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1 AFINAL, QUAIS DISCURSOS OS JORNAIS DE PORTO ALEGRE PRODUZEM SOBRE O “CRACK”? Porto Alegre, novembro de 2009

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AFINAL, QUAIS DISCURSOS OS JORNAIS DE PORTO ALEGRE

PRODUZEM SOBRE O “CRACK”? Porto Alegre, novembro de 2009

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Grupo de pesquisa

BRUNA MAIA OSTERMANN CARLA GARCIA BOTTEGA

EDSON MURLIKI BARBOSAIVARLETE GUIMARÃES DE FRANÇA

JULIANA CIDADE KARLA GOMES NUNES

LILIANA FAGUAGA RAUBER LUCIO FERNANDO GARCIA

SILVIA GIUGLIANI

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Contexto da pesquisa O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul tem se

implicado com o campo das políticas públicas, especialmente na área da saúde coletiva, na qual o tema do álcool e outras drogas é recorrente nas discussões;

No VI Congresso Nacional de Psicologia, realizado em 2007, foi debatida a necessidade do Sistema Conselhos de Psicologia se comprometer com esta temática;

Em 2009, a rede CREPOP pesquisou atuação profissional dos

psicólogos nas políticas públicas sobre álcool e outras drogas;

Ainda esse ano, foi aprovada pela APAF a construção de uma campanha nacional sobre a interface do sofrimento psíquico com o uso abusivo de álcool e outras drogas.

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Diante do contexto social e político do Rio Grande do Sul e sabendo que é possível a mídia agendar os assuntos dos quais a sociedade deve se ocupar, em maio foi constituído um grupo interdisciplinar disposto a problematizar os discursos da mídia sobre álcool e as outras drogas, tendo em vista a ampla abrangência dos meios de comunicação na atualidade e a importância do discurso da mídia nos processos de subjetivação e na constituição de realidades.

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Problematizar os discursos produzidos pela mídia em Porto Alegre sobre o álcool e outras drogas, através da análise de quatro jornais impressos e de grande circulação na capital.

Objetivo geral:

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Método

• Foi realizado um clipping de quatro jornais de grande circulação na capital do estado do Rio Grande do Sul no período de 29 de maio a 29 de julho de 2009, sendo eles: Correio do Povo, Jornal do Comércio, O Sul e Zero Hora.

• Busca a notícias sobre álcool e outras drogas.

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Materiais de pesquisa• todos os textos sobre o tema foram selecionados

e classificados conforme o gênero jornalístico, a editoria, o caderno, a localização na página, o autor e o uso de imagens. Com vistas a mensurar a importância dada pelos diferentes jornais ao tema pesquisado, os veículos foram identificados nas folhas de registro. Essa primeira análise evidenciou que o “crack” tem repercutido de diferentes maneiras nos jornais pesquisados, fazendo parte, recorrentemente, tanto das pautas jornalísticas quanto do cotidiano dos leitores.

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• Em um segundo momento, as análises se voltaram para os atores autorizados pela mídia a falar sobre o assunto, para o lugar a partir de onde falam, para as saídas apontadas para “a epidemia do crack” e, principalmente, buscou-se explicitar ‘quais’ sujeitos são constituídos como aqueles que fazem uso de crack e ‘como’ os mesmos são constituídos discursivamente nas páginas dos jornais.

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Quem fala?

• Autoridades policiais;• Representantes do poder judiciário;• Médicos psiquiatras;• Sociedade civil (proprietários de comunidades

terapêuticas;• Gestores (médicos);• Empresa jornalística;• Leitores (aposentados, professores).

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Títulos O que fala? Qual o sujeito constitui? Quais saídas são apontadas?

•A lei do crack e o crack da lei

Danos cerebrais causados pelo crack

O dependente de crack já não sofre. Ele deixa de ser humano, age como animal, instintivamente.

Construção de centros de tratamento compulsório

Lixo demolidor

Chegada do crack nas favelas do RS e SP

Crianças que já se perderam engolfadas pela fumaça nojenta e bandida

Cuidar, avisar, ensinar e impedir que seja tocado quem ainda não escorregou

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Títulos O que fala? Qual o sujeito constitui? Quais saídas são apontadas?

Não ao crack! Aponta que o poder público e o sistema de saúde não dispõe de alternativas para o atendimento dos usuários.Carências do sistema público de saúde.

Exércitos de zumbis que perambulam pelas calçadas escuras movidos unicamente pela pedra maldita. Nem parecem mais seres humanos, são farrapos de gente, pessoas que renunciaram à saúde, à vaidade, e à dignidade.Jovens que experimentam a droga tornam-se dependentes quase que instantaneamente, são capazes de qualquer coisa pra obtê-la. Dor, prostituição, assassinatos, famílias destruídas, seres humanos degradados.

“A solução depende de todos nós, da nossa capacidade de enfrentar o problema, do nosso poder de organização, da nossa vontade de lutar pelas pessoas que amamos, da nossa capacidade de dizer não a essa droga maldita”.

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Títulos O que fala? Qual o sujeito constitui? Quais saídas são apontadas?

Droga que se tornou epidemia no RS é tema de campanha em jornais, rádios, TVs e internet. Crack nem pensar

Aumento do número de usuários que passará de 50 mil para 300 mil em três anos. Campanha que reunirá especialistas para debater assunto

Dependência profunda e imediata, deteriora o corpo e compromete a vida social. Acredita-se que a busca desesperada pela droga e as desavenças envolvendo o trafico respondam por 60% dos crimes registrados pela polícia.

Campanha da mídia, hospital psiquiátrico, comunidade terapêutica, repressão

Mutirão contra a pedra da morte. Especialistas conclamam sociedade a se unir contra epidemia do crack

Os especialistas reconhecem a incapacidade do poder público em fazer frente à epidemia sem o engajamento de toda a sociedade.

50 mil gaúchos condenados

Aumentar a consciência da opinião pública

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Discussão preliminar dos resultados

• Os discursos sobre o crack interpelam a população a tomar atitudes;

• O poder público é descrito como incapaz de resolver a “epidemia do crack”;

• Os usuários são constituídos como não humanos e como uma população que deve ser retirada compulsoriamente do meio social.

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Discussão preliminar dos resultados

• Nos materiais analisados não há referência a redução de danos;

• Não há referência às desigualdades sociais e desigualdades de acesso às quais muitos brasileiros estão expostos;

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Discussão dos resultados

Considerações iniciais

Conforme os pressupostos de Michel Foucault e de outros pensadores no campo dos estudos culturais, o discurso está para além da descrição e da informação. Ele também constitui realidades e interfere nos modos como o sujeito pensa sobre si e sobre o mundo.

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Permanece essa e outras questões:

• Quais efeitos os discursos produzidos pela mídia, em Porto Alegre, pretendem produzir ao agendar o crack como um assunto a ser discutido?

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Obrigada! 3334-6799