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12. A abordagem multivariada: análise fatoria! (. Quando penso em análise fatorial, duas palavras me vêm à mente: "curiosidade" e "parcimônia". Parece ser u.m par muitíssimo estranho- mas não em relação à análise fatorial. Curiosidade quer dizer querer saber o que existe em um lugar, como funciona, por que está ali e por que funciona. Significa também o desejo ou a vontade de penetrar as coisas, de saber o que há por trás delas. Os cientistas são curiosos. Querem saber o' que existe e por que existe. Querem saber o que há por detrás das coisas. E querem fazer isso da maneira mais parcimoniosa possível. Não querem uma explanação elaborada quando não é necessário. A explicação mais simples possível é a melhor - embora nem sempre: a este ideal podemos chamar o princípio da parcimônia. Para explicar as coisas, precisamos tentar reduzir as massas de informação e fenômenos que nos rodeiam a forma e tamanho manejável. Nos nossos esforços para explicar os fenômenos tentamos reduzir os domínios amplos e confusos das variáveis, por exemplo, a domínios menores e mais compreensíveis. Suponhamos que estamos trabalhando em uma área de interesse e temos à nossa frente centenas de variáveis que talvez se relacionem à área de interesse. Uma centena de variáveis é demais; não podemos realmente agarrar tantas variáveis. Será possível reduzir-lhes o número? Sabemos por exeperiência que muitas das cem variáveis são correlacionadas entre si. l! possível descobrir quais das variáveis estão correlacionadlÍs com iguais outras, e o quanto estão correlacionadas? Por esta informação, é possível combinar, juntar de alguma forma as variáveis correlacionadas umas com as outras ou agrupá-Ias para "criar" variáveis novas e em menor número? Suponhamos que tudo isto seja possível. Criar variáveis novas e em número menor satisfará minha curiosidade original em relação à coisa que me deixou curioso? Certamente a redução de variáveis ou do número de variáveis parece parcimoniosa. Se tivermos, digamos, 12 variáveis em vez de cem, temos uma situação mais parcimoniosa. Pelo menos achamos e esperamos. Por que insistimos em parcimônia? l! tão importante? Em geral os cientistas acreditam que a explicação mais simples, mais parcimoniosa, é a melhor explicação. Isto porque, se deixarmos as 202 ,t explicações e razõ.es se multiplicarem, vamos terminar em confusão, ou com uma situação tão complexa que não poderemos dominá-Ia. Mas parte de tudo isso é questão de fé. Temos fé em que haja geralmente uma explicação mais simples p~,a a maioria dos fenômenos. O fato de isso nem sempre ser verdade não muda a fé. Em todo caso, buscar explicações mais simples, e depois testar suas implicações, são preocupações científi- cas fortíssimas. Um dos mais poderosos métodos já inventados para reduzir a com- plexidade de variáveis a maior simplicidade é a análise fatorial. Análise falorial é um método analítico para determinar o número e natureza das variáveis subjacentes a um grande número de variáveis ou medidas. Ajuda o pesquisador, com efeito. a saber que testes devem ficar juntos - quais os que virtualmente medem a mesma coisa, em outras palavras, e o quanto medem a mesma coisa. As "variáveis subjacentes", nesta defi- nição, são chamadas ··tatores". Alguém chamou a análise fatorial a rainha dos métodos analíticos. Por quê? Vamos tomar um exemplo famoso, inte- ligência e sua natureza. para tentar compreender esta invenção notável e a definição dada acima. Inteligência é um bom exemplo por causa de seu interesse intrínseco, prático e teórico, e porque muito se conhece a seu respeito agora - embora grande parte ainda continue um mistério. Antes de começarmos esta discussão, vamos fazer uma digressão para definir certos termos e expressões comumente usados na análise fatorial e na análise multivariada. Uma digressão definicional 'o Como ficou indicado, um fator é uma variável subjacente e não- observada que presumivelmente "explica" têstes, medidas ou itens obser- vados. Na próxima seção deste capítulo damos um exemplo de análise fO fatorial de testes de inteligência. Três dos testes medem três aspectos da inteligência verbal: Sentenças, Vocabulário e Completamento. Desco- briu-se que estes testes medem uma coisa em comum. O estudo do conteúdo dos testes parece indicar que o algo subjacente que é medido é capacidade verbal. "Capacidade Verbal", então, é um fator. Mais precisamente, um,-/ator, é um constructo, uma entidade hipo· tética, uma variável não-observada, que se supÕe estar subjacente a testes, escalas, itens e, de fato, medidas de qualquer espécie. Houve controvérsias quanto aos fatores e análise fatorial, uma boa parte origi- nada da suposta "realidade" dos fatores. Deixemos claro que a única "realidade" que possuem os fatores reside em explicarem a variância de variáveis observadas, tal como se revela pelas correlações entre as variáveis. . 203

05a. Kerlinger - Cap. 12 - A Abordagem Multivariada - Análise Fatorial

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Analise fatorial

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  • 12. A abordagemmultivariada:anlisefatoria!

    (.

    Quandopensoemanlisefatorial,duaspalavrasmevm mente:"curiosidade"e "parcimnia".Pareceseru.mparmuitssimoestranho-masno em relao anlisefatorial.Curiosidadequer dizer querersabero queexisteemum lugar,comofunciona,por queestali e porque funciona.Significatambmo desejoou a vontadede penetrarascoisas,de sabero que h por trs delas.Os cientistasso curiosos.Queremsabero'queexistee por queexiste.Queremsabero queh pordetrsdas coisas.E queremfazer isso da maneiramaisparcimoniosapossvel. No querem uma explanaoelaboradaquando no necessrio.A explicaomaissimplespossvel a melhor- emboranemsempre:a esteidealpodemoschamaro princpiodaparcimnia.

    Para explicaras coisas,precisamostentarreduzir as massasdeinformaoe fenmenosquenosrodeiama formae tamanhomanejvel.Nos nossosesforospara explicaros fenmenostentamosreduzirosdomniosamplose confusosdas variveis,por exemplo,a domniosmenorese maiscompreensveis.Suponhamosqueestamostrabalhandoemumareade interessee temos nossafrentecentenasde variveisquetalvezse relacionem reade interesse.Uma centenade variveis demais;nopodemosrealmenteagarrartantasvariveis.Serpossvelreduzir-lheso nmero?Sabemospor exeperinciaquemuitasdascemvariveisso correlacionadasentresi. l! possveldescobrirquaisdasvariveisestocorrelacionadlscom iguaisoutras,e o quantoestocorrelacionadas?Por estainformao, possvelcombinar,juntar dealgumaforma as variveiscorrelacionadasumas com as outrasouagrup-Iaspara"criar" variveisnovase emmenornmero?

    Suponhamosque tudo isto sejapossvel.Criar variveisnovaseem nmeromenorsatisfarminhacuriosidadeoriginalem relaocoisaquemedeixoucurioso?Certamentea reduode variveisou donmerode variveispareceparcimoniosa.Se tivermos,digamos,12variveisemvez de cem,temosumasituaomaisparcimoniosa.Pelomenosachamose esperamos.Por queinsistimosemparcimnia?l! toimportante?

    Emgeraloscientistasacreditamqueaexplicaomaissimples,maisparcimoniosa, a melhorexplicao.Isto porque,se deixarmosas

    202

    ,t

    explicaese raz.essemultiplicarem,vamosterminaremconfuso,oucomumasituaotocomplexaquenopoderemosdomin-Ia.Maspartede tudo isso questode f. Temosf em quehaja geralmenteumaexplicaomaissimplesp~,aa maioriadosfenmenos.O fato de issonemsempreserverdadenomudaa f.Emtodocaso,buscarexplicaesmaissimples,e depoistestarsuasimplicaes,sopreocupaescientfi-casfortssimas.

    Um dosmaispoderososmtodosj inventadosparareduzira com-plexidadedevariveisa maiorsimplicidade a anlisefatorial.Anlisefalorial ummtodoanalticoparadeterminaro nmeroe naturezadasvariveissubjacentesa um grandenmerode variveisou medidas.Ajuda o pesquisador,comefeito.a saberquetestesdevemficar juntos- quaisosquevirtualmentemedema mesmacoisa,emoutraspalavras,e o quantomedema mesmacoisa.As "variveissubjacentes",nestadefi-nio,sochamadastatores".Algumchamouaanlisefatoriala rainhadosmtodosanalticos.Por qu?Vamostomarumexemplofamoso,inte-lignciae suanatureza.paratentarcompreenderestainvenonotvelea definiodadaacima.Intelignciaumbomexemploporcausadeseuinteresseintrnseco,prticoe terico,e porquemuito se conheceaseurespeitoagora- emboragrandeparteaindacontinueum mistrio.Antesde comearmosestadiscusso,vamosfazerumadigressoparadefinircertostermose expressescomumenteusadosna anlisefatoriale na anlisemultivariada.

    Umadigressodefinicional 'o

    Comoficou indicado,um fator umavarivelsubjacentee no-observadaquepresumivelmente"explica"tstes,medidasou itensobser-vados.Na prximaseodestecaptulodamosum exemplode anlisefOfatorialdetestesde inteligncia.Trsdostestesmedemtrsaspectosdaintelignciaverbal: Sentenas,Vocabulrioe Completamento.Desco-briu-seque estestestesmedemuma coisa em comum.O estudodocontedodostestespareceindicarqueo algosubjacenteque medidocapacidadeverbal."CapacidadeVerbal", ento, um fator.

    Mais precisamente,um,-/ator, um constructo,umaentidadehipottica,uma varivelno-observada,que se supeestarsubjacenteatestes,escalas,itense, de fato, medidasde qualquerespcie.Houvecontrovrsiasquantoaosfatorese anlisefatorial,umaboaparteorigi-nadada suposta"realidade"dos fatores.Deixemosclaro que a nica"realidade"quepossuemos fatoresresideemexplicarema varinciadevariveisobservadas,tal comose revelapelas correlaesentre asvariveis. .

