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Revista Escola Particular – Março – 20192

Liderança padagógica

Matéria de Capa4

Estranha folia

Cotidiano14

Tiago Aquino daCosta e Silva

Entrevista16

[email protected]

Os artigos assinados nesta publicação sãode inteira responsabilidade dos autores.

MARÇO DE 2019 - Edição 252

PRODuÇãO EDiTORiAL

Editora-chefe:• Gisele Carmona - MTB 0085361/SP

Assessoria de imprensa:• Gisele Carmona • Ygor Jegorow - MTB 0086640/SP

Editor gráfico• Balduíno Ferreira Leite

Reportagem e Redes sociais:• Ygor Jegorow

Colaboradores:• Ana Paula Saab • Antonio Higa • Carlos Alberto Nonino • Ulisses de Souza• Clemente de Sousa Lemes• Ivaci de Oliveira • Jocelin de Oliveira • José Maria Tomazela • José Rodrigues www.sieeesp.com.brRua Benedito Fernandes, 107 - São Paulo - SP CEP 04746-110 - (11) 5583-5500

impressão: Companygraf

DiRETORiA

PresidenteBenjamin Ribeiro da Silva Colégio Albert Einstein

1º Vice-presidenteJosé Augusto de Mattos LourençoColégio São João Gualberto

2º Vice-presidente Waldman BiolcatiCurso Cidade de Araçatuba

1º TesoureiroJosé Antônio Figueiredo AntiórioColégio Padre Anchieta

2º TesoureiroAntônio Batista GrossoColégio Átomo

1º SecretárioItamar Heráclio Góes SilvaEduc Empreendimentos Educacionais

2º SecretárioAntônio Francisco dos SantosSistema Educacional São João

DiRETORES DE REgiOnAiS

ABCDMROswana M. F. Fameli - (11) 4437-1008

AraçatubaWaldman Biolcati - (18) 3623-1168

BauruGerson Trevizani Filho - (14) 3227-8503

CampinasAntonio F. dos Santos - (19) 3236-6333

guarulhosWilson José Lourenço Júnior - (11) 4963-6842

MaríliaLuiz Carlos Lopes - (14) 3413-2437

Ribeirão PretoJoão A. A. Velloso - (16) 3610-0217

OsascoJosé Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327

Presidente PrudenteAntonio Batista Grosso - (18) 3223-2510

SantosErmenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349

São José dos CamposMaria Helena Bitelli Baeza Sezaretto - (12) 3931-0086

São José do Rio PretoCenira Blanco Fernandes Lujan - (17) 3222-6545

SorocabaEdgar Delbem - (15) 3231-8459

Declaração do iRPF 2019 - prepareseus documentos

IRPF20

uma escola defuturo verde

Reflexão24

Em busca de uma gestão efetiva

Bett Educar28

Como as escolas podem agregar os pais na rotina escolar dos filhos?

Comportamento38

Obrigações52

Cursos54

introdução à Educação 4.0

Curso40

Marketing34Endomarketing estratégico e fidelização

Dia Mundial da infância - como ébom ser criança

Brincadeiras30

Expediente

A nova lei de proteção de dados pessoais

Jurídico44

Gestão48gestão com propósitos: uma estratégia para a sua escola crescer, fazendo os outros crescerem

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2019 – Março – Revista Escola Particular 3

O homeschooling sofreu em setembro passado uma derrota no Supremo Tri-

bunal Federal (STF), que considerou, por 9 votos a 1, que a educação do-miciliar não deve ser admitida no país enquanto o Congresso Nacional não editar uma lei que o regulamente. No entanto, a corte não considerou a modalidade inconstitucional, o que abre brechas para a aprovação de leis nesse sentido.

A Constituição prevê apenas o modelo de ensino público ou privado, cuja matrícula é obrigatória, e não há lei que autorize a medida. Porém, a Convenção Americana de Direitos Humanos, que está abaixo da Consti-tuição, mas acima das leis, prevê ex-pressamente que ‘os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que seus filhos ou pupilos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias con-vicções”. Isso, em tese, respaldaria o método de ensino familiar. No entanto, há muitas outras questões que se deve levar em consideração na hora de decidir um assunto tão sério como esse.

A escola é, antes de tudo, um lugar de socialização. A primeira coisa que a criança aprende é conviver com pessoas diferentes. É lá que ela vai exercitar valores como tolerância, paciência, respeito ao próximo, além de aprender a lidar com as regras da boa convivência e com a frustração de não ter todos os seus desejos realizados.

Quem disse que a criança edu-cada em casa não vai sentir falta de outras crianças que ela não conhece?

OS PERigOS DO hOMESChOOLing

Quem disse que essa criança não vai sentir falta dos desafios que ela passa na escola e, mais, quem disse que o convívio dentro da família o tempo inteiro, inclusive na hora de estudar, é a melhor opção para essa criança ampliar os horizontes de vida dela?

Outro fator a se levar em con-sideração é a qualidade do ensino domiciliar. Não obrigatoriamente um professor vai ensinar melhor do que os pais, porém, há que se reco-nhecer que pessoas que se dedicam a essa atividade de forma profissional durante anos e anos, que lidam com várias crianças diferentes, têm um repertório maior de resolução de problemas e de informações acerca do ensino.

Educar crianças em casa é ainda, em nossa visão, uma proposta exces-sivamente isolacionista, numa época em que as pessoas já se encontram isoladas pelo modo de vida pós-mo-derno e pelo excesso de tecnologia.

Outro ponto crítico é o fato des-ta pauta vir alocada no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e não no MEC. Ora, o homeschooling não é o assunto mais importante no campo educação no Brasil nesse momento.

Dados da Associação Nacional de Ensino Domiciliar (Aned), uma das principais influenciadoras do tema, indicam 7,5 mil famílias e 15 mil estudantes na modalidade, em 2018. No documento oficial divul-gado pelo governo, no entanto, a estimativa apresentada é de 31 mil famílias, quase cinco vezes o número da associação.

O número dos que aderem à

modalidade é pouco representativo

diante dos quase 50 milhões de estudantes da

educação básica

De qualquer forma, o número dos que aderem à modalidade é pouco representativo diante dos quase 50 milhões de estudantes da educação básica, motivo pelo qual questiona-mos o senso de urgência dado ao tema.

Há uma inversão de posição nesse sentido. Um grupo, aparentemente limitado, não pode justificar algo ex-tremo como uma medida provisória.

Tudo isso sem falar que a pos-sibilidade de educar em casa não parece dialogar com a realidade social e financeira da maior parte dos brasileiros – e problemas estru-turais e pedagógicos das escolas não servem para justificar a defesa do homeschooling.

Argumentos não faltam para combater o homeschooling. Espe-ramos que a sociedade e o governo sejam sensíveis a eles.

Editorial

Presidente do [email protected]

BEnJAMinRiBEiRO DA SiLVA

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Revista Escola Particular – Março – 20194

Matéria de Capa

O que é liderança? A maioria das pessoas tem uma ideia intuiti-va do que é liderança, sempre

associada a uma ação de comando ou a um cargo de chefia.

A natureza do exercício da liderança tem sido foco de pesquisas do homem ao longo de toda a sua história, gerando uma grande quantidade de obras sobre o tema e inúmeras definições sobre o seu significado.

Nos últimos anos, boa parte dessas pesquisas e obras tem sido criticada por ter uma visão muito restrita, mais preocupada com a análise e categoriza-ção das atitudes mais comuns de líderes frente aos seus colaboradores, em vez de examinar o contexto maior de suas funções, prestando pouca atenção ao papel da liderança organizacional em termos do tratamento da mudança ambiental, por meio da formação de equipes de alta performance.

A psicologia moderna diz que liderar é o ato de influenciar as atitudes, opi-niões e os sentimentos de outras pes-soas. Mas essa troca de influências acon-tece entre as pessoas constantemente, sem necessariamente que uma lidere a outra. Uma pessoa é considerada um líder quando a sua persuasão é desme-dida, ou seja, um líder convence mais que um não líder.

Diferença entre gestão e LiderançaGestão e liderança são termino-

logias distintas e ao mesmo tempo complementares. Gestão está relacio-nada à sistematização de processos, documentação e gerenciamento de projetos, divisão e descrição de funções, reuniões periódicas de monitoramento (constância e periodicidade), análise

LIDERANÇAPEDAGÓGICA

de desempenho, gestão de tempo e planejamento estratégico com metas e objetivos concretos.

Liderança está ligada à lapidação de pessoas promovendo uma política de monitoramento, isto é, um acompanha-mento e feedback que gere um clima de confiança e segurança para que o cola-borador possa evoluir sem estresse, por meio de uma comunicação eficaz, do uso de processos decisórios participativos, gerenciamento de conflitos, meritocra-cia extrínseca e intrínseca, negociação de acordos e apresentação de ideias.

Gestão de Processos

Líder de Pessoas

O ideal é implantar os processos de gestão e utilizar os conceitos de lideran-ça como facilitador, fomentando os esforços coletivos, a coesão e o trabalho em equipe, para que todos possam evoluir com confiança e felicidade.

Professores não podem ser geridos... Relatórios, diários de classe, análise de desempenho em sala de aula podem ser geridos. Professores devem ser liderados.

Estilo de administração escolarA instituição é provida de bons

líderes, mas peca nas práticas orga-nizacionais e de gestão? Possui um corpo docente sem liderança, disperso e pouco aberto a mudanças, mas segue seus processos de gestão interna de forma satisfatória?

Uma escola deve iniciar o trabalho por meio da verificação das suas fragili-dades e qualidades e identificar se existe uma predominância de estilo e padrão de conduta que valorize a supervisão, a liderança ou consegue manter os estilos de administração em equilíbrio.

+ Liderança - gestão Equilibrado - Liderança + gestão

A instituição é provida de bons líderes, mas peca nas práticas organizacionais e de gestão.

Administra a liderança e a gestão de forma proporcional.

Possui um corpo docente com baixa liderança, disperso e pouco aberto a mudanças, mas segue seus processos de gestão interna.

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Ambiente de pouca gestãoImpede que a coordenação exerça

seu papel de líder do corpo docente, pois o que geralmente ocorre é uma centralização de tarefas, que faz com que ele passe a maior parte do tempo apagando incêndios, resolvendo proble-mas fora de sua área e suprindo a necessidade de atenção e afeto dos alunos, professores e pais. A falta de liderança tende a deixar o grupo em zona de conforto, apático, estagnado, descomprometido ou pior, livre para ser liderado por um líder informal, ou líder beta que pode não compactuar com os mesmos ideais da instituição.

Líder beta ou informalSegundo os estudos etológicos*,

o homem como todo mamífero social, vive em grupos ou clãs subdivididos em castas. No topo da pirâmide en-contramos o líder alfa, que atingiu este posto devido a algumas características de liderança desenvolvidas. Para que a equipe continue a se desenvolver, sem-pre existirão jovens com características de liderança prontos para substituir o líder alfa, caso este não tenha mais condições de cumprir o seu papel.

No mundo moderno, no corpo docente, quando o líder alfa que for-malmente é o coordenador não desem-penha o seu papel, corre o risco de perder a liderança do grupo para um líder natural que pode ser benéfico se for um aprendiz e compactuar com a filosofia da instituição ou negativo se for um opositor.

*Etologia (do grego: ethos, “ser” ou “personalidade” e -λογία -logia, “estudo”) é a disciplina que estuda o comportamento animal tendo como uma de suas preocupações básicas a evolução do comportamento por meio do processo de seleção natural. Esta disciplina defende que os procedimentos de observação, descrição, experimentação e análise desenvolvida para o estudo do comportamento animal podem ser utilizados no estudo do comportamento humano.

A psicologia moderna dizque liderar é oato de influenciaras atitudes

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Matéria de Capa

Ambiente de pouca liderançaUma instituição de ensino terá mais

dificuldade em implantar o modelo de gestão sem a presença de uma liderança efetiva, pois, para que isso ocorra, o corpo docente precisará sair da zona de conforto, estar confiante ao se deparar com o novo, quebrar paradigmas e mu-dar algumas atitudes.

Quando o programa de gestores é instituído sem a presença de um líder, os professores podem encará-lo como uma imposição e autoritarismo, deixando-os infelizes e desmotivados.

Como normalmente é necessária uma crise para estimular a mudança e implantação de um programa como este, é comum ocorrer um choque de gestão causando sequelas traumáticas para os professores, a coordenação e a direção.

Liderança, segurança e o medo do novo

Não somente os homens, mas al-guns mamíferos e aves sociais sentem-se seguros quando liderados. É um sistema eficaz evolutivo de proteção em que o líder, macho ou fêmea, depen-dendo da espécie, defende o restante do grupo de predadores, os conduz na

busca de alimentos, na divisão de tare-fas e nos processos migratórios.

Esta estratégia de sobrevivência está enraizada no DNA do ser humano desde a pré-história até os dias de hoje e tem assegurado a sua sobrevivência. Desta forma, a etologia explica que, quando liderado, o homem sente-se mais seguro para tomar a iniciativa assim que se de-para com uma situação nova.

O homem adulto tem muita dificul-dade em sair da zona de conforto e experimentar o novo. As mudanças climáticas que aconteceram na África meridional pré-histórica transforma-ram a vegetação da região extinguindo grande parte da alimentação dos ho-mens primitivos.

Em busca de alimentos, os homens iniciaram o processo migratório. Nessa mudança de ares, conheceram novas localidades e estiveram em contato com predadores desconhecidos, desenvol-vendo o medo do novo como sistema de proteção, conhecido como zona de conflito, mudança psicofisiológica que continua latente até os dias de hoje.

O corpo do homem em zona de conflito gera respostas físicas e mentais se preparando para o embate. O fluxo sanguíneo diminui de intensidade no cérebro e nos órgãos digestivos e senso-riais e é direcionado para a musculatura, a temperatura do corpo é aquecida, a quantidade de açúcar no sangue é aumentada, habilitando o corpo para determinadas exigências do meio ambi-ente. Se a zona de conflito permanecer por muito tempo, pode ocorrer o estres-se, isto é, o corpo começa a se desgastar mais rapidamente que o normal. Neste momento, um dispositivo de segurança faz com que o ser humano saia do meio ou situação que está lhe fazendo mal e volte para a zona de conforto e segu-rança que ele já conhece.

Por isso, existe uma grande chance de um professor, ao se movimentar em

não somente os homens, mas

alguns mamíferose aves sociais

sentem-se seguros quando liderados

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Matéria de Capa

direção a uma situação nova (merito-cracia, monitoramento em sala de aula, análise de desempenho), entrar em zona de conflito e seu cérebro primitivo pedir para ele retroagir para sua zona de conforto original.

Porém, quando acompanhado, o professor sente-se confiante em sua capacidade de experimentar ou adquirir um novo hábito, pois não está sozinho nesta empreitada. Ao seu lado existe uma pessoa com conhecimento e lide-rança para acompanhá-lo, ensiná-lo e apoiá-lo ao longo de uma nova experiên-cia (preceito andragógico* – educação de adultos).

Tornar-se um LíderA capacidade de influenciar pessoas

é considerada um dom se partirmos do princípio de que algumas pessoas pos-suem traços de personalidade, isto é, exteriorizam a sua personalidade por meio de comportamentos que favore-cem o seu aparecimento, como extro-versão, sociabilização, proatividade e agradabilidade, caraterísticas psíquicas

desenvolvidas com grande intensidade na infância.

Os preceitos andragógicos* nos mostram que cursos e palestras de instrução não possuem profundidade e tempo suficiente para fazer com que um adulto torne-se um líder, mas algumas atitudes e ações, se utilizadas com constância e periodicidade, podem melhorar o desempenho de liderança de um indivíduo.

Sob a desculpa de “serem profissio-nais”, alguns líderes agem de modo frio, reservado e calculista. Desse modo, não estão sendo “profissionais”, já que man-têm uma postura distante por serem inseguros ou por não terem paciência de se relacionar com outras pessoas.

Premissas básicasUm líder tem que gostar de gente!

Não há liderança sem intensas rela-ções interpessoais, vínculos afetivos, interação social e comunicabilidade. Se você não detém esses traços de personalidade, sugiro repensar seu futuro e procurar uma função que não

enfatize tais atribuições como os cargos administrativos da secretaria, cobrança, financeiro... não existe nenhuma fun-ção que o corpo docente exerça que não necessite de uma boa dose de liderança!

