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22 CAPITULO 1 1 - METODOLOGIA O método de pesquisa foi um “Estudo de Caso”, segundo orientação empírica de produção e descrição do conhecimento mediante uma estratégia de planejamento, preparação, coleta, análise e conclusão de dados (YIN, 2005, p. 21). Esse método permitiu, a partir do tema exposto, observar todos os fatores que o influenciaram e analisando-o em todos os seus aspectos. A base teórico-metodológica que dá sustentação à análise tem como referência o esquema analítico montado por Gil, (1994), Yin, (2005) e Chizzotti (2005). Comenta Yin (2005) que: Como estratégia de pesquisa, utiliza-se o estudo de caso em muitas situações, para contribuir com o conhecimento que temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo, além de outros fenômenos relacionados. De forma não surpreendente, o estudo de caso tem se constituído uma estratégia comum de pesquisa na psicologia, sociologia, ciência política, trabalho social (GILGUN, 1994), administração (GHAURI & GRONHAUG, 2002) e planejamento social. Podem-se encontrar estudo de caso até mesmo na Economia”.

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CAPITULO 1

1 - METODOLOGIA

O método de pesquisa foi um “Estudo de Caso”, segundo orientação empírica de

produção e descrição do conhecimento mediante uma estratégia de planejamento, preparação,

coleta, análise e conclusão de dados (YIN, 2005, p. 21). Esse método permitiu, a partir do

tema exposto, observar todos os fatores que o influenciaram e analisando-o em todos os seus

aspectos.

A base teórico-metodológica que dá sustentação à análise tem como referência o

esquema analítico montado por Gil, (1994), Yin, (2005) e Chizzotti (2005).

Comenta Yin (2005) que:

“Como estratégia de pesquisa, utiliza-se o estudo de caso em muitas

situações, para contribuir com o conhecimento que temos dos

fenômenos individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo,

além de outros fenômenos relacionados. De forma não surpreendente,

o estudo de caso tem se constituído uma estratégia comum de pesquisa

na psicologia, sociologia, ciência política, trabalho social (GILGUN,

1994), administração (GHAURI & GRONHAUG, 2002) e

planejamento social. Podem-se encontrar estudo de caso até mesmo

na Economia”.

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Yin (2005, p.82) argumenta que, “(..) as exigências que um estudo de caso faz em

relação ao intelecto, ao ego e as emoções de uma pessoa são muito maiores do que aqueles de

qualquer outra estratégia de pesquisa”.

Pretendeu-se buscar e exercer em campo a perspectiva de (CHIZZOTTI, 2005, p. 90,

91) a atenção às limitações da prática da observação participante no sentido de que devemos

nos atentar para a distância da verdade objetiva e a verdade vivida, em outras palavras, refletir

sobre a observação dos fenômenos que são objetivos e subjetivos, (GIL. p. 104, 107).

Foram aplicados 31(trinta e um) questionários entre grandes, médios e pequenos

produtores, escolhidos através de dados obtidos pela CODESAV, do universo de 125

criadores de animais ao longo da Rodovia BR 319, do trecho a partir do porto da balsa do

Careiro da Várzea ate a sede do Município Careiro Castanho, que constou de perguntas

referentes às condições socioeconômicas, situação fundiária e ambiental da propriedade e

políticas públicas implementadas (Apêndice 01).

Figura 01 – Aplicação de questionário a criador de animais. Careiro Castanho, 2009.

Fonte - GUIMARÃES, F. C. R., 2009.

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A entrevista estruturada foi utilizada como uma fonte de evidência e seguiu um roteiro

previamente estabelecido, que direcionou o registro e interpretação dos dados. O formulário

constou de um roteiro de perguntas relacionadas à relação do produtor animal com o ambiente

e a forma como interpreta e compreende sua realidade e/ou a realidade da produção animal em

relação com o ambiente onde vive (Apêndice 02).

Figura 02 – Entrevista com produtor de animais

Fonte: GUIMARÃES, M. S. S. S., 2009

Foram realizadas as observações in loco das propriedades de produção animal para a

constatação de informações coletadas a partir de outras fontes da evidência, proporcionando

várias dimensões sobre o fenômeno estudado, não somente as partes como o todo.

Usou-se o registro fotográfico partindo-se do princípio de que os fenômenos de

interesse não são puramente de caráter histórico, encontrar-se-ão disponíveis para observação

alguns comportamentos ou condições ambientais relevantes (YIN, 2005, p. 115).

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Os procedimentos metodológicos corresponderam aos objetivos da pesquisa, a partir

de fontes de evidências de um cenário que detalhou os atores sociais e o contexto real da

pesquisa.

As informações coletadas foram representadas em gráficos e tabelas, para a devida

análise e interpretação dos dados. Essa forma de abordagem é empregada em vários tipos de

pesquisas, inclusive nas descritivas, principalmente quando se busca a relação causa-efeito

entre fenômenos (GONÇALVES, 2005, p. 101).

Os dados coletados foram construídos pelos discursos dos sujeitos sociais. A análise se

deu através da compreensão do discurso enquanto situado em contexto socioeconômico e

ambiental, no qual ocorre, mas que reflete uma visão de mundo. Desse modo, privilegia a

análise qualitativa de pesquisa para realizar “um exame intensivo dos dados, tanto em

amplitude, quanto em profundidade”, na medida em que se atenta para como a população se

pensa, “a preocupação (...) é a estreita aproximação dos dados, de fazê-lo falar da forma mais

completa possível. Aproximando o máximo da realidade social para melhor compreendê-la”

(YIN, 2005, p. 167), e (GIL, 1990, p.193).

O primeiro contato com os produtores de animais foi em junho de 2007, quando foi

exposto ao Presidente da Associação dos Pecuaristas do Careiro Castanho ASPEC sobre os

objetivos da pesquisa que seria desenvolvida e pedimos opiniões para a melhor execução do

trabalho. Foi feita também visita à sede da prefeitura do Careiro Castanho para interar e

solicitar o apoio ao prefeito no desenvolver da atividade.

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Cumpridas as normas para a pesquisa, foram realizadas visitas ao escritório local do

IDAM e CODESAV local para detalhamentos e informações mais técnicas sobre a produção

animal ao longo da rodovia BR 319, desde o porto da balsa do Careiro da Várzea ate a sede do

Município do Careiro Castanho.

A abordagem aos produtores foi feita inicialmente expondo a finalidade da visita, o

objetivo da pesquisa, à instituição envolvida, a metodologia utilizada, e principalmente, a

importância da colaboração pessoal dos entrevistados.

A coleta de dados foi obtida a partir de uma amostragem de 31 (trinta e uma)

propriedades. Tendo como referência um mapa fornecido pela CODESAV com as

coordenadas das áreas. Com o auxilio de GPS identificamos as amostras localizadas ao longo

de 100 km da rodovia BR 319, indo do porto da balsa do Município do Careiro da Várzea ate

a sede do Município do Careiro Castanho.

