2
Orientação vocacional Quer ver sua bebê fashion e confortável? http://amorecokids.blogspot.com.br [email protected] | 51. 3067.4636 100% couro de cabra Amoreco é uma marca feita com Amor D esde muito peque- nos, todos nós ouvi- mos essa pergunta várias vezes: o que você quer ser quando crescer? Bombei- ro? Astronauta? Cantora? Os adolescentes e jovens que es- tão chegando perto da épo- ca de prestar vestibular co- meçam a se questionar – e a serem questionados! - so- bre qual profissão desejam seguir. Não é uma escolha sim- ples, certamente, pois en- volve diversas variáveis: ha- bilidades pessoais, vocação, talento, interesses, mercado de trabalho, entre outras. Se- gundo o psicólogo respon- sável pelo setor de educação vocacional da Universida- de do Vale do Rio dos Si- nos (Unisinos), César Karnal (São Leopoldo/RS), a esco- lha por uma profissão deve ser baseada em dois fatores fundamentais: autoconhe- cimento e busca de infor- mações sobre as profissões. “O jovem deve refletir sobre quais são suas habilidades e interesses profissionais, as- sim como deve investigar as 04 e 05 COMPORTAMENTO MARÇO/2013 O que você quer quando cres possibilidades existentes no mercado de trabalho. Iden- tificando os fatores inter- nos e externos poderá tomar uma decisão mais segura”, garante. A escolha profissional é um processo que é perme- ado por múltiplas variáveis, entre elas: interesses profis- sionais, maturidade vocacio- nal, expectativa da família, mercado de trabalho... Para uma decisão mais acertada, Karnal salienta que é fun- damental que os interesses profissionais tenham peso maior na tomada de decisão, embora as demais variáveis também sejam importantes. “O mercado de trabalho não deve ser fator determinan- te na escolha, pois ele é flexí- vel, podendo variar conside- ravelmente do início ao final de uma graduação”, aponta. Informações Atualmente, com mais facilidade e acesso às infor- mações, em tese, seria mais fácil para os jovens escolhe- rem a profissão. “A qualidade de acesso à informação tem contribuído muito para que os jovens tenham um maior discernimento sobre as atri- buições de cada profissional, favorecendo, assim, a sua es- colha”, afirma Karnal. Segundo a psicóloga e di- retora do Instituto Geist (São Luís/MA), Tatiana Oliveira de Carvalho, a escola e a fa- mília têm um papel impor- tante no sentido de apoiar o jovem ao longo desse proces- so, oferecendo informações, experiências diversificadas, compreensão e suporte emo- cional. “No mundo atual, embora seja mais fácil ao jo- vem obter informações so- bre as profissões e ainda que haja um maior leque de op- ções, essa escolha se tor- na cada vez mais complexa, uma vez que se dá em um contexto igualmente com- plexo, em que as mudanças na configuração das carrei- ras são contínuas”, diz. A escolha profissional deve se basear em múltiplos fatores, tanto de ordem pes- soal quanto de ordem sócio- econômica, de acordo com Tatiana. “O fundamen- tal é que a pessoa este- ja apta a escolher consi- derando seus interesses, habilidades, valores, missão pessoal, ten- do em vista, ao mes- mo tempo, suas possi- bilidades concretas de realização”, salienta. Além disso, a análise do mercado de traba- lho do contexto em que está inserida po- de ser decisiva quan- do a pessoa tem dú- vida entre algumas profissões que a atraem igualmente. Interferências Muitas interferências ex- ternas podem surgir ao lon- go desse processo. A pressão dos pais por determina- da profissão pode interferir na escolha, salienta Karnal, principalmente com jo- vens mais dependentes. “Os pais querem o melhor para seus filhos e, nesta vontade de ajudá-los, alguns podem vir a dificultar este proces- so de escolha. A aprovação ou desaprovação de uma atividade profissio- nal por seus pais pode afe- tar a decisão do filho”, fala. O jovem deve conversar com seus pais e também com ou- tras pessoas do seu conví- vio sobre este assunto, mas a escolha final deve ser úni- ca e exclusiva do indivíduo. “E é fundamental que os pais possam dar esta liberdade aos filhos”, sublinha. Tatiana fala que há ca- sos em que contribui para que o jovem se direcione pa- ra a escolha dos pais, ainda que isso não o satisfaça, e há outros em que ele acaba re- jeitando determinada opção por não querer simplesmen- te satisfazer um desejo que não é dele. “Tal pressão, por- tanto, torna-se prejudicial, adicionando, ainda, maior ansiedade perante a escolha, além de poder levar a uma frustração no âmbito profis- sional. Os pais devem contri- buir para o desenvolvimen- to da maturidade vocacional dos filhos, favorecendo que escolham com liberdade e responsabilidade”, ensina. Amigos e colegas, bem como professores, também interferem na es- colha, pois, segundo Tatiana, contribuem para que o jo- vem se aproprie de imagens positivas ou negativas so- bre determinadas profissões. Eles desempenham o papel de mediadores das expectati- vas sociais que podem gerar conflitos no momento da es- colha, especialmente quando o jovem se interessa por pro- fissões pouco valorizadas so- cialmente. “Daí a importân- cia de se considerar todos os fatores que influenciam a es- colha, para que o jovem este- ja bem consciente dessas in- fluências e possa assumir sua escolha com segurança e au- tonomia”, conclui. Karnal ressalta que a dú- vida e a indecisão fazem par- te do desenvolvimento nor- mal dos indivíduos. A vida é feita de escolhas e, à medi- da que se escolhe uma pro- fissão, deixa-se de escolher muitas outras. Isto que faz a escolha se tornar difícil. “O trabalho é uma das dimen- sões da vida e a escolha de uma profissão que lhe tra- ga satisfação pessoal é uma questão de saúde”, pontua.