    203

  • Tabela12.1 Testes selecionadosde Thurstone e matriz fatorial rotada",

    Testes

    VerbalNmeroPercepo

    Sentenas

    0,660,010,00Vocabulrio

    0,660,02-0,01

    Completamento

    0,670,00-0,01

    Adio

    0,010,640,01

    Multiplicao

    -0,030,670,01

    Identificao de nmeros

    0,060,400,42Faces

    O,4,0,170,45

    Leitura ao espelho

    .,...0,020,090,36{,

    'J'hmstoneacreditavaquea intelignciafosseumconjuntodecapa-cidadesfundamentaisseparadasmasrelacionadas.Depoisde conside-rveltrabalhocriandotestes,aplicando-osa muitascrianase analisandoos resultados,concluiuquehaviaum certo(.nmerode entidadessubja-centesa muitosdostestesqueelecriarae aplicarascrianas:Percepo,Nmero.Flunciade Palavras,Verbal. Espao,Memria,Raciocnio.Comefeito,elepropsumateoriada estrurada intelignciae o funda-mentoda teoriaeramessasentidades.ou "fatores",comoelee outrosas chamaram.

    Para esclareceristo, vejamosos testesda tabela12,1. Em umestudo,Thurstonee suamulher(Thurstone& Thurstone,1941)apli-caram60testesdevriostipos- vocabulrio,adio,subtrao,multi-plicao;leituraao espelho,gruposdeletras,reconhecimentodefiguras,etc" - a 710alunosde oitavasrie.Em pesquisaanterior,Thurstone

    " As entradasna tabela so chamadascargas fatoriais,\Podem ser interpretadascomo coeficientesde correlao. (

    descobriraqueanlisesapropriadasmostravamquecertosconjuntosdetestesse agrupavam.Eram corre1acionadospositivamente,em outraspalavras.Na medidaemquedoistestessecorrelacionempositivamente,nessamedida(outrascoisasmantidasconstantes)elesmedema mesmacoisa.Suponhamosque temostrs testese que suas intercorrelaessejamr12=0,70,riS = 0,64,t23= 0,57.Os testessovocabulrio,leiturae escritade sentenase completamentode sentenas(quandoapresentadascompalavrasomitidas).Qual o elementocomumnestestestes?O que que os faz se correlacionaremto substancialmente?Thurstoneconcluiuqueeraumacapacidadebsicaassociadaaoaprendi-zadoverbale materiaisverbais.Denominou-a"Verbal" ou "CapacidadeVerbal".

    206

    '.1

    A tabela12.1 d apenasuma pequenapartedos resultadosdeThurstonee Thurstone.Para ilustrar,escolhiapenastrsdos seusselefatores:Verbal, Nmeroe Percepo.Para o que queremosagora.entretanto,eles so sufic,i~ntes.Os nomesde oito dos 60 testesde Thurstonee Thurstoneaparecemno lado esquerdoda tabela.Osnmerosno corpoda tabelasocomocoeficientesde correlaoe sochamados"cargasfatoriais".(Vejadefiniodadaanteriormente.)Quan-to maioro nmeroque acompanhaum teste- por exemplo,o testeVocabulriotem 0,66 sob Verbal. 0,02 sob Nmeroe -0,01 sobPercepo- maiso testeestassociadoaofator.Estascargasindicamque o testeVocabulriopercenteao fator Verbal e no aos fatoresNmeroou Percepo.

    Examineas cargassob Verbal.Os trstestesmencionadosacimatmas cargassubstanciaisde 0,66,0,66e 0,67.Os outroscincotestestcargasprximasdezero(0,01,- 0,03,e assimpor diante).Um ana-lista deverconcluirqueestestestestmalgumacoisaem comum-lembre-sede nossasdiscussesanterioressobrecorrelaes,correlaesao quadradoe varinciacompartilhada.Os trstestesmedemalgumacoisaem comum.Se as cargasfossem1,00,1,00e 1,00(pouqussimoprovvel),o analistaconcluiriaque estariammedindoa mesmacoisaperfeitamente.Se as cargasfossem0,00,0,00e 0,00 (tambmimpro-vvel),ele concluiriaentoqueno estariammedindoa mesmacoisa.

    J que o elementoou elementoscomunsaostrs testesque tmcargassubstanciaisestoclaramenteassociadosa palavras,o analistapodeconcluirqueo "fator" bsicocomum capacidadeverbal,Assim,, deuominado"Verbal". Raciocniosemelhanteaplica-seaoscincotestes'restantese dois fatores.Os testesAdio, Mutiplicaoe Indefiniode Nmerostmcargassubstanciaisde 0,64,06,7e 0,40 no segundofator. Eles compartilhamprocessosmentaisassociadosa operaesnumricas.Assim,o fator chamado"iJ~mero".

    Dois dostestes,Facese Leituraao Espelho,tmcargasno terceirofator,Percepo,e emnenhumoutro.O testeIdentificaodeNmeros,entretanto,temcargano terceirofatore tambmno segundo.Isto querdizerque um testemaiscomplexo.Pode-sedizerque faz partedasessnciasdaPercepoedoNmero.Tais casosocorremfreqentementeem1westigaesde anlisefatoria!'

    Algunselementosde anliseCatarial

    Sefor aplicadoumtesteduasvezes mesmaamostradeindivduos,a correlaoentreos doisconjuntosdenotasdeveriaser 1,00.Jamais1,00, entretanto,devido aos ine-vitveiserros de mensurao.Mas

    207

  • dl'Vnll liel alto, seo lestefor fidedigno.Sedoistestesmedirema mesma(Ui:;II, digamoscapacidadeverbal,a correlaoentreeles,depoisdei1plicaJos mesmaamostradeindivduos,deverseralta,oupelomenossubslancial.Emboratodosos itenspossamIf~rdiferentes- dois testesdiferentesdevocabulrio,porexemplo- todoselesmaisoumenosmos-tramumaspectodacapacidadeverbal.Portanto,os indivduosdeveriamrespond-losde maneirasemelhantee deveriamser classificadospelosdoistestesquaseda mesmaforma.

    Por outro lado, a correlaoentredois testesque medemcoisasmuito diferentes,digamos,capacidadeverbal e dogmatismo,deveriaficarprximadezero.Nohrelaosistemticaentreosdoisconjuntosde notasfornecidaspelamesmaamostrade indivduos.Naturalmente,sehouveumarelaonomomentodesconhecidaentrecapacidadeverbale dogmatismo- e bempodehaver- entodevehaveralgumacorre-lao,positivaou negativa,maiorquezeroentreosdoistestes.Podeserquepessoasmaisverbaissejammaisdogmticas.No momento,entre-tanto,no conhecemosnenhummotivoparaque haja umacorrelaoentreas duasvariveis.

    Estasduascondiesdecorrelaoestoexpressasna figura12.1.Cadacrculorepresentaa varinciadeumteste,comoj sefez anterior-mente.(Aconselhamoso leitora reverrapidamenteos captulos4, 9 eprincipalmente11.A compreensoda anlisefatorialpodesermaterial-menteajudadapelacompreensodasrelaes,correlaes,mensuraoe varinciacompartilhada).Consideremosa situaodo diagramarotu-lado(A). CV1representaCapacidadeVerbal1,o primeirotestedecapa-cidadeverbal;CV2 naturalmenterepresentao segundoteste.Os doiscrculos,cadaum representandoa varinciade seuteste,sesobrepemem umagranderea.A situao comparvel da figura 11.6 do

    r'CV" CV,

    CA)

    Figura 12.1

    208

    CB)

    ,rCV,D

    captulo11,squeaquelafiguraeramaiscomplexa.No casopresente,a correlao cercade 0,90porquea maiorparledasvarinciasdosdoistestes compartilhada:cercade80por cento(r2 = 0,902=0,81).Istoquerdizerqueprovavelmenteosdoistestesestomedindoa mesma"\coisa,capacidadeverbal.

    A situaonafigura12.1. (B)bemdiferente.Nenhumavarincia compartilhada.A correlaoentreos dois testes,capacidadeverbal(CV) e dogmatismo(D) zero.Elesmedemcoisasmuitodiferentes.

    As duascondiesrepresentadasna figura12.1mostramcomqueos analistasfatoriaistrabalham,a saber,varinciacompartilhadae oslimitesdentrodosquaiselestrabalham:entrecorrelaoaltaou substan-cial e correlaozero.Elesprocuramdescobrirasunidadesqueformamabasedostestese medidasestudandoe analisandoascorrelaesentreos testes,e, partindodas correlaes,as varinciascompartilhadas.O mtododeanlisefatorialpossibilita-Ihesdescobrirasvarinciascom-partilhadasdostestesemedidasedeterminarasrelaesentreasdiversasvarinciascompartilhadas.Estaconversa bastanteabstrata.Vamossermaisconcretose especficos.

    Um exemplofictcio,masno irrealista

    Suponhamosque,comoThurstonee muitosoutros,eu estejainte-ressadoem"fatores"de capacidademental.Eu noacreditoquecapa-cidadementalsejaumacoisaunitria,um poderintelectualgeralevi-denteem todoo pensamentoe aohumanos.Antes,eu suspeitoquehaja um nmerode facetasou aspectosdiferentesde intelignciaequeosindivduosdifiramenormementeemvriasdessasfacetas.Masseitambmquehumlimite:devehaverumnmerorelativamentepequenode facetase eu queroconhec-Ia.(Umatarefadifcil, semdvida!)

    Em nomeda simplicidade,suponhamosqueo mundopsicolgicoda intelignciasejabidimensional,masqueningumsaiba.Vanlossuporqueumacientistaqueiracompreendera naturezadaintelignciahumanae que sejaespecialistaem mensuraopsicolgica,e que ela acreditaqueo "mundo"psicolgicodaintelignciatenhamaisdeumadimenso.Vamossuporaindaqueelasejaradicalemsuacrenadequequasetodosos psiclogosacreditemquea intelignciasejaunidimensionale que,sesepuderentenderqualsejaa "natureza"dessadimensoe assumindoa competnciaapropriada,os psiclogospodemmedira intelignciaepodero,como tempo,entendere conhecermuitacoisa~respeitodela.

    Antesde continuarmoscomo modelobidimensional, importanteconhecerasimplicaesdomundounidimensionalda intdigncia.Veja-

    209

  • mosprimeirosos testesde inteligncia.Suponhamosquehouvesseseistestesde intelignciapublicados.Se dermosou aplicarmostodososseistestesa umgrandenmerodepessoas,digamos300,e depoiscalcu-larmosascorrelaesentretodosos testes/l,comoseriamascorrelaes?Seriamparecidascomascorrelaesdadasna matrizde correlaesdatabela12.2.Todasascorrelaessopositivase substanciais.Todososseistestesevidentementemedema mesmacoisa,e j quesotestesdeinteligncia,estomedindointeligncia.Os analistasfatoriaisdiriamqueh umfatora serderivadoda matrizdecorrelaoda tabela12.2.Em outraspalavras,fizemosuma anlisefatorial inspecionale con-clumos,porquetodasas correlaesentreos testeserampositivasesubstanciais- e todasmaisou menosno mesmograudemagnitude-que h um fator nos dados.E estaconclusocombinacom a idiaanteriorde quea intelignciahabitaum mundopsicolgicounidimen-sional.

