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S T QQS S D 29 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 Agosto Julho Junho Setembro

1 3 5 7 · 3 Filme mudo promovem uma ... sobre uma série de copas de árvores, acompanhado pelo som de uma gota a cair. o encadeamento destas sequências ... Fotossíntese, 2007

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Agosto

Julho

Junho

setembro

meio concretoAlexandre estrela29 Junho–29 Setembro 2013

ViSitAS guiAdAS

Quinta-feira, 4 Julho, 18h30por ricardo nicolau

Sábado, 20 Julho, 16hpor ricardo nicolau(exclusiva para Amigos de Serralves)

ProJecÇÃo de FiLme / conVerSA com o ArtiStA

Sábado, 14 Setembro, 18h30 (Auditório)Projecção de Viagem ao Meio (Alexandre estrela, 2010)Seguida de uma conversa entre o artista e natxo checa

Viagem ao Meio é uma projecção que sobrepõe um filme e um vídeo. Ambos registam uma viagem ao interior de um túnel com duzentos metros de comprimento escavado no interior de um vulcão nos Açores, para evitar cheias. o filme, rodado sem câmara, fazendo desenrolar uma bobina de 600 metros de película positiva de 16 mm, registou o percurso entre o centro e a saída do vulcão; o vídeo registou o percurso total.

todas as obras em exposição são cortesia do artista.Por indicação expressa do artista, os textos aqui reproduzidos respeitam a ortografia anterior ao Acordo ortográfico de 1990.

Apoio institucional mecenas exclusivo do museu

Seguradora oficial: Fidelidade–companhia de Seguros, S.A.

Apoio: Sugestões & opções–catering de eventos

Fundação de Serralvesrua d. João de castro, 210 4150-417 Porto (Parque: entrada pelo Largo d. João iii, junto da escola Francesa)

t 808 200 543e [email protected] www.serralves.pt

roteiro dos dias ímpares

A exposição desdobra-se em dois percursos, nos quais são activadas diferentes peças, consoante o dia em que a visitemos seja par ou ímpar.

meio concretoAlexandre estrela29 Junho–29 Setembro 2013

ViSitAS guiAdAS

Quinta-feira, 4 Julho, 18h30por ricardo nicolau

Sábado, 20 Julho, 16hpor ricardo nicolau(exclusiva para Amigos de Serralves)

ProJecÇÃo de FiLme / conVerSA com o ArtiStA

Sábado, 14 Setembro, 18h30 (Auditório)Projecção de Viagem ao Meio (Alexandre estrela, 2010)Seguida de uma conversa entre o artista e natxo checa

Viagem ao Meio é uma projecção que sobrepõe um filme e um vídeo. Ambos registam uma viagem ao interior de um túnel com duzentos metros de comprimento escavado no interior de um vulcão nos Açores, para evitar cheias. o filme, rodado sem câmara, fazendo desenrolar uma bobina de 600 metros de película positiva de 16 mm, registou o percurso entre o centro e a saída do vulcão; o vídeo registou o percurso total.

todas as obras em exposição são cortesia do artista.Por indicação expressa do artista, os textos aqui reproduzidos respeitam a ortografia anterior ao Acordo ortográfico de 1990.

Apoio institucional mecenas exclusivo do museu

Seguradora oficial: Fidelidade–companhia de Seguros, S.A.

Apoio: Sugestões & opções–catering de eventos

Fundação de Serralvesrua d. João de castro, 210 4150-417 Porto (Parque: entrada pelo Largo d. João iii, junto da escola Francesa)

t 808 200 543e [email protected] www.serralves.pt

roteiro dos dias ímpares

A exposição desdobra-se em dois percursos, nos quais são activadas diferentes peças, consoante o dia em que a visitemos seja par ou ímpar.

4Le Moiré

2Ad nauseam

1Moondog

3Filme mudo

promovem uma desorientação espácio- -temporal, um conflito que ao limite provoca um profundo enjoo.

3Filme mudo, 2007Filme de 16 mm, p&b, sem som, loop

no espaço não há som: esta é uma verdade que os bons realizadores de ficção científica conhecem. Filme mudo é um filme de 16 mm que mostra uma perche com um microfone que grava os sons da paisagem. não se vê qualquer movimento no pára-vento do microfone, uma vez que a peça foi criada filmando uma imagem fixa. A ausência de movimento conduz à ausência de som, o que resulta na criação de um filme mudo.