04 e 05 O que você COMPORTAMENTO quer serª... · MARÇO/2013 quer ser quando crescer? possibilidades existentes no mercado de trabalho. Iden-tificando os fatores inter-nos e externos

  • Upload
    votuong

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 04 e 05 O que você COMPORTAMENTO quer serª... · MARÇO/2013 quer ser quando crescer? possibilidades existentes no mercado de trabalho. Iden-tificando os fatores inter-nos e externos

Orientação vocacional

Quer ver sua bebêfashion e confortável?

http://[email protected] | 51. 3067.4636

100% couro de cabra

Amoreco é uma marca feita com Amor

Desde muito peque-nos, todos nós ouvi-mos essa pergunta

várias vezes: o que você quer ser quando crescer? Bombei-ro? Astronauta? Cantora? Os adolescentes e jovens que es-tão chegando perto da épo-ca de prestar vestibular co-meçam a se questionar – e a serem questionados! - so-bre qual profissão desejam seguir.

Não é uma escolha sim-ples, certamente, pois en-volve diversas variáveis: ha-bilidades pessoais, vocação, talento, interesses, mercado de trabalho, entre outras. Se-gundo o psicólogo respon-sável pelo setor de educação vocacional da Universida-de do Vale do Rio dos Si-nos (Unisinos), César Karnal (São Leopoldo/RS), a esco-lha por uma profissão deve ser baseada em dois fatores fundamentais: autoconhe-cimento e busca de infor-mações sobre as profissões. “O jovem deve refletir sobre quais são suas habilidades e interesses profissionais, as-sim como deve investigar as

04 e 05 COMPORTAMENTO MARÇO/2013

O que você quer ser quando crescer?

possibilidades existentes no mercado de trabalho. Iden-tificando os fatores inter-nos e externos poderá tomar uma decisão mais segura”, garante.

A escolha profissional é um processo que é perme-ado por múltiplas variáveis, entre elas: interesses profis-sionais, maturidade vocacio-nal, expectativa da família, mercado de trabalho... Para uma decisão mais acertada, Karnal salienta que é fun-damental que os interesses profissionais tenham peso maior na tomada de decisão, embora as demais variáveis também sejam importantes. “O mercado de trabalho não deve ser fator determinan-te na escolha, pois ele é flexí-vel, podendo variar conside-ravelmente do início ao final de uma graduação”, aponta.