    Mastomemosagoraummundopsicolgicobidimensional.Comosepareceriaumamatrizde correlaoobtidaem um mundocomoesse?Vamosvoltar nossapsiclogaradicalqueacreditaqueo mundopsico-lgicoda intelignciasejabidimensional.Ela crquetodosos testesdeintelignciacriadosatagorasoinsatisfatriosporquehabitaramummundounidimensional.Poderiamsersatisfatriossea intelignciafosse,realmente,unidimensional.Ela acredita,entretanto,quenoseja;quebidimensional!A "realidade"de seu mundoda inteligncia muitodiferenteda "realidade"da crenageralde outrospsiclogos.Comopoderdemonstrarsuacrenae provarquea crenageralesterrada?

    Ela'acreditaquea "entidade"subjacentedosseistestesda tabela12.2 sejacapacidadeverbal,j queo estudocuidadosodostestesmostraque todosos seisusampredominantementeitensverbais.Isto , todos

    Tabela 12.2Correlaesentrese,stestesem um mundode intelignciaunidimensional.

    Testes

    2

    3456

    1

    1,000,620,590,810,670,502

    0,621,000,470,720,520,493

    0,590,471,000,690,610,534

    0,810,720,691,000,470,415

    0,670,520,610,471,000,526

    0,500,490,530,410,521,00

    210

    elesexigemconhecimentoverbal,manipulaoverbale raciocnioverbaLComoseriaa matrizdascorrelaessea metadedostestesexigcssc1IllJtipo diferentede conhecimento,manipulaoe raciocnio,digamos,conhecimentonumricoe ~'ltemtico?A psiclogapreparatrsnovostestes,um paramediro conhecimentomatemtico,outroparamanipu-laomatemticae o terceiropararaciocniomatemtico.Ela administraessestestee trsdos testesverbaisa umaamostrade pessoase inter-corre1acionaos seistestes.

    Se a crenageral de que inteligncia unidimensionalestivercorreta,entoa matrizcorrelaesque a psiclogaobtiverdeversermuitosemelhante da tabela12.2; isto , todosos seistestesdeveroestarpositivae substancialmentecorrelacionadosuns com os outros.Mas se a crenada psicloga,de que a inteligncia bidimensional,estivercorreta.,entocomodeveriaser a matrizde correlaes?Natabela12.3, esquerda, dadauma"matriz-alvo".Podeser tambm

    Tabela 12.3Matrizalvoe matrizobtidade correlaesseistestesde inteligncia."

    Matriz.alvob Matrizobtidac

    2

    3456 123456

    1

    1,00xxOOO 1,000,710,640,150,050,022

    1,00xOOO 1,000,580,060,110,013

    1,00OOO 1,000,14 . 0,050,104

    1,00xx 1,000,590,68(.5 1,00x 1,000,64

    61,001,00

    " Os testes1,2 e 3 sotestesverbais;os testes4, 5 e 6 sotestesmatemticos.b x: correlaosubstancialpositivapredita;o: ltorrelaopreditaO ou pertodeO.c As correlaesgrifadassoaspreditasna matriz-alvo.

    chamada"matriz-hiptese",porqueexpressaessencialmenteo que apsiclogasups.Os testes1,2 e 3 sotestesverbais;os testes4, 5 e 6so testesmatemticos.As cruzesrepresentamas correlaessubstan-ciaishipotticas,e os zerosrepresentamascorrelaesdezeroou prxi-masdezero.1 direitada tabela12.3 dadaa matrizde correlaesqueelarealmenteobteve.As correlaesgrifadas- 0,71,0,64,0,58e

    1 Na realidade,nosepodemesperarcorrelaeszerocommedidasdecapacidade,porquea maioriadelas correlacionadapositivamente,pelo menosat certoponto.Usamosumtipoesquematizadodeexposio,entretanto.paraesclarecerasidiasbsicaspor trsda anlisefatoria!'

    211

  • lIIWilll por diante- soaspreditascomosubstanciaispelamatriz-alvo.Toda:;a~outrascorrelaesdeveriamestarprximasdezero.2

    Evidentementea crenaou hipteseda psiclogaest correta.Os testes1, 2 e 3, os testesverbais,estqlpositivae substancia1mentecorrelacionadosunscomosoutros:r12=0,71,f13=0,64e r23=0,58.Os testes4, 5 e 6, testesmatemticos,estoigualmentepositivaesubstancialmentecorrelaclOnados:r45= 0,59,f46= 0,68e r56= 0,64.E, maisimportante,crucialmesmo,ascorrelaesentreostestes1,2 e 3porumlado,eostestes4, 5 e 6,poroutro,sotodasbaixasouprximasde zero.

    A evidnciada tabela12.3 fortssima.Vamossendoobrigadosacrer na validadeempricada teoriada psicloga.Um nico estudojamaisseriasuficiente;provavelmentesejaapenassugestivo.Se foremfeitos estudosmais cuidadosose controladose os resultadosforemsemelhantes,entoa crena maisobrigatriaainda.Se a teoriadapsiclogacontinuarfirmesoba crticaconstrutivae esforosdeliberadosde mostr-Iaincorretaatravsde pesquisarigorosaplanejadaespecial-menteparademoli-Ia,poderemosentoficarcompelidosaaceitara teoriae suavalidade.O pontopertinentea estecaptulo queastentativasdeusara evidnciaempricaparaapoiara teoriaexigiamanlisefatorial-ou algummtodocomparvel- porquea hipteseemestudo estrutu-ralou pode at ser chamadaespacial:em vez de uma dimensooufatordeinteligncia,hdois.

    O exemplotemaspectosbastanteimportantesparanosfazerpararpara examin-Iosrapidamente.O mais importantetem duas facetas.Primeiro,umavezqueatualmentesabemosquea intelignciatemmaisdeduasdimensesoufatores,nenhumadasteoriasestcorreta.A primei-ra teoriadiz, comefeito,queh umadimensoou fatordeinteligncia.A segundateoriadiz queh dois.Segundo,emboranenhumadasteoriasestejacorreta,uma mais"correta"do quea outra,no sentidode queestmaisprximada"verdad~",maisprximada"realidade"emprica.Assimtemsidoa histriada cincia:melhoresaproximaesda"verda-de", semcontudojamaischegara ela.

    Umaabordagemquantitativae espacialda anlisejatorial

    As matrizesde correlaodas tabelas12.2 e 12.3 forneceramaevidnciaparaasconclusesalcanadasnoexemploacima.Todoo nosso

    2 Sodadasapenasas partessuperioresdasmatrizes.Isto possvelporqueasmatrizessosimtricas,i..,suasmetadesinferiores(abaixoda diagonalda es-querdasuperior direItainterior).sedadas.mostraroas imagensespecularesdametadede cimadasmatrizes(acimada diagonal).

    212

    .~

    li.!

    li

    11

    6 523 14

    I I I I I I ,1 I ULJI I 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

    (t

    Figura 12.2

    raciocniofoi baseadonas correlaesdaquelastabelas.Os exemplosforamsimples;foramdeliberadamentepreparadosparao objetivo,damaneiramais simplespossvel.Geralmenteas matrizesde correlaonosotofavorveis,nemasteoriasehiptesestosimples.Emgrandeparte,taismatrizessocomplexasdemaisparasereminterpretadasdireta-mente.Suacomplexidadee tamanho- umestudodascorrelaesentre

    . 20 testesou variveis,nmeronomuitograndena modernape,squisacomportamental, o estudode 190correlaes!- probema interpre-taodireta.As correlaese os fatoresdizemrealmentea mesmacoisa,naturalmente,masascorrelaesgeralmentenopodemsertomadasemsua totalidade,enquantoos fatoresfreqentementepodem.A anlisefatorial,assim,reduza complexidadedascorrelaesoriginaisda tabela12.2,por exemplo,ao pontoondepodemosrepresentaros testes,comonasfiguras.12.2e 12.3. O comprimentoda linha na figura 12.2 foiarbitrriae convenientementeigualadoa 1.00,paraquecadatestetenhaum ndicede suaposiona linha ou dimenso,sendoos valoresdondicetodosos valorespossveisentree 1,00,inclusive.3

    Para obteros valoresrepresentadosna linha, as correlaesdatabela12.2 foramanalisadasfatoria1mente.Em nossoestudoanterior(.destamatrizdecorrelaiio.aprendemosquehaviaapenasumadimensoou fator.Um dospropsitosda anlisefatorialfoi determinaro valorque teriacadatestena nicadimensoda figura 12.2. Os resultadosda anlisefatorial continhamos seguif\lesvalorespara os testesde1a 6: 0,87;0,75;0,77;0,87;0,74;0,62.(Noprecisamosnospreocuparcomosclculosrealizados.)Seuslugaresnalinhaou dimensodafigura12.2soindicadospor setascomosnmerosdostestesafixados.Os seisvaloressoaltose semelhantes- nesteexemploartificiale improvvel.

    Os seisvaloresso cargasfatoriais,ndicesquemostramo graude relaoentrecadatestee a supostadimensosubjacenteou fator.Em outraspalavras,soascorrelaesentrecadatestee o fator.Quantomaisalta a cargafatariaI,maiso testerefleteou medeo fator,mais

    3 Estritamentefalll"lf'l.os valoresnossveisdeveriamincluiros valoresnegativos.Para maiorsimplicidade,vamosignorartemporariamenteos valoresnegativos.De qualquermanerra,elesnosoimportantesno estudoda inteligncia,j quequasetodasascorrelaesentreos testesde intelignciasopositivas.

    213.

  • "representa"o fator,porassimdizer.Cargasiguaisoumaioresque0,40(svezes0,30;svezesoutrocritrio)soconsideradassuficientementegrandespara merecereminterpretao.Obviamente,todasas cargasnesteexemplososubstanciais.Isso erade se esperarporquetodasascorrelaesentreostestesforamsubstanciafs.No percamosmaistempocomesteexemplotosimples.Em vezdisso,voltemosao exemplomaisrealsticode duasdimensesda tabela12.3.

