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1. DEFINIÇÃO Os aglomerantes são definidos como produtos empregados na construção civil para fixar ou aglomerar outros materiais entre si. Geralmente são materiais em forma de pó, também chamados de pulverulentos que, misturados com a água, formam uma pasta capaz de endurecer por simples secagem ou devido à ocorrência de reações químicas. Existem alguns termos para definir a mistura de um aglomerante com materiais específicos. Entre eles podemos citar: PASTA = MISTURA DE AGLOMERANTE + ÁGUA ARGAMASSA = MISTURA DE AGLOMERANTE + AGREGADO MÍUDO + ÁGUA CONCRETO = AGLOMERANTE + AGREGADO MÍUDO + AGREGADO GRAÚDO + ÁGUA 2. CLASSIFICAÇÃO Os aglomerantes podem ser divididos em diferentes classes de acordo com sua composição e mecanismo de endurecimento. De acordo com o mecanismo de endurecimento, os aglomerantes podem ser classificados em: 2.1. AGLOMERANTES QUIMICAMENTE INERTES: Seu endurecimento ocorre devido à secagem do material. A argila é um exemplo de aglomerante inerte. 2.2. AGLOMERANTES QUIMICAMENTE ATIVOS: Seu endurecimento se dá por meio de reações químicas. É o caso da cal e do cimento. Os aglomerantes quimicamente ativos são subdivididos em dois grupos: 2.2.1. AGLOMERANTES AÉREOS:

1-Apostila Materiais - Aglomerantes

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Apostila sobre aglomerantes para construção Civil

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  • 1. DEFINIO

    Os aglomerantes so definidos como produtos empregados na construo civil para fixar ou

    aglomerar outros materiais entre si. Geralmente so materiais em forma de p, tambm

    chamados de pulverulentos que, misturados com a gua, formam uma pasta capaz de

    endurecer por simples secagem ou devido ocorrncia de reaes qumicas.

    Existem alguns termos para definir a mistura de um aglomerante com materiais especficos.

    Entre eles podemos citar:

    PASTA = MISTURA DE AGLOMERANTE + GUA

    ARGAMASSA = MISTURA DE AGLOMERANTE + AGREGADO MUDO + GUA

    CONCRETO = AGLOMERANTE + AGREGADO MUDO + AGREGADO GRADO + GUA

    2. CLASSIFICAO

    Os aglomerantes podem ser divididos em diferentes classes de acordo com sua composio e

    mecanismo de endurecimento.

    De acordo com o mecanismo de endurecimento, os aglomerantes podem ser classificados em:

    2.1. AGLOMERANTES QUIMICAMENTE INERTES:

    Seu endurecimento ocorre devido secagem do material. A argila um exemplo de

    aglomerante inerte.

    2.2. AGLOMERANTES QUIMICAMENTE ATIVOS:

    Seu endurecimento se d por meio de reaes qumicas. o caso da cal e do cimento.

    Os aglomerantes quimicamente ativos so subdivididos em dois grupos:

    2.2.1. AGLOMERANTES AREOS:

  • So aqueles que conservam suas propriedades e processam seu endurecimento somente na

    presena de ar. Como exemplo deste tipo de aglomerante, temos o gesso e a cal.

    2.2.2. AGLOMERANTES HIDRULICOS:

    Caracterizados por conservarem suas propriedades em presena de ar e gua, mas seu

    endurecimento ocorre sob influncia exclusiva da gua. O cimento o principal aglomerante

    hidrulico utilizado na construo civil.

    Quanto composio, os aglomerantes hidrulicos so classificados em:

    2.2.2.1. AGLOMERANTES SIMPLES:

    So formados por apenas um produto com pequenas adies de outros componentes com o

    objetivo de melhorar algumas caractersticas do produto final. Normalmente as adies no

    ultrapassam 5% em peso do material. O cimento Portland comum um exemplo deste tipo de

    material.

    2.2.2.2. AGLOMERANTES COM ADIO:

    So compostos por um aglomerante simples com adies em quantidades superiores, com o

    objetivo de conferir propriedades especiais ao aglomerante, como menor permeabilidade,

    menor calor de hidratao, menor retrao, entre outras.

