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RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site Ano VIII - Edição 89 - Abril 2015 Distribuição Gratuita Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê Para muitos Escola de qualida- de passa tão somente por uma comida segura no dia. Qualidade, associada à educação, é entendida e trabalhada de mui- tas maneiras. A maior parte da população opina (muitas vezes induzida pelo governo, empresa privada ou por opiniões alheias) desconhecendo a abundante pes- quisa e os acalorados debates sé- rios que acontecem há várias dé- cadas na América Latina e no mundo. Leia: Página 3 Dia Nacional do Choro O choro é um dos mais originais estilos de música, principalmente instrumental, cuja origem remonta o século XIX. Nascido no Rio de Janeiro, o cho- ro ganhou forte expressão nacio- nal, tornando-se um símbolo da cultura brasileira. Diz-se que o “pai do choro” foi Jo- aquim Callado Jr., um exímio flau- tista ... Leia: Página 4 Baseado nos estudos de Sigmund Freud Freud em 1915 registrou o ato fa- lho como sendo uma manifesta- ção do inconsciente sobre o cons- ciente humano, em que as suces- sivas tentativas para se realizar uma tarefa estava condicionada a uma incerteza da coordenação motora que orientava-se por uma via de expressão do pensamento na forma de uma falha de intelec- ção visualizada na recepção do estímulo humano adverso do sinal em que a intenção do emissor em transmitir o código era incapaz de refletir a decodificação da mensa- gem por parte do receptor quando este lançava sobre... Leia: Página 8 A opção clara da política agrícola brasileira pelo agronegócio é a grande responsável pela situação. O agronegócio utiliza largas ex- tensões de terras, os latifúndios, para plantar uma mesma espécie Convocamos toda a população a se engajar nesta luta, através dos comitês da campanha espalhados pelo Brasil. Ajude-nos na sua ESCOLA. Discuta com seus alunos! Leia: Página 12 www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org Mal entrei e já senti a aventura pela qual iria passar... Ao colocar o primeiro pé no degrau que, rapidamente, foi alcançado pe- lo outro que ficou no ar,num salto imperioso,as mãos amigas agarram -se nas argolas penduradas no alto de um deslizante “varão” me levan- do freneticamente pra frente e pra trás, impulsionando-me para todos os lados e pondo-me a prova do equilíbrio. Por: Genha Auga Leia mais: Página 2 VIVER COM UM SENTIDO DE RESPONSABILIDADE UNIVERSAL O físico Brian Swimme (in: O uni- verso é um dragão verde,p.9-11), de modo pertinente, indica algumas preocupações e rumos possíveis da ciência contemporânea, bem co- mo, aponta a necessidade de de- fendermos um diálogo entre as ci- ências da natureza e a filosofia da natureza uma vez que ambas, den- tro de suas áreas, procuram com- preender o mundo em sua especifi- cidade ontológica: Por: Loryel Rocha Leia mais: Página 11 A Rejeição também passa A rejeição é achar que não posso ser aceito. Também é sentir-se des- prezado, desvalorizado, achar que não somos bons o suficiente e que fizemos algo errado. Carlos Drummond de Andrade dizi- a: "A dor é inevitável. O sofrimento é opcional". Será mesmo? Conse- guimos não sofrer se assim decidir- mos? Conseguimos “optar” estando mergulhados na dor? Por: Mariene Hildebrando Leia mais: Página 6 BÔNUS: MÉRITO PARA UNS E DEMÉRITO PARA OUTROS. Secretaria de Educação de São Paulo anuncia bônus para 230 mil servidores, só que não! Todo ano, quando sai o resultado do IDESP (Índice de Desenvolvi- mento da Educação do Estado de São Paulo), que visa parametrizar o ensino em São Paulo, nos depara- mos com algo que nos parece, no primeiro olhar, justo e coerente... Por: Omar de Camargo e Ivan Claudio Guedes Leia mais: Página 9

089 - ABRIL · A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para ... Cada minuto da vida Nunca é mais, é sempre menos Ser é apenas uma face

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Ano VIII - Edição 89 - Abril 2015 Distribuição Gratuita

Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê

Para muitos Escola de qualida-de passa tão somente por uma

comida segura no dia.

Qualidade, associada à educação, é entendida e trabalhada de mui-tas maneiras. A maior parte da população opina (muitas vezes induzida pelo governo, empresa privada ou por opiniões alheias) desconhecendo a abundante pes-quisa e os acalorados debates sé-rios que acontecem há várias dé-cadas na América Latina e no mundo.

Leia: Página 3

Dia Nacional do Choro

O choro é um dos mais originais estilos de música, principalmente instrumental, cuja origem remonta

o século XIX. Nascido no Rio de Janeiro, o cho-ro ganhou forte expressão nacio-nal, tornando-se um símbolo da

cultura brasileira.

Diz-se que o “pai do choro” foi Jo-aquim Callado Jr., um exímio flau-tista ...

Leia: Página 4

Baseado nos estudos de Sigmund Freud Freud em 1915 registrou o ato fa-lho como sendo uma manifesta-ção do inconsciente sobre o cons-ciente humano, em que as suces-sivas tentativas para se realizar uma tarefa estava condicionada a uma incerteza da coordenação motora que orientava-se por uma via de expressão do pensamento na forma de uma falha de intelec-ção visualizada na recepção do estímulo humano adverso do sinal em que a intenção do emissor em transmitir o código era incapaz de refletir a decodificação da mensa-gem por parte do receptor quando este lançava sobre...

Leia: Página 8

A opção clara da política agrícola brasileira pelo agronegócio é a grande responsável pela situação. O agronegócio utiliza largas ex-tensões de terras, os latifúndios, para plantar uma mesma espécie Convocamos toda a população a se engajar nesta luta, através dos comitês da campanha espalhados pelo Brasil.

Ajude-nos na sua ESCOLA. Discuta com seus alunos!

Leia: Página 12

www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

Mal entrei e já senti a aventura pela qual iria passar... Ao colocar o primeiro pé no degrau que, rapidamente, foi alcançado pe-lo outro que ficou no ar,num salto imperioso,as mãos amigas agarram-se nas argolas penduradas no alto de um deslizante “varão” me levan-do freneticamente pra frente e pra trás, impulsionando-me para todos os lados e pondo-me a prova do equilíbrio.

Por: Genha Auga

Leia mais: Página 2

VIVER COM UM SENTIDO DE

RESPONSABILIDADE UNIVERSAL

O físico Brian Swimme (in: O uni-verso é um dragão verde,p.9-11), de modo pertinente, indica algumas preocupações e rumos possíveis da ciência contemporânea, bem co-mo, aponta a necessidade de de-fendermos um diálogo entre as ci-ências da natureza e a filosofia da natureza uma vez que ambas, den-tro de suas áreas, procuram com-preender o mundo em sua especifi-cidade ontológica:

Por: Loryel Rocha

Leia mais: Página 11

A Rejeição também passa

A rejeição é achar que não posso ser aceito. Também é sentir-se des-prezado, desvalorizado, achar que não somos bons o suficiente e que fizemos algo errado. Carlos Drummond de Andrade dizi-a: "A dor é inevitável. O sofrimento é opcional". Será mesmo? Conse-guimos não sofrer se assim decidir-mos? Conseguimos “optar” estando mergulhados na dor?

Por: Mariene Hildebrando

Leia mais: Página 6

BÔNUS: MÉRITO PARA UNS E DEMÉRITO PARA OUTROS.

Secretaria de Educação de São Paulo anuncia bônus para 230 mil servidores,

só que não!

Todo ano, quando sai o resultado do IDESP (Índice de Desenvolvi-mento da Educação do Estado de São Paulo), que visa parametrizar o ensino em São Paulo, nos depara-mos com algo que nos parece, no primeiro olhar, justo e coerente...

Por: Omar de Camargo e Ivan Claudio Guedes

Leia mais: Página 9

Abril 2015 Gazeta Valeparaibana Página 2

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download

Editor : Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

Email: [email protected]

Designe e artes gráficas: Rede Vale Comunicações - Fone: 0 xx 12 99703.0031

Gazeta Valeparaibana

Um MULTIPLICADOR do Projeto Social “ALeste” Uma OSCIP - Sem fins

lucrativos

Cassiano Ricardo O tempo é efêmero, no momento em que se nasce, já se começa a morrer, ser é apenas u-ma face do não ser

**** A esperança é também uma forma de continuo adiamento.

**** O Relógio "Diante de coisa tão doida Conservemo-nos serenos Cada minuto da vida Nunca é mais, é sempre menos Ser é apenas uma face Do não ser, e não do ser Desde o instante em que se nasce Já se começa a morrer."

**** Por que o raciocínio, os músculos, os... Por que o raciocínio, os músculos, os ossos? A automação, ócio dourado. O cérebro eletrônico, o músculo mecânico mais fáceis que um sorriso. Por que o coração? O de metal não tornará o homem mais cordial, dando-lhe um ritmo extra-corporal? Por que levantar o braço para colher o fruto? A máquina o fará por nós. Por que labutar no campo, na cidade? A máquina o fará por nós. Por que pensar, imaginar? A máquina o fará por nós. Por que fazer um poema? A máquina o fará por nós. Por que subir a escada de Jacó? A máquina o fará por nós. Ó máquina, orai por nós.

Editorial

Rádio web CULTURAonline Brasil

NOVOS HORÁRIOS e NOVOS PROGRAMAS

Prestigie, divulgue, acesse, junte-se a nós !

A Rádio web CULTURAonline Brasil, prioriza a Educaç ão, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Professor , Família e Socie-dade.

Uma rádio onde o professor é valorizado e tem voz e , onde a Educação se discute num debate aberto, crí tico e livre. Mas com responsabilidade!

Acessível no link: www.culturaonlinebrasil.net

Mal entrei e já senti a aventura pela qual iria passar...

Ao colocar o primeiro pé no degrau que, rapidamente, foi alcançado pelo outro que ficou no ar,num salto imperioso,as mãos amigas agarram-se nas argolas penduradas no alto de um deslizante “varão” me levando frenetica-mente pra frente e pra trás, impulsionando-me para todos os lados e pondo-me a prova do equilíbrio. Mas, antes disso, cumpri a primeira etapa da tarefa e consegui passar pelo condutor que se alterna entre passar o cartão magnético dos que adentram a máquina com uma das mãos, atender o celular entre a cabeça e o pesco-ço e dirigir com a outra mão.

Uau! Esse é “fera”. Próxima etapa: chegar até o assento o mais rápido que puder, sem cair, sem empurrar os demais e sem perder a res-piração, manter a calma e passar por todas as fases dessa prova. Se der sorte, pego um assento baixo ou, com manobras radicais, subo mais um degrau sem bater o joelho e sem se-gurar na mão do adversário que está ao lado, até conseguir me sentar. Em alta velocidade num curto espaço, com boas freadas e passando por cima de vários obstáculos como lombadas, desvios de buracos e evitando sair da pista e sem atropelar quem está ao lado ou pela frente, o condutor faz de tudo para me derrubar e eu sigo firme e atenta. Detalhe: sem usar cinto de segurança. Próxima fase: levantar-me, passar para o final do corredor sem cair e, alcançar rapidamente, antes que passe do últi-mo momento que tenho para não perder o jogo, acionar o botão que me lançará pra fora resultando em êxito total no cumprimento de todas as etapas ou, serei levada para mais longe saindo do jogo, inconformada pelo meu desempe-nho e restando seguir a pé ou, reiniciar o jogo e alcançar o objetivo final por outra módica tarifa que será o preço da minha falta de destreza. Bem, faço esse jogo às vezes pela aventura e adrenalina que me é proporcionado nesta cidade moderna e uma das mais conceituadas pelo Brasil afora e,confesso que sinto inveja daqueles que podem usufruir disso todos os dias por-que o jogo faz parte do cotidiano das pessoas daqui e está vinculado ao desempenho profissional que conta pontos no conceito de chegar pontualmente no trabalho e, sair a tempo da mesma forma para cumprir suas metas acadêmicas ou de casa onde seus familiares esperam e torcem pela sua chegada. Desde que o veículo não sofra nenhuma pane mecânica. Essa boa atividade que nos é oferecida quase que como uma ginástica diária, é um meio de transporte que temos e que se chama ônibus. Detalhe: você pode ganhar alguns bônus como: ser insultado, assaltado, incendiado e, ganha quem abandoná-lo o mais rápido possível, assim como se salta de um navio quando está afundando... Ah! Também conta pontos na performance no caso de: - Estar carregando objetos, sacolas, livros, etc. - Estar com criança no colo. - Ser mulher e estar grávida. - Ser idoso. - Ser idoso e usar bengala.

- Ser deficiente.