    Decidimosanteriormente,pelasimplesinspecodascorrelaesdatabela12.3, quehaviaduasdimensesou fatores,porqueostestes1,2e 3 estavamcorrelacionadosuns com os outrose no com os testes4, 5 e 6 e queos testes4, 5 e 6 estavamcorrelacionadosuns comosoutrose nocomos testes1,2 e 3. E: comosetivssemosum conjuntodetestesparamedira inclinaoreligiosae outroconjuntoparamediraptidomusical.(Supomosquea inclinaoe a aptidonosejamrela-cionadas.)Vamosnos aprofundarmais.A anlisefatorial essencial-menteum mtodoparadeterminaro nmerode fatoresexistentesemum conjuntodedados,paradeterminarquaistestesou variveisperten-cema quaisfatorese emqueextensoostestesou variveis"pertencema" ou esto"saturadoscom"o quequerquesejao fator.Seanalisarmosfatorialmentea matrizde correlaoda tabela12.3, obteremosfinal-menteumatabelacomoa dadana tabela12.4.

    Na maioriados casosde pesquisareal, commaisvariveiscorrelacio-nadasdemaneiracomplexa,no possvel"ver os fatores"comoacon-teceuna tabela12.3. Em outraspalavras,os dadosda tabela12.4demonstramo bvio,o quej sabemos.Foi por issoprecisamentequeo exemplofoi manufaturad~:parademonstraro bvionumatentativademostraro que anlisefatoriale o quefaz.

    Repetindo,seascargasfatoriaissograndesou substanciais,aceita-mosqueos testesouvariveiscomosquaisestoassociadasesto"em"aquelefator.Dizemosqueo testeest"carregado"em um fator.Porexemplo,os testes1, 2 e 3 esto"carregados"no fatorA, e os testes4, 5 e 6 esto"carregados"no fatorB. Masascargasdostestes1,2 e 3no fatorB sobaixase insubstanciaise as cargasdos testes4, 5 e 6no fatorA sobaixase insubstanciais.Em anlisefatorial,tantocargasaltasquantobaixassoimportantesna interpretao.Pode-seatdizerquea situao"ideal"seriaaquepossussecargasfatoriaisaltase baixase semvaloresintermedirios.Emborararamenteocorramtaissituaes, bomlembr-Iasporqueelasdefinemfatoresntidosrelativamentenorelacionadosuns com os outros.

    A interpretaoda tabela12.4 fcil. J que 1, 2 e 3 sotestesverbais,e tmaltascargasno fatorA, e j queos testes4, 5 e 6 tmcargasbaixasem A, o fator obviamenteum fator verbal.Ns o

    Tabela 12.4Soluofinal da anlisefatoriaIdosdadosda tabela12.3.B (Matemtico)

    As cargasiguaisou ma~oresque 0,40so consideradassignificativas.Estogrifadas.

    1J,8J0,07 VerBal

    20,790,06 Verbal

    ::E

    O,HVerbal

    4-

    oJ)rn(0,77 Matemtico

    50,(120,74 Matemtk:o

    6,.i)r20,81 Matemtico

    Os dois fatoresmencionadosna tabelae denominadosA e B so"[atores"ou "dimenses"\10 sentidode Que'08 trstestesyerbaisKJe~-t~ncema um fatore trstestes11.1atemiitic;G ao outrofator.Antessabamosdisto,naturalmente;os dadosda matrizde correlaooriginalestavamto clarosquepodamosfacilmente"ver os fatores":elesforam indicadospelo padrodas correlaesrnalQrese :illlenJJres.

    (t

    (.

    cJ]J0,70,6'-

    0,5'-

    0,4 ~-

    0,3'-

    O'l-I----.L--.l.. L~~l-~L---L-L-,-LJ. Q.LA(V"b,(J-0,4-0,3-0,2 -0,1 I 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

    -0,1

    1,0'-

    -0,2

    -0,3

    -0,4~-

    Figura 12.3

    Tipo detesteB.".t','Testes

    214 215

  • Bquadrono toclaro;maisnebuloso.Defato,o exemplo irrealsticoporquetestesverbaise matemticossempresopositivamentecorrela-cionados.Na verdade,todosostestesdecapacidadesocorrelacionadospositivamentee tais correlaespositivastornamos resultadosdasanlisesfatoriaismenosclarose menosfceisde sereminterpretados.(Se,porexemplo,os testes1,2 e 3 da tabela12.3 estivessempositivaesubstancialmentecorrelacionadoscomos testes4, 5 e 6, entoo grficoda figura 12.3 seria semelhanteao da figura 12.4. Observeque osdois blocosestomaisprximosdo qUtestavam.Esto,tambm,umpoucodistantesdoseixos.Quantomaisaltasforemascorrelaesentreos dois tiposde testes,maisprximosestaroos blocos.

    O raciocnioacima,com apenasduasdimenses,se generalizouprontamentepara maisde duas,ou k dimenses.Para a maioriadaspessoas fcil visualizarduasdimenses.Muitaspodemtambmlidarcomtrs.Masquaseningumpodevisualizarquatrooumaisdimenses.Entretanto,a anlisefatorialextraihabitualmente4 e maisfatoresdematrizesde correlaoe mostraos resultadosde taisanlises.:e facil-mentepossvelter 10 fatoresemum estudo,comtodoselesortogonaisunsaosoutros,isto, virtualmenteindependentesunsdosoutros,pelomenosno sentidotcnico.Por ser totalmenteimpossvelvisualizar10dimensesortogonais,noquerdizerquenossacompreensodosfatores,seusignificadoe suainterpretao,diminuam!

    chlllllllmos,ento,"verbal".Anlisee raciocniosemelhantese aplicam110 fatorB. Ns O chamamos"Matemtico".Paraesclarecermaisaindao quediz a tabela12.4,vamosrepresentar.Isto foi feitona figura12.3.Dois eixos,A e B, foramcolocadosemqp;uloreto.Lembre-sede quedissemosqueos e~xossoortogonaisum ao outro.Os valoresemp:1-relhadosdeA e B databela12.4soentorepresentados,simplesmente.Por exemplo,o 0,83 do teste1 em A e o 0,07 do teste1 emB sorepresentadospelo pontoindicadopor "I" no grficoda figura 12.3.Oscincoparesrestantessorepresentadosde modosimilar.4

    Os blocos,1, 2, 3 e 4, 5, 6, aparecemclaramente.Estodentrodeumcrculo,no grfico.Os testes1,2 e 3 estobemprximosentresi etambmprximosdeA, e altosemA; ostestes4, 5 e 6 estoprximose altosem B. E, muito importante,os dois blocosestodistantesumdo outro.Um tipoA e o outrotipoB. Os doisfatorese os testesqueos"definem"sotiposdeentidadesmuitodiferentes.Quandoeuexaminoos trstestesdeA, paradescobrirsua"natureza",o que, euvejoquetodosos trstestessoverbais.Quandoeu examinoos testesB, poroutrolado,descubroqueelescompartilhamoperaes,processose com-preeensomatemtica.

    Esteexemplo,naturalmente, muitssimosimplificado.A maioriados domniosnas cinciascomportamentaistemmaisde dois fatores.Dificilmenteestudaramosapenasseistestes.As verdadeirascorrelaese matrizesde correlaoraramentesotofavorveiscomoestacomabela estruturaortogonalque a figura 12.3. Geralmente,ento,o

    .4 A justificativaparaestabeleceros dois eixosnos quaisrepresentaras cargasfatoriaiscomofoi feitona figura12.3baseia-seno procedimentomatemticoqueextraiou calculaos fatoresoucargasfatoriais.A naturezado mtodo tal quecadafatorextrado independentedetodososoutrosfatoresextrados.Istosigni-ficaqueosfatoresextradosestotodosemnguloreto,unsemrelaoaosoutros.(Substancialmente,por suavez,is{"significaqueosfatoressoindependentes,ouentidadesdiferentes.)Assim,se desejarmosrepresentaras cargasfatoriais,nspodemosfaz-Iousandoeixosem nguloreto, ou "ortogonais"um ao outro.

    Deveriaficar enfatizadoqueos fatorese as cargasfatoriaisda Tabela12.4e representadosna figura 12.3so "rotados".O mtodode extraofornecefatorese cargas"no-rotados",e suasmagnitudesgeralmentenosoprontamenteinterpretveis.O quea rotaofaz, alis, colocaro mximopossvelde cargasprximasaoseixosquerepresentamos fatores.Observeque,na figura12..3, ospontosrepresentadosestotodosprximosdoseixosA ou B. Na soluooriginalno-rotadaessespontosestavambastanteafastadosdoseixos.Por queos pontosdevemficar prximosdoseixos?Quantomaisprximosos pontosestiveremdoseixos,maiora magnitudedascargasnaqueleeixo;e, j que o segundoeixo ortgonal.ao primeiro,maisbaixaficara cargano segundoeixo.Notequeostestes1, 2 e 3 estoprximose assimaltosemA e ao mesmotempo,baixosemB, e igualmenteos testes4, 5 e 6 estopertoe assimaltosemB e baixosemA. Em resumo,os fatorese cargasrotadosdo soluofatorialmaisparci-moniosae interpretveldo quecargase fatoresno-rotados.

    1,0'-

    0,9

    0,8

    0,4,-

    0,3 ,-

    0,2

    0,1'-

    Figura 12.4 -0,4

    (fi

    (;)O

    ~~L-I I [ I I Ao~ 0,4O~ O~ O~ 0$ OS 1P

    216 217

  • Exemplos de anlisefatorialem pesquisa

    A discussoat aqui foi separadada realidade da pesquisa,a no

    :;cr pela breve refernciaanterior a Thurst~nee seus estudosda inteli-gncia.Na verdade,todanossadiscussotemsido estreitademaisporquefocalizou-seexclusivamenteemintelignciae na anlisefatorial dos resul-tadosde testesde inteligncia.Mas a anlisefatorial foi usadacom umaampla variedade de medidas: aptides, atitudes e valores, traos depersonalidade,variveisambientais,padresculturais, traosde honesti-dade e at caixas e xcaras de caf! Agora resumiremose estudaremostrsestudosque empregamanlisefatorial, precedidosde uma discussodas tentativasem larga escala feitas por Guilford e se~scolegasparatestar uma ambiciosa teoria sobre a estrutura da inteligncia. Foramescolhidos os trs estudos por sua variedade e possvel interesseintrnseco.