4Le Moiré, 2010Projecção vídeo, DVD (PAL), ecrã em vidro, cor, som mono, loop100 × 70 cm (dimensão da projecção)

no filme Pour le mistral (1965), o realizador Joris ivens procura capturar o vento. depois de ter concluído o filme, ivens admitiu ter falhado, uma vez que apenas conseguiu captar o mistral através dos seus efeitos secundários.Le Moiré é uma nova tentativa de registar o vento, e de posteriormente o soltar aquando da projecção da sua imagem. o vídeo de uma palmeira assolada pelo vento, filmado na Bretanha, é projectado sobre um ecrã de vidro pintado com riscas brancas. A peça é instalada num canto, para que a as imagens projectadas formem uma área fechada. o painel de vidro subdivide o cone de luz em dois, criando três superfícies de projecção — a imagem no vidro e as duas projecções consequentes que se formam nos cantos. dentro deste espaço concentrado de

1Moondog, 201080 diapositivos, ecrã em metal, CD, controlador Arion Mirage 901 82 × 54 × 58.5 cm (dimensão da projecção)

o movimento de piscar de olhos é inexis-tente na maior parte dos invisuais, uma vez que a sensibilidade da sua superfície ocular é reduzida. esta peça é composta por um diaporama de uma só imagem, uma composição que reúne fotografias de olhos animais e humanos com cataratas profundas. o interior esbranquiçado da retina confere aos olhos uma aparência lunar, e evoca uma imagem não reflexiva fechada em si mesma. o ritmo de passagem dos diapositivos é ditado pela cadência de piscar de olhos registada no visionamento prolongado desta imagem. moondog (1916−1999) foi um lendário músico de rua americano cego.

2Ad nauseam, 2011Escultura em ferro (2 elementos) 216.9 cm × 50 × 70.6 cm (total)

A imagem de um relógio digital timex (ao qual foram retirados os dígitos) é projectada obliquamente sobre uma escultura em chapa de ferro assente no chão. no vídeo, a imagem oscila acompanhando um som lento e pesado. o objecto/ecrã é composto por dois módulos, separados por uma estreita fenda vertical. A fenda introduz na imagem uma linha divergente do eixo de rotação do relógio, e a luz que passa através dela, cria num segundo plano, uma tira de imagem com um movimento vertical, contrário ao movimento horizontal percepcionado à superfície do objecto. o desdobramento da imagem e a sua inclinação, bem como o som arrastado e mole que a acompanha,

promovem uma desorientação espácio- -temporal, um conflito que ao limite provoca um profundo enjoo.

3Filme mudo, 2007Filme de 16 mm, p&b, sem som, loop

no espaço não há som: esta é uma verdade que os bons realizadores de ficção científica conhecem. Filme mudo é um filme de 16 mm que mostra uma perche com um microfone que grava os sons da paisagem. não se vê qualquer movimento no pára-vento do microfone, uma vez que a peça foi criada filmando uma imagem fixa. A ausência de movimento conduz à ausência de som, o que resulta na criação de um filme mudo.

4Le Moiré, 2010Projecção vídeo, DVD (PAL), ecrã em vidro, cor, som mono, loop100 × 70 cm (dimensão da projecção)

no filme Pour le mistral (1965), o realizador Joris ivens procura capturar o vento. depois de ter concluído o filme, ivens admitiu ter falhado, uma vez que apenas conseguiu captar o mistral através dos seus efeitos secundários.Le Moiré é uma nova tentativa de registar o vento, e de posteriormente o soltar aquando da projecção da sua imagem. o vídeo de uma palmeira assolada pelo vento, filmado na Bretanha, é projectado sobre um ecrã de vidro pintado com riscas brancas. A peça é instalada num canto, para que a as imagens projectadas formem uma área fechada. o painel de vidro subdivide o cone de luz em dois, criando três superfícies de projecção — a imagem no vidro e as duas projecções consequentes que se formam nos cantos. dentro deste espaço concentrado de

1Moondog, 201080 diapositivos, ecrã em metal, CD, controlador Arion Mirage 901 82 × 54 × 58.5 cm (dimensão da projecção)

o movimento de piscar de olhos é inexis-tente na maior parte dos invisuais, uma vez que a sensibilidade da sua superfície ocular é reduzida. esta peça é composta por um diaporama de uma só imagem, uma composição que reúne fotografias de olhos animais e humanos com cataratas profundas. o interior esbranquiçado da retina confere aos olhos uma aparência lunar, e evoca uma imagem não reflexiva fechada em si mesma. o ritmo de passagem dos diapositivos é ditado pela cadência de piscar de olhos registada no visionamento prolongado desta imagem. moondog (1916−1999) foi um lendário músico de rua americano cego.

