25
FIXAÇÃO DA PENA Com a condenação, inicia-se a definição a sanção oponível ao réu, efetuando-se o cálculo da pena. O legislador apresenta um método de mensuração da pena (sistema trifásico) que vincula o Juízo, devendo cada etapa ser considerada e fundamentada.

031 Dosimetria Da Pena

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Direito Penal

Citation preview

  • FIXAO DA PENA

    Com a condenao, inicia-se a definio a sano oponvel ao ru, efetuando-se o clculo da pena.

    O legislador apresenta um mtodo de mensurao da pena (sistema trifsico) que vincula o Juzo, devendo cada etapa ser considerada e fundamentada.

  • FIXAO DA PENAO Direito Penal brasileiro indica a existncia de dois sistemas principais para a aplicao da pena privativa de liberdade:BifsicoTrifsico Para o critrio Bifsico, a pena privativa de liberdade deve ser aplicada em duas fases distintas: Pena-base + Agravantes e Atenuantes da pena.J para o Trifsico, trs fases: Pena-base + Atenuantes e Agravantes Genricas + Causas de Aumento e diminuio da pena.

  • Clculo da Pena

    O CP adotou para o clculo da pena o Sistema Trifsico:Fases Pena-base Circunstncia atenuante e agravante Causa de diminuio e aumentoArt. 68 - A pena-base ser fixada atendendo-se ao critrio do art. 59 deste Cdigo; em seguida sero consideradas as circunstncias atenuantes e agravantes; por ltimo, as causas de diminuio e de aumento.

  • Pena-BaseA fixao da pena-base feita baseada nas circunstncias judiciais.Art. 59 - O juiz, atendendo culpabilidade, aos antecedentes, conduta social, personalidade do agente, aos motivos, s circunstncias e conseqncias do crime, bem como ao comportamento da vtima, estabelecer, conforme seja necessrio e suficiente para reprovao e preveno do crime.

  • Pena-base comportamento da vtima conseqncias culpabilidadeCircunstncias judiciais (art. 59 do CP): motivos Antecedentes conduta social personalidade do agente circunstnciasA Circunstncias so dados para fundamentar o aumento ou diminuio da pena-base.

  • Pena-base comportamento da vtima conseqncias culpabilidadeCircunstncias judiciais (art. 59 do CP): motivos Antecedentes conduta social personalidade do agente circunstnciasO julgador deve ficar adstrito aos limites mnimos e mximos previstos pelo legislador quando elaborou o delito e cominou a sano abstrata, sob pena de o Juiz invadir a esfera de atribuies do legislador penal.Nesta etapa, mesmo que todas as circunstncias judiciais sejam favorveis ao ru, a pena-base no pode ficar aqum do mnimo legal previsto na cominao abstrata do crime.

  • Art.59 circunstncias judiciaisA culpabilidade o juzo de reprovao da sociedade. A aferio da culpabilidade parte da verificao da capacidade do autor de perceber os fatos e se determinar de acordo com eles, devendo ento se verificar na situao de fato a implementao dos pressupostos de imputabilidade, de potencial conscincia da ilicitude e de exigibilidade de conduta diversa. Conduta social o estilo de vida do ru, correto ou inadequado, perante a sociedade, sua famlia, ambiente de trabalho, crculo de amizades e vizinhana, etc.

  • Art.59 circunstncias judiciaisPersonalidade o perfil subjetivo do ru, nos aspectos moral e psicolgico, pelo qual se analisa se tem ou no o carter voltado prtica de infraes penais.

    AntecedentesSo os dados atinentes vida pregressa do ru na seara criminal. Revelam o que fez ou deixou de fazer antes de envolver-se com o ilcito, desde que contidos em sua folha de antecedentes.

    A preexistncia de uma sentena condenatria irrecorrvel e anterior ao fato no basta para o reconhecimento de um mau antecedente.

    Smula 444 do STJ: vedada a utilizao de inquritos policiais e aes penais em curso para agravar a pena-base.

