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© Direitos reservados à EDITORA ATHENEU LTDA. Parte Parte ASAS ASAS Do Adolescente: Ser Especial Vou embora ao meu encontro Despedindo-me de tudo que nªo sou Para encarar a vida Com um pouco mais de mim Das mªos frÆgeis, machucadas e submissas Brotarªo as asas de libertaçªo Num exuberante malabarismo Flutuando amarrada na chama do ar, Perseguirei o meu encontro Por entre antØlios e alvoradas E, no espetÆculo das liríadas do cØu Sobre um pedaço do oceano, Deixarei os meus rastros Talvez pouco exatos Mas absolutamente meus, Sinais de que renasci De um bramir da alma prisioneira Agora encorajada Mulher de mim. Vou embora ao meu encontro Despedindo-me de tudo que nªo sou Para encarar a vida Com um pouco mais de mim... Danças Descalças Roberta Akemi Saito

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ParteParte

ASASASAS

Do Adolescente:Ser Especial

Vou embora ao meu encontroDespedindo-me de tudo que não sou

Para encarar a vidaCom um pouco mais de mim

Das mãos frágeis, machucadas e submissasBrotarão as asas de libertaçãoNum exuberante malabarismo

Flutuando amarrada na chama do ar,Perseguirei o meu encontro

Por entre antélios e alvoradasE, no espetáculo das liríadas do céu

Sobre um pedaço do oceano,Deixarei os meus rastros

Talvez pouco exatosMas absolutamente meus,

Sinais de que renasciDe um bramir da alma prisioneira

Agora encorajadaMulher de mim.

Vou embora ao meu encontroDespedindo-me de tudo que não sou

Para encarar a vidaCom um pouco mais de mim...

Danças DescalçasRoberta Akemi Saito

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Capítulo 4 33

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44CAPÍTULOCAPÍTULO

Adolescência, Cultura, Vulnerabilidadee Risco. A Prevenção em Questão

Maria Ignez Saito

A adolescência deve ser encarada como uma etapa crucial e bem definida do processode crescimento e desenvolvimento, cuja marca registrada é a transformação ligada aosaspectos físicos e psíquicos do ser humano, inserido nas mais diferentes culturas.

O conceito de adolescência não nasceu com o início dos tempos, mas delineou-secomo resultado da reflexão humana sobre a singularidade desta etapa de passagem entre ainfância e a adultícia. Este período é extremamente relevante para a construção do sujeitoindividual e social, devendo, porém, ser considerados a vulnerabilidade e o risco.

A primeira obra importante dedicada ao adolescente foi Adolescência de Stanley Hall.Nos três ensaios de Freud, apesar de existirem inferências especificas à tarefa de constru-ção da identidade sexual ligada à puberdade, não há referência específica sobre a adoles-cência.

Modernamente, as observações da antropologia relativas ao conceito de adolescênciaaparecem como um desafio às teorias de Freud, Hall e outros que postulavam que �o perfilda conduta humana estava indelevelmente ligado à natureza�, não levando em considera-ção as influências do ambiente.

Trabalhos mais recentes têm deixado de lado essas suposições extremas do determi-nismo social e genético, ligando a construção das atitudes e comportamentos à interaçãoentre fatores genéticos e ambientais. Delineia-se assim a importância das culturas diversi-ficadas na edificação dos hábitos e comportamentos humanos.

Assim, a adolescência aparece como resultante da interação constante entre os proces-sos do desenvolvimento biológico e psicoemocional, intimamente relacionados às ten-dências socioeconômicas e subordinados à evolução de normas e valores, dentro de culturasespecíficas.

As modificações biológicas constituem a parte da adolescência denominada puberda-de, caracterizada principalmente pela aceleração e desaceleração do crescimento físico,mudanças da composição corporal, eclosão hormonal envolvendo os hormônios sexuais eevolução da maturação sexual. Esta última pode ser acompanhada através do desenvolvi-mento de caracteres sexuais secundários masculinos e femininos. O termo puberdade seorigina do latim pubertas � idade fértil, caracterizada pela capacidade reprodutiva, as-pecto importante do processo adolescente.

