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Clipping 2ª Edição Digital
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XX 20 04 a 06/02/2012
2ª Edição
* Decreto de emergência vira farra sem licitação- p.01
* Reforma agrária registra pior ano desde 95 - p.17
Maria Clara Prates e Daniel CamargosDepois das chuvas, está aberta a temporada de farra com a
dispensa de licitações para compras de emergência e obras de re-construção. Uma porta aberta, onde os vigias cochilam. Sem uma fiscalização sistemática pelo governo estadual e federal, a aplicação correta dos recursos fica mesmo por conta de cada prefeito. A Con-troladoria Geral da União, que fiscaliza a aplicação de recursos do governo federal, tem como metodologia o sorteio para a escolha de seus alvos e, até agora, apenas o Nordeste caiu na malha fina em relação a essas verbas. No Ministério Público Federal (MPF), somente dois municípios são investigados por suspeitas de desvio de recursos. Por sua vez, a apuração de possíveis irregularidades no Ministério Público estadual fica por conta de cada comarca e não há um esforço conjunto para todo o estado. Tampouco, a Defesa Civil tem controle sobre a forma de aplicação da verba que ajuda a liberar, orientando os municípios na elaboração dos projetos de construção.
A investigação, quando acontece, não é ligeira. O MPF iniciou recentemente apuração sobre a utilização de R$ 5 milhões pela Pre-feitura de Itaúna, no Centro-Oeste de Minas. Porém, a suspeita de mau uso da verba pública ocorre quase três anos após a liberação do dinheiro, em 2009. Enquanto a suspeita é apurada, outra dúvida paira na administração do prefeito Eugênio Pinto (PT). A de que ele decretou estado de emergência este ano sem necessidade, para se valer do artifício de não licitar as obras.
O vereador Antônio Miranda (PMDB) classifica o decreto de emergência como “coragem e audácia” do prefeito. “Ele falsificou o estado de emergência com o intuito de pegar dinheiro do governo federal para fazer contrato sem licitação”, acusa o vereador. Eugê-nio Pinto espera receber cerca de R$ 100 mil do cartão da Defesa Civil e mais R$ 9,7 milhões para obras de recuperação e prevenção. O pedido inicial, de R$ 12,3 milhões, foi reduzido posteriormente.
O uso de dinheiro investigado pelo MPF também teve dispensa de licitação, motivado pela declaração do estado de emergência. É referente, segundo o prefeito, a obras de prevenção na Avenida e no Rio São João, com a construção de gabiões. “A rua já estava caindo. Foi uma situação de emergência”, justifica o chefe do Executivo. Em relação ao estado de emergência devido às chuvas deste ano, o prefeito diz que as ruas estão repletas de buracos e cinco famílias foram desalojadas. “Itaúna é a única cidade onde o pessoal não quer que o dinheiro federal chegue. A indignação é porque não é preciso fazer licitação”, diz o prefeito. “Existe um plano de trabalho para ver qual a forma de utilizar o dinheiro e cabe ao governo federal a autorizar o valor”, completa.DENÚNCIA
Também entre as cidades mais atingidas pelos temporais de ja-neiro, merecendo a visita do governador Antonio Anastasia (PSDB), Pouso Alegre, no Sul de Minas, terá que explicar ao MPF como os recursos do governo federal para as enchentes foram gastos. O escritório da Procuradoria da República em Minas já pediu infor-mações à prefeitura, no prazo de 30 dias, que ainda não expirou. A investida do MPF aconteceu depois de uma denúncia anônima de uma cidadã que sugeriu a fiscalização. Durante visita do governa-dor, o prefeito Agnaldo Perugini (PT) reclamou que não conseguiu construir a Avenida Dique II, que ajudaria a conter as águas da en-xurrada, em razão da demora na liberação da licença ambiental pelo estado. A obra, de acordo com Perugini, deveria ter sido iniciada em 2007, conforme compromisso político assumido à época.
O Ministério da Integração Nacional informou que a princi-
pal razão de recusa de projetos encaminhados pelas prefeituras é a falta de informações necessárias para demonstração das áreas que necessitam de reconstrução. “Muitas vezes, as obras de reconstru-ção propostas são relativas às ações de manutenção rotineiras, que não podem ser custeadas por recursos da Defesa Civil”, informa o ministério, por meio de sua assessoria de comunicação. Desde quar-ta-feria, após contatos telefônicos e por e-mail, o Estado de Minas tenta conseguir junto à pasta o número de solicitações de recursos encaminhadas pelos municípios mineiros em relação aos temporais de janeiro e também do ano passado. Mas até o fechamento desta edição não houve retorno.
