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XX 140 07/08/2012 * Templo religioso é à prova de roubo em Minas - p. 01 * Violência e maus-tratos contra mulheres crescem quase 40% no Brasil- p. 06 * A importância histórica do Supremo - p. 26

07 de agosto de 2012

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XX 140 07/08/2012

* Templo religioso é à prova de roubo em Minas - p. 01

* Violência e maus-tratos contra mulheres crescem quase 40% no Brasil- p. 06

* A importância histórica do Supremo - p. 26

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Interditada há cinco meses pelo Corpo de Bombeiros e Ministério Público do estado (MPE), a Matriz do Santíssimo Sacramento, em Jequitibá, na Região Central, a 104 quilô-metros de Belo Horizonte, começa a receber os primeiros sinais de salvação. E, com eles, vai se tornar a primeira de Minas a ser preservada dentro do conceito de igreja segura, que contempla o restauro, conservação das imagens, instala-ção de equipamentos de segurança – alarme , elaboração de inventário das peças, restrição a filmagens e fotografias e até detalhes bem simples, como definição de quem ficará com a chave da porta principal. Ontem, seguindo determinações técnicas do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Ar-tístico (Iepha/MG), foram iniciadas as obras de escoramento da construção do início do século 19, custeadas pela pre-feitura local, para alegria e alívio do padre Evandro Alves Bastos, há um ano à frente da paróquia, e da comunidade ca-tólica. “Este é um símbolo da região, um marco da cidade e um ponto importante da história mineira”, afirmou o padre.

A história da preservação da igreja começou com o rou-bo da pia batismal, conta o coordenador da promotorias de Justiças de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico, pro-motor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda. “No ano passado, conseguimos recuperar a peça sacra, mas, quando vimos o estado de degradação da matriz, achamos melhor devolvê-la quando o templo estivesse seguro e em condições de recebê-la”, diz o promotor. Ele explica que a restauração da matriz de Jequitibá é um marco no estado, pois houve entendimento entre o MPE, Iepha, paróquia e bombeiros. “Dividimos as responsabilidades e a prefeitura arcou com os custos dos serviços emergenciais, depois de firmarmos um termo de compromisso. A paróquia também assinou um ter-mo se comprometendo a zelar pela segurança”, disse Mar-cos Paulo.

De acordo com informações do Iepha, está em anda-mento o processo de licitação para elaboração do projeto de restauro da igreja, embora sem data para começar. A expec-tativa é de que a intervenções emergenciais fiquem prontas em três dias, disse, na tarde de ontem, o encarregado de obras da prefeitura Edir Ferreira da Silva. Conforme o croqui, se-rão colocadas nove escoras de madeira (eucalipto) na lateral direita da matriz, que está visivelmente torta. “O trabalho evitará problemas maiores durante as próximas chuvas”, ex-plicou Edir. Ao lado, um velho conhecedor dos percalços da construção. O pedreiro Nelito Marques de Oliveira, de 45, voltava no tempo e se lembrava de 30 anos atrás, quando tra-balhou na última restauração. Ele não se esqueceu também da enchente de 1997, que subiu vários metros na praça e dei-xou a igreja apenas com o telhado de fora. Tempos depois, foi feita apenas uma limpeza do prédio.Comoção

“Esta igreja é importante para todos nós. Espero que agora deem conta de arrumá-la, pois é muito bonita e sempre

teve festas, com muita gente”, disse Nelito. Entusiasmado, o padre Evandro disse que vê a reforma da igreja como uma grande missão. E, ao falar do afeto que a comunidade tem com o bem cultural e religioso, fica comovido. “Antes de fechá-la, conversamos muito com as pessoas, mostrando os perigos na estrutura física e a necessidade de um projeto de recuperação. O prédio está caindo, a parede entortou e os cupins tomaram conta das madeiras. Os paroquianos cho-raram muito, mas acabaram entendendo a situação”, diz o padre, que celebrou a festa do padroeiro – o Santíssimo Sa-cramento é Jesus Cristo na eucaristia e representado pelo ostensório “guardado num cofre a sete chaves” – na rua e vem celebrando missas no salão paroquial e na Capela do Rosário, com aumento dos horários.