    2.2.2.3. AGLOMERANTES COMPOSTOS:

    Formados pela mistura de subprodutos industriais ou produtos de baixo custo com

    aglomerante simples. O resultado um aglomerante com custo de produo relativamente

    mais baixo e com propriedades especficas. Como exemplo, temos o cimento pozolnico, que

    uma mistura do cimento Portland com uma adio chamada pozolana.

    2.3. QUANTO A PEGA

    NO SE DEVE CONFUNDIR PEGA COM ENDURECIMENTO.

  • O fim da pega significa que a pasta no pode mais ser manuseada e, terminada essa fase,

    inicia o endurecimento. Apesar de no fim da pega a pasta j ter alguma resistncia, durante

    o endurecimento que os ganhos de resistncia so significativos.

    De acordo com o tempo que o aglomerante desenvolve a pega na pasta, podemos classific-

    lo em:

    2.3.1. AGLOMERANTE DE PEGA RPIDA:

    Quando a pasta inicia sua solidificao num intervalo de tempo inferior a 30

    minutos.

    2.3.2. AGLOMERANTE DE PEGA SEMIRRPIDA:

    Quando a pasta inicia sua solidificao num intervalo de tempo entre 30 a 60

    minutos.

    2.3.3. AGLOMERANTE DE PEGA NORMAL:

    Quando a solidificao da pasta ocorre num intervalo de tempo entre 60 minutos

    e 6 horas.

    3. GESSO

  • O gesso um aglomerante obtido a partir da eliminao parcial ou total da gua de

    cristalizao contida em uma rocha natural chamada gipsita, que ocorre na natureza em

    camadas estratificadas.

    A obteno ocorre por meio de 3 etapas:

    A extrao da rocha,

    A diminuio de tamanho da mesma por processos de triturao

    E a queima do material.

    A ltima etapa tambm conhecida como calcinao e consiste em expor a rocha a

    temperaturas que podem variar de 100 a 300C, obtendo como resultado o gesso com

    desprendimento de vapor dgua. De acordo com a temperatura de queima podem resultar

    diferentes tipos de produtos. O processo de queima da gipsita normalmente feito em fornos

    rotativos e pode ser resumido na equao qumica a seguir:

    Normalmente, o gesso possui tempo de pega entre 15 e 20 minutos.

    As pastas de gesso, depois de endurecidas, atingem resistncia compresso entre 5

    e 15 Mpa.

    As argamassas de gesso aderem bem s superfcies speras exceto as pedras e as

    madeiras.

    As argamassas de gesso e cimento so incompatveis, reagem entre si formando

    compostos expansivos (etringita).

    A umidade e o calor atacam e desagregam as argamassas de gesso.

    As argamassas de gesso acartonado ou reforados com fibra so timos isolantes

    trmicos e acsticos.

    Do beleza ao ambiente permitindo acabamentos diversos.

    Oxidam o ao.

    O gesso no sofre retrao.

    S pode ser aplicado em ambientes internos.

    Resistem bem compresso.

  • utilizado principalmente como material de acabamento em interiores, para obteno de

    superfcies lisas, podendo substituir a massa corrida e a massa fina. Nesse caso, pode ser

    utilizado puro (apenas misturado com gua) ou em misturas com areias, sob forma de

    argamassas.

    Atualmente, o gesso empregado em larga escala no formato de placas, as chamadas

    paredes leves ou drywall. Essas placas so utilizadas em forros, divisrias, para dar

    acabamento em uma parede de alvenaria bruta ou em mal esta- do, ou para melhorar os

    ndices de vedaes trmicos ou acsticos do ambiente em que for empregado.

    Por ser um aglomerante areo, no se presta para a aplicao em ambientes externos

    devido baixa resistncia em presena da gua.

    4. CAL

    A cal obtida a partir da calcinao da rocha calcria, composta principalmente por xidos

    de clcio e pequenas quantidades de impurezas como xidos de magnsio, slica, xidos de

    ferro e xidos de alu- mnio. O processo de fabricao consiste resumidamente na extrao

    da rocha e queima (calcinao).

    O produto da queima chamado de cal viva ou virgem. A obteno da cal virgem pode ser

    expressa pela seguinte equao qumica.