2Ad nauseam, 2011Escultura em ferro (2 elementos) 216.9 cm × 50 × 70.6 cm (total)

A imagem de um relógio digital timex (ao qual foram retirados os dígitos) é projectada obliquamente sobre uma escultura em chapa de ferro assente no chão. no vídeo, a imagem oscila acompanhando um som lento e pesado. o objecto/ecrã é composto por dois módulos, separados por uma estreita fenda vertical. A fenda introduz na imagem uma linha divergente do eixo de rotação do relógio, e a luz que passa através dela, cria num segundo plano, uma tira de imagem com um movimento vertical, contrário ao movimento horizontal percepcionado à superfície do objecto. o desdobramento da imagem e a sua inclinação, bem como o som arrastado e mole que a acompanha,

5Teia

6Aquário

8Fotossíntese

7Waterfall

fotograma de um momento anterior é inserido quando se ouve uma nota grave. À medida que o vídeo progride, o elástico vagueia pelo ecrã, transportando consigo o desenho ou a marca de momentos passados e futuros. o vídeo é absorvido por uma folha de papel inserida numa estrutura acrílica, que reflecte, divide e re-projecta as imagens nas paredes circundantes da peça.

7 Waterfall, 2010Projecção vídeo, ecrã em metal, cor, som mono60.2 × 80 × 10 cm (dimensão da projecção)

Waterfall apresenta um vertiginoso movi-mento de câmara contrapicado realizado sobre uma série de copas de árvores, acompanhado pelo som de uma gota a cair. o encadeamento destas sequências desenvolve no observador uma habituação ao movimento psicadélico das imagens. Quando o movimento hipnótico e imersivo pára, dando lugar a uma imagem estática, o observador projecta na imagem imóvel um inexistente movimento perceptivo, contrário ao do vídeo. A este efeito perceptivo dá-se o nome de “waterfall effect”.

8Fotossíntese, 2007Projecção de diapositivo sobre superfície Callintec78 × 90 cm (dimensão da projecção)

o ponto de partida de Fotossíntese é uma fotografia que mostra a luta de uma planta em busca de luz. Quando um único diapo-sitivo é projectado durante um longo período de tempo, a imagem é lentamente queimada pela lâmpada do projector, perdendo progres -si vamente a cor. em Fotossíntese, a imagem é projectada numa parede, atrás da qual

imagens, o movimento e o som sugerem a formação de vento aprisionado num canto. A sobreposição visual produz colateralmente um efeito óptico apelidado de “moiré”.

5Teia, 2010Monitor CRT, cor, sem som, vídeo em loop para a frente e para trás

Teia consiste num vídeo captado nos trópicos, em que se pode observar uma pequena teia de aranha construída em torno de uma cana de bambu. A teia aparece e desaparece naturalmente, numa transição provocada pela passagem de uma nuvem em frente ao sol. num movimento reminis cente do meio aquático, a teia revela uma estrutura tridimensional dentro de uma imagem bidimensional.

6Aquário, 2010Projecção vídeo, ecrã em Plexiglas, papel, cor, som estéreo52.5 × 93 × 50 cm Música: Alvin Lucier, Barbecue Grill

um elástico flutua à deriva num aquário. o movimento deste corpo estranho e geo métrico é acompanhado pelo som de frequências puras, pontuadas por notas soltas de um piano. o som electrónico cria uma ilusão sonora resultante do cruzamento de duas frequências com movimentos contraditórios — uma ascendente e outra descendente (o paradoxo de Shepherd). A cada nota de piano corresponde no vídeo um fotograma, que corta o fluxo das imagens interferindo de forma visível no contorno geométrico do elástico. Quando é tocada uma nota aguda, um fotograma posterior do mesmo vídeo surge momenta-neamente no ecrã; inversamente, um

5Teia

6Aquário

8Fotossíntese

7Waterfall

fotograma de um momento anterior é inserido quando se ouve uma nota grave. À medida que o vídeo progride, o elástico vagueia pelo ecrã, transportando consigo o desenho ou a marca de momentos passados e futuros. o vídeo é absorvido por uma folha de papel inserida numa estrutura acrílica, que reflecte, divide e re-projecta as imagens nas paredes circundantes da peça.

7 Waterfall, 2010Projecção vídeo, ecrã em metal, cor, som mono60.2 × 80 × 10 cm (dimensão da projecção)

Waterfall apresenta um vertiginoso movi-mento de câmara contrapicado realizado sobre uma série de copas de árvores, acompanhado pelo som de uma gota a cair. o encadeamento destas sequências desenvolve no observador uma habituação ao movimento psicadélico das imagens. Quando o movimento hipnótico e imersivo pára, dando lugar a uma imagem estática, o observador projecta na imagem imóvel um inexistente movimento perceptivo, contrário ao do vídeo. A este efeito perceptivo dá-se o nome de “waterfall effect”.