Exigência difícil de ser cumprida
Em Minas, 218 cidades atingidas pelas chuvas estão sob o guarda-chuva dos decretos de emergência. Estão livres da concor-rência pública, mas para receber ajuda do governo federal têm que cumprir uma exigência básica: ter uma Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec). Entre os atingidos, 38 municípios não têm essa estrutura na administração e alguns ainda aguardam vota-ção da Câmara Municipal para a criação da coordenadoria.
O prefeito Wolney Freitas (PMDB), de Além Paraíba, Zona da Mata, uma das cidades mais atingidas pelas chuvas e com três mortos, desembarcou em Brasília com uma equipe de auxiliares que levam debaixo do braço projetos de reconstrução. O município conseguiu a aprovação do Legislativo municipal para a criação do Comdec, de acordo com o governo do estado. Além Paraíba nega a falta da estrutura e, de acordo com o cabo Antônio da Cunha, coordenador do Comdec, será necessário o desembolso de R$ 100 milhões para a reconstrução da cidade.
Os moradores de Guidoval, na Zona da Mata, tentam recuperar a cidade depois da devastação provocada pela cheia do Rio Xopotó, que transbordou e arrasou grande parte do município no segundo dia do ano. O prefeito Elio Lopes dos Santos (PSD) espera receber R$ 450 mil do Cartão de Pagamento da Defesa Civil, mas entende que deverá ter muita dificuldade para aplicar o dinheiro. “Em Gui-doval quase não existe máquina de vender com cartão”, lamenta Santos. Na opinião do prefeito, seria mais efetivo se o dinheiro fos-se transferido para uma conta do município.
Depois de também contabilizar mortes durante as chuvas, o prefeito Ângelo Oswaldo (PMDB), de Ouro Preto, Região Central, encaminhou na quinta-feira ao Ministério da Integração Nacional, 29 projetos para reconstrução da cidade. Somente para um deles – reerguer o prédio da rodoviária, retirar entulhos e repor fiação – serão necessários R$ 4,8 milhões. Entretanto, a análise dos pedi-dos pelo ministério pode demorar seis meses, e muitos podem ser recusados em razão de erros de planejamento.
O prefeito de Dona Euzébia, Itamar Ribeiro Toledo (DEM), Zona da Mata, também já protocolou seus projetos que exigem re-cursos de R$ 5 milhões. “A verba para emergência já foi um aceno importante do governo federal, mas minha expectativa é de receber apenas 20% do valor, no prazo de até seis meses”, acredita.
Além disso, algumas cidades decretaram estado de emergência desnecessariamente conforme admite o próprio prefeito. É o caso de Tiradentes, no Campo das Vertentes. “Decretamos, mas não vamos usar com nada. Foi mais por uma questão de segurança. Água subiu e logo depois baixou”, explica o prefeito Nilzio Barbosa (PMDB). A cidade decretou estado de emergência em 8 e 30 de janeiro
ESTADO DE MINAS - p. 3 - 06.02.2012
Decreto de emergência vira farra sem licitação Sem fiscalização, verbas para obras de reconstrução das cidades atingidas pelas chuvas ficam à mercê dos
prefeitos. Desvio de recursos, quando ocorre, leva anos para ser investigado
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O TEMpO - p. 17 - 06.02.2012
Ambientalistas
Direitos Humanos apura ameaçasA Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Ge-
rais realiza amanhã audiência pública em Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte, para apurar denúncias de ameaças a ambientalistas da cidade contrários à verticalização da lagoa central da cidade. O encontro acontece às 18h, na escola Palomar Piagetiana, no bairro Várzea.
O TEMpO - p. 02 - 05.02.2012
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Brasil
A vitória da transparênciaDecisão do STF mantendo poderes do Conselho Nacional de Justiça atende o clamor da sociedade por um
Judiciário mais aberto e democrático. Ministros reconheceram que ninguém está acima da leiIzabelle Torres
ISTO É - Sp - p. 38 A 41 - 08.02.2012
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