    O produto resultante da calcinao formado predominantemente por xido de clcio

    (CaO), mas para ser utilizada como aglomerante a cal precisa ser transformada em

    hidrxido, o que se consegue com a adio de gua. A adio de gua em obra chamada

    de extino e o produto resultante a cal extinta. Quando esse processo realizado ainda

    em fbrica tem-se a cal hidratada, como estudaremos mais adiante. A equao qumica que

    ilustra o processo de extino apresentada abaixo.

  • A cal viva ou virgem normalmente apresenta-se em forma de gros de grande tamanho e

    estrutura porosa ou em p. J a cal hidratada encontrada em forma de flocos ou em p.

    Ambas apresentam a colorao branca.

    As caratersticas da rocha de origem influenciam diretamente a composio qumica da cal.

    Quanto composio, a cal pode ser classificada em:

    CAL CLCICA: composta por no mnimo 75% de xidos de clcio (CaO). Esse tipo de

    cal possui como caraterstica a maior capacidade de sustentao da areia.

    CAL MAGNESIANA: possui no mnimo 20% de xidos de magnsio (MgO) em sua

    composio. Quando utilizada em argamassas, esse tipo de cal d origem a misturas

    mais trabalhveis.

    Como vimos anteriormente, a adio de gua cal feita em obra chamada de extino.

    Esse processo feito em tanques prprios e quando a gua adicionada inicia-se uma

    reao onde h liberao de calor. Na variedade clcica, a reao violenta, com grande

    liberao de calor, podendo atingir temperaturas da ordem de 400 em tanques fechados.

    Na variedade magnesiana, a reao mais lenta, com menor gerao de calor.

    Alm do desprendimento de calor, a extino da cal tem como consequncia o aumento de

    volume da pasta, tambm chamado de rendimento. Determinado pela seguinte equao:

    Classificao quanto ao rendimento da cal:

  • CAL GORDA: possui rendimento superior a 1,82, ou seja, uma unidade de volume de

    cal d origem a mais de 1,82 unidades de volume de pasta. A variedade clcica um

    exemplo de cal gorda.

    CAL MAGRA: possui rendimento inferior a 1,82; ou seja, uma unidade de volume de

    cal d origem a menos de 1,82 unidades de volume de pasta. A cal magnesiana um

    exemplo de cal magra.

    Aps a adio de gua, a mistura deixada em repouso num processo conhecido como

    envelhecimento da pasta. O perodo de envelhecimento varia de acordo com o formato do

    material:

    CAL EM PEDRA: o perodo de envelhecimento varia de 7 a 10 dias, quando a

    variedade clcica e 2 semanas para a cal magnesiana.

    CAL EM P: o perodo de envelhecimento mnimo de 24 horas.

    Aps o processo de extino, a cal utilizada na composio de argamassas sendo misturada

    em propores adequadas com cimento e areia. As argamassas de cal tm consistncia mais

    ou menos plstica e endurecem por recombinao do hidrxido com o gs carbnico (CO2)

    do ar, reconstituindo o carbonato original, cujos cristais formados ligam de maneira

    permanente os gros do agregado utilizado. Dessa forma, o endurecimento das argamassas

    de cal se processa de fora para den- tro, exigindo certa porosidade que permita a

    evaporao da gua e a penetrao do gs carbnico.

    A cal hidratada difere da virgem por seu processo de hidratao ser feito em usina. A cal

    viva moda e pulverizada e o material modo misturado com uma quantidade exata de

  • gua. Aps, a cal hidratada separada da no hidratada e de impurezas, por processos

    diversos.

    A cal hidratada possui como vantagens a maior facilidade de manuseio, transporte a

    armazenamento, alm de maior segurana, principalmente quanto a queimaduras, pois o

    produto encontra-se pronto para ser usado, eliminando as operaes de extino e

    envelhecimento. Oliveira (2008) aponta como desvantagens da cal hidratada o menor

    rendimento, a menor capacidade de sustentao da areia e o fato de as misturas, onde

    empregada, resultarem em argamassas menos trabalhveis.

    A cal hidratada pode ser encontrada em diversas embalagens: 8kg, 20kg, 25kg ou 40kg.