Liderar na prática A seguir, selecionamos as principais

atitudes que uma pessoa deve ter para ser considerada um líder efetivo:

Dê o exemploSeja o que você quer ver no outro.

Vista-se adequadamente, tenha um vo-cabulário apropriado, mantenha uma boa aparência, participe de corpo e alma dos eventos da instituição, chegue sempre cedo e diga o que a pontualidade significa para você e não para eles.

Mantenha uma unidade de co-

mandoNunca critique a direção ou a insti-

tuição. Distanciar-se de seus superiores é uma tentação enorme. Alguns coor-denadores fazem isso para conquistar a simpatia da equipe e criar um laço

*Andragogia - A palavra “andragogia” tem a sua origem na Grécia Antiga: andra (adulto) e agogé (condução). Segundo a definição creditada a Malcolm Knowles em seu livro “The Adult Learner”, andragogia é definida como a ciência de orientar e motivar adultos a adquirir novos hábitos, conhecimentos e atitudes. Os princípios da andragogia e das técnicas de liderança são muito parecidos, o que difere uma da outra é que a andragogia tem o objetivo mais complexo de promover a aprendizagem e as técnicas de liderança têm o papel de influenciar pessoas.

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ao se colocar no mesmo nível de seus liderados. O que ocorre na verdade é a destruição da confiança dos colabora-dores. Ao agir assim, a coordenação envia três mensagens prejudiciais à moral da equipe:

- Não se pode confiar na instituição;- Nossa própria direção está contra

nós;- A coordenação é fraca e impotente

dentro da escola.

Lidere na linha de frenteÉ bastante motivador e inspirador

para todos os colaboradores da escola quando você mesmo faz o que quer que eles façam. As pessoas preferem ser ins-piradas a serem corrigidas. Nas reuniões de monitoramento semanal, ministre miniaulas, em vez de corrigir uma circular reescreva-a com o professor, proponha e auxilie a montagem e exposição de um projeto realizado por uma determinada classe, na sala dos professores.

não delegue a responsabilidade, pratique as reuniões de correção ou posicionamento

Quando uma pessoa assume um cargo de liderança, como coordenação

ou direção, a instituição espera mais dela, a pressão é maior, o impacto de suas decisões pesam muito mais e, principalmente, ela é sempre correspon-sável pelas ações dos seus subordinados diretos. Em um momento de crise, ao invés de culpar alguém, assuma a cor-responsabilidade, agende uma reunião emergencial, discuta e busque a solução, efetue a correção e registre o fato para que não venha a ocorrer novamente. Este tipo de ação tende a fortalecer a unidade da equipe e os laços de confiança.

Todo líder é um ser humano e, por isso, tem direito de errar e se abater, porém, por um tempo bem mais curto e de forma bem menos aparente que os demais colaboradores. Fique triste, chateado, bravo... por um período curto, arrume um jeito de renovar as energias (hobby, terapia) e comece de novo. Antes de pensar em ser um líder pense nessas questões.

Diagrama de direitos e deveresO diagrama mostra que quanto mais

uma pessoa cresce em uma instituição, menos direitos ela tem. Os alunos e familiares têm grande liberdade e pos-suem muitos direitos. Eles não têm

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Seja o que você quer ver no outro

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Matéria de Capa

uma verdadeira responsabilidade para com a instituição. Os colaboradores do escalão intermediário, como professo-res e a equipe de secretaria, têm mais obrigações sendo estas, na sua maioria, operacionais. Os líderes têm ainda mais obrigações e, por causa disso, uma res-ponsabilidade muito maior.

Coordenação - O cargo mais difícil de uma instituição de ensino

Todos os cargos e funções têm suas peculiaridades e dificuldades e o nível de responsabilidade dos diretores e mantenedores é sempre maior que os demais. Mas a coordenação exerce fun-ções com um grau de complexidade ím-par. A maioria das práticas de liderança não acontece no topo da organização, mas no escalão médio onde se encon-tram os coordenadores, supervisores e orientadores. Por estar no meio da es-cala, a coordenação precisa estar atenta

aos objetivos da direção e, ao mesmo tempo, aos anseios dos professores, tendo que possuir um olhar 360 graus.

Como líder, um coordenador tem certo poder, autoridade, pode tomar algumas decisões e tem acesso a alguns recursos. Pode tomar uma determinada atitude para com o corpo docente e orientá-lo no trabalho. Ao mesmo tempo, lhe falta poder em outras áreas, como financeira e de planejamento es-tratégico, e se abusar de sua autoridade pode ter sérias complicações.

¨Na verdade um coordenador se sente como se tivesse todo o poder e nenhum poder.̈

Para reduzir esta sensação, a insti-tuição deve usar a mesma estratégia de coaching aplicada aos professores: reuniões de planejamento estratégico trimestrais com a direção (3 horas de duração) e reuniões de monitoramento semanais ou quinzenais para a análise de desempenho (1 hora).

Exerça todo o seu potencial de lide-rança nas reuniões de monitoramento

A coordenação tanto observa a ativi-dade quanto monitora os resultados,

usando as informações para ajudar o professor a identificar as falhas e modi-ficar abordagens e atitudes. Para isso, é imprescindível que saiba o que acontece em sala de aula.

Os dados obtidos em sala de aula são passados em reuniões de monitora-mento semanais ou quinzenais através de uma opinião aberta, embasada em uma análise técnica, concreta e sem julgamento.

A reunião de monitoramento é o principal momento que os coordena-dores têm para desenvolver as suas equipes de trabalho. Quando monitora-

A maioria das práticas de

liderança não acontece no topo

da organização, mas no escalão médio

onde se encontram os coordenadores

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das, isto é, acompanhadas de perto por um líder, as pessoas sentem-se seguras para experimentar e mudar atitudes ou conceitos.

Se o coordenador exercer um bom papel de líder, o monitoramento e a análise de desempenho serão encara-dos como uma ferramenta para facilitar o aprimoramento do professor. E para que surta o efeito desejado, isto é, que ocorram as devidas mudanças de atitudes dentro do processo compor-tamental, é importante seguir alguns conceitos de liderança e andragogia:

- As reuniões necessitam de constân-cia e uma periodicidade semanal ou no máximo quinzenal.

- O líder deve descrever as atitudes e fornecer exemplos concretos e espe-cíficos que tenha observado, em vez de afirmações genéricas.

- Esteja aberto à opinião – se os coorde-nadores forem exemplos de sensibilidade, receptividade e aprendizado, e se solicita-rem feedback de si mesmos, aumentam a chance de encontrar receptividade por parte dos demais colaboradores.

- Promova o feedback aberto que gera unidade ao grupo e propicia uma aprendizagem experiencial. Mas vá com calma, pois é preciso uma grande dose de confiança e cumplicidade. Para isso, inicie

o processo com as técnicas de levanta-mento moral, enfatizando as qualidades nas primeiras aulas assistidas e somente depois de ganhar a confiança do profes-sor, proponha mudanças.

- Apoie-se em análises de desem-penho concretas. Processos avaliativos subjetivos costumam deixar as pessoas desconfortáveis nos papéis de juízes e réus, quebrando os vínculos de confiança.

O líder eficaz:- não desiste de um colaboradorUm verdadeiro líder tem a respon-

sabilidade de apoiar as solicitações de ajuda legítimas e auxiliar na recupera-ção de colaboradores que cometeram falhas, comportamentos negativos ou queda de produtividade. A coordena-ção ajuda-os em horários predetermi-nados de coaching individual, além de proporcionar-lhes oportunidades de aprimoramento, mudança de atitude ou retomada de qualidade.

- Faz uso da meritocraciaO bom líder utiliza as práticas de

meritocracia intrínseca, motivacionais e de reconhecimento intangíveis, como elogios falados, escritos, comemora-ções etc. de forma abundante e as ex-trínsecas quando necessitar de um pico

de desempenho como, por exemplo, na época de rematrículas.

- Tem uma comunicação interpes-soal eficiente

O líder deve ser capaz de se expres-sar, transmitir o que está sentindo e pensando, saber escutar e estar aberto a fatos, pensamentos e ideias dos seus interlocutores.

- incentive a comunicabilidadeA comunicação só torna-se efe-

tiva quando chegamos à compreensão, isto é, quando recebemos a mensa-gem, entendemos o seu significado, exatamente como desejava quem a transmitiu. Quando isso ocorre, a ação comunicativa é denominada “comuni-cabilidade”.

- Seja coloquialUse expressões e palavras com as

quais o seu interlocutor esteja familia-rizado.

- Em caso de críticaNão adote uma postura defensiva.

Faça perguntas esclarecedoras.De todas as habilidades associadas

à boa comunicabilidade, a mais impor-tante é a escuta. A escuta reflexiva

Matéria de Capa

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baseia-se na empatia. Pense no ponto de vista do interlocutor - não se precipite diante de descrições imprecisas dos fa-tos; atente para os sentimentos ocultos no subtexto antes de apressar-se em corrigir ou tecer uma opinião.

- Faz parte de uma equipe de pontaNinguém gosta de fazer parte de

um time perdedor. As pessoas, de uma forma geral, motivam-se quando fazem parte de uma equipe de ponta, que alcança seus objetivos e é reconhecida por isso.

Autor do livro “Como fazer sua escola crescer de forma sustentável”.

CEO Grupo Rabbit EduicaçãoHá 20 anos é consultor e educador especialista em andragogia e comunicação.

ChRiSTiAn ROChA COELhO

- Tem autonomiaO adulto sente-se motivado quando

participa da tomada de decisão e tem autonomia para agir em busca de seus objetivos. •

Promova o feedback aberto

que geraunidade ao grupo

e propicia uma aprendizagem experiencial

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Cotidiano

O brasileiro possui sentimentos agendados.No natal, solidário, na páscoa,

esperançoso, no dia dos pais, todo famí-lia e, no carnaval, só alegria.

Em nosso calendário, ainda cabem milhares de comemorações, como o dia do Orgulho LGBT, da Consciência Negra, do Trabalhador, da Mentira, e assim vamos, com a agenda sempre lotada. Quem mais sofre são os colunistas, quase forçados a comentar a comemo-ração da semana.

É difícil escrever a respeito do car-naval, sem ser folião, e sem ao menos tomar uma ou outra dose de animador alcoólico. Sem o mínimo espírito car-navalesco, resta achar alguma graça na folia das crianças, muitas ainda jogando água em transeuntes.

É triste ver o marido jazer sonolento e inerte, enquanto a esposa cai na folia, confinada aos arredores da mesa. É ar-repiante ver meninas e moças caírem na folia descalças, em plena multidão, e terminarem a noite com os dedos dos pés intactos.

Escolas de samba desfilam mara-vilhosas, exaltando temas da ocasião, prestando imperceptível agradeci-mento aos contraventores que auxiliam a festa. Alegorias revelam artistas, e sambas-enredo grandes compositores.

Fantasias animam o comércio, com destaques para imagens de corrup-tos famosos e governantes exóticos. Abadás permitem integrar blocos.

Cervejas e destilados disputam espa-ços publicitários, e regam o país, de sul a norte. Reaparecem, com pouco brilho, no noticiário de acidentes de trânsito, alguns fatais.

Homens assumem vestes e feições femininas, alguns recatados, outros verdadeiras sirigaitas. Mulheres econo-mizam tecidos, só mantendo ocultas porções sabidamente de pouco brilho.

Maternidades lotam mais que cartórios, em novembro. A festa tem reflexos e preparos durante todo o ano.

Para a maioria, o brilho dos agenda-mentos recai no fato de serem, muitos, feriados, modalidade em que somos campeões mundiais. Os dias úteis aca-bam sendo exceções, nos quase raros intervalos entre feriados.

Milhões de brasileiros aproveitam a festa para pescarias, praias, churras-cos, retiros, consertos domésticos ou o inigualável ócio, esquecendo boletos. Sambas e marchinhas ambientam até os que não cultuam Momo.

A crise aproveita o período de festas para demonstrar sua grandeza, com furtos, assaltos, tráfico e outras mani-festações de carência civilizatória, onde

rareiam empregos, saúde, segurança e educação. A folia induz a sensação de que, por alguns dias, nossas mazelas ficam suspensas.

Idosos, sempre precavidos, evitam o burburinho, temendo, literalmente, cair na folia. Relembram, saudosos, os carnavais de outrora.

Não convém, os que foliões não somos, escrever sobre o carnaval. •

ESTRAnhA FOLiA

Engenheiro agrônomo e advogado, [email protected]

PEDRO iSRAEL nOVAES DE ALMEiDA

Revista Escola Particular – Março – 201914

Em nosso calendário, ainda

cabem milhares de comemorações, como o dia do

Orgulho LgBT, da Consciência negra,

do Trabalhador,da Mentira, eassim vamos

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Revista Escola Particular – Março – 201916

Entrevista

n esta entrevista exclusiva, Tiago levanta temas presen-tes no cotidiano escolar, com

o intuito de ajudar os docentes nesta louvável tarefa.

Escola Particular - Qual o modelo de profissional de educação para atender as exigências do mundo contemporâneo?

Tiago Aquino - O Educador deverá adotar ações positivas frente a “nova educação” reconhecendo o aluno como sujeito de sua aprendizagem, capaz de interagir e estabelecer conexões com o outro e com o mundo. Deve ser o meio de transformação na vida dos alunos, sendo capaz de desenvolvê-las integralmente – social, afetivo, psíquico e físico. A nova educação passa pela relação afetiva que esse educador terá com os seus alunos, facilitando ainda mais a aprendizagem do conhecimento. Existem algumas ações importantes para que o educador tenha êxito na sua função.

- Fazer sempre o diferente: os edu-cadores precisam buscar soluções para

as adversidades encontradas em sua rotina. Buscar novas metodologias, a fim de facilitar a aprendizagem dos co-nhecimentos, e torná-las atraentes para os alunos, é um dos caminhos essenciais para a transformação educacional.

• Proatividade: precisa estar ante-nado com a sua área de atuação. Planejar o futuro e ser capaz de antever uma oportunidade profissional.

• Atualização profissional: a ação em pesquisar, estudar e organizar soluções para os problemas e desafios profissio-nais permite encontrar caminhos “me-nos” árduos para o sucesso. A formação se faz relevante neste processo.

• Resiliência: é a habilidade de supe-rar os obstáculos e as pressões de situa-ções adversas. Leis que não favorecem os professores, situações precárias na escola e agressão no ambiente escolar, estão entre alguns fatores que geram desmotivação, mas é preciso encontrar aprendizado, e se fortalecer, nos mo-mentos de superação.

• Positividade: as pessoas que acredi-tam têm mais capacidade de perseguir

os seus objetivos e adquirir meios para alcançar o sucesso.

• Altruísmo: ser capaz de se colocar no lugar do aluno em situações específi-cas buscando, assim, a melhor forma de solucionar alguma questão.

A felicidade profissional vem e vai, é momentânea e relativa, mas a vontade de estar em constante evolução possibi-lita ao profissional, independentemente da área, alcançar seus objetivos.

EP - Diante das inúmeras opções tecnológicas, de que forma as escolas poderão resgatar os jogos tradicionais?

TA - Grande parte dos jogos e brinca-deiras tradicionais, que encantam e fazem parte do cotidiano de várias gera-ções de crianças, estão desaparecendo devido às transformações do ambiente urbano, da influência da televisão e dos jogos eletrônicos. Pesquisas apontam a importância de resgatar os jogos tradicionais na educação e socialização da infância, pois brincando e jogando a criança estabelece vínculos sociais, ajusta-se ao grupo e aceita a participa-

TiAgO AquinO DA COSTA E SiLVA

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ção de outras crianças com os mesmos direitos. Obedece às regras traçadas pelo grupo, como também propõe suas modificações.

Na experiência lúdica, a criança cultiva a fantasia, vivencia a amizade e a solidariedade, traços fundamentais para se desenvolver uma “cultura solidária” na sociedade brasileira atual.

O jogo está presente, principalmente na Educação Infantil e anos Iniciais do Ensino Fundamental. O lúdico é de suma importância para as crianças, sem distinção de idade, e deve estar constan-temente presente no contexto escolar. O lúdico aqui é compreendido como o jogo, o brinquedo e a brincadeira, tanto de antigamente como atual. Além de serem divertidos, eles podem ter um cunho educativo.