Para não deixar os fiéis longe de suas imagens e para-mentos da igreja, o padre tomou outra decisão sábia. Vem promovendo exposições das peças sacras na casa paroquial, numa distribuição por temas. “Na segunda semana de se-tembro vamos mostrar apenas as imagens das santas”, ex-plicou, lembrando que já houve apenas de São José, uma delas, a de São José de Botas, atribuída a Antonio Francis-co Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814). Dentro da igreja, ele mostra o piso de ladrilho hidráulico que está com desníveis, a viga de madeira devorada pelos insetos, trincas e outros problemas. Embora sem elementos artísticos muitos ricos, padre Evandro destaca o estilo particular das talhas e mostra, na sacristia, um altar que pertenceu a uma capela que havia no cemitério, dos tempos ainda, ao que tudo indica, erguida por Pulquéria Maria Marques, que se estabeleceu na região depois de receber uma sesmaria dos reis de Portugal. Junto com o padre João Marques, ela iniciou a construção da igre-ja, que é tombada pelo Iepha desde 1979. Alegria e fé

Ao ver o movimento de trabalhadores diante da igreja, muitos moradores de Jequitibá se animaram. Ministra da eu-caristia, a dona de casa Olívia Bernardes Machado Saturni-no, de 78, está certa de que agora a obra de restauração vai dar certo. “Importante é pouco”, referiu-se à matriz, conside-rado por ela como “espaço de fé e acolhimento e onde toda a família sempre esteve presente”. Moradora de um casarão colonial, bem ao lado do Santíssimo Sacramento, Nina Rosa Saturnino, de 81, também se mostrou feliz com o início das obras. “Se Deus quiser, vamos ter de volta, recuperado, o nosso patrimônio maior.” MEMÓRIA: Quase capital de Minas

Jequitibá, com população atual de 5 mil habitantes, surgiu na rota dos bandeirantes por volta de 1670, sendo um dos 10 primeiros municípios mineiros fundados, nessa época, por Borba Gato. Nos primórdios, pertencia a Saba-rá, mas em 1869 foi incorporada a Sete Lagoas. A emanci-pação veio em 1948 e a instalação aconteceu no dia 1º de janeiro de 1949. O município é formado por 21 povoados e

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o distrito chamado Doutor Campolina, ex-Lagoa Trindade, comunidade negra que se destaca por ter sido um quilombo. Segundo os estudiosos, a capital de Minas quase foi trans-ferida de Ouro Preto para Jequitibá – em 1867, o deputado Agostinho Francisco de Souza Paraíso conseguiu aprovar na Assembleia Legislativa da província uma lei autorizando a transferência. No entanto, o então presidente da província na época, José da Costa Machado de Souza, vetou a lei, ale-gando precariedade do Tesouro Estadual e dificuldades que a mudança acarretaria. O nome está relacionado a uma espé-cie vegetal denominada Jequitibá (Cariniana estreclensis) e tem como denominação popular jequitibá branco, que atinge de 35 a 45 m de altura. SAIBA MAIS: projeto igreja segura

O termo de compromisso firmado entre as instituições para restauro e preservação da Matriz do Santíssimo Sacra-mento é fruto do Projeto Igreja Segura, lançado pelo Mi-

nistério Público do estado em maio de 2009. A iniciativa se espelha no programa desenvolvido pelo Instituto Superior de Polícia Judiciária e Ciências Criminais de Portugal, o qual foi apresentado pela representante do órgão, Leonor Sá, naquele ano, durante o Congresso Nacional do Ministério Público da Defesa do Patrimônio Cultural, em Ouro Preto. O procedimento para recuperação do templo foi conduzido pelo promotor de Justiça do Patrimônio Histórico de Sete Lagoas, Ernane Geraldo de Araújo, com apoio do CPPC. Por meio do acordo, ficou estabelecido que em 45 dias, o que está dentro do prazo, serão executadas as medidas emergen-ciais na construção, pelo município, com acompanhamento do Iepha, que terá a responsabilidade de elaborar projeto de restauração em 180 dias, adotando as medidas administrati-vas cabíveis para a sua execução no prazo de 270 dias. Téc-nicos do Iepha estiveram na sexta-feira em Jequitibá para dar as coordenadas sobre a obra emergencial.