Evoluem, paralelamente às modificações corporais, aquelas de ordem psicoemocio-nal, que foram por Knobell e Aberastury reunidas no que convencionaram chamar de

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Síndrome da Adolescência Normal. Constituem características importantes desta síndro-me: a busca da identidade, a tendência grupal, o desenvolvimento do pensamento abstra-to, a vivência temporal singular, as variações do humor, a evolução da sexualidade, aseparação progressiva dos pais. Estas vivências significativas podem contribuir tanto paravulnerabilidade dos jovens, como para a construção do eu seguro e até mesmo empreen-dedor, que o torna protagonista das mudanças e da reestruturação do futuro.

Erikson afirmava que �a principal tarefa dos adolescentes é o estabelecimento da iden-tidade própria e segura, havendo, porém, uma paradoxal solicitação de limites: �Necessitoque me coloquem limites, mas desde já vou avisando que não vou respeitá-los�.

É parte relevante deste processo a estruturação da identidade sexual, lembrando queos papéis de gênero masculino e feminino são os mais importantes do ponto de vistasociocultural. A vivência da sexualidade esta voltada para a genitalidade, existindo a bus-ca do outro, do amor idealizado, da realização afetiva, ainda que imatura.

A fase de separação dos pais traz outras perspectivas frente à nova ordem: adolescen-tes deixarão de ser submissos aos pais idealizados da infância, mas os vínculos poderãoser estabelecidos em novas bases que envolvam confiança, troca e respeito.

A tarefa do adolescente é freqüentemente árdua, podendo ocorrer movimentos de idase vindas. A solução encontrada por muitos jovens consiste em criar, em sua fantasia, umanova pessoa ou pessoas, ensaiando assim a construção da identidade definitiva através demodelos experimentais. Esta prática poderá causar problemas se prolongada em demasia,obstruindo e não mais ajudando na construção de uma identidade mais madura.

Problemas normais dos adolescentes se relacionam à turbulência, à rebeldia, às altera-ções do humor e/ou à dificuldade em esperar. As linhas de construção e destruição, osucesso e o insucesso, a segurança e o risco se intercalam ou caminham lado a lado e, porvezes, até se confundem, aumentando a vulnerabilidade, ao mesmo tempo que incremen-tam a capacidade de adaptação para fortalecimento do indivíduo.

A timidez e/ou a insegurança, pelo menos hipoteticamente, dificultam o processo,pois adolescentes com essas características precisam construir, a duras penas, atitudesque seriam quase automáticas para outros indivíduos. Há que se realizar um trabalhomaior para transformar insegurança em segurança, baixa auto-estima em amor próprio,relutância em realização.

O relacionamento com seus pares é proposta vivenciada pelos adolescentes com mai-or ou menor facilidade. O grupo pode trazer o fortalecimento de cada um, o surgimentodas primeiras lideranças. O jovem que, para ser incluído, assume comportamentos deseus pares sem estar preparado, convive com o incremento de riscos que podem levar aagravos em graus variáveis.

Adolescência implica diretamente na apropriação de uma maneira de conduzir-se eisto é próprio de cada cultura. Mesmo os ritos de passagem que se relacionam a esta fasepodem ser diversificados na dependência dessas culturas.

Em seus estudos, Margareth Mead e Ruth Benedict revelam que mesmo a puberdade,fenômeno universal da adolescência, era percebida de maneira distinta em diferentes gru-pos étnicos. Assim, as modificações corporais e a menarca, importante marco puberal,poderiam conferir às meninas a qualidade de serem perigosas para a comunidade, compoderes mágicos mortais, ou lhes assegurar dons sobrenaturais benéficos como se fossemportadoras de bênçãos divinas especiais.