    Normalmente esto disponveis no mercado trs tipos de material:

    CH I : Cal hidratada especial (tipo I);

    CH II : Cal hidratada comum (tipo II);

    CH III : Cal hidratada com carbonatos (tipo III)

    A nomenclatura diferenciada consequncia das diferentes propriedades qumicas e fsicas

    de cada produto. As cales do tipo CHI e CHII so as mais empregadas na construo civil por

    possurem maior capacidade de reteno de gua e de areia, tornando-as mais econmicas.

    Na construo civil, a cal utilizada principalmente em argamassas de assentamento e

    revestimento, pinturas, misturas asflticas, estabilizao de solos, fabricao de blocos slico-

    calcrios, indstria metalrgica, etc. A adio de cal s argamassas proporciona melhorias em

    muitas caractersticas da mistura. O uso da cal propicia o aumento de trabalhabilidade da

    mistura, o que tambm contribui para tornar as argamassas mais econmicas pela

    possibilidade de aumento na quantidade de agregados. O custo reduzido da cal tambm

    contribui para tornar seu uso atrativo.

    5. CIMENTO

    O cimento um aglomerante hidrulico produzido a partir de uma mistura de rocha calcria

    e argila. A calcinao dessa mistura d origem ao clnquer, um produto de natureza

    granulosa, cuja composio qumica constituda essencialmente de silicatos hidrulicos de

    clcio, com certa proporo de outras substncias que modificam suas propriedades ou

    facilitam seu emprego.

  • Entre os constituintes fundamentais do cimento (95 a 96%) podemos citar:

    Cal (CaO);

    Slica (SiO2);

    Alumina (Al2O3)

    xido de Ferro (Fe2O3)

    Magnsia (MgO) em proporo mxima de 5%

    Impurezas

    A mistura dessas matrias-primas e a exposio temperatura de fuso do origem ao

    clnquer. Como consequncia desse processo, ocorrem combinaes qumicas que resultam na

    formao dos seguintes compostos, cujas propores influenciam diretamente nas

    propriedades do cimento:

    SILICATO TRICLCICO (C3S): esse componente contribui para a resistncia da pasta em

    todas as idades. O cimento, ao ser misturado com a gua, comea a sofrer reaes qumicas,

    fenmeno que chamamos de hidratao. Durante a hidratao do cimento h liberao de

    certa quantidade de calor, chamado calor de hidratao, o qual ser aborda- do mais

    adiante. O silicato triclcico um dos componentes que mais libera calor durante as reaes

    de hidratao do cimento.

    SILICATO BICLCIO (C2S): contribui para o endurecimento da pasta em idades avanadas

    e contribui pouco para a liberao de calor na hidratao do cimento.

    ALUMINATO TRICLCICO (C3A): contribui para a resistncia no primeiro dia, para a

    rapidez de pega e o componente que mais libera calor na reao de hidratao;

    FERROALUMINATO DE CLCIO (C4AFE): apresenta pouca influncia nas caratersticas

    da pasta.

    De acordo com a ABCP (2011) o processo de fabricao do cimento passa pelas seguintes

    etapas: extrao, britagem e depsito das rochas, mistura das matrias-primas,

    homogeneizao, queima, resfriamento, adies e moagem. Como mencionado no incio deste

    texto, o cimento tem como principais matrias-primas a rocha calcria e a argila. Ambos os

    materiais so extrados de depsitos naturais chamados jazidas e, no caso da rocha

  • calcria, necessrio realizar um processo de britagem aps a extrao para reduzir as

    dimenses do material ao tamanho adequado.

    Em seguida, as matrias-primas so armazenadas em local especfico de onde so

    encaminhadas para a dosagem, que consiste em realizar a mistura da rocha calcria e da

    argila em propores adequadas. Essa primeira mistura chamada de farinha crua e

    encaminhada a moinhos especficos para a reduo do tamanho dos gros e homogeneizao

    do material. Para aperfeioar a mistura de seus componentes, a farinha pode ainda passar

    por estruturas verticais, chamadas silos de homogeneizao que realizam a mistura dos

    materiais por processos pneumticos e de gravidade.