1.1 Caracterização geográfica e sócio-econômica do município Careiro Castanho

Em 19.12.1955, pela Lei Estadual Nº. 99 por desmembramento de Manaus foi criado o

Município do Careiro Castanho, com sede na vila do mesmo nome e pelo mesmo ato foi

elevada à categoria de cidade.

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Figura 03: Localização geográfica do Município Careiro Castanho - Amazonas

Fonte: IPAAM, 2007

O Município de Careiro/Castanho está localizado na zona leste do Estado do

Amazonas, região fisiográfica do rio Solimões, com altitude de 30 m acima do nível do mar,

população estimada em 30 mil habitantes, área territorial - 6.374 Km², temperatura média de

26º C. Clima Equatorial (quente e úmido). (Plano Diretor de Desenvolvimento do Município

Careiro Castanho – Amazonas, 2007).

O acesso se dá por via terrestre e fluvial. O terrestre é preciso fazer travessia de balsa a

partir do porto da CEASA (Manaus) ao porto da vila do Careiro da Várzea, seguindo

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posteriormente 102 Km pela rodovia BR-319 para chegar a sede do município Careiro

Castanho.

Figura 04 – Área portuária do Careiro da Várzea em período de cheia do rio

Fonte: GUIMARÃES, F. C. R. , 2009

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Figura 05 – Rodovia BR 319 no trecho de acesso ao Careiro Castanho em período de

cheia do rio.

Fonte: GUIMARÃES, F. C. R., 2009

Acesso via Fluvial – cerca de 170 km, em torno de 12 horas de Manaus, em barco

regional.

As atividades econômicas do setor primário são constituídas pela agricultura que

concorre para a formação deste setor, destacando-se as culturas de mandioca, abacaxi, arroz,

batata-doce, cana-de-açúcar, cará feijão, juta, cacau, malva, milho e hortaliças. Dentre as

culturas permanentes destacam-se o abacate, banana, cacau, côco, laranja, limão, tangerina,

pupunha, cupuaçu, guaraná. A pecuária contribui bastante para o município na formação deste

setor, com destaque para criação de bovinos e suínos, cuja produção de carne, leite, manteiga

e queijo, que se destinam ao consumo local e comercialização fora do município. A avicultura

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representa o maior plantel do interior do estado e está baseada principalmente na criação de

galinhas, patos, marrecos, perus e gansos.

Figura 06 – Produção bovina do Município Careiro Castanho

Fonte: GUIMARÃES, F. C. R., 2009

A pesca não tem significado econômico. É praticada para o consumo local e não

concorre para a formação econômica do setor primário. O extrativismo vegetal caracteriza-se

pela exploração da borracha, castanha-do-Brasil e gomas não elásticas. Tem pequena

participação na formação do setor (Plano Diretor de Desenvolvimento do Município Careiro

Castanho, 2007).

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O setor secundário é constituído por usina de beneficiamento de arroz, serrarias,

olarias, padarias e marcenaria (Plano Diretor de Desenvolvimento do Município Careiro

Castanho, 2007).

O setor terciário é formado pelo comércio atacadista e varejista e serviços como:

restaurantes, boates, borracharia, oficinas para veículos, protético, advogado, serviços de alto-

falantes e postos de vendas de passagens rodoviárias (Plano Diretor de Desenvolvimento do

Município Careiro Castanho, 2007).

As principais riquezas naturais são constituídas por sua flora, como pau-rosa, castanha-

do-Brasil e a seringueira e fauna, como peixes, entre esses o pirarucu, e animais silvestres:

queixadas, veados, caititus e capivaras (Plano Diretor de Desenvolvimento do Município

Careiro Castanho, 2007).

O Careiro é uma região rica em belezas naturais. Na ilha do Careiro onde fica a sede

do município, encontra-se também o Lago do Rei, de águas mansas, adornado de soberbas

Vitórias-Régias e circundando de vicejante vegetação. As festividades religiosas se destacam

no município, principalmente a que se comemora o dia de Nossa Senhora Santana, no mês de

julho. Anualmente, no mês de agosto a cidade promove anualmente a AGROPEC - Feira

Agropecuária e de Agronegócios. Evento que gera movimentação em torno de R$ 4,5 milhões

em operações comerciais e onde os produtos locais têm disponíveis linhas especiais de crédito

da AFEAM (Agência de Fomento do estado do Amazonas) e do Banco da Amazônia. Reune

normalmente mais de cinco mil agricultores, pecuaristas, representantes do governo do setor

primário do Estado, oriundos tanto do Careiro Castanho quanto de cidades próximas, como

Manaquiri, Autazes, Careiro da Várzea e Manaus, transformando-se no maior espetáculo rural

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do interior amazonense (Plano Diretor de Desenvolvimento do Município Careiro Castanho,

2007).

Figura 07 – Espaço destinado à realização da Feira Agropecuária e de

Agronegócios - AGROPEC. Careiro Castanho, 2009.

Fonte: GUIMARÃES, F. C. R., 2009

1.2 Rodovia BR – 319: o acesso rodoviário interestadual

Com uma extensão de 880,4 km, dos quais 859,5 no Amazonas e 20,9 em Rondônia, a

BR-319/AM é uma rodovia federal diagonal brasileira, que se localiza entre as cidades de

Manaus/AM e Porto Velho/RO, na Região Norte do Brasil. A rodovia inicia-se um pouco

antes da travessia do encontro entre os Rios Negro e Solimões, e continua no município do

Careiro/AM, sendo margeada à esquerda pelo Rio Madeira. Ela é o principal acesso a várias

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cidades do sul do Amazonas, tais como: Humaitá, Careiro Castanho, Manaquiri, Beruri,

Borba, Lábrea, dentre outros.

A rodovia é um importante eixo para a integração entre a Região Norte e o centro-sul

do País, pois atravessa a região centro-oriental do Amazonas até a extremidade norte de

Rondônia.

Atualmente, a BR 319 (FIGURA 08) é a única opção rodoviária entre Manaus, a

capital do Estado do Amazonas e o restante do País, sendo em nível regional uma das

principais vias de transporte rodoviário, interligada à rede de vicinais já implantadas e em fase

de implantação, na sua área de influência. Porem está praticamente intransitável na maior

parte do seu percurso, notadamente ao longo dos Kms 250 e 655. Foi abandonada à própria

sorte desde a segunda metade da década de 80, devido ao alto custo de manutenção e a baixa

demanda de transporte, não se justificando política ou economicamente (FLECK, 2009).