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Matriz de Jequitibá, na Região Central de Minas, será a primeira no estado a receber obras para evitar ação de assaltantes

Interditada há cinco meses, Matriz do Santíssimo Sacramento, construída no início do século 19, começou ontem a ser escorada para receber obras emergenciais previstas em acordo com o Ministério Público

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A volta dos sacos de pa-pel. Esta será a tônica da dis-cussão que mobiliza hoje, na sede da Associação Comer-cial de Minas (ACMinas), em Belo Horizonte, repre-sentantes dos comerciantes e de órgãos ligados à defesa do consumidor. A bandeira será levantada pela presidente do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais, Lúcia Pacífico. Segundo ela, esta seria uma forma de atender ao consumidor e contribuir para a preservação do meio ambiente.

“Na década de 80, os sa-quinhos de papel eram usados tranquilamente pelos consu-midores para o transporte dos alimentos. Nada impede que a prática seja retomada”, dis-se Lúcia.

A alternativa também será defendida pela presiden-te do Conselho de Comércio e Serviços da Associação Co-mercial e Empresarial de Mi-nas (ACMinas), Cláudia Vol-pini. Segundo ela, o objetivo do encontro, organizado pela entidade, é buscar alternati-vas que sejam adequadas tan-to para o consumidor, quanto para o comerciante e o meio ambiente.

Outra sugestão que será levada à discussão pela AC-Minas será a disponibilidade de carregadores, principal-

mente pelos supermercados. “Eles seriam responsáveis por levar as compras, nos carrinhos, até os carros dos clientes”, explica Cláudia.

A alternativas estão sen-do levantadas em função da decisão do Ministério Públi-co de Minas Gerais (MPMG) - que passou a valer em 1º de agosto - que proíbe a venda pelo comércio da capital das sacolas ecológicas. A deci-são administrativa cautelar, no entanto, não obriga o es-tabelecimento a disponibili-zar as sacolas, gratuitamen-te, apenas orienta. Alguns supermercados retiraram as sacolas ecológicas do esto-que. Os consumidores levam as compras em caixas ou em sacolas retornáveis, vendidas, em média, por R$ 4.

Para a reunião de hoje, foram convidados ainda re-presentantes da Fecomércio Minas, CDL-BH, Amis, Pro-cons, Associação das Donas de Casa e Secretaria Muni-cipal do Meio Ambiente. O promotor Amauri Artimos da Matta, do MPMG, também foi convidado para o encon-tro. Ontem, no entanto, ele disse que não irá comparecer. “Prefiro que os órgãos discu-tam as alternativas e me apre-sentem depois as sugestões”, disse.

Consumidor arcava com os

custosA Lei Municipal nº

9.529, que determinou a subs-tituição das sacolas plásticas pelas ecológicas, entrou em vigor em 18 de abril de 2011. Desde então, de acordo com o promotor Amauri Artimos da Matta, do Ministério Público de Minas Gerais, o consu-midor vinha arcando com os custos do produto. Segundo ele, as sacolas eram vendidas por R$ 0,19 em todos os su-permercados da cidade. Não existia concorrência.

“Essa nova realidade do mercado – inspirada numa suposta proteção ambiental – teve, como efeito colateral, a formação de cartel e a lesão a outros princípios de ordem econômica, como a livre ini-ciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor”, dis-se Amauri da Matta, ao justi-ficar a decisão.

O promotor ressaltou ainda a possibilidade de os consumidores estarem sendo vítimas de publicidade enga-nosa.

Segundo ele, 17 empre-sas estão sendo processadas pelo MP pela venda de saco-las falsas. (AA)

o tEmpo on linE 07/08/2012Polêmica. Proibição da venda de sacolas gera debates na capital

Donas de casa defendem a volta dos sacos de papelACMinas propõe a disponibilização de carregadores pelos supermercados

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No ano passado, 37.717 mulheres brasi-leiras entre 20 e 59 anos procuraram hospitais públicos em busca de atendimento, após terem sido vítimas de violência e maus-tratos no País - um crescimento de 38,7% em comparação com 2010. O levantamento, feito pelo Minis-tério da Saúde, será divulgado nesta terça-feira no dia em que a Lei Maria da Penha, que pune violência doméstica, faz seis anos.