    A seguir a mistura encaminhada a fornos rotativos, onde ocorre a queima do material,

    processo conhecido como clinquerizao e realizado a temperaturas da ordem de 1400C. O

    resultado desta queima o clnquer, que ao sair do forno encaminhado ao processo de

    resfriamento.

    Como estudaremos mais adiante, o cimento pode ser composto por outros materiais alm do

    clnquer. Esses materiais, chamados de adies, so produtos geralmente de baixo custo que

    melhoram algumas propriedades do cimento, alm de baratear o custo de produo. Aps o

    resfriamento so feitas as adies necessrias ao clnquer e essa nova mistura de materiais

    encaminhada ao processo de moagem, onde o material transformado em p. O cimento

    resultante da moagem avaliado segundo alguns critrios de qualidade e aps essa

    avaliao est pronto para a comercializao. Uma ilustrao resumida do processo

    apresentada na figura E.3.

  • O processo de produo descrito tem influncia sobre algumas propriedades fsicas e

    qumicas do cimento que explicam o comportamento do produto quando de sua aplicao.

    Entre as principais caratersticas fsicas do cimento est a finura, que corresponde ao tamanho

    dos gros ou superfcie especfica do cimento. Em resumo, a finura uma propriedade que

    influencia diretamente a velocidade da reao de hidratao do cimento, pois a hidratao

    ocorre em funo do contato do cimento com a gua. Quanto maior a finura, menor ser o

    tamanho do gro do cimento, maior ser a superfcie exposta e, portanto, maior a

    velocidade de reao.

    Difcil de entender? Vamos imaginar o seguinte: voc tem duas caixas do mesmo tamanho e

    vamos cham-las de caixa A e caixa B. A caixa A est cheia de bolas com 20 cm de

    dimetro e a caixa B est cheia de bolas com 10 cm de dimetro. Se voc tivesse que

    encapar com um plstico cada uma das bolas das duas caixas, em qual caixa voc gastaria

    mais plstico?

  • Provavelmente voc gastaria mais plstico para encapar as bolas da caixa B, pois como o

    dimetro delas menor, h mais bolas na caixa. Dessa forma, apesar do dimetro ser

    menor, a rea de exposio das bolas que seria recoberta com plstico maior na caixa B

    do que na caixa A. Alm disso, na caixa B h menos espaos vazios entre uma bola e outra, o

    que contribui para aumentar a quantidade de bolas que iro caber na caixa. Da mesma

    forma acontece com o cimento: quanto menor o tamanho do gro, maior a superfcie exposta,

    pois h mais gros e menos espaos vazios e quanto maior a superfcie exposta, mais

    rpido a gua consegue entrar em contato com cada gro, o que acelera o processo de

    hidratao do cimento. Ficou mais fcil entender?

    Dessa forma, o aumento da finura do cimento tambm contribui para o aumento da

    resistncia, da trabalhabilidade e da coeso de concretos e, em funo da menor quantidade

    de espaos vazios, aumenta a impermeabilidade de argamassa e concreto e diminui o

    fenmeno de exsudao.

    MAS O QUE EXSUDAO?

    Voc j reparou que depois de algum tempo dentro da frma o concreto fica com a superfcie

    brilhante? Isso ocorre porque o concreto uma mistura de cimento, agregados e gua. Esses

    componentes tm densidades diferentes e por mais que estejam bem misturados existe uma

    tendncia dos materiais mais pesados descerem e os mais leves subirem. Por essa razo, h no

    concreto uma movimentao dos gros de cimento para baixo e afloramento do excesso de

    gua expulso dos espaos ocupados pelo cimento.

    Esse fenmeno chamado de exsudao ou segregao e extremamente prejudicial ao

    concreto, pois ao se deslocar superfcie da mistura a gua percorre caminhos dentro da

    pasta que aumentam a permeabilidade da mesma, o que contribui para reduzir a resistncia

    do concreto. Alm disso, uma maior concentrao de gua na superfcie deixa a pasta mais

    diluda, o que tambm prejudica a resistncia. O fenmeno da exsudao pode ser diminudo

    com o aumento da finura do cimento, pois quanto mais fino o cimento, menor o nmero de

    espaos vazios, o que dificulta o caminho da gua para a superfcie do concreto.