Que alegria! Acabei de receber a notícia de que houve uma atualização no jogo:

De agora em diante, alcançará mais pontos quem estiver com seu animalzinho de estimação e equilibrar-se ou passar por quem os tiver também, ultrapassar o obstáculo sem esbarrar e sem “causar”...

Quer um conselho? Seja um bom cidadão e deixe seu carro em casa e ande de ônibus.

Divirta-se!

Genha Auga – jornalista MTB: 15.320

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fotos e demais conteúdos são de

inteira responsabilidade dos colabo-radores que assinam as matérias, podendo seus conteúdos não cor-

responderem à opinião deste proje-to nem deste Jornal.

CULTURAonline BRASIL

Abril 2015 Gazeta Valeparaibana Página 3

28 Abril - Dia da Educação Para muitos Escola de qualidade passa tão somente por uma comida segura no

dia.

ROSA MARIA TORRES

Qualidade, associada à educação, é entendida e tra-balhada de muitas maneiras. A maior parte da popula-ção opina (muitas vezes induzida pelo governo, em-presa privada ou por opiniões alheias) desconhecen-do a abundante pesquisa e os acalorados debates sérios que acontecem há várias décadas na América Latina e no mundo.

Rosa Maria Torres é pedagoga, linguista, ativista soci-al e assessora internacional em temas ligados à edu-cação. Foi ministra da Educação e Culturas do Equa-dor.

As famílias e os políticos tendem a se ater ao que es-tá logo à vista: a infraestrutura. Assumem – equivoca-damente – que se o prédio é moderno, a educação no seu interior é boa. E, ao contrário: se o lugar é precá-rio ou a educação se faz ao ar livre, presumem – erro-neamente – que a educação é má.

Ultimamente, as tecnologias são cobiçadas: ter com-putadores e internet na escola é sinônimo de moderni-dade (ainda que usem pouco ou mal) e de emprego no futuro. Não obstante, se pode fazer uma educação péssima em meio aos aparatos eletrônicos e uma e-ducação excelente sem cabos, mais próxima das pes-soas e da natureza.

A Finlândia é um exemplo de um modelo escolar com um perfil tecnológico baixo.

A avaliação está na moda.

Muitos creem que quanto mais avaliação – de alunos, docentes, estabelecimentos etc. – melhor.

Isso não é necessariamente assim. Existem muitas avaliações mal pensadas e mal feitas, cujos resulta-dos não revelam nada de significativo e nem levam a reparos.

A culpa sempre é colocada nos avaliados, nunca nos avaliadores.

A avaliação distrai do importante: a aprendizagem. Ao tirar o prazer da leitura e do estudo, põe uma tensão enorme nos alunos, professores e escolas, fomenta a competição e o engano. Estudar para uma prova não é aprender.

Também é difundida a ideia de que a educação públi-ca é ruim e a privada boa. Há, no entanto, péssima educação privada (mesmo se é muito cara) e boa e-ducação pública. Muitos – pobres e ricos – dizem que é boa a escola que oferece uma segunda língua pres-tigiosa.

Ainda assim, o importante é que os alunos aprendam primeiro em sua própria língua. Isso é um direito e elemento essencial de uma educação de qualidade.

Para os pobres, muitas vezes, a qualidade da escola passa simplesmente por uma comida segura por dia, um professor ou uma professora que não falte, que não maltrate muito e que, oxalá, ao menos entenda a língua dos alunos.

Costuma haver grande distância entre realidades e percepções: na América Latina essa distância é enor-me. Há excessiva satisfação com uma educação de má qualidade e baixos resultados de aprendizagem. Quanto menor o nível educacional, mais satisfeitas e mais conformadas as pessoas estarão com o sistema escolar. Por isso, não cabe confiar na opinião como critério para identificar a qualidade da educação.

Muitos poucos se preocupam e se ocupam do mais importante que é como se ensina; o que e como se aprende; o que, como e para que se avalia.

O afeto, o interesse, o amor pela leitura, o gosto de aprender e a ausência de medo são ingredientes in-dispensáveis para uma educação de qualidade em qualquer idade.

Avançar na direção de uma educação de qualidade implica, justamente, que a cidadania se informe me-lhor a fim de saber por que e como reivindicá-la.

Calendário do mês Feriados, Datas Comemorativas

01 Abril - Aniversário do Golpe Militar - 1964 01 Abril - Dia da Mentira 01 Abril - Dia da Abolição da Escravidão dos Índios 02 Abril - Dia Internacional do Livro Infantojuvenil 05 Abril - Dia das Telecomunicações 07 Abril - Dia do Jornalismo 07 Abril - Dia Mundial da Saúde 08 Abril - Dia Mundial do Combate ao Câncer 09 Abril - Dia da Biblioteca 12 Abril - Guerrilha do Araguaia 13 Abril - Dia dos Jovens 13 Abril - Dia do Hino Nacional Brasileiro 14 Abril - Dia Pan-Americano 15 Abril - Dia da Conservação do Solo 15 Abril - Dia do Desarmamento Infantil 16 Abril - Dia Mundial da Voz 18 Abril - Dia do Amigo 18 Abril - Dia Nacional do Livro Infantil 18 Abril - Dia de Monteiro Lobato 19 Abril - Dia do Índio 19 Abril - Dia do Exército Brasileiro 21 Abril - Dia da Latinidade 21 Abril - Aniversário de Brasília 22 Abril - Dia Mundial da Terra 22 Abril - Descobrimento do Brasil 22 Abril - Dia da Comunidade Lusobrasileira 22 Abril - Dia do Planeta Terra 23 Abril - Dia Mundial do Escoteiro 23 Abril - Dia Nacional do Choro 24 Abril - Dia do Chimarrão 25 Abril - Dia Latino Americano da Mulher Negra 26 Abril - Dia da 1ª Missa no Brasil 28 Abril - Dia da Educação 28 Abril - Dia da Sogra 29 Abril - Dia Internacional da Dança 30 Abril - Dia do Ferroviário

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Em São Paulo antes, no Paraná... Os professores pe-dem um aumento de 75,33%, percentual necessário para equi-parar a margem sala-rial da categoria com a de outras profis-sões com nível supe-rior e mesma jornada

de 20 horas semanais.

Abril 2015 Gazeta Valeparaibana Página 4

23 Abril - Dia Nacional do Choro O choro é um dos

mais originais estilos de música,

principalmente instrumental, cuja origem remonta o

século XIX. Nascido no Rio de Janeiro, o choro ganhou forte ex-

pressão nacional, tornando-se um

símbolo da cultura brasileira.

Diz-se que o “pai do choro” foi Joa-quim Callado Jr.,

um exímio flautista mulato que organizou, na década de 1870, um grupo de músicos com o nome de “Choro do Callado”.

Os historiadores concordam, em geral, que o chorinho brasileiro é um estilo peculiar de interpretar diversos gêneros musicais. No século XIX, muitos gêneros europeus como a polca, a valsa, o schottisches, a quadrilha, entre outros, eram tocados pelos chorões de maneira ori-ginal. Desse estilo de tocar consolidou-se o “gênero” do choro.

Que tal conhecer um famoso chorinho composto por um dos mais im-portantes músicos brasileiros de todos os tempos?

A história do choro desde Callado

Podemos dizer que a história do Choro começa em 1808, ano em que a Família Real portuguesa chegou ao Brasil. Depois de ser promulga-da capital do `Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves´, o Rio de Janeiro passou por uma reforma urbana e cultural, quando foram cria-dos muitos cargos públicos. Com a corte portuguesa vieram instru-mentos de origem européia como o piano, clarinete, violão, saxofone, bandolim e cavaquinho e também músicas de dança de salão euro-péias, como a valsa, quadrilha, mazurca, modinha, minueto, xote e, principalmente, a polca, que viraram moda nos bailes daquela época.

A reforma urbana, os instrumentos e as músicas estrangeiras, junta-mente com a abolição do tráfico de escravos no Brasil em 1850, po-dem ser considerados uma “receita” para o surgimento do Choro, já que possibilitou a emergência de uma nova classe social nos subúr-bios do Rio de Janeiro, a classe média, composta por funcionários pú-blicos, instrumentistas de bandas militares e pequenos comerciantes, geralmente de origem negra.

Origem do termo “Choro”

Existe controvérsia entre os pesquisadores sobre a origem da palavra “choro”, porém essa palavra pode significar várias coisas.

Choro pode derivar da maneira chorosa de se tocar as músicas es-trangeiras no final do século XIX e os que a apreciavam passaram a chamá-la de música de fazer chorar. Daí o termo Choro. O próprio conjunto de choro passou a ser denominado como tal, por exemplo, “Choro do Calado”.

O termo pode também derivar de “xolo”, um tipo de baile que reunia os escravos das fazendas, expressão que, por confusão com a parô-nima portuguesa, passou a ser conhecida como “xoro” e finalmente, na cidade, a expressão começou a ser grafada com “ch”.

Outros defendem, ainda, que a origem do termo é devido à sensação de melancolia transmitida pelas “baixarias” do violão.

A forma do chorinho clássico

O choro “clássico” possui 3 partes, organizada em forma de rondó, geralmente seguindo o padrão de repetições AABACCA . A primeira parte A está na tônica, a segunda, B, no tom da dominante (ou no tom relativo, se a tônica for um tom menor) e C no tom homônimo.

Exemplos: se a primeira parte estiver em Dó Maior, a segunda estará

em Sol Maior e a parte C estará em Dó menor. Se a primeira parte estiver em Lá menor, a segunda estará em Mi maior e a terceira em Lá maior.

Isso não significa no entanto que todo e qualquer chorinho seja assim. Há muitas variações, inclusive chorinhos com letra e chorinhos-canção. O exemplo de “Odeon” é uma prova de que um chorinho ins-trumental pode perfeitamente ser cantado.

Ao lado podemos ver a capa do primeiro livro dedicado ao choro.

O autor, Alexandre Gonçalves Pinto, conhecido como “Animal”, prova-velmente viveu entre 1870 e 1940. Era carteiro e músico amador (tocava violão e cavaquinho).

O nome do Animal ficou imortalizado por conta do livro que ele publi-cou em 1936: “O Choro - reminiscências dos chorões antigos”. Narra-do em primeira pessoa, é um livro de memórias, que fala sobre as pessoas, as festas, e os costumes que Alexandre vivenciou nos seus muitos anos de Choro.

O conjunto “regional” e os instrumentos do choro

Os conjuntos regionais são compostos por instrumentos musicais de sopro, cordas e percussão. Geralmente um ou mais instrumentos de solo, como flauta, bandolim, cavaquinho ou ainda clarinete e saxofo-ne, executam a melodia, enquanto o cavaquinho faz o papel de cen-tralizador de ritmo e um ou mais violões e violão de 7 cordas improvi-sam modulações como acompanhamentos, harmonizando e forman-do a base do conjunto com a chamada “baixaria” de sons graves. A-lém desses, há os instrumentos de percussão como o pandeiro. O pi-ano e o trombone eventualmente fazem parte dos regionais. Os cho-rões são versáteis e revezam-se no solo com facilidade.

Chorões importantes do passado e do presente

São inúmeros os compositores e intérpretes do choro. Alguns entre-tanto merecem destaque. Os chorões do passado que estão presen-tes em nossa memória, por nos legarem uma obra maravilhosa são:

Joaquim Callado

Anacleto de Medeiros

Ernesto Nazareth

Patápio Silva

João Pernambuco

Pixinguinha

Luís Americano

Villa-Lobos

Radamés Gnattali

Waldir Azevedo

Jacob do Bandolim

Principais grupos de choro de ontem e de hoje

O Choro de Calado (aproximadamente 1870)

Oito Batutas (1919)

Regional de Benedito Lacerda (1934)

Regional do Canhoto (1951)

Época de Ouro (1964)

Galo Preto (1975)

Os Carioquinhas (1977)

Nó em Pingo D’Água (1979)

Camerata Carioca (1979)

Fonte: http://www.musicabrasilis.org.br

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Abril 2015 Gazeta Valeparaibana Página 5

01 Abril - Aniversário do Golpe Militar - 1964

Geração 68, de vitoriosa a derrotada

POR: Ricardo Kotscho

Faço parte da geração 68, como ficou conhecida a dos

estudantes libertários que viraram o Brasil e o mundo de cabeça para o ar naquele ano do século passado, contestando todas as hierarquias e estruturas de poder, sem ter ideia de onde pretendiam chegar. Sabiam o que não queriam mais, mas não se entendiam sobre o que exatamente sonhavam colocar no lugar.

Pintava de tudo naqueles movimentos estudantis, das barricadas de Paris às grandes passeatas no Rio _ co-munistas, trotskistas, anarquistas, hippies do paz e a-mor, guerrilheiros urbanos, porra-loucas e insatisfeitos em geral.