Desde janeiro de 2011, uma resolução do Ministério da Saúde tornou compulsória a no-tificação oficial de todos os casos relacionados à violência contra a mulher que fossem atendi-dos na rede pública. Assim, segundo o gover-no, o crescimento de 38,7% não significa ne-cessariamente aumento nos casos de violência, mas que havia subnotificação.

Se forem considerados os casos de violên-cia envolvendo todas as mulheres - desde as menores de 1 ano até as com mais de 60 - o número chega a 70.270. Os dados constam do Mapa da Violência 2012, realizado pelo Cen-tro Brasileiro de Estados Latino-americanos (Cebela) e pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso).

Apesar de a notificação no Sistema Úni-co de Saúde (SUS) ser compulsória, os casos não são informados nominalmente à polícia - assim, não há como afirmar quantos deles efetivamente se transformaram em processos contra os agressores.

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o governo defende a ideia de que o documento elaborado pelo sistema de saú-de valha como prova oficial em um eventual processo, evitando que a mulher seja exposta a constrangimento novamente ao ter de refa-zer exames no Instituto Médico-Legal (IML). “Defendemos que haja um debate em torno desse assunto, mesmo que seja necessária mu-dança legal. É muito constrangedor para a mu-lher ter de procurar a polícia e refazer todos os exames”, avalia.

Tipos de violência

Segundo o levantamento, as agressões físicas são as principais formas de violência

contra a mulher e representam 78,2% do to-tal de casos registrados. Em seguida, estão os casos de agressão psicológica (32,2%) e vio-lência sexual (7,5%). O levantamento mostra ainda que, do total de casos, 38,4% são rein-cidentes.

A própria casa é o principal cenário das agressões e os homens com os quais as mulhe-res se relacionam ou se relacionaram (marido, ex, namorado, companheiro) são os principais agressores e representam 41,2% dos casos. Amigos ou conhecidos são 8,1% e desconhe-cidos, 9,2%.

A psicóloga Patrícia Gugliotta Jacobucci, professora da Universidade São Francisco, vê os números com preocupação. De acordo com ela, apesar de as mulheres estarem denuncian-do mais, a maioria ainda tem dificuldade em romper o laço com o companheiro agressor - o que explica o alto número de reincidência. “A mulher não consegue se livrar da relação conflituosa. Mesmo fazendo a queixa, ela não rompe o ciclo da violência”, diz.

Para a psicóloga, a rede precisa se preparar não apenas para fazer o atendimento imedia-to dessas mulheres, mas deve estar apta para atender a demanda psicológica. “É preciso res-gatar a autoestima dessas mulheres.”

Julio Jacobo Waiselfisz, autor do Mapa da Violência, afirma que os dados apresentados no DataSus “ainda são só a ponta do iceberg”. Waiselfisz diz que há dois motivos para expli-car a subnotificação: primeiro, os dados são de mulheres que procuram o posto de saúde, o que significa que sofreram violência média ou grave. “A violência cotidiana, do dia a dia, continua não sendo comunicada”, diz. Segun-do, a sobrecarga de trabalho dos médicos, que podem deixar de fazer as notificações e deta-lhar os quadros da vítima.

Hoje, o Brasil tem 552 serviços de aten-dimento às mulheres em situação de violência sexual e doméstica. Padilha informou que o mi-nistério vai lançar um edital de R$ 30 milhões para que as prefeituras apresentem programas e ações. “A ideia é que equipes de atenção bá-sica criem estratégias para reduzir a violência e a reincidência”, afirmou o ministro.