    Os estudosde Guilfordsobrea estruturado intelectoContedo

    Produto

    2

    Como j ficou indicado, h vrias teorias sobre a estrutura dainteligncia- "estrutura" significando,aproximadamente,fatorese suasrelaes.Em um extremo est a teoria que afirma que inteligncia uma dimensoampla, chamadaintelignciageral. Virtualmente nenhumpsiclogo aceita teoria to simples, embora muitos aceitema idia deum fator amplo de intelignciageralmais outrosfatores.Em um captulo

    ( anterior, vimos que CatteI 096~)),desenvolveuuma teoria na qual duas"inteligncias'"gerais so propostas: intelignciacristalizadae intelign-cia fluida.

    Talvez a mais radical das teol"assobre a inteligncia,e certamenteurna teoria controvertidae heuristicamentefrutfera, seja o modelo daestruturade intelecto(EI) propostopor Guilford (1956, 1967).Guilforddiz, com efeito, que h muitos fatores de intelignciae especificaqualdeveser sua natureza.A teoria realmenteuma organizaode fatoresem um complexosistemade categoriasconsistindode trs tipos amplosde categoriasmentais: operao,produto e contedo. GuiUord colocouessestrs princpios 0rganizadores,ou estruturais,em um grande cuboconsistindoem muitos cubos formadospelas intersecesdas subclassesdo trs princpios estruturaisgerais.

    Esta descrioabstratatalvez no nos ajude muito a compreendera idia bsica de Guilford. Vamos tomaro cubo simplificado da figura12.5, que pretenderepresentaruma teoria estrutural altamentesimplifi-cadadeintelignciacomoa de Guilford. (No h "realidade" nestafigura. apenasuma conveninciaintelectual.)A figura o cubo mais simples

    218

    Figura 12.5

    possvel,consistindoem 2 x 2 x 2 =8 cubos. Cada dimensodo cubofoi dicotomizadae rotuladaA B, I 11e 1 2. A e B representaroverbale numrico, I e TI perceptuale memria,e 1 e 2, relaese implicaes.Estes trstipos de capacidadeintelectualso chamados,respectivamente,contedo,operaoe produto.

    Pode-seusar o cubo da figura 12.5 __o o cubo de Guilford multorua!"complexo,naturalmente--- como um modelo da estruturada inte,"Hgnda, ou do intelecto. Cada cubo do modelo representaum fator.Por exemplo, AlI seria um fator com o conteldo A, operao I eproduto 1. J que h 8 cubos,h 8 fatoreg.Em outraspalavras,o cubo um modelo terico que pode ser usado para criar testes.Por exemplo,pode-se escrever trs testespara cada clula do cubo, num total de24 testes.Estes testespodem ser aplicados em um grande nlmero decrianas,podem ser intercorrelacionadose analisadosfatorialmente.

    A validade emprica do modelo se apia nos resultadosda anlisefataria!' Existem realmente 8 fatores, e sua natureza corresponde natureza"predita" pelo modelo?Alm disso,e muito importante,fatoresatagorano clescobcrtm;podemserpreditospelo modelo.Suponhamos,por exemplo, que o modelo tenha um cubo que descrevaum tipo deoperao ou capacidademental no encontradosat o momento. Porque no redigir trs ou quatro testespara medir a natureza do fatorpn~dto,aplic-Ioscom outros testesa uma amostraconveniente,analisar

    219

    (f

  • flllorllhncntcos resultadose verdepoissetestesnovosaparecemjuntos(:11I umnovofator?Foi issoqueGuilforde seuscolegasfizeram,muitasvczescomtimosresultados.Umadessasdescobertas,ou talvezconfir-

    maes, o conjuntode fatoresquese ac!editavaestarem,e que atcertopontose descobriuestarem,associados criatividade.Foi desco-berto,por exemplo,queumadiferenaimportanteentreascapacidadesdepensar o pensamentoconvergentee o pensamentodivergentee queo ltimoestrelacionadocoma criatividade.(Pensamentoconvergentetipocomumderaciocnioanalticodedutivo.Pensamentodivergenteestassociadocom a elaborao,originalidade,flexibilidade,criatividadeerespostasfluentese variadas.)

    Como foi destacadoantes,a anlisefatorial foi usadacom asaptides,atitudes,traosde personalidadee atvariveisde ambiente.Almdo mais,no necessrioqueascorrelaesquesejamanalisadasfatorialmentesejamcalculadasapenasapartirdetestes.Nosltimosanosa anlisefatorialvemsendocadavezmaisusadacomitens,paradeter-minaros fatoresnum nicQtesteou escala.Tem sido usadatambmpara analisarfatorialmenteas correlaesentreas pessoas.Daremosexemplosdasduaspossibilidadedepois.

    Em outraspalavras,o mtodo maisqueum mtodo; tambmumaabordagemno sentidodequebuscae identificarelaessubjacentesentreas variveis.Nestecontexto,os testessovariveis,os itenssovariveise atpessoassovariveis.Os exemplosqueseroresumidosrepresentam,cada um, diferentesaspectosda abordagemda anlisefatoriala problemase dados.No primeiroexemploos pesquisadores

    f buscamosfatorespor trsdaatitudeemrelaoaospretos.No segundoexemplo,pessoasforamtratadascomovariveise analisadasfatorial-mente.E no terceiroe ltimoestudoa serresumido,os fatoressubja-centesa atitudessociaisforam estudadosprincipalmentepara testarumateoriaestruturalde atituoes.

    Atitudesraciais:o estudode Woodmanseee Cook

    A maioriadaspessoasprovavelmenteconcebeo preconceitoracialcomoumfenmenounidimensional.Indivduosquediferemno graudesuasatitudesemrelaoaospretos,por exemplo,fazem-nonumasriecontnuade gostar-desgostar.Esta umavisomuitosimplificada.Naverdade,as atitudesemrelaoaospretosou a qualquergrupotnicosocomplexas.H facetasdiferentesno gostarou desgostarde pretos,judeus,russos,norte-americanosou qualqueroutro grupo.O estudocientficodasatitudes,portanto,exigeo usodealgummtodoouaborda-gemqueajudeoscientistascomportamentaisadeterminaro quesoessas

    220

    facetas.O estudoquevamosexaminaragora6 um excelenteexemplodessaabordagem.

    WoodmanseeeCook(1967),numconjuntodecstudossobreo pre-conceitocontraosnegros,~ostraraminegavelmentequetaisatitudessomultidimensionais.Semdvida,qualquerconcepsimplriade atitu-des tnicascomounidimensionaistem pouqussimoapoio da anlisefatorialda pesquisade atitude.Em seusestudos,os dois propsitosprincipaisde Woodmanseee Cook eramdeterminaros componentes(fatores)deatitudesraciais,emparticularatitudesemrelaoaospretos,e construirumaescalavlidae fidedigna,ou,maisexatamente,construirum conjuntode escalasparamedirtaisatitudes.

    Em seuprimeiroestudo,elesadministraramumaescaladeatitudesexistentes,de 120itens,a 593estudantesuniversitriosnorte-americanosbrancos,do Nordeste,Meio-Oestee Sul.No segundoestudo,revisaramaescaladeatitudescombaseno resultadosdoprimeiroestudoe adminis-trarama escalaa 609 estudantessemelhantes.O terceiroestudoseconcentrouem melhorarmaisaindaa escala,obterevidnciada fide-dignidadeevalidadedaversofinal daescalae continuara investigaodosfatoressubjacentess atitudesemrelaoaospretos.

    Vamosnosconcentrarnosresultadosda anlisefatorialde Wood-manseee Cook.Elesencontraram11fatores.O quadromultidimensionalqueelesoferecem interessantee importantetantocientficaquantopra-ticamente.Vamosteremmente,quandolermoso quesesegue,quecadafatorpodeserum mododiferentede perceberos negros,reagira eles,de ter crenasem relaoa eles.Mas antesde irmosmais adiante,precisamosver o que so realmenteos fatores.Tem havido muito'.mistrioemrelaoaosfatorese anlisefatorial.Algumascoisasquejforamditasseronecessariamenterepetidas,mastal repetiopodenosajudara compreenderfatores.

    '.

    Umadigressoexplanatria:o quesofatores?

    O que um fator, no sentidomais comum?Um fator podeserencaradocomorefletindoumadeterminadaordenaodositensdeumaescalaou teste,ordenaoessacoma qual aproximadamenteconcordaumnmerosuficientedepessoasdeumaamostraquerespondeu escala.Podeaindaserencaradocomoum subconjuntodositensdeum testeouescala,subconjuntoesseque respondidode maneirasemelhanteporumnmerosuficientedepessoas.Eis umexemplosimples.Suponhamosque seispessoastenhamqueclassificarquatroitensde atitudesocialemumaescalade seispontos;elasaprovaroou desaprovaroasidiassociaisimplicadaspelositensatravsde notasde 1 a 6, 1 indicando

    221

  • POlll)ulssimaaprovaoe 6 forte acordoou aprovao.Os itensseropalavrassoltase frasescurtasquesedescobriuseremcapazesde mediratitudessociaiscomvalidadee fidedignidade.Soelas,igualdadeparaasmulheres,controlede natalidade,proprieda~eprivada,negcios.Deseja-mosdescobriros fatoressubjacentes escaladeatitudesdequatroitens.(No se esqueade que naturalmente"usaramosmuito mais itense pessoas.)

    As seispessoasresponderamescalacomoforaindicado,resultandonasmdiasou pontosdadosna tabela12.5. A pessoa3, por exemplo,desaprovou,ou pelomenosnoaprovou,igualdadeparaas mulheresecontrolede natalidade.Deua cadaumdelesa notarelativamentebaixade2. Poroutrolado,aprovoufortementepropriedadeprivadae negcios;deu-lhes5 e 6 respectivamente.Faaumconfrontoentrea pessoa3 e apessoa6, quemostrarampadresopostos:aprovaode igualdadeparaamulhere controlede natalidadee relativadesaprovaodepropriedadeprivadae negcios.Estesprovavelmentesejamos exemplosmaisclarosdatabela.Os outrosmembrosda amostraderamrespostasmaiscompos-tase menosclaras.

    Tabela 12.5Respostasde seis pessoasa quatro itens de atitude social".

    Itens1

    234Igualdadepl

    Controle daPropriedadePessoas

    as mulheresnatalidadeprivadaNegcios(

    1 1 2422

    1 3223

    2 2564

    5 6555

    6 05346

    6 621

    " Os nmerosna tabela so as notas das seis pessoaspara os quatro referentesem uma escala de 1 a 6, 1 indicando muito pouca aprovao e 6 indicandofortssima aprovao.