Há muitas possibilidades de trabalhar com os jogos, brinquedos e brincadeiras na escola. E, diante dessas possibilidades, vêm-se construindo e vivenciando brinquedos, brincadeiras e jogos.

Reviver e ativar os jogos populares são fatores importantes para a vivência

da cultura lúdica dos sujeitos na atual sociedade.

As crianças, ao praticarem os jogos tradicionais, desenvolvem-se de forma corporal, cognitiva e social. Tais desen-volvimentos são:

• Interage e conecta-se com o mundo, irradiando sua complexidade.

• Torna-se subversiva, guerreira, cria-tiva, resistente, portadora do prazer e da subjetividade, rica em valores humanos.

• Se organiza, a partir da desordem, discutindo e estabelecendo critérios e regulamentos.

• Transforma sua ação lúdica numa celebração espaço-temporal de cidada-nia

Então, professores e pais, vamos estimular estas brincadeiras!! Seguem algumas sugestões.

TRÊS/CinCO MARiASO jogo apresenta origem no secular

jogo dos ossinhos, popular na Grécia e em Roma. As crianças utilizam nesta brincadeira cinco saquinhos recheados de areia. Após decidirem a ordem do sorteio entre os jogadores, dá-se o início.

O primeiro participante lança os saquinhos para o alto, deixando-os no local onde caírem. Em seguida, escolhe um saquinho e lança para cima. Enquanto esse saquinho estiver no ar, a criança tem de juntar todos os demais que estão no chão. Se conseguir realizar tal tarefa, marcará um ponto e continuará jogando; se não o conseguir, dará a vez para o próximo participante.

PALiTinhOSTrata-se de um jogo de adivinhação

ou blefe. Cada jogador inicia com três palitinhos, os jogadores colocam as mãos para trás, escolhendo a quantidade de palitos, de zero a três, trazendo a mão direita à frente do corpo.

Os palitos em jogo são os que se en-contram nas mãos dos jogadores. Após, cada jogador dá um palpite, dizendo qual a totalidade dos palitos em jogo, não podendo repetir palpites.

Ganha a rodada aquele que acertar o número exato de palitos em jogo. Este jogador, então, tira um palito e passa a jogar com um a menos. Ganha o jogo quem primeiro ficar sem os palitos.

JOgO DE TACOComo materiais necessários temos

uma bolinha de borracha ou de tênis, um par de “tacos” de madeira e duas casinhas de madeira ou gravetos. A partida ocorre entre duas duplas, que se revezam na troca do taco e da bola. So-mente marca pontos quem tem a posse do taco, assim a outra equipe deverá armar estratégia para retirar o taco da equipe adversária.

Cada equipe marca no chão, com giz, a uma distância de aproximadamente 20 a 30 metros, a cela, que tem um diâ-metro de aproximadamente um metro. Dentro de cada cela fica a casinha que deverá ser derrubada pela equipe que tem a posse do taco. Ao ser derrubada, os jogadores deverão correr e cruzar os tacos ao centro, marcando assim dois pontos à sua equipe. Ao perceber, que a outra equipe está de posse da bola, estes deverão “guardar a cela” encostando o taco sobre a mesma. Se a cela for derrubada enquanto os jogadores se cruzam ao centro, os joga-dores deverão trocar de função. Vence a equipe de anotar 20 pontos.

EP - Sobre a questão da invasão dos jogos online que, em grande parte, são solitários, se fazem indispensáveis as atividades para cooperação e brincadeira com os amigos. Qual sua opinião e quais sugere?

TA - Certamente, a cooperação, por meio dos jogos, é fundamental na busca da educação do ser humano, de-senvolvendo autonomia, senso crítico, sentimento de aceitação e autoestima, colaborando assim na formação crítica e reflexiva.

Os Jogos Cooperativos surgiram a milhares de anos atrás, quando os mem-bros das comunidades tribais se uniram

A nova educação passa pela relação

afetiva que esse educador terá com

os seus alunos

Graduado em Educação Física e especialista em Educação Física Escolar. Membro do LEL - Laboratório de Estudos do Lazer (LEL/DEF/IB/UNESP Rio Claro - SP). Member of the World Leisure Organization. Há 10 anos apresenta workshops, palestras e treinamentos. Autor dos livros “Lazer e recreação – Conceitos e práticas culturais” (Wak, 2018), “Olhares sobre o corpo – Educação Física Escolar” (All Print, 2014), “Jogos e Brincadeiras: ações lúdicas nas escolas, ruas, festas, parques e em família” (Vozes, 2017) e “Manual de Lazer e Recreação” (Phorte, 2018).www.professorpacoca.com.br

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Revista Escola Particular – Março – 201918

Entrevista

para celebrar a vida. Alguns povos ances-trais, os índios americanos tinham um modo de vida cooperativo. Assim, nota-se que esta atitude, por meio dos jogos, sempre esteve presente na sociedade e na vida dos homens.

Na década de 70, Terry Orlick foi um dos primeiros pensadores a estudar os jogos cooperativos para o desenvolvi-mento da ética, cooperação e cidadania. Orlick transformou o pensamento de “Jogar contra os outros” para “Jogar uns com os outros”.

Vamos brincar de cooperar! Seguem algumas atividades.

PEgA-PEgA ABRAÇOOs jogadores estarão dispersos pela

área de jogo. O pegador estará de posse de uma bexiga, e este deverá encostá-la no peito de outro jogador para passar a sua função para o próximo. Porém existe uma estratégia para não serem pegos, como piques, os jogadores deverão abra-çar um amigo por 5 segundos, ficando assim imunes do pegador.

SEMPRE CABE MAiS uMColoque os participantes no centro

do espaço, formando uma roda. O animador irá espalhar os bambolês pelo espaço da roda, sendo que o número de bambolês será inferior ao número de participantes.

Ao sinal, todos deverão se posicionar dentro de um bambolê. Ao som de um novo sinal, retornam para o centro for-mando a roda. Os números de bambolês vão diminuindo a cada rodada, porém nenhum participante sai da atividade. Conforme os bambolês vão diminuindo os participantes terão que achar uma forma criativa de todos se posicionarem dentro dos bambolês sem que ninguém fique de fora.

COnECTADO A VOCÊ Os participantes estarão em roda

e receberão uma bexiga. Os jogadores

colocarão a bexiga recebida em sua barriga, mantendo-a presa nas costas do participante da frente. O facilitador cantará uma música, como “Escravos de Jó” por exemplo, e os participantes caminharão cantando, sem deixar que ela caia no chão.

EP - É possível relacionar o jogo e a gamificação?

TA - Os jogos sempre despertaram interesse por parte da educação, com aplicação direta como meio de apren-dizagem.

O jogo é uma ação em que os joga-dores engajam em um conflito, orga-nizado por regras, cujo resultado é mensurável e determinado. Através da experiência em um jogo, ficamos imersos e dedicados a ações comprometidas com propósito e competências.

Para Carolei (2012) os jogos são com-postos por três objetos: a imersão (cír-culo mágico), a agência (jogabilidade) e a diversão (fuga da rotina). Neste sentido, a gamificação assemelha-se muito ao jogo.

Devemos então, criar na escola, brincadeiras e jogos que propiciem mo-tivação e jogabilidade para que todos possam estar inclusos, podem ser jogos físicos, manuais e em de diversas outras formas – puzzle, códigos, textos, games, coordenadas e outros, que dependerá exclusivamente de criatividade da equipe de produção envolvida, bem como dos recursos disponíveis para esta ação.

EP - Qual o propósito do educador em pleno século 21?

TA - Quando pensamos em educador vem à lembrança uma pessoa repleta de conhecimentos, capaz de orientar seus alunos para uma aprendizagem plena. E o professor? Um sujeito que conduz suas aulas a fim de transmitir os diversos conteúdos de sua respectiva disciplina, em pé com seus alunos atentos senta-dos à sua frente absorvendo o máximo

possível da proposta. Acreditamos na proposta onde o educador atua como mediador e facilitador da aprendiza-gem, tendo uma participação ativa no processo. A criança, desta geração, é interativa na absorção do conhecimento de forma real e virtual, bem como na capacidade de dialogar com parceiros, escolher caminhos e elaborar reflexões sobre a ação realizada, por meio de um bate-papo.

O educador deve sempre ter clareza em sua proposta, estar bem preparado. Isso vai gerar a confiança em quem par-ticipar de suas atividades. Outro ponto a ser observado é que ele deve sempre fazer conexões entre o que é aplicado com a realidade dos participantes, mantendo o olhar para a educação não-formal e formal, além da animação sociocultural.

O educador brilhante deve ser in-quieto, capaz de criar e sustentar suas ações pedagógicas nas bases dos valores e competências, e não como fim nela mesma. •

O jogo é umaação em queos jogadores engajam emum conflito,

organizado por regras, cujo resultado é

mensurável e determinado

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IRPF

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E sse ano, a entrega da Declara-ção de Imposto de Renda Pes-soa Física (IRPF), referente ao

ano-calendário 2018, terá início no dia 01 de março. Obrigatoriamente, as decla-rações deverão ser elaboradas através do Programa Gerador da Declaração, disponível no site da Receita Federal do Brasil - www.receita.fazenda.gov.br, e deverão ser entregues pela internet através do Programa Receitanet até às 23h59min59s (horário de Brasília) do dia 30 de abril de 2019.

Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física 2019:

Prepare seus documentosMulta por atraso na entregaA multa pela não entrega ou atraso

da declaração é de 1% ao mês-calendário ou fração de atraso, incidente sobre o imposto devido, limitado a 20% desse imposto, observado o valor mínimo de R$ 165,74.

Malha fiscal: atenção para os cruza-mentos efetuados pelo fisco

Ao elaborar a declaração é impor-tante ter em mente que a cada dia o fisco aumenta seu poder de fiscalização

através do cruzamento de informações da Secretaria da Receita Federal, in-clusive com os benefícios concedidos (redução de IPVA, IPTU, etc.), além dos convênios existentes com os Estados e Municípios.

Esse cruzamento se faz com base nos dados coletados nas declarações apresentadas pelos contribuintes, que são comparados com outras informa-ções obtidas direta ou indiretamente de diversos agentes econômicos, tais como: valores de rendimentos dos em-pregados e do imposto de renda retido na fonte fornecida pelas empresas, arrecadação do carnê-leão fornecida pelos bancos, valores de aluguéis infor-mados por imobiliárias, entre outros.

Veja a seguir a lista com as decla-rações utilizadas para o cruzamento de dados:

• DIRPF – Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física: Declaração a ser entregue pelas pessoas físicas, contendo seus rendimentos tributáveis, isentos, sujeitos à tributação exclusiva, bens, ganho de capital, atividade rural, dívidas, etc.;

• CBE – Capitais Brasileiros no Ex-terior: Declaração para residentes no País, detentores de ativos (participação no capital de empresas, títulos de renda fixa, ações, depósitos, imóveis, dentre outros) contra não residentes, que to-talizem montante igual ou superior ao equivalente a uS$ 100.000,00 (cem mil dólares dos Estados Unidos) no último dia de cada ano;

Ao elaborar adeclaração é

importante ter emmente que a cada dia o

fisco aumenta seu poder de fiscalização através do

cruzamento de informações da Secretaria da Receita Federal

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• SPED – Sistema Público de Escritu-ração Digital: é um avanço na informa-tização da relação entre o fisco e os contribuintes, consiste no cumprimento das obrigações acessórias em que as Pessoas Jurídicas estão obrigadas, atualmente possui 12 módulos. Entre os principais módulos estão: ECD – Escrituração Contábil Digital: tem por finalidade a substituição da escritura-ção em papel pela escrituração digital dos livros: Diário; Razão; Balancetes; e auxiliares “se houver”; ECF – Es-crituração Contábil Fiscal, substituiu a DiPJ – Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica; nFC-e – Nota Fiscal de Consumidor Ele-trônica, é um documento de existência apenas digital, emitido e armazenado eletronicamente, com o intuito de documentar as operações comerciais de venda presencial ou venda para entrega em domicílio a consumidor final (pessoa física ou jurídica); nFS-e – Nota Fiscal de Serviços Eletrônica, é um documento de existência digital, gerado e armazenado eletronicamente em Ambiente Nacional pela Receita Federal do Brasil – RBF, pela prefeitura ou entidade conveniada, para docu-mentar as operações de prestação de serviços; E-financeira – possui um conjunto de arquivos digitais referen-tes a cadastro, abertura, fechamento e auxiliares, relativos as operações financeiras; eSocial – é a unificação das informações referentes à escrituração das obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas.

• DECRED – Declaração de Opera-ções com Cartão de Crédito: Declaração a ser entregue pelas instituições emisso-ras de cartão de crédito e às instituições responsáveis pela administração da rede de estabelecimentos credenciados e pela captura e transmissão das transa-ções dos cartões de crédito;

• DIMOB – Declaração de Informa-ções sobre Atividades Imobiliárias: De-claração a ser entregue pelas pessoas ju-rídicas e equiparadas que comercializa-rem imóveis que houverem construído, loteado ou incorporado para esse fim; que intermediarem aquisição, alienação ou aluguel de imóveis; que realizarem

sublocação de imóveis; constituídas para a construção, administração, loca-ção ou alienação do patrimônio próprio de seus condôminos ou sócios;

• e-Financeira – Obrigação acessória onde exige a apresentação de saldos de contas correntes, movimentações de resgate, rendimentos, poupanças, entre outras informações financeiras previs-tas na Instrução Normativa 1.571 de 2015;

• DEFIS – Declaração de Infor-mações Socioeconômicas e Fiscais: Declaração anual obrigatória a ser en-tregue pelas empresas enquadradas no Simples Nacional;

• DIRF – Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte: Declaração a ser entregue pelas Fontes Pagadoras, con-tendo os valores do Imposto de Renda Retido na Fonte, dos rendimentos pagos ou creditados para seus beneficiários;

• DITR – Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural: Declaração a ser entregue por todas as pessoas físicas ou jurídicas que sejam proprietárias, titulares do domínio útil ou possuidora a qualquer título, inclu-sive a usufrutuária de imóvel rural;

• DOI – Declaração sobre Opera-ções Imobiliárias: Declaração a ser en-tregue pelos serventuários da justiça, responsáveis por Cartório de Notas, de Registro de Imóveis e de Títulos e Documentos, a fim de comunicar a Secretaria da Receita Federal do Brasil os documentos lavrados, anotados, matriculados, registrados e averbados em seus cartórios e que caracterizem aquisição ou alienação de imóveis, realizada por pessoa física ou jurídica, independentes de seu valor;

• Guia de Recolhimento do FGTS e informações à Previdência Social: De-claração a ser entregue informando os dados da empresa e dos trabalhadores, os fatos geradores de contribuições previdenciárias e valores devidos ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, bem como as remunerações dos trabalhadores e valor a ser recolhido ao FGTS;

• DMED - Declaração de Serviços Médicos e de Saúde: Declaração a ser entregue pelas pessoas jurídicas ou físi-cas equiparadas à jurídica, prestadoras

de serviços de saúde e operadoras de planos privados de assistência à saúde, tais como: psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólo-gos, dentistas, hospitais, laboratórios, serviços radiológicos, serviços de pró-teses ortopédicas e dentárias, e clínicas médicas de qualquer especialidade, bem como os prestados por estabelecimento geriátrico classificado como hospital pelo Ministério da Saúde e por enti-dades de ensino destinadas à instrução de deficiente físico ou mental, são con-siderados serviços de saúde para fins de declaração do Imposto de Renda Pessoa Física.

Ao processar todas as declarações, se o sistema apontar alguma divergên-cia entre o que foi declarado pelo con-tribuinte e as informações disponíveis na base de dados da Receita Federal do Brasil, a declaração é retida em malha para análise e conferência.

Também fica retida a declaração que apresentar valores elevados de deduções ou abatimentos, o que não significa que esteja incorreta, e sim, que a Receita Federal do Brasil pretende analisar e conferir mais detalhadamente a declaração. Portanto, é importante que você mantenha em ordem a de-claração e todos os documentos, pelo período de 5 (cinco) anos.

