32
A arquitectura gótica

1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

A arquitectura gótica

Page 2: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

O GóticoConstruída em louvor de Deus e dos homens, a arquitectura religiosa tem como sua representação máxima a catedral, símbolo da fé e da cidade onde era erigida.

Os seus pináculos e agulhas elevam-se para o alto, encarnando o novo pensamento teológico dos intelectuais da época.

Estes haviam começado a valorizar a razão humana como reflexo da inteligência divina, única fonte da luz, isto é, de todo o conhecimento e de toda a sabedoria.

Por isso, Deus era a luz que, quando descia sobre as criaturas, as inundava da Sua graça e virtude. Através da luz de Deus, as almas elevavam o seu espírito até Ele.

Vitrais de

uma

rosácea da

Catedral

de Notre

Dame,

Paris,

1163-1245

Raios solares

filtrados por

uma rosácea

da Catedral

de Metz,

França.

Page 3: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

A catedral gótica é expressão da cidade e da renovação económica:

• arte urbana, por excelência, o gótico é contemporâneo e produto do

ressurgimento urbano e do desenvolvimento

económico europeu nos séculos XII-XIII;

• reflecte a riqueza, o prestígio e a capacidade técnica e empreendedora das

cidades;

• a sua construção constituía um motivo de orgulho para as cidades, que

competiam entre si na construção, em altura, de belos e sumptuosos edifícios;

• igreja do bispo, tornou-se o símbolo do poder espiritual e temporal da

autoridade religiosa;

• símbolo do poder económico da burguesia mercantil e letrada que financiava

a sua construção e manutenção, contribuindo assim para o engrandecimento

cultural da sua cidade.

Page 4: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

O Gótico

O Gótico nasceu na Île-de-France, nos arredores de Paris, graças a Mestre Suger, abade de Saint-Denis desde 1122.

Suger reconstruiu a igreja abacial de Saint-Denis, entre 1137 e 1144, criando o modelo da arquitectura gótica.

Nave central da abadia de Saint-Denis, Paris, França, 1140-1144.

Page 5: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Abade Suger de Saint-DenisOrigem: Wikipédia (12/4/2010)

Suger (1081-1151) foi abade de Saint-Denis (França), desde 1122 até sua morte. Hábil diplomata, foi conselheiro de Luís VI e de Luís VII e Regente durante a Segunda Cruzada. Numa monografia sobre Suger, Panofsky defende a tese de que este tenha sido muito influenciado pela leitura das obras de Pseudo-Dionísio, o Areopagita. Suger teria encontrado naquelas obras “uma justificação filosófica para toda a sua atitude com respeito à vida e à arte” e, consequentemente, para as intervenções arquitectónicas que realizou, ao conceber o monumento como obra teológica. O Abade Suger, informa-nos Panofsky, ainda, "professava como teólogo, proclamava como poeta, e praticava como patrono das artes e organizador de espectáculos litúrgicos", a abordagem anagógica, (o método que eleva, que provoca o êxtase místico, o arrebatamento da alma na contemplação das coisas divinas) no sentido empregado pelo Pseudo-Areopagita.É considerado o primeiro mestre-de-obras da arquitectura gótica, pelas inovações promovidas na Basílica de Saint-Denis.

Fachada ocidental

da abadia de Saint-

Denis, Paris,

França, 1140-1144.

O abade Suger numa

iluminura da época

Page 6: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Abadia de Saint-Denis, vista do transepto, Paris, França, 1140-1144.

Page 7: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

O Gótico

O Gótico exprimiu-se sobretudo na arquitectura (à qual se submeteram as artes plásticas), caracterizando-se pela inovação das técnicas e processos construtivos –o arco quebrado, a abóbada de ogivas e os arcobotantes – e definindo uma nova concepção de espaço e de luz.

Page 8: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Arco quebrado

O arco quebrado é formado por dois segmentos de círculo que se intersectam e, por ter uma maior verticalidade, faz com que as cargas exercidas sejam menores que as do arco de volta perfeita.