    Observeagoraqueosvaloresdascolunasigualdadeparaasmulheresecontroledanatalidade"caminhamjuntos":quandohumvaloraltonaprimeiracoluna,geralmenteh um valor alto na segundae a mesmacoisaparaosvaloresbaixos.As colunaspropriedadeprivadae negciostambmtendema "caminharjuntas",emboranotoclaramentecomoasnotasnasduasprimeirascolunas.Isto significa,ento,queigualdadeparaas mulherese controleda natalidadeestopositivae substancial-mentecorrelacionadas.As correlaesso0,91e 0,81.As correlaes

    222

    entreasnotasdascolunas1 e 3 e 1 e 4 e entre2 c 3 c 2 e 4 parecemserbaixas; difcil e mesmoimpossvel,perceberpadresregularesde"caminharjuntas".

    As correlaesentreor!,paresde referentesforamcalculadas;estonatabela12.6.As correlaesformamumpadromuitoclaro,semelhan-teaopadroda tabela12.3,ondeforammostradasascorrelaesentreseistestesdeinteligncia.Igualdadeparaasmulheresecontroledanatali-dadeestoaltamentecorrelacionadas,comonossainspeoanteriornoslevoua crer.Propriedadeprivadae negciosestotambmaltamente

    Tabela 12.6Matriz de correlaesentre quatro itens de atitude social.

    Igualdadepara

    Controle daPropriedadeas mulheres

    natalidadeprivadaNegcios._---."--_._._---Igualdadepara as mulheres

    1,000,910,150,04Controle da natalidade

    0,911,00-0,23-0,11Propriedade privada

    -0,15-0,231,000,81Negcios

    0,04--0.110,811,00

    correlacionados,Evidentementetemosdoistiposdiferentesdereferentes:a amostradepessoasrespondeuaelesbemdiferentemente.Entretanto,as "correlaesentre1 e 3, 2 e 3 e entre2 e 3 e 2 e 4 sotodasbaixas,amaioriabaixae negativa.

    primeiravista,a matrizde correlaoda tabela12.6 significaqueh doisfatoressepardose distintosr,evamoscham-IosA e B. EmA h dois itens,igualdadeparaas mulherese controleda natalidade,e em B h dois itens,propriedadeprivadae negcios.Parecehaverpequenarelaoentreos doisfatores,a julgarpelascorrelaesbaixas,prximasdezero,entreosreferentesdeA e os referentesdeB (-0,15,0,04,-0,23,e -0,11).Diz-sequeos fatoressono-correlacionados,independentesou ortogonais.Soduasentidadesseparadase distintas.Sefizssemosuma"anlisefatorialdamatrizdecorrelaodatabela12.6,obteramoso mesmotipodeestruturafatorialquevimosna tabela12.4e na figura12.3.

    Os fatoresnosomaisdo queisso.Elessodefinidospelascorre-laesentreostestesouescalas.Seosresultadosdosindivduosemitensou testes"caminhamjuntos";ento,namedidaemquehajacorrelaessubstanciaisentreeles,estdefinidoum fator.A naturezadosfatores

    ~23

  • ddiniJa pelospesquisadoresatravsdeumestudodostestes,escalasouitenscom cargasaltasnos fatores.O resultadofinal de uma anlisefatoria!dascorrelaesda tabela12.6, a matrizfatorialrotada, dadona tabela12.7.Por estatabelao pesquisadorpodetentardeduzirquala naturezadosdoisfatores.Nestecaso,emb'uraa evidnciasejafrgil-squatroitens,comdoiscarregadossubstancialmenteemcadaum dosdoisfatores- no difcil deduzirqueo fatorA um fator liberal,j quesuasduascargasaltasseroassociadasa doisitens,igualdadeparaas mulherese controleda natalidade,queexpressamidiasgeralmenteadotadaspor liberais.Dispondode evidnciaconsideravelmentemaior,ento,poderamoschamarao fator "liberalismo".Os itenscomcargassubstanciaisno fatorB, propriedadeprivadae negcios,expressamidiasadotadasgeralmentepor conservadores.Podemosmuito bem, ento,chamarao fator"conservadorismo".

    propriedadeprivadae negciospossamserapenasaspectossuperficiaisdeumfatormaisfundamentaldoqueconservadorismo,o nomeadotadoparao fator.Terceiro,osresultadosdaanlisefatorialpodemserinvali-dadospor dificuldadese deficinciastcnicas.A anlisefatorial com-plexae temproblemastcniUascomplexos.Por exemplo,freqentemente difcil saberquantosfatoresexistememumconjuntodedados.Seforextradoo nmero"errado"de fatores,os dadospodemlevar a con-fuses.Emboraoscomputadorese programasdecomputadorespossibili-temfazeranlisefatorialbastantesimplesmente,elesnodo,entretanto,umarespostarealmentesatisfatriaao problemado nmerode fatores.

    Em todocaso,deveramosestaragoraemmelhorposioparaler ecompreendero estudodeWoodmanseee Cooke osoutrosestudosresu-midosabaixo.Assim,voltemosa Woodmanseee Cook.

    Tabela12.7Matriz fatorialrotada:resultadode anlisefatorialda matrizdecorrelaoda tabela12.6.

    Esteexemplomuitssimosimplificadonodeverianoslevara crerqueosfatoresso"realidades"equesemprefcil interpretarresultadosdeanlisefatoriale darnomeaosfatores.Ao contrrio,svezesmuitodifcil. A nica"realidade"cientficaqueos fatorespossuemvemdascorrelaesentretestesouvariveissendoanalisados.As cargasfatoriaisobtidasso, com efeito,reduesde dadosmuito mais complexosatamanhosmanuseveisparaqueo pesquisadorpossainterpretarmelhoros resultados.

    A interpretao,entretanto,semprepodeestarerrada.Primeiro,umacargafatorial substancialpodeacontecerpor acaso.Assim,o analistapoderestartentandointerpretarumresultadoininterpretvel.Segundo,um pesquisadorpodesimplesmenteseenganarquandodeduzira "natu-reza"de um fator.Podeserqueemdeterminadaanlisefatorial,itensou'testesoutrosque os usadossejammais fundamentaisdos que osrealmenteusados.Nestecasoos itensusadospodemser apenasumaspectosuperficialdo fator.E bempossvel,por exemplo,queos itens

    Itens

    Igualdadeparaas mulheresControleda natalidadePropriedadeprivadaNegcios

    FatoresA

    0,940,94

    -0,25-0,10

    B

    0,130,000,830,87

    Voltaa Woodmanseee Cook

    Lembre-sede queWoodmanseee Cookencontraram11fatoresoudimensesdeatitudesemrelaoaosnegros.Nossoobjetivo entenderanlisefatoriale fatorese noa substnciacomplexadosresultadosdeWoodmanseee Cook. Vamos,portanto,tomarapenasquatrode seusfatoresparatentardescobriro queelespodemsignificarparapodermoscompreendera importnciada anlisefatorialna pesquisacomporta-mental.Suponhamosqueumpsiclogosocialestejafazendoumapesquisasobrea mudanadeatitudesemrelaoaosnegrose preparaumexperi-mentobemconcebidoparafaz-h Suponhamosqueeleacreditequeasatitudesemrelaoaosnegrossejamumavarivelrelativamentesimples,consistindode idiasestereotipadassobreos negrose que ele queiratransformaressasidias me percepesmais acuradas.Sua variveldependente,querefleteo queelequermudar, entoesteretiposdenegros.Suponhamos,ainda,quesuapesq~isanotenhasucesso,isto,suasvariveisindependentesnotenhamefeitosobrea variveldepen-dente.

    Se diversospsiclogosfizeremexperimentossemelhantescom osmesmosresultados,poderoconcluirqueasatitudesemrelaoaosnegrosno podemser mudadas.Esta afirmativa,naturalmente,podeno serverdadeira.Uma afirmativamaisexata: "Os esteretiposemrelaoaosnegrosnoforammudadose podeserdifcil ou mesmoimpossvelmud~los.O ponto queo pesquisadortirou umaconclusosobreasatitudesemrelaoaosnegrosbaseadona evidnciaobtidasobreeste-retiposde negros.Os esteretipossoapenasumapartedasatitudes,umadimensooufator(emesmoestaafirmativapodenoververdadeiraporqueos prpriosesteretipospodemter maisde,um fator).Assim,

    224 225

  • PUMiivelque relatosde queestavarivelindependenteno tenhatidolIellhum efeitosobreaquelavarivelsejamdeficientes,porque"aquelavarivel"talvezno sejade fato "aquelavarivel",mas apenasumaspectodela.

    O fatorA de Woodmanseee Cook,dPolticade Integrao-Segre-gao",comoo nomeindica,centralizou-senas posiesdos sujeitossobrea conveninciada segregaoe integraoraciais.Os itensdofatorB expressavam"AceitaoemRelacesPessoaisfntimas":atondeos sujeitosaceitariamnegrosem relaesrelativamententimasinter-pessoais?O fatorC, "InferioridadedoNegro",temsidotradicionalmenteassociados atttudesem relaoaos negrosno sentidoem que taisatitudesfocalizaram-sena percepodos negroscomoinferioresaosbrancos.(Outrofator."Opiniesaviltantes".relacionou-seintimamentecom o Fator C.) O fator D, "Superioridadedo Negro", um poucosurpreendente.Seusitensatribuamcaractersticasquefaziamos negrossuperioresaosbrancos,por exemplo:"Eu achoqueos negrostmumaespciede coragemsilenciosaquepoucosbrancostm".

    Comosfatoresrestantesnoprecisamosnospreocupar.A questoquea anlisefatorialdasintercorrelaesdegrandenmerodeitensqueWoodmanseee Cookusarammostraramqueas atitudesemrelaoaosnegrosconstituemum domniocomplexode 11 facetasou fatoresquerefletemvriosaspectosde atitudesemrelaoaosnegros:integraoesegregao,relaespessoais,inferioridadedo negro,superioridadedonegro,e outras.Se algumquiser,por exemplo,mudaras atitudesemrelaoaosnegros,terquedecidirqueaspectosdetaisatitudesdeverosermudados.Certamenteas atitudesemrelaoaosnegrosestolongede serumavarivelunidimensionalsimples.Seuestudoe compreensorequerem,obviamente,uma abordagemmultidimensional.