8Fotossíntese, 2007Projecção de diapositivo sobre superfície Callintec78 × 90 cm (dimensão da projecção)

o ponto de partida de Fotossíntese é uma fotografia que mostra a luta de uma planta em busca de luz. Quando um único diapo-sitivo é projectado durante um longo período de tempo, a imagem é lentamente queimada pela lâmpada do projector, perdendo progres -si vamente a cor. em Fotossíntese, a imagem é projectada numa parede, atrás da qual

imagens, o movimento e o som sugerem a formação de vento aprisionado num canto. A sobreposição visual produz colateralmente um efeito óptico apelidado de “moiré”.

5Teia, 2010Monitor CRT, cor, sem som, vídeo em loop para a frente e para trás

Teia consiste num vídeo captado nos trópicos, em que se pode observar uma pequena teia de aranha construída em torno de uma cana de bambu. A teia aparece e desaparece naturalmente, numa transição provocada pela passagem de uma nuvem em frente ao sol. num movimento reminis cente do meio aquático, a teia revela uma estrutura tridimensional dentro de uma imagem bidimensional.

6Aquário, 2010Projecção vídeo, ecrã em Plexiglas, papel, cor, som estéreo52.5 × 93 × 50 cm Música: Alvin Lucier, Barbecue Grill

um elástico flutua à deriva num aquário. o movimento deste corpo estranho e geo métrico é acompanhado pelo som de frequências puras, pontuadas por notas soltas de um piano. o som electrónico cria uma ilusão sonora resultante do cruzamento de duas frequências com movimentos contraditórios — uma ascendente e outra descendente (o paradoxo de Shepherd). A cada nota de piano corresponde no vídeo um fotograma, que corta o fluxo das imagens interferindo de forma visível no contorno geométrico do elástico. Quando é tocada uma nota aguda, um fotograma posterior do mesmo vídeo surge momenta-neamente no ecrã; inversamente, um

9O som no ar

11O Cobra Verde

10L’Ours

do urso, que daí em diante permanece imanente no vídeo.

11O Cobra Verde, 2009Projecção de vídeo mono canal, DVD (PAL), cor, som estéreo, 4’40’’Dimensões variáveis

O Cobra Verde é um longo travelling que acompanha o rastejar horizontal de uma trepadeira bicentenária ao longo de uma grade de ferro. A planta move-se lentamente, devorando o metal pelo caminho. o vídeo foi gravado no modo nightshot, que realça a tonalidade escura da imagem. uma inquietante sensação de luta é acentuada por um grito primordial, um som gutural que convoca o esforço de séculos. A composição, da autoria de Paul de Jong, parte do som de choro de um recém-nascido, que foi desacelerado para se assemelhar a uma perturbadora voz adulta.

foi instalada uma superfície quente. A instalação produz a ilusão de uma imagem quente que lentamente se apaga, como se se deteriorasse devido ao contacto com a parede.

9O som no ar, 2010Projecção vídeo, ecrã em Plexiglas, papel, p&b, som mono104 × 141 × 24 cm (dimensões da projecção)

O som no ar é uma tentativa abstracta de visionamento do sonar emitido por morcegos. um vídeo acompanha o som de ecoloca-lização dos roedores, representando-o através de uma rede de cabos metálicos, um desenho irregular que mapeia a superfície acrílica do ecrã, reflectindo-se no resto do espaço. uma folha de papel inserida na estrutura acrílica retém as linhas do vídeo, como um rasto ou memória do mapeamento.

10L’Ours, 2003/13Vídeo digital transferido para DVD (PAL), 4:3, cor, som estéreo, loop

As focas têm a capacidade de reconhecer ursos polares à distância através da identificação do triângulo formado pelo seu nariz e dois olhos. em resposta, os ursos desenvolveram o hábito de esconder o nariz com as patas durante a caça.em L’Ours, o reflexo de um homem ecoa em resposta ao som de uma voz monótona que repete a frase: “tu vais tornar-te no homem, que viu o homem que viu o homem que viu o urso”. de tempo a tempo, um urso polar emerge furtivamente no ecrã. o triângulo do seu focinho encaixa-se perfeitamente sobre três pontos pretos pintados na parede. A estrutura triangular formada pelos pontos fixa a imagem

9O som no ar

11O Cobra Verde

10L’Ours

do urso, que daí em diante permanece imanente no vídeo.