    Entre as caractersticas qumicas do cimento a que merece destaque o calor de hidratao,

    j mencionado anteriormente. Quando o cimento entra em contato com a gua comeam as

    reaes de hidratao que liberam calor. Quando as reaes diminuem de intensidade, o

    calor da massa de concreto tambm diminui e h uma tendncia de ocorrer uma contrao do

  • volume de concreto, o que pode levar ao aparecimento de trincas quando a variao de

    temperatura for muito grande.

    Determinados componentes do cimento, como o C3A possuem calor de hidratao mais

    elevado que outros e cimentos com grandes propores desse componente tendem a

    desprender mais calor em seus processos de hidratao.

    Outra caracterstica importante do cimento sua resistncia aos agentes agressivos. guas

    puras, ci- das, salgadas e provenientes de resduos industriais podem atacar o cimento

    hidratado por dissoluo da cal existente e aps, os silicatos e aluminatos. Segundo Oliveira

    (2008) a resistncia do cimento a agentes agressivos pode ser estimada pelo ndice de Vicat,

    calculado pela relao entre a soma das pro- pores de slica e alumina dividida pela

    proporo de cal presente na composio do cimento. Quando o resultado inferior a 1, o

    cimento rico em cal e mais suscetvel ao ataque de agentes agressivos. Quan- do o ndice

    superior a 1, o material pobre em cal e mais resistente aos meios agressivos.

    Portanto, quanto maior a proporo de produtos calcrios na composio do cimento mais

    suscetvel ao ataque de agentes agressivos ser o produto. Dessa forma, cimentos contendo

    adies tm maior probabilidade de resistir ao de guas agressivas.

    Entre as adies mais utilizadas na fabricao do cimento esto:

    ESCRIA DE ALTO FORNO: um produto resultante da fabricao de ferro gusa que se

    forma pela fuso das impurezas contidas no minrio de ferro dentro dos altos-fornos,

    juntamente com a adio de fundentes (calcrio e dolomita) e as cinzas do coque (combustvel

    usado na fuso). O resultado um produto de natureza granular que finamente modo

    adquire propriedades cimentantes e quando adicionado ao cimento contribui na reduo do

    calor de hidratao, da exsudao e da segregao em concretos.

    POZOLANAS: so materiais que sozinhos no possuem a propriedade de aglomerar outros

    materiais entre si, mas quando misturados a outro aglomerante e na presena de umidade

    reagem, formando compostos com propriedades cimentantes. Como exemplos de pozolanas,

    podemos citar as cinzas vulcnicas, algumas rochas gneas, argilas calcinadas, cinzas volantes,

    entre outras. O emprego das pozolanas como adio do cimento melhora a trabalhabilidade

    e resistncia do concreto, alm de aumentar a durabilidade e diminuir a vulnerabilidade aos

    meios agressivos, como ambientes martimos e expostos a sulfatos.

  • Na maioria dos casos o cimento comercializado em sacos de papel contendo 50 kg de

    material ou a granel. De acordo com as adies e com a resistncia compresso mnima que

    atinge em 28 dias, o cimento recebe uma nomenclatura composta das seguintes partes:

    O tipo de cimento representado por nmeros romanos seguidos ou no de letras, de

    acordo com a composio. Um mesmo tipo de cimento pode ter diferentes classes de

    resistncia, representada por um nmero correspondente resistncia em megapascais (Mpa),

    obtida em ensaio especfico. Segundo Oliveira (2008) o ensaio para determinar a classe de

    resistncia do cimento descrito em detalhes na NBR 7215 e de forma resumida consiste em

    moldar amostras (tambm chamadas de corpos-de-prova) de uma argamassa composta por 1

    medida do cimento a ser analisado e 3 medidas de areia.

    As amostras so mantidas em condies adequadas e ensaiadas em idades de 1, 3, 7 e 28

    dias. Os resultados mnimos de resistncia devem ser de 8 Mpa na idade de 3 dias, 15 Mpa na

    idade de 7 dias e 25 Mpa na idade de 28 dias. A resistncia mnima aos 28 dias a classe

    de resistncia do cimento.