Passado um longo periodo de abandono, o governo federal, em 2005, anunciou a

recuperação da BR-319. Entre os municípios de Borba e Novo Aripuanã, no sudeste do

Amazonas, vários desmatamentos pequenos e recentes expõem a dinâmica de ocupação da

estrada, incentivada pelo simples anúncio da pavimentação. Na porção mais central da BR-

319, grandes áreas desmatadas por conta da abertura da estrada e posteriormente abandonadas

se mostram complementamente regeneradas. Já nas proximidades de Humaitá, o cenário é

bem diferente, com madeireiras operando ao longo da estrada e áreas sendo abertas e

preparadas para agricultura e pecuária.

“Os impactos do asfaltamento da BR-319 já são visíveis e incluem grilagem,

desmatamento e aumento dos casos de malária. O fato do solo da região ser pobre e muito

pouco apropriado à agricultura também é preocupante, pois contribuirá para acelerar a

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conversão de florestas em áreas degradadas, precocemente abandonadas pela agricultura e

pecuária” (Http://www.greenpeace.org/brasil/amazonia/noticias/br-319-a-grande-amea-a-ao-

est).

Fearnside (2009) prevê, para a região do entorno da BR 319, apenas com as reservas já

existentes até 2007, o desmatamento cumulativo de 5,1 milhões de hectares até 2050 (38 % da

região do entorno direto). Em um “cenário de conservação” com as reservas de proteção

existentes e incluído as propostas o desmatamento alcançaria, no mínimo, 3,4 milhões de

hectares até 2050, ou 22 % da área de influencia da rodovia. Adverte ainda que futuras

melhorias derivadas do asfaltamento da estrada podem resultar em desmatamento mais rápido

nas áreas desprotegidas, uma vez que o padrão atual de pequena produção rural poderá se

modificar para o padrão de grandes produtores como conseqüência inafastável da valorização

das terras na região.

A destruição avança até mesmo no interior das Unidades de Conservação, criadas

como parte da estratégia para conter o desmatamento. Além disso, a pavimentação da BR-319,

a exemplo de todas as estradas na Amazônia, acarretará o surgimento da 'espinha de peixe' –

ou seja, a abertura de várias vicinais a partir da rodovia principal, potencializando o avanço da

devastação florestal. Ao todo, seis estradas vicinais ligando sedes de municípios à rodovia já

estão projetadas, porém apenas a estrada que liga Manicoré à BR-319 foi aberta, mas está

intrafegável por falta de manutenção (Http://www.greenpeace.org/brasil/amazonia/noticias/br-

319-a-grande-amea-a-ao-est).

Segundo especialistas da ONG Conservação Estratégica (CSF Brasil) a restauração e

pavimentação da BR-319, entre Manaus e Porto Velho deve resultar em prejuízo de R$ 316

milhões nos próximos 25 anos. Outro estudo, sobre os impactos da rodovia, apresentado

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durante audiência pública realizada pelas 4.ª e 6ª Câmaras de Coordenação e Revisão do

Ministério Público Federal, indica que o prejuízo chegaria a R$ 2 bilhões

(http://pt.wikipedia.org/wiki/BR-319).

Por outro lado, segundo a organização Leonardo Fleck, para ser viável, levando em

conta a redução dos custos com perdas ambientais, o projeto teria de gerar benefícios de R$

780 milhões. Ou seja, teria de ser capaz de quintuplicar os benefícios estimados para a

rodovia. Os defensores da estrada argumentam que ela vai ajudar a escoar a produção da

região para o resto do País. As organizações ambientalistas temem que a via venha a aumentar

o desmatamento na Amazônia. A obra integra o Programa de Aceleração do Crescimento

(PAC), que prevê investimentos de R$ 600 milhões até 2010.

Atualmente a BR – 319 é a única via de ligação terrestre do Amazonas com outros

estados localizados ao sul. O tráfego nesta rodovia é praticamente inexistente e as

comunidades que vivem ao longo de seu curso sofrem com o isolamento e a dificuldade de

locomoção. No lugar de algumas pontes, existem balsas particulares que fazem a travessia dos

moradores e dos poucos veículos que passam pela área.

A população do entorno sobrevive de agricultura, pecuária e pesca e tem grande

dificuldade de locomoção para os postos de saúde. A atividade econômica, baseada na

produção de grãos (soja, arroz, milho e feijão), necessita de uma infra-estrutura para o

escoamento dos produtos, que não tem sido atendida pelo transporte fluvial, nem pelo

rodoviário. O primeiro possui limitações naturais; o segundo precisa de ações de restauração e

conservação devida, principalmente, ao alto índice pluviométrico da região.

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Figura 08 – Trecho da rodovia BR – 319 evidenciando sua precária infraestrutura

Fonte: www.centran.eb.br/br_319_01.htm - consulta 25/06/2009

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CAPITULO II

2 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

Do porto da balsa do Careiro da Várzea até a sede do Município do Careiro Castanho,

existem 125 propriedades cadastradas pelo IDAM, onde 10% são os considerados grandes

produtores (a partir de 600 animais), 40% são os médios (de 100 a 600 animais) e 50% são de

pequenos produtores de animais (ate 100 animais) (IDAM – Gerencia da UNLOC – setembro

de 2008).

O Plano Diretor de Desenvolvimento do Careiro Castanho, 2007, incorpora o enfoque

ambiental de planejamento do desenvolvimento municipal, das diretrizes e das estratégias para

a execução de planos, programas e projetos, enfatizando a participação popular, a

sustentabilidade econômica, social e ambiental.

2.1 – Caracterização sócio-econômica das unidades de produção

2.1.1 Perfil sócio-econômico

A Tabela 01 mostra a renda monetária média dos criadores localizados ao longo da BR

319, no trecho que vai do porto da balsa do Município do Careiro da Várzea até a sede do

município do Careiro Castanho.

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A maioria são pequenos criadores de animais (58,06 %) que possuem renda média

mensal variando de 01 a 05 salários mínimos. O segundo contingente é dos médios produtores

de animais (29,04 %) que têm rendimentos variando de 05 a 10 salários mínimos. Os grandes

produtores (12,9 %) possuem renda variando de 10 a mais de 15 salários mínimos.

De acordo com os resultados coletados na pesquisa observa-se que os dados

aproximam-se das informações adquiridas pelo IDAM – Gerencia da UNLOC do Careiro

Castanho, quando fazem a distinção entre grandes, médios e pequenos produtores pelo

quantitativo de animais que possuem na propriedade.

Tabela 1: Renda média mensal dos criadores localizados na rodovia BR 319 entre o porto da

balsa do Careiro da Várzea a sede do município Careiro Castanho, Amazonas, 2009.