    Percepesdo comportamentd-doprofessor:correlaesentreindivduos

    J ficou dito que as respostasde indivduosa um instrumentoIpodemser intercorrelacionadase analisadasfatorialmente.Estaaborda-gem pesquisacomportamentalchama-semetodologiaQ (Stephenson,1953). umaabordageminteressantee potencialmentepoderosa,princi-palmenteempsicologia.Suaferramentabsica o Q-sort,um maode40 a 100 cartes,nos quaisos itensso datilografadosou pintados.(Desenhose figurasabstratas,porexemplo.)Os indivduossoinstrudosa arranjaremos cartesseparando-osem 10 ou maispilhasconformediversoscritrios:gostar-desgostar,aprovar-desaprovar,parecidocomigo- no parecidocomigoe assimpor diante.So atribudosvalores.diferentesa cadapilha- geralmentede O a 7, 8, 9 ou 10- e esses'

    226

    nmerosso usadospara iritercorrelacionaros conjuntosde respostasdosdiferentesindivduosunscomos outros.

    Em outras-palavras,a metodologiaQ focaliza-seprincipalmentenascorrelaesentreos indivduos.Se,por exemplo,doisindivduosrespon-dema umaQ-sortcujositert~soitensdeatitudes,digamosatitudesemrelaoaosnegros,e se a correlaoentreos arranjosfeitospor elesfor alta, entosuasatitudesem relaoaos negrosso semelhantes.Alm disso,seum nmerosuficientede indivduosrespondeao mesmoQ-sort,asrespostasaoQ-sortpodemserintercorrelacionadaseanalisadasfatorialmente.Os fatoresresultantesso chamadosfatoresde pessoas(personsfactors).Vamosexaminarresumidamenteum estudoqueusouestainteressanteabordagem.

    Sontag(1968),paraestudara relaoentreasatitudesdosprofesso-,resemrelao educao,suavarivelindependente,e suaspercepesdoscomportamentosde professores,suavariveldependente,construiuumQ-sortparadescreveroscomportamentosdosprofessores.Algunsdositenssodadosabaixo.Sontagacreditavaqueos julgamentosdospro-fessoressobrea desejabilidadedosdiversoscomportamentosdeprofesso-res influenciadapor suasatitudesbsicasem relao educao.Por exemplo,um professorcujasatitudesso"progressistas"conside-rariaumcertoconjuntodecomportamentosdeensinodesejvel,enquantoqueumprofessor"tradicional"considerariadesejveloutroconjuntodecomportamentos.

    De fato,Sontagdescobriuqueprofessoresprogressistase tradicio-nais,medidospor outrosinstrumentoplanejadoparamedirtaisatitudes,discordavamemsuaspercepesdecomportamentosdesejveisdeensino. ,.Nosso interesse,entretanto,se concentraapenasnos fatoresque eleobtevecomo Q-sortde comportamentode professor. possveldeter-minarositensdeumQ-sortaosquaisaspessoasdeumfatordepessoa--pessoasque se correlacionamaltamenteumascom as outras- tmreaescomunsou semelhantes.

    Sontagdescobriuquatrodetaisfatorestantono primeirocomonosegundograusdeensino.Itensselecionadosdosarranjosfatoriais,associa-dos como ensinode professoresde segundograu,juntamentecomosnomesque Sontaglhesdeu,sovistosna tabela12.8.

    O leitor poder talvez fazer uma idia da naturezadessesfatoreslendoos itensalgumasvezes."Preocupaocomos Estudantes"est obviamentecentralizadono aluno: para os professoresqueachamessescomportamentosdesejveis,as necessidadese pontosdevistados alunosparecemsoberanos."Estruturae Assunto",por outrolado,estcentralizadonascoisasensinadas:paraos professoresqueosachamdesejveis,o conhecimento,a competncia,a disciplinae oplanejamentoe estruturl'do ensinoparecemimportantes.A anlise

    227

  • fuloriul duspercepesdaspessoassobreoscomportamentosdeensinar,110 esludode Sontag,resultouempreciosa,compreensodasdiferentespercepesdo ensino.

    'Tabela12.8ItensselecionadosdearranjosdefatiLresdecomportamentodeensinodesegundograu,estudode SontagcommetodologiaQ.

    "ApresentaoGeraldo Assunto"Apresentaaulasbemplanejadas.Em suasapresentaesmostrabomconhecimentodo assunto.Aproveita-sedo interessedo alunoao prepararas aulas.

    "Preocupaocomos alunos"Mantmsuaspromessascomos alunos.Ensinaos alunosa seremsensveissnecessidadesdosoutros.Mostrainteressepelopontodevistadosalunos.

    "Estruturae Assunto"Transmiteaosalunoso quantogostadoassunto.Despertaa atenodosalunosduranteasaulas.Em suasapresentaesmostrabomconhecimentodo assunto.

    "Normase Regras"Enfatizao respeitopeloscolegastantoquantopeloprofessor.Ajudaosalunosa seremconstrutivamentecrticosemsuaabordagendoassunto.Ensinao respeitopor todosos grupostnicos.

    Testandoumateoriadeatitudessociais

    Dcadasatrshouvemuitapesquisasobreas atitudesgeraisouideologiasdo conservadorismoe liberalismo.Estesconjuntosdeatitudes"existem"realmente?B possvelcategorizarpessoas,escalase itenscomo"conservadores"e "liberais"?Algunspsiclogosparecemacredtarqueatitudessociaissocomplexasdemaisparaquepermitamserassimcategorizadas.Mais importante,h exceesdemais.Por exemplo,muitagenteadotaurnamisturadoquepodeserchamadopontodevistaconser-vadore liberal.Alm do mis,algunscientistassociaisacreditamquemuitaspessoassimplesmente"notm"atitudes,por terempoucoconhe-cimentode questeseconmicas,polticase educacionais.

    Minhasprpriaspesquisas(Kerlinger,1972b;Kerlinger,Middendorp& Amn,1976)parecemindicarque,semdvida,o conservadorismoe oliberalismo"existem",nosentidodequeitensefatoresdepessoasconser-vadorase liberaisforamrepetidamenteencontradosempartesdiferentesdos.EstadosUnidoseemdoispaseseuropeus.O quadromaisoumenoso seguinte:os liberaisacreditamqueos programasde bem-estarsocialdeveriamserfortes,quenegrose mulheresdeveriamteriguaJdadetotal,queas rendasdeveriamser taxadasprogressivamente,queos negciosdeveriamser regulamentadose que deveriaserpermitidos mulherespraticaro aborto,sedesejarem.Os conservadores,por outrolado,cnfa-

    228

    II

    I~,

    \

    ,/

    tizama importnciadareligioe daigreja,expressamf no capitalismo,na propriedadeprivadae nosnegcios,adotama disciplinae o devereacreditamque as relaessociaisdevemse apoiarna autoridade.Hmuitasexcees,mas este~.dois quadrosem geral se conformam"realidade"da pesquisa.So muitomais complicadosainda.natural-mente,masasdescriesgeraissoexatas.

    Do ponto de vista do presentesumrioda pesquisa,entretanto,existeoutracrenapopular- endossadatambmpor cientistassociais- quetemimplicaestericaseprticasimportantes:queo liberalismoe o conservadorismoforamumanicadimensodeatitudessociais,comliberaisextremos,atradicais,deumlado,e conservadoresextremos,atreacionrios,do outro. Da mesmaforma, os conceitossociaise asquestesestodentrodestanicadimenso.Naturalmenj:eh cientistassociaisqueacreditamqueasatitudessociaissomaiscomplexas,quehvriosfatoresdo liberalismo-conservadorismo.Entretanto,osvriosfato-ressoaindaconcebidoscomocontendoquestese crenastantoliberaisquantoconservadoras.Em outraspalavras,o conservadorismoe o libe-ralismosoconsideradoscomoqueapoiadosemumamesmadimenso,ou nicasdimenses,quetmtantoquestesconservadorasquantolibe-rais (ougente)nasmesmasdimenses.Nestepontodevista,conservado-rismoe liberalismo,conservadorese liberais,soconcebidoscomoopos-tos: o queum aceitao outrorejeita. a issoquese chamaconcepobipolar.Uma dimensobipolar a que temduasextremidades,umapositivae outranegativa.

    Anos atrsquestioneiessasidiasporqueos resultadosde minhaspesquisaspareciamcontradiz-Ias,ou no mnimolanarsriasdvidas '"sobreelas. Depois de trabalharcom essasidiase pesquisarmais,publiqueio quechameiteoriadeatitudesdosreferentescriteriais(crite-riaZrelerentstheory01attitudes)(Kerlinger,1967).Essateoriapodeserchamadaumateoriaestrutural,porqueeli,boaa estruturafatorialgerale algumasdascaractersticasdasatitudessociais.Contradiziaa validadeda concepobipolardasatitudessociaise diziaqueo conservadorismoe o liberalismoeram"ideologias"separadase distintas,ou grandesconjuntosdecrenas,nonecessariamenteopostasuma outra.(O radi-calismode direitaou de esquerdafoi excludodeconsiderao,emboraficasseditoqueasatitudespodemserbipolaresno quadroderefernciado radicalismo.)Isto significaque h conjuntosde indivduosquetm atitudespredominantementeconservadorasou predominantementeliberaisemrelaoa questessociais,masqueindivduosconservadoresnoseopemnecessariamentea colocaesliberais,e indivduosliberaisnoseopemnecessariamentea colocaesconservadoras.Em resumo,negadaa crenacomumdebipolaridadee afirmadaumavida distintaeseparadatantoparao liberalismoquantoparao onservadorismo:

    229

  • Tabela12.9Fatores de atitude social, itens referentese cargasfatoriais, amostracombinadade Carolina do Norte e Texas, N = 530'.

