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Curso de Direito do Trabalho - Edson Braz da Silva Vol.1 UNIDADE 8 - RELAÇÕES ESPECIAIS DE EMPREGO I. EMPREGADO DOMÉSTICO. 1. Conceito O conceito de empregado doméstico é dado pelo art. 1º da Lei n° 5.859/72: “Aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas.” 1.1 Decomposição do conceito a) Serviços de natureza contínua São aqueles rotineiros de uma residência. São serviços que dizem respeito às tarefas ligadas as necessidades cotidianas de uma família no âmbito de sua residência. Exemplo: cozinhar e servir o trivial das refeições diárias; limpar e arrumar a casa, executando tarefas rotineiras; lavar e passar pequenas e poucas peças do dia-a-dia; etc. Aquelas tarefas que normalmente são executadas diariamente não perdem a natureza contínua mesmo que, por conveniência do tomador dos serviços, sejam acumuladas para execução em apenas alguns dias da semana ou do mês. Portanto, ainda que esses serviços rotineiros sejam prestados em dias espaçados, o trabalhador envolvido na sua execução será empregado doméstico, porque a descontinuidade que descaracteriza o serviço doméstico é aquela factual e não a descontinuidade volitiva, fruto da vontade exclusiva do tomador dos serviços. b) Serviços de finalidade não lucrativa São serviços de finalidade não lucrativa apenas as atividades voltadas para satisfação imediata das necessidades ditadas pela rotina da vida familiar, sem qualquer ligação com as atividades produtivas dos membros da família. Portanto, mesmo que prestados exclusivamente dentro da residência, se as tarefas se correlacionarem de alguma forma e contribuírem para as atividades produtivas do tomador dos serviços, o executor não terá o status de empregado doméstico. 1

08 Relações Especiais de Emprego

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UNIDADE 8 - RELAÇÕES ESPECIAIS DE EMPREGO

I. EMPREGADO DOMÉSTICO.

1. ConceitoO conceito de empregado doméstico é dado pelo art. 1º da Lei

n° 5.859/72: “Aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas.”

1.1 Decomposição do conceito

a) Serviços de natureza contínua

São aqueles rotineiros de uma residência. São serviços que dizem respeito às tarefas ligadas as necessidades cotidianas de uma família no âmbito de sua residência. Exemplo: cozinhar e servir o trivial das refeições diárias; limpar e arrumar a casa, executando tarefas rotineiras; lavar e passar pequenas e poucas peças do dia-a-dia; etc.

Aquelas tarefas que normalmente são executadas diariamente não perdem a natureza contínua mesmo que, por conveniência do tomador dos serviços, sejam acumuladas para execução em apenas alguns dias da semana ou do mês. Portanto, ainda que esses serviços rotineiros sejam prestados em dias espaçados, o trabalhador envolvido na sua execução será empregado doméstico, porque a descontinuidade que descaracteriza o serviço doméstico é aquela factual e não a descontinuidade volitiva, fruto da vontade exclusiva do tomador dos serviços.

b) Serviços de finalidade não lucrativa

São serviços de finalidade não lucrativa apenas as atividades voltadas para satisfação imediata das necessidades ditadas pela rotina da vida familiar, sem qualquer ligação com as atividades produtivas dos membros da família. Portanto, mesmo que prestados exclusivamente dentro da residência, se as tarefas se correlacionarem de alguma forma e contribuírem para as atividades produtivas do tomador dos serviços, o executor não terá o status de empregado doméstico.

c) Serviços prestados no âmbito familiar

Devemos delimitar o âmbito residencial como o espaço de interesse e atividade essencialmente afetos à rotina da pessoa ou da família, mesmo que os serviços sejam prestados fora do espaço físico da residência, como por exemplo, o motorista doméstico, o arrais e o piloto de aeronave envolvidos em execução de atividades voltadas para satisfação imediata das necessidades ditadas pela rotina da vida pessoal ou familiar, sem qualquer ligação com as atividades produtivas dos membros da família.

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Jurisprudência

PRESCRIÇÃO BIENAL. MENOR. INAPLICABILIDADE. NORMA COGENTE. Evidenciado nos autos que a reclamante era menor de dezoito anos à época do desate contratual, não se há de contar prazo prescricional a partir desta data, mas tão-somente do momento em que for atingida a maioridade. Conclusão adotada de ofício, considerando a natureza cogente da norma contida no art. 440 da CLT.

TRABALHADOR DOMÉSTICO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO FORA DO ÂMBITO FAMILIAR. FINS LUCRATIVOS. DESCARACTERIZAÇÃO. Considera-se trabalhador doméstico aquele que executa labor dentro do seio familiar, exclusivamente, sem desenvolver tarefas que impliquem geração de lucro para seus patrões. Verificando-se que o labor ocorre simultaneamente na esfera residencial e em âmbito comercial - restaurante -, descaracteriza-se a relação laboral doméstica e reconhece-se verdadeira vinculação empregatícia sob o pálio da CLT. Recurso parcialmente provido. PROC RO 01248.2003. 008.13.00-9 - 13ª REGIÃO - PB - Edvaldo de Andrade - Juiz Relator. DJ/PB de 25/08/2004 - (DT - Abril/2006 – vol. 141, p. 242).

1.2 Diferença entre empregado doméstico e o diarista autônomo.

Quando as tarefas executadas no âmbito residencial da pessoa ou família não têm finalidade lucrativa e se correlacionam a serviços de natureza verdadeiramente descontinua, o trabalhador que as executa em alguns dias da semana ou do mês não tem o status de empregado doméstico, constituindo a categoria dos diaristas autônomos.

Os serviços executados pelo diarista autônomo são

factualmente de natureza descontínua, como por exemplo, faxina e limpeza geral da casa, com lavagem de vidros, cozinha, banheiros; levar e passar grandes de quantidades de roupas.

Jurisprudência:

DIARISTA. VÍNCULO DE EMPREGO - Salvo pactuação expressa em sentido contrário, não há vínculo de emprego quando o (a) diarista presta serviços em residências, executando uma tarefa especial, de forma intermitente sem rigidez obrigacional e até com certa liberdade quanto a freqüência e horário. Revista conhecida e desprovida. TST-RR-523.690/98 - 2ª Turma. (Rev. TST, Brasília, vol. 67, nº 1, jan/mar 2001, p. 229-232.)

PROC. Nº TST-E-RR-593.730/99.6 SBDI1Publicação DJ - 15/04/2005RELAÇÃO DE EMPREGO. DIARISTA. LIMPEZA EM ESCRITÓRIO DE EMPRESA. NÃOEVENTUALIDADE.1. A constante prestação de serviços de limpeza em escritório de empresa, ainda que em apenas um dia da semana, por anos a fio, caracteriza vínculo empregatício. O requisito legal da não-eventualidade na prestação do labor, para efeito de configuração da relação de emprego, afere-se precipuamente pela inserção do serviço no atendimento de necessidade normal e permanente do empreendimento econômico da empresa. Servente de limpeza, que realiza tarefas de asseio e conservação em prol de empresa, semanalmente, mediante remuneração e subordinação, é empregada, para todos os efeitos legais. A circunstância de também prestar serviços a terceiro, paralelamente, não exclui o vínculo empregatício, pois a lei não exige exclusividade, em regra, para tanto.2. Acórdão turmário que se divorcia dos fatos expostos no acórdão regional contraria a Súmula 126 do Tribunal Superior do Trabalho.3. Embargos da Reclamante conhecidos e providos para restabelecer o acórdão regional.