Tinha acabado de entrar na faculdade, na primeira tur-ma da Escola de Comunicações e Artes da Universida-de de São Paulo, criada um ano antes. Voltei lá esta semana para participar de um debate junto com Heró-doto Barbeiro, meu colega no Jornal da Record News, que comemorou na segunda-feira sua milésima edição no ar.

Para mim, foi um verdadeiro choque cultural. Nada mais restava daquele agito permanente em que os alu-nos ficavam mais fora do que dentro das salas de aula, pintando cartazes e faixas, fazendo discursos inflama-dos contra o reitor, a polícia, os americanos, a ditadura militar, o diabo a quatro.

Confesso que não tinha na época a menor consciência política e gostava mesmo era da farra, das festas, das paqueras, das intermináveis conversas no Rei das Bati-

das, um bar que existe até hoje na entrada da Cidade Universitária.

Já trabalhava na época como estagiário do Estadão, o principal jornal brasileiro naquele tempo, onde tinha entrado no mesmo mês em que passei no vestibular. Como viajava muito para fazer reportagens, comecei a frequentar cada vez menos a faculdade, que não con-segui terminar até hoje.

Agora, ao entrar na sala, onde os alunos do professor Santoro já nos aguardavam, tive uma sensação estra-nha. Todos em silêncio, comportadamente sentados, pareciam esperar o início de uma missa. Do lado de fora, nenhum sinal ou som fazia lembrar a escola onde estudei quase meio século atrás. A ECA-USP velha de guerra, um dos principais focos dos confrontos dos a-nos 60, lembrava a sede de uma repartição pública.

Imaginava encontrar um clima bem diferente após as manifestações do Fla-Flu político dos últimos dias. Nos debates de que participei quando era aluno, os pales-trantes passavam o maior sufoco. Eram contestados a todo momento. Desta vez, porém, depois de uma hora de conversa, me dei conta de que só Heródoto e eu falamos, sem ninguém nos interromper para discordar de nada. Até comentei isso para dar uma provocada na turma, que ficou só olhando para a minha cara como se eu fosse um extraterrestre.

Com o entusiasmo de sempre, Heródoto falava das maravilhas das novas tecnologias e eu da minha paixão pela reportagem, relembramos fatos históricos, arrisca-mos previsões sobre o futuro da profissão. Quando chegou a vez das perguntas, ninguém tocou nas pro-fundas crises que o país está vivendo em todas as á-reas. Na verdade, nem eram perguntas, mas apenas comentários sobre teorias da comunicação e mercado de trabalho, algo bem limitado ao que costumam discu-tir em sala de aula. É como se não estivessem preocu-pados com o que acontece fora das fronteiras da uni-versidade.

À noite, na TV, quando comentamos nosso encontro na ECA, me dei conta de uma diferença fundamental que

aconteceu neste meio tempo: somos de uma geração que dedicou boa parte de suas vidas à luta coletiva, queríamos mudar o país e o mundo, e fomos vitoriosos ao ajudar a derrotar a ditadura e a dar início a um pro-cesso de distribuição de renda, que tornou nosso país mais livre e menos injusto.

Hoje, noto um comportamento mais egoísta, em que os jovens estão preocupados com a carreira e a próprio sobrevivência, na base do cada um por si e Deus por todos. Em algum ponto, nós falhamos. Não consegui-mos repassar para as novas gerações valores como a solidariedade, a ousadia, o inconformismo, a capaci-dade de sonhar e mudar o estabelecido para a constru-ção de uma sociedade mais generosa. Desapareceu do mapa uma palavra chamada idealismo (não confundir com ideologia).

Pior do que isso: não fomos capazes de criar novas lideranças nem deixamos herdeiros políticos, tanto que o país continua dividido entre FHC e Lula, trinta anos após a redemocratização do país, nem de manter vivo o espírito que mobilizou os movimentos sociais em tor-no das lutas pela anistia, pela Constituinte, pelas liber-dades públicas. Ou alguém sabe quem são esses "líderes" cevados nas redes sociais que apareceram nas manifestações de março? De onde surgiram, quais são suas histórias, que representatividade têm, quais são seus projetos de país? É um mistério.

Somos ao mesmo tempo vitoriosos e derrotados. Ga-nhamos nas lutas do passado, mas fomos derrotados na construção do futuro. Por isso, chegamos ao final de um ciclo político, com a falência do chamado presiden-cialismo de coalizão da Nova República, esta zorra fe-deral instalada em Brasília e tão distante do Brasil re-al, colocando em xeque o futuro da própria democracia representativa pela qual tanto lutamos.

Nas voltas que a vida dá, nos livramos do jugo dos mili-tares e caímos nas mãos do PMDB dos Renan Calhei-ros e Eduardo Cunha. Está na hora de começarmos tudo de novo.

Vida que segue.

Na cidade, a pressão da opinião pública é capaz de fazer o que a lei não consegue

Porque precisamos fazer a Reforma Política no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políti-cos não vem do nada. Para que existam bons políticos

para administrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

SOBRE DEMOCRACIA REPRESENTATIVA

Democracia representativa é o exercício do poder po lítico pela população eleitora não diretamente, mas através de seus representantes , por si designados, com man-

dato para atuar em seu nome e por sua autoridade, i sto é, legitimados pela soberania popular.

VOCÊ TAMBÉM É RESPONSÁVEL!

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Abril 2015 Gazeta Valeparaibana Página 6

18 Abril - Dia do Amigo A Rejeição também passa

A rejeição é achar que não posso ser aceito. Também é sentir-se desprezado, desvalorizado, achar que não so-mos bons o suficiente e que fizemos algo errado.

Carlos Drummond de Andrade dizia: "A dor é inevitável. O sofrimento é opcional". Será mesmo? Conseguimos não sofrer se assim decidirmos? Conseguimos “optar” estando mergulhados na dor?

Vou falar de um assunto que já ocorreu com a maioria de nós, uma ou várias vezes na vida. Sempre que acontece achamos que vamos tirar de letra, afinal já passamos por isso antes e deveríamos saber lidar com essa situação. Mas a verdade nua e crua é: não sabemos. Quando so-mos rejeitados por amor, sentimos uma dor imensa, mas dói tanto, mas tanto, que achamos que nunca mais va-mos parar de sofrer. Ocorre uma revolução dentro da gente. Nossas emoções, nossa autoestima ( nosso ego), ficam tão machucados que não raro entramos em uma tristeza profunda que acaba nos levando a depressão.

A dor de uma separação que não foi querida por nós, nos faz questionar o que fizemos para merecer isso, onde foi que erramos?

Achamos que a culpa é nossa, que temos algum proble-ma. Se somos trocados por outra(o) então?

Nossa, daí a paranoia é maior. O que o outro(a) tem que eu não tenho?.

Carlos Drummond de Andrade dizia: "A dor é inevitável. O sofrimento é opcional". Será isso verdade? Como fazemos para não sofrer se sentimos dor? Conseguimos “optar” estando mergulhados nela até a alma?

A verdade é que as vezes saberemos porque fomos “rejeitados”, mas na maioria das vezes não. É algo dolori-do, sofrido, não é bom, mas faz parte da vida. E não so-fremos rejeição apenas nos relacionamentos, em outras áreas da vida ela está presente também. O grau de inten-sidade da dor vai ser relativo ao que ela representa para nós. É sempre um baque no nosso ego, que fica ferido e custa a se recuperar. Nos sentimos fragilizados, tenta-mos reverter a situação, alguns se humilham, expondo sua autoestima em baixa perante o outro, o que com cer-teza acaba nos desvalorizando aos olhos daquele que não nos quer mais em sua vida.

A maioria das vezes a pessoa que rejeita, está rejeitando uma situação e não a pessoa em si. Ninguém conhece ninguém, mesmo estando anos ao lado da pessoa. Então como posso rejeitar alguém que nunca saberei direito como é?. Mostramos aquilo que queremos aos outros. Não quer dizer que estamos mentindo ou enganando, mas não somos os mesmos sempre. Mudamos nosso comportamento frente a situações e pessoas. Não somos sempre iguais. Um fato que ajuda a passar por esse mo-mento é descobrir porque fomos rejeitados, o que aconte-ce com o outro. A partir daí fica mais fácil elaborar o que está acontecendo, mas nem sempre isso é possível.

A terapeuta de casais Marina Vasconcellos diz que: “O ser humano tem necessidade de ser aprovado de ser aceito”. Pertencer a uma sociedade, a uma família, é uma necessidade básica. E a rejeição tira esse direito, fica um vazio. A sensação é profunda: “Dói no peito, parece que estão enfiando uma faca”.

Estudos recentes feitos nos Estados Unidos dizem que a dor da rejeição é a mesma da dor física. Fato é que a

rejeição nos causa além de dor, medo! Medo que é ante-rior ao ato da rejeição em si. Mas que fica ali povoando nossos pensamentos.

Medo de sermos humilhados, abandonados, rejeitados numa vaga de emprego?

Não ser aceito no time da escola, no trabalho em grupo, medo de ser rejeitado por não corresponder as caracte-rísticas físicas que são consideradas pela sociedade co-mo ideal. Enfim arrumamos desculpas para a rejeição, achamos que tudo é pessoal. A rejeição também tem conexão com o preconceito. Nosso e dos outros. Por pre-conceito, rejeitamos. E nem nos damos conta de que é preconceito. Deixamos de fazer inúmeras coisas por me-do da rejeição. Nem tentamos, o medo nos impede. E quando a rejeição de fato acontece nos sentimos os pio-res seres do mundo. Depois desse sentimento de dor, passamos para a raiva, é uma maneira de nos defender-mos contra aquilo que está nos causando dor e frustra-ção.

Mudar. Precisamos mudar atitudes e pensamentos. Cada um tem o seu tempo para lidar com a dor da rejeição, para juntar os caquinhos. Mesmo achando que ela nunca vai passar, quando você menos espera se dá conta que já não está doendo tanto. Quando foi mesmo que isso começou a acontecer? Não importa,o tempo realmente cura tudo, ou quase, bem... Se não cura, ameniza. E vo-cê começa a sorrir aos poucos, a ver a alegria voltando, os sonhos se instalando de novo, a solidão das noites longas e insones, quando eras visitado pelo medo... dimi-nuindo aos poucos.

O medo não vai embora de vez. Ele está sempre por ali. É esquecido quando estamos felizes, nos sentindo ama-dos, mas no fundo persiste aquela ideia de “ isso pode acabar” e como vai ser? Passar por todo o sofrimento de novo? Como diz Rubem Alves: “Nós temos uma capaci-dade quase infinita de suportar a dor, desde que haja esperança. Se diz que a esperança é a última que mor-re.”

E ela que nos move, a esperança. Não nos deixa esmo-recer, nos dá ânimo para recomeçar. Quando falamos de amor, da dor da rejeição, de um amor que acabou quan-do não queríamos que acabasse, só conseguimos seguir adiante quando acreditamos que um novo amor vai sur-gir. Acredito que podemos e devemos tentar ser feliz sem depender do amor de outra pessoa para isso. Mas nem todos conseguem. Alguns só são feliz as-sim,compartilhando a vida, amando e sendo amado.

Temos em primeiro lugar que nos amarmos. Depois te-mos que entender que sermos rejeitados por alguém não tem a ver com a nossa maneira de ser, ou com algo que fizemos e sim com um processo que não é nosso, é do outro. Tem a ver com amadurecimento de cada um, com o tempo de cada um. Se conseguir entender isso, vou querer sempre o bem do outro. Ora, se eu me amo, vou querer alguém que me ame também. Que esteja em sin-tonia comigo.

Respeitar o processo que cada um vivência, e entender que as vezes não existe mais lugar para a gente na vida do outro. São aprendizados que ocorrem ao longo da vida, e que nos fazem amadurecer. Como dizia Vinícius de Moraes...” a maior solidão é a do ser que não ama”.

Então não vamos deixar de amar por medo da rejeição!