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Grupo de Combate ao Crime Organizado do Mi-nistério Público denuncia o ex-vereador e ex-bombeiro Cristiano Girão por formação de quadrilha e lavagem de di-nheiro

Cristiano Girão: ex-vere-ador está preso desde 2009 e é acusado de comandar uma milícia na região de Gardê-nia Azul, em Jacarepaguá (Paulo Araújo/AG.O Dia - 09/09/2008)

No momento em que a Justiça Eleitoral se mobiliza para evitar a influência per-versa das milícias nas elei-ções no Rio de Janeiro, uma denúncia do Ministério Pú-blico mostra o quanto o po-der das quadrilhas está vivo no estado. Preso desde 2009, o ex-vereador e ex-bombeiro militar Cristiano Girão Ma-tias foi denunciado por for-mação de quadrilha armada e lavagem de dinheiro. A de-núncia inclui outras 10 pesso-as, entre elas a irmã de Girão, Roselaine Castro Girão Vida,

e a mulher dele, a cantora de funk Samantha Miranda dos Santos Girão Matias.

A nova denúncia contra o miliciano foi motivada por uma investigação conduzida pelos delegados Antonio Ri-cardo Lima Nunes e Maurí-cio Mendonça de Carvalho, da 32ª DP (Taquara). Na ma-nhã desta segunda-feira, poli-ciais foram à localidade Gar-dênia Azul, em Jacarepaguá, onde, segundo os policiais e promotores, o grupo de Gi-rão ameaçava moradores e comerciantes. No local fo-ram presos Fabiano de Souza Salustiano, conhecido como “Rolamento”, e Robson Dias Delgado, conhecido como “Índio”. O grupo mantinha influência na associação de moradores de Gardênia Azul, onde foram apreendidos 15 mil reais e cédulas de dólar e euro.

A denúncia foi ofereci-da pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Cri-me Organizado (Gaeco), que

atua contra milícias e envol-vimento de agentes públicos com quadrilhas. A investi-gação descobriu que Girão, de dentro do Complexo Pe-nitenciário de Bangu, onde está preso, passava recados para “subordinados” a partir de quem o visitava. A irmã e a mulher do acusado seriam as principais responsáveis por transmitir esses recados, além de aturem como “la-ranjas”, pois figuram como donas de imóveis explorados por Girão.

O braço armado do gru-po de Girão faz uso de “ar-mas de fogo como meio de intimidação, para manuten-ção do império e garantia da lei do silêncio”, diz um trecho da denúncia ofereci-da pelo Gaeco. O juiz Marco Couto, da 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, decretou a prisão preventiva de Girão – que já cumpre pena – e de seis denunciados.

O Ministério Público do Rio lan-çou ontem a Cartilha Legal - Para Quem Está Preso e Quer Ficar Legal para os 5 mil presos que estudam nas 14 escolas de prisões. Em formato de história em quadri-nho, informa sobre direitos e deveres dos

detentos. “A cartilha traz várias frações de pena que garantem benefícios aos presos. O professor de Matemática pode usá-las quando ensinar frações”, explica a promo-tora Andrezza Cançado.

o Estado dE s. paulo - sp 07/08/2012

Cartilha fala sobre direitos dos presos

conamp vEja – sp 07/08/2012

Ex-vereador do Rio comandava milícia de dentro do presídio

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André de Souza, Carolina Brígido e Thiago HerdyBRASÍLIA A defesa de Marcos Valério - um dos réus

contra os quais há mais acusações no processo do mensalão - sustentou ontem que o empresário é inocente, que os em-préstimos tomados no Banco Rural e no BMG foram legais, e que o repasse de dinheiro para partidos políticos foi, no máximo, caixa dois, não compra de votos. Valério respon-de por formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Segundo o seu ad-vogado, Marcelo Leonardo, não há correlação entre saques bancários feitos por parlamentares e votações favoráveis a projetos de interesse do governo:

- As inúmeras testemunhas ouvidas na instrução crimi-nal contraditória nesta ação penal negam o mensalão. Escla-recem que os recursos foram repassados para fins de ajuda em campanhas eleitorais, constituindo assim, no máximo, caixa dois para as mesmas campanhas, jamais tendo havi-do repasse de dinheiro a parlamentares para a compra de votos.

Segundo a Procuradoria Geral da República, Valério pegou empréstimos fictícios por meio de suas agências de publicidade para distribuir o dinheiro a parlamentares. Os recursos teriam sido desviados por meio de contratos de pu-blicidade firmados com o Banco do Brasil. Mas, para Leo-nardo, as provas do Ministério Público são frágeis.