Renda média/mês/produtor Total (%)

De 01 a 05 salários mínimos 18 58,06

De 05 a 10 salários mínimos 9 29,04

De 10 a 15 salários mínimos 2 6,45

Acima de 15 salários mínimos 2 6,45

Total geral 31 100,0

Quanto à origem dos criadores de animais das propriedades ao longo do trecho da

rodovia BR 319 entre o porto da balsa do Careiro da Várzea até a sede do Careiro Castanho,

observou-se que, nascidos no município do Careiro Castanho perfazem um total de 25,80 %,

que estão na faixa etária entre 42 a 80 anos de idade (média: 61 anos). 25,80 % destes vêm de

outros Municípios como Maués, Carauari, Eirunepé, Canutama, Parintins e Manaus, com

idades que variam de 32 a 82 anos de idade (média: 57 anos). 48,40 % vêm de outros Estados,

como Pará, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Maranhão, Goiás, Ceará, Paraíba e Acre, com

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uma média de 48 anos. Identifica-se que 51,6 % dos produtores de animais são oriundos do

estado do Amazonas, concluindo-se que mais da metade dos pesquisados são de origem

amazonense (TABELA 2).

Tabela 2: Origem dos criadores localizados na rodovia BR 319 entre o porto da balsa do

Careiro da Várzea a sede do município Careiro Castanho, Amazonas, 2009.

Origem/produtor Total (%)

Careiro Castanho/AM 8 25,80

Outros municípios/AM 8 25,80

Outros estados do País 15 48,40

Total geral 31 100,00

De acordo com os produtores de animais, tanto os nascidos no município quanto os

migrantes, permanecem no local (média de 16 anos), principalmente, pela facilidade de

escoamento de produção para Manaus e a logística mais facilitada por estarem às margens da

rodovia, facilitando o deslocamento dos filhos a escola e hospitais quando necessário.

O tempo que os produtores desenvolvem a atividade varia de 05 a 43 anos, sendo que

77,50 % desenvolvem esta atividade há mais de 10 anos.

Os produtores de animais residem ou possuem a propriedade, por uma média de 24

anos. Nas grandes e médias propriedades, que representam 41,94 % dos estabelecimentos, são

mantidos por caseiros que residem no local com suas famílias porque durante a semana os

proprietários das fazendas desenvolvem outras atividades em Manaus e, normalmente, só

estão na fazenda nos finais de semana. Nessas propriedades residem em média 5 pessoas,

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entre esposa e filhos dos caseiros. Nestes casos, a propriedade tem instalações distintas para o

proprietário e para o caseiro e sua família.

As pequenas propriedades (58,06 %) são administradas diretamente pelos próprios

criadores de animais que vivem com sua família e desenvolvem a atividade de criação com

parentes e filhos maiores. O número de membros da família varia de 5 a 8 pessoas.

A força de trabalho permanente envolvida no processo produtivo das pequenas

propriedades é, predominantemente, do tipo familiar, onde direta ou indiretamente todos os

membros da família contribuem de alguma forma no processo de produção de animais, com

exceção das crianças menores de 14 anos. A faixa etária dessa força de trabalho compreende

entre 15 a 63 anos de idade com média de 39 anos. Foi observada, também, a ocorrência de

menores de 18 anos participando, mesmo indiretamente, da atividade de criação de animais

nas propriedades. Em um determinado período do ano, logo após o inicio da baixa dos rios

(meados de junho), são contratados trabalhadores diaristas para a limpeza do campo de

pastagem. Este procedimento é executado por todas as categorias de produtores, ou seja,

grandes, médios e pequenos criadores de animais.

Segundo OLIVEIRA (2007, p. 109) a juventude está presente na agricultura por meio

de sua inserção no trabalho familiar no estabelecimento agrícola, uma vez que a agricultura

familiar caracteriza-se pela “unidade de produção agrícola onde propriedade e trabalho estão

intimamente ligados à família”. Normalmente, observa-se que nas áreas ribeirinhas a força de

trabalho familiar é composta de crianças maiores de oito anos de idade (NODA et al., 2001 a,

p. 92). Já nas unidades de produção animal da área de pesquisa, em especial nos pequenos

criadores que utilizam a mão de obra familiar, a maioria dos jovens que moram na

propriedade, tem como atividade principal o estudo, passando o dia inteiro fora da

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propriedade. Mesmo desenvolvendo algum tipo de trabalho ao final da tarde ou nos finais de

semana, esses trabalhos são reconhecidos apenas como uma participação indireta na criação

de animais.

No caso dos grandes e médios produtores, além dos jovens não morarem na

propriedade também não desenvolvem nenhum trabalho direto com a atividade de produção

de animais, limitam-se a freqüentar a fazenda aos finais de semana e acompanham algumas

vezes o pai ou o caseiro em alguma atividade de manejo dos animais.

A divisão do trabalho familiar que se estabelece entre os sexos. Nas pequenas

propriedades, demonstra em nossa pesquisa que as esposas realizam trabalhos domésticos,

manutenção da área próxima da casa (sitio) e os cuidados com os filhos, consideradas

atividades mais leves, não tendo participação ativa no processo produtivo de manejo com os

animais. Cabem ao homem trabalhos que exijam maior força física como fazer cerca, limpar o

campo, tratar a boiada, etc. No entanto, Brumer (2004, p. 212) destaca que o caráter de

“pesado” ou “leve” da atividade é relativa e culturalmente determinada, uma vez que, na

esfera de suas atividades (doméstica), a mulher executa tanto trabalhos “leves” como trabalhos

“pesados” (como carregarem os filhos e buscar água em lugares distantes da propriedade,

etc.).

Nas grandes e médias propriedades a esposa do criador de animais preocupa-se

somente em gerenciar as atividades executadas pela mulher do caseiro e outras atividades

domesticas de organização da cozinha e da casa. Normalmente só freqüenta algumas vezes a

fazenda nos finais de semana ou em alguma comemoração organizada pelo proprietário da

fazenda.

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Geralmente no período da cheia, os criadores não se retiram da propriedade. Porém

32 % afirmam terem problemas com a subida das águas, acarretando muitas vezes a mudança

dos animais para as terras mais altas, o que aumenta o custo de manutenção da propriedade,

pois se faz necessário o aluguel de área para receber os animais pelo período da cheia. Os

demais criadores (68 %) não têm problemas com as enchentes dos rios.

A renda familiar, em especial dos pequenos produtores, é complementada,

principalmente, pela aposentadoria de alguns membros da família e pelo recebimento do Bolsa

Família, benefício concedido pelo Governo Federal. Segundo Pereira (2004, p. 122) a

aposentadoria, bem como, o Bolsa Família, são elementos de políticas compensatórias ativas

que se constituem “em um forte auxílio indireto à unidade familiar e possibilitam sua

sustentação social”.

Os grandes e médios produtores, na sua totalidade, exercem outras atividades. São

comerciantes e funcionários públicos e não tem na criação de animais sua atividade primária

de geração de renda. Por isso não se utilizam de políticas sociais do governo para manutenção

de seus estabelecimentos rurais. Mas justificam que a criação de animais é uma boa geradora

de renda e os ganhos monetários são satisfatórios para manter a atividade.