Dias trabalhados por semana não definem se faxineira é diarista ou empregadaNão é o número de dias que a faxineira trabalha na residência que define que ela é diarista. Para os juízes da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP), mesmo prestando serviço somente um ou dias por semana, ela poderá ser considerada empregada doméstica, não autônoma. O entendimento da turma foi firmado no julgamento do Recurso Ordinário de uma ex-patroa, contra a sentença da 1ª Vara do Trabalho de Diadema (SP) que reconheceu o vínculo empregatício de uma faxineira que trabalhou em sua casa, duas vezes por semana, durante dois anos, cumprindo jornada da 8h às 17h. A ex-patroa sustentou que já tem uma empregada fixa e que a reclamante seria apenas uma faxineira diarista, pois "estão ausentes os requisitos para a caracterização do vínculo de emprego entre as partes". De acordo com o Juiz Sérgio Pinto Martins, relator do recurso no tribunal, "o trabalho da reclamante era feito toda semana, duas vezes e não uma vez ou outra. Isso caracteriza a habitualidade semanal e não que o trabalho era feito ocasionalmente". Segundo o relator, "a Lei n.º 5.859 não dispõe quantas vezes por semana a trabalhadora deve prestar serviços ao empregador para ser considerada empregada doméstica". "Um médico que trabalha uma vez por semana no hospital, com horário, é empregado do hospital. O advogado que presta serviços num dia fixo no sindicato e tem horário para trabalhar é empregado. Então porque a trabalhadora que presta serviços duas vezes por semana, com horário a observar, não pode ser empregada doméstica", indagou o Juiz Pinto Martins. "A realidade dos fatos demonstra que a autora era empregada", concluiu. Por maioria de votos,

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a 2ª Turma reconheceu o vínculo, condenando a ex-patroa a pagar os direitos trabalhistas devidos à empregada doméstica, além de registrar o contrato na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). (RO 00367.2005.261.02.00-1) Publicado em 26 de Outubro de 2005.

1.3 Empregado Doméstico de chácara de lazer

A jurisprudência trabalhista é firme no sentido de que o trabalhador de chácara de lazer exclusivo da família é empregado doméstico, mesmo que nela se execute alguma atividade produtiva, desde que de pequena monta e revertida ao custeio do próprio imóvel.

1.4 Prescrição dos direito dos empregados domésticos

A jurisprudência do TST é no sentido de que ao empregado aplica-se prescrição bienal.

1.5 FGTS e Seguro Desemprego do empregado doméstico

A Lei n° 10.208, de 23/03/2001, e o Decreto n° 3.361, de 10/02/2000, facultam o acesso ao sistema FGTS e ao seguro-desemprego aos domésticos. O seguro desemprego é concedido aos empregados domésticos vinculados ao FGTS.Ver art. 18, § 1º.

1.6 Rescisão do contrato de trabalho do empregado doméstico

Nos termos do art. 6º-A da Lei 5.859/72, os empregados domésticos estão sujeito às sanções do art. 482 da CLT podendo ter o contrato de emprego rescindido por justa.

Apesar do silêncio da lei, por uma questão de isonomia, deve haver reciprocidade para que o empregador doméstico também fique sujeito a rescisão do contrato por justa causa nos casos de falta grave elencados no art. 483 da CLT.

1.6.1 Estabilidade Provisória do Empregado Doméstico

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, prevendo a estabilidade provisória da empregada grávida, surgiu uma polêmica sobre a extensão dessa proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa à empregada doméstica. Ao final, acertadamente prevaleceu na doutrina e na jurisprudência que o artigo 10, II, b, dos ADCT, não se aplica às empregadas domésticas, porque este dispositivo tem por finalidade regular o inciso I, do art. 7º da C.F que por silêncio eloqüente do seu Parágrafo Único não incide sobre a relação de emprego doméstica.

O mestre Russomano ensina:

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“Há um ponto também relevante que precisa ser esclarecido: o mencionado parágrafo único, ao enumerar os direitos concedidos, por via constitucional, às empregadas domésticas inclui, expressamente, entres eles, o auxílio-maternidade (inciso XVIII). Mas não lhe deu as vantagens do inciso I (proteção à relação de emprego contra despedida arbitrária). Logo, parece-nos certo concluir que a gestante doméstica não tem direito à estabilidade provisória (da comprovação da gravidez até cinco meses após o parto), porque esse privilégio foi concedido pelo art. 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, como regulamentação provisória do inciso I, do artigo 7º, que, como vimos, não é aplicável aos domésticos”.1

Como exemplo de jurisprudência, citamos acórdão da do Egrégio TRT da 10ª Região que acata e faz referência à tese que defendemos na condição de Procurador do Trabalho oficiante nos autos como custus legis.

“Não se aplica à doméstica gestante a garantia da proibição da dispensa arbitrária ou sem justa causa prevista no art. 10, II, letra “b”, do ADCT, por se referir este dispositivo exclusivamente aos empregados beneficiados por esse direito previsto no inciso I, do art.7º, da CF/88 dos quais a doméstica foi excluída pela omissão do parágrafo único deste preceito constitucional. TRT 10ª Reg. Ac. 2ª T., Relator Juiz Sebastião Machado Filho, in Revista LTr 55-04/480.

Entretanto, toda essa discussão caiu por terra com a edição da Lei nº 11.324, de 2006, acrescentando o art. 4o-A à Lei n° 5859/72, que proíbe a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada doméstica gestante desde a confirmação da gravidez até 5 (cinco) meses após o parto.

Provavelmente essa alteração legislativa suscitará uma boa discussão sobre a constitucionalidade do art. 4-A da Lei nº 5859/72, pois o art. 7, I da Constituição Federal prevê que a estabilidade no emprego será regulada por lei complementar e não por lei ordinária.

Penso que não há inconstitucionalidade no art. 4º-A, da Lei do Empregado Doméstico porque o inciso I do art. 7º da Constituição Federal, exigindo Lei Complementar para disciplinar a estabilidade no emprego não se aplica aos empregados domésticos e também porque o inciso I se refere à estabilidade permanente e não à estabilidade provisória, como é a estabilidade decorrente de gravidez.

1.7 Reflexos dos Benefícios Previdenciários sobre direitos trabalhistas dos domésticos

Durante a licença maternidade, ao empregador cabe recolher apenas a contribuição previdenciária patronal (12%) sobre o salário de contribuição.  O salário maternidade é considerado salário de contribuição, conforme § 2° do art. 28 da Lei 8.212/91.  O auxílio-doença, sendo benefício previdenciário, não é considerado salário de contribuição, nos termos do § 9° 1 Curso de Previdência Social, Editora Forense, RJ, 2ª Edição, 1993, p. 410.

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do mesmo art. 28.  Logo, durante o auxílio doença, não é devida qualquer contribuição, tanto pelo empregado como pelo empregador. 

Aos domésticos se aplicam as normas do regime de benefícios previdenciários.  Com base no art. 131, III da CLT e nas Súmulas 46 e 89 do TST, podemos afirmar que o auxilio doença integra o tempo de serviço para efeito de férias e gratificação natalina.  Caso o auxilio doença perdure por mais de 6 meses, o empregado perde o direito às férias, iniciando-se a contagem de novo período aquisitivo, art. 133, IV da CLT, aplicável subsidiariamente, já que omissa a Lei do Empregado Domésticos. 

Leitura complementar: 1) NASCIMENTO, Amauri Mascaro – Curso de direito do trabalho – 12. ed. rev. aum. – São Paulo : Saraiva, 1996. P. 605/606. 2) PINTO, José Augusto Rodrigues – Curso de direito individual do trabalho – 2. ed. – São Paulo : LTr, 1995. P. 244247.

II. TRABALHADOR APRENDIZ

Ver artigos 428 a 433 da CLT, com a redação que lhes deu a Lei N° 10.097 de 19/12/2000 e Lei nº 10.180 de 26/09/2005. Essa mesma Lei revogou os artigo 80, o § 1° do art. 405, 436, 437.

1. Conceito: "Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) anos e menor de 24 (vinte e quatro) anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psíquico, e o aprendiz, a executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação." (artigo 428 da CLT)2

1.1 Conceito de formação técnico-profissional: formação técnico-profissional caracteriza-se por suas atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho. (artigo 428, § 4°., CLT)

2 Requisitos de Validade:

A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, matrícula e freqüência do aprendiz à escola, caso não haja concluído o ensino fundamental, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob a orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica. (artigo 428, § 1°, da CLT)

A contratação do aprendiz poderá ser efetivada pela empresa onde se realizará a aprendizagem ou pelas entidades sem fins lucrativos mencionadas no inciso II do art. 430, caso em que não gerará vínculo de emprego com a empresa tomadora dos serviços. (Art. 431, CLT)

3 Aprendiz com deficiência.

2 Redação dada pela Lei n° 11.180 de 23/09/2005.5

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Nos termos do § 5º do art. 428 da CLT, a idade máxima de 24 anos não se aplica a aprendizes com deficiência.

Para os fins do contrato de aprendizagem, a comprovação da escolaridade do aprendiz com deficiência mental deve considerar, sobretudo, as habilidades e competências relacionadas com a profissionalização (§ 6º, do art. 428, CLT).

Diferentemente da regra geral, o contrato de aprendizagem do trabalhador com deficiência não se extinguir quando o aprendiz completar vinte e quatro anos (art. 433, da CLT).