11O Cobra Verde, 2009Projecção de vídeo mono canal, DVD (PAL), cor, som estéreo, 4’40’’Dimensões variáveis

O Cobra Verde é um longo travelling que acompanha o rastejar horizontal de uma trepadeira bicentenária ao longo de uma grade de ferro. A planta move-se lentamente, devorando o metal pelo caminho. o vídeo foi gravado no modo nightshot, que realça a tonalidade escura da imagem. uma inquietante sensação de luta é acentuada por um grito primordial, um som gutural que convoca o esforço de séculos. A composição, da autoria de Paul de Jong, parte do som de choro de um recém-nascido, que foi desacelerado para se assemelhar a uma perturbadora voz adulta.

foi instalada uma superfície quente. A instalação produz a ilusão de uma imagem quente que lentamente se apaga, como se se deteriorasse devido ao contacto com a parede.

9O som no ar, 2010Projecção vídeo, ecrã em Plexiglas, papel, p&b, som mono104 × 141 × 24 cm (dimensões da projecção)

O som no ar é uma tentativa abstracta de visionamento do sonar emitido por morcegos. um vídeo acompanha o som de ecoloca-lização dos roedores, representando-o através de uma rede de cabos metálicos, um desenho irregular que mapeia a superfície acrílica do ecrã, reflectindo-se no resto do espaço. uma folha de papel inserida na estrutura acrílica retém as linhas do vídeo, como um rasto ou memória do mapeamento.

10L’Ours, 2003/13Vídeo digital transferido para DVD (PAL), 4:3, cor, som estéreo, loop

As focas têm a capacidade de reconhecer ursos polares à distância através da identificação do triângulo formado pelo seu nariz e dois olhos. em resposta, os ursos desenvolveram o hábito de esconder o nariz com as patas durante a caça.em L’Ours, o reflexo de um homem ecoa em resposta ao som de uma voz monótona que repete a frase: “tu vais tornar-te no homem, que viu o homem que viu o homem que viu o urso”. de tempo a tempo, um urso polar emerge furtivamente no ecrã. o triângulo do seu focinho encaixa-se perfeitamente sobre três pontos pretos pintados na parede. A estrutura triangular formada pelos pontos fixa a imagem

Le Moiré, 2010 (pormenor), projecção vídeo, dVd (PAL), ecrã em vidro, cor, som mono, loop100 × 70 cm (dimensão da projecção)

formato 4:3, intersectado perpendicular-mente por um segundo ecrã similar. o vídeo de uma natureza morta, composta por um tronco de madeira rodeado de relva, é projec -tada sobre a superfície cortada. A imagem desliza na direcção do ecrã ortogonal que a corta em dois, enquanto se ouve o som de uma serra de madeira.este vídeo pertencia originalmente à peça The Overt Statuette (2008). o som e o movi-mento resultaram de um problema de exportação, que destabilizou o fotograma ao introduzir movimentos verticais.

11Um homem entre quatro paredes, 2008Projecção vídeo mono canal, cor, som mono, loopDimensões variáveis

cinco pontos tatuados nas costas da mão é uma marca comum entre os presidiários portugueses que simboliza um homem entre quatro paredes. nesta representação sintética do espaço, o prisioneiro, assina-lado pelo ponto central, é enquadrado por quatro pontos iguais, que representam as quatro paredes de uma cela. tal como na ilusão óptica do triângulo de Kanizsa, o desenho das quatro paredes é invisível, sugerido apenas pela presença dos outros quatro pontos/cantos.em Um homem entre quatro paredes, uma imagem ampliada desta tatuagem foi pro jectada numa parede. os quatro pontos exteriores encaixam-se nos quatro cantos da sala, cujas paredes preenchem fisica-mente a ilusão óptica. no vídeo, a imagem emerge de um aparente ponto de fuga, expandindo-se sobre a superfície do ecrã. Quando a imagem toca a superfície e os pontos chegam aos cantos, ouve-se um forte som de impacto. À medida que a animação acelera, a violência do som

aumenta. no auge da animação, o prisio-neiro transforma-se no ponto de fuga de um profundo espaço geométrico virtual. Quando este momento é atingido, o som torna-se contínuo, interferindo perigosa-mente com a estrutura do edifício.

9Flauta, 2010Projecção vídeo Full HD, cor, som mono, loop100 × 78 × 15 cm (dimensão da projecção)

um transdutor é um dispositivo que converte um tipo de energia noutro. Flauta poderia inserir-se nessa categoria — um dispositivo que, através de vídeo, traduz impulsos de imagem em som.nesta peça, um vídeo estereoscópico mostra uma cana de bambu que vibra com o som do vento. o vídeo tridimensional é projectado sobre um pequeno objecto de madeira que contém dois planos paralelos. um buraco aberto no primeiro ecrã sobre a imagem projectada da cana de bambu deixa passar a luz para o segundo ecrã. A passagem da imagem através do buraco, e a consequente vibração de luz produzida na câmara entre o dois ecrãs, encenam a ilusão de que o som é produzido em tempo real, como se estivéssemos na presença de um instrumento musical induzido por imagens.