Veja um exemplo sobre os convênios existentes entre a Receita Federal do Brasil com os Estados e Municípios para identificação de dados não declarados:

• Caso o contribuinte deixe de declarar um veículo, informando ao DE-TRAN somente o número do Cadastro de Pessoa Física (CPF), basta questionar quais veículos estão vinculados ao CPF. Com base na resposta, verifica-se se o contribuinte declarou algum bem com o código 21 (veículo automotor). Desejando saber o valor do bem, basta verificar a base de apuração do IPVA.

É importanteque você mantenha em ordem a declaração e todos os documentos, pelo período de5 (cinco) anos

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• Quando se tratar de imóvel, ocorre o mesmo, pois a Prefeitura do Município de São Paulo detém os dados cadastrais do Imposto Predial e Territo-rial Urbano (IPTU), vinculando o CPF de cada proprietário.

Créditos e prêmios da nota Fiscal Paulista

Os consumidores que receberam créditos ou prêmios da Nota Fiscal Paulista devem informar os ganhos à Receita Federal do Brasil. Os créditos, pagos em dinheiro ou usados para abater o IPVA, são isentos. Já os prêmios têm o desconto do Imposto de Renda antes do pagamento.

É importante que os créditos rece-bidos sejam informados na declaração do Imposto de Renda, mesmo para pequenos valores. Caso isso não ocorra, o risco é que o contribuinte preste conta à Receita Federal do Brasil, sobre a ori-gem do patrimônio, ou seja: malha fina.

Para não correr este risco, é impor-tante imprimir o informe de rendimen-tos disponível no site da Secretaria da Fazenda: www.fazenda.sp.gov.br, uti-lizando login e senha. Caso não possua cadastro, faça-o e tenha a certeza de que não foi vinculado nenhum crédito ao seu CPF.

Evite ser fiscalizado ou cobrado indevidamente

Com todo este cruzamento de infor-mações, ainda é possível se antecipar ao procedimento de fiscalização, acom-panhando a análise da declaração junto ao site da Secretaria da Receita Federal do Brasil, no tópico: Serviços/Extrato – Processamento Declarações/DiRPF.

Para uma análise mais detalhada, é necessária a obtenção do Certificado Digital, onde os serviços protegidos por sigilo fiscal ficam disponíveis. O contri-buinte poderá, entre outras coisas, obter cópia de declarações e pagamentos, rea-

Societária e Direito [email protected]

Diretor Executivo da Meira Fernandes. Contador, Bacharel em Direito e Especialista em Legislação

huSSEinE FERnAnDES

IRPF

lizar retificação de pagamentos, negociar parcelamento, pesquisar sua situação fiscal, verificar as fontes pagadoras, além de alterar seus dados cadastrais.

Por fim, enfatizamos que antes de realizar a sua declaração de imposto de renda, procure sempre o apoio de um especialista. Por mais bem-intencionado que você seja, as especificidades técnicas podem ser uma verdadeira armadilha em alguns casos. O que pode impactar no re-sultado e na resposta da Receita Federal do Brasil referente ao que foi declarado. Por isso, muita atenção! •

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A Prefeitura do Município de São Paulo detém os dados cadastrais do imposto Predial e Territorial urbano (iPTu)

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Reflexão

n o dia da Escola, comemo-rado 15 de março, sabemos o quanto a Instituição merece

ser reverenciada. Agora, no século 21, considerando-o como um recomeço, podemos dizer que a Escola atravessou a faixa de maioridade, no momento em que ingressamos em 2019. As transfor-mações na Escola foram aguardadas e merecem ser comemoradas, apesar de restarem dúvidas. Como podemos atuar por uma Escola ativa e transformadora? Qual a relação entre ambiente escolar e estruturação do pensamento? Para buscar essas respostas, precisamos compreender um pouco o surgimento dela e seu desenrolar para o papel es-sencial que desempenha nos dias de hoje, quando sua função representa a esperança de mudanças na criação de um Futuro Verde, sonhado por uma sociedade que reconhece a Educação como base de sucesso.

Por incrível que pareça, a palavra “escola” vem do grego scholé, que significa “lugar do ócio”, porque as pessoas iam à escola em seu tempo livre, para refletir. Vários centros de ensino surgiram na Grécia, por meio de diferentes filósofos. Esse termo era utilizado para nomear os estabeleci-mentos de ensino de tradição greco-romana que não valorizava o trabalho manual. Formar o homem das classes dirigentes era o ideal da educação grega. Com a conquista grega é que vem toda uma revolução na tradição do ensino, passando a ser vista de uma maneira mais racional.

A educação nas comunidades primi-tivas era um ensino informal e visava um ensino das coisas práticas da vida coletiva, focada na sobrevivência e per-petuação de padrões culturais, ou seja, não havia uma educação confiada a uma instituição específica. Na Idade Média, o conhecimento ficou praticamente nos mosteiros. É aí que a educação se ambi-enta na escola e os religiosos se encarre-gam da transmissão do saber. Era ainda uma educação elitizada. Os nobres só se preocupavam em aumentar suas riquezas, e até desprezavam a cultura e a instrução. Quando a burguesia viu na educação uma poderosa arma de con-

ESCOLA DE UMFUTURO VERDE

trole para disciplinar os trabalhadores, a Escola surge com funções ideológicas: inculcar na grande massa os valores e normas da classe dominante.

Os jesuítas criaram as primeiras escolas com o objetivo de formar sacer-dotes e catequizar o índio, dedicando-se também à educação da elite nacional. A Companhia de Jesus foi uma instituição criada essencialmente para fortalecer e defender a Igreja. Com o desenvolvi-mento do comércio surge a necessidade de aprender a ler, escrever e contar. Portanto, o aparecimento da institu-ição escolar está diretamente ligado ao aparecimento e desenvolvimento do capitalismo, no período da Revolução Industrial (1750).

As escolas, com disciplinas básicas que temos hoje, como matemática, ciências, história e geografia, só surgi-ram entre os séculos 19 e 20. A Escola deve ser uma instituição neutra que trata a todos de forma igual. No Brasil, para uma melhor compreensão da atua-ção da escola, é fundamental falar das tendências pedagógicas e destaque-se que nenhuma teoria ou método peda-gógico é neutro, pois está enraizado no momento histórico, econômico e político na qual é formulado.

A educação só passou realmente a ser debatida no início do século 20 a partir das discussões surgidas com os intelectuais brasileiros que passaram a analisar a educação mais profunda-mente. Tal análise começou como o movimento da Escola Nova na década de 1920, que surgiu como uma crítica à educação tradicional, buscando acima de tudo a universalização do ensino no país. Preconizava uma Escola, onde o aluno passasse a ser ouvido e com um papel de formação humana. Surge o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), documento assinado e liderado por Fernando de Azevedo e com apoio de Aluízio de Azevedo, Anísio Teixeira, Cecília Meireles e várias outras personalidades que buscavam um sistema escolar adequado ao país, cientificando a educação. Nos anos 60, surgem movimentos contra a Escola, entendendo-a como reprodutora das desigualdades da sociedade.

Dermeval Saviani, um dos grandes teóricos da educação, classifica as teo-rias educacionais em teorias críticas e não críticas. As teorias não críticas entendem a educação como uma fer-ramenta de superação da desigualdade social, como na pedagogia tradicional, com o professor como centro do pro-cesso de ensino e onde ao aluno cabe aprender o que lhe é transmitido, sem questionar. Do outro lado, a pedagogia

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violência simbólica, que se observa na ação pedagógica institucionalizada. Nesse sentido há ainda a teoria da es-cola enquanto aparelho ideológico de Estado, que Althusser bem distinguiu em Aparelhos Repressivos de Estado: a igreja, a família, os sindicatos, as es-colas, etc. Esses aparelhos espalham a ideologia dominante de forma massiva, já que a escola serve como instrumento de inculcação do pensamento da classe dominante, reproduzindo as relações de exploração do sistema capitalista. Através dessas teorias conclui-se que as teorias não críticas não conseguem bons resultados, por distanciarem a educação da realidade do aluno, expli-cando o fracasso escolar.

Comenius (Jean Amos Komenisky – 1592 – 1670), considerado o pai da didática, vê a escola como o espaço fun-damental da educação do homem, es-truturando seu pensamento na máxima: Ensinar tudo a todos. A Educação em um ambiente adequado, com diálogo e através da experiência é que forma cidadãos capazes e atuantes no mundo na construção do saber.

Maria Montessori, representante da Pedagogia Nova, no ensino de crianças, conclui que o espaço ideal para a Escola é uma casa com um jardim cultivado pelas crianças, com liberdade onde se desenvolvem sem a ajuda dos adultos com uma manifestação psíquica natural e um aprendizado saudável.

Para Paulo Freire, grande expoente da educação brasileira, a Escola é o espaço onde se dá o diálogo entre os homens, mediatizados pelo mundo ao

nova sugere o “aprender a aprender”. O escolanovismo propõe uma ampla modificação na aparência das escolas, com salas de aula de aspecto mais agradável e mais alegre. Surge, então, a pedagogia tecnicista, que enfatiza o “aprender a fazer” e tem como ob-jetivo tornar o processo de ensino mais operacional, formando homens competentes e produtivos. Assim, es-sas teorias representam um processo

de reorganização do aparelho escolar que passou por um intenso processo de burocratização, que compara a edu-cação com o sistema fabril, enquanto as teorias crítico-reprodutivistas são compreendidas a partir da influência da sociedade a qual servem.

Há, portanto, uma estreita relação entre educação e sociedade. Entre essas teorias Dermeval Saviani cita a teoria do sistema de ensino enquanto

O escolanovismo propõe

uma ampla modificação na aparência das

escolas, com salas de aula de aspecto mais agradável e

mais alegre

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redor, surgindo daí a necessidade de transformação do mundo. Freire con-sidera a escola como um espaço político para a organização popular.

No século 21, a escola enfrenta um dilema. Com o grande avanço tec-nológico, com um papel marcante na educação, surge o desafio: seguir uma formação intelectual tecnicista ou uma formação profissional que respeite o indivíduo, com seu jeito de ser e fazer? O modelo da Escola tradicional sofreu inúmeras críticas nos últimos tempos e mudanças positivas podem ser con-sideradas como o reconhecimento da importância de valorizar as carac-terísticas infantis que não podem ser oprimidas pela obediência que tolhe a criatividade e o desejo de aprender. Mas a Escola precisa, ainda, mudar para que os resultados educacionais brasileiros possam subir no ranking mundial, já que as nossas crianças apresentam déficit em todos os campos da aprendizagem. Como enfrentar tais desafios para que o futuro leve o verde de nossa bandeira com orgulho junto aos países mais de-senvolvidos?

Com os conhecimentos em Neu-rociências que se ligam à educação, compreendendo cientificamente como ocorre a aprendizagem, aliados aos conhecimentos sociais e culturais que precisam ser reconhecidos para ocu-parmos um Futuro Verde que nos torna

únicos em identidade. Práticas compe-tentes e ajustadas ao mundo emocional precisam de espaço na Escola do Futuro Verde. Professores precisam ser es-timulados e reconhecidos para compor com as crianças, a construção da Escola de um Futuro Verde, onde há espaço para todos, para as particularidades individuais e especiais, respeitando-se as diferenças e a realidade de que to-das as pessoas têm direito à educação de qualidade e o dever de contribuir com competência, a partir de seu jeito de ser. A atuação prática precisa en-volver essa disposição, para alcançar, pela ação, a realização satisfatória da aprendizagem. A Escola deve fornecer amplas configurações possíveis para o brincar, para a exploração e experiên-cia democrática, fazendo sentido dentro de sua historicidade. É hora de entrar para nossa história a Escola do Futuro Verde.

Atividades:1) Valorização da Escola e de seu

significado (S)Reflexão com as crianças, pais e

professores sobre o significado da Escola e buscar com eles os valores, as expectativas, o significado que tem para a comunidade e para cada um, de forma a sintetizar esses atributos na Escola do Futuro Verde, que deve corresponder ao Significado que todos buscam.

2) Inovação (I) e criatividade – o poder da liberdade de expressão.

Deixar que as crianças desenhem, criem dramatizações sobre sua forma de pensar a Escola do Futuro Verde e depois sintetizar com elas os sentidos de suas criações.

3) Humanização (H) nas relações interpessoais com respeito e espaço para a diversidade.

Estabelecer um momento de con-fraternização em que todos possam se expressar, se dar as mãos, dizer alguma coisa boa para o colega, para os pais e professores.

4) Sustentabilidade (S) – valorização do meio ambiente.

Explicar a importância de cuidar do ambiente como cuidar de nós mesmos e da sociedade. Ela é o resultado de nos-sos comportamentos e assim estaremos construindo a Escola do Futuro Verde. Buscar sugestões práticas e estabelecer como cada um poderá contribuir com as próprias ideias de sustentabilidade. •

Mestre em Psicologia Escolar Educacional. Autora/organizadora de livros da WAK, do Sistema SHIS de Gestão de Pessoas.gestaofuturoverde.com.br

LuizA ELEnA L. RiBEiRO DO VALLE

Reflexão

O modelo da Escola tradicional sofreu inúmeras críticas nos últimos tempos

e mudanças positivas podem ser consideradas

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Revista Escola Particular – Março – 201928 Revista Escola Particular – Março – 201928

n ão é de hoje que a rotina do gestor parece um acúmu-lo sem fim de tarefas, mas

sempre há espaço para receber mais desafios. A Base Nacional Comum Cur-ricular e as mudanças tecnológicas são algumas das questões recentes com as quais mantenedores, diretores e coordenadores precisam lidar. Mas como se reconhece um bom gestor escolar? Pela aprendizagem dos alunos da sua instituição, diz Marcus Garcia, pedagogo, escritor e palestrante da Bett Brasil Educar. “O que importa é a gestão-efetividade. Se o aluno não conseguir aprender, o trabalho do ges-tor não está adiantando”, diz.

A figura do gestor é central não apenas dentro da sua instituição de ensino, mas também como promotor da melhora da educação do Brasil de forma geral. “Podemos contar com a melhor equipe de professores, mas sem uma gestão alinhada, não vamos conseguir transformar a escola. Além do processo

Em busca de uma gestão efetivade por a escola para funcionar, ele pre-cisa cumprir papéis de articulação com atores da escola. Sem isso, a Base ou qualquer outra política pública vai ficar na gaveta”, sentencia Garcia. Portanto, as oportunidades de formação desse profissional têm de se valorizadas.

Uma abordagem contemporânea da gestão desloca esse profissional das funções fiscalizatórias e o põe como um articulador dos professores, funcionári-os e demais membros da comunidade escolar. “É imprescindível que a forma com que o gestor percebe sua atuação evolua. Tem que reprogramar o mind-set, re-significar seu trabalho, para com-preender o processo do engajamento comunitário”, explica o palestrante. Isso implica em sair do gabinete e ir para as salas e corredores da escola. “Ele precisa viver o processo escolar em vez de ficar trancado assinando papel. Se não estiver nas aulas, como vai fazer os planos de aula e dos diferentes profes-sores se articularem?”, questiona.

Claro que alguma burocracia ainda será necessária para quem sentar nessa cadeira. Para lidar com ela, sem esquecer o mais importante - que é a aprendiza-gem dos estudantes - a palavra de ordem é delegar. “O diretor tem que fazer o secretário secretariar, o fiscal de pátio fis-calizar, etc. Se ele traz tudo para si, se as-soberba e se atola no mar de burocracia”, afirma Marcus. Com algumas mudanças de atitudes, que podem ser postas em prática com ajuda de técnicas simples, o gestor pode aprimorar a qualidade do seu trabalho sem peso extra. “Para dar conta de tudo, ele tem que priorizar, gerir o próprio tempo, saber fazer reuniões produtivas”, cita Garcia.

A busca pela melhoria do trabalho deve ser constante, mas o primeiro passo, segundo Garcia, é reconhecer a própria ignorância. “Ignorância é a au-sência de um certo saber. Para isso tem remédio: reconhecer que se é ignorante e estudar”, diz o palestrante da Bett Brasil Educar.

Bett Educar

Redação Bett Educar

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gestão ágilA busca por inovação dentro da escola

vem sendo incentivada e estimulada, mas quando as práticas começam a tomar forma, algumas surpresas costumam bater às portas dos gestores. “Às vezes um professor inova, traz certas práticas diferentes, mas depois não sabe como avaliar”, cita Márcia Padilha, fundadora do Programa Criamundi e palestrante da Bett Brasil Educar. Para que as inovações sejam bem sucedidas, é preciso mudar a própria forma de gerir a escola.

