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HOJE EM DIA - 1ª p. E p. 3 - 07.06.2011

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TÂMARA TEIXEIRAA Justiça determinou que a Faculdade de Ciências Em-

presariais (Face), da Fundação Mineira de Educação e Cul-tura (Fumec), suspenda o contrato com o escritório de advo-cacia que faz a defesa dos diretores da instituição.

A decisão acatou o pedido do Ministério Público Esta-dual, que verificou indícios suspeitos no contrato assinado no valor de R$ 120 mil por ano com o escritório. Os promo-tores analisam também a contratação dos advogados.

SuSpEITAEm maio passado, O TEMPO publicou uma série de

reportagens que revelaram que a promotoria já investigava a denúncia de que a Face contratou por R$ 29 mil a empresa de promoção de eventos Líder Prestação de Serviços para prestar assessoria jurídica.

A empresa, no entanto, não pode oferecer esse tipo de trabalho, pois não tem inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nem seus sócios são advogados.

O TEMpO - p. 33 - 04.06.2011 Irregularidade

Justiça determina que Fumec cancele contrato

BELO HORIZONTE O Ministério Público de Minas Gerais investiga irregu-

laridades no Fundo de Participação dos Municípios em Ibitiúra. Técnicos do Tribunal de Contas do Estado estão na cidade para verificar os números. A denúncia partiu da Câmara dos Vereado-res. Num relatório entregue ao TCE, a Prefeitura informou ter recebido R$ 4,7 milhões do fundo, que é um repasse federal. Nas contas entregues à Câmara, o valor declarado foi de R$ 4,056 milhões. A Prefeitura informou que só vai se pronunciar após a verificação das contas.

GlObO OnlInE - RJ - cOnAMp - 07.06.2011

Prefeitura de Ibitiúra é investigada pelo Ministério Público de Minas Gerais

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SAÚDE AGOnIZA

Falta de leitos é vilã da saúde no Estado

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Risco - Acidente aconteceu próximo a passarela

BR-040. Murilo Valadares estava a 110 km/h, 30km/h acima do limite

Em alta velocidade, secretário da PBH atropela e mata

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HENRIQUE ULHOAA contestação da Proposta de Emen-

da Constitucional (PEC) dos recursos foi a principal deliberação apresentada na reu-nião do colégio de presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) realizada em Belo Horizonte ontem. A OAB entende que reduzir o número de recursos judiciais vai contra o princípio de constitucionalidade de ampla defesa e defendem que as regras precisam ser preservadas.

O diretor tesoureiro do Conselho Fede-ral da OAB, Miguel Cansado, afirmou que, “nos próximos dias, a OAB vai apresentar suas ponderações ao Congresso”. A PEC sugerida pelo presidente do Supremo Tri-

bunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, pretende impedir a transferência de recursos ao STF e a outros tribunais superiores para agilizar as decisões judiciais. Ex-governadores

O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, confirmou que a entidade vai apresentar, até o próximo dia 7, a Ação Di-reta de Inconstitucionalidade que suspende o pagamento de aposentadorias e pensões a ex-governadores de Minas e seus familiares. “A legislação mineira não está em consonân-cia com a Constituição Federal. Do ponto de vista da moralidade, é preciso que se corrija essa distorção”.

O TEMpO - p. 6 - 04.06.2011 Regras

OAB contesta redução de recursos judiciais

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TRAGÉDIAS MINEIRASCiúme, insegurança e vaidade foram estopins para crimes bárbaros que chocaram o país

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Ministério pede explicação sobre número de mortes a esclarecer no Rio

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Alessandra Mello Os ex-prefeitos de Ouro Preto José Le-

andro Filho e Marisa Maria Xavier Sans foram exonerados dos cargos de confiança que exerciam no governo do estado. Os dois foram condena-dos por improbidade por decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e não poderiam exercer funções por causa da Lei da Ficha Limpa estadual, que proíbe condenados em segunda ins-tância por crimes graves contra a administração pública e a vida de ocupar cargos de confiança no primeiro e segundo escalão, conforme revelou com exclusividade o Estado de Minas.

A exoneração dos dois foi publicada sema-na passada no Diário Oficial de Minas Gerais. Desde a entrada em vigor da Lei da Ficha Limpa mineira, o governador Antonio Anastasia (PSDB) já exonerou cinco ocupantes de cargos de con-fiança, todos nomeados por indicação política. A expectativa é de que pelo menos meia centena de nomeados deixem o cargo até o dia 19, prazo máximo dado pelo decreto do governo do esta-do para que os ocupantes de cargo de confiança declarem, de próprio punho, a existência ou não de impedimentos para o exercício de função pú-

blica. Até mesmo aliados do governo Anastasia consideraram muito rigorosas as exigências, que impedem a ocupação de cargo público até por condenados por má gestão.