10Wood Cuts/Wood Rings, 2009 Projecção vídeo stereo, cor, som, loop, madeira163 × 187 × 201 (dimensão da projecção)

As convenções relativas ao tamanho e formato de ecrãs de filme e vídeo são simi-lares às da pintura. os formatos de ecrã mais amplos são habitualmente utilizados em paisagens, enquanto os formatos mais verticais se adequam ao retrato de figuras. As naturezas mortas eram habitualmente mostradas em telas de formato quadrado, um formato vídeo em vias de extinção. Wood Cuts/Wood Rings apresenta uma escul-tura com posta por um ecrã de madeira de

7Sistema solar, 2007Projecção vídeo mono canal, DVD (PAL), cor, som estéreo, 4’Dimensões variáveis

Sistema solar parte de uma comunicação científica proferida na universidade de Stanford na qual um investigador expõe a possibilidade de traduzir o fenómeno da radiação solar através do som. o vídeo ilus-tra a explicação através de um hipotético modelo planetário constituído por três melancias penduradas numa árvore. A imagem é composta por dois instantâneos que, quando vistos rapidamente em sequên-cia, geram um efeito estereoscópico, dando lugar a uma ilusão de tridimensionalidade. As melancias movem-se separadamente em reacção ao som, exemplificando três tipos de frequências solares. o vídeo apresenta-se como um modelo tridimensional de física, que vibra em reacção aos efeitos do sol.

8Fotossíntese, 2007Projecção de diapositivo sobre superfície Callintec78 × 90 cm (dimensão da projecção)

o ponto de partida de Fotossíntese é uma fotografia que mostra a luta de uma planta em busca de luz. Quando um único diapo-sitivo é projectado durante um longo período de tempo, a imagem é lentamente queimada pela lâmpada do projector, perdendo progres -si vamente a cor. em Fotossíntese, a imagem é projectada numa parede, atrás da qual foi instalada uma superfície quente. A instalação produz a ilusão de uma imagem quente que lentamente se apaga, como se se deteriorasse devido ao contacto com a parede.

9Flauta

10Wood Cuts/Wood Rings

11Um homem entre quatro paredes

Acheiropoietos é o termo grego que designa uma imagem formada sem intervenção humana. Sazonalmente, as traseiras de um prédio em Lisboa são palco de um fenómeno peculiar: raios de sol atravessam um pequeno orifício de uma árvore, projectando um círculo na fachada de um prédio próximo.não se trata de um reflexo, mas de uma imagem espontânea formada pela acção de uma câmara lúcida natural. este lugar reúne as condições ideais para que o sol projecte uma imagem de si próprio. como sempre acontece nas imagens provenientes de uma câmara lúcida, também esta surge invertida. em Inversão polar, este fenómeno foi captado em filme e reproduzido de forma a que a imagem do sol se inverta ciclicamente, conquis tando a sua posição original.

6Antípodas, 2011 Dupla projecção vídeo, DVD (NTSC), cor, loop, 2 tubos em cobre de 140 cm cada, ecrã em nylon100 × 75 cm (dimensão da projecção)

uma tela em rolo é suspensa verticalmente entre dois tubos de cobre polidos. este ecrã recebe, dos dois lados, projecções de vídeo com movimentos complementares, sugerindo um planisfério em rotação.o título “Antípodas” situa as imagens projec-tadas em pontos geograficamente opostos, apesar de serem registos de fenómenos naturais captados em países vizinhos: a intensa polinização de árvores filmada em Berlim e a formação de espuma captada numa praia da Bretanha, que se sucedem num movimento lento e perpétuo.As imagens e o seu encadeamento vertical, bem como o sincronismo de ambas as projec -ções, arrastam a tela numa rotação infinita, dando a leitura ilusória de que é o ecrã que se desloca entre os dois pólos/tubos.

4 Teia, 2010Monitor CRT, cor, sem som, vídeo em loop para a frente e para trás

Teia consiste num vídeo captado nos trópicos, em que se pode observar uma pequena teia de aranha construída em torno de uma cana de bambu. A teia aparece e desaparece naturalmente, numa transição provocada pela passagem de uma nuvem em frente ao sol. num movimento reminis cente do meio aquático, a teia revela uma estrutura tridimensional dentro de uma imagem bidi-mensional.