4. Remuneração:

Ao menor aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário mínimo hora. (artigo 428, § 2°, da CLT.)

5. Duração máxima do contrato de aprendizagem:

O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de dois anos. (artigo 428, § 3°, da CLT)

6. Jornada máxima diária do trabalho aprendiz:

A duração do trabalho do aprendiz não excederá de seis horas diárias, sendo vedadas a prorrogação e a compensação de jornada. Todavia, para os aprendizes que já tiverem completado o ensino fundamental, o limite poderá ser de até oito horas diárias, se nelas forem computadas as horas destinadas à aprendizagem teórica. (Art. 432 da CLT) 7. Inserção do trabalhador aprendiz nas empresas:

Os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no máximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções demandem formação profissional. (artigo 429 da CLT)

Este limite não se aplica quando o empregador for entidade sem fins lucrativos, que tenha por objetivo a educação profissional e as frações de unidade, no cálculo da percentagem, darão lugar à admissão de um aprendiz. (artigo 428, §§ 1°-A e 1°, da CLT)

Quando os Serviços Nacionais de Aprendizagem não oferecerem cursos ou vagas suficientes para atender à demanda dos estabelecimentos, a falta poderá ser suprida por Escolas Técnicas de Educação e/ou entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a

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assistência ao adolescente e à educação profissional, registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Estas entidades deverão contar com estrutura adequada ao desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter a qualidade do processo de ensino, bem como acompanhar e avaliar os resultados. A competência dessas entidades será avaliada segundo normas fixadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. (Art. 430 da CLT)

8. Extinção do contrato de aprendizagem:

O contrato de aprendizagem extinguir-se-á no seu termo ou quando o aprendiz completar vinte e quatro anos, ou ainda antecipadamente nas seguintes hipóteses: desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz; falta disciplinar grave; ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo, ou a pedido do aprendiz. (art. 433 da CLT).

Apesar de omissa a lei quanto à resilição por falta grave do empregador, entendo que o trabalhador aprendiz pode considerar rescindido o contrato de aprendizagem e pleitear a devida indenização quando configurada uma das hipóteses previstas no artigo 483 da CLT.

Mesmo sendo um contrato por tempo determinado, quando ocorrer a sua resilição antecipada, ao contrato de aprendizagem não será aplicado o disposto nos arts. 479 e 480 da Consolidação.

9. FGTS no contrato de aprendizagem:

Nos contratos de aprendizagem a alíquota mensal do FGTS é de apenas 2% (dois por cento), enquanto nos contratos de trabalho comuns essa alíquota é de 8% (oito por cento). Art 15, § 7°, da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, Lei do FGTS.

Ler: 1) Curso de direito do trabalho – Orlando Gomes e Elson Gottschalk – Rio de Janeiro: Forense, 1998. P 441/450. 2) Curso Expositivo de Direito do Trabalho - Fábio Leopoldo de Oliveira – Ed. LTr. P. 126/128. 3) Pinto, José Augusto Rodrigues – Curso de direito individual do trabalho – 2. ed. – São Paulo : LTr, 1995. P. 234/238. 4) Nascimento, Amauri Mascaro – Curso de direito do trabalho – 12. ed. rev. aum. – São Paulo : Saraiva, 1996. P. 264

III. ATLETA PROFISSIONAL

LEI Nº 9.615, DE 24 DE MARÇO DE 1998.

ATLETA PROFISSIONAL. MULTA POR RESILIÇÃO ANTECIPADA DE CONTRATO. MULTA DO ART. 479 DA CLT e MULTA CONTRATUAL PREVISTA EM CLÁUSULA PENAL. Uma multa não exclui a outra, sendo uma devida em função da resilição antecipada do contrato de trabalho, prevista no art. 479 da CLT, e a outra para reparar perdas e danos, prevista em cláusula penal e obrigatória na foram do art. 28 supracitado. Recurso parcialmente provido. PROC 01858. 2004.006.19.00.8 - RO - 19ª REGIÃO - AL - José Abílio Neves Sousa - Juiz Relator. DJ/AL de 11/08/2005 - (DT - Dezembro/2005 – vol. 137, p. 118).

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IV. CONTRATO INDIVIDUAL DE EMPREGO RURAL.3

Introdução.

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, artigo 7°, caput, equiparando em direitos os trabalhadores urbanos e rurais, a importância do estudo destacado da relação de emprego rural restringia-se, praticamente ao problema da prescrição dos créditos trabalhistas, pois não incidia a prescrição na vigência do contrato de emprego rural. Todavia, com a edição da Emenda Constitucional n° 28, de 25/05/2000, estendendo aos trabalhadores rurais os mesmos prazos prescricionais estipulados pelo artigo 7°, XXIX, da Constituição da República para a relação de emprego urbano, cinco anos na vigência do contrato de emprego e dois anos após a sua extinção, não mais se justifica o estudo especial da relação de emprego rural, salvo alguns aspectos peculiares que analisaremos a seguir.

1. Empregado rural.

Conceito: “Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob dependência deste e mediante salário.” Artigo 2° da Lei 5.889/73.

2. Empregador rural:

Conceito: Empregador rural é a “pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que explore atividade agroeconômica em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com o auxílio de empregados.” Artigo 3° da Lei 5.889/73.

Para efeito de definição da relação de emprego rural, inclui-se na atividade agroeconômica a exploração industrial em estabelecimento agrário, artigo 3º, § 1° da Lei 5.889/73.

O artigo 2°, § 4º, do Decreto n° 73.626/74, considera como exploração industrial em estabelecimento agrário as atividades que compreendem o primeiro tratamento dos produtos agrários in natura sem transformá-los em sua natureza, como por exemplo: o beneficiamento, a primeira modificação e o preparo dos produtos agropecuários e hortigranjeiros e das matérias-primas de origem animal ou vegetal para posterior venda ou industrialização; o aproveitamento dos subprodutos oriundos das operações de preparo e modificação dos produtos in natura antes referidos.

3 Esta aula deve ser complementada com a leitura da Lei n° 5.889/73 e Decreto n° 73.841/74, bem como dos artigos “Aspectos controvertidos do trabalho rural”, da prof. Alice Monteiro de Barros in Revista do IGT N° 4, dezembro de 1995: Goiânia: 1996; e Justa Causa no Direito do Trabalho Rural (Rescisão Direta e Indireta) in Revista do IGT n° 5, junho de 1996. Também deve ser lida a cartilha " Condomínio de Empregadores: um novo modelo de contração no meio rural - Brasília : MTE, SIT, 2000, 61 p.

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Para efeito de definição do empregador rural, não será considerada indústria rural aquela que, operando a primeira transformação do produto agrário, altere a sua natureza, retirando-lhe a condição de matéria-prima.

O artigo 4°, da Lei 5.889/73, equipara “ao empregador rural, a pessoa física ou jurídica que, habitualmente, em caráter profissional e por conta de terceiros, execute serviços de natureza agrária, mediante utilização do trabalho de outrem.”

3. Grupo econômico rural.

A Lei n° 5.889/73, que cuida do trabalho rural, no artigo 3º, § 2º alargou o princípio da solidariedade das empresas componentes de grupo econômico, não exigindo no âmbito rural o requisito subordinação das empresas grupadas à empresa-mãe ou controladora, bastando que integrem grupo econômico ou financeiro rural.

4. Trabalho rural noturno.

4.1 Horário noturno.

Segundo a artigo 7°, da Lei n° 5.889/73, “considera-se trabalho noturno o executado entre as 21 (vinte e uma) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte, na lavoura, e entre as 20 horas de um dia e as 4 (quatro) horas do dia seguinte, na atividade pecuária.

4.2 Adicional noturno.

Enquanto no trabalho urbano o adicional noturno é de 20%, no trabalho rural ele é de 25%.

4.3 Hora noturna.

Uma questão ainda polêmica é saber se o artigo 73, § 1° da CLT, estabelecendo a hora reduzida de 52 minutos e 30 segundos, também incide sobre a hora noturna do trabalho rural.

No seu livro “Trabalha Rural “ o prof. Antenor Pelegrino, não faz menção sobre se a hora noturna no trabalho rural é reduzida ou não. Ele especifica apenas o percentual de 25% que incide sobre a hora noturna.

No livro “Manual do empregador rural “dos professores Maria Nívea Taveira Rocha e José Benedito Monteiro, não há menção sobre se a hora do trabalho noturno é reduzida ou não.