  • Art.59 circunstncias judiciaisConsequnciasSo os resultados da ao criminosa, quanto maior for o dano causado vtima, a terceiros ou sociedade, maior deve ser a pena.Os desdobramentos esperados do crime no podem ser considerados como conseqncia para fins de incidncia do artigo 59, justamente porque a prpria sanso cominada no tipo penal j se apresenta como retribuio ao dano causado.

    O comportamento da vtimaComo regra geral, o comportamento da vtima no justifica o crime, podendo, contudo, diminuir a censura sobre a conduta, atuando como circunstncia judicial favorvel ao condenado.Isso ocorre nas hipteses em que a vtima demonstra certa predisposio a tal condio em face de determinado delito, podendo esta circunstncia ser considerada para fins de fixao da pena.

  • Art.59 circunstncias judiciaisMotivos do crimeA considerao das razes que levaram o delinquente a cometer o crime tambm elemento para a aferio da pena-base, para tornar a pena mais severa ou abrand-la, conforme o caso. Nessas hipteses, contudo, no podem ser considerados aqueles motivos j descritos como qualificadores ou privilegiadores do tipo penal, novamente para se evitar o bis in idem.

    CircunstnciasA considerao das circunstncias previstas no artigo 59 requer tambm a realizao de um raciocnio de excluso, s podendo utilizar, nesta etapa, aquela no aplicada nas etapas subsequentes da dosimetria da pena.O local, o modo de praticar o crime, o tempo de sua durao etc., quando no previstos como circunstncias relevantes s etapas subsequentes da fixao da pena, podem ser consideradas para fins de aumento ou reduo da sano, no momento de fixao da pena-base.

  • 2 FASE - Circunstncias agravantes e atenuantes

    Depois de fixada a pena-base, pelos critrios do artigo 59 do Cdigo Penal, tem-se uma pena provisria, sobre a qual o Juzo considerar as circunstncias legais atenuantes e agravantes que ocorreram no delito, previstas no Cdigo Penal.

    As agravantes genricas, prejudiciais ao ru, esto previstas nos arts. 61 e 62 do CP em rol taxativo.

    J as atenuantes genricas esto descritas em rol exemplificativo, no art 66, embora tenha no art. 65 situaes que se favoream o ru.

  • Circunstncias agravantes2 FASEArt. 61 - So circunstncias que sempre agravam a pena, quando no constituem ou qualificam o crime: I - a reincidncia; II - ter o agente cometido o crime: a) por motivo ftil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execuo, a ocultao, a impunidade ou vantagem de outro crime; c) traio, de emboscada, ou mediante dissimulao, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossvel a defesa do ofendido; d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; e) contra ascendente, descendente, irmo ou cnjuge;

  • Circunstncias agravantes2 FASEf) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relaes domsticas, de coabitao ou de hospitalidade, ou com violncia contra a mulher na forma da lei especfica; g) com abuso de poder ou violao de dever inerente a cargo, ofcio, ministrio ou profisso; h) contra criana, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grvida;i) quando o ofendido estava sob a imediata proteo da autoridade;j) em ocasio de incndio, naufrgio, inundao ou qualquer calamidade pblica, ou de desgraa particular do ofendido; l) em estado de embriaguez preordenada.

  • Circunstncias agravantes2 FASEArt.62- A pena ser ainda agravada em relao ao agente que:I- promove, ou organiza a cooperao no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;II- coage ou induz outrem execuo material do crime;III- instiga ou determina a cometer o crime algum sujeito sua autoridade ou no-punvel em virtude de condio ou qualidade pessoal;IV- executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.

  • Agravante 2 FASE Reincidncia Art. 63 - Verifica-se a reincidncia quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentena que, no Pas ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Art. 64 - Para efeito de reincidncia: I - no prevalece a condenao anterior, se entre a data do cumprimento ou extino da pena e a infrao posterior tiver decorrido perodo de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o perodo de prova da suspenso ou do livramento condicional, se no ocorrer revogao; II - no se consideram os crimes militares prprios e polticos.