Condenada por improbidade administrati-va, a ex-prefeita foi nomeada em fevereiro para o cargo de vice-presidente da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), cargo que, até sua indicação, não existia na instituição, que tem como principal objetivo promover a preservação do patrimônio da cidade histórica. Marisa Xavier foi condenada por ter feito alterações no patrimônio histórico de Ouro Preto sem autorização.

José Leandro Filho foi indicado, também em fevereiro, para o cargo de assessor especial da Secretaria de Governo. Ele foi condenado pelo TJMG por pagar salário de motorista para um vereador em exercício durante sua administração como prefeito de Ouro Preto. Ainda permanece em cargo de confiança o ex-prefeito de São João do Paraíso José Nelci de Souza, nomeado asses-sor especial da Secretaria de Trabalho e Emprego, dirigida pelo deputado licenciado, Carlos Pimen-ta (PSDB). O ex-prefeito foi cabo eleitoral do se-cretário nas eleições passadas.

ESTADO DE MInAS - p.3 - 07.06.2011Ficha limpa

Governo do estado exonera mais dois Improcedente

TRE decide manter Lessa no cargoO TRE-MG julgou impro-

cedente a ação do Ministério Público (MP) Eleitoral que pedia a impugnação do manda-to do deputado estadual Jayro Lessa (DEM). Ele era acusado de abuso de poder econômico no uso da verba indenizatória. O MP alegava que Lessa havia cometido uso indevido da ver-ba durante o ano eleitoral. Po-rém, segundo o TRE-MG, a de-núncia não procede. O MP não recorreu da decisão e, assim, a Justiça Eleitoral arquivou o processo.

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Acusado de nepotismo em representação do Sindicato dos Servidores do Tribunal de Justiça de Minas ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por ter nomeado a ex-mulher para cargo comis-sionado em seu gabinete, com vencimentos de R$ 9,2 mil men-sais, em troca da dispensa de pagamento de pensão alimentícia, o desembargador Elpídio Donizetti Nunes volta a surpreender. Exibindo a arrogância e a prepotência dos que se sentem acima do bem e do mal, ele não apenas não nega a indicação da ex-mulher como afirma: “Indiquei e faria de novo”, disse ao Estado de Minas (Política, 5/6/2011). Ao justificar o ato, o desembargador não faz justiça à cultura jurídica e à tradição de probidade da magistratura, um dos orgulhos de Minas. Ele considera corriqueira a cláusula que garante a condição socioeconômica que a mulher tinha antes da separação, o que é verdade. E se preocupa com o fato de que, quando for presidente do tribunal – “e eu sei que serei presidente” –, a ex-mulher terá que ser exonerada.

Equivocado em alguns de seus atos, o desembargador Do-nizetti Nunes é também infeliz nas justificativas que desenvolve para defendê-los. Para começar, ele parece convencido de que seu cargo lhe confere o direito de transferir ao contribuinte a obrigação de responder pelo sustento da ex-mulher, dever que só a ele cabe e que apenas a ela se admite a opção de dispensar. Mais do que miopia quanto aos direitos e deveres de qualquer cidadão, essa suposição sugere que o magistrado se auto-atribui o privilégio do enriquecimento por meio da poupança retirada das verbas que vêm do mesmo cofre que paga professores, enfermeiros e policiais, por exemplo. Depois, vem a presunçosa certeza de que assumirá o car-

go máximo do honrado Tribunal de Justiça de Minas e, desde já, faz planos para essa provável condição. É certo que, se antes não for nomeado para um tribunal federal superior, os desembargado-res chegam naturalmente à Presidência do TJMG por antiguidade. A menos que sejam condenados à aposentadoria precoce por ato ilícito.

O desembargador Donizetti Nunes ainda não foi acusado pelo CNJ e, é claro, tampouco já foi julgado. Não cabe a ninguém se antecipar e muito menos negar-lhe defesa ampla. Isso seria próprio da arrogância e da prepotência nada recomendáveis a servidores públicos, bem como a qualquer um de bom senso. Mas, como re-velaram as reportagens, ele terá trabalho para se defender também da suspeita de manter negócios e interesses que seriam incompatí-veis com a função de magistrado, como a participação no controle de uma faculdade e na condição de locatário e ao mesmo tempo fiador de um imóvel, como presidente da Associação dos Magis-trados Mineiros (Amagis). A propósito, a dedicação de tempo a entidades do gênero é um dado marcante na vida do desembarga-dor Donizetti Nunes, mesmo que nem todas tenham a representati-vidade reconhecida. É o caso da Associação Nacional dos Magis-trados Estaduais (Anamages), que ele fundou, dirigiu e atirou na luta contra decisões mais do que aplaudidas do CNJ, como a que prevê horário de funcionamento uniforme para o Poder Judiciário. O STF acaba de recusar ação de direta de inconstitucionalidade contra essa uniformização, por julgar a Anamages, sua autora, sem legitimidade. Ainda bem.