5 Inversão polar, 2011Filme de 16 mm, cor, sem som, loopDimensões variáveis

“15 de Fevereiro de 2001 — o sol acabou de sofrer uma mudança importante. o campo magnético da nossa estrela inverteu-se.o Pólo norte magnético do sol, que se situava no Hemisfério norte até há poucos meses, aponta agora para sul. É uma situação confusa, mas não inesperada. ‘este fenómeno acontece sempre que se aproxima a altura do pico de actividade solar’, afirma david Hathaway, um físico solar do marshall Space Flight center. ‘os pólos magnéticos trocam de lugar no pico do ciclo solar. na verdade, é um bom indicador de que o máximo solar foi real-mente atingido.’ os pólos magnéticos do sol vão permanecer na posição actual, com o Pólo norte a apontar para o hemisfério sul, até ao ano de 2012, altura em que se verificará uma nova inversão. esta tran sição acontece, tanto quanto sabemos, no pico de cada ciclo solar, que tem a duração de onze anos — com a precisão de um relógio.”

6Antípodas

5Inversão polar

4Teia

8Fotossíntese

7Sistema solar

3Le Moiré, 2010Projecção vídeo, DVD (PAL), ecrã em vidro, cor, som mono, loop100 × 70 cm (dimensão da projecção)

no filme Pour le mistral (1965), o realizador Joris ivens procura capturar o vento. depois de ter concluído o filme, ivens admitiu ter falhado, uma vez que apenas conseguiu captar o mistral através dos seus efeitos secundários.Le Moiré é uma nova tentativa de registar o vento, e de posteriormente o soltar aquando da projecção da sua imagem. o vídeo de uma palmeira assolada pelo vento, filmado na Bretanha, é projectado sobre um ecrã de vidro pintado com riscas brancas. A peça é instalada num canto, para que a as imagens projectadas formem uma área fechada. o painel de vidro subdivide o cone de luz em dois, criando três superfícies de projecção — a imagem no vidro e as duas projecções con-sequentes que se formam nos cantos. dentro deste espaço concentrado de imagens, o movimento e o som sugerem a formação de vento aprisionado num canto. A sobreposi-ção visual produz colateralmente um efeito óptico apelidado de “moiré”.

1 Moondog, 201080 diapositivos, ecrã em metal, CD, controlador Arion Mirage 901 82 × 54 × 58.5 cm (dimensão da projecção)

o movimento de piscar de olhos é inexis-tente na maior parte dos invisuais, uma vez que a sensibilidade da sua superfície ocular é reduzida. esta peça é composta por um diaporama de uma só imagem, uma composição que reúne fotografias de olhos animais e humanos com catara-tas profundas. o interior esbranquiçado da retina confere aos olhos uma aparência lunar, e evoca uma imagem não reflexiva fechada em si mesma. o ritmo de passagem dos diapositivos é ditado pela cadência de piscar de olhos registada no visionamento prolongado desta imagem. moondog (1916−1999) foi um lendário músico de rua americano cego.

2Círculo solar, 2012 Instalação vídeo, ecrã 16:9, vídeo digital, cor, som estéreo Música: Sun Circle, For Yoshi Wada

um vídeo de tom épico é projectado sobre um ecrã negro suspenso. A área da projecção é maior do que a superfície do ecrã, e a imagem estende-se, assim, para lá dele, emoldurando-o numa sombra negra. o ecrã assume a dupla função de receptáculo de imagens e gerador de sombra (com as proporções do monólito): algo para além da imagem. em dois momentos da peça, a ima-gem apaga-se. o ecrã surge, então, como corporização monolítica de uma sombra.Círculo solar revisita a ideia do ecrã enquanto monólito, explícita na peça Intermission (2006).

3Le Moiré, 2010Projecção vídeo, DVD (PAL), ecrã em vidro, cor, som mono, loop100 × 70 cm (dimensão da projecção)

no filme Pour le mistral (1965), o realizador Joris ivens procura capturar o vento. depois de ter concluído o filme, ivens admitiu ter falhado, uma vez que apenas conseguiu captar o mistral através dos seus efeitos secundários.Le Moiré é uma nova tentativa de registar o vento, e de posteriormente o soltar aquando da projecção da sua imagem. o vídeo de uma palmeira assolada pelo vento, filmado na Bretanha, é projectado sobre um ecrã de vidro pintado com riscas brancas. A peça é instalada num canto, para que a as imagens projectadas formem uma área fechada. o painel de vidro subdivide o cone de luz em dois, criando três superfícies de projecção — a imagem no vidro e as duas projecções con-sequentes que se formam nos cantos. dentro deste espaço concentrado de imagens, o movimento e o som sugerem a formação de vento aprisionado num canto. A sobreposi-ção visual produz colateralmente um efeito óptico apelidado de “moiré”.