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No livro “Manual Prático do Trabalho Rural“, o prof. Osíris Rocha, não esclarece se a hora noturna no trabalho rural é reduzida ou não, especificando, tão-somente, que o percentual a incidir na hora noturna é de 25%.

No livro “Curso de Direito do Trabalho” estudos em memória de Célio Goyatá, Coordenado pela Profª. Alice Monteiro de Barros , no capítulo ”o trabalho rural” escrito por Márcio Túlio Viana, na p.304 preleciona que: “ A lei não reduz a duração horária da noite. Em troca, prevê um adicional de 25%. Além disso, distingue o empregado da lavoura e o da pecuária;.

No livro do prof. Saulo Emídio dos Santos, “Trabalhador Rural relações de emprego” na p. 38 explicita que “ atento às características próprias das atividades agrárias- que necessitam ser iniciadas mais cedo diariamente - e negando a hora reduzida de 52 min. 30 seg. Para os rurículas, o legislador fixou como noturna a faina das 21 às 5 horas, na lavoura, e das 20 às 4 horas, na pecuária.

Interpretando-se as jornadas noturnas de trabalho fixadas na lei, pode-se chegar a conclusão de que o legislador não reduziu em 52 min e 30 seg a hora noturna de trabalho do empregado rural; senão vejamos.

Se a duração da jornada de trabalho noturna rural especificada na lei para a pecuária, das 20 horas de um dia às 04 horas do dia seguinte, perfaz um total de oito horas trabalhadas, bem como na lavoura, das 21 horas de um dia às 05 horas do dia seguinte, perfaz também um total de oito horas trabalhadas, no trabalho noturno urbano, das 22 h de um dia às 05 h do dia seguinte, perfaz um total de 7 horas; sendo, portanto, tratada essa matéria de forma diversa. Por outro lado, o legislador celetista, no § 2º do art. 73, foi expresso ao reduzir a hora noturna do empregado urbano; não o fazendo ao regular o tema no artigo 7º e seu parágrafo único na lei 5.889/73.

Se a hora noturna reduzida tem o fito de prevenir a fadiga proporcionada pelo trabalho noturno, considerado pela medicina do trabalho muito mais extenuante para o homem, não poderia o trabalhador rural não receber a especial proteção da pela lei ao trabalhado noturno urbano, mesmo porque a Constituição Federal igualou os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais.

Contudo, no pertinente ao trabalho noturno, os desgastes físicos do trabalho rural e do urbano foram indenizados de formas diferentes: o trabalhador urbano foi agraciado com a hora noturna reduzida e o adicional de 20%, enquanto trabalhador rural, que não foi beneficiado com a hora noturna reduzida, teve o adicional noturno aumentado para 25%.

4.4 Intervalos intrajornada.

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Enquanto no trabalho urbano o intervalo para repouso e refeição, em qualquer trabalho contínuo de duração superior a 6 horas é obrigatório um intervalo mínimo de 1 hora e de no máximo 2 horas, salvo situações especiais, no trabalho rural esse intervalo será de acordo com os usos e costumes da região.

Quando o serviço for de natureza intermitente, não serão computados, com de efetivo serviço, os intervalos entre uma e outra parte da execução da tarefa diária, desde que a intermitência seja igual ou superior a 5 horas, devendo essa situação ser anotada na CTPS do trabalhador, nos termos do artigo 10 do Decreto n° 73.626, de 12 de fevereiro de 1974, que regulamentou a Lei 5889/74.

5. Salário utilidade.

Ver artigo 9°, e especialmente o seu § 5°, da Lei 5.889/73, com a redação que lhe deu a Lei 9.300/96.

No contrato de trabalho agrícola é lícito o acordo que estabelecer a remuneração in natura, contanto que seja de produtos obtidos pela exploração do negócio e não exceda de 1/3 (um terço) do salário total do empregado. (art. 506 CLT)        6. Medicina e segurança do trabalho rural.

Ver NR n° (sobre o trabalho rural)

7. Contrato de safra.

Somente as atividades agrárias sazonais, dependentes de variações estacionais, assim entendidas as tarefas normalmente executadas no período compreendido entre o preparo do solo para o cultivo e a colheita, podem ser submetidas ao contrato de safra, ou seja, por tempo determinado. Artigo 19, do Decreto n° 73.626/74.

8. Contrato de plantação subsidiária ou intercalar.

Quando autorizada e a cargo do empregado rural, será objeto de contrato em separado e não poderá compor a parte correspondente ao salário mínimo durante o ano agrícola.

9. Aviso prévio:

O aviso prévio do trabalho rural segue as mesmas regras do urbano, com exceção da redução da jornada de trabalho no período que é de um dia de trabalho por semana.

10. Consórcio de empregadores no meio rural.

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O consórcio de empregadores no meio rural é uma alternativa para a contração legalizada de mão-de-obra rural para as atividades sazonais de curta duração. Visa a atender aqueles casos em que o empreendedor rural precisa de uma grande quantidade de trabalhadores por um curto período, geralmente inferior a trinta dias, e que não justificaria, em razão do custo operacional da burocracia que envolveria, a formalização do contrato com cada um dos trabalhadores contratados. Na prática, para essas contratações sazonais de curta duração e que não justificam a formalização de contrato de safra, os empreendedores rurais utilizam-se dos bóias-frias, também conhecidos como trabalhadores volantes, pois a cada dia trabalham e uma propriedade diferente.

O consórcio de empregadores rurais surgiu por iniciativa do Ministério Público do Trabalho - Procuradoria Regional da 15ª Região que tomou a iniciativa de realizar uma reunião como Ministério do Trabalho e Emprego e o Instituto Nacional de Seguridade Social para implantação da idéia já debatida em seminário e congressos rurais da região.4

Os proprietários rurais de um mesmo município formam um consórcio para a contratação de trabalhadores que irão prestar serviços aos consorciados. Cada proprietário arca com todas as despesas trabalhistas proporcionalmente ao tempo de serviço recebido. Os proprietários são solidariamente responsáveis pelas dívidas do consórcio para com os trabalhadores por ele admitidos.

Segundo a Lei n° 10.256, de 09 de julho de 2001, que introduziu o artigo 25-A na Lei n° 8.212/91, "Equipara-se ao empregador rural pessoa física o consórcio simplificado de produtores rurais, firmado pela união de produtores rurais pessoas físicas, que outorgar a um deles poderes para contratar, gerir e demitir trabalhadores para a prestação de serviço, exclusivamente, aos seus integrantes, mediante documento registrado em cartório de títulos e documentos.

No âmbito do INSS, a matéria foi objeto da Circular n° 053/99. Sendo que o Ministério do Trabalho e Emprego editou uma cartilha sobre assunto (vide nota de rodapé n° 1)

..... RURÍCOLA. PRESCRIÇÃO. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 28/00. PROCESSO EM CURSO. INAPLICÁVEL. Inserida em 27.09.02

Considerando a inexistência de previsão expressa na Emenda Constitucional nº 28/00 quanto à sua aplicação retroativa, há de prevalecer o princípio segundo o qual a prescrição aplicável é aquela vigente à época da propositura da ação.

4 Ferreira Irany - Uma Alternativa para a contratação de mão-de-obra rural: consórcio de Empregadores no meio rural - LTr Suplemento Trabalhista 148/99 - p.785 - São Paulo : 1999

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11. Distinção entre o contrato de trabalho e de parceria rural

* A parceria agrícola é o contrato pelo qual uma pessoa cede um prédio rústico a outra, para ser por ela cultivado, repartindo-se os frutos entre as duas, na proporção que estipularem.

* A parceria pecuária é o contrato pelo qual uma pessoa entrega a outra animais para que esta os pastoreie ou crie, mediante uma cota nos lucros, geralmente in natura.

Esse contrato tem afinidade com o contrato de trabalho porque o parceiro/cessionário obriga-se a trabalhar, a exercer atividade produtiva. Mas não é empregado, na acepção técnica do vocábulo, pois não é trabalhador subordinado. O parceiro não recebe remuneração fixa por seu trabalho, participando dos lucros e dos riscos do negócio. A parceria não se executa intuitu personae, podendo o parceiro cessionário utilizar-se até mesmo de empregados ou concurso de membros de sua família.

A inexistência do vínculo de subordinação basta para diferenciar a parceria do contrato de trabalho. A exploração econômica do prédio rústico é dirigida pelo parceiro - cessionário, sem a intervenção do cedente, que, deste modo, não tem o poder hierárquico inerente ao exercício da função de empregador.