ESTADO DE MInAS - p. 10 - 07.06.2011

Arrogância inaceitável Acusado de nomear a ex-mulher, magistrado diz que faria tudo de novo

Josemar Dantas - Advogado e jornalista - [email protected]

A recorrência ao Judiciário para dirimir qualquer tipo

de conflito, na maioria dos casos solucionáveis mediante simples negociação entre as partes, constitui uma das faces mais deploráveis da cultura brasileira. Antes da admissão da repercussão geral como freio ao acesso indiscriminado de recursos ao Supremo Tribunal Federal (STF), eram frequen-tes chegar à Corte, depois de ultrapassar todas as instâncias inferiores, recursos em demandas ridículas. Caso houve em que o STF se viu compelido a lavrar sentença sobre desagui-sado entre vizinhos.

As reformas processuais já efetuadas durante os últimos oito anos, à frente os tribunais de pequenas causas, trouxeram pouco alívio às atividades dos coletivos judiciais superiores. Com a introdução do novo Código de Processo Civil (CPC), pendente de deliberação da Câmara dos Deputados para en-trar em vigor, muita energia libertadora poderá galvanizar os trabalhos da Justiça. Mas a previsão só se confirmará caso as novas disciplinas sobre recursos não afetem o direito à ampla defesa e ao escrutínio completo dos conflitos.

No esforço para romper a lentidão no desfecho dos feitos ajuizados, incorpora-se agora a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de fixar em nove horas (das 9h às 18h) o atendimento ao público pelos órgãos judicantes.

Para tanto, os tribunais deverão adotar turnos diferentes para entrada e saída de funcionários. Assegura-se a todos, por-tanto, espaço de tempo para o almoço. Não haverá aumento da carga de trabalho para os servidores. É indispensável não confundir horário de funcionamento com jornada de traba-lho, conforme explica o conselheiro Walter Nunes, relator da matéria no CNJ.

Há resistências ácidas à nova normatização, até mesmo da judicatura. Para tribunais situados em regiões sujeitas à inclemência do calor — como o do Piauí, que funciona das 7h às 14h —, manter portas abertas das 9h às 18h representa verdadeiro suplício. O problema é que o fenômeno climático não ofende apenas os integrantes das cortes. Incide sobre todos os trabalhadores públicos ou da iniciativa privada. A impiedade do termômetro não é motivo para criar privilé-gios em favor de minorias.

É possível que a inovação exija custos adicionais para que se efetive. São dispêndios — aliás ínfimos, como mais gastos com energia — compensados pela dinamização de serviços que o Estado, de forma crônica, tem negligenciado. Negligência, adicione-se, prejudicial a todos os brasileiros e à imagem de instituição estratégica para o funcionamento do regime democrático. Quando se sabe que o Judiciário lida hoje com mais de 71 milhões de ações, é fácil compreender a necessidade de a Justiça obedecer ao período de trabalho a que todos estão submetidos.

ESTADO DE MInAS - p. 2 - DIREITO & JuSTIÇA - 06.06.21011

Expediente no Judiciário

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Renato Zouain Zupo - Juiz de Direito em Araxá, espe-cialista em direito processual pelo LFG/Ulama

Durante muitos anos, o operador do direito penal tran-quilizou-se no trato dicotômico dos criminosos retratados na Lei de Tóxicos: eram usuários ou traficantes. Para os pri-meiros, todas as cautelas legais possíveis, tratamento psi-quiátrico, clínicas, penas alternativas e advertências. Para os traficantes, os rigores da lei, prisões cautelares, condenações a penas privativas de liberdade em regime inicialmente, ou integralmente, fechado – como era antes da revisão consti-tucional da Lei 8.072/90, a Lei de Crimes Hediondos, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Com a entronização do crack em nossa sociedade, con-tudo, esses conceitos se misturaram, tornando dificílima a diferenciação entre o usuário e o traficante na grande maio-ria dos casos expostos à luz do moderno processo penal. O crack, que nada mais é que o cloridrato de cocaína em sua forma petrificada e fumígera, repleta de impurezas, é uma droga barata e acessível às classes sociais menos abastadas. Além disso, causa altíssima dependência química já nos pri-meiros tempos do seu uso.