Mariene Hildebrando Email: [email protected]

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“O trabalho dignifica e enobrece o homem”, diz um velho ditado que logicamente foi criado por quem não trabalhava, mas certamente por um explorador do trabalho alheio que queria convencer esse alheio que ele estava fazendo o melhor. Mas alguns que trabalham à revelia (como eu), só por necessidade, não porque gostam ou porque a-creditam em frases edificantes sobre o trabalho, logo adaptaram o ditado: “O trabalho empobrece e danifi-ca o homem”. Os que ganham enquanto os outros trabalham pro-curam nos convencer também que estamos todos juntos, “na mesma canoa”. Para esses, fiz uma imi-tação de haicai: Na mesma canoa Uns remam Outros ficam à toa O certo é que sempre se fala do trabalho como algo realizador, divino até. Todas as riquezas são criadas pelo trabalho. Concordo. Pena que essas riquezas não fiquem com quem as criou, os que fizeram o trabalho. Fiz uma seleção de ditados e de frases ditas por celebridades (ou não), sobre riqueza, ricos, bancos, dinheiro… e muito pouco sobre trabalho e trabalha-dor, porque, se há muito cinismo em ditos sobre o dinheiro e seus donos, há um cinismo que acho mais perverso nas frases pronunciadas em tom elo-gioso sobre o trabalho. É um cinismo diferente, que acho inútil reproduzir aqui. Mas antes desses ditados e dessas frases, começo por coisas da minha própria lavra, ditos meus, em forma de frases ou de haicais meio tronchos sobre dinheiro, trabalho e coisas afins (mas não semelhan-tes). Vamos lá

* * *

O QUE EU DISSE:

O inferno é aqui na terra mesmo, mas só para os

pobres. Para os ricos, aqui é um céu.

* * *

Em terra de endividados, quem tem um banco é rei.

* * *

Banqueiro dos bons Não morre de amores Por ladrões amadores

* * *

Há situações em que rico é que não vai pra frente. Na guerra, por exemplo.

* * *

Tá certo que o dinheiro não traz felicidade. Mas e a miséria, traz?

Abril 2015 Gazeta Valeparaibana Página 7

09 Abril - Dia da Biblioteca PROCRASTINAÇÃO

Preguiça, cansaço ou falta de tempo?

O que é procrastinação afinal...

Atualmente, ouvimos muito as pessoas reclamarem que o tempo parece que “voa” e não conseguem realizar seus in-tentos e cumprirem suas obrigações e, a maioria, realiza tudo que precisa na últi-ma hora e em cima do prazo.

Será realmente falta de tempo ou estamos acostumados a adiar as obrigações por não haver consequências maiores. Afinal, vivemos em um país onde culturalmente é normal a impontualidade e entregar com atraso as obrigações financeiras, de trabalho, de escola. Sem punição, ou maiores consequências, isso nos leva à procrastinação e adiamentos.

Portanto, a falta de repreensão, fez o brasileiro ter um estilo diferente de outros países onde o comprometimento com a pontualidade dos prazos é relevante para seu status e progresso.

No entanto, analisando por outro ponto de vista que não apenas a procrastinação meramente por hábito e certeza da impunidade, algu-mas pessoas sentem-se bem avaliadas no seu modus operandi quan-do dizem que estão acostumadas a agir sob pressão.

Outrasse sentem mais capazes por conseguirem executar tarefas no último momento e deixar à mercê da ansiedade aquele que sofre co-mo refém no aguardo do seu trabalho para obter resultados.

Há os perfeccionistas que exigem tanto de si e reveem suas tarefas até o último momento e não entregam enquanto não atingirem o máxi-mo da perfeição por medo do fracasso, embora, nem sempre esse máximo será exatamente o melhor esperado e podendo até causar frustrações. Muitas vezes, a entrega com antecedência, possibilita a-justes, se necessário, e a tempo.

O contrário também causa esse adiamento, pois o medo do sucesso pode gerar pensamentos de que se entregarem no prazo e se saírem muito bem, sempre será esperado isso desses indivíduos. Vem então, a ideia de que o sucesso lhes será cobrado pelo êxito obtido e surge o medo de sempre ter que ser assim.

Muitos são os motivos e justificativas, mas, a verdade é que além da falta de repreensão, do medo, do estilo ou do desafio, a procrastina-ção pode impactar negativamente na vida profissional e social de ca-da um e, muitas vezes o bem estar e a certeza de ter cumprido o que foi tratado, pode gerar menos ansiedade, menos austeridade e maio-res recompensas nos relacionamentos.

Pensem nisso!

GenhaAuga

jornalista – MTB: 15.320

Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, enco ntramos pessoas propensas aos mais diversos rumos i ncluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não te-nha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais divergentes momento s que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estã o à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu f uturo amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre.

Que esconde em seu âmago que o faz calar!!! Há dentro de nós,

Profundos segredos, – fantasias e pecados –

Deliciosos, horrorosos, inconfessáveis... Que faz com eles?

Jamais me contarás. Nem eu a ti!

Cada um tem dentro da alma irrevelados Desejos proibidos que moram no ser de cada um,

Ah! Se pudéssemos falar...

Quem seríamos? Quem sabe...

O homem que mostra do seu intimo o pior,

Que revela seu lado mau, E que não mostra seu outro lado.

Esconde por medo, Ou é tolhido de usar...

Pois seu lado bom, ah! Esse tem que guardar Pois na face da terra,

Cada um tem seu lugar. Já está escrito.

Ou escolhemos o lado que queremos usar?

Abril 2015 Gazeta Valeparaibana Página 8

07 Abril - Dia Mundial da Saúde Parapraxias: atos falhos

Baseado nos estudos de Sigmund Freud

Conferências Introdutórias sobre Psicanálise (Parte I – 1915)

Freud em 1915 registrou o ato falho como sendo uma manifestação do inconsciente so-bre o consciente humano, em que as sucessi-vas tentativas para se realizar uma tarefa es-tava condicionada a uma incerteza da coorde-nação motora que orientava-se por uma via de expressão do pensamento na forma de u-ma falha de intelecção visualizada na recep-ção do estímulo humano adverso do sinal em que a intenção do emissor em transmitir o có-digo era incapaz de refletir a decodificação da mensagem por parte do receptor quando este lançava sobre o ambiente a repercussão do sinal que fora capaz de absorver.

Este sentido pessoal em que os engramas, ou seja, unidades biológicas de informação mne-mônica carregavam os conceitos, era motivo de muito entusiasmo por parte do pesquisador Freud. Porque a crença pessoal do pai da psi-canálise era que se os seres humanos apro-fundassem seus estudos sobre a particulari-dade da transmissão do sinal e fosse possível por meio de uma profunda absorção do pen-samento delirante, compreender de fato como um paciente se sentia e era capaz de interpre-tar o mundo a sua volta estando em um pro-fundo estágio de interiorização característica de uma demência que necessitasse de trata-mento, dentro dos padrões da época.

Então Freud convidava médicos a não sim-plesmente interpretarem seus pacientes con-forme a codificação que foi condicionada a gestar num consultório. Como um processo simples de uma pura intelecção que o profis-sional era capaz de extrair de seu paciente em uma consulta ambulatorial.

Ser psiquiatra em sua visão holística era mais do que simplesmente observar o indivíduo que supostamente estivesse enfermo. Era ne-cessário bem mais. E para isto o psicanalista deveria se colocar no lugar do paciente para dele extrair seus estados puros de afetação que o condicionava a ter comportamentos considerados distantes de um padrão social que pudesse ser observado dentro de uma sociedade.

Então as Parapraxias, ou atos falhos, soavam como uma informação relevante, que permitia ao psicanalista mergulhar dentro da demência e loucura do seu paciente e assim compreen-der profundamente o que ele estava sentindo dentro do seu mundo perceptivo imaginário.

Se o princípio para que a demência fosse ins-talada dentro do indivíduo estivesse devida-mente mapeada seria possível controlar os movimentos parapraxiais em que tais atos fa-lhos poderiam ser contornados e equilibrados com as inflexões de pensamento que não le-vassem os indivíduos sãos a manifestarem estados alterados de consciência psíquica.

Assim, se o distúrbio era medido a partir da intensificação de uma confusão psicológica, então compreender as falhas que tivessem sobressaindo particularmente em um indiví-duo reduziria o risco de afetação do pensa-mento que levaria em médio e longo prazo uma pessoa a manifestar uma demência.

Então o pai da Psicanálise estudou largamen-te como as pessoas se comportavam a ouvir mensagens, a esquecerem de informações antes assimiladas, a forma que percebiam o mundo a sua volta ... Foi fixando na forma em que o erro da percepção em relação ao emis-sor iria surgindo falhas sobre os conceitos uni-versais instalados dentro da mente dos indiví-duos para chegar à conclusão brilhante sobre o mundo das causas que levavam uma pes-soa sadia a assumir para si um estado de lou-cura.

Freud ousou em sair da observação simples e pura como um médico em um consultório, pa-

ra entrar na percepção do seu paciente com o nítido objetivo de mapear as causas onde o problema tinha sua origem. Queria o estudio-so que o tratamento fosse capaz de ativar o consciente do indivíduo corrigindo os signos que formam captados de forma análoga ao objetivo real de um ato de comunicação entre indivíduos.

Para ele a parapraxia induzia muitos indiví-duos ao raciocínio afetado, uma vez que a manifestação da demência buscava similari-dade dentro de um rol de signos que ao se-rem transmitidos possuíam uma identificação muito próxima aos signos correlatos e a ou-tros que tivessem estruturas se significado antagônico.

Queria dizer em seus estudos que a identifica-ção passiva do indivíduo muito próxima da estrutura de sua linguagem era capaz de ge-rar fortes desvios de entendimento quando um indivíduo passasse a canalizar de forma estruturada, através da rotinização de proces-sos, no uso da memória procedural, sequên-cias de intelecção falhas que se vinculavam despercebidas ao olhar de quem as gerou.

Assim, à medida que se avolumavam para-praxias o indivíduo tenderia de forma natural a sobressair o seu campo hipotético da pura abstração extraída do ambiente externo a seu corpo biológico.

Então olhando dentro de uma visão integrada com a neurociência é possível chegar a con-clusão que indivíduos possam ser orientados para perceber estes traços de intelecção do entendimento do sistema de códigos e signos cujos estímulos percebidos do ambiente ge-ram os conceitos que os tornam ativos quan-do a consciência é acionada reduzindo a chance do ato falho (parapraxia) desencadear uma demência na psique de um indivíduo.

Max Diniz Cruzeiro Neurocientista Clínico Psicopedagogo Clínico e Empresarial [email protected]

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Abril 2015 Gazeta Valeparaibana Página 9

13 Abril - Dia dos Jovens

BÔNUS: MÉRITO PARA UNS E DEMÉRITO PARA OUTROS.

Secretaria de Educação de São Paulo anuncia bônus para 230 mil servidores, só que não!

Todo ano, quando sai o resultado do IDESP (Índice de Desenvolvimento da Educação do Esta-do de São Paulo), que visa parametrizar o ensino em São Paulo, nos deparamos com algo que nos parece, no primeiro olhar, justo e coerente, afinal, é justo que as escolas que atingem suas metas recebam bônus pelo belo trabalho docente realiza-do no decorrer do ano anterior. Entretanto, fazen-do uma análise fria e tendo em mente que sempre, assim como uma moeda, tem dois lados, verifica-mos que no caso do bônus, instituído pela Lei complementar nº 1078 de 17/12/2008 pelo ex-governador José Serra, temos duas óticas. Uma visão do lado daqueles que se julgam merecedo-res de tal bônus e outra que é do lado daqueles que não conseguiram. Do lado daqueles que con-seguiram alcançar as metas pré-estabelecidas pe-lo governo não há muito que discutir, estão emba-sados pela lógica mercadológica do ensino e são merecedores (conforme Delors, Ioschpe, Azevedo, editoriais da Folha, Estadão e por ai vai). Porém, do lado daqueles que não obtiveram sucesso, seja qual for o motivo fica a pergunta: Será que todo esforço foi em vão? Será que os professores não se empenharam o suficiente, ou não são compe-tentes? Será que os critérios para compor o IDESP e o bônus são coerentes?

Evidentemente, pelo olhar do governo, o não pa-gamento de bônus já é uma penalidade pela in-competência em atingir as metas. É justo isso? Sob o olhar meritocrático podemos adiantar que recebem bônus aqueles que conseguiram atingir a meta, mas sob um olhar mais humano, talvez até complacente, podemos arriscar que não é tão sim-ples assim atingir tais metas, pois nas escolas que não atingiram as metas temos pessoas competen-tes, que se esforçaram, mas que por razões mil não conseguiram (neste curto espaço será impos-sível destrinchar todas as variáveis que envolvem o dia a dia de uma escola – entretanto temos vá-rias discussões em diversos outros artigos) e não existe como medir o esforço individualizado do profissional, e é aí que está o nó da situação. O bônus, além de verificar se o aluno tirou uma boa nota, se a escola teve ou não um fluxo exagerado de alunos (os quais podem ir e vir da escola por razões imponderáveis para a Direção), deveria de alguma forma medir o trabalho individual do pro-fessor.

Não se observa, por exemplo, se ele desenvolveu trabalhos diferenciados e efetivos com seus alu-nos, por exemplo, de iniciação científica. Projetos que poderiam ser levados em conta tais como tra-balhos interdisciplinares, transversais e até estu-dos do meio. Não se analisa o professor individual-

mente e temos ciência de que tais critérios aqui levantados, realmente não fazem parte desta mo-dalidade de avaliação do IDESP.