Obs: a condição econômica dos pequenos parceiros não difere da dos empregados em geral. O verdadeiro parceiro pode esperar o lucro e assimilar o prejuízo, enquanto o empregado não pode.

12. Prescrição dos Direitos do Empregado Rural – Regra de Aplicação da Ementa Constitucional n° 28/2000.

OJ SDI-1 RURÍCOLA. PRESCRIÇÃO. CONTRATO DE EMPREGO EXTINTO. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 28/2000. INAPLICABILIDADE. Inserida em 27.09.2002 (alterada, DJ 22.11.2005)

O prazo prescricional da pretensão do rurícola, cujo contrato de emprego já se extinguira ao sobrevir a Emenda Constitucional nº 28, de 26/05/2000, tenha sido ou não ajuizada a ação trabalhista, prossegue regido pela lei vigente ao tempo da extinção do contrato de emprego.

Jurisprudência:

PROCESSO: RR-555.510/1999.0 - TRT DA 17.ª REGIÃO - (AC. 4.ª TURMA)RELATOR: MIN. ANTÔNIO JOSÉ DE BARROS LEVENHAGENEMENTA: RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO. Segundo a iterativa, atual e notória jurisprudência da SDI, aplica-se a prescrição própria do rurícula ao empregado que exerce atividade rural em empresa de reflorestamento (Lei n.º 5.889/73, art. 10 e Decreto n.º 73.626/74, art. 2.º, § 4.º). Recurso de revista não conhecido.Publicado no DJ n.º 106. 02/06/2000. p. 283.

PROCESSO: RR-345.397/1997.2 - TRT DA 9.ª REGIÃO - (AC. 3.ª TURMA)RELATOR: MIN. CARLOS ALBERTO REIS DE PAULAEMENTA: RECURSO DE REVISTA - PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL - MARCO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO - O marco inicial da prescrição qüinqüenal a que se refere o artigo 7.º, inciso XXIX, alínea a, da Constituição Federal, é a data da propositura da reclamação e isto porque a circunstância de constar do texto constitucional a possibilidade de o direito ser exercido até dois anos posteriores ao rompimento do vínculo, não

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significa que o prazo transcorrido entre a data da extinção do contrato e a do ajuizamento da ação seja excluído da contagem geral dos cinco anos fixados pela Carta Magna.Publicado no DJ n.º 231, 03/12/99, p. 194.

PROCESSO: E-RR-527.382/1999.9 - TRT DA 6.ª REGIÃO - (AC. SBDI1)RELATOR: MIN. JOÃO BATISTA DE BRITO PEREIRAEMENTA: EXECUÇÃO. PENHORA. BEM GRAVADO POR CÉDULA DE CRÉDITO RURAL. 1. O art. 186 do Código Tributário Nacional, bem como os arts. 10 e 30 da Lei 6.830 (plenamente aplicáveis ao processo de execução trabalhista, ex vi do art. 889 da CLT), demonstram ter o crédito trabalhista tratamento privilegiado nas execuções podendo a penhora recair sobre bem gravado por cédula de crédito rural pignoratícia em razão de a propriedade e o domínio do bem permanecerem com o devedor-executado. 2. Segundo a disposição do § 2.º do art. 896 da CLT, o conhecimento do Recurso de Revista, em se tratando de processo de execução, está adstrito à demonstração de ofensa direta a texto constitucional. A questão acerca da possibilidade de penhora rural esbarra, necessariamente, no exame de normas legais, de sorte que a decisão Embargada, que não conheceu do Recurso de Revista, não vulnera o art. 896 da CLT. Embargos não conhecidos.Publicado no DJ n.º 24. 02/02/2001. p. 406.

PROCESSO: RR-324.922/1996.8 - TRT DA 6.ª REGIÃO - (AC. 5.ª TURMA)RELATOR DESIGNADO: MIN. DARCY CARLOS MAHLEEMENTA: ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. TRABALHADOR RURAL. O rurícola faz jus ao adicional de insalubridade quando sua atividade o expõe à ação de agentes insalutíferos, o que deve ser demonstrado por meio de perícia. Não merece provimento o recurso quando não são infirmados os fundamentos da decisão que, da análise do laudo pericial, infere que não se configuram as condições insalubres detectadas em situação semelhante. Recurso de revista a que se nega provimento.Publicado no DJ n.º 231. 03/12/99. p. 341.

PROCESSO: RR-342.432/1997.5 - TRT DA 6.ª REGIÃO - (AC. 5.ª TURMA)RELATOR: MIN. ARMANDO DE BRITOEMENTA: ADICIONAL DE INSALUBRIDADE - TRABALHADOR RURAL. O entendimento adotado pelo Regional mostra-se em consonância com a jurisprudência desta Alta Corte, no sentido de que é indevido o adicional de insalubridade ao trabalhador em atividade a céu aberto, pela sujeição a raios solares, pois a proteção está dirigida a outras fontes de radiações não ionizantes, cuja medição seja coerente exigir, não à exposição a condições climáticas. Incidente, portanto, o óbice do Enunciado n.º 333 do TST ao conhecimento do apelo. Recurso de Revista não conhecido.Publicado no DJ n.º 35. 18/02/2000. p. 282.

"Atividade agrária. É imprescindível para a caracterização do contrato de safra o cumprimento das formalidades legais e prova incontestes de que sua variação dependeu de variações estacionais da atividade agrária, por força do disposto no parágrafo único do art. 14 da Lei n.º 5.889/73. Verificada nos autos a existência entre as partes desse tipo de realidade, não se há falar em responsabilidade da empregadora quanto ao pagamento das parcelas decorrentes de extinção injusta de contrato laboral por prazo indeterminado." (TRT - 3.ª R - 4.ª T - RO n.º 19578/95 - Rel. Ribeiro do Valle - DJMG 04.05.96 - pág. 45).

"Caracteriza-se o contrato de safra quando preenchidos os requisitos legais e provado que a sua duração fixou-se pelas variações estacionais da atividade agrária (Lei n.º 5.889/73, art. 14, parágrafo único)." (TRT 3.ª R - 5.ª T - RO n.º 14619/94 - Rel. Godinho Delgado - DJMG 21.01.95 - pág. 47).

"Trabalhador rural. O contrato que rege as relações entre o trabalhador rural e o fazendeiro, especialmente nos períodos de safra, em atividades próprias da lavoura, é o de safra, previsto na lei do trabalhador rural". (TRT-3.ª R - 1.ª T - RO n.º 14596/94 - Rel. Antonio F. Guimarães - DJMG 02.12.94 - pág. 57)

"Contrato de safra - Caracterização. Comprovado nos autos a transitoriedade da contratação na zona rural canavieira, através da coincidência entre o término do pacto laboral e o período de safra, tem-se que houve contrato por prazo de terminado de safra. Recurso obreiro improvido." (TRT - 5.ª R - 1.ª T - RO n.º 7860/97 - Rel. Juiz Newton Jerônimo Rodrigues - DJPE 21.01.98 - pág. 31).

"Contrato de safra - Descaracterização. Ainda que o contrato de safra se submeta às variações estacionais da atividade agrária, não se pode ter como de safra aquele que perdurou por mais de 7 meses, para a colheita na lavoura de café, sem que prova da instabilidade sazonal se fizesse nos autos a estender o referido contrato, sobretudo quando pactuado permite inferir a existência de tarefas embutidas e incompatíveis com a safra." (TRT - 3.ª R - 1.ª T - RO n.º 8861/97 - Rel. Carlos Pinto - DJMG 06.02.98 - pág. 13.)

"Contrato de safra - Descaracterização. O contrato de safra, modalidade de contrato de trabalho por tempo determinado, e que na estipulação da Lei n.º 5.889/73 é aquele que 'tenha sua duração dependente de variações estacionais da atividade agrária' (parágrafo único do art. 14), por certo que fica descaracterizado quando demonstrado que o empregado, além da colheita, ativava-se no preparo da terra e no plantio, sendo as sucessivas contratações e recontratações do empregado anotadas na CTPS tentativa de burla à legislação obreira, pois na verdade existiu um único contrato de trabalho, sendo devidas, assim, as verbas decorrentes do contrato de trabalho por prazo indeterminado." (TRT - 15.ª R - 3.ª T - Ac. n.º 34864/98 - Rel. Mauro César M. de Souza - DJSP 19.10.98 - pág. 71).