- O Ministério Público, quer nas alegações finais, quer na sustentação oral, se limitou a basear sua peça em provas colhidas no inquérito e na CPMI dos Correios. A defesa ci-tou em alegações somente prova colhida em contraditório criminal - afirmou o advogado do publicitário.

Leonardo negou que os recursos do Visanet, fundo usa-do pelo Banco do Brasil para bancar parte de sua publicida-de, fossem públicos, como sustenta a acusação. Para a pro-curadoria, o dinheiro que foi para as agências de publicidade de Valério era do próprio banco público - o que foi atestado

num laudo da PF, como mostrou O GLOBO. Mas o advoga-do afirmou que provas documentais, periciais e testemunhais mostram que tais recursos não integravam o orçamento do Banco Brasil nem integravam suas receitas.

- O Visanet tem o fundo acompanhado e gerido por seu comitê gestor. É um fundo privado. E o pagamento era feito diretamente pelo Visanet.

Marcelo Leonardo citou quatro acórdãos do Tribunal de Contas da União (TCU) que consideraram legais os contra-tos de quatro agências de publicidade com o Banco do Bra-sil e a Caixa Econômica Federal. Um dos acórdãos trata de contrato entre o Banco do Brasil e a DNA, uma das agências de Valério no centro do escândalo. Os efeitos do acórdão estão suspensos porque o Ministério Público recorreu contra a decisão, que será reavaliada.

‘criação mental do acusador’Sobre a acusação por formação de quadrilha, Leonardo

disse que as relações de Valério com outros réus não confi-guram tal crime. Ramón Hollerbach e Cristiano Paz seriam sócios; Rogério Tolentino, advogado das empresas; e Simo-ne Vasconcelos e Geiza Dias, funcionárias das agências.

Leonardo negou irregularidades no contrato de uma das agências, a SMP&B, com a Câmara dos Deputados. Segun-do ele, não houve pagamento de vantagem indevida ao então presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP). Para o advogado de Marcos Valério, isso é uma “criação mental do acusador”. Nem teria havido irregularidades na execução do contrato.

- A comissão de licitação da Câmara era formada por cinco funcionários efetivos da Casa. Eles foram ouvidos em juízo. Todos estes depoimentos colhidos na instrução con-traditória revelam que não houve favorecimento à SPM&B Comunicação e que o presidente não tinha poder na licitação e na execução do contrato.

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Defesa de Valério: mensalão nunca existiuAdvogado afirma que não há relação entre pagamentos a parlamentares e votações favoráveis ao governo

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Julgamento do mensalão entra hoje no quarto dia e na segunda etapa da defesa dos réus

O julgamento do mensa-lão, no Supremo Tribunal Fe-deral (STF), entra nesta terça-feira no quarto dia, o segundo da fase da defesa dos réus. A exemplo de ontem, serão cinco defesas: do publicitário Cristia-no Mello Paz, de Rogério Lan-za Tolentino, advogado ligado ao empresário Marcos Valério, Simone Reis Lobo de Vascon-celos, ex-diretora financeira da empresa de publicidade SMPB, Geiza Dias dos Santos, ex-ge-rente financeira da SMPB, e Kátia Rabello, ex-presidenta do Banco Rural.

Como ontem, os advoga-dos terão até uma hora para defenderem seus clientes. Po-rém, poucos usaram o tempo máximo. A maioria usou cerca de 45 minutos para sua defesa. A base da sustentação dos ad-vogados foi a inexistência do esquema do mensalão. O ad-vogado do ex-ministro e ex-de-putado José Dirceu, José Luís Oliveira Lima disse que não há provas contra seu cliente.

Entre os réus que serão defendidos hoje, o empresá-rio Cristiano Paz responde por

corrupção ativa, peculato, lava-gem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas. O advogado Rogério Tolentino responde por lavagem de di-nheiro, formação de quadrilha e corrupção ativa.

A ex-diretora financeira da SMPB Simone Vasconce-los e a ex-gerente financeira da mesma empresa de publicidade Geiza Dias dos Santos respon-dem por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas e corrupção ativa. A ex-presidenta do Banco Rural Kátia Rabello responde por gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, formação de quadri-lha e evasão de divisas.