Estamos cogitamos enfim é que, de alguma forma, a política de bônus é altamente prejudicial quando se avalia um grupo (escola) justamente por conta das diversas variáveis que se fazem presente na dinâmica de uma escola. Vale lembrar que nem todos os professores, diretores, coordenadores, funcionários e alunos estão lá com o objetivo de ensinar-aprender e trabalhar com seriedade. Cogi-tamos que todas as individualidades do profissio-nal pudessem ser levadas em consideração para contar pontos e acabar realmente premiando o es-forço do profissional (ainda que, no limite, continu-amos contra essa política de meritocracia na edu-cação).

Entendemos que tais peculiaridades poderiam ser-vir como uma maneira de incentivar o engajamento do trabalho docente, já que o sentido do bônus, dado pelo governo, é este. Afirmamos isso porque sentimos que, da maneira que está sendo compu-tado e aplicado, o bônus quando não é pago para aqueles que se esforçaram, mas não conseguiram, age como se fosse um banho de água fria, geran-do o desânimo em vários professores chegando ao ponto de desistir de tentar, para o próximo ano, atingir tais metas.

Em outros dois momentos discutimos a questão da meritocracia a partir do bônus. Nos artigos “SARESP, indicador de qualidade ou paranoia pe-dagógica” publicado na Gazeta Valeparaibana de novembro/2012 e, “SARESP, indicador de qualida-de ou paranoia pedagógica parte II” publicado no mesmo jornal em março/2013, iniciamos a discus-são abordando o quanto tal política publica pode ser prejudicial em torno do processo pedagógico. Recomendamos a leitura destes dois textos, caso você ainda não os conheçam.

Colocamos essas preocupações do ponto de vista do professor, mas temos também que levar em conta que o aproveitamento dos alunos não de-pende única e exclusivamente do esforço do pro-fessor. Um dos pontos que podemos apresentar, neste momento, é sobre a concepção de que mui-tos alunos não são estudantes, como diria nosso saudoso professor Pierluig Piazzi. Muitos são ape-nas alunos, estão lá para assistir aulas, mas não para estudar. Não se esforçam para melhorar e em alguns casos os pais até corroboram essa atitude irresponsável inquirindo o professor porque passou dever para casa sendo que eles (pais) não têm tempo para ajudar o aluno. Temos então, uma situação extremamente ingrata e até mesmo vexa-tória para aqueles profissionais que tentaram, mas não conseguiram. Onde está o fiel dessa balança?

No ano de 2015 o governo de São Paulo destinou R$ 1 bilhão para ser distribuído a título de bônus. Porém, apenas para cerca de 19,8 mil servidores, num universo de 232 mil, serão contemplados com bônus, ou seja, apenas 8,5% dos servidores. Será que a rede é tão incompetente assim? Segundo a concepção de meritocracia, esses 8,5% podem ser classificados como competentes. Os demais, 92,5 % serão taxados de incompetentes? Não nos pa-rece verdade e tampouco justo.

Em 2007-2008 a cidade de Nova York (Estados Unidos da América) implantou e manteve durante três anos, um programa de bônus para os profes-sores visando à melhoria da qualidade do ensino. Para a surpresa dos pesquisadores isso não foi o suficiente para mudar a situação. As condições necessárias para motivar os professores, tais co-mo compreensão, critérios para cálculo do bônus e

o alto nível de pressão de accountability (algo se-melhante à transparência) enfrentado pelas esco-las levaram ao encerramento do programa e mes-mo assim, com resultados insípidos, no país de origem, o governo estadual de São Paulo resolveu aplicar a mesma sistemática.

A verdade é que desde 2008 esse projeto é nati-morto. Só nossos governantes não viram ainda e tentam de alguma maneira, no mínimo, torna-lo um zumbi ou algo que justifique tanto dinheiro sendo desperdiçado e que poderia muito bem reverter sob forma de valorização permanente do profissio-nal. Via de regra, apoiamos o fim desta política de “bônus” em troca de uma política de valorização do magistério a partir de evoluções funcionais pela produtividade dos seus funcionários.

O professor tem que ser valorizado e entendido, como realmente ele é. Um corpo docente, uma categoria única de profissionais, que mesmo ga-nhando insuficiente percorre, muitas vezes, quilô-metros até chegar ao destino. Destino esse, que são salas de aula precariamente montadas, muitas vezes sem sequer com giz ou mesmo uma simples lousa decente, onde muitas vezes se alimenta jun-to aos seus alunos, pois não tem dinheiro para vol-tar para sua casa e fazer o seu almoço ou seu jan-tar. São esses profissionais, que se emocionam quando vêm seus alunos passarem num exame de vestibular, ou conseguirem um bom emprego às duras penas. São esses profissionais que os go-vernos que se revezam ou se perpetuam no poder, através dessa política de bônus, rotulam de des-preparados, quando não de incompetentes. Mas, nos parece que a incompetência é daqueles que insistem em usar um modelo falido, morto no pró-prio berço.

Omar de Camargo Técnico Químico Professor em Química. [email protected]

Ivan Claudio Guedes Geógrafo e Pedagogo. [email protected]

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Abril 2015 Gazeta Valeparaibana Página 10

Democracia Participativa

A democracia participativa é uma forma de exercício do poder, baseada na par-ticipação dos cidadãos nas tomadas de deci-são política.

Atravessamos grande parte do século XX, acreditando que a forma Representativa era um modelo ideal para os cidadãos, que assegura a liberdade e igualdade de todos, que isso seria o verdadeiro conceito de demo-cracia, mas passados quase cem anos, chega-se ao fim do século XX e acredita-se numa crise existente nesse modelo de Democracia.

Os representantes já não conseguem mais identificar e atender demandas da socie-dade. A população tem se organizado melhor em torno de infinitas questões, e conquistan-do melhor o espaço público e essa população tem cobrado de maneira mais efetiva de seus representantes. As exigências vêm se tornan-do mais complexas e fica evidente a necessi-dade da participação em conjunto entre repre-sentantes e representados.

O conceito de democracia sofre então uma nova reviravolta em sua trajetória. É pre-ciso considerar que a democracia representa-tiva já não responde mais as demandas da sociedade e a democracia direta parece im-possível. E como síntese para a resposta des-sa crise começa a se formar o conceito de de-mocracia participativa, tendo características da forma semidireta, por não desconsiderar seus representantes, mas aproximando os representados na arena política. E conforme alguns teóricos afirmam que a democracia participativa se configura entre a direta e re-presentativa.

Por democracia participativa podemos enten-der um conjunto de experiências e mecanis-mos que tem como finalidade estimular a par-ticipação direta dos cidadãos na vida política através de canais de discussão e decisão. A democracia participativa preserva a realidade do Estado (e a Democracia Representativa). Todavia, ela busca superar a dicotomia entre representantes e representados recuperando o velho ideal da democracia grega: a partici-pação ativa e efetiva dos cidadãos na vida pú-blica (SELL, 2006, p. 93).

Os mecanismos e instituições da de-mocracia representativa tem se mostrado sig-nificativamente limitados: “os velhos e tradi-cionais mecanismo e instituições tem se reve-lado muitas vezes insuficientes, embora ne-cessários, para garantir a existência de um regime político efetivamente democráti-co” (Ricardo Rodrigues apud ANDRADE, 2003, p. 6-7). Com isso, novos e modernos instrumentos de controle e participação no po-der devem ser permanentemente colocados em prática democrática em junção com a so-ciedade atual. Esses mecanismos tem que

ser criados para o complemento e não reformulação das ins-tituições representati-vas, mas que englo-bem na dinâmica polí-tica a realidade da so-ciedade civil que está

cada vez mais organizada em suas entidades e associações, dando a prática democrática uma realização mais dinâmica, efetiva e real.

A democracia participativa, ou semidi-reta, é aquela que partindo de uma democra-cia representativa, utiliza-se de mecanismo que proporcionam ao povo um engajamento nas questões políticas, legitimando questões de relevância para a comunidade como um todo através de uma participação direta, seja pelo plebiscito, referendo, iniciativa popular, audiência pública, orçamento participativo, consultas ou por qualquer outra forma que manifeste a ação popular. Nesse modelo de maior participação democrática, as organiza-ções da sociedade civil tornaram-se interlocu-tores políticos legítimos e influentes e, de cer-ta forma, podemos dizer que a democracia participativa só poderá ser realizada quando os cidadãos abandonarem um certo individua-lismo e tiverem um maior senso de coletivida-de.

Segundo Dias (2001) a qualidade da democracia pode ser medida pelo nível de participação política encontrada em cada soci-edade que permite ao cidadão comum inserir-se nos processos de formulação, decisão e implementação de Políticas Públicas, e desta forma, “quanto mais direto for o exercício do poder político, mais acentuada será a capaci-dade democrática das instituições políticas, cujas decisões estarão mais próximas de tra-duzir a genuína vontade popular” (apud VI-GLIO, 2004, p. 18). E Jumária Fonseca desta-ca o papel das administrações municipais pa-ra o êxito de um modelo de democracia mais participativa

Para que as experiências de democracia par-ticipativa obtenham êxito, as administrações municipais têm papel fundamental, através da criação de canais de interconexão que viabili-zem a integração entre governo e dos diver-sos segmentos da sociedade, especialmente a população de menor renda. De tal maneira, que possam ser partícipes das diversas fases do processo de planejamento e de delibera-ção das Políticas Públicas a serem implemen-tadas nas cidades (2009, p. 34).

Fazendo com que o “direito de ser ci-dadão” esteja além do momento das eleições, dando-lhes condições de colaborar na cons-trução do espaço público e efetivando a ideia de soberania popular, segundo a qual, “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos (Democracia Repre-sentativa), ou diretamente (tendência para a democracia participativa)” (FONSECA, 2009, p. 36).

O problema é que “apesar de serem encontrados no sistema jurídico brasileiro, no-vos canais que viabilizam a integração entre

representantes e representados de forma mais efetiva, o que se percebe, é que o exer-cício da cidadania está delimitado ao direito de votar e ser votado” (FONSECA, 2009, p. 14).

Falta em nosso país uma cultura cívi-ca que altere o modus operandi do sistema vigente. Falta também vontade política, seja por parte do Poder Executivo (por medo de partilhar parte do poder constituído), seja por parte do Poder Legislativo (de ver diminuído seu papel na elaboração e aprovação de leis), criando “um distanciamento entre governo e sociedade – que é próprio do regime repre-sentativo” (FONSECA, 2009, p. 15).

Mas a crise da democracia contempo-rânea envolve fatores que vão além da repre-sentação e da apatia política.

Carole Pateman afirma (1992) que desde o início do século XX muitos teóricos políticos levantaram sérias dúvidas sobre a possibilidade de se colocar em prática um re-gime democrático no sentido literal do termo (governo do povo por meio da máxima partici-pação do povo). E Bobbio (2000) indica pelo menos três fatores a partir dos quais um pro-jeto democrático tem-se tornado difícil de se concretizar nas sociedades contemporâneas: a especialidade, a burocracia e a lentidão do processo

O primeiro obstáculo diz respeito ao aumento da necessidade de competências técnicas que exigem especialistas para a solução de problemas públicos, com o desenvolvimento de uma economia regulada e planificada. A necessidade do especialista impossibilita que a solução possa vir a ser encontrada pelo ci-dadão comum. Não se aplica mais a hipótese democrática de que todos podem decidir a respeito de tudo. O segundo obstáculo refere-se ao crescimento da burocracia, um aparato de poder ordenado hierarquicamente de cima para baixo, em direção, portanto, completa-mente oposta ao sistema de poder burocráti-co. Apesar de terem características contradi-tórias, o desenvolvimento da burocracia é, em parte, decorrente do desenvolvimento da de-mocracia [...] O terceiro obstáculo traduz uma tensão intrínseca à própria democracia. À me-dida que o processo de democratização evo-luiu promovendo a emancipação da socieda-de civil, aumentou a quantidade de demandas dirigidas ao Estado gerando a necessidade de fazer opções que resultam em descontenta-mento pelo não-atendimento ou pelo atendi-mento não-satisfatório. Existe, como agravan-te, o fato de que os procedimentos de respos-ta do sistema político são lentos relativamente à rapidez com que novas demandas são diri-gidas ao governo (BOBBIO, 2000 apud NAS-SUNO, 2006, p. 173-174).

Mas a crise da democracia contempo-rânea, longe de diminuir sua validade, aumen-ta ainda mais a importância da participação da sociedade civil em um projeto de consoli-dação do Estado Democrático de Direito.