Para que possam ser analisadas as relações entre a adolescência e a cultura, faz-seentão necessário o entendimento da cultura não como sinônimo de erudição, mas simconsiderada em seu sentido antropológico, como a maneira pela qual um grupo se estrutu-ra e configura suas relações sociais. A cultura faz com que a conduta humana seja previsí-

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vel dentro de certo leque de possibilidades, variável em cada sociedade. Segundo Salazar,�A cultura tem a propriedade de ser criação humana, sendo por sua vez criadora das con-dições do mundo humano�.

A cultura é, portanto, aprendida de geração em geração para que possa haver controlesobre a variabilidade do seres humanos; daí a grande contribuição do mais velho para omais moço.

O adolescente será assim finalmente reconhecido como um ser em transformação di-ante de valores culturais em transição. Cabe considerar que esta afirmação não é nova,pois a mudança sempre ocorreu no tempo e estar vulnerável diante de um fato ou situaçãonão é prerrogativa do jovem, mas do indivíduo em qualquer idade. Neste momento deadolescência, porém, esta possibilidade deve ser particularmente valorizada.

O conceito de risco, que era anteriormente apenas percebido do ponto de vista biomé-dico, estende-se hoje para variáveis sociais e do comportamento, o que lhe confere maiorabrangência.

O risco é uma proposição técnica que associa o conceito de vulnerabilidade à probabi-lidade de dano ou resultado indesejado. Paralelamente surge o conceito de fator protetor,utilizado como mecanismo basicamente de prevenção, mas que pode também visar quali-dade de vida.

Para crianças e adolescentes os fatores de risco e proteção podem estar presentes:

� neles mesmos, através de mecanismos ainda não totalmente esclarecidos e vinculadosà singularidade de cada fase da vida e de cada um;

� na família, considerada como ponto focal, capaz de diminuir o impacto de condiçõesadversas através de múltiplos recursos;

� na sociedade como um todo, dentro dos variados grupos de referência, entre os quaisse destacam escola, trabalho, grupo de amigos, áreas de saúde, justiça, nível socio-econômico, inserção cultural, políticas governamentais.

A família é o contexto natural para o crescimento e reconhecimento do ser humanocomo tal, isto tudo se fazendo, porém, num emaranhado de rara complexidade.

É bem verdade que a história familiar do adolescente não se inicia com a adolescência,estando presente mesmo antes da infância, durante a gravidez desejada ou não. Funda-mentais na estruturação da subjetividade são os primeiros anos de vida, sustentados inici-almente na relação mãe e filho e a seguir pela relevante atuação da figura paterna, tãoresponsável pela construção do sujeito humano.

Nem sempre se estabelece como família o modelo nuclear. Talvez o mais importantedentro do grupo que interage como família (ainda que num modelo alternativo) sejam asrelações de compromisso e respeito, que propiciam o desenvolvimento e não a fragmenta-ção do outro. A dependência, quando muito estimulada, esconde no mais das vezes umaproposta de subordinação.

Famílias desestruturadas contribuem para o esgarçamento da personalidade, tornan-do as pessoas frágeis e vulneráveis, podendo assim favorecer a inserção dos riscos.

A ausência do afeto impossibilita a introjeção do mesmo, criando um vazio que podeser preenchido das mais diferentes maneiras, envolvendo a gravidez precoce, o uso dedrogas, a violência como forma de expressão da falta de amor, segurança, limite...

O contexto familiar funciona também como fator de proteção onde estão presentes oamor, o compromisso, o respeito, o diálogo e também os limites que devem ser colocadoscom autoridade e não com autoritarismo. Torna-se necessário que o maior ensinamentoseja o uso da liberdade vinculado à responsabilidade.

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A família deve abrir espaço para discussão dos valores veiculados pela mídia, estabe-lecendo contornos explícitos de avaliação, que contribuem na construção do indivíduocomo sujeito e cidadão. Ela funciona como o primeiro grupo de referência do ser humanoe certamente vai influenciar sua inserção em outros, entre os quais se destaca a escola.Aqui, talvez a maior expressão da relação entre ambiente, família e aprendizado seja ochamado �currículo oculto�, traduzido pela bagagem de conhecimentos que a criança játrás consigo ao iniciar a escola e que envolve sua família, a conversa com adultos e ainfluência dos meios de comunicação.