Pelo cronograma do Su-premo Tribunal Federal, a fase da defesa acaba no próximo dia 15. Mas há a hipótese, caso haja atraso, de incluir mais advoga-dos em cada dia. Por enquanto, são cinco clientes defendidos por dia.

A disposição dos ministros é que todos possam participar do julgamento. É que em se-tembro, o ministro Cezar Pelu-so completa 70 anos e aposen-

ta-se da magistratura.Na última sexta-feira , du-

rante cerca de cinco horas, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a con-denação de 36 dos 38 réus. O ex-ministro da Comunicação Social da Presidência da Repú-blica Luiz Gushiken e o asses-sor do PL (atual PR) Antonio Lamas foram excluídos da con-denação por falta de provas.

Gurgel disse que a justa aplicação de penas marcará um “paradigma histórico”. Para cada situação, o procurador apontou um crime. Os delitos citados na denúncia, variando conforme o réu, são formação de quadrilha (um a três anos de prisão), corrupção ativa e pas-siva (dois a 12 anos cada), pe-culato (dois a 12 anos), evasão de divisas (dois a seis anos), gestão fraudulenta de institui-ção financeira (três a 12 anos) e lavagem de dinheiro (três a dez anos). Alguns crimes, segundo o procurador, foram cometidos várias vezes e, por isso, alguns réus respondem a dezenas de acusações.

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ARNALDO JABOREu vi os dois primeiros dias do jul-

gamento do mensalão. E, “data venia”, vi que há no Supremo Tribunal Federal algu-ma coisa nascendo nas frestas dos rituais solenes: os indícios de um fato histórico, o STF está mais ligado ao mundo real, mais atento à opinião pública (por que não?).

Mas, dava para ver um tenso alvoro-ço no plenário como na pré-estreia de um filme inédito. Tudo parecia ainda um ate-morizante sacrilégio, como se todos esti-vessem cometendo um pecado - o delito de ousar cumprir a lei, julgando podero-sos. Será que ousarão contrariar séculos de impunidade, séculos de distância entre a Justiça e a sociedade?

Vi o frisson nervoso nos juízes que, depois de sete anos de lentidão, têm de correr para cumprir os prazos impostos pelas chicanas e retardos que a gangue de mensaleiros conseguiu criar. Suprema iro-nia: no país da Justiça lenta, os ministros do Supremo são obrigados a correr, andar logo, mandar brasa, falar rápido, pois o Peluso tem de votar e sai em setembro. E só há julgamento porque o ministro Ayres de Brito se empenhou pessoalmente em viabilizar prazos e datas. Se não, não ha-veria nada.

O STF parecia um palco armado: os advogados dos réus numa tribuna, a im-prensa, convidados vip. Os advogados se movem em sincronia, como discretos bailarinos de ternos, expressões céticas ou quase cínicas, um tédio proposital nas caras, ostentando a tranquilidade profis-sional de pistoleiros bem-pagos antes de sacar a arma no duelo.

Ali estavam os protagonistas: Joa-quim Barbosa transido de dores, ardendo na pressa de emplacar essa revolução no STF, defrontando-se com a programada lentidão de seu inimigo principal, Lewan-dowski, o homem que levou seis meses para ler um processo escancarado havia sete anos e que, no início do julgamento, deu-se ao capricho de ler o seu voto por uma hora e meia, conseguindo cumprir a estratégia de Tomaz Bastos e atrasar mais um dia no processo. E conseguiu irritar Joaquim Barbosa, que o chamou de “des-leal”. Lewandowski retrucou, revelando a intenção que lhe vai na alma: “Pelo que vejo, este julgamento vai ser turbulento”.

Quando foi “cantar” o Gilmar Mendes, Lula disse que Lewandowski estava sob muita pressão, e que o Joaquim Barbosa era um “complexado” - por quê? Porque é preto e está de coluna doendo? Ninguém, claro, assume o sutil racismo brasileiro, mas ninguém esquece que ele é preto; nem ele. A verdade é que Lula nomeou-o, achando que seria uma “ação afirmativa” para seu governo, e que Barbosa lhe seria grato. Lula achava que podia influir no outro poder com esse gesto. Dançou tam-bém no seu “alopramento”.