Márcia defende que as escolas têm muito a ganhar ao adotar a chamada cultura ágil, uma série de metodologias comuns na gestão de empresas de TI. “O desenvolvimento de softwares tem muitas similaridades com a educação. É um trabalho complexo, que envolve inúmeras variáveis, há processos sobre os quais os gestores não tem muito con-trole. A cada tarefa nunca sabe exata-mente quanto tempo e esforço vão ser necessários até começar a ser feito”, diz ela, que durante um workshop da Bett Educar vai propor uma transposição da cultura ágil do mundo da TI para a gestão educacional.

Márcia explica que, quando se faz uma mudança na escola, há sempre desdobramentos inesperados. “É in-genuidade achar que se terá controle total. Por exemplo: um professor começa a adotar metodologias ativas em sala e surge a demanda por mais materiais de estudo. Não dá para pre-ver tudo, mas é preciso estar preparado e saber trabalhar com o desconhe-cido”, afirma. O importante, defende ela, é não deixar de fazer por não saber exatamente o que vai acontecer na sequência. “A inovação é instável, mas não precisa ser caótica.”

nova gestão para nova BaseSe as novas tecnologias e as mu-

danças sociais que elas acarretam são questões que afetam os colégios de todo o globo, no Brasil há ao menos um desafio extra no momento: a neces-sidade de implementar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “A Base inverte o modus operandi tradicional: agora o que importa é o ser humano que está na minha frente, e não mais o con-teúdo pelo conteúdo. São as habilidades que esse ser humano pode desenvolver que importam”, diz a consultora educa-cional Célia Godoy é palestrante da Bett Brasil Educar.

As mudanças dizem respeito ao trabalho do professor dentro de sala e também à equipe gestora, porque se essa “quebra de paradigma” de-safia cada professor, é imprescindível uma boa equipe gestora para guiar a transição de forma articulada. “Os conteúdos são um meio para essa construção de competências do aluno. Primeiro eu defino que competências meu aluno deve desenvolver e busco os conteúdos só depois”, explica Célia. Apesar de a Base ser uma especifici-dade atual do País, Célia defende que seu conteúdo está inserido em um movimento comum ao mundo inteiro. “O caminho para todos é desenvolver as competências. De que adianta ler se não sabe analisar e interpretar?”, questiona.

Durante a Bett Brasil Educar deste ano, a consultora montou uma oficina especialmente voltada para os gestores que desejam promover uma boa imple-mentação da Base. “Meu objetivo é

fazer com que gestores entendam o papel da escola frente à BNCC, tendo como referência um mundo melhor. Temos que olhar para esta mudança como uma oportunidade para fazer o bem, para fazer um Brasil melhor, um mundo melhor”, diz. •

WORkShOPS O Congresso Bett Brasil Edu-

car 2019 está oferecendo uma série de workshops para professo-res e gestores, com conteúdo de viés prático e aplicabilidade “no chão da escola”. “No ano passado senti o público muito interessado em levar transformações para a escola. As pessoas me pediram materiais, houve uma troca muito grande”, conta Márcia Padilha sobre a oficina que comandou no congresso de 2018. Este ano, mais uma vez, ela estará a frente de uma das oficinas.

“É enriquecedor porque é uma atividade hands on, mas há tam-bém a discussão sobre a prática. Costuma ser um momento muito alegre, em que o gestor se abre, fala dos seus medos e dificul-dades”, diz Marcus Garcia. “Com um trabalho mais intimista de uma oficina, fica mais fácil promover a renovação nas escolas”, explica Célia Godoy. Tanto Célia quanto Garcia vão comandar oficinas nesta edição do Congresso.

Para permitir a interação en-tre os participantes, todos os workshops da Bett Brasil Educar têm vagas limitadas. Portanto, é preciso garantir a inscrição neles o quanto antes.

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Brincadeiras

O dia 21 de março é o Dia Mun-dial da Infância, criado para oportunizar uma conscien-

tização coletiva sobre as condições econômicas, sociais e educacionais que as crianças do mundo inteiro estão vivendo: elas precisam ser protegidas contra a agressão, discriminação, explo-ração e descuido. São direitos básicos assegurados na infância: alimentação, educação, saúde, lazer, liberdade, am-biente familiar e de sociedade.

Quando pensamos em infância, re-cordamos as brincadeiras de crianças, tanto as lúdicas quanto as educativas, que têm um importante impacto para o desenvolvimento saudável e para a vida psíquica das crianças, desenvol-vendo habilidades cognitivas, físicas, sócio-afetivas e morais, além de auxiliar

a estruturar suas vidas emocionais. Possibilitando o desenvolvimento de muitas habilidades, como: capacidade de expressão verbal e não verbal, lingua-gem, raciocínio, pensamento abstrato, representação espacial, curiosidade, criticidade, objetividade, reflexão, flexibi-lidade, atenção, concentração, memória, imitação, criatividade, imaginação, rela-cionamento intrapessoal e interpessoal, autonomia, cooperação, autoconfiança, autoestima, iniciativa e sentimentos de competência; e muito mais.

Dessa maneira, será sugerida diver-sas atividades lúdicas, brincadeiras de criança; com a intenção de oportunizar a expressão e representação dos sen-timentos e ideias, para que a criança perceba que pode intervir na realidade e transformá-la.

Dia Mundial da infância“Como é bom ser criança”

quandopensamos

em infância, recordamos as brincadeiras de crianças, tanto

as lúdicasquanto aseducativas

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1- Oficina de Desenho e pintura a dedo - Atividade simples que envolve cores e mãozinhas sujas de tinta, e muito estímulo a criatividade.Procedimentos: • O professor deve distribuir tubos de guache e folhas em branco para cada aluno e, então, propor um desenho a respeito “Como é bom ser criança”. • Aos poucos, é possível orientar a criação de imagens específicas, o preenchi-mento de determinadas áreas do desenho e, no caso de crianças maiores, a composição de frases com letras.• Ao término das pinturas, fazer um varal para a exposição dos desenhos. (De preferência nos corredores e pátio da escola)

3- Jogando o Dado - Essa brincadeira exige atenção e movimentação. Essa brincadeira ajuda a associar determinados termos às ações que eles representam.Procedimentos:• O educador deverá confeccio-nar um dado e, em cada face do brinquedo, escrever uma ação a ser realizada pelas crianças. As palavras podem incluir: pular, rodar, sentar, acenar, deitar, cantar e abraçar.• O professor irá organizar os alu-nos em círculo, escolherá alunos aleatoriamente para jogar o dado, de acordo com a ação apresentada pelo dado os alunos irão realizar.• Devem falar a palavra apresen-tada enquanto executam a ação. • O professor deverá criar um cenário adequado, com músicas e um lugar bem arejado, como o pátio da escola.

4- Caminho colorido, em busca do tesouro - Essa brincadeira exige atenção, imaginação e movimento.Procedimentos:• O professor deverá procurar um espaço na escola que possa fazer uma trilha, com várias dicas para que o aluno chegue ao tesouro, que será algo escondido pelo professor.• O professor poderá esconder uma caixa com fotos dos alunos ou bombons ou poesias, palavras educativas, mensagens ou imagens sobre amizade, como preferir!• O professor irá criar uma trilha com papel colorido, fazendo diversas trilhas falsas e uma verdadeira, com dicas, como: pedindo para ir a frente, ou para o lado, ou subir ou descer, será de acordo com o espaço obtido.• Agora, a parte que exige maior cuidado, mas que também vai ser uma grande diversão: pinte os pezinhos das crianças em tinta e faça com que elas caminhem por cima das folhas. • De preferência cores diversas para pintar os pezinhos das crianças.• Quando o aluno ou vários alunos encontrarem o tesouro, o professor irá pedir para ele ou eles distribuírem o tesouro encontrado. (Fotos, versos, imagens, palavrinhas educativas etc.).• O término da brincadeira será bem divertido. Os alunos irão ver seus pezinhos registrados na trilha e irão compartilhar o grande tesouro... a amizade.

5- Pintando meu amigo - Eu sou eu, e você é você! – Essa atividade irá oportunizar o estímulo da criatividade, imaginação e autoestima.Procedimentos:• Pedir para que cada criança deite em cima de pedaços grandes de papel kraft colorido. • Pedir aos alunos que desenhe a silhueta de cada uma delas e entregue de volta. Ou seja, cada coleguinha irá desenhar o corpinho do outro no papel.• Daí, então, cada aluno irá desenhar sua imagem, completar com olhos, boca, nariz, roupas e o que mais elas acharem importante.• O professor poderá disponibilizar diversos materiais recicláveis para esta atividade, como: botões, fitas, lã, tecidos, palitos, tampinhas, tintas, giz de cera, papel diverso e com texturas diversas, etc.• Após o término da elaboração de suas obras de artes, os alunos irão expor seus desenhos na sala de aula ou no pátio da es-cola, em varal ou cavaletes. O professor irá colocar uma etiqueta com o nome de cada aluno no seu desenho, para a exposição.

2- Criando e Brincando com massa de modelar - A tradicional massinha é um excelente material para criar esculturas diversas. A ação de manipular o produto contribui para o desenvolvimento da coordenação motora e ainda exercita a musculatura das mãos.Procedimentos:• Providenciar massinha de modelar em diferentes cores.• Colocar os alunos em círculo, para que possam trocar as massinhas entre eles.• Estimular a criação de esculturas livres, desde animais a objetos do interesse da criança. • Ou poderá ser direcionado – o professor poderá escolher a contação de uma história infantil, como O Patinho Feio, e pedir para que os alunos modelem personagens e elementos que chamaram a sua atenção na história contada.• No fim da atividade, o professor pode expor as esculturas e pedir que os alunos descrevam o que fizeram.

ATiViDADESPROPOSTAS:

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Brincadeiras

7- Caixa Sensorial - A caixa das sensações visa trabalhar os sentidos por meio das sensações que os objetos ali dentro colocados despertam nas crianças.

Procedimentos:• O professor irá confeccionar uma caixa de papelão (pode ser de tênis)

decorada por ele ou pedir para que os alunos façam. • A caixa deverá ter um furo em cima na forma de círculo, onde as crianças

colocarão a mão e outra abertura onde o professor colocará os objetos um por um, a fim de que as crianças, com a mão possam identificar o material.

• O professor irá selecionar diversos objetos, como: tampinhas, lixas, pedaços de pano ou algodão, botões, tecidos diversos, objetos com diversas texturas, dentre outros.

• Os alunos irão tocar um objeto por vez, e dizer para toda a classe qual é a sensação do mesmo, características para que a classe tente adivinhar qual é o objeto que está tocando.

Professora e Pesquisadora Universidade Estácio de Sá, Unidade Campos dos Goytacazes. Professora da

SiMOnE ViAnA

rede Particular (Externato Campista) e Rede Estadual do Rio de Janeiro.

6- Histórias que ouvi falar... para inventar é só começar! - Essa brincadeira estimula a imaginação, articulação de ideias e muita criatividade.

Procedimentos:• O professor irá organizar um baú ou uma caixa com variados objetos.• Peça que os alunos comecem contando uma história.• Peça a um aluno para iniciar, escolhendo um objeto ou pegando-o aleato-

riamente; Articulando à história inicial, um aluno de cada vez. Os alunos irão dar continuidade a história contada pelos colegas, usando a imaginação!

• A cada objeto retirado por um aluno de dentro do baú ou da caixa, esse mesmo aluno acrescenta algo na estória de acordo com o objeto retirado. E assim por diante, até chegar ao último aluno que irá finalizar a história.

• O importante é a articulação das ideias na construção da história.

8- Música é vida! - O objetivo desta atividade lúdica é estimular a criança a aprender a ouvir e prestar atenção aos sons.

Procedimentos:• Aparelho de Som e CDs com

músicas de ritmos variados.• A atividade pode ser com

músicas e ritmos variados e fica a critério do professor.

• Ele deverá estimular as cri-anças a ouvir os sons presentes na música, como por exemplo, os sons dos instrumentos, dos animais, dos elementos da natureza.

• O professor poderá também estimular a dança corporal – de acordo com os ritmos elaborar movi-mentos diversos para que os alunos possam sentir a música de outra forma, expressão corporal. •

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Marketing

A questão do relacionamento com públicos estratégicos (stakeholders) é uma preocu-

pação recorrente nas escolas e institui-ções de ensino.

Dentre a diversidade de públicos com os quais é possível interagir, chama atenção a falta de organização e de planejamento por parte de algumas escolas em relação aos pais de alunos.

São pais que desejam informar-se sobre as atividades da escola; escolas que nem sempre comunicam (bem) o que fazem ou que, em outro extremo, exageram na dose de informações, lo-

tando as caixas de e-mail e de Whatsapp dos pais e assim por diante.

Em meio a este turbilhão de infor-mações e processos equivocados, as ações de marketing acabam por perder as oportunidades e a eficiência em ver-dadeiramente comunicar e relacionar-se com um de seus principais públicos e, de quebra, fidelizar o alunado.

No caso do segmento educacional, há que se lembrar de uma complexi-dade de públicos (stakeholders). Ocorre que nem sempre as equipes dirigentes estão preparadas para avaliar esta questão. Afinal, o que informar? Como

informar? Como destacar-se em meio a estas questões? Quantas vezes por semana ou por mês eu devo contatar estes pais de alunos, por exemplo, e de que forma?

Quando atuei como gestora de Co-municação, Marketing e Relacionamento em mantenedoras de escolas e universi-dades tive a oportunidade de conversar com muitos diretores e orientá-los sobre pequenas ações que, no dia-a-dia, podem fazer uma enorme diferença – principal-mente em relação aos pais.

É importante dizer que, nem sem-pre, uma ação comunicacional se

Endomarketing estratégico e fidelização

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resume a um boletim ou newsletter, ou tampouco ao site ou à mídia social atualizada. Mais ainda, nem sempre é algo que precise ser produzido pela equipe de Marketing e Comunicação. Sim, permita-me repetir: seria de bom “tom” planejar e organizar o discurso com profissionais com expertise comu-nicacional, mas fato é que muito pode ser feito pelas lideranças.

Quer exemplos? As mensagens da Direção e a presença dela em momen-tos estratégicos são questões essen-ciais e, muitas vezes, insubstituíveis, pois carregam um discurso repleto de significados. Muitas vezes, uma carta com tom mais pessoal, um evento ou palestra estratégica ou uma simples reunião de pais bem organizada pode transmitir, com melhor segurança, algumas mensagens, do que a melhor das campanhas. O alinhamento entre todos é mais do que necessário.

Permita-me trazer à luz um pouco da experiência que obtive em uma escola confessional, no trabalho de-senvolvido com a diretora naquela época. Lembro-me que nossos encon-tros aconteciam religiosamente toda semana. Se eu não pudesse ir, enviava um representante em quem confiasse muito. A diretora contava o que estava fazendo, falava de suas dificuldades e o que poderíamos fazer – juntas – em termos de Comunicação, Marketing e Relacionamento. Esta reunião de alinhamento semanal tornou-se funda-mental para entendermos os processos – e o que surgiu dali foi um grande crescimento profissional para ambas. Pr imeiramente, descobrimos que este alinhamento entre o processo pedagógico e administrativo era fun-

damental e poderia haver um enorme “ganho” nesta questão. Pusemos a “mão na massa” e passamos a auxiliar nas correspondências da Direção aos pais de alunos, criar eventos, criar nova “roupagem” para as atividades existentes, colaborando com o que fosse possível, muito além de uma simples revisão de forma ou ortográ-fica. Também criamos novos processos, especialmente na Comunicação com as lideranças internas, de forma que estes coordenadores e gestores também as-sumiram importantes papéis junto aos seus subordinados, alunos e seus pais. O processo colegiado e a responsabili-dade devidamente distribuídos acabou por tornar-se fundamental e uma nova forma de “fazer e viver a escola”, uma vez que todos sabiam de “antemão” o que estava planejado e que o passo dado naquele momento fazia parte de algo maior logo à frente.

Pensando em sua realidade: Quantas vezes sua escola envia correspondên-cias sem a devida revisão de profis-sionais competentes? Quantas vezes a Direção envia correspondências sem alinhar-se com a equipe interna, incluin-do a de Comunicação? Quantas vezes as campanhas de colégios “vão para as ruas” sem que alguns gestores e profis-sionais “da casa” saibam previamente?