    Quanto composio e classe de resistncia, o cimento pode ser dividido em diferentes tipos,

    conforme apresentado a seguir:

    CIMENTO TIPO I (CP I):

    Tambm chamado de Cimento Portland comum. composto em sua maior parte por clnquer,

    contendo uma pequena adio de gesso (aproximadamente 5%) que age como retardador

    da pega. A NBR 5732 a norma que trata deste tipo de cimento e estabelece 3 classes de

    resistncia para o mesmo: 25 Mpa, 32 Mpa e 40 Mpa. Este tipo de cimento tambm pode

    receber adio de pequena quantidade de material pozolnico (1 5%), recebendo a

    denominao de CP I-S. indicado para construes que no necessitem de condies

    especiais e no apresentem exposio a agentes agressivos, como guas subterrneas,

    esgotos, gua do mar e presena de sulfatos. Por utilizar muito clnquer seu custo de produo

    elevado e por isso pouco fabricado.

  • CIMENTO TIPO II (CP II):

    Recebe a adio de materiais de baixo custo o que confere propriedades especiais ao

    cimento. A norma que trata deste tipo de cimento NBR 11578 e as classes de resistncia em

    que o mesmo pode ser fabricado so 25 Mpa, 32 Mpa e 40 Mpa. As adies e aplicaes

    recomendadas para cada tipo desse cimento so apresentadas na tabela abaixo:

    TIPO DE CIMENTO ADIO USOS RECOMENDADOS

    CP II E Adio de escria granulada de alto-forno em propores que variam de 6 a 34% e que confere baixo calor de hidratao ao cimento.

    Estruturas que exijam um desprendimento de calor moderadamente lento e que possam ser atacadas por sulfatos.

    CP II Z Adio de material pozolnico em propores que variam de 6 a 14% o que confere menor permeabilidade pasta onde so aplicados.

    Obras subterrneas, martimas e com presena de gua, pr- moldados, concreto protendido.

    CP II F Adio de material carbontico (tambm chamado de fler) em propores que variam de 6 a 10%

    Obras de concreto armado, argamassa de assentamento e revestimento, pisos e pavimentos, todos em meio no-agressivo.

    CIMENTO TIPO III (CP III):

    Tambm chamado de Cimento Portland de alto-forno, caracteriza-se por conter adio de

    escria em teores que variam de 35% a 70%. Este tipo de cimento confere baixo calor de

    hidratao, maior impermeabilidade e durabilidade e maior resistncia a sulfatos s misturas

    onde empregado. Recomendado para obras de grande porte e sujeitas a condies de alta

    agressividade (barragens, fundaes, tubos para conduo de lquidos agressivos, esgotos e

    efluentes industriais, concretos com agregados reativos, obras submersas, pavimentao de

    estradas, pistas de aeroportos). Por ser recomendado para obras de grande porte e onde

    haver grande consumo frequentemente comercializado granel (no em sacos) e sob

    encomenda. A norma que trata deste cimento a NBR 5735, a qual estabelece trs classes de

    resistncia para este tipo de cimento: 25 Mpa, 32 Mpa e 40 Mpa.

    CIMENTO TIPO IV (CP IV):

    Tambm chamado de Cimento Portland pozolnico, possui adio de pozolana em teores que

    variam de 15% a 50%, que conferem alta impermeabilidade e durabilidade s misturas em

  • que so empregados. recomendado para obras expostas ao de guas correntes e

    ambientes agressivos. Em longo prazo, eleva a resistncia mecnica de concretos, quando os

    mesmo so comparados a concretos similares feitos com cimento comum. fabricado nas

    classes de resistncia de 25 Mpa e 32 Mpa, de acordo com a NBR 5736.

    CIMENTO TIPO V (CP V - ARI):

    Este tipo de cimento confere alta resistncia inicial nas primeiras idades dos concretos onde

    aplicado. O cimento tipo ARI ou alta resistncia inicial, no possui nenhuma adio especial.