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"Contrato de safra - Caracterização - Desnecessidade de trabalho na colheita. O contrato de safra não exige que o trabalhador preste serviços especificamente na colheita. O parágrafo único do art. 14 da Lei n.º 5.889/73 definiu o contrato de safra como sendo aquele que tenha sua duração dependente de variações sazonais da atividade agrária. Assim, mesmo que o trabalhador não trabalhe diretamente no serviço do campo, mas desde que sua atividade seja decorrente da estação da safra, é perfeitamente válido do contrato firmado. Recurso ordinário conhecido e não provido." (TRT - 15.ª R - 1.ª T - AC. n.º 8029/99 - Rel. José Otávio Bigatto - DJSP 29.06.99 - pág. 72.)

"Contrato de safra. Considera-se contrato de safra aquele que tenha sua duração dependente de variações estacionais da atividade agrária (parágrafo único do art. 14 da Lei n.º 5.889/93)." (TRT - 15.ª R - Ac. n.º 41094/2000 - Rel.ª Luciane S. da Silva - DJSP 06.11.2000 - pág. 11).

PROC.: TRT 18ª R/RO-3529/97 – Ac. nº 1151/98 – JCJ DE CALDAS NOVAS/GORELATOR: JUIZ ALDIVINO A. DA SILVAEMENTA: RELAÇÃO DE EMPREGO. RURAL. SUBORDINAÇÃO – VERIFICAÇÃO. Há certas situações onde a aparição do pressuposto da subordinação necessita de maior acuidade. No trabalho rural, onde não há um controle contínuo ou ostensivo da atividade do empregado, mesmo porque o dono da propriedade dali se ausenta vários dias, a subordinação está presente, apesar de rarefeita, vez que a realização de tais atividades independe da presença contínua do empregador.(Data do Julgamento: 03.03.1998)

PROC.: TRT 18ª R/RO-2229/91 – Ac. 0823/92 – COMARCA DE CARMO DO RIO VERDE/GORELATOR: JUIZ OCTÁVIO J. DE M. DRUMMOND MALDONADOEMENTA: RELAÇÃO DE EMPREGO RURAL. SAFRISTA. DISTINÇÃO DO CHAMADO “BÓIA-FRIA”. O trabalhador rural que labora, meses a fio, para o mesmo empresário, embora o faça apenas em determinado período do ano, se satisfeitos os demais requisitos do artigo 2º da Lei 5.889/73, é safrista, não volante, avulso ou “bóia-fria”. Ad argumentandum¸ caso, por absurdo, se entenda o contrário, mesmo assim terá ele direitos trabalhistas, aplicando-se-lhe, então, o art. 17 do citado diploma legal, consoante a lição do renomado Osíris Rocha.(sem referência)

TRABALHADOR RURAL. Prescrição.EMENTA: Trabalhador rural – Tipificação – Prescrição. A qualidade rural do trabalho emerge da conjugação de dois requisitos: atividade agroeconômica do empregador e exercício do labor do empregado em propriedade rural ou prédio rústico. Atendidos tais requisitos tem-se por rurícola o obreiro, pelo que a prescrição a ser observada é a prevista na alínea b, inciso XXIX, do artigo 7º, da Constituição Federal. (TRT – 3ª R – RO nº 16990/96 – Rel. Dr. Márcio Ribeiro do Valle – DJMG 22.03.97 – pág. 8)

Relação de emprego rural.EMENTA: Vínculo de emprego – Trabalhador rural – Contrato de parceria agrícola não caracterizado. O alegado contrato de parceria agrícola juntado aos autos não restou caracterizado. O denominado “porcenteiro” não passava de preposto da reclamada trabalhando e fiscalizando os serviços prestados pelo reclamante nas terras de propriedade daquela, fatos admitidos em juízo por seu representante legal. É por demais conhecido do Judiciário Trabalhista o fato de que no meio rural é comum a arregimentação de trabalhadores, por prepostos empregados ou por terceiros, para realização do trabalho agrícola. Em casos tais, o arregimentador ou intermediador de mão-de-obra recebe a denominação popular de “gato”, atividade que merece ser amplamente coibida. Vínculo de emprego reconhecido. Sentença reformada. (TRT – 9ª R – 5ª T – Ac. 5732/97 – Rel. Juiz Luiz Felipe Haj Mussi – DJPR 07.03.97 – pág. 390)

LEITURA COMPLEMENTAR

1) LIMA, Julio Geraldes de Oliveira. "Contrato de Safra - Caracterização".5

"A atividade agrária é caracterizada pela sazonalidade, ou seja, depende de variações estacionais. Explicando melhor, tem relação direta com o plantio e a correspondente safra do produto a ser explorado comercialmente. Em decorrência desta peculiaridade, os contrato de trabalho firmados com este mister são chamados 'contratos de safra", são transitórios e são assinados entre o fazendeiro e o trabalhador rural por prazo determinado, pois visam atender tão-somente o período de safra, entendimento este bem razoável, pois não haveria sentido a manutenção de um efetivo de pessoal para trabalhar alguns meses por ano. Entretanto, decisões existem que mostram que o Judiciário não 'dorme', nem se deixa enganar por maquiagens. Se o pacto laboral se estende por longo período, e o empregador exige dos trabalhadores o desempenho de tarefas outras que não as especificamente ligadas às atividades para as quais foi contratado, não há que se falar em prazo determinado ou contrato de safra, mesmo que as atividades sejam eminentemente agrícolas e periódicas. Por exemplo: o trabalhador rural que se dedica à colheita de safra e, após esta, executa o preparo da terra (adubação etc), tem seu contrato de trabalho considerado por tempo indeterminado, fazendo jus, quando da rescisão, às verbas resilitórias de praxe e peculiares.

Outro aspecto a destacar é que o contrato de safra não tem correlação direta com a atividade de colheita, mas pode estar intrinsecamente a ela ligado; desta forma, se o desempenho das atividades laborais depende das chamadas variações estacionais, o contrato é de safra, e, portanto, firmado por prazo determinado e tem caráter transitório.

5 Revista Consulex15

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* Julio Geraldes de Oliveira Lima é advogado em Brasília.

Jurisprudência:

PROCESSO: RR-345.155/1997.6 - TRT DA 9.ª REGIÃO - (AC. 5.ª TURMA)RELATOR: MIN. ARMANDO DE BRITOEMENTA: MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. EMPREGADO DOMÉSTICO. De acordo com o art. 7.º, alínea a, da CLT, aos empregados domésticos não se aplicam os preceitos do texto consolidado, salvo quando, em cada caso, for determinado expressamente em contrário. Portanto, não há falar em multa do art. 477, parágrafo 8.º, da CLT. Recurso de Revista não provido.Publicado no DJ n.º 35. 18/02/2000. p. 282.

PROCESSO: RR-356.978/1997.3 - TRT DA 5.ª REGIÃO - (AC. 5.ª TURMA)RELATOR: MIN. RIDER NOGUEIRA DE BRITOEMENTA: EMPREGADA DOMÉSTICA - SALÁRIO-MATERNIDADE - DESCONHECIMENTO DO ESTADO GRAVÍDICO. O desconhecimento da gravidez quando da despedida sem justa causa da empregada, não exime o empregador da obrigação pelo pagamento do salário-maternidade, pois o art. 7º, parágrafo único, da Constituição Federal, combinado com o inciso XVIII do mesmo dispositivo constitucional, ao contemplar a empregada doméstica com a licença à gestante, não impôs qualquer condição. Efetivamente, o direito ao salário-maternidade pressupõe tão-somente o estado gravídico da empregada na constância do contrato de trabalho. Logo, se a empregada grávida ficou impedida de gozar da licença à gestante, porque despedida injustamente, deve o empregador responder pelo ônus respectivo, convertendo-se o pagamento do salário- maternidade em indenização. Trata-se, na realidade, de uma responsabilidade objetiva decorrente dos riscos inerentes à condição de empregador. Revista conhecida e desprovida. Publicado no DJ n.º 106. 02/06/2000. p. 321.

DIARISTA. VÍNCULO DE EMPREGOPROCESSO Nº TST-RR-523.690/98 - (Ac. 2ª Turma)Relator: Min. Vantuil Abdala, Presidente e RelatorSalvo pactuação expressa em sentido contrário, não há vínculo de emprego quando o (a) diarista presta serviços em residências, executando uma tarefa especial, de forma intermitente sem rigidez obrigacional e até com certa liberdade quanto a freqüência e horário. Revista conhecida e desprovida. (Rev. TST, Brasília, vol. 67, nº 1, jan/mar 2001, p. 229-232.)