As igrejas estão localizadas na sede do município do Careiro Castanho, na comunidade

do Araçá e no porto da balsa do Careiro da Várzea, tanto católica como evangélica (FIGURA

9). A maioria das famílias (67,70 %) é vinculada a igreja católica. As demais são vinculadas a

igrejas evangélicas, normalmente, a Batista (TABELA 3).

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Tabela 3: Atividade religiosa dos produtores de animais que se encontram do porto da balsa

do Careiro da Várzea a sede do município Careiro Castanho na BR 319, Amazonas, 2009.

Religião Total (%)

Católica 21 67,70

Católica/Evangélica 3 9,70

Evangélica 7 22,60

Total geral 31 100,00

Normalmente os freqüentadores das igrejas entre os proprietários, são os pequenos

criadores de animais os mais assíduos, seguido pelas famílias dos caseiros das grandes e

médias propriedades. Os grandes e médios produtores dizem que participam das atividades da

igreja com doações de animais quando as festas religiosas acontecem.

Os caseiros das grandes e médias propriedades e seus familiares e os pequenos

produtores são quem participam ativamente dos trabalhos sociais da igreja, principalmente nas

festas religiosas, ficando responsáveis pela organização das atividades a serem desenvolvidas,

como na construção do palanque e barracas de venda, além de prêmios para os bingos e a

venda de produtos doados. Normalmente, a organização dessas atividades é realizada pelas

mulheres, pois são envolvidas diretamente com as questões da Igreja. A produção destinada às

festividades é em sua maioria animais, como é o caso de bois, carneiros, suínos e aves.

Algumas famílias doam produtos prontos para a venda e para servirem de prêmio para os

bingos. A doação desses produtos é descrita pelos produtores como um compromisso cristão,

não sendo registrado como uma perda na produção. Segundo relatos dos produtores, em

especial aos pequenos, que a religiosidade se apresentada como um fator importante para a

continuidade da atividade de uma forma correta e responsável preservando o meio onde

vivem.

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Figura 09 – Igreja Católica na sede do município Careiro Castanho, AM. 2009.

Fonte: GUIMARÃES, F. C. R., 2009

2.1.2 Caracterização dos estabelecimentos

A área que engloba a pesquisa, no trecho compreendido entre o porto da balsa do

Careiro da Várzea até a sede do município do Careiro Castanho, é constituída, quase que na

sua totalidade, por fazendas de produção de animais, onde 10 % representam os grandes, 40 %

os médios e 50 % os pequenos criadores de animais. Do total de estabelecimentos 50 %

possuem mais de um domicílio, normalmente a residência do proprietário e também a casa do

caseiro. Os outros 50 %, por serem de pequenos produtores, encontra-se apenas a casa do

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pequeno criador e sua família. As casas dos grandes criadores são de alvenaria. A casa dos

médios e pequenos normalmente é confeccionada de madeira.

Figura 10 – Moradia típica de médio pecuarista do Careiro Castanho

Fonte: GUIMARÃES, F. C. R., 2009

Todas as propriedades possuem energia elétrica, devido ao fato de se encontrarem ao

longo da rodovia BR - 319. Em função disto as propriedades são munidas de bens duráveis,

destacando-se geladeira, televisão, aparelho de som, rádio, antena parabólica, telefone celular

dentre outros.

Os grandes e médios produtores possuem carro particular e/ou caminhão, utilizados

para o deslocamento e muitas vezes para abastecer a propriedade de insumos e transportar

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animais para a comercialização. O pequeno produtor tem como meio de transporte a bicicleta,

que facilita o seu deslocamento ao longo da rodovia.

A grande propriedade normalmente, no entorno das moradias, não possue um local de

cultivo de frutíferas, hortaliças e criação de animais de pequeno porte denominado “sitio”

(Noda et. al. 2001 b). Nos estabelecimentos de porte médio e pequeno observa-se uma

diversidade de espécies frutíferas perenes. Dentre as frutíferas mais encontradas, destacam-se

o abacateiro, jambeiro, aceroleira, goiabeira, mangueira, gravioleira, bananeira, coqueiro

dentre outros. A produção destes sítios é consumida na propriedade, dado aos vizinhos e/ou

distribuído aos amigos do produtor de animais.

2.1.3 Produção Animal

Mostram os resultados obtidos, no trecho da rodovia BR 319, do porto da balsa do

Careiro da Várzea até a sede do Município do Careiro Castanho, predomina o processo de

produção especificamente no segmento criação de animais. São criados bovinos, caprinos,

suínos eqüinos e estão começando a investir na avicultura e principalmente na piscicultura.

Essas modalidades de criação de animais adotadas pelos produtores resultam de práticas

tradicionais, que são influenciadas por inúmeros fatores interativos, seja pelas condições

sócio-econômicas ou pelas condições ambientais impostas a eles. A produção de animais

predominante nas propriedades grandes, médias e pequenas pesquisadas é a de bovinos,

principalmente de corte.

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O tamanho da área das propriedades varia de 1 a 200 ha e a média de bovinos por propriedade

é de 98 cabeças. Nas propriedades com área de 200 a 400 ha a média é de 328 cabeças e 630

animais nas propriedades de 400 a 500 ha (TABELA 4).

Existe ainda uma particularidade que a pesquisa apresenta que é a presença do

arrendatário de terras (9,70 %). São pequenos produtores que por dificuldades financeiras não

conseguiram continuar a criação de animais e alugaram suas áreas para grandes e médios

criadores. Reclamam que o preço pago é pouco mais que esta é a única solução para não irem

embora da propriedade. Muitas vezes prestam serviços aos arrendadores.

Tabela 4: Tamanho da propriedade (ha) com a média de animais (bovinos) criados pelos

produtores de animais no trecho da BR – 319 entre o porto da balsa do Careiro da Várzea a

sede do município Careiro Castanho, Amazonas, 2009.

Tamanho da propriedade (ha) N° de

Propriedades

Média de animais

(Bovino)/propriedade

1-100 10 70

100-200 5 126

200-300 7 205

300-400 2 450

400-500 4 630

*03 produtores são arrendatários

A criação de caprinos, suínos eqüinos, aves e peixes ocorre, mas com pouca freqüência

entre os grandes e médios criadores. Os pequenos criadores de animais utilizam a criação de

outros animais para o consumo próprio e, algumas vezes, para comercialização. A criação de

aves e peixes ocorre de forma ainda modesta, expandindo-se entre os médios e alguns

pequenos proprietários que já começam a investir nestas atividades.

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O tamanho médio das propriedades é de 260 hectares, divididos em pasto/sítio e

floresta. Os sítios não são considerados, áreas produtivas nos estabelecimentos grandes e

médios, já que, não rendem lucros financeiros, somente a área de pasto é considerada nos

levantamentos de retorno econômico. Contudo os pequenos produtores valorizam esta área,

pois em algumas situações a produção pode gerar algum ganho com a venda de frutas e outros

encontrados no sitio da propriedade.