    A capacidade de desenvolver a resistncia mais rpido que os demais cimentos resultado

    do processo de fabricao diferenciado, principalmente quanto composio do clnquer,

    que possui um percentual diferenciado de argila, e moagem do material, que mais fina

    quando comparada aos demais cimentos. Como consequncia, a hidratao ocorre de

    maneira mais rpida. indicado para obras em que seja necessria a desforma rpida do

    concreto, na confeco de elementos pr-moldados, blocos, postes, tubos, entre outros. A

    norma que trata deste tipo de cimento a NBR 5733, que estabelece a resistncia mnima

    para ensaios especficos com este tipo de cimento, conforme tabela abaixo:

    Idade Resistncia Mnima

    1 dia 14 MPa

    3 dias 24 MPa

    7 dias 34 MPa

    CIMENTO RESISTENTE A SULFATOS (RS):

    De acordo com a ABCP, qualquer dos cimentos j estudados pode ser resistente a sulfatos,

    desde que se enquadre em alguns requisitos como teor do componente qumico C3A do clnquer

    inferior a 8% e teor de adies carbonticas de no mximo 5%. Os cimentos do tipo alto-forno

    tambm podem ser resistentes a sulfatos quando contiverem entre 60% e 70% de escria

    granulada de alto-forno, em massa. Os cimentos do tipo pozolnico que contiverem entre 25%

    e 40% de material pozolnico em massa tambm apresentam comportamento satisfatrio

    quando expostos ao de guas sulfatadas. O cimento resistente a sulfatos recomendado

    para uso em redes de esgotos de guas servidas ou industriais, gua do mar e em alguns tipos

    de solos, ambientes onde este agente agressivo pode estar presente.

    CIMENTO ALUMINOSO:

  • Resulta do cozimento de uma mistura de bauxita e calcrio. De acordo com Oliveira (2008)

    este tipo de cimento possui pega lenta, porm, alcana altas resistncias em pouco tempo

    (31,5 Mpa em 2 dias; 40 Mpa em 28 dias). A reao de hidratao intensa e desenvolve

    grandes quantidades de calor. Sua principal utilizao como cimento refratrio, resistindo a

    temperaturas superiores a 1.200C, podendo chegar a 1.400C em misturas com agregados

    convenientemente escolhidos. No fabricado no Brasil.

    CIMENTO BRANCO (CPB):

    Possui colorao branca em funo das matrias-primas utilizadas na sua fabricao (caulim

    no lugar da argila), que possuem baixos teores de xido de ferro e mangans. Alm disso,

    so observadas condies especiais durante o processo de fabricao. O cimento branco

    pode ser do tipo estrutural ou no-estrutural. O CPB estrutural utilizado em concretos brancos

    para fins arquitetnicos e fabricado nas classes de resistncia 25 MPa, 32 MPa e 40 Mpa.

    O CPB no estrutural utilizado para rejuntamento de azulejos e aplicaes no estruturais.

    Em ambos os casos, o cimento pode ser associado a pigmentos, o que resulta nos concretos

    coloridos.

    6. CAL HIDRULICA

    A cal hidrulica um aglomerante cujo processo de fabricao muito semelhante ao da cal

    area, ou seja, o material obtido a partir da calcinao de uma rocha calcria. A diferena

    o material de origem: uma rocha calcria que, natural ou artificialmente, contenha uma

    maior proporo de materiais argilosos.

    Assim como a cal area, a cal hidrulica, depois de calcinada, deve passar pelo processo de

    extino. Esse processo deve ser conduzido de maneira adequada, pois assim como

    estudaremos nos cimentos, a cal hidrulica possui silicatos em sua composio. Dessa forma, a

    gua adicionada deve ser suficiente para promover a extino do material sem, no entanto,

    provocar a hidratao precoce dos silicatos.

    Ao ser utilizada como aglomerante e misturada com gua, a cal hidrulica processa seu

    endurecimento atravs de dois tipos de reao. O hidrxido de clcio livre combina-se com o

    CO2 do ar e os compostos de cal e argila hidratam-se formando produtos resistentes

    agua, os quais justificam o fato do material ser classificado como aglomerante hidrulico.

  • Apesar disso, Oliveira (2008) afirma que a cal hidrulica no um produto adequado para

    construes sob a gua, pois sua pega muito lenta. Dessa forma, o produto mais adequado

    a usos de menor agressividade, como na construo de alvenarias.