Na verdade, criava-se um novo processo de alinhamento de comuni-cação, cuja informação dependia muito da participação da liderança, abrindo uma “porta de transformação”, que se foi possível pela abertura de diálogo entre a direção pedagógica e a equipe comunicacional. Isto começa a se tor-nar mais frequente em outros espaços corporativos, embora ainda não seja

prática recorrente em muitas escolas. Entendo que a postura de interação e diálogo podem transformar as práticas comunicacionais e de relacionamento de sua escola.

O que se percebe é que uma série de lacunas são deixadas à margem, como oportunidades perdidas de relacionar-se com este importante público. Será que você, como dirigente de escola, estaria disposto a dar este passo?

Se por um lado existem avanços de uma comunicação cada vez mais célere, ainda mais se tratando do uso da tecnologia como facilitadora e mediadora neste processo, ainda existem lacunas e falta de processos que poderiam melhorar esta sinergia e transformá-la de fato em algo eficaz e eficiente. E tudo isto só faz sentido se houver uma comunicação integrada que, de fato, mobilize-se em várias frentes, na convergência da comuni-cação institucional, da comunicação interna (endomarketing), comunicação administrativa, comunicação mercado-lógica (campanhas), só para citar as mais utilizadas.

Por isso, na minha visão profis-sional, uma boa ação de Marketing, Co-municação e Relacionamento deve ter a capacidade de mobilizar e promover a interação entre a organização e seus stakeholders (públicos), por todos os meios possíveis. Em se tratando de uma lista extensa de públicos, é certo que alguns serão priorizados, conforme a estratégia da instituição naquele mo-mento. E, obviamente, isto pode variar ao longo do tempo.

Por sua vez, do lado de cá, muitos pais de alunos costumam perguntar por que as escolas lotam seus e-mails

O que se percebe é que uma série de lacunas são

deixadas à margem, como oportunidades

perdidas de relacionar-se com este importante

público

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com tanta informação indesejada e pe-dem para ajudar estas mesmas escolas. “Posso dar o contato da Direção e da Coordenação para você ajudá-los nesta questão?”, insistem. Isto demonstra claramente que a estratégia não está, de fato, acontecendo. A eles, gosto também de dizer que uma escola tem todas as oportunidades para criar ações que envolvam endomarketing e fidelização, porque seus principais stakeholders estão diariamente en-volvidos e bastante presentes nas instituições, mas que a intervenção não pode ser minha, mas deles mesmos, como pais diretamente impactados pelo processo. “Claro que será um pra-zer ajudar a todos, mas há que organizar-se e planejar-se!”, digo.

Não pretendo aqui esgotar o as-sunto ou tampouco ensinar o “Pa-dre Nosso ao vigário”, mas, muitas vezes, ações simples costumam ser terceirizadas aos departamentos de Comunicação e Marketing, por conta do “layout” e design da mensagem, diluindo o processo de diálogo direto que poderia haver com o público-alvo.

Um dos criadores da “Teoria dos Stakeholders”, R. Edward Freeman, afirma no livro “Strategic management: a stakeholder approach” que o propósi-to de um negócio é criar valor para os públicos de interesse (stakeholders) – e não apenas para os acionistas (share-holders). Ou seja, precisamos comuni-car a partir da expectativa destes pais. E isso muda tudo! Se o diretor de escola ou profissional de Marketing e Comu-nicação pensar como um pai de aluno, diretamente impactado pelo processo,

será que ele mudará seu discurso ou forma de atuação? O mesmo autor diz, ainda, que os stakeholders precisam ser gerenciados ou engajados – e isto deve acontecer de forma tática e estra-tégica. Isto quer dizer que, de alguma forma, eles podem ser partícipes deste processo de construção, que varia de escola para escola, de realidade para realidade. A fórmula de sucesso em um lugar não deve ser meramente transportada para outro.

Mesmo com os avanços digitais das organizações, quando o mundo virtual passa a ocupar boa parte da vida das pessoas e as relações tornaram-se liquefeitas – já diria o mestre Bauman – é possível lutar para criar novas cone-xões que valorizem a presença física em uma sociedade completamente informacional. Há que se descobrir novos caminhos de convergência que unam os esforços do mundo digital e presencial. Vale relembrar que esta revolução digital exigirá novas dinâmi-cas de relacionamento e na forma de comunicar. Afinal:

“O modo de produzir e de veicular as mensagens organizacionais também passa por profundas transformações. Essa nova dinâmica de processamento de informações e da comunicação na era digital altera completamente as formas de relacionamentos e o modo de pro-duzir a comunicação. Tudo isso provoca profundas transformações no ambiente organizacional e coloca em xeque a visão e a classificação tradicional de públicos” (Kunsch, 2014, p. 51).

Esta breve reflexão busca trazer à luz algumas ações simples e eficientes

para escolas que desejam buscar mu-dar este cenário. Como disse, não pre-tendo trazer “fórmulas”, mas mostrar a essência de questões inegociáveis, que podem impactar de forma estratégica as ações de sua escola. Estes elemen-tos foram extraídos de uma pesquisa que realizei recentemente e resultou em um artigo para um dos principais jornais acadêmicos em nossa área de expertise, Marketing Intelligence and Planning (Endo, de Farias e Coelho, 2019), que será publicado ainda neste 1o semestre de 2019:

1. As mensagens de valor de marca de sua escola precisam ser verdadeiras e estar presentes em todos os pontos de contato com seus públicos. Isto significa dizer que “as proposições de valor devem ser clareadas em todas as mensagens e ações, em todas as experiências e pontos de contato, para inspirar ‘verdade’” (Endo, de Far-ias e Coelho, 2019). Isto não depende somente dos departamentos de Co-municação e Marketing, mas essen-cialmente da liderança da organização, devidamente orientada, especialmente na relação com os pais de alunos!

2. É preciso pensar naquilo que torna sua escola [marca] única, quais valores devem ser divulgados e, por extensão, vivenciados. A mensagem de um estudioso chamado Temple (2006) ainda é bem verdadeira, mesmo passa-dos alguns anos: “Para [sua marca] ser única, você deve focar seus esforços de branding em construir uma palavra que tenha força na mente do consumidor”. Esta palavra deve refletir aquilo que é prática verdadeira e recorrente no

Marketing

gosto também de dizer que uma escola tem todas as oportunidades para criar ações que envolvam endomarketing e fidelização

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dia-a-dia da sua escola. Afinal, o que a torna única? Como gestor, você certa-mente possui muitas pistas, mas vale uma rodada com alguns stakeholders para trazer isto à tona. Uma conversa com docentes, funcionários e principal-mente pais de alunos pode ajudar a dar mais clareza a este processo, no sen-tido de extrair este diferencial único. Talvez a questão central aqui seja: Por que você optou por esta escola em vez de centenas de outras concorrentes? Se a resposta for simplesmente preço e localização, está na hora de acrescen-tar algo a mais ao seu posicionamento.

3. Pense em como pode ser possível criar maior identidade dos stakeholders com a sua marca e quais aspectos sua escola poderia melhorar? O que você poderia fazer para melhorar esta questão na sua instituição esco-lar? Sugiro fazer uma reflexão inicial: quando você se lembra de sua escola na infância, quais são os elementos que vêm à lembrança? Computadores, ipads e toda a tecnologia disponíveis são elementos importantes hoje em dia, mas não estavam presentes em sua infância, se você pertencer à mesma geração que eu, e com certeza suas lembranças são fantásticas! O ambi-ente escolar foi importante, a prática pedagógica foi essencial, mas a sua lembrança afetiva estará firmada na identidade que você teve com aqueles alunos, naquela época única. É bem possível que as memórias afetivas permeiem sua resposta, então, vale se perguntar quais aspectos para reforçar este sentido de unidade único permei-am esta relação entre escola e aluno.

4. É preciso resgatar o orgulho de pertencer da instituição escolar. A liderança pode ajudar a resgatar o orgulho, o significado e o sentido de estar ali, seja para alunos, funcionários, professores, antigos alunos. E isto será facilmente percebido pelos pais de alunos. Pessoas que se sentem bem na instituição aonde trabalham transmitem esta segurança e verdade em suas ações relacionais. Isto é bom serviço prestado e endomarketing puro – e certamente, um boca-a-boca positivo a quem passar por li. Sabe aquele orgulho de dizer que pertence àquele time ou determinada torcida? É isso! Quando você quer “estampar no peito” ou em um simples adesivo de carro a marca de sua instituição. O sentido que alguns ex-alunos (alumni) carregam por toda a vida, ao contar aonde estudaram na escola ou mesmo na universidade e, com isto, darem uma certa preferência a outros que tiveram a mesma experiência.

5. O conteúdo divulgado por sua marca precisa ter consonância entre o que diz e o que faz. Crie narrativas verdadeiras e bem construídas e, se possível, carregadas de emoção e afeto. “Estas experiências podem contribuir com proposições de valor em todos os pontos de contato, i.e., construir marca a partir das experiências dos stakeholders” (Endo, de Farias e Coelho, 2019) e criar lealdade, um dos itens mais desejados pelos dirigentes educacionais.

Estas são algumas reflexões iniciais que, acredito, podem fazer enorme diferença em sua forma de adminis-trar, enquanto dir igente e gestor

Fontes/autores citados:BAuMAn, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. Endo, A.C.B; de Farias, L.A. de; Coelho. P.S. Service branding from the perspective of higher education administrators. Journal Marketing Intelligence and Planning. Emerald Group. Londres, 2019.Endo, A.C.B. A gestão da comunicação integrada em instituições de ensino confessionais sem fins lucrativos. Revista de Educação do Cogeime, 2010. Freeman, R.E; Harrison, J. S.; Wicks, A. C. Strategic management: a stakeholder approach. Cambridge University Press, Londres, 2010.kunsch, M. Organizational Communication: contexts, paradigms and comprehensive conceptualization. Revista MATRIZes, 8(2), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.Temple. Paul. Branding higher education: illusion or reality?, Perspective, 2006.

educacional. Como executiva de Comunicação, Marketing e Relacionamento, possui mais de 15 anos de experiência. Atuou em universidades e escolas de referência, como a Rede Metodista de Educação, o Instituto Presbiteriano Mackenzie e a Fipecafi/FEA-USP.

Diretora da W4 Consultoria (w4consultoria.com) e doutoranda de Brand Love (Amor à Marca) no segmento

AnA CLAuDiA BRAun EnDO

educacional. Podemos estar na mesma escolas há anos e dizer simplesmente que “as coisas sempre foram assim e deram certo”. A quem estiver dis-posto a inovar em uma prática que seja de fato impactante, hoje é hora de começar. •

Pessoas que se sentem bem

na instituição aonde trabalham transmitem esta

segurança e verdade em suas ações relacionais

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Comportamento

É tempo de férias, mas logo retor-naremos às nossas atividades. Os pais chegam com muitas

dúvidas, na qual, a principal delas é o envolvimento deles no dia a dia.

Parece simples, mas não é! O pri-meiro ponto de reflexão está relacio-nado ao fato de que a qualidade da aprendizagem começa dentro de casa no momento em que os pais a estimu-lam e participam da vivência escolar. Com esse incentivo, facilita-se a alfabe-tização das crianças, elas permanecem por mais tempo na escola, obtêm as melhores notas, saem qualificadas para o mercado de trabalho, consequente-mente, alcançam os melhores salários ao atingirem a idade adulta.

Crianças na escola: facilite a adap-tação

Os pais devem atentar-se ao início da vida escolar das crianças. Nesta fase, mostre entusiasmo e segurança ao dei-xar o seu filho na escola, ressalte que ele encontrará outras crianças com as quais poderá brincar e aprender.

Explique com tranquilidade que ela passará o dia na escola e que irá buscá-la no fim do período. Controle a ansiedade e a estimule a compreender que apren-der é importante e é agradável.

Acompanhe cada etapa de perto. Reconheça e valorize cada conquista de autonomia de seu filho, nunca o reprima ou castigue em caso de dificuldades de aprendizagem, respeite o ritmo dele e motive-o a superar-se. Não o compare com irmãos ou amigos.

Seja parceiro da escolaEsteja presente e participe das

reuniões dos pais. Vá às atividades ex-traclasse, tais como: palestras, mostras culturais, dia da família, olimpíadas es-portivas, olimpíadas de conhecimento, entre outras. Valorize e respeite a es-cola, os professores e os funcionários.

Eduque dentro de casaCrie uma rotina também em casa.

Mantenha um horário regular para seu filho alimentar-se, tomar banho e ir para a cama. Possibilite a compreensão do seu universo, seja criativo com ela. Fale normalmente com seu filho, sem dimi-nutivos e infantilizações. Leia histórias, capriche na interpretação.

Benjamin Franklin já dizia algo profé-tico: diga-me e eu esquecerei, ensina-me e eu poderei lembrar, envolva-me e eu aprenderei. O desafio é envolver. Sua casa também ensina a ler e escrever. Isso acontece quando você a transforma em um ambiente alfabetizador, onde o material escrito tem espaço e função. Isso familiariza a criança com as letras e a estimula a valorizá-las.

Sementes de sabedoriaUma das melhores maneiras de co-

laborar com o trabalho escolar é dar-se conta de que a educação não é só aquilo que a escola oferece. A premissa básica de uma família que valoriza o estudo é dar os exemplos. Sempre que ler algo in-teressante em um livro ou em uma revista, compartilhe com seu filho e convide-o a ler junto. Comente com ele sobre o as-

sunto que você está lendo, fale sobre seu trabalho, pergunte a ele sobre seu dia na escola e como você pode ajudar nas lições.

Se você quer que seu filho seja gentil, responsável e carinhoso, seja o exemplo que você deseja ao seu filho.

Não negocie o inegociável. As crian-ças tendem a pedir tudo o que veem. Mesmo que você tenha poder aquisitivo, aprenda a dizer “não” e a limitar os mimos. Isso dará a seu filho a noção de que só a chuva cai do céu.

Seja firme e coerente. Não é sufici-ente dizer para a criança comportar-se. Isso é abstrato demais. Diga quais com-portamentos são esperados e quais são reprováveis.

Todas as atitudes mencionadas con-tribuem para a facilitação do processo de ensino/aprendizagem, mas também para uma vivência de tolerância, respeito e diálogo no ambiente escolar, pois, além da formação acadêmica qualificada, é papel da escola desenvolver valores na criança. Cabe aos pais e à escola formar o cidadão integral que possua conheci-mento técnico, criticidade, responsabi-lidade social e tenha um projeto de vida com experiências ricas. •

Como as escolas podem agregar os pais na rotina escolar dos filhos?

em Planejamento e Desenvolvimento Regional e MBA em Gestão de Instituições do terceiro setor.

Diretor Geral do Colégio Marista Arquidiocesano. Mestre em Ciências Ambientais, pós-graduado

CARLOS WALTER DORLASS

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A Educação 4.0 se constitui em referencial norteador para autoria e gestão de processos educacionais na contemporaneidade, além de se consti-tuir em um instrumento para a inovação continuada em educação. Para atender a estas finalidades o modelo conta com uma visão sistêmica apoiada por oito eixos inter-relacionados aos quatro pilares fundamentais do modelo apre-sentado, a saber:

1 – gestão estratégica e inovação em educação

Dedicado ao desenvolvimento de conhecimento tácito (competências e habilidades) e explícitos (mídia) para a gestão executiva, docente e discente.

2 – gerência e coordenação de pro-cessos pedagógicos

Abrange a construção e utilização de competências e habilidades, inclusive

introdução à Educação 4.0n o módulo anterior do curso foi apresentado o quarto eixo teórico-tecnológico que sustenta o modelo Educação 4.0. Este

novo módulo traz os eixos que promovem uma inovação sustentável na escola e destaca as metas gerais que podem ser definidas e alcançadas pelas instituições de ensino.Bom estudo!

Módulo VEixos que promovem a Educação 4.0

A Educação 4.0 compreende oito eixos, dinamicamente interligados, de modo a proporcionar condições de gestão, autoria e execução de processos educacionais

envolvendo todos os atores ligados a uma instituição de ensino.

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Figura 8 - Eixos estruturadores do modelo E4: Gestão estratégica da inovação em educação; Gerência e Coordenação de processos pedagógicos; Docência com inovação em educação; Autoria, mediação e auto-pesquisa em percursos formativos; Plataformas educacionais e metodologias ativas; Integração de mídias educacionais digitais e analógicas; Ciberarquitetura e Infraestrutura para a escola contemporânea.

