05 | Determinantes Sociais de Saúde: processo saúde doença · PDF filedimensões individual e coletiva do processo saúde doença, ... podemos observar a saúde em outro aspecto

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  • 05 | Determinantes Sociais de Sade:processo sade doena

    SumrioApresentao 2

    O processo sade-doena e sua determinao social e histrica 2

    Processo sade-doena 6

    Determinao social da sade 6

    O papel da equipe na atuao no processo sade-doena 8

    Concluso 8

    Referncias 9

    Lucila Amaral Carneiro ViannaReviso de Daniel Almeida Gonalves e Marlia Louvison

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    Determinantes Sociais de Sade: processo sade doena

    ApresentaoEste texto foi organizado a partir de um conjunto de conceitos sobre o processo sade doena, questes histricas e o papel da equipe ao atuar no processo sade doena No intuito de tornar mais atraente o mdulo, mesclamos con-ceitos, modelos tericos e sua aplicao em alguns exemplos prticos

    O trabalho na Estratgia da Sade da Famlia requer uma base epidemiolgica, em que o fenmeno sade doen-a deve ser compreendido e revisitado muitas vezes no decorrer de nossa prtica Como veremos, os paradigmas sobre o fenmeno sade doena modificou-se atravs dos tempos, evidentemente a partir da evoluo da tecnolo-gia e dos avanos scio-econmicos que envolveram as civilizaes

    Acreditando na fora da ateno primria sade, por meio da Estratgia Sade da Famlia, como esteio da pro-moo de sade e marco na qualificao da vida dos indivduos e da comunidade que compartilho com vocs minhas reflexes e consideraes Espero que com isso possamos contribuir para a construo do Sistema nico de Sade

    O processo sade-doena e sua determinao social e histricaDoenaA doena no pode ser compreendida apenas por meio das medies fisiopatolgicas, pois quem estabelece o estado da doena o sofrimento, a dor, o prazer, enfim os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que adoece (CANGUILHEM; CAPONI, 1995 In: BRTAS; GAMBA, 2006)

    Para Evans e Stoddart (1990) a doena no mais que um constructo que guarda relao com o sofrimento, com o mal, mas no lhe corresponde integralmente Quadros clnicos semelhantes, ou seja, com os mesmos parmetros biolgicos, prognstico e implicaes para o tratamento, podem afetar pessoas diferentes de forma distinta, resultan-do em diferentes manifestaes de sintomas e desconforto, com comprometimento diferenciado de suas habilidades de atuar em sociedade O conhecimento clnico pretende balizar a aplicao apropriada do conhecimento e da tecno-logia, o que implica que seja formulado nesses termos No entanto, do ponto de vista do bem-estar individual e do desempenho social, a percepo individual sobre a sade que conta (EVANS; STODDART, 1990)

    Conceito de sadeO que sade?Segundo o conceito de 1947 da Organizao Mundial da Sade (OMS), com ampla divulgao e conhecimento em nossa rea, a sade definida como: Um estado de completo bem-estar fsico, mental e social, e no apenas a ausncia de doena ou enfermidade

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    Unidades de Contedodeterminantes soCiais de sade: proCesso sade doena

    Dentre diversas outras abordagens possveis para se entender o conceito de sade, apresentaremos uma que nos parece mais til nossa discusso, e que tem sido defendida por alguns autores (NARVAI et al, 2008) Pode-se en-to descrever a condio de sade, didaticamente, segundo a soma de trs planos: subindividual, individual e coletivo, apresentados a seguir

    Saiba mais...

    Essa definio vlida oficialmente at os dias de hoje, e tem recebido, desde sua formulao, crticas e reflexes de muitos profissionais, pesquisadores e outros protagonistas da rea da sade. Esses profissionais, de modo geral, classificam-na como utpica e no-operacional; caracterizando-a mais como uma declarao do que propriamente como uma definio. (NARVAI et al., 2008).

    O plano subindividual seria o correspondente

    ao nvel bio-

    lgico e orgnico, fisiolgico ou fisiopatolgic

    o Nesse plano, o

    processo sade-adoecimento (PSa) seria definid

    o pelo equilbrio

    dinmico entre a normalidade - anormalida

    de / funciona-

    lidade - disfunes Assim, quando a balana p

    ender para o lado

    da anormalidade - disfuno podem ocorrer basi

    camente duas situ-

    aes: a enfermidade e a doena

    A enfermidade seria a condio percebida pela pe

    ssoa ou pacien-

    te, caracterizando-a como queda de nimo, al

    gum sintoma fsi-

    co, ou mesmo como dor A doena seria a condi

    o detectada pelo

    profissional de sade, com quadro clnico defi

    nido e enquadrada

    como uma entidade ou classificao nosolgica

    (NARVAI, 2008)