Fonte: www.portalconscienciapolitica.com.br

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Abril 2015 Gazeta Valeparaibana Página 11

22 Abril - Dia Mundial da Terra

VIVER COM UM SENTIDO

DE RESPONSABILIDADE

UNIVERSAL

O físico Brian Swimme (in: O universo é um dragão

verde,p.9-11), de modo pertinente, indica algumas

preocupações e rumos possíveis da ciência con-

temporânea, bem como, aponta a necessidade de

defendermos um diálogo entre as ciências da na-

tureza e a filosofia da natureza uma vez que am-

bas, dentro de suas áreas, procuram compreender

o mundo em sua especificidade ontológica:

Nossa civilização ocidental moderna começou com

uma espécie de esquizofrenia cultural. Nossa pes-

quisa científica efetivamente desvinculou-se, no

início do período moderno, de nossas tradições

humanistas-espirituais. Por boas razões, sem dú-

vida, mas hoje a neurose se espalhou por diversos

continentes. Emaranhados na mais terrificante

patologia da história da humanidade, talvez possa-

mos nos atrever a perguntar se foi realmente boa

essa idéia, essa fragmentação do universo (...). No

entanto, algo extraordinário está ocorrendo na

nossa época; algo que tem o poder de por fim a

esse impasse. Refiro-me à transformação radical

da nossa visão básica do mundo. (...) O universo,

considerado como um todo, assemelha-se muito

mais a um ser em desenvolvimento. O universo

tem um princípio e encontra-se no meio do seu

desenvolvimento: uma imensa epigênese cósmica.

(...) De que modo a compreensão mais profunda

nos dá poderes? Possibilitando-nos a reinventar o

homem no contexto da nova história cósmica.

Não será preciso mais nada. Um novo ponto de

vista sociológico, uma nova teoria psicológica é

insuficiente para lidar com a magnitude de nossas

preocupações. Temos de compreender o que e-

xiste de humano no interior das dinâmicas intrín-

secas da Terra. Alienados do cosmos, encarcera-

dos dentro de nossas estreitas estruturas de refe-

rência, não sabemos, enquanto espécie, o que

precisamos fazer. Somente descobriremos nosso

papel mais amplo reinventando o homem como

uma dimensão do universo emergente.

Na mesma linha e, ampliando o diálogo, está o

pensamento do eminente FelippoSelvaggi(in: Filo-

sofia do mundo, p.152) que defende a necessida-

de de uma filosofia da natureza dialogando com os

dados das ciências da natureza e da metafísica:

...quem admite a existência e a necessidade de

uma filosofia do ser em geral ( e todos devem ad-

miti-la, porque a sua negação implica já uma filo-

sofia do ser em geral, como sucede no positivismo

e no materialismo, que reduzem o ser em geral ao

ser material experimentalmente cognoscível) deve

admitir também a sua legitimidade e a necessida-

de de uma análise e reflexão filosófica sobre o ser

do mundo na sua especificidade, sobre o seu valor

em si e em relação ao homem, para inserir a reali-

dade mundana na totalidade sistemática e hierár-

quica do ser em geral. Portanto, toda filosofia de-

ve incluir também uma filosofia do mundo,e não

só da sua cognoscibilidade, mas também da sua

natureza. Neste sentido (...)todos os grandes sis-

temas filosóficos sempre incluíram também uma

filosofia da natureza.

Apoiando a mesma direção, defende semelhante

diálogo a afirmação de Jacques Maritain: “As ciên-

cias experimentais precisam se completar pela fi-

losofia da natureza; por outro lado, o inverso é

igualmente verdadeiro: a filosofia da natureza pre-

cisa se completar pelas ciências experimentais” (La

philosophie de Lanature, p.90). Márcia Cristina F.

Gonçalves(in: Filosofia da Natureza, p. 8) concorda

com Maritain sobre a necessidade do diálogo, da-

do a semelhança conceitual utilizada por ambas as

esferas de saber, e pondera que um saber não se

reduz ao outro, ao contrário, independência essa

que amplia a necessidade de um amplo debate

para auxiliar a construir um mundo melhor para

tudo e para todos.

De igual modo, muitos outros pensadores, políti-

cos, religiosos e leigos estão empenhados em en-

contrar novos meios de obter cooperação interco-

munitária na qual a diversidade humana e natural

seja reconhecida e o direito de todos sejam respei-

tados. Um dos aspectos mais promissores da era

moderna é o surgimento de um movimento inter-

nacional pela paz e pelo diálogo. E nesse sentido,

tanto as ciências quanto a filosofia podem e de-

vem dar seu contributo. Se o século XX foi palco

de tragédias mundiais, como as duas grandes

guerras mundiais, foi também o berço de organi-

zações transnacionais e da busca de diálogo e de

cooperação internacional. Vale considerar o gran-

de trabalho que vem sendo desenvolvido pela O-

NU, pela UNESCO, pela Organização Mundial de

Saúde, pela Corte Internacional de Haia, pelo Ban-

co Mundial; as ações surgidas em decorrência do

Tratado de Bruntland, da Declaração dos Direitos

Humanos, da Carta da Terra; o conforto levado

pelos Médicos Sem Fronteiras, pelos Doutores de

Alegria. São tanto exemplos, e tão enriquecedo-

res.

Cabe ao século XXI aprofundar o rumo já iniciado,

e o principal esforço recai sobre cada ser humano

verdadeiramente ocupado com uma maior huma-

nização da humanidade, pois, “o espírito fica mui-

to mais aberto e assume dimensões verdadeira-

mente internacionais”(DALAI-LAMA.Uma ética pa-

ra o novo milênio, p.161) quando se “pensa glo-

balmente e age localmente”, dístico chave do pen-

samento ecológico e sustentável.

O diálogo e o ato de compartilhar emergem como

tronco único, convidando à construção de uma

nova práxis mundial, pois, família, pátria, humani-

dade representam seres espirituais, cada vez mais

complexos, que estão indissoluvelmente ligados

ao planeta:

“Se contemplarmos a Vida ou a Natureza, em to-

das as suas manifestações, observamos que ela se

corporiza ou exterioriza sob formas diferentes, em

graus de diferente qualidade, distanciados talvez

pela acção do Tempo sobre o Acaso, talvez sobre

uma força vagamente dirigida para um vago Fim

inatingível...A verdade é que nós vemos uma pe-

dra, mais adiante, uma árvore e depois um ho-

mem... Percebe-se, em todas estas formas da Na-

tureza, uma ordem ascendente ( querida ou casu-

al) que vai da pedra ao homem. A pedra parece

tender para a árvore, e a árvore para o homem./ O

mineral preparou o advento do vegetal e o vegetal

preparou o do homem, por um processo indirecto,

isto é, por meio de seres animais inferiores./ A pe-

dra, a árvore, o homem, são três modos de ser da

Natureza ( reino mineral, vegetal, animal)

“anunciando um esforço”, obedecendo a circuns-

tâncias casuais ou subordinando-as à sua vontade,

do simples e imperfeito para o mais complexo e

perfeito./ Mas esse “esforço” findará no homem?

Não. Para além dele, a Natureza já adquiriu uma

forma de ser superior a ele – “a forma espiritu-

al” (PASCOAIS, Arte de ser português, 1991, p.23).

E dentro dessa imediata urgência se legitima a

busca pela supressão ao máximo do estranhamen-

to dos saberes trilhando a convicção de que, para

querermo-nos como atenienses desnecessitamos

de movimentarmo-nos como espartanos.

“(...) devemos decidir viver com um sentido de

responsabilidade universal, identificando-nos com

a comunidade terrestre como um todo, bem como

com nossas comunidades locais. Somos, ao mes-

mo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um

mundo no qual as dimensões local e global estão

ligadas. Cada um compartilha responsabilidade

pelo presente e pelo futuro bem-estar da família

humana e de todo o mundo dos seres vivos. O es-

pírito de solidariedade humana e de parentesco

com toda a vida é fortalecido quando vivemos

com reverência o mistério da existência, com gra-

tidão pelo dom da vida e com humildade em rela-

ção ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.

Necessitamos com urgência de uma visão compar-

tilhada de valores básicos para proporcionar um

fundamento ético à comunidade mundial emer-

gente” (CARTA DA TERRA).

Nunca é demais relembrar as prudentes palavras

de F. Scott Fitzgerald no O Grande Gatsby “o teste

de uma inteligência de primeira linha é a habilida-

de de ter duas idéias opostas em mente ao mes-

mo tempo”. Essa espécie de inteligência que pre-

cisamos cultivar no século XXI certamente será

aquela apontada pelo sábio provérbio chinês:

O dedo aponta para a Lua;

o tolo olha para o dedo;

o sábio, para a Lua.

Autor: Loryel Rocha

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Abril 2015 Gazeta Valeparaibana Página 12

15 Abril - Dia da Conservação do Solo

ATENÇÂO

A Gazeta Valeparaibana , um veículo de divul-gação da OSCIP “Formiguinhas do Vale”, orga-nização sem fins lucrativos, somente publica matérias, relevantes, com a finalidade de abrir discussões e reflexões dentro das salas de au-las, tais como: educação, cultura, tradições, his-tória, meio ambiente e sustentabilidade, respon-sabilidade social e ambiental, além da transmis-são de conhecimento.

Assim, publica algumas matérias selecionadas de sites e blogs da web, por acreditar que todo o cidadão deve ser um multiplicador do conheci-mento adquirido e, que nessa multiplicação, no que tange a Cultura e Sustentabilidade, todos devemos nos unir, na busca de uma sociedade mais justa, solidária e conhecedora de suas res-ponsabilidades sociais.

No entanto, todas as matérias e imagens serão creditadas a seus editores, desde que adjudi-quem seus nomes. Caso não queira fazer parte da corrente, favor entrar em contato. [email protected]

Rádio web CULTURAonline Brasil Prestigie, divulgue, acesse,

junte-se a nós. A Rádio web

CULTURAonline BRASIL, prioriza a Educação, a boa

Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social,

cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Saúde,

Cidadania, Professor e Famí-lia. Uma rádio onde o profes-

sor é valorizado e tem voz e, a Educação e o Brasil se discute

num debate aberto, crítico e livre, com conhecimento e

responsabilidade!

Acessível no link: www.culturaonlinebr.org

Por que tanto veneno? Após as eleições de 2014, os ruralistas de-clararam ter 51% do Congresso Federal. É

necessária uma reforma política que decre-te o fim das doações eleitorais de empre-sas para acabar com estas verdadeiras

pragas da política brasileira.

A opção clara da política agrícola brasileira pelo agronegócio é a grande responsável pela situação. O agronegócio utiliza largas exten-sões de terras, os latifúndios, para plantar u-ma mesma espécie – normalmente soja, mi-lho, algodão, eucalipto ou cana-de-açúcar. Dessa maneira, destrói a biodiversidade e de-sequilibra o ambiente natural, facilitando o surgimento de plantas, insetos ou fungos que podem destruir a plantação. Por isso, é uma agricultura dependente química: só funciona com muito veneno. O agronegócio também utiliza maquinário pesado, que compacta o solo, e não gera empregos, favorecendo as-sim o êxodo rural.

No legislativo brasileiro, um grupo de deputa-dos e senadores de vários partidos formam a chamada Bancada Ruralista, que tem como objetivo incentivar o agronegócio, o trabalho escravo, o desmatamento, lutar contra a de-

marcação de terras indígenas, quilombolas e contra a reforma agrária.

Kátia Abreu (PMDB/TO), Ronaldo Caiado (DEM/GO) e Luis Carlos Heinze (PP/RS) são alguns dos expoentes desta bancada. Estes políticos se elegem graças a altíssimas cifras doadas nas campanhas pelas empresas do agronegócio, como a JBS, BRF e Marfrig, e na prática agem como empregados destas empresas dentro do congresso e do senado. Os ruralistas também dominam o Ministério da Agricultura, que recebeu a cifra de R$140 bilhões neste ano.

No ano passado, esta bancada aprovou uma lei (12.873/2013) que permite uso de agrotóxi-cos proibidos no Brasil por serem altamente nocivos, e já conseguiram até demitir funcio-nários das agências reguladoras que lidam com o tema. Após as eleições de 2014, os ru-ralistas declararam ter 51% do Congresso Fe-deral. É necessária uma reforma política que decrete o fim das doações eleitorais de em-presas para acabar com estas verdadeiras pragas da política brasileira.

Nós construímos uma alternativa: a agroeco-logia

Camponesas e camponeses do Brasil são a-queles que botam comida na nossa mesa. E somente elas e eles podem praticar a agroe-cologia. Agroecologia é um jeito de organizar a produção agrícola e a vida no campo em harmonia com a Natureza. Na agroecologia, se produzem diversos tipos de alimentos nu-ma mesma área, fortalecendo assim a biodi-versidade e deixando a natureza equilibrada. Desta forma, não é necessário usar agrotóxi-cos, nem fertilizantes sintéticos, e muito me-nos sementes transgênicas. A agroecologia também busca uma vida digna no campo, com saúde e educação adequadas à realida-de do campo.