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com produção de mídia, no âmbito da supervisão, coordenação e orientação pedagógica/andragógica.

3 – Docência com inovação em educação

Eixo dedicado à educação continu-ada e prática docente, na perspectiva de inovação de processos pedagógicos/andragógicos na escola.

4 – Autoria de percursos formativosRefere-se à interação professor-

aluno quanto a autoria conjunta de per-cursos formativos, fundamentados em bases curriculares e realizados a partir de modelos avançados de ensino-apren-dizagem, fazendo uso de metodologias ativas e intervenções sintetizadoras do conhecimento.

5 – Plataformas educacionais e metodologias ativas

Este eixo contempla instrumentos de gestão e intervenção digital e analógica que propiciam a prática efetiva de metodologias ativas, dedicadas à cons-trução de conhecimento por docentes e discentes e supervisão de processos por gestores.

6 – integração de mídias educacio-nais digitais e analógicas

Mídias para o conhecimento, dedi-cadas à educação, utilizadas de forma contextualizada e problematizadora permitindo, inclusive, retorno do índice de aprendizagem em tempo real, para os estudantes e professores, propiciando maior efetividade para uma educação personalizada.

7 - CiberarquiteturaIntegração das soluções de Mesoes-

trutura e Infraestrutura nas escolas, per-mitindo criar soluções ciberarquitetôni-cas dedicadas à educação, possibilitando a concepção e utilização de espaços configuráveis (Salas Inteligentes).

8 – infraestrutura para a escola con-temporânea

Volta-se para aspectos específicos da infraestrutura para propiciar condições de contorno necessárias e suficientes para a implementação de processos relacionados à Educação 4.0 como, por exemplo, bom nível de conectividade digital, ambientes configuráveis basea-dos na ciberarquitetura, disponibilidade de redes elétrica e de dados, etc.

A integração dos oito eixos de co-nexão para a concepção e execução dos processos da Educação 4.0 se constituem como aspecto fundamental para os modelos de inovação institu-cional, colocando novos desafios para os gestores da alta administração e da gerência educacional. É por esta e por outras razões que o conhecimento do modelo da Educação 4.0 não se restringe ao âmbito docente e sua utilização ob-jetiva permitir a autoria e a execução de políticas e práticas institucionais que estão substancialmente ligadas às com-petências, habilidades e conhecimento específico demonstrado pela alta e mé-dia gestão das instituições educacionais.

O que se espera da Educação 4.0, para as instituições educacionais e seus atores?

O modelo ‘Educação 4.0’, por suas características e as possibilidades que oferece, pode contribuir para levar uma instituição educacional a alcançar as seguintes metas:

1 – Inserção da instituição de ensino no contexto socioeducacional contem-porâneo, a partir de iniciativas inovadoras sustentadas pelo modelo da Educação 4.0, revelado pelo paradigma que situa a escola no mundo e o mundo na escola;

2 – Inserção da escola no contexto da educação contemporânea tornando-a apta a lidar com os novos desafios da gestão e da docência;

3 – Qualificação do nível de gerência (coordenação pedagógica/andragógica e supervisão escolar) de modo a que os profissionais responsáveis por este setor estejam aptos a traçar planejamento para ações de formação continuada na instituição, aprimorando o diálogo com gestores, docentes e discentes, além de estabelecer métricas (avaliações con-tinuadas) que contribuam para o apri-moramento dos processos pedagógicos e de atendimento social na escola;

4 – Qualificação de alto nível para que docentes passem a atuar sob uma perspectiva inovadora continuada, concebendo, executando e avaliando processos pedagógicos/andragógicos com maior nível de valor agregado e com capacidade para gerir cenários educacionais complexos, como os da atualidade;

5 – Desenvolvimento de competên-cias e habilidades na autoria e mediação de percursos formativos, relevantes para o desenvolvimento dos estudantes, no contexto das novas expectativas para a educação contemporânea e futura, considerando modelos de avaliação per-tinentes aos novos cenários da educação, incluindo pesquisa-aplicação;

6 – Integração entre docentes e discentes de modo a fazerem uso apro-priado de plataformas educacionais digitais, que suportem metodologias ativas, integrando mídias educacionais digitais/analógicas e outros recursos relevantes para os processos de ensino-aprendizagem na contemporaneidade. Suporte à gestão, proporcionando su-pervisão processual e seletiva (inclusive individual);

7 – Capacitação de gestores e coor-denadores para analisar a infraestrutura existente na instituição, sob o ponto de vista sistêmico, com vistas a otimi-zar recursos e preparar as equipes e os ambientes da escola de modo a atender às demandas contemporâneas da educação;

8 – Capacitação docente para utiliza-ção plena dos espaços ciberarquitetôni-cos de forma a valorizar tanto as ações individuais quanto em grupos, realizadas pelos estudantes no âmbito presencial, remoto ou híbrido;

9 – Apropriação e produção de conhecimento de base científica e tec-nológica para a educação, com acesso

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Curso

Especiais do Laboratório de Pesquisa em Educação Científica e Tecnológica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), onde realizou seu pós-doutorado com ênfase em Educação Digital. Tem doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento e Mestrado em Educação Científica e Tecnológica, ambos realizados na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Sua formação é em Pedagogia e Física, pela PUCSP. E-mail: [email protected]

Presidente do Instituto para a Formação Continuada em Educação (IFCE) e Gestor de Projetos

CASSiAnO zEFERinO DE CARVALhO nETOa publicações e artigos especializados,

na perspectiva da inovação institucional continuada.

10 – Elaboração de um cuidadoso Planejamento Estratégico de Gestão da Inovação, dedicado a traçar diretrizes de longo, médio e curto prazos tendo em vista o desenvolvimento institucional e a elevação do nível de qualidade dos serviços educacionais oferecidos à so-ciedade, fundamentado em princípios e práticas da Educação 4.0.

Referências:[1] CARVALhO nETO, C. Z. Educação Profissional Continuada. Incerteza, equívoco e sucesso em programas de formação de professores, especialistas e gestores. São Paulo: Laborciencia editora, 2016. 1ª ed.[2] VYgOTSkY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989. ________________. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2003.[3] CARVALhO nETO, C. Z. Dissertação de Mestrado: “Espaços ciberarquitetônicos e a integração de mídias por meio de técnicas derivadas de tecno-logias dedicadas à educação“. Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florianópolis, 2006. Disponível em: http://www.carvalhonetocz.com/publicacao-academica/. Acesso em 03.06.2017.[4] ThOMPSOn, J. B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Ed. Vozes, 2011. [5] LEOnTiEV, A. N. Actividad, conciencia y personalidad. Buenos Aires, Ed. Ciências del Hombre, 1978._________________. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa, Livros Horizonte, 1978.[6] CLAnCEY, W. J. Situated cognition: on human knowledge and computer representations. Cambridge University Press, 1997. 406p.[7] SiEMEnS, GEORGE (2004). Conectivismo: Uma teoria de Aprendizagem para a idade digital. Disponível em: http://wiki.papagallis.com.br/George_Siemens_e_o_conectivismo. Acesso em 03/06/2017.[8] CARVALhO nETO, C. Z. Tese de Doutoramento: “Educação Digital: paradigmas, tecnologias e complexmedia dedicada à gestão do conhecimento“. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florianópolis, 2011. Disponív-el em: http://www.carvalhonetocz.com/publicacao-academica/. Acesso em 18.06.2016._______. Estudos de Pós-Doutoramento: “Aprendizagem e Autoria em Ensino de Física: análise de um modelo de engenharia e gestão do conheci-mento, aplicado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). ” Disponível em: http://www.carvalhonetocz.com/publicacao-academica/. Acesso em 18.06.2016.[9] DEL BiAnCO, N. R. Aprendizagem por rádio. In: Educação a distância. O estado da arte. São Paulo: Pearson, 2008.[10] AuSuBEL, D.P.; NOVAK, J.D.; HANESIAN, J. Psicologia educacional. Rio de Janeiro, Interamericana, 1980.[11] POLAnYi, M. (1966). The tacit dimension. London: Routdedge & Kegan Paul.[12] LÉVY, P. A conexão planetária: o mercado, o ciberespaço, a consciência. São Paulo: ed. 34, 2001.[13] FRAgO, A. &; ESCOLANO, A. Currículo, Espaço E Subjetividade: A Arquitetura Como Programa. 2. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

Estas dez metas, a serem alcançadas por uma escola que se insira no contexto da Educação 4.0, situam-se no âmbito das grandes expectativas identificadas no horizonte de eventos da atualidade e de futuro, permitindo a criação e ma-nutenção de um plano estratégico que não só possa levar a instituição à fron-teira do estado-da-arte em educação, mas principalmente que possa permitir à mesma conceber, executar e ajustar um plano de inovação continuada, indis-

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Programa de inovaçãona Escola

Acompanhe e inscreva-se em eventos presenciais dedicados a mantenedores/gestores (Gestão da Inovação na Escola) e coorde-nadores/educadores (Docência com inovação em sala de aula), com ênfase em Educação 4.0. Consulte o catálogo de cursos do SIEEESP.

pensável para produzir um crescimento sustentável no médio e longo prazo, com atendimento de suas demandas internas e externas. •

Módulo Vi: continua no próximo número.

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Jurídico

O assunto de proteção de dados pessoais é um dos temas den-tro do direito à privacidade.

Que por sua vez é tratado dentro do rol de proteções dos Direitos Humanos. Por este motivo, podemos afirmar que des-de a Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 este assunto vem crescendo de importância na maioria dos países livres.

Ressalte-se que a maioria das Consti-tuições Federais Democráticas já havia trazido para a garantia de direito funda-mental a proteção da privacidade, mas, apesar disso, havia uma necessidade de trazer uma atualização que pudesse en-frentar a nova realidade tecnológica da sociedade e garantir maior defesa para os indivíduos que são os titulares das informações que as instituições públicas e privadas recebem em confiança e que passam a ter um dever de guarda e zelo, cujo uso deve ser com transparência, limitado e aplicação de melhores práti-cas de segurança.

Feita esta introdução, a Lei brasileira n. 13.709 que foi sancionada em 14 de agosto de 2018 é reflexo de um movi-mento regulatório que surgiu na União Europeia e resultou no Regulamento Geral de Proteção de Dados Europeu, também conhecido pela sigla GDPR.

Sendo assim, a nova lei brasileira, que ganhou a sigla de LGPD, tem o condão de unificar e atualizar a legislação nacional sobre o tema, bem como fazer com que esteja alinhada com as tendências inter-nacionais, especialmente a europeia. Isso faz com que o Brasil entre no rol dos países adequados para proteção e uso de dados pessoais. O que tem um impacto importante do ponto de vista econômico e de sustentabilidade, evitando situa-ções de restrições comerciais em nível internacional.

Entre os objetivos trazidos pela LGPD podemos citar a garantia e pro-teção de direitos fundamentais como a privacidade, intimidade, honra, direito de imagem e dignidade; promover a regulação e proteção de dados pessoais, garantir a segurança jurídica frente ao tem, uma vez que deixa as regras claras para as empresas e titulares de dados pessoais; promover e fomentar o desen-

A nova Lei de Proteção de Dados Pessoais Seus efeitos sobre as instituições de Ensino

LgPD

DADOS PESSOAiS

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volvimento econômico e tecnológico da sociedade; garantir a livre iniciativa, livre concorrência e a defesa do consumidor e atualizar as normas internas para tor-nar o Brasil adequado a proteger o uso de dados pessoais.

A LGPD será aplicada a qualquer ope-ração de tratamento feita por pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, independente do meio, do país de sua sede, ou do país onde es-tejam localizados os dados, desde que o tratamento de dados seja feito em território nacional; a atividade de tratamento tenha por objetivo a oferta ou fornecimento de bens e serviços ou o tratamento de dados de indivíduos localizados no território nacional; ou quando os dados são coletados em ter-ritório nacional.

Uma vez esclarecido o conceito e aplicação da Lei, podemos adentrar nas implicações legais para as Escolas. Pelo fato de haver uma lei nova com este nível de impacto social e econômico, já mereceria que ela tivesse um espaço de destaque em termos educacionais. Pois precisará de muita campanha educativa da população e dos empresários para compreender todos os seus efeitos e conseguir alcançar sua efetividade que exige uma grande mudança de cultura.

Mas especialmente no tocante às instituições de ensino, esta legislação precisará ser adotada com muita cau-tela, visto que passa a exigir um nível de governança e aplicação de controles para todos os que realizam tratamento de dados pessoais, com exigências ainda maiores para os que capturam

glomerado no Brasil no seu último exer-cício, excluídos os tributos, limitada, no total, a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) por infração;

III - multa diária, observado o limite total a que se refere o inciso II;

IV - publicização da infração após devidamente apurada e confirmada a sua ocorrência;

V - bloqueio dos dados pessoais a que se refere a infração até a sua regu-larização;

VI - eliminação dos dados pessoais a que se refere a infração;

Por onde começar para ficar em conformidade com a nova legislação?

Considerando que as escolas nor-malmente tratam dados pessoais e sensíveis de colaboradores (professores e demais funcionários), alunos, pais de alunos e até de visitantes, entre outras possibilidades, será necessário fazer um levantamento de quais dados pessoais são coletados (capturados), de que forma isso ocorre (por ficha cadastral em papel, via portal, via e-mail, por telefone), para quais finalidades são utilizados, qual deles possuem embasa-mento legal para sua coleta e quais deles precisarão de consentimento do titular ou que podem ser tratados dentro das exceções previstas pela Lei.

Além disso, será preciso verificar o nível de proteção aplicado a esses dados, no tocante aos controles ad-ministrativos e técnicos durante todo o seu ciclo de vida, em especial no que diz respeito ao controle de acesso e não apenas no ambiente da Instituição, mas alcançando também os terceirizados.

No tocante às exceções previstas para o tratamento dos dados pessoais, sem necessidade da coleta do consen-timento prévio e expresso, pode-se destacar as hipóteses do cumprimento de obrigação legal, portanto, para aten-der legislação pertinente, como por exemplo, trabalhista ou atendimento de regulamentos provenientes de órgãos específicos, como o MEC ou Secre-taria da Educação. Assim como para cumprimento de contrato, para fins de segurança, saúde, legítimo interesse, entre outras listadas no artigo 7º. Mas é importante que fique claro que o uso dentro desta finalidade é limitado, ou seja, o uso que não estiver diretamente ligado a estas hipóteses precisará do consentimento.

Um ponto interessante para comen-tar é a exceção trazida com a justifica-

dados sensíveis e dados de menores de idade, conforme previsto pelos artigos 5º. Incisos I e II e artigo 14.

Importante ressaltar que dados pes-soais são toda e qualquer informação relacionada a pessoa natural identi-ficada ou identificável, assim, dados relacionados a costumes, por exemplo, são dados pessoais. E os dados sensíveis seriam aqueles elencados na própria Lei, quais sejam: dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural.

Todo tratamento de dados deverá atender aos princípios elencados na Lei, que estão diretamente ligados à finali-dade, lealdade, licitude, transparência, minimização, exatidão, integridade, conformidade e responsabilidade. Por-tanto, importante que o tratamento de dados pessoais seja compatível com a finalidade informada e consentida pelo titular (nos casos em que seja necessário seu consentimento).

Considerando que a escola tem a missão educacional, mas não deixa de ser uma empresa, e sendo assim, possui obrigações legais, não há dúvidas, que uma vez que promove o tratamento de dados pessoais em relação a seus alunos, pais, funcionários, professores, e muitas vezes até mesmo em relação a visitantes, portanto, também estará sob a égide deste nova Lei. Isso significa, que precisará atualizar sua Política de Privacidade, além de verificar a revisão de outros documentos e procedimentos para cumprir com todos os requisitos que a lei traz, especialmente sobre a comprovação da aplicação de medidas administrativas e técnicas de proteção dos dados pessoais, conforme artigos 6º., 18, 42 à 49.