    O plano individu

    al entende que as d

    isfunes e anor-

    malidades ocorrem

    em indivduos que

    so seres biolgico

    s

    e sociais ao mesm

    o tempo Portanto

    , as alteraes no p

    ro-

    cesso sade-adoec

    imento resultam n

    o apenas de aspect

    os

    biolgicos, mas tam

    bm das condies

    gerais da existnc

    ia

    dos indivduos, gr

    upos e classes soci

    ais, ou seja, teriam

    di-

    menses individua

    is e coletivas Segu

    ndo essa concep

    o,

    a condio de sad

    e poderia variar en

    tre um extremo d

    e

    mais perfeito bem

    -estar at o extrem

    o da morte, com

    uma srie de proce

    ssos e eventos int

    ermedirios entre

    os

    dois (NARVAI et a

    l, 2008)

    O plano coletivo expande ainda mais o entendimento so-

    bre o PSa, que encarado no como a simples soma das con-

    dies orgnicas e sociais de cada indivduo isoladamente, mas

    sim como a expresso de um processo social mais amplo, que

    resulta de uma complexa trama de fatores e relaes, represen-

    tados por determinantes do fenmeno nos vrios nveis de an-

    lise: famlia, domiclio, micro rea, bairro, municpio, regio,

    pas, continente etc (NARVAI et al, 2008) Nessa linha, fica

    mais fcil compreender a definio de Minayo (1994 apud NAR-

    VAI et al, 2008) sobre sade: fenmeno clnico e sociolgico

    vivido culturalmente

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    Unidades de Contedodeterminantes soCiais de sade: proCesso sade doena

    A sade silenciosa, geralmente no a percebemos em sua plenitude; na maior parte das vezes apenas a identi-ficamos quando adoecemos uma experincia de vida, vivenciada no mago do corpo individual Ouvir o prprio corpo uma boa estratgia para assegurar a sade com qualidade, pois no existe um limite preciso entre a sade e a doena, mas uma relao de reciprocidade entre ambas; entre a normalidade e a patologia, na qual os mesmos fa-tores que permitem ao homem viver (alimento, gua, ar, clima, habitao, trabalho, tecnologia, relaes familiares e sociais) podem causar doena, se agem com determinada intensidade, se pesam em excesso ou faltam, se agem sem controle Essa relao demarcada pela forma de vida dos seres humanos, pelos determinantes biolgicos, psicolgicos e sociais Tal constatao nos remete reflexo de o processo sade-doena-adoecimento ocorrer de maneira desigual entre os indivduos, as classes e os povos, recebendo influncia direta do local que os seres ocu-pam na sociedade (BERLINGUER in BRTAS; GAMBA, 2006)

    Canguilhem e Caponi (1995 In: BRTAS; GAMBA, 2006) considera que, para a sade, necessrio partir da dimenso do ser, pois nele que ocorre as definies do normal ou patolgico O considerado normal em um indivduo pode no ser em outro; no h rigidez no processo Dessa maneira, podemos deduzir que o ser humano precisa conhecer-se, necessita saber avaliar as transformaes sofridas por seu corpo e identificar os sinais expres-sos por ele Esse processo vivel apenas na perspectiva relacional, pois o normal e o patolgico s podem ser apreciados em uma relao

    HistricoNa antiguidade, quando das religies politestas, acreditava-se que a sade era ddiva e a doena castigo dos deuses, com o decorrer dos sculos e com o advento das religies monotestas a ddiva da sade e o castigo da doena passou a ser da responsabilidade de um nico Deus No entanto, 400 anos AC, Hipcrates desenvolve o tratado os ares e os lugares onde relaciona os locais da moradia, a gua para beber, os ventos com a sade e a doena Sculos mais tarde, as populaes passam a viver em comunidade e a teoria miasmtica toma lugar Consiste na crena de que a doena transmitida pela inspirao de gases de animais e dejetos em decomposio (BUCK et al, 1988)

    Tal teoria permanece at o sculo XIX, no entanto, ao final do sculo XVIII, predominavam na Europa como forma de explicao para o adoecimento humano os paradigmas scio-ambientais, vinculados concepo dinmica, tendo se

    Destaque

    Enxergando-se a condio de sade segundo esses trs planos, compreendemos melhor porque somente em situaes muito especficas a sade resulta apenas da disponibilidade e do acesso aos servios de sade. Assim, o direito sade deveria ser entendido de forma mais abrangente do que apenas o direito ao acesso aos servios de sade (NARVAI et al., 2008). Nossa prpria Constituio Federal de 1988, em sua seo sobre sade (Art. 196), define-a nos seguintes termos (grifos do autor): A sade um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polticas sociais e econmicas que visem reduo do risco de doenas e outros agravos e ao acesso universal e igualitrio s aes e servios para sua promoo, proteo e recuperao.

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