Repudiamos a tese de que pobres têm que comer veneno. Não há mais dúvidas de que podemos alimentar a população com a produ-ção agroecológica. Até mesmo a ONU reco-nhece que a agroecologia é única solução verdadeira para a fome no mundo2, e pode inclusive ajudar a frear as alterações climáti-cas.

O que queremos?

A população brasileira está unida na luta pela fim dos agrotóxicos e em defesa da vida. Queremos Agroecologia.

Movimentos sociais do campo, da cidade, sin-dicatos, instituições públicas de pesquisa, es-tudantes, e inclusive o Ministério Público vem se articulando junto à Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.

Nossa luta é por comida sem veneno e um congresso sem ruralistas, que represente de fato os interesses do povo.

De imediato, pedimos:

A proibição da prática criminosa da pulveriza-ção aérea, a exemplo do que ocorre na União Europeia;

O banimento de agrotóxicos já banidos em outros países do mundo;

O fim das vergonhosas isenções de impostos dadas aos agrotóxicos;

A criação de zonas livres de agrotóxicos e transgênicos, para o livre desenvolvimento da agroecologia;

Maior controle para evitar a contaminação da água por agrotóxicos.

Convocamos toda a população a se engajar nesta luta, através dos comitês da campanha espalhados pelo Brasil.

Ajude-nos na sua ESCOLA. Discuta!

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Abril 2015 Gazeta Valeparaibana Página 13

09 Abril - Dia da Biblioteca

Biblioteca escolar: ranços e avanços Pegar um livro e abri-lo guarda a possibili-dade do fato estético. O que são as pala-vras dormindo num livro? O que são esses símbolos mortos? Nada, absolutamente. O que é um livro se não o abrimos? Simples-mente um cubo de papel e couro, com fo-lhas; mas se o lemos acontece algo espe-cial, creio que muda a cada vez.

Jorge Luís Borges Pensar sobre a importância da biblioteca es-colar hoje para o processo de ensino-aprendizagem constitui repensar a própria prática de leitura na escola. Isso porque sabe-se que a biblioteca guarda os mais diversos tipos de livros e que, teoricamente, estão to-dos à disposição do aluno sempre quando precisar. No entanto, não é isso que de fato acontece.

No cotidiano escolar, percebemos a pouca (ou nenhuma) utilização da biblioteca como espaço educativo e informacional que promo-ve leituras, análises, debates e encontros en-tre livros e indivíduos. A biblioteca, não raras vezes, é palco de punições. Basta um aluno atrapalhar a aula de um professor que logo é enviado, sem aviso prévio, à biblioteca ou à sala de leitura. Por isso, é de suma importân-cia que repensemos o papel da biblioteca dentro da escola e sua significação.

Antes de qualquer proposta que leve os edu-candos a frequentar a biblioteca escolar, é preciso pensar nos principais problemas que dificultam essa prática. São eles:

1º) O espaço físico – não raras vezes a biblio-teca fica num canto escondido da escola. Um local pouco arejado, úmido, mal-iluminado, desconfortável e apertado. Para agravar a si-tuação, muitas escolas dissociam a sala de leitura da biblioteca, apresentando-as como lugares distintos, quando deveriam estar num único espaço. Nesse sentido, a biblioteca em si não passa de um "depósito de livros".

2º) O acervo – geralmente desatualizado; os livros que se encontram na biblioteca diversas vezes estão em péssimas condições de uso. Muitos são doados pelos próprios professores que, querendo se livrar do "entulho", deposi-tam-nos como doação. A falta de recursos pa-ra a compra de livros de qualidade contribui para a estagnação e o empobrecimento do acervo.

3º) Organização do acervo – a catalogação do acervo acontece de forma confusa, desorgani-zada e difícil. O sistema de números e letras

dificulta o acesso ao objeto de pesquisa não só para o usuário como para o próprio profis-sional da biblioteca. Um catálogo mal-organizado e com classificação obscura cola-bora para a falta de interesse dos usuários pela biblioteca. A verdade é que muitas biblio-tecas nem têm seu acervo arquivado de forma que permita a pesquisa dos usuários. Algu-mas escolas anotam seu acervo num velho caderno que só pode ser consultado pelo pró-prio funcionário da biblioteca para procurar o material solicitado. Dessa forma, o material não pode ser manuseado pelos usuários. Ou seja: não é permitido fazer descobertas no acervo.

4º) Empréstimo de material – algumas biblio-tecas não adotam o sistema de empréstimo, permitindo apenas a consulta do material no local. Alegam que os alunos danificam os li-vros, arrancam folhas, rabiscam, demoram a devolver ou não devolvem o material. Por conta disso, não ocorre o sistema de cadastro e empréstimo de material do acervo.

5º) Horário de funcionamento – deparar-se com a biblioteca trancada não é pouco co-mum. O horário de funcionamento nem sem-pre condiz com os horários que professores e alunos podem e desejam utilizá-la. O fato é que o horário da biblioteca fica a cargo do ho-rário da pessoa que lá trabalha.

6º) Profissional encarregado da biblioteca – infelizmente o que se vê são muitos professo-res em fim de carreira ou com problemas de saúde encostados nela. Assim, na biblioteca encont ram-se mui tos prof issionais que precisam de um lugar tranquilo, silencioso e vazio para passar os últimos dias, meses ou anos de suas vidas profissionais. Por isso, es-ses educadores preferem manter a ordem, o silêncio sepulcral e a disciplina no local. O pouco ou nenhum contato com o usuário é, assim, almejado; quando acontece, é frio, téc-nico e monossilábico. Às vezes, é adotado um sistema de empréstimo no qual o usuário soli-cita o livro por meio de um envelope. No dia seguinte ao pedido, o bibliotecário, em vez de orientar o consulente, deposita o pedido no mesmo pacote para que o usuário receba su-a encomenda. A relação usuário-bibliotecário, nesse sentido, acontece também de forma impessoal. Outro ponto importante a se res-saltar é a condição desse profissional: não-leitor e não-incentivador da prática da leitura no local.

7º) Utilização da biblioteca escolar – é válido atentar para a falta de planejamento pedagó-gico, de projeto que integre a biblioteca ao projeto político-pedagógico da escola. Muitas

vezes os usuários reduzem-se a alunos que vão ao local tão-somente para copiar verbetes de grandes enciclopédias e dicionários anti-gos e empoeirados. Quando a pesquisa na biblioteca não tem como base a cópia, o lugar é mal-utilizado, servindo como local de des-canso ou conversa de alunos ou, o que é pior, como espaço de punição.

Alguns professores exigem que os alunos que não estão em sala de aula sejam castigados na biblioteca. Essa postura contribui para fa-zer da biblioteca a grande vilã da escola.

Promovendo a leitura na biblioteca escolar

Libere sua criatividade.

Deixe-se levar pela criança curiosa que há dentro de você e provoque os leitores, provo-que a leitura, promova o prazer de ler o mun-do. Ao contrário do que se vê, é necessário pôr em prática todas as estratégias de incenti-vo à leitura, a fim de aumentar a frequência na biblioteca escolar.

Primeiro, é preciso pensar em sugestões para melhorar todo o quadro descrito. Para promo-ver a leitura, a pesquisa, a frequência, a troca de ideias, o interesse dos usuários (antigos e novos), são necessárias algumas medidas, tais como:

Proporcionar um agradável ambiente de leitu-ra – com a criação de espaços agradáveis pa-ra o convívio com os livros e demais suportes de leitura e diversidade de linguagens, é pos-sível oferecer ambiências de leitura. Para tan-to, podemos utilizar:

- tapetes

- almofadas

- cadeiras confortáveis

- cestos com revistas e jornais

- baús com gibis e livros

- quadros

- cartazes com citações e frases de incentivo à leitura

- espaço colorido

- estante ou prateleira com novidades

É preciso criar um ambiente adequado para ler ou ouvir com prazer uma boa história, dis-cutir ideias e trocar experiências. Na verdade, é imprescindível mexer com o preestabeleci-do. Faz-se mister revitalizar o espaço da bibli-oteca escolar, a fim de permitir e, inclusive, incentivar a permanência dos usuários no lo-cal.

Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/

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Abril 2015 Gazeta Valeparaibana Página 14

07 Abril - Dia do Jornalismo

Liberdade - . Direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá contra o direito de outrem; Libertinagem - No sentido de: devassidão; crápula; abstração dos princípios morais e éti-cos; não comprometimento com a realidade dos fatos.

A sociedade anda confundindo liberdade de expressão com libertinagem na expressão, esquecendo que todo direito de um indivíduo acaba quando ataca o direito de outros indiví-duos, esquecendo que discriminação é crime e deve ser tratada como tal. Declarações de cunho preconceituoso não devem ser justifica-das hasteando a bandeira da liberdade de ex-pressão.

É simples, se você ameaça alguém verbal-mente, suas palavras serão usadas contra vo-cê em um futuro processo, se você fala da vi-da de uma pessoa, faltando com a verdade,

poderá ser acusado por calúnia e difamação. Se os meios de comunicação fazem isso, são prontamente processados. Isso é censura? Não! É compromisso com a verdade, a ética e a moral.

A liberdade de expressão é garantida pela constituição, assim como o direito de ir e vir, e a libertinagem na expressão é proibida por essa mesma legislação, assim como matar alguém.

A ética e a moral estão intrinsecamente liga-das nisto, uma vez que a questão passa a ser de conceituação entre certo e errado, porém a linha entre a liberdade de expressão e a liber-tinagem na expressão não é tão tênue assim. É certo ter um ponto de vista, expressar-se sobre ele, desde que esse ponto de vista não discrimine ninguém.

Discriminação é crime, declarações discrimi-natórias atacam o direito alheio, é persegui-ção, é julgamento, é rotular as pessoas apon-tando-lhe, não o dedo, mas palavras, que po-dem ter o peso muito maior.

Maquiar discriminação com a bandeira da li-berdade de expressão é pra quem nunca so-freu com impedimento de expressar-se por pura discriminação. Dizer que não concorda com benefícios dados a A expondo seus moti-vos é válido, dizer que não se relacionaria

com A porque A é verde, ou porque você foi privilegiado com melhor educação que A, é discriminação.

Utilizar a Bíblia para justificar o preconceito contra homossexuais é mais sem fundamento ainda. A Bíblia defende o sexo pra procriação, é verdade, mas todos nós fazemos sexo mais pelo prazer do que pela procriação. Então ati-re a primeira pedra aquele que só quer perpe-tuar a espécie, e que nem indiretamente bus-ca o prazer no ato.

Temas polêmicos sempre terão repercussão ao serem levantados, principalmente por pes-soas públicas, e é por isso que estas devem ter responsabilidade ao expressar-se, pois são formadores de opinião, e qualquer levian-dade pode gerar manifestações maciças de violência, insuflando grupos sociais uns contra os outros, e daí para o holocausto, já sabe-mos que é um pulo. A sociedade não precisa de outro Hitler, muito menos no Brasil, ou vo-cê acha que não é fruto de uma miscigena-ção?

Autor: Renato Gomez

Funcionário Público, Graduado em Letras Portu-guês e Pós-Graduando em Pedagogia Empresari-al, Mestrando em Estudos Literários, Pai, Poeta e Escritor

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Tempos atrás, vimos um militante partidário ameaçar de morte por meio do Facebook o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa. Identificado pela Polícia Federal como Sérvolo de Oliveira e Silva, o autor da ameaça escreveu:

“(o ministro Joaquim Barbosa) morreria de câncer ou com um tiro na cabeça (...). Con-tra Joaquim Barbosa toda violência é per-mitida, porque não se trata de um ser hu-mano, mas de um monstro (...). Joaquim Barbosa deve ser morto”.

Há aqui uma grave confusão do entendimento de liberdade de expressão. Ser livre para ex-por um ponto de vista não dá o direito a um cidadão de tolher o direito do outro. Ameaçar de morte, então, nem se fala. Isso não tem nada a ver com liberdade, mas com opressão.

O Código Penal brasileiro prevê pena de até seis meses de prisão pelo crime de ameaça.

O fato de a intimidação ter sido feita pela in-ternet não garante qualquer isenção a quem pratica. Na verdade, a circunstância é ainda

pior: ficam as “digitais”.

País democrático que é, o Brasil deve seguir fortalecendo e ampliando as garantias indivi-duais de opinião e imprensa. Mas as autorida-des competentes devem fechar o cerco contra quem usa a internet para aterrorizar outras pessoas com ameaças ou linchamentos mo-rais.

Embora o alvo tenha sido o presidente do STF, um dos três poderes que formam nosso Estado, ameaça de morte é crime indepen-dente de quem seja o autor e a vítima. Esse tipo de pessoa deve ser punido para entender a diferença que há entre liberdade e libertina-gem de expressão.

