerciante e

    minerador Pascoal da Silva Guimares, foram mortos. Essa revolta ficou conhecida como a

    Revolta de Vila Rica.

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    Os escravos tambm reagiram contra os maus-tratos que sofriam nas minas, e alm de

    esconderem ouro e pedras preciosas na tentativa de comprarem sua liberdade, fugiam para

    os quilombos. O Quilombo do Ambrsio(1743 1795), localizado na regio de Minas Gerais,

    chegou a ter 12 mil habitantes.

    Todos esses conflitos fizeram parte da populao mineira, que bastante diversificada se

    desenvolveu, na sua maioria, em cidades onde se aglomeravam milhares de pessoas.Estima-se que no ano de 1776, na capitania das Minas Gerias, viviam cerca de 320 mil

    pessoas nas quais 71 mil eram brancas, 82 mil pardas e 167 mil negros.

    Dessa forma, a sociedade mineradora estava dividida da seguinte maneira:

    Grandes comerciantes:pessoas que fizeram fortuna com o comrcio de gado, produtosalimentcios e manufaturados;

    Proprietrios das minas:donos dos locais onde se exploravam o ouro;

    Contratadores: em geral, eramportugueses que obtinham o direito da

    Coroa de arrecadar o dzimo e explorar

    as jazidas de diamantes;

    Altos funcionrios do governo de Minas:na sua maioria eram nobres portugueses;

    Camadas mdias:formada por pequenoscomerciantes, donos de vendas,

    lavradores, agricultores, profissionais

    liberais advogados, mdicos,

    professores padres, artistas,

    garimpeiros, artesos entre outros;

    Homens livres e pobres:formada, na suamaioria, por negros, libertos e mestios;

    Escravos: compunham a maior parte dapopulao e realizavam trabalhos nas

    minas, no transporte de mercadorias,

    domsticos, no comrcio, nas ruas entre

    outros.Johann Maritz Rugendas. Comerciantes

    e escravos de ganho, sculo XIX.

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    A explorao do ouro contribuiu na ocupao e povoamento de regies do interior do Brasil

    e tambm no seu desenvolvimento econmico, j que, forneciam produtos para abastecer a

    regio das minas.

    No ano de 1763, a capital da Colnia foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, local

    onde ficava o porto mais movimentado e o principal centro urbano da Amrica portuguesa.

    Durante esse perodo, desenvolveu-se o barrocobrasileiro, impulsionando a construode grandes igrejas, decoradas no seu interior com pinturas de flores e anjos. Muitos altares e

    imagens de santos eram revestidos de ouro e pedras preciosas.

    Foi no barroco mineiro que surgiram os primeiros grandes artistas brasileiros como o

    escultor e arquiteto Antnio da Silva Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814). Suas obras mais

    conhecidas se encontram na cidade de Congonhas do Campo (MG), onde foram produzidos

    em madeira os passos da Paixo de Cristo e os Doze Profetas em pedra sabo.

    Barroco: movimento artstico que surgiu aps o Renascimento, e atingiu o seu apogeu

    no sculo XVII, na Europa, influenciando a arquitetura, a pintura, a escultura, a literatura

    e a msica.

    1.Organize em seu caderno um quadro sobre as expedies militares, as entradas, as

    bandeiras, as missese as monespreenchendo com as seguintes informaes:

    a) O que foi e quais os objetivos.

    b) Quem organizava.

    c)Resistncia contra essas aes.

    d) Contribuio para a ampliao do territrio.

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    2.Explique as expresses referentes ao perodo da minerao do Brasil no quadro a seguir,depois complete no esquema:

    descoberta de jazidas de ouro em Sabar e Vila Rica instituda a derrama criao das Casas de fundio e da Intendncia dos Diamantes - Revolta de Vila Rica

    Sculo XVII e XVIII - ao das Bandeiras - fundao da capitania de Minas Gerais

    cobrana da capitao, dzimo e quinto - Guerra dos Emboabas

    3.Faa em seu caderno uma pirmide que representa a sociedade mineira colonial. Depois,compare-a com a sociedade do engenho de acar de forma a identificar as semelhanas e

    diferenas.

    As cidades histricas de Minas Gerais - como Ouro Preto, Mariana, Tiradentes,

    Congonhas, So Joo Del Rei entre outras mantm construes da poca da minerao

    e ao longo do ano atraem turistas brasileiros e estrangeiros.

    Voc, juntamente com os seus colegas, imagine que possuem uma agncia de turismo

    que elabora roteiros de viagens para essa regio.Na Sala de Informtica, pesquise imagens e

    informaes sobre essas cidades e monte um roteiro

    de viagem incluindo hospedagem, alimentao,

    transporte, durao da viagem, os locais a serem

    A poca do ouro no Brasil

    AdrianoSilvaOliveira