PROC.: TRT 18ª R/RO-3495/98 – Ac. Nº 8292/99 – JCJ DE CATALÃO/GORELATOR: JUIZ LUIZ FRANCISCO GUEDES DE AMORIMEMENTA: TRABALHO DOMÉSTICO – ENTIDADE FAMILIAR – LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM - MEMBROS DA ENTIDADE – RECONHECIMENTO. O art. 3º, inciso II, do Decreto º 71.885/73, define o empregador doméstico como sendo “a pessoa ou família que admita a seu serviço empregado doméstico’. Sendo assim, diante de prestação laboral de natureza doméstica, em benefício de entidade familiar, os membros desta, em razão de comporem a entidade familiar, e por serem credores diretamente da prestação laboral, empregadores potenciais, são partes legítimas passivas ad causam, na relação processual, podendo ser responsabilizados pelas obrigações trabalhistas daí decorrentes. Acaso existente o líder ou cabeça da entidade, ou coletividade familiar, suas atribuições não devem interferir na obrigação que onera a entidade como um todo. A realidade trabalhista deve imperar sobre a norma civil. Em sede de processo do trabalho, a morte do líder ou chefe da entidade familiar não deve requerer a aplicação das normas pertinentes à sucessão.(Data do Julgamento: 10.11.1998)

PROC.: TRT 18ª R/RO-2461/98 – Ac. 6992/98 – 5ª JCJ DE GOIÂNIA/GORELATOR: JUIZ MARCELO NOGUEIRA PEDRAEMENTA: INDENIZAÇÃO POR ATO ILÍCITO. AUSÊNCIA DE REQUISITO ESSENCIAL À CONFIGURAÇÃO DA RESPONSABILIDADE. A legislação previdenciária determina que o benefício do salário-maternidade deve ser pago diretamente pelo INSS à empregada doméstica (art. 73, da Lei nº 8.213/91), durante 120 dias, com início no intervalo entre 28 dias antes do parto e a data de ocorrência deste (art. 71, da Lei nº 8.213/91), sendo que a doméstica poderá requerê-lo até 90 (noventa) dias após o parto (parágrafo único do mesmo dispositivo). A concessão do benefício independe da observância de período de carência (art. 26, I, da Lei nº 8.213/91). Destarte, a aquisição do direito à percepção do salário-maternidade, por parte da Obreira, ocorreria por volta de um mês antes do parto, desde que permanecesse na condição de segurada da Previdência Social. Uma vez decidido que a dissolução do vínculo se deu por iniciativa da Autora, ainda no início na CTPS da Obreira, além de descumprir as obrigações previdenciárias correspondentes, não apresenta nexo de causalidade com a perda do benefício previdenciário, o que torna indevida a indenização postulada. (sem referência)

PROC.: TRT 18ª R/RO-4620/98 – Ac. 2254/99 – 2ª JCJ DE GOIÂNIA/GORELATOR: JUIZ OCTÁVIO JOSÉ DE MAGALHÃES DRUMMOND MALDONADOEMENTA: PARCERIA AGRÍCOLA – INEXISTÊNCIA. “A prestação de serviço mediante participação na colheita é permitida por lei, sendo praxe no meio rural. Não se confunde com a parceria, que é um contrato típico, onde há que preponderar a capacidade econômica do parceiro. Sem esse pressuposto, sua invocação é uma tentativa de mascaramento do contrato de trabalho. Rejeitada a argüida carência de ação.” (Proc. TRT/MG, nº RO-2.996/75, 2ª turma, Rel. Juiz Álfio Amaury dos Santos).(sem referência)

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PROC.: TRT 18ª R/RO-3186/97 – Ac. 1720/98 – 3ª JCJ DE ANÁPOLIS/GORELATOR: JUIZ MARCELO NOGUEIRA PEDRAEMENTA: EMPREGADO DOMÉSTICO. VIGIA. É empregado doméstico o vigia que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas (art. 1º, da Lei nº 5.859/72). O fato de receber horas extras e adicional noturno, embora se agregue como cláusula imodificável ao vínculo, não transmuta sua natureza. Destarte, o direito do obreiro à percepção das mencionadas parcelas adstringe-se aos limites em que outorgadas pelo empregador, por se cuidar de cláusula benéfica (art. 1090/CC).(Data do Julgamento: 12.03.1998)

PROC.: TRT 18ª R/RO-1153/99 – Ac. 2603/99 – 1ª JCJ DE ANÁPOLIS/GORELATOR: JUIZ LUIZ FRANCISCO GUEDES DE AMORIMEMENTA: EMPREGADA DOMÉSTICA – ESTABILIDADE PROVISÓRIA – LICENÇA MATERNIDADE. Não faz jus a empregada doméstica à estabilidade prevista no art. 10, inc. II, letra “b” do ADCT, uma vez que esta regulamenta o inciso I do art. 7º da CF/88, que não lhes foi estendido. Devido à empregada doméstica gestante, apenas, o salário-maternidade, durante 28 dias antes e 92 dias depois do parto, não podendo o empregador ser apenado com o pagamento da indenização pela licença-maternidade, quando a dispensa se der no correr do quarto mês de gestação.(Data do Julgamento: 20.05.1999)

PROC.: TRT 18ª R/RO-0416/99 – Ac. 1410/99 – 2ª JCJ DE GOIÂNIA/GORELATOR: JUIZ BRENO MEDEIROSEMENTA: ENFERMEIRO. TRABALHO NÃO CONTÍNUO. IMPOSSIBILIDADE DE CARACTERIZAÇÃO COMO TRABALHO DOMÉSTICO. Enfermeiro que trabalha em residência particular, somente nos finais de semana, com liberdade para prestar serviços em outros locais, não se enquadra como empregado doméstico.(Data do Julgamento: 23.03.1999)

DOMÉSTICO – TRABALHO EM DIAS ALTERNADOS – IRRELEVÂNCIA – CARACTERIZAÇÃO DO VÍNCULO – “Doméstica: trabalho em dias alternados; doméstica que trabalha duas ou três vezes por semana, fazendo serviços próprios de manutenção de uma residência, é empregada e não trabalhadora eventual, pois a habitualidade caracteriza-se prontamente, na medida em que seu trabalho é desenvolvido em dias alternados, verificando-se uma intermitência no labor, mas não uma descontinuidade; logo, estando plenamente caracterizada a habitualidade, subordinação, pagamento de salário e pessoalidade, declara-se, sem muito esforço, o vínculo empregatício.” (Ac un da 7ª T do TRT da 2ª R – RO 02970252508 – Rel. Juíza Rosa Maria Zuccaro – j 18.05.98 – Recte.: Maria Antonia de Meira Paula; Recda.: Terezinha Camargo Branco de Almeida – DO SP 12.06.98, p 189 – ementa oficial) (IOB nº 15/98 – Caderno 2 – pág. 301).

PROFESSOR. ReintegraçãoEMENTA: Professor municipal – Reintegração. O professor municipal admitido mediante concurso público não pode ser dispensado sem prévio procedimento em que se lhe assegure amplo direito de defesa. Inexistindo justificativa para demissão decorrente de mero capricho da administração, determina-se a reintegração do professor. (TRT – 12ª R – 1ª T – Ac. nº 1033/98 – Red. Juiz Godoy Ilha – DJSC 10.02.98 – pág. 39)

VIGILANTE. Distinção de vigiaEMENTA: Recurso ordinário – Vigia – Vigilante – Categorias diferentes. Há uma diferença entre vigia e vigilante, o vigia se inclui nas atividades próprias de portaria. A Lei nº 7.102/83, restringiu o campo de atuação dos vigilantes ao âmbito dos estabelecimentos bancários e financeiros. Não há como deferir para o vigia, trabalhador de empresa de construção civil, diferença salarial em face do salário da categoria dos vigilantes. É o caso dos autos. (TRT – 21ª R – Ac. nº 10386 – Rel. Juiz Doriélio Barreto da Costa – DJRN 25.03.97 – pág. 44) Unidade 8

RELAÇÃO DE EMPREGO DOMÉSTICO.Não se pode dizer que esta relação de emprego apenas se caracteriza se houver trabalho em cinco ou seis dias por semana. Entretanto, a prestação em apenas um dia na semana, a escolha do prestador, e sua interrupção por diversas ocasiões, não autoriza o reconhecimento de um contrato de trabalho. (TRT - 1a R - 6a T - RO no 20145/2000 - Rela. Dóris Castro Neves - DJRJ 9.1.2002 - p. 113)