Da redação

O XIS DA QUESTÃO – O discurso da objetividade criou a “verdade”, já secular, de que o jornalismo se divide em opinião e informação. Ora, como negar a subjetiv idade e a intervenção opinativa na informação se, a o relatar o que se passa, qualquer boa redação ou bom jornali sta exercita uma capacidade própria, sofisticada, d e pensar

e fazer escolhas? No plano oposto, como comentar, e m artigos, sem o suporte dos fatos e da informação precisa? O jornalismo se organiza, isso sim, em esq uemas de narração e argumentação – ambos construído s

com ajuizamentos, pontos de vista e informações.

Manual Carlos Chaparro

Abril 2015 Gazeta Valeparaibana Página 15

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14 Abril - Dia Pan-Americano

O Pan-Americanismo

Diversos autores procuram demonstrar que desde o século XVIII surgiram precursores dos ideais pan-americanos, citando-se como um dos pioneiros o Padre Alexandre de Gus-mão, brasileiro que servia na corte de D. João I de Portugal, e um dos responsáveis pela ela-boração do Tratado de Madri (1750).

É certo que o Tratado de Madri fala em ` paz perpétua ` entre as duas Coroas, mas este compromisso de paz entre potências traduz apenas a promessa de não disputar, nem u-ma nem outra, pedaço do bolo que já haviam dividido entre si.

Nada tem a ver um tratado dessa espécie com a doutrina muito mais tarde nascida, e que procurava firmar um princípio de não in-tervenção estrangeira, de cooperação, de paz e harmonia entre Estados já constituídos. " (SOUZA GOMES, L., América Latina, Seus Aspectos, Sua História, Seus Problemas, Fun-dação Getúlio Vargas, p. 253.)

Aponta-se também o peruano Plabo Olavide que, influenciado pelas idéias do Iluminismo, organizou em Madri a Junta das Cidades e Províncias da América Meridional, sociedade secreta destinada a estimular a independén-cia da América (1795). Ainda que consideras-se a emancipação do Novo Mundo como um empreendimento a ser realizado em conjunto pelas sociedades americanas, Olavide tinha uma visão muito estreita de união pan-americana: ficava restrita apenas às socieda-des da América do Sul.

No século XIX, em meio ao processo de e-mancipação da América Espanhola, outras manifestações de ideais pan-americanos evi-denciaram-se através de projetos formulados por representantes da elite hispano-

americana. Juan Martínez de Rosas, integran-te da Primeira Junta Governativa e autor da Declaração dos Direitos do Povo Chileno, de-fendeu o princípio de solidariedade entre o Chile e as demais sociedades hispano-americanas e a necessidade de unir todos os povos americanos em uma confederação a fim de garantir a independência contra os pla-nos da Europa e de evitar conflitos interameri-canos. Esses princípios igualmente foram sustentados por Bernardo O`Higgins que as-sumiu a liderança da luta pela independência do Chile.

Jose de San Martín e o Coronel Bernaldo Monteagudo, argentinos que participaram das guerras de libertação do seu país, do Chile e do Peru, expuseram a idéia de realizar um congresso pan-americano para melhor resistir a eventuais ameaças da Espanha contra suas colônias que se emancipavam. "Antes (...) já Francisco Miranda (...) antevira a solidarieda-de continental, quando apresentou ao gabine-te inglês, em 1790, o plano para libertar a A-mérica da tutela espanhola (...) Miranda esta-belecia uma América única, geográfica e ad-ministrativa, um vasto Estado comum, do Mis-sissipi ao Cabo Horn Vemos então que os pronunciamentos no sentido de estabelecer a união entre as sociedades americanas ganha-ram maior expressão durante a luta pela inde-pendência das colônias européias no Novo Mundo. Foi tanto a necessidade de defesa contra a ameaça representada pela Europa assim como as raízes históricas e geográficas ccmuns que forjaram o ideal pan-americano, o qual deve ser entendido como um movimento de solidariedade continental a fim de manter a paz nas Américas, preservar a independência dos Estados americanos e estimular seu inter-relacionamento. O projeto de solidariedade continental, no en-tanto, foi desenvolvido sob duas modalidades distintas: o Bolivarismo e o Monroísno.

O BOLIVARISMO

O Bolivarismo representa a visão pan-americana concebida por Simon Bolívar (1783-1830), venezuelano que dirigiu a luta pela independência da Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Equador.

Em vários escritos (cartas e proclamações) defendeu a necessidade de união face à pos-sível contra-ofensiva da Espanha, apoiada pela Santa Aliança.

Essa idéia de união das sociedades america-nas, Bolívar apresentara antes mesmo da Carta da Jamaica. ``A sua exposição prática já é perceptível em um artigo que Bolívar es-creveu para o Morning Chronicle, de Londres (5 de setembro de 1810), dizendo que se os venezuelanos fossem obrigados a declarar guerra à Espanha convidariam todos os povos da América a eles se unirem em uma confe-deração. O plano surge novamente no Mani-festo de Cartagena, escrito por Bolívar em 1812, e mais claramente em 1814, quando, como libertador da Venezuela, enviou a circu-lar que condicionou a liberdade dos novos Es-tados ao que ele chamou de ` união de toda a América do Sul em um único corpo político` (...) E, em 1818, respondendo à mensagem de saudação, enviada a Angostura pelo dire-tor argentino, Pueyrredón, declarava que, tão logo a guerra de independência estivesse ter-minada, procuraria formar um pacto america-no, e esperava que as Províncias do Rio da Prata se unissem a ele."

O MONROÍSMO

O Monroísmo representa a visão norte-americana do Pan-Americanismo, bem distin-ta do Bolivarismo e fundada no predomínio dos EUA sobre os demais Estados america-nos.Sua primeira manifestação foi a Mensa-gem Presidencial de James Monroe enviada ao Congresso dos EÚA (1823). Nela, Monroe negava aos europeus o direito de intervenção no continente americano, seja para criar áreas de colonização, seja para suprimir a indepen-dência recém-ccnquistada pela maioria dos Estados americanos.

A análise do documento evidencia que os Es-tados Unidos opunham-se à Europa da Santa Aliança.

A Mensagem de Monroe representou antes de mais nada "a expansão de uma política na-cional cuja aplicação cabia unicamente ao go-vemo dos Estados Unidos. Além disso, a ati-tude e as palavras de Monroe não continham qualquer garantia que livrasse os demais po-vos americanos das agressões ou interven-ções dos Estados Unidos. Isto viu-se efetiva-mente quando nos anos de 1824 a 1826 a di-plomacia dos Estados Unidos expressou suas ambições sobre Cuba (...)

Fonte: http://www.historianet.com.br/

MARÇO - 2015

Edição nº. 89 Ano VIII

Sustentabilidade Social e Ambiental - Educação - Reflorestamento - Desenvolvimento Sustentável - Cidadania

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Alcoutim - Nas margens do Guadiana há um

«outro Algarve» para descobrir

A paisagem povoa-se de oliveiras e azinheiras. Acon-chegado nesta vegetação meridional corre o Guadiana, uma fronteira natural entre Portugal e Espanha. Um rio que, outrora, viu muitos algarvios perecer, vítimas do contrabando. Em Alcoutim, os dias correm plácidos. A ruralidade é um «orgulho natural e assumido», que con-vida o turista a apreciar o território e a saborear o me-lhor da gastronomia raiana. Aqui imperam os pratos do rio, os cozidos e as migas. Esta é uma viagem ao outro Algarve, «o natural», como por aqui lhe chamam.

POR: Ana Clara

São dez da manhã, chegamos a Alcoutim e a tranquili-dade povoa a vila raiana. Uma calma apenas interrompi-da pelo chilrear das aves que sobrevoam as margens do Guadiana. Aqui e ali avista-se gente, a maioria nascida e criada na povoação. «O envelhecimento é um dos nossos maiores dramas» num concelho que contabiliza três mil habitantes, afirma, o presidente da Câmara, Os-valdo Gonçalves.

Prosseguimos caminho, percorrendo ruas estreitas e íngremes, desembocando nas escadinhas da travessa das Portas do Rio. É aqui que se abrem as muralhas do castelo da vila. Miradouro onde temos uma vista sober-ba sobre o rio e a povoação vizinha de Saluncar de Guadiana, na outra margem do curso de água. Uma atracção local que recorda séculos de protecção da fronteira controlo do tráfego fluvial e o relacionamento ibérico entre Portugal e Espanha.

«São cinco mil anos de história para contar», conta o edil, lembrando que há registos desse tempo no conce-

lho, com antas e menires que «testemunham o passado da vila desde o Neolítico».

Descendo à zona ribeirinha encontramos estórias de outros tempos em forma de homenagem. Vidas que lu-tavam pela sobrevivência, hoje recordadas na estátua dedicada ao Guarda Fiscal, erguida no Miradouro do Quiosque.

«Alcoutim era sede de secção e aqui havia um posto central», recorda Osvaldo Gonçalves, sendo que ao lon-go do rio ainda é possível ver outros postos de controlo, muitos degradados.

No tempo da Guerra Civil de Espanha (1936-1939) e no início da segunda metade do século XX, em Alcoutim, os contrabandistas eram juntamente com os refugiados da Guerra os principais alvos a abater.

Em honra deste passado bem vivo na região, ergue-se, no Cais Velho, outra estátua. Recorda os contrabandis-tas, evocando aqueles que na vila raiana se dedicaram à actividade ilegal como forma de combater as dificulda-des económicas da época. Contrabando este que se fazia por toda a margem do rio, onde terminavam os caminhos dos almocreves serranos espalhados por vá-rias aldeias e montes. Cereais, café, figos e gado eram os produtos pela qual se arriscava a vida.

O pescador é também celebrado na vila com uma está-tua em sua homenagem, na capela de Santo António, e que «honra a actividade que, durante séculos, deu o sustento à população», lembra o autarca.

Aventura radical entre Espanha e Portugal:

O turismo tem sido, nos últimos anos, uma aposta do município para mostrar ao país e ao Mundo «os encan-tos deste Algarve natural». E para quem chega a Alcou-tim pela primeira vez, ofertas não faltam.

Os percursos pedestres e de BTT são outras opções para os menos radicais, sendo que, por todo o concelho, há dezenas deles, à beira do Guadiana ou pelo interior do território. Há ainda os tradicionais passeios no rio, promovidos pela «Fun River», empresa de animação turística local. Há vários percursos possíveis (até ao Pomarão, Mértola, Vila Real de Santo António e Ribeira de Odeleite).

Para o autarca de Alcoutim não há dúvidas sobre a i-dentidade do território, «rural, de baixa densidade».

«É certo que temos muitas dificuldades e tentamos in-verter as tendências negras no que respeita à desertifi-cação. Mas é precisamente este problema que tentamos combater. O facto de o território ser rural não pode ser uma dificuldade. Pelo contrário, devemos assumir-nos como um território rural. Quero promover o concelho dentro daquilo que é a ruralidade própria do território. E, acima de tudo, devemos olhar para as pessoas e não para os números», afiança Osvaldo Gonçalves.

Actualmente o concelho tem um «sério problema» no que respeita à oferta hoteleira, já que, por dificuldades económicas, as duas unidades existentes fecharam as portas em 2012.

«Temos apenas neste momento a Pousada da Ju-

ventude e as ofertas dos alojamentos rurais. Mas

não é suficiente. E estou certo de que no futuro ha-

vemos de voltar a ter essa oferta», refere o edil.

Gastronomia:

Num território rural como Alcoutim, a gastronomia «pode e deve ser um factor de atractividade», afiança o autar-ca. E para quem visita a região boa mesa é o que não falta, com opções de sabores do rio ou serranos. Pratos de caça (à base de coelho, lebres, perdiz e javali) passando pelas migas, as sopas de pão, a galinha de cabidela ou os cozidos de grão, e terminando nos sabo-res do rio com as enguias fritas, as caldeiradas ou a lampreia, opções não faltam aos turistas.

«Temos o saber-fazer, mantemos as receitas e rece-

bemos bem. Precisamos apenas que nos visitem,

que venham conhecer-nos. Porque este é o outro

Algarve que muitos ainda não conhecem, e a tal pro-

va de que há muito mais por descobrir do que sol e

praia»», realça Osvaldo Gonçalves.

Na hora de deixarmos Alcoutim, o calor de um Outono atípico persiste, a paisagem continua a tentar convencer-nos a não partir e, do outro lado do Guadiana, avistam-se turistas a desembarcar em Saluncar que nos ace-nam, numa espécie de adeus prolongado e ao que não se quer retribuir.

Texto original em Português de Portugal.

Publicado originalmente no site: Conheça Portugal

Edição: Filipe de Sousa