Mais dinâmico que o estático arco redondo do românico, e exercendo menores pressões laterais, o arco em ogiva, quebrado ou apontado, possibilitou a construção de abóbadas – de cruz ou cruzaria - , que permitiu uma melhor articulação dos panos murais que as enchiam, conseguindo uma mais eficiente distribuição das forças que exercem sobre os pilares e paredes da construção.

Arco ogival ou quebrado

Uma das portas da

fachada ocidental da

Catedral de Amiens,

França, século XIII.

Page 9: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Abóbadas de cruzaria de ogivas

A abóbada de cruzaria de ogivas é formada por dois arcos quebrados que se cruzam na diagonal e transmitem o impulso a quatro pontos.

As abóbadas, inicialmente com quatro panos, subdividiram-se e chegaram a ter dezasseis, resultando isso numa melhor distribuição das forças através das nervuras e destas para os pilares de sustentação.

Funciona como um esqueleto de pedra que pode ser preenchido com materiais mais ligeiros.

Representação esquemática de uma

abóbada de cruzaria sexpartida.

Abóbada de cruzaria de ogivas da

Abadia de Beverley, Inglaterra.

Page 10: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Abóbadas de cruzaria de ogivasAssim, a abóbada gótica é menos pesada do que a românica e permite maior flexibilidade para adaptação a qualquer espaço.

Mais leves e fáceis de sustentar, as abóbadas ogivais elevaram-se cada vez mais, o que agradou à estética da época.

Todo o peso da abóbada é descarregado nas nervuras e conduzido aos pilares (no interior) e aos arcobotantes (no exterior).

Abóbada estrelada (Capela do

Fundador, Mosteiro da Batalha,

séc. XV.)

Abóbada de terceletes, (Igreja de

Santa Maria, Guadalajara,

Espanha, séc. XVI.)Abóbada de leques (Kings

College, Cambridge, sécs. XV-

XVI.)

Page 11: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

ArcobotantesA maior altura das abóbadas obrigou a reforçar os apoios exteriores com contrafortes mais esbeltos e elegantes, formados por um elemento maciço vertical adossado às paredes exteriores das naves laterais – o botaréu – e pelos arcobotantes.

O arcobotante é um arco de descarga que transmite o impulso da abóbada para o exterior, mas sem o neutralizar, pelo que necessita de um contraforte para levar esse esforço ao solo.

O arcobotante transfere para o exterior as pressões das abóbadas, permitindo construir naves mais altas sem pôr em perigo a sua estabilidade.

Arcobotantes da catedral de Estrasburgo, séc. XIII.

Page 12: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Arcobotantes

Catedral de Notre-Dame, Paris, 1163-1245. Esta catedral foi a primeira a beneficiar de

arcobotantes duplos, cuja invenção terá ocorrido cerca de 1180, durante a sua construção.

Page 13: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

A “substituição” das paredes por vitrais

As paredes, perdendo a sua habitual função de suporte , servem de simples enchimento sendo substituídas por vitrais.

A rivalidade entre as cidades estimulou, também, os arquitectos a elevar cada vez mais as naves das suas catedrais.

Catedral de Notre-

Dame, Paris,

1163-1245.

Page 14: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

O “Gótico Primitivo”Desenvolvido na Île-de-France (Saint-Denis e Notre-Dame de Paris), corresponde ao período de 1140-1190 e apresenta as seguintes características:

– Introdução do sistema estrutural gótico (arco quebrado, abóbada de cruzaria de ogivas e arcobotante);

– A construção de quatro andares compostos por grandes arcadas rasgadas no piso inferior, a tribuna, o trifório e o coroamento por janelas altas.

Catedral de

Notre Dame

de Paris,

fachada, 1163-

1245.

Catedral de Laon, França, nave central, 1190.

Page 15: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

A catedral de Notre Dame de Paris

Catedral de Notre Dame de Paris, planta e lateral sul, 1163-1245.