Também, preponderante na edificação do sujeito é o papel da escola, com grande res-ponsabilidade no processo educativo.

A educação acha-se incluída entre os fatores culturais de um povo, permanecendosubordinada às relações de poder vigente. É reconhecido que a classe dominante determi-na o tipo de educação que se pretende para a Nação. Então, o indivíduo que não se enqua-dra nos requisitos culturais previamente estabelecidos será considerado sem cultura,sofrendo de �carência� ou �privação� cultural sendo, portanto, marginalizado.

Por definição todo grupo social tem um tipo qualquer de produção cultural, não exis-tindo nenhum com ausência de bens culturais. O que na verdade acontece são as marcan-tes diferenças, não respeitadas pelas metodologias e instrumentos de ensino. A privaçãocultural seria então um atributo artificialmente estabelecido, mas que se constituirá numabarreira social.

A conseqüência mais direta, frente às desigualdades, será a incapacidade dos jovensde definirem projetos de vida viáveis, condizentes não só com suas aspirações, mas tam-bém com a possibilidade de realização.

Conclui-se, então, que a escola pode educar e construir, mas, igualmente, pode margi-nalizar e destruir, favorecendo a instalação do risco.

Uma das grandes questões vinculadas à escola tem a ver com a evasão e com o fracassoescolar. Entre as causas sociológicas do fracasso escolar são apontadas as restrições impos-tas pelas condições sociais, econômicas, geográficas e culturais, que favorecem a pobreza.

Existem desvantagens reconhecidas nas classes menos favorecidas para o desenvolvi-mento de aptidões intelectuais, pela diferença de valores que envolvem diretamente aescola. Entre elas destaca-se a dificuldade de linguagem, principalmente para as minoriasétnicas, que devem se adaptar ao uso de uma língua na qual não aprenderam a se expres-sar ou mesmo a pensar.

Estes aspectos foram discutidos e incluídos nas conclusões e recomendações da Con-ferência Mundial da Educação Para Todos, realizada na Tailândia em 1990, sendo algumasdelas transcritas a seguir.

�As necessidades da educação básica compreendem tanto os instrumentos essenciaisde aprendizagem � alfabetização, expressão oral, operações numéricas e solução de pro-blemas, como conteúdo básico (conhecimento, técnicas, habilidades, valores e atitudes);estes instrumentos são absolutamente necessários ao ser humano para que ele possa so-breviver, desenvolver suas potencialidades, viver e trabalhar com dignidade, participandodo desenvolvimento de seu país e melhorando a qualidade de sua vida continuando aaprender�.

�Já é consenso que o desenvolvimento humano deve ser o centro de qualquer outroprocesso de desenvolvimento e que o desenvolvimento econômico não melhora automati-camente o desenvolvimento humano�.

�Embora a educação básica de melhor qualidade não seja por si própria suficiente pararesolver os desafios econômicos e sociais, ela constitui um instrumento necessário para asolução destes desafios�.

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A alfabetização, a nutrição e a renda são estreitamente correlacionadas ao processo deaprendizagem, que depende do estado nutricional e do meio social, existindo ligaçõesprofundas entre a marginalidade e a fome, sendo esta última reconhecida como violêncianutricional.

Problemas relacionados ao atraso escolar, freqüentemente ligados à evasão escolar,podem ser pensados sob o ponto de vista de dano imediato ou mediato. O imediato se ligaà interrupção do aprendizado, enquanto o mediato leva à impossibilidade futura de parti-cipação plena na sociedade e perpetuação dos ciclos de pobreza e fome, com projetos devida medíocres ou inexistentes.

As causas psicológicas, que não estão obrigatoriamente relacionadas com as condi-ções socioeconômicas, também são consideradas fatores de risco, como a instabilidadefamiliar, a desestruturação que trazem consigo, a insegurança, o não pertencer, tanto paracrianças quanto para adolescentes.

Deve-se ter presente que a aprendizagem tem caráter gradual e acumulativo, podendoos agravos surgidos em qualquer momento da vida comprometer o processo a partir da-quele ponto até mesmo definitivamente.