O processo de produção das propriedades compreende 3 componentes: o sistema de

produção animal, pasto/sítio e a área de floresta.

2.1.3.1 O sistema de produção animal

O plantel de animais no município do Careiro Castanho é em torno de 35.000 cabeças

e que ao longo da rodovia BR 319 concentra-se em torno de 50 % deste plantel, mostrando

que a criação de animais na área da pesquisa é significativa (IDAM, 2008).

A produção de animais nas propriedades abrange as categorias de grande, médio e

pequeno porte, predominando a criação de animais de grande porte, mais especificamente

bovinos (FIGURA 11). A piscicultura está expandida significativamente, entre os médios e

pequenos produtores de animais, que já falam em no futuro substituírem a produção pecuária

pela piscicultura.

Os caprinos, ovinos, suínos e aves são criados para abastecer a unidade familiar da

fazenda, tanto nas grandes, quanto nas médias e pequenas propriedades. Contudo somente os

pequenos produtores é que algumas vezes utilizam comercialmente a venda destes animais

para suporte do orçamento. Muitos dos grandes criadores, por não terem interesse comercial

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nestes segmentos, nem sabem quantos animais dentro das categorias diferentes dos bovinos,

têm na propriedade.

Figura 11: Modalidades de criação animal ao longo da rodovia BR 319 no trecho entre a

balsa do Careiro da Várzea até a sede do Careiro Castanho, Amazonas, 2009.

A força de trabalho destinada à criação de animais, nas grandes e na maioria das

médias propriedades, é normalmente realizada pelo caseiro. O tempo destinado a atividade de

criar animais é integral, tendo em vista que o proprietário encontra-se esporadicamente na

fazenda, mais comumente nos finais de semana, e toda a responsabilidade pelo manuseio dos

animais, tratamento do pasto, conserto de cercas, alimentação e tratamento dos animais é

executada pelo caseiro, além de ter a responsabilidade de cuidar da manutenção física da sua

residência e a do proprietário. O caseiro possui toda a autonomia para desenvolver as

atividades da propriedade e possui todas as informações no que tange a administração física e

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financeira da propriedade. Os caseiros afirmam que é muito trabalho, mas não precisam pagar

aluguel e recebem, além do salário, rancho mensal que ajuda no provisionamento da sua

alimentação e da família. Dizem sentir-se bem com a atividade que desenvolvem.

Nas pequenas propriedades não existe a figura do caseiro e a execução das atividades

na propriedade é realizada com a mão de obra familiar. Sendo assim toda atividade laboral,

administrativa e financeira é executada pelo proprietário da área. A produção de animais, além

de ter a finalidade alimentar, também funciona como uma espécie de ativo facilmente

mobilizável para satisfazer necessidades imediatas, principalmente nas situações de

“aperreio”, mediante a venda ou de outra relação (NODA et al., 2001 c, p.99).

Os grandes e médios produtores têm na bovinocultura sua principal atividade

econômica. Algumas técnicas para a melhoria da criação de animais, como ministrar ração,

fazer rotatividade de pasto, etc, são utilizadas.

Os pequenos produtores não adotam as técnicas recomendadas, a não ser a vacinação

contra febre aftosa para os bovinos, que é subvencionada pelo governo do estado. Os animais

são soltos dentro da propriedade e não recebem nenhum tipo de manejo, alimentação

adequada, instalações, etc. Segundo Sagrilo (2002, p. 33) essa forma de exploração é

considerada extensiva, no qual inexistem instalações, bem como, a adoção de práticas de

manejo que completem eficientemente os aspectos reprodutivos, nutricionais e sanitários.

Dentre os produtores, 71% dedicam-se exclusivamente à bovinocultura. Outros

criadores (16,1%) criam bovinos e estão direcionando a atividade produtiva diversificada

através da piscicultura. Justificam que o peixe gera mais lucro, pois o custo de produção não é

muito elevado em relação à produção de bovinos e que o ganho no preço é bem mais atrativo

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que o preço do boi. O restante (12,8 %) dos criadores criam animais diversos (caprinos,

suínos, eqüinos e aves). Essa diversidade de espécies criadas é normalmente característica de

pequenos produtores (TABELA 5).

Tabela 5: Modalidade de criação por propriedade localizada na BR – 319 no trecho entre o

porto da balsa do Careiro da Várzea e a sede do município Careiro Castanho, Amazonas,

2009.

Categoria Animal Quant. (%)

Bovino 22 71,0

Bovino/Piscicultura 5 16,1

Bovino/Caprino 1 3,2

Bovino/Caprino/Suíno/Eqüino 1 3,2

Bovino/Eqüino 1 3,2

Bovino/Avicultura 1 3,2

Total geral 31 100

2.1.3.2 Sitio/pasto

Nos estabelecimentos de porte médio e pequeno a área localizada no entorno das

moradias é reconhecida como sítio. Segundo Noda et al. (2001, p. 194) os sítios são um

subsistema de uso da terra do sistema agrícola que envolve o manejo de árvores, arbusto e

ervas de uso múltiplos intimamente associados à cultivos agrícolas anuais e perenes e à

criação de animais domésticos de pequeno porte. Para os criadores, o sitio é uma área de

pequeno tamanho na propriedade, no entorno das moradias onde se encontram algumas

arvores frutíferas, com a finalidade de proporcionar sombra e frutas para o consumo próprio.

Os pequenos criadores valorizam o sitio, pois em algumas vezes o produto desta área gera

algum lucro monetário de sua comercialização. Nas propriedades essas áreas possuem, em

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média, 01 hectare. São áreas destinadas ao plantio de árvores frutíferas, que são tratadas pela

mulher do caseiro ou do pequeno produtor de animais.

As áreas de pasto ocupam os maiores espaços das propriedades. O tamanho dessas

áreas, segundo os proprietários, ocupa toda a área legalmente autorizada para produzir

animais, ou seja, áreas liberadas pelos órgãos ambientais para desenvolver processos

produtivos. São destinadas exclusivamente para a criação de animais, na sua maioria bovinos.

Todas as propriedades pesquisadas possuem pasto com variação de tamanho em relação ao

porte do produtor de animais.

2.1.3.3 Floresta

A floresta é um componente pouco utilizado pela maioria dos proprietários das

fazendas, justificam ser a reserva legal da propriedade. Alguns pequenos criadores (10 %)

realizam o extrativismo vegetal e, raramente, o animal. Das espécies vegetais destaca-se a

coleta da Castanha do Brasil (Bertholletia excelsa), que é vendida para aumentar a renda da

família. Quanto às espécies de animais silvestres justificam esporadicamente caçarem

pequenos animais como paca (Agouti paca), capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), cutia

(Dasyprocta aguti) e tatu (Tolipeutes matacus), destinados, exclusivamente, ao consumo

familiar. A captura desses animais fica mais facilitada no período da cheia quando os lagos

que ficam localizados próximos à mata começam a encher, forçando os animais a se

deslocarem em direção às moradias. O excedente da carne desses animais é repartido com os

vizinhos da propriedade.