1 Moondog, 201080 diapositivos, ecrã em metal, CD, controlador Arion Mirage 901 82 × 54 × 58.5 cm (dimensão da projecção)

o movimento de piscar de olhos é inexis-tente na maior parte dos invisuais, uma vez que a sensibilidade da sua superfície ocular é reduzida. esta peça é composta por um diaporama de uma só imagem, uma composição que reúne fotografias de olhos animais e humanos com catara-tas profundas. o interior esbranquiçado da retina confere aos olhos uma aparência lunar, e evoca uma imagem não reflexiva fechada em si mesma. o ritmo de passagem dos diapositivos é ditado pela cadência de piscar de olhos registada no visionamento prolongado desta imagem. moondog (1916−1999) foi um lendário músico de rua americano cego.

2Círculo solar, 2012 Instalação vídeo, ecrã 16:9, vídeo digital, cor, som estéreo Música: Sun Circle, For Yoshi Wada

um vídeo de tom épico é projectado sobre um ecrã negro suspenso. A área da projecção é maior do que a superfície do ecrã, e a imagem estende-se, assim, para lá dele, emoldurando-o numa sombra negra. o ecrã assume a dupla função de receptáculo de imagens e gerador de sombra (com as proporções do monólito): algo para além da imagem. em dois momentos da peça, a ima-gem apaga-se. o ecrã surge, então, como corporização monolítica de uma sombra.Círculo solar revisita a ideia do ecrã enquanto monólito, explícita na peça Intermission (2006).

3Le Moiré

1Moondog

2Círculo solar

meio concretoAlexandre estrela29 Junho–29 Setembro 2013

ViSitAS guiAdAS

Quinta-feira, 4 Julho, 18h30por ricardo nicolau

Sábado, 20 Julho, 16hpor ricardo nicolau(exclusiva para Amigos de Serralves)

ProJecÇÃo de FiLme / conVerSA com o ArtiStA

Sábado, 14 Setembro, 18h30 (Auditório)Projecção de Viagem ao Meio (Alexandre estrela, 2010)Seguida de uma conversa entre o artista e natxo checa

Viagem ao Meio é uma projecção que sobrepõe um filme e um vídeo. Ambos registam uma viagem ao interior de um túnel com duzentos metros de comprimento escavado no interior de um vulcão nos Açores, para evitar cheias. o filme, rodado sem câmara, fazendo desenrolar uma bobina de 600 metros de película positiva de 16 mm, registou o percurso entre o centro e a saída do vulcão; o vídeo registou o percurso total.

todas as obras em exposição são cortesia do artista.Por indicação expressa do artista, os textos aqui reproduzidos respeitam a ortografia anterior ao Acordo ortográfico de 1990.

Apoio institucional mecenas exclusivo do museu

Seguradora oficial: Fidelidade–companhia de Seguros, S.A.

Apoio: Sugestões & opções–catering de eventos

Fundação de Serralvesrua d. João de castro, 210 4150-417 Porto (Parque: entrada pelo Largo d. João iii, junto da escola Francesa)

t 808 200 543e [email protected] www.serralves.pt

roteiro dos dias pares

A exposição desdobra-se em dois percursos, nos quais são activadas diferentes peças, consoante o dia em que a visitemos seja par ou ímpar.

meio concretoAlexandre estrela29 Junho–29 Setembro 2013

ViSitAS guiAdAS

Quinta-feira, 4 Julho, 18h30por ricardo nicolau

Sábado, 20 Julho, 16hpor ricardo nicolau(exclusiva para Amigos de Serralves)

ProJecÇÃo de FiLme / conVerSA com o ArtiStA

Sábado, 14 Setembro, 18h30 (Auditório)Projecção de Viagem ao Meio (Alexandre estrela, 2010)Seguida de uma conversa entre o artista e natxo checa

Viagem ao Meio é uma projecção que sobrepõe um filme e um vídeo. Ambos registam uma viagem ao interior de um túnel com duzentos metros de comprimento escavado no interior de um vulcão nos Açores, para evitar cheias. o filme, rodado sem câmara, fazendo desenrolar uma bobina de 600 metros de película positiva de 16 mm, registou o percurso entre o centro e a saída do vulcão; o vídeo registou o percurso total.

todas as obras em exposição são cortesia do artista.Por indicação expressa do artista, os textos aqui reproduzidos respeitam a ortografia anterior ao Acordo ortográfico de 1990.

Apoio institucional mecenas exclusivo do museu

Seguradora oficial: Fidelidade–companhia de Seguros, S.A.

Apoio: Sugestões & opções–catering de eventos

Fundação de Serralvesrua d. João de castro, 210 4150-417 Porto (Parque: entrada pelo Largo d. João iii, junto da escola Francesa)

t 808 200 543e [email protected] www.serralves.pt

Setembro

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