InformaçõesAtualmente, com mais

facilidade e acesso às infor-mações, em tese, seria mais fácil para os jovens escolhe-rem a profissão. “A qualidade

de acesso à informação tem contribuído muito para que os jovens tenham um maior discernimento sobre as atri-buições de cada profissional, favorecendo, assim, a sua es-colha”, afirma Karnal.

Segundo a psicóloga e di-retora do Instituto Geist (São Luís/MA), Tatiana Oliveira de Carvalho, a escola e a fa-mília têm um papel impor-tante no sentido de apoiar o jovem ao longo desse proces-so, oferecendo informações, experiências diversificadas, compreensão e suporte emo-cional. “No mundo atual, embora seja mais fácil ao jo-vem obter informações so-bre as profissões e ainda que haja um maior leque de op-ções, essa escolha se tor-na cada vez mais complexa, uma vez que se dá em um contexto igualmente com-plexo, em que as mudanças na configuração das carrei-ras são contínuas”, diz.

A escolha profissional deve se basear em múltiplos fatores, tanto de ordem pes-soal quanto de ordem sócio-econômica, de acordo com

Tatiana. “O fundamen-tal é que a pessoa este-ja apta a escolher consi-derando seus interesses, habilidades, valores, missão pessoal, ten-do em vista, ao mes-mo tempo, suas possi-bilidades concretas de realização”, salienta. Além disso, a análise do mercado de traba-lho do contexto em que está inserida po-de ser decisiva quan-do a pessoa tem dú-vida entre algumas profissões que a atraem igualmente.

InterferênciasMuitas interferências ex-

ternas podem surgir ao lon-go desse processo. A pressão dos pais por determina-da profissão pode interferir na escolha, salienta Karnal, principalmente com jo-vens mais dependentes. “Os pais querem o melhor para seus filhos e, nesta vontade de ajudá-los, alguns podem vir a dificultar este proces-so de escolha. A aprovação

ou desaprovação de uma atividade profissio-nal por seus pais pode afe-tar a decisão do filho”, fala. O jovem deve conversar com seus pais e também com ou-tras pessoas do seu conví-vio sobre este assunto, mas a escolha final deve ser úni-ca e exclusiva do indivíduo. “E é fundamental que os pais possam dar esta liberdade aos filhos”, sublinha.

Tatiana fala que há ca-sos em que contribui para que o jovem se direcione pa-ra a escolha dos pais, ainda que isso não o satisfaça, e há outros em que ele acaba re-jeitando determinada opção por não querer simplesmen-te satisfazer um desejo que não é dele. “Tal pressão, por-tanto, torna-se prejudicial, adicionando, ainda, maior ansiedade perante a escolha, além de poder levar a uma frustração no âmbito profis-sional. Os pais devem contri-buir para o desenvolvimen-to da maturidade vocacional dos filhos, favorecendo que escolham com liberdade e responsabilidade”, ensina.

Amigos e colegas, bem como professores, também

interferem na es-colha, pois, segundo Tatiana, contribuem para que o jo-vem se aproprie de imagens positivas ou negativas so-bre determinadas profissões. Eles desempenham o papel de mediadores das expectati-vas sociais que podem gerar conflitos no momento da es-colha, especialmente quando o jovem se interessa por pro-fissões pouco valorizadas so-cialmente. “Daí a importân-cia de se considerar todos os fatores que influenciam a es-colha, para que o jovem este-ja bem consciente dessas in-fluências e possa assumir sua escolha com segurança e au-tonomia”, conclui.

Karnal ressalta que a dú-vida e a indecisão fazem par-te do desenvolvimento nor-mal dos indivíduos. A vida é feita de escolhas e, à medi-da que se escolhe uma pro-fissão, deixa-se de escolher muitas outras. Isto que faz a escolha se tornar difícil. “O trabalho é uma das dimen-sões da vida e a escolha de uma profissão que lhe tra-ga satisfação pessoal é uma questão de saúde”, pontua.