Page 16: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

O “Gótico Clássico”

• Corresponde aos modelos de Chartres, Reims, Bourges e Amiens, entre 1190 e 1240.

• Consiste num amadurecimento do sistema estrutural gótico, acompanhado de algumas inovações:

– É normalizada a utilização da abóbada de cruzaria de ogivas e do arcobotante;

– A construção aligeira-se e as paredes adelgaçam-se;

– Existem três andares (suprime-se a tribuna, existindo apenas um trifório baixo);

Catedral de Amiens, fachada ocidental e

exterior da cabeceira, 1220-1288.

Page 17: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Catedral de Amiens

Catedral de Amiens, França, planta e nave central, 1220-1288.

Page 18: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

A catedral de Chartres

Catedral de Chartres, França, planta e fachada principal, 1194-1225.

Page 19: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

A catedral de Chartres

Catedral de Chartres, França, vitral do transepto e nave central, 1194-1225.

Page 20: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Catedral de Reims

Catedral de Reims, França, planta e fachada principal, 1211-1299.

Page 22: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

A Sainte-Chapelle,

Paris, 1245-1248.

O “Gótico Radiante”

• Desenvolveu-se aproximadamente entre 1240 e 1350 e corresponde a um período de plena expansão do gótico pela Europa.

O seu protótipo é a Sainte-Chapelle de Paris.

– A decoração adquire uma maior complexidade;

– As janelas altas, cada vez maiores, enchem-se de motivos muito elaborados;

– As grandes rosáceas atingem um grande virtuosismo decorativo.

Page 23: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

La Sainte Chapelle, Paris

La Sainte-Chapelle, Paris, França, 1245-1248

Page 24: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

A catedral de Estrasburgo

Catedral de Estrasburgo, França, iniciada em 1253.

Page 25: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

O “Gótico Flamejante”

• É a última fase do estilo gótico e estende-se aproximadamente de 1350 a 1520, no chamado “Gótico Tardio”.

• Afirma-se sobretudo na França e na Alemanha e caracteriza-se por:

– Intensa decoração de motivos ondulantes, de curvas e contracurvas, e uma luxuriante decoração ornamental;

– A decoração sobrepõe-se à estrutura, numa elaboração crescente de molduras, lintéis e capitéis, cada vez mais fantasiada e desordenada, que acabam por revestir todo o edifício.

Catedral de

Meaux, França,

fachada

principal e

rosácea, sécs

XII a XVI.

Page 26: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Catedral de Troyes

Fachada principal de

catedral de Troyes,

França, sécs. XV e XVI..

Page 27: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Catedral de Milão

Catedral de Milão, Itália, 1385-1485. Exemplo elucidativo dos exageros do tardo-gótico

flamejante. Tem mais de duas mil estátuas e cinquenta e dois pilares, exaustivamente decorados.

Page 28: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Catedral de Salamanca – A decoração Plateresca no “Gótico Tardio”

Catedral de Salamanca, séc. XVI, com decoração plateresca do “Gótico Tardio” espanhol.

É visível a influência árabe na sua decoração.

Page 29: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Inglaterra – Decorated Style• Em Inglaterra desenvolve-se o “Decorated Style” ou “Estilo Curvilíneo”, semelhante

ao “Gótico Radiante”.

Catedral de Lichfield, Inglaterra, fachada principal e nave central, 1200–1340.

Page 30: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Inglaterra – “Gótico Perpendicular”

• O “Gótico Perpendicular”, sécs. XIV e XV, caracteriza-se pela verticalidade excessiva das suas formas.

King’s College, Cambridge,

Inglaterra, 1446-1515.

Page 31: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais

Catedral de Salisbúria

Catedral de Salisbúria, Inglaterra, , 1220-1226, exemplo perfeito do “perpendicular style”,

influenciada pelo despojamento e austeridade da Ordem de Cister.

Page 32: 1. A Arquitectura Gótica, as catedrais