DIARISTA - VÍNCULO EMPREGATÍCIO.Não tendo a reclamante prestado serviço à reclamada de maneira contínua, na forma do artigo 1o da Lei no 5.859/72, mas apenas duas vezes por semana, resta ausente o principal elemento configurador da relação de emprego doméstico ínsito no mencionado artigo e no artigo 3o, inciso I, do Decreto no 71.885/73. Dessa forma, tem-se que a obreira laborava como diarista, não fazendo jus às verbas pleiteadas na inicial. Recurso a que se nega provimento. (TRT - 10a R - 3a T - ROPS no 4136/2001 - Rela. Márcia M. C. Ribeiro - DJDF 18.1.2002 - p. 163)

EMPREGADOS DOMÉSTICOS - FÉRIAS PROPORCIONAIS.Os artigos 2o e 6o do Decreto no 71.885/73, que regulamenta a Lei no 5.859/72, estabelecem que as férias dos domésticos, à exceção do período de duração, devem observar os preceitos contidos na CLT. Logo, devidas as férias proporcionais, nos estritos termos dos artigos 146, parágrafo único, e 147 consolidados. (TRT - 10ª R - 2a T - RO no 830/2001 - Rel. André R. P. V. Damasceno - DJDF 18.1.2002 - p. 142)

EMPREGADA DOMÉSTICA - GESTANTE - SALÁRIO-MATERNIDADE.Não faz jus a empregada doméstica à indenização do salário-maternidade, referente ao período da licença à gestante (120 dias), uma vez que o ato potestativo do empregador de romper o contrato de trabalho não inviabiliza

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Curso de Direito do Trabalho - Edson Braz da SilvaVol.1

a concessão do referido benefício pela Previdência Social. (TRT - 12a R - 3a T - Ac. no 807/2002 - Rela. Ione Ramos - DJSC 24.1.2002 - p. 81)

PROC. TRT-18ª / RO- 4001/98 - AC. 1949/99 - 5ª JCJ de Goiânia - GORelator: Juíza Ialba-Luza Guimarães de MelloEMENTA: VÍNCULO DE EMPREGO. DOMÉSTICO OU RURAL. Reconhecendo o reclamado a produção de certa quantia de leite em sua chácara, que demonstra a existência de exploração agropastoril, fato este confirmado por prova testemunhal, o empregado que trabalha nessa atividade deve ser considerado rural e não doméstico. ( julgado em 13/04/1999)

PROC: TST/RR-719001/ 2000 TURMA: 01 - Origem REGIÃO: 18 RELATOR: MINISTRO JOÃO ORESTE DALAZENFONTE: DJ DATA: 05-04-2002EMENTA: EMPREGADO DOMÉSTICO. FÉRIAS PROPORCIONAIS. 1. O empregado doméstico faz jus às férias proporcionais. Embora os direitos trabalhistas da categoria estejam taxativamente contemplados na Lei nº 5859/72 e na Constituição Federal, aplica-se o art. 147 da CLT, por analogia, no particular, porquanto se a lei e a Constituição asseguram o mais - férias anuais integrais -, com muito maior razão asseguram também o menos: férias proporcionais. Há que dar prevalência ao princípio da razoabilidade e da consideração de que a generalidade da lei não consegue abarcar a riquíssima e vasta gama de situações que emergem da sociedade. 2. Ademais, a vedação de aplicação da CLT aos domésticos há de ser entendida em termos, sob pena de chegar-se ao extremo de os integrantes da categoria não se sujeitarem também à justa causa ou àprescrição. 3. Recurso de revista conhecido e desprovido.

PROC. TST/RR-492134/1998 - 4ª Turma - Origem 6ª REGIÃO RELATOR: MINISTRO MILTON DE MOURA FRANÇAFONTE: DJ DATA: 15-02-2002EMENTA: EMPREGADA DOMÉSTICA - PAGAMENTO DE VERBAS RESCISÓRIAS - MULTA - APLICABILIDADE DO ARTIGO 477 DA CLT. A partir do momento em que o constituinte assegurou à empregada doméstica uma série de direitos trabalhistas, conforme claramente resulta do artigo 7º, parágrafo único da Constituição Federal, razoável juridicamente a conclusão de que, paralelamente, os dispositivos infraconstitucionais disciplinadores de pagamento, prazo e de multa dessas obrigações legais pelo empregador devem ser aplicados à relação jurídica. Admitir-se o contrário, "data venia", seria relegar princípio de lógica jurídica comprometedora do próprio direito material, na medida em que o empregador poderia procrastinar o cumprimento da obrigação, porque não sujeito a nenhuma cominação. Ora, referido entendimento não se compatibiliza com o ordenamento jurídico, que consigna que a todo direito corresponde uma obrigação e, mais que isso, que não pode o credor ficar a mercê do devedor, sem possibilidade de coagi-lo a adimplir a obrigação no tempo e forma ajustada.Recurso de revista parcialmente conhecido e provido.

TRT-4ª / PROC. RO N° 00979.001/97-8 Juiz: DIONEIA AMARAL SILVEIRA Data de Publicação: DJ-RS 06/05/2002

EMENTA: JUSTA CAUSA. DOMÉSTICA QUE PRATICA ATO CONTRA A HONRA DA DONA DA CASA. Comete falta grave ensejadora de demissão por justa causa a doméstica que se dirige à dona da casa com palavras desrespeitosas e ofensivas à honra. Incidência do disposto nas alíneas "j" e "k" do artigo 482 da CLT.

TRT- 4ª / PROC. RO N° 01205.016/99-6 Juiz: PEDRO LUIZ SERAFINI Data de Publicação: DJ/RS 08/04/2002

EMENTA: JUSTA CAUSA. VERBAS RESCISÓRIAS. Alegação da reclamada no sentido da rescisão motivada por abandono de emprego. Condição que exige prova robusta, tratando-se de falta grave imputada ao trabalhador (artigo 482, alínea 'i', da CLT). Ônus da prova do qual a reclamada não se desincumbiu. Prova documental que demonstra a tentativa da reclamante em justificar faltas ao trabalho. Atitude que não se coaduna com a intenção de abandono do emprego. Presumível o interesse da obreira na manutenção do emprego, considerando seu conhecido estado gravídico e a necessidade da vigência do contrato de trabalho para a obtenção do salário maternidade junto ao INSS. Não cabimento do pagamento das férias proporcionais. Artigo 2º do Decreto n° 71.885/73, que não tem o condão de suplantar a Lei n° 5.859/72, tampouco o artigo 7° da Consolidação das Leis do Trabalho. Provimento parcial, para excluir da condenação as férias proporcionais.

LICENÇA MATERNIDADE. Garantia de emprego prevista no inciso XVIII do artigo 7º da Constituição Federal de 1988, estendida aos empregados domésticos por força do contido no parágrafo único do mesmo dispositivo legal. Benefício concedido independentemente de carência (artigo 26, inciso I, Lei nº 8.213/91), alcançado à empregada doméstica diretamente pelo Órgão previdenciário oficial, na vigência do contrato de trabalho. Demissão anterior ao período de gozo da licença, quando a autora não estava abrangida pela garantia de emprego. Ato da empregadora, consciente do estado gravídico da ré, que lhe impôs severo prejuízo, nos moldes do artigo 159 do Código Civil. Necessidade de reparação que se faz premente. Possibilidade legal de atribuir-se à reclamada a responsabilidade pela indenização da parcela vindicada. Provimento negado.

PROC. TRT-18/RO- 1334/2000 - 5ª Vara do Trabalho de GoiâniaRelator: Juiz Saulo Emídio dos Santos

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Recorrente: Ministério Público do Trabalho, representanto a menor Núbia Andrade de OliveiraRecorrida: Maria Madalena Medeiros RosaEMENTA: EMPREGADA DOMÉSTICA. Estendidas aos domésticos as normas constitucionais protetivas sobre salário e verbas rescisórias, são também aplicáveis as que visam garantir tais direitos, como os relativos à multa por mora (art. 477, §§ 6° e 8°/CLT), dobra de férias, etc. (julgado em 17/08/2000) - (obs. o acórdão cita lições de Emílio Gonçalves e Emílio Carlos Garcia Gonçalves)

Alterada em 24/10/2008

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