  • Agravante 2 FASE Reincidncia

  • Circunstncias atenuantes2 FASE Art. 65 - So circunstncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentena; II - o desconhecimento da lei; III - ter o agente: a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; b) procurado, por sua espontnea vontade e com eficincia, logo aps o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqncias, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;

  • Circunstncias atenuantes2 FASEc) cometido o crime sob coao a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influncia de violenta emoo, provocada por ato injusto da vtima;d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;e) cometido o crime sob a influncia de multido em tumulto, se no o provocou.

  • Circunstncias atenuantes genricas

    Art. 66 - A pena poder ser ainda atenuada em razo de circunstncia relevante, anterior ou posterior ao crime, embora no prevista expressamente em lei. Aqui a lei permite o reconhecimento de outras atenuantes no previstas taxativamente na lei penal, dando ao Juzo margem de discricionariedade para reconhecer aquelas que, sendo relevantes e anteriores ou posteriores ao crime, merecem considerao no momento de se mensurar a dosimetria da pena.s circunstncias que forem concomitantes ao delito, no previstas em lei, a doutrina pugna a incidncia desta norma, como aplicao da analogia in bonan parte.

  • Concurso de circunstncias agravantes e atenuantesArt. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidncia.

  • 3 FASE DE DOSIMETRIANa terceira etapa de fixao da pena, em que devem ser observadas suas causas de aumento e diminuio.

    Estas so designadas pela doutrina como majorantes ou minorantes e permitem uma variao da pena em quantidade fixa ou varivel.

    DIMINUIO: art. 14, II (tentativa), art.16 (arrependimento posterior), art.21, 2 parte (erro de proibio evitvel), etc.CAUSAS DE AUMENTO: concurso formal art. 70 e crime continuado especfico (art.71 pargrafo nico).

  • 3 FASE DE DOSIMETRIAAo contrrio das circunstncias judiciais e das agravantes e atenuantes genricas, podem levar a pena acima do mximo legal, ou traz-la abaixo do mnimo abstratamente cominado, uma vez que o legislador aponta os limites de aumento ou de diminuio.

    Como regra, estabelecem-se na forma de aumentos fracionados (ex. 1/2, 2/3 etc).

    As causas de aumento e diminuio dividem-se em genricas (definidas na Parte Geral do CP) e especficas (contidas na Parte Especial do CP e na Legislao Extravagante).

  • Concurso de causas de aumento e diminuio da pena Art. 68, P.. - No concurso de causas de aumento ou de diminuio previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um s aumento ou a uma s diminuio, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.

    Extraem-se desse dispositivo:Se existirem duas ou mais causas de aumento ou diminuio prevista na Parte Geral, ambas devero ser aplicadas. Ex: Tentativa e Semi-imputabilidade.Se existirem duas ou mais causas de aumento ou diminuio na parte Especial ou na Legislao Especial, o juiz pode limitar-se a s um aumento ou uma s diminuio. Mas nada impede que ele aplique todas.Se existirem duas ou mais causas de aumento ou diminuio na parte Especial e Parte Geral, as duas sero aplicadas.

  • Exemplo de circunstncia qualificadoraO motivo ftil no delito de homicdio - a pena deste delito no pode ser majorada com base na circunstncia do artigo 61, inciso II, a, do CP, pois j enunciada como circunstncia agravante do prprio crime. Homicdio simples Art. 121. Matar algum: Pena - recluso, de seis a vinte anos. Homicdio qualificado 2 Se o homicdio cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo ftil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - traio, de emboscada, ou mediante dissimulao ou outro recurso que dificulte ou torne impossvel a defesa do ofendido; V - para assegurar a execuo, a ocultao, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - recluso, de doze a trinta anos.

  • Dosimetria na pena de MultaA fixao da pena de multa se submete ao critrio Bifsico e no ao trifsico.

    Duas fases distintas e sucessivas:1 fase: O juiz estabelece o nmero de dias-multa.2 fase: o juiz fixa o valor de cada dia-multa.