No voto de Lewandowski vimos seu desejo de deixar patente na TV que é re-sistente a pressões de nossa “rasteira” opi-nião pública. Quis também exibir cultura jurídica cravejada de citações, criando um mecanismo de defesa preventivo que transmuta sua fama de lento em “inde-pendência” minuciosa. O julgamento vai oscilar entre a pressa e a lentidão. Pelos freios e embreagens, a defesa dos réus se fará por meio de chicanas retardadoras, por atrasos programados, por bloqueios e “questões de ordem” com cascas de ba-nana.

Aí, começou a leitura da acusação do procurador geral da República, que ouvi com um arrepio de orgulho, como se esti-vesse na Inglaterra diante de um sistema judiciário impecável. Seu relatório serviu como uma viagem no tempo, rememoran-do toda a chanchada deprimente que foi o escândalo do mensalão, sete anos atrás. Tudo reapareceu: cada malinha de dinhei-ro vivo do Banco Rural, cada cheque ad-ministrativo, cada mentira e negação. Será dificílimo contestar o relatório e o voto de Roberto Gurgel, pois ele exibiu o óbvio, a autoevidência dos delitos. Daí, o show de chicanas que assistiremos.

Foi espantoso constatar também que os “malfeitos” dos mensaleiros foram incrivelmente “aloprados”, trabalho de ridículos amadores, deixando pistas gri-tantes, dando bandeiras em todas as dire-ções. Como puderam errar tanto, ser tão primários?

Pensei e vi o óbvio - lembrei-me dos velhos comunistas que eu conheci tão bem na minha revolução juvenil.

O povão era nossa boa consciência, o povão era nosso salvo-conduto para a alma pacificada, sem culpas - o povão era

nossa salvação. Nós éramos mais “puros”, mais poé-

ticos, mais heroicos. Ai, que saudades do comunismo e, como dizia Beckett: “Que saudades das velhas perguntas e das ve-lhas respostas...”. A “verdade” era o sim-plismo; complexidade era (e ainda é, para eles) coisa de direita.

Mas, como era bom se sentir supe-rior a um mundo povoado de “burgueses, caretas e babacas”, como eu classificava a humanidade. Daí, a explicação: para que se importar com os babacas? Podemos deixar pistas à vontade porque, como dis-se o Lula, “sempre foi assim”. Passaram a “desapropriar” a grana da direita - ou seja, inventaram o roubo com boa cons-ciência, para “salvar” o povão com a gra-na do povão. Claro que isso foi apenas o “rationale” para justificar a “mão grande”, um estandarte ideológico para legitimar a invasão da “porcada magra no batatal”. Claro que pegaram altos trocos, porque ninguém é de ferro. Só não contavam com as “cobras criadas” do Congresso, como o Jefferson, que viram aqueles comunas folgados descumprindo promessas, tra-tando-os com descaso de heróis contra “burgueses alienados e covardes”. Deu nas denúncias operísticas do Jefferson, um dos recentes salvadores da pátria. Por trás do mensalão há desprezo pela inteli-gência da sociedade.

Mas, muito mais grave do que a tra-dicional mãozinha nas cumbucas, mais grave que punhados de dólares na cueca ou na bolsinha, muito mais grave é a justi-ficativa de que tudo não passou de “crime eleitoral”, quando se tratou de mais de R$ 100 milhões num roubo “revolucionário”. Os mensaleiros se absolvem e se justifi-cam porque teriam uma missão acima da democracia “burguesa”.

Portanto, o STF não está julgando apenas umas roubalheiras, mas a tentati-va de desmoralizar a democracia para o benefício de um partido único. O PT quis usar o governo que “tomaram” para mudar o Estado brasileiro. O STF está julgando a preservação da República, que lentamente se aperfeiçoa, e este julgamento já é uma etapa de nossa evolução democrática.

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o tEmpo on linE – 07/08/2012Não julgam apenas a corrupção, mas a defesa da democracia

A importância histórica do Supremo