Quando seu consumo aumenta, a capacidade de deter-minar-se do usuário se deteriora e a dependência química gerada pelo consumo da substância proscrita se torna in-controlável. Disso resulta que o usuário não consegue mais manter economicamente o próprio vício, abrindo-se a porta para crime mais grave, o tráfico ilícito de substâncias entor-pecentes proscritas, crime atualmente tipificado no Brasil no artigo 33 da Lei 11.343/06 – a hodierna Lei de Tóxicos.

Daí pode-se afirmar com absoluta certeza que o usuário de crack de hoje, inevitavelmente, será também o trafican-te dessa mesma droga em um futuro muitíssimo próximo, quando não em concomitância se misturem as figuras típicas de usuário e traficante. O que causa a perplexidade atual do operador do direito: como tratar criminalmente o traficante usuário?

Para cuidar de casos dessa natureza, a doutrina há muito reclama a criação de uma figura penal intermediária entre o traficante e o dependente químico. É necessário, sim, punir, mas com intensidade justa, e isso as leis de tóxicos que se sucederam no país não cuidaram de preconizar com exati-dão, desde a primitiva Lei 6.368/76 até a atual legislação penal extravagante, de 2006.

Tentou-se fazê-lo por meio do parágrafo 4º do artigo 33 da lei em vigor, que entronizou em nosso direito positivo o denominado “tráfico privilegiado” – e novamente de ma-neira atabalhoada e insegura, causando polêmica nos tribu-nais, inexatidão nos julgados, contribuindo para um impasse jurisprudencial que afugenta qualquer possibilidade de um precedente remansoso que possa guiar o jurista na aplicação da lei penal.

Referido dispositivo, na verdade, não cuida de um “pri-vilégio”, nem retira do crime de tráfico sua hediondez. É uma causa especial de diminuição de pena que apenas ameniza a

reprimenda a ser imposta ao delinquente traficante, que terá sua pena-base (entre cinco e 15 anos) diminuída de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, tenha bons antecedentes, não se dedique a atividades criminosas e nem integre organização criminosa.

Algumas reflexões aqui se fazem necessárias. Esta foi uma tentativa válida do legislador penal de amenizar o trata-mento dado ao usuário traficante. Mas o legislador brasileiro confunde os termos necessariamente genéricos da lei penal com a falta de precisão legislativa, o que torna as figuras do tipo legislado vagas demais, suscetíveis de interpretações díspares que apenas aguçam o problema processual do trato penal do delinquente, em vez de apaziguar o conflito por meio de uma legislação clara e da jurisprudência consoli-dada.

Assim se dá porque inúmeros operadores do direito tei-mam em criar conceitos amplos, inexistentes na norma, tra-tando com complacência tão grave crime, alargando figuras que o legislador não criou, usurpando do Poder Legislativo a exclusividade constitucional na criação das normas, tudo isso para atarantar mais ainda a sociedade – e em detrimento da exatidão jurídica que deveria estar contida na lei e que, porque não está, fomenta entendimentos divergentes e pro-líficos.

Para a diminuição de pena são necessários a primarie-dade e os bons antecedentes. Mas eles não bastam. O agente traficante deve, também, não se dedicar às atividades crimi-nosas. Essa dedicação, contudo, não significa dedicação ex-clusiva, ou seja, que o agente só trafique, sem desempenhar qualquer outra atividade remunerada além desta, lícita ou não. O dispositivo não o diz. Dedicação implica habituali-dade, não exclusividade, não podendo o intérprete elastecer também a este conceito em sua eterna mania de ser “bonzi-nho” para além do que a lei penal o permita, com isso esque-cendo-se de que estará sendo injusto com toda a sociedade que padece das vicissitudes de viver à mercê de traficantes, principalmente nas periferias das grandes cidades.

Por fim, não deverá o agente integrar organização cri-minosa. A expressão é elemento normativo da lei penal, exigindo do seu intérprete que extravase as sendas do tipo, buscando fora do dispositivo a definição do conceito, que aqui não tem a abrangência que os adeptos do direito penal mínimo dele pretendem. Basta a qualquer organização, cri-minosa ou não, que seja um agrupamento de pessoas unidas habitualmente em torno de um mesmo fim.

O legislador bem que tentou acudir o “traficante usuá-rio”. Foi inexato, todavia, e com isso provocou involuntaria-mente esta celeuma interpretativa, que vem causando torve-linho e rebuliço na aplicação da lei, sem pacificar a questão ou a sociedade. O direito penal, todo ele positivado, ainda reclama por norma que trate de maneira mais eficiente esta figura típica que está ficando, infelizmente, cada vez mais corriqueira: a do agente usuário que, para manter o vício, também mercadeja drogas.

ESTADO DE MInAS - p. 1 - DIREITO & JuSTIÇA - 06.06.21011

O tráfico privilegiado

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