    As cargasso dadasentreparnteses.As cargas0,30ou maioresforam conside-radas significativas.Os dois referentesentreparntesesso um item L carregadoem um fator C e um item C carregadoem um fator L.

    amostrasdo Texase Carolinado Norteforamcombinadasparaformaruma amostragrande(N = 530), dandoassimrcsultadosde anlisefatorialde maiorconfiana.(A anlisefatorialexigeamostrasgrandes,principalmentepor causados errosde mensuraoc muitasvariveisestaremsendoanalisadas.)(bs resultadosda amostrade Nova Iorque

    A koria muitomaior,naturalmente,masisto suficienteparailuslrar o usodaanlisefatorial,nestecasoparatestarumateoriaestru-jural de atitudes.A teoriafoi testadaum certonmerode vezesnosEstadosUnidos,usandoescalasde atitudesqueconsistiamde itensdesentenas- por exemplo,"A primeirapr6cupaode qualquersocie-dade a proteodosdireitosdepropriedade"(conservadora)e "f:pre-cisohavercontroledenatalidademaisefetivoseo mundoquiserresolverseusproblemassociaisepolticos"(liberal)- e itensreferentes(palavrase frasescurtasexpressandoidiassociais)- por exemplo,"propriedadeprivada","competio"(conservadoras)e"igualdade","medicinasociali-zada" (liberais).As escalasforamaplicadasa grandesgruposde indi-vduosempartesdiferentesdopase ascorrelaesentreos itensforamanalisadasfatorialmente.

    Os resultadosdas anlisesfatoriaisforamaltamentesemelhantesemquasetodasas amostras.Foramobtidosseisou maisfatores,e namaioriadoscasositensliberaisapareceramjuntosem certosfatoreseitensconservadoresapareceramjuntosemoutrosfatores.Os dois tiposde itensraramenteapareceramjuntosnos mesmosfatores.J que osfatoressorelativamenteindependentesunsdosoutros,parecequelibe-ralismoe conservadorismo,conformedefinidospelositens,soentidadesseparadase distintas.Almdisso,umachamadaanlisefatorialdesegun-daordem,umaanlisefatorialdascorrelaesentreos prpriosfatores,mostrouqueos fatorescomitensliberaiseramcorrelacionadospositiva-mentee igualmenteos fatorescomitensconservadores.Houvepoucaevidncianessesestudosdebipolaridade,isto, itensliberaisaparecendocom cargasnegativasem fatoresconservadorese itensconservadoresaparecendocom cargasnegativasem fatoresliberais.Os estudosQtambmapoiaramos resultadosacimasumarizados.A teoriaestrutural,ento,pareceserapoiadapelaevidnciadessesestudos.

    Paradar ao leitorumaiCiadosresultadosobtidosnessesestudos,os arranjosfatoriaisde um dos maisrecentesdeles(Kerlinger,1972)sodadasna tabela12.9. O principalpropsitodo estudofoi testarateoriados referentescriteriaisdescritaacima,usandoos prpriosrefe-rentescomoitens.Outro propsitofoi entendermelhora naturezadasatitudessociaisdeterminandoatravsdaanlisefatorialosfatoressubja-centess atitudessociais.Os dadosda Tabela 12.9 servema estepropsito.

    Umaescaladeatitudessociaisde7 pontose 50 itensdepalavrasefrasescurtas(vejatabela12.9), todaspresumivelmenterelacionadasaatitudessociais,foi administradaa amostrasdeestudantesps-graduadosemeducaoemNova Iorque,Carolinado Nortee Texas.Emboraosdadosde cadaum dessesestadosfossemanalisadosseparadamente,as

    f

    i~

    Fatores conservadores

    Religiosidade

    Religio (0,78)Igreja (0,73)F em Deus (0,72)Cristo (0,69)Ed. religiosa (0,57)Ensinamentodevaloresespirituais (0,53)Padres morais emeducao(0,36)Patriotismo (0,33)

    Fatores liberais

    Direitos civis

    Negros (0,60)Dir. civis (0,57)Integraoracial (0,57)Judeus (0,46)Desagregao(0,43)(Pureza racial (-0,37

    Tradicionalismoeducacional

    Contedo (0,59)Educaocomo treinointelectual (0,52)Disciplinaescolar(0,44)Grupos homogneos(0,30)

    Educao centralizadana criana

    Interessesda crian\!l(0,56)Currculo centradona criana (0,54)Personalidadedoaluno (0,54)Auto-expressodascrianas (0,47)Interaodos alunos(0,44)Liberdade da criana(0,37)

    Conservadorismoeconmico

    Livre empresa(0,62)Imveis (0,53)Propriedadeprivada(0,43)Capitalismo (0,37)Soberanianacional (0,30)(Conhecimentocientfico (0,30

    Liberalismo social

    Seguranasocial (0,53)SupremaCorte (0,50)Ajuda federal paraa educao(0,49)Medicina socializada(0,47)Naes Unidas (0,43)

    "

    230 231

  • " .

    1'01'1111I usadosparacompararcomosresultadosdasamostrascombinadasJo Texase Carolinado Norte. Estamospreocupadosapenascom aamostracombinada.Os dadosforamanalisadosfatorialmentee foramextradosseis fatoresdas intercorrelaes(~os50 itensreferentes.Osresultadosda anlisefatorialestodadosna tabela12.9.

    Trs dos seis fatorestinhamitensconservadores,segundoforapreviamentedeterminado,e trsfatorestinhamitensliberais,tambmsegundodeterminaesprvias.Esta determinaode liberale conser-vador,naturalmente,importante.Os julgamentosforamfeitoscombasena literaturasobrepesquisasanterioresemconservadorismoe liberalis-mo (Hartz, 1955; Kirk, 1960; Rossiter,1962),pesquisasanteriores,antologiasde medidasde atitudes(Robinson,Rusk & Head, 1968;Robinsone Shaver,1969; Shaw & Wright, 1967),e experinciaeconhecimento.No difcil ver que livre empresa,religioe contedosoreferentesconservadorese quedireitoscivis, igualdadee medicinasocializadasoreferentesliberais.Em todocaso,a maioriadosreferen-tes designadoscomoconservadorese liberaisresultaramser empirica-mente"corretos',no sentidode quese agrupavamemfatorespredomi-nantementeconservadoresou liberais,comoforapreditopelateoria.

    Vale a penaestudara tabela12.9.Noteprimeiroque,comapenasumaexceo,purezaracialno fatorDireitosCivis,noh cargasnega-tivasna tabela.Segundo,todosos itensem qualquerarranjofatoriaIou so conservadoresou so liberais,masno ambos.Por exemplo,todosos itensdo fator"LiberalismoSocial"soitensliberais,enquantoquetodosos itensno fator"ConservadorismoEconmico"soconser-vadores,comumapossvelexceo,conhecimentocientfico.

    Terceiro,e maisimportantedo pontodevistadestecaptulo,noteo temacomumo carterde cadafator.Voc concordacom o nomedado?Tem nomemelhor?N:>te,por exemplo,queum item,segurananacional,noseencaixadireitono fator"ConservadorismoEconmico"..Ento,"ConservadorismoEconmico"no correto?(Nemsempreseconseguemfatores"perfeitos",naturalmente).Conhecimentocientficopareceno combinar.A coisaprincipala notar,entretanto, que amaioriadositens,svezestodos,participamdeumaidiacentral,algumncleodesignificadodeatitudequepossibilitaidentificaro fator.Almdo mais,j que os primeirostrsfatoresparticipamda caractersticageralde teremitensconservadores,pode-seespecularque existeumfator"geral"de conservadorismo.Da mesmaforma,talveznosltimostrsfatores,cujositenssotodosliberais,definamum fator geraldeliberalismo.A evidnciadesteestudoe outros,mesmona Espanhaena Holanda,ondeforamfeitosestudossemelhantes(Kerlinger,Midden-dorp & Amn, 1976)indicamque assim.

    232

    J

    1I

    Anlisefatorial:uma apreciao

    Os cientistasbuscamexplicaesparaos fenmcnos.Comodcstaca-mosvriasvezes,nestelivra,a nicamaneirad,eexplicaralgumacois

  • 1t'1I!lIl1do compreenderatitudessociais.Sem anlisefatorial, natural-11Il:Il!C, essastentativastericase empricasde compreenderfenmenoscomplexosseriamimpossveisou no mnimo,muitssimodifceis.

    A anlisefatorial, ento,um instrumr:ntobsicoda cinciacom-portamental,concebidoinicialmenteapenascomoinstrumentoexplora-trio,um mtodopara"descobrir"ou "encontrar"fatores,e queagorasabemosser muito mais.Agora ns a concebemose a usamosparatestara validadeempricade teoriasfundamentalmenteestruturaisoutaxinmicas.Comotal, fundamentale indispensvel.~umaabordagemimportantssimae uminstrumentoanalticoparacompreendero materialbsicode umacincia:seusfenmenose suasvariveis.

    (.

    234

    13.A abordagemmultivariada:correlaocannica,anlisediscriminantee anlisede estruturasde covarincia

    (.

    A maiorparteda discussoda pesquisanestelivro foi dominadapelaidiadeumavariveldependente.Voltando.discussodosexperi-mentos,vamosnotarqueumanicavariveldependente,um s efeitofoi influenciadoporumaou maisvariveisindependentes.Pode-sedizerquea maioriadaspesquisasnascinciascomportamentaisteveapenasumavariveldependente,ou pelomenosumavariveldependenteporvez. At o mtodode regressomltipla,com suasmuitasvariveisindependentes,temapenasumavariveldependente.(A anlisefatorialdiferente:geralmentenopensamosemvariveisdependentesou inde-pendentesem estudosde anlisefatorial,emborapossamospensar,sequisermos.)Ficamosento,limitadosa apenasumavariveldependente?No,deformanenhuma.

    No h motivoparanoestendermosnossainvestigaoa maisdeumavariveldependentee maisdeumavarivelindependente.s vezesh motivosprticosimperiososparalimitarmoso nmerode variveis"em pesquisa,mas,pelo menosconceitualmente,no precisamosnoslimitartanto.Na verdade,podemosconsiderartodapesquisa,noimpor-tamquantasvariveise de queespcie,comosendocasosespeciaisdocasogeralnicodek variveisindependentese m variveisdependentes,k e m sendoquaisquernmeros.A p~squisamultivariada, ento,aquelaemquehajamaisdeumavarivelindependenteou maisdeumavariveldependente,ou ambas.O termousadocomumente "anlisemultivariada",que umafamliade formasde anlisesemelhantesanlisederegressomltipla,squehmaisdeumavariveldependente.Nestelivro, vamosconsiderartambma regressomltiplacomoparteda famliada anlisemultivariada,emboraapenascomumavariveldependente.

    Semdvida,os mtodosmultivariadossocomplexose, s vezes,difceisdeentender,empartepor causadosterrveisaparatosdesmbo-los matemticose estatsticosque o estudanteem potencialtemquesaber.O idealseriaqueseconhecesseo clculodiferencialparacompre-endera regressomltiplae outrosmtodosmultivariados.Mas pode-se

    235