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Segundo os criadores, a caça e a venda desses animais é proibida pelo IBAMA, mas

existem pessoas que entram nas florestas sem autorização dos proprietários e abatem animais

silvestres em grande número para comercialização.

2.1.3.4 Comercialização e mercado consumidor

O processo de criação de animais, principalmente o bovino, é destinado à produção de

carne e poucos animais sendo criados para a produção de leite. Quando isso acontece se

destina ao consumo da unidade familiar do pequeno produtor.

Os grandes e alguns médios criadores praticam a atividade de engorda de animais,

principalmente os bovinos, para comercializar o produto final com o mercado de Manaus e

também, para outros estados, como Roraima e Rondônia.

Alguns médios e os pequenos produtores além dos bovinos, criam caprinos, suínos,

aves (galinhas e patos) e peixes para o consumo familiar e o excedente é comercializado no

mercado local. Esta categoria justifica que a criação de animais é uma poupança e muitas

vezes serve para tirá-los de dificuldades, como problemas inesperados (doenças, períodos de

cheia, etc.).

Os grandes criadores possuem transporte próprio para o escoamento de sua produção,

já os médios e pequenos muitas vezes precisam se utilizar de aluguel de veículos para executar

a atividade, em algumas vezes o comprador vai à propriedade e transporta o produto da

compra em seu próprio veiculo. Normalmente os animais são vendidos vivos e a negociação é

feita na propriedade.

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Os grandes pecuaristas utilizam a atividade com fins exclusivamente comerciais,

vendendo toda a produção para abastecer o mercado regional. Entretanto, os médios e os

pequenos produtores priorizam o suprimento das necessidades de reprodução familiar e

garantir níveis compatíveis de boa alimentação e satisfação das demais necessidades básicas

(Noda e Noda, 2003).

A renda auferida por uma parte de médios e pelos pequenos produtores é influenciada

pelo preço do mercado e não pela base do custo de produção, pois o valor da mercadoria é

determinado pelos compradores e não pelos criadores. Contudo, os grandes produtores têm

poder de barganha quanto ao preço, interferindo muitas vezes no aumento ou redução do

preço na hora da negociação, porém baseiam-se também no preço do mercado.

A principal fonte de renda dos pecuaristas é proveniente da criação de bovinos de

corte. Os outros animais criados na propriedade, como suínos, caprinos e aves são consumidos

pelos moradores da propriedade e pelo proprietário, sendo também muitas vezes oferecidos

aos vizinhos. Os grandes produtores não auferem renda com os médios e pequenos animais

criados na propriedade, mas os pequenos produtores realizam a comercialização destes com

freqüência. Os médios produtores, em muitos casos, comercializam estes animais de médio e

pequeno porte, porém não incluem nos seus levantamentos econômicos estes valores. Os

pequenos produtores se utilizam desta atividade comercial e justificam que a venda destes

animais que não são o foco da produção, ajudam muito no aumento do orçamento da

propriedade.

Para os grandes produtores a receita obtida na produção é direcionada para a aquisição

de novos animais para a engorda e futura venda. Os médios e pequenos produtores que

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vendem o excedente utilizam os ganhos para investir em novos animais e na piscicultura, que

está sendo uma atividade suporte ao processo produtivo de bovinos.

Quanto ao custo mensal das unidades de produção, observou-se que, mesmo com a

característica dos produtores de não se utilizarem de técnicas adequadas para o manejo dos

animais, todas as categorias de produtores têm custos considerados altos, até certo ponto, pelo

porte da economia local.

Segundo dados do IDAM – gerencia da UNLOC, o custo de produção da propriedade

é crescente à medida que aumenta o número de animais na mesma.

O custo de produção das propriedades nas áreas que variam de 1 a 200 ha vai de R$

1.100,00 a R$ 2.000,00, com uma média de R$ 1.550,00 por propriedade. Nas propriedades

com área de 200 a 400 ha, o custo de produção varia de R$ 2.700,00 a R$ 3.100,00, com uma

média de R$ 2.900,00 por propriedade. Segundo os produtores de animais pesquisados, R$

3.400,00 é o custo de produção das propriedades que possuem de 400 a 500 ha. (TABELA 6).

Tabela 6: Custo médio das unidades de produção animal localizadas no trecho da BR 319

entre o porto da balsa do Careiro da Várzea a sede do município Careiro Castanho, Amazonas,

2009.

Classes de

área (ha)

Custo médio das

unidades de

produção por

classe de área/mês

(R$)

N°. de Unidades

de Produção

Custo Médio

por unidade de

produção/mês

(R$)

1-100 11.000,00 10 1.100,00

100-200 10.000,00 5 2.000,00

200-300 18.900,00 7 2.700,00

300-400 6.200,00 2 3.100,00

400-500 13.600,00 4 3.400,00

Total geral 59.700,00 28 2.132,14

* 03 produtores são arrendatários

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Segundo os grandes e médios produtores, o custo de produção de sua propriedade é

alto, pois tem de pagar salários aos caseiros, muni-los com ranchos mensalmente para o

suporte alimentar de sua família, além do gasto com sal e insumos básicos necessários para

manter a saúde dos animais (medicamentos, etc.). Os pequenos produtores também reclamam

do custo alto para criar animais, apesar de afirmarem que não possuem caseiros para pagar

salários, relatam que todo o custo com alimentação, saúde e educação da família tem que ser

bancado pelo que se produz na propriedade.

Uma parte dos médios e a maioria dos pequenos produtores relatam que, em certos

períodos do ano, principalmente na cheia, precisam vender um montante da produção para

poder alugar áreas em terra firme onde ficarão os animais até a baixa do rio. Em função disto,

depois do período de cheia, os criadores passam por dificuldades financeiras e muitos não têm

capital para comprar insumos básicos e, até mesmo, para suprir as necessidades básicas da

unidade familiar com produtos alimentícios.

Os grandes produtores e 80 % dos médios produtores não vivem exclusivamente da

atividade de criar animais, são na sua maioria comerciantes em Manaus e no Careiro

Castanho, além de alguns serem aposentados de instituições do governo Federal e Estadual. Já

os pequenos produtores, na sua maioria, vivem da atividade e alguns são aposentados pelo

INSS tendo uma renda extra que, segundo eles, é investida na propriedade. Afirmam ainda

que esse rendimento extra é importante, principalmente, nos momentos em que a família passa

por problemas de cheia, doença, etc.