Page 2: 04 e 05 O que você COMPORTAMENTO quer serª... · MARÇO/2013 quer ser quando crescer? possibilidades existentes no mercado de trabalho. Iden-tificando os fatores inter-nos e externos

Decidir o futuro profissional não pode ser uma decisão de últi-ma hora. A psicóloga do Núcleo de Atendimento Psicológico – NAP (Novo Hamburgo/RS), Andréia Reis, salienta que essa escolha irá influenciar o que a pessoa vai fazer pro resto de sua vida, ou, pelo me-nos, por um bom tempo dela! Para ajudar os jovens nessa empreitada, ela sugere ajudá-los a se conhecer e identificar como fazem suas esco-lhas. “Só depois iniciar o processo de escolha de um futuro profissio-nal”, afirma.

A psicóloga Dolores Mari-sa Bier dos Reis, também do NAP, afirma que é normal, na hora de definir a profissão, haver dúvidas. “Isto é normal, mas é preciso to-mar cuidado para não gerar angús-tia. Neste momento o ideal é ter muita cautela e diálogo, dar segu-rança para que ele possa tomar a decisão sem se sentir pressionado e, se for necessário, buscar auxílio de um profissional”, destaca.

Para Dolores, o jovem tem as informações, mas não consegue obter o conhecimento/compreen-são para administrar tudo o que o cerca, e isto gera muitos conflitos. “É preciso retomar o seu autoco-nhecimento, suas habilidades, ta-

lentos, aptidões. O mercado ofe-rece muitas opções e ofertas e é preciso usar o bom senso”, alerta.

Para Andréia, quanto mais op-ções, mas difícil se torna a escolha. “Há 15 anos tínhamos em média cinco áreas de escolha, com algu-mas profissões cada. Hoje, temos mais de 1.000 opções de profissões em várias áreas”, exemplifica.

AutoconhecimentoA escolha profissional deve es-

tar baseada em vários fatores (in-teresses pessoais, situação atual do mercado, etc), mas Andréia desta-ca que o mais importante é o au-toconhecimento, interesses pesso-ais e reconhecer como escolhe as coisas, baseado em quê (opiniões dos pais, dos amigos, do ambiente externo?). “Depois também é im-portante conhecer o mercado, as profissões em alta, como e o que é exigido de cada profissional”, cita.

Dolores diz que também é im-portante se dedicar em conhecer profissões, se imaginar fazendo tal oficio, etc. “Isto pode ajudá-los a entender o processo e sentir um pouco mais de perto o que é deter-minada profissão”, aponta.

Além disso, todos nós temos ta-

lentos naturais que vamos desen-volvendo no decorrer de nossa vi-da. Porém, Andréia lembra que é importante sabermos diferenciar estes talentos da vida profissional, que nem sempre necessitam estar associados. “Posso saber tocar vá-rios instrumentos, mas isto não in-dica que terei que fazer o curso de música. Posso usar esta habilidade como hobby e estudar outra coisa como profissão”, salienta.

Uma das formas de conduzir e esclarecer estas dúvidas estão na orientação profissional. “Por vezes, serve simplesmente para que o jo-vem possa ter a confirmação de al-go que já imaginava ou descobrir um caminho novo e desafiador”, projeta Andréia. Segundo ela, a orientação é válida em todos os ca-sos. “Pensamos que somente quem tem dúvidas sobre a profissão é que deve buscar auxílio, enquan-to na realidade a orientação é uma medida preventiva, que visa auxi-liar o jovem no processo de matu-ração em relação à escolha”, escla-rece. Muitas vezes ele pensa que não tem dúvidas, mas na realidade o que acontece é que não verificou todas as possibilidades e tem uma relação fantasiosa e até distorcida daquela profissão desejada.

O que você quer ser quando crescer?

É indicado que os jovens que possuem maior dificul-dade de tomada de decisão quanto a sua escolha profis-

sional procurem pe-los Serviços de

Orientação Profissional. O objetivo do profissional des-ta área é facilitar o momento de escolha, favorecendo uma escolha mais consciente da sua atuação profissional.

Escolha consciente baseada em autoconhecimento

“Pensamos que somente quem tem dúvidas sobre a profissão é que deve buscar auxílio, enquanto na realidade a orientação é uma medida preventiva,

que visa auxiliar o jovem no processo de maturação em relação à escolha”

Imagens: Fotolia.com