E quem não estiver em confor-midade até o dia 15 de agosto de 2020, conforme prorrogação do prazo dado pela MP 869/2018 já poderá ser multado, conforme previsto pelo artigo 52:

Sanções previstas pelo artigo 52 da Lei 13.709/2018 (LgPD):

I - advertência, com indicação de prazo para adoção de medidas cor-retivas;

II - multa simples, de até 2% (dois por cento) do faturamento da pessoa ju-rídica de direito privado, grupo ou con-

Dados pessoais são toda e qualquer

informação relacionada a

pessoa natural identificada ou

identificável

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tiva para fins acadêmicos, mas, que, no entanto não se deve confundir sua finali-dade, uma vez que “fins acadêmicos” deve ser compreendido sempre com um uso relacionado à estudo, pesquisa acadêmica, trabalhos escolares, ou seja, no contexto de conteúdo e não a utiliza-ção de tais dados para outra finalidade como, por exemplo, para oferecer um curso, que já seria fim comercial.

Em relação à aplicação das sanções mencionadas acima, por certo que será levado em consideração pela au-toridade fiscalizadora o dano causado pelo incidente e o porte da escola, mas perceba que a boa-fé e adoção de políticas preventivas e medidas de proteção também são elencados no próprio dispositivo como forma de ava-liação para mensurar a pena. Portanto, é importante prever dentro do plano de ação a ser desenvolvido, a capacitação e sensibilização de todos os envolvidos, incluindo o corpo docente.

A lei prevê também a obrigatorie-dade de se instituir o cargo de “Encar-regado”, que será a pessoa responsável em nome da Instituição, pela Proteção de Dados Pessoais. Após MP 869/2018, esta função passou a poder ser realizada também por pessoa jurídica, inclusive terceirizada.

Diante das condições estabelecidas na lei, será necessário fazer um diag-nóstico de conformidade, para análise de cenário atual da própria instituição de ensino, ou seja, um levantamento de todos os dados pessoais coletados,

os canais de coleta, finalidade e nível de segurança aplicada, para análise e elaboração de plano de ação.

Como já foi dito, será necessário que o ambiente educacional passe por uma transformação em sua governança de dados pessoais, que irá exigir por certo uma completa revisão de todos os seus documentos, desde contrato de matrícula, contrato de trabalho, ter-ceirizados (que tenham acesso a dados pessoais) Política de Privacidade de seus portais e aplicativos, contratação da nuvem, entre outros.

Por fim, importante mencionar que o legado, ou seja, os dados pessoais, já existentes (anteriormente coletados), também terão que ser legitimados. Des-ta forma, deverá ser feito também um levantamento e analise de quais dados devem ser armazenados e quais elimina-dos, sempre lembrando que o princípio desta nova lei é o da minimização (se não precisa melhor descartar do que correr o risco da guarda). Dependendo desta verificação, dividir em dois gru-pos: os que precisam de consentimento e os que podem ser mantidos dentro de alguma das exceções de consenti-mento.

O prazo para conformidade é curto e já está correndo. Por isso, quanto antes iniciar o planejamento melhor. Já que muitas medidas exigirão inves-timento em soluções técnicas, além da necessidade de mudança documental, o que dentro do ano letivo tem um mo-mento certo que precisa ocorrer.

Passo-a-Passo para a conformidade com a LgPD:

1. Fazer o levantamento inicial do inventário das bases de dados pessoais atuais

2. Realizar o Diagnóstico 3. Elaborar o Plano de Ação4. Implementar as medidas admi-

nistrativas e técnicas5. Realizar a sensibilização das

equipes6. Fazer a verificação da conformi-

dade. •

doutoranda em Direito Internacional, pesquisadora convidada do Instituto Max Planck de Hamburgo e Munique, e da Universidade de Columbia nos EUA.linkedin.com/in/patriciapeckpinheiro/

Sócia-fundadora do Escritório Peck Advogados. Graduada em Direito pela Universidade de São Paulo,

PATRiCiA PECk PinhEiRO

de São Paulo, extensão em Direito da Tecnologia pela FGV/RJ, Educadora Virtual pelo Senac SP com Simon Fraser University (Canadá), Curso livre “Introduction to International Criminal Law”. Sócia da Peck Sleiman EDU, sócia majoritária do escritório Cristina Sleiman Sociedade de Advogados e Conselheira Jurídica do Instituto iStart.linkedin.com/in/cristina-sleiman-41428338

Advogada e pedagoga, mestre em Sistemas Eletrônicos pela Escola Politécnica da Universidade

CRiSTinA SLEiMAn

Jurídico

A lei prevê também a obrigatoriedade de se instituir o cargo de “Encarregado”, que será a pessoa responsável pela Proteção de Dados Pessoais

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S abe aquele velho ditado: “O que se planta, colhe”? Ou ainda en-tende o conceito da terceira Lei

de Newton, que diz que para toda ação existe sempre uma reação oposta e de igual intensidade? Pois, se você entender isso, já está meio caminho andado para compreender o significado de uma gestão baseada em responsabilidade social ou, melhor ainda, de uma gestão com propósito.

Esses conhecimentos universais resumem um simples significado: que tudo o que você fizer de bom ou de ruim para as pessoas com as quais você ou sua empresa se relacionam, voltará com a mesma intensidade para a sua vida, incluindo as ações relacionadas ao meio ambiente.

Para as empresas de sucesso, esse conhecimento de que as ações e com-portamentos impactam nos resultados já está basicamente em seu DNA. A questão é que as pequenas e médias empresas, por não terem consciência ou não dar importância ao tema, estão deixando passar uma grande oportuni-dade de crescimento com sustentabi-lidade.

gestão com propósito:Uma estratégia para a sua escola crescer, fazendo os outros crescerem

O fato é que muitas pessoas ainda acreditam que é de responsabilidade do Estado ou das grandes empresas zelar pela melhoria da qualidade de vida da sociedade, pelo cuidado com o planeta ou pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Porém, é preciso entender que nas relações humanas e ambientais impera uma interdependên-cia, que precisa ser cultivada, cuidada e alimentada o tempo todo. E quando ocorre uma relação de ganha-ganha, o crescimento acontece para todos.

RESPOnSABiLiDADE DE TODOSNão basta mais pensar apenas em

uma gestão com responsabilidade social como se acreditava principalmente na década de 1990. Empresas que pensam além do lucro sempre obtiveram melho-res resultados – de todos os tipos – no longo prazo. A questão agora é que o mundo mudou numa velocidade incrível e espera-se muito mais do outro do que simplesmente uma relação comercial fria.

Dentro desta nova perspectiva, as empresa que possuem um propósito definido, e conseguem manter essa se-

mente viva no dia a dia da organização, alcançam resultados extraordinários. E o que é melhor, num período mais curto.

Se a sua escola tem 30, 40, 50 anos de existência, e você continua acredi-tando que o que deu certo até agora vai perpetuar, que em time que está ganhando não se mexe, está na hora de mudar seus princípios.

Entramos na era da Gestão com Propósito, do olhar afetuoso para o indi-víduo, de cuidar do outro, das relações éticas e transparentes (de verdade!), de uma aproximação maior com o poder público, em uma era onde a comunica-ção nunca esteve tão fácil e acessível, alcançando multidões em milésimos de segundos. As práticas de gestão que deram certo há até pouco tempo já estão antiquadas: as velhas regras que serviram de base para o sucesso das empresas já não funcionam no novo mercado. Basta analisar os resultados dos últimos anos das empresas que ainda não se adequaram a este novo modelo.

“Negócios movidos por um objetivo maior alcançam um desempenho até dez vezes superior àqueles que só se preocupam com lucros.”

Gestão

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No prefácio do livro “Empresas Espiritualizadas”, de Pedro Ivo Moraes, o fundador da rede de cafeterias Santo Grão, Marco Kerkmeester diz que todo mundo serve café, mas lá eles servem “café com amor”. Esse é o seu propósi-to. Ao ter isso bem definido, essa regra de ouro que norteia todo o negócio, fica fácil recrutar pessoas que compar-tem desse mesmo propósito, de reter talentos, motivar a equipe, satisfazer o cliente, ter um super diferencial com-petitivo e se tornar uma referência. Até porque, onde você gostaria de tomar café? Em um lugar onde servem com amor ou em uma cafeteria qualquer? E mais: quanto custa para a empresa colocar “amor” no café?

“Uma reputação forte e de excelên-cia tende a aumentar a conexão emo-cional entre a escola e seus públicos.”E na sua escola, qual é o seu propósi-

to? Está claro para toda a equipe? Seus clientes conhecem bem o “porquê” da sua existência? Você é referência em seu bairro ou em sua cidade? O que precisa ser feito para a sua escola se transfor-mar em uma empresa de sucesso?

COMEÇA PELO gESTORNuma estratégia com propósito, não

importa se a sua empresa tem um, dois ou cinquenta mil funcionários. Meta-foricamente falando, todos precisam tem “tatuado na pele” o porquê de sua

existência, começando pelo gestor, pelo dono, pelo CEO. Já não basta mais “vestir a camisa”.

A grande dificuldade que muitos gestores sentem é em definir clara-mente este propósito. Parece algo que vai além da razão e por isso entram num conflito, até mesmo emocional, na busca infinita desse “porquê”.

É certo que os pensamentos, com-portamentos e atitudes do gestor, do proprietário ou do líder máximo vão garantir o sucesso ou o fracasso do seu negócio. Também é certo que as pes-soas se adequam facilmente a gestões inovadoras, principalmente quando se identificam com ela, quando criam vínculo emocional. O que toma mais tempo é o gestor entender que essa mudança precisa acontecer, e o mais rápido possível.

Em um ambiente educacional, onde devem prevalecer relações afetuosas para maximizar a aprendizagem e a formação de indivíduos preparados para esta nova economia, torna-se totalmente inaceitável e insustentável uma gestão focada no lucro ou em seu único crescimento, e totalmente desconectada do indivíduo ou do meio ambiente.

Trazendo a terceira lei de Newton para a realidade dos negócios, uma empresa só cresce quando o gestor adquire consciência da necessidade

de contribuir para o crescimento dos outros, de todos que estão ao seu redor.

“Nunca se esperou tanto que as or-ganizações se engajem em questões sociais e ambientais.”Não basta que em casa você eduque

seus filhos pelo exemplo. A gestão de um negócio precisa seguir exatamente essa mesma máxima. Não importa se o gestor é o maestro de uma grande or-questra ou de uma pequena banda: seu comportamento, suas atitudes, suas pa-lavras devem estar dentro da melodia. Se ele não der o ritmo ou sair do padrão estabelecido, cada integrante vai tocar no seu tempo, do seu jeito. Pode sair alguma música, mas não será a mais agradável aos ouvidos. E aposto que você não gostaria de estar nesta plateia.

COMuniCAR É FunDAMEnTALOutro erro do gestor, e aí entra a

sua responsabilidade, é o de acreditar que o seu propósito é tão óbvio, que seus interlocutores conseguem “captar no ar” essa energia. Ou então, vemos empresas gastando tempo e dinheiro, até mesmo com grandes consultorias, para definir sua missão, visão e valores, imprimem lindas frases em quadros na parede e, como resultado, ninguém se lembra, ninguém lê e ninguém pratica. Conhece empresa assim?

A comunicação, que é o calcanhar de Aquiles onde estejam duas ou

Para as empresas de sucesso, esse conhecimentode que as ações e comportamentos impactam nos

resultados já está basicamente em seu DnA

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Gestão

mais pessoas, quase nunca é valo-rizada. Aliás, muitos valorizam de forma equivocada ou até chamam de Marketing, sem se dar conta de que “comunicar” é estratégico. Um gestor pode comunicar com seus gestos, com suas decisões, com seu olhar – sem

falar uma palavra. Daí a importância de ter um propósito claro para nortear suas ações e comunicações. E que esse propósito seja disseminado todos os dias, seja verbalmente ou nas mais diversas formas de comunicação.

Aliás, é fácil comunicar boas notícias e isso contribui infinitamente para algo tão importante, chamado reputação. A imagem que um gestor constrói dele mesmo ou de sua empresa vai repercutir diretamente em todos os seus resulta-dos: pessoais ou empresariais.

Exemplo disso é o quanto os perfis nas redes sociais vem sendo consulta-dos para todas as formas de relaciona-mento humano. A empresa consulta o perfil do profissional antes de convidá-lo para uma seleção ou contratação. Um profissional busca informações sobre a empresa contratante para decidir se quer ou não fazer parte do seu quadro. E o que dizer do futuro cliente que realiza

jornalista especializada em Primeira Infância. É idealizadora do Programa Escolas do Bem, o primeiro programa de responsabilidade social nas escolas do Brasil, coordenado pelo Instituto Noa.

Doutora em Ciências da Informação, professora de MBA nas disciplinas de Comunicação Corporativa e

LuCY DE MiguEL

Responsabilidade Social x FilantropiaEstes dois conceitos são comumente confundidos, pois a ideia que permeia

no entendimento coletivo é a de “ajudar o próximo”. Porém, esse significado é muito mais amplo quando pensamos em como esta ajuda acontece.

Fazer uma mobilização em seu bairro ou em sua igreja para arrecadar cen-tenas de garrafas de água potável para enviar a Brumadinho (MG), após o rom-pimento da barragem, é filantropia. Responsabilidade Social é o que a empresa mineradora responsável pela barragem deveria ter feito para que a tragédia não ocorresse – ou ainda, se fosse inevitável, não colocaria vidas em risco.

O exemplo recente demonstra que a filantropia ou caridade são ações necessárias e pontuais, mas que servem como “remédio: atendem a uma emergência para aliviar uma dor. Campanhas do agasalho, ações para alimentar moradores de rua ou doações de cobertores no inverno são filantropia. Não resolvem o problema, apenas amenizam as consequências.

Responsabilidade social vai além. Atua para promover uma transformação social mais profunda, beneficiando a todos os públicos com os quais uma empre-sa se relaciona (stakeholders). Trata-se de um compromisso ético e voluntário, para formar uma sociedade mais justa, reduzindo desigualdades, melhorando a qualidade de vida e cuidando do meio ambiente.

Entre outros benefícios, uma escola que adota uma gestão com propósito consegue:

• Atrair e reter mais talentos• Criar forte senso de comu-

nidade• Conquistar mais indicações • Melhorar sua reputação e

reconhecimento• Crescer de forma sustentável

e inovadora• Anular os efeitos da concor-

rência.

uma enorme pesquisa sobre o seu for-necedor, antes de fechar uma compra?

As informações que cada um expõe nas redes sociais ou nas mídias são hoje as grandes influenciadoras nas tomadas de decisão. Uma das enormes vantagens de se adotar uma gestão com um obje-tivo maior é a de que terá uma grande quantidade de informações positivas para disseminar, o que contribui dire-tamente para o sucesso de qualquer empresa. Dessa forma, uma boa gestão consegue até mesmo reduzir o inves-timento em marketing, pois terá um aumento significativo da propaganda boca-a-boca e de mídia espontânea.

COMO PROMOVER A MuDAnÇAVoltar a gestão para fomentar rela-

cionamentos humanos mais afetuosos, respeitosos e éticos é uma decisão inteligente e que conduz a todos a um estado desejado universalmente: o de felicidade.

Assim, se você também acredita que pode contribuir para uma trans-formação social em sua escola, em seu bairro e até em sua cidade, já tem aí em seu coração um sentimento forte para implantar uma estratégia de gestão com propósito, para então colher resultados incríveis. E, de quebra, contribuir para o desenvolvimento do nosso país. •

A imagem que um gestor constrói dele mesmo ou de sua empresa vai repercutir diretamente em todos os seus resultados

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• ABRIL DE 2019 •• 18/04/2019 INSS (Empresa) - ref. 03/2019 PiS – Folha de Pagamentos - ref. 03/2019 SiMPLES nACiOnAL - ref. 03/2019 COFinS – Faturamento - ref. 03/2019 PiS – Faturamento - ref. 03/2019• 30/04/2019 IRPJ – (Mensal) - ref. 03/2019 CSLL – (Mensal) - ref. 03/2019

• 05/04/2019 SALÁRIOS - ref. 03/2019 E-Social (Doméstica) - ref. 03/2019 FgTS - ref. 03/2019 CAgED - ref. 03/2019 • 09/04/2019 ISS (Capital) - ref. 03/2019 EFD – Contribuições - ref. 02/2019

Dados fornecidos pela HELP – Administração e Contabilidade • [email protected] • (11) 3399-5546 / 3399-4385

AgEnDA DE OBRigAÇõES

Classieeesp

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Cursos

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