Apesar de já se poder sentir propostas de mudança na instituição escola estas aindasão lentas, pois freqüentemente o objetivo docente ainda está centrado na transmissão dainformação.

A proposta de construção da criança e do adolescente se ampliará com a instituição deparcerias envolvendo, por exemplo, as áreas da saúde e educação. Algumas premissas sãoessenciais quando se pretende contemplar de maneira adequada a atenção à saúde doadolescente, principalmente levando-se em conta o enfoque de vulnerabilidade e risco.Assim faz-se necessário:

� considerar o adolescente como um todo indivisível biopsicossocial;

� capacitar-se para o exercício ético da Medicina de Adolescentes, conhecendo suascaracterísticas e singularidades;

� perceber, mesmo através da doença, por mais grave que esta seja, a presença da ado-lescência com seus dilemas e desafios;

� saber ouvir, apoiar, acolher, sem se transformar em outro adolescente ou juiz;

� ter claro como enfoque principal além da cura, a prevenção de agravos e a promoçãoda saúde como proposta primordial contra os riscos;

� exercer a Medicina de Adolescentes dentro dos mais rigorosos princípios éticos deautonomia, respeito, confidencialidade e privacidade;

� acolher a família para orientação e esclarecimento da singularidade desta fase da vidapromovendo o diálogo e o companheirismo entre pais e filhos; e

� englobar cada vez mais a proposta de saúde do adolescente, dentro da moderna pueri-cultura, exercida inclusive por especialistas, que devem não só enfocar a doença, masprincipalmente o indivíduo nessa fase da vida.

Nenhum dos aspectos aqui relatados permanece relevante se visto como tentativa iso-lada. A bem da verdade, eles se articulam dentro de cada cultura das várias sociedades ese sustentam nas relações dos adolescentes com os adultos.

A cultura nomeia ainda o papel e o lugar dos adolescentes nas diferentes sociedades.Assim a adolescência ocidental e ocidentalizada aparece como extremamente volúvel,marcada por susceptibilidade às novidades tanto políticas como tecnológicas, veiculadaspelos meios de comunicação. �A adolescência que o Ocidente inventou se caracteriza pelasua grande duração, indeterminação, elevada carga de conflitos e grosseira assincroniaentre a maturidade sexual e maturidade social.�

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38 Capítulo 4

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O adolescente é geralmente julgado através de preconceitos e estereótipos pelos adul-tos desta cultura que vê os jovens como irresponsáveis.

Estereótipos e preconceitos não são características da cultura contemporânea ou destemomento histórico, estando quase sempre relacionadas ao conflito de gerações �Nossajuventude é mal-educada, não respeita a idade, ignora a autoridade, enfrenta os professo-res e falta com o respeito...� � Sócrates, 339 a.C. Qualquer semelhança com a atualidadenão é mera coincidência, bastando lembrar que pais, professores, médicos... são adultos.

Os mitos e os arquétipos vêm se estruturando desde a proposição do conceito de ado-lescência. Dentro da mitologia os conflitos entre jovens e adultos, entre o novo e o antigosão exaltados em inúmeras lendas: �Niobe tem seus seis filhos e seis filhas exterminadospor Apolo e Artemis, que não suportavam conviver com sua juventude e beleza; Hebeserve aos convivas do Olimpo a ambrosia que lhes dará a juventude.� (Até hoje tão procu-rada até na vitamina E e na L-carnitina).

A diferenciação de cada um e a própria individualidade como valores estão desvalori-zados. É extremamente importante que se perceba que não poderá existir uma cobrançasobre a atuação futura dos jovens e adolescentes se a eles não for ofertado um presentefortalecido por princípios básicos, que tenham como meta o resgate da cidadania e dopróprio indivíduo. Esse suporte se dá basicamente através do respeito e compromisso comesse ser humano.

A proposta referida acima possibilitará que a promessa e/ou sonho que existem emcada adolescente hoje, possam se tornar realidade amanhã.

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