Conclui-se que, para os pequenos produtores, os programas governamentais de

seguridade social permitem o melhor atendimento às suas necessidades básicas e de seus

familiares, dando fortalecimento à manutenção da produção de animais na propriedade. No

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entanto, grande parte dos pequenos produtores de animais vive no limite entre a receita e

despesa da atividade. Contudo, esses produtores relatam que, mesmo com todas as

dificuldades, a produção é suficiente para suprir as necessidades básicas e estimular a sua

permanência no processo de produção de animais.

2.2 As políticas públicas e os produtores de animais

As políticas públicas quando projetadas e implementadas corretamente são ferramentas

eficientes no que tange a estruturação, edificação e desenvolvimento de setores da sociedade.

Afirma OLIVEIRA & GUIDOTTI. (2000)

Um passo fundamental é incentivar a capacitação técnica e

organizacional das entidades representativas da sociedade civil,

especialmente as populações historicamente marginalizadas do

planejamento governamental, visando potencializar as suas

contribuições nas políticas públicas voltadas para o

desenvolvimento sustentável.

No Brasil, existem políticas públicas de caráter nacional e estadual que estão sendo

adotadas em relação à conservação da diversidade biológica. Mesmo assim são alarmantes as

taxas de desmatamento e extinção de espécies, uso ilegal de recursos biológicos e perda

acentuada da utilização de conhecimentos tradicionais.

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Segundo WEISS (2003), na medida em que forem implementadas as políticas

públicas, propostas pela sociedade civil, em parcerias entre o Governo Federal e organizações

não-governamentais, deve-se buscar a participação dos órgãos estaduais e municipais como

elementos essenciais para a sua sustentabilidade institucional.

Nos princípios do plano diretor do município do Careiro Castanho, art. 4º, VII, afirma-

se que o fortalecimento do Poder Executivo na condução de planos, programas e projetos de

interesse municipal, deve ocorrer mediante articulação com os demais entes de governo,

parceria com os agentes comunitários e a integração das ações públicas e privadas (Plano

Diretor de Desenvolvimento do Município Careiro Castanho, 2007).

2.2.1 Sistema Educacional

Quanto às condições do sistema educacional foi considerado regular (48,4%). Porém, a

educação é considerada de boa a ótima para 35,5% dos entrevistados (TABELA 7). Foi

observado um índice expressivo de produtores que não estudam (16,1%). Porém não são

analfabetos. Afirmam que pararam de estudar, mas que em algum período freqüentaram a

escola, mostrando desta forma, possuir algum nível de conhecimento educacional.

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Figura 12 – Escola municipal, hospital e posto da Codesav, Careiro Castanho, 2009.

Fonte: GUIMARÃES, F. C. R., 2009.

Os núcleos educacionais encontram-se instalados na sede do município e também no

km 50 (comunidade do Araçá). Durante a manhã e final da tarde a prefeitura disponibiliza

ônibus para o transporte dos alunos. Situação que segundo eles tem estimulando muito a

comunidade a estudar. Na sede do município são encontradas escolas do ensino fundamental,

médio e superior distribuídos nos três turnos. Na comunidade do Araçá as escolas são de nível

fundamental e médio, também distribuídos nos três turnos.

TABELA 7 – Índice de satisfação dos produtores de animais, quanto ao sistema educacional

no trecho da BR – 319 entre o porto da balsa do Careiro da Várzea e a sede do município

Careiro Castanho, Amazonas, 2009.

Sistema Educacional Quant. (%)

Ótimo 2 6,5

Bom 9 29,0

Regular 15 48,4

Não Estuda 5 16,1

Total geral 31 100,0

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Os professores que trabalham nas Escolas são alguns do próprio município do Careiro

Castanho e, outros, de Manaus. Os professores realizam freqüentemente cursos de

aperfeiçoamento, patrocinados pela Secretaria de Educação do Estado do Amazonas - SEDUC

e pela Prefeitura do Careiro Castanho, no município ou em Manaus, estimulando esses

profissionais a terem capacitação continuada.

Na Escola do Município do Careiro Castanho funciona um Programa de Ensino Médio

Presencial com Mediação Tecnológica, da Secretaria de Educação do Estado do Amazonas

(SEDUC), que iniciou no ano de 2007 com o 1º ano e nos anos seguintes com a continuação

do 2º e 3º ano. As aulas são ministradas por professores em um estúdio na sede da SEDUC em

Manaus, ministradas e assistidas, em tempo real pelos alunos que são acompanhados e

avaliados por um professor na própria escola. Como muitos alunos vêm da área rural, o

planejamento das aulas leva em conta os saberes locais, possibilitando a interação de diversos

alunos das várias áreas rurais e zona urbana do município, no que se refere ao manejo dos

recursos naturais, bem como, a valorização histórica e cultural do Careiro Castanho.

Os jovens podem permanecer na zona rural do município, não tendo que sair para

Manaus para dar continuidade aos seus estudos, ao contrário do que ocorre na maioria dos

municípios do estado, em especial os mais distantes da capital. Essa permanência dos jovens

no seu local de origem difere-se do quadro apresentado por Pinton e Emperaire (2000, p. 62)

quando coloca que o ensino das primeiras séries é garantido nas próprias comunidades;

porém, logo que a criança atinge doze, treze anos, é mandada para a cidade com o fim de dar

continuidade ao estudo. Além disso, com as tarefas na produção animal sendo executadas

quase que exclusivamente pelos adultos, torna-se possível a liberação das crianças e

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adolescentes para a escola, no decorrer do ano letivo, evitando a evasão escolar, comuns nas

zonas rurais do país (PEREIRA, 2004, p. 117). Isso garante à unidade familiar do produtor de

animais menos gasto em manter os filhos em outros municípios, bem como, a possibilidade da

implementação de novas técnicas e novas metodologias em seu processo produtivo

decorrentes da qualificação dos filhos.

Os estudantes dispõem de transporte escolar oferecido pela prefeitura do Careiro

Castanho, que realiza o deslocamento todos os dias dos alunos da sede da propriedade até a

escola, trazendo-os de volta ao término das atividades escolares. Os produtores de animais,

principalmente os com residências mais distantes da escola, afirmam que antes os filhos

tinham que sair cedo de suas casas para chegar a tempo na Escola, muitas vezes indo de

bicicleta ou carona dos proprietários de outras fazendas que possuem carro, acarretando

desestímulo e abandono da escola, pois tornava-se muito cansativo percorrer o trajeto de ida e

volta. A Prefeitura do Careiro Castanho é responsável pela merenda escolar, que contém itens

como feijão, arroz, macarrão, polpa de fruta, entre outros.

A escolarização dos jovens representa um indicador de sustentabilidade social,

agregando a produção de bens dirigida prioritariamente às necessidades básicas sociais,

melhores condições de vida e maior qualificação profissional, bem como, maior equidade na

distribuição da renda entre os grupos (PAZ, 2006, p. 49).

2.2.2 Assistência à saúde

Quanto às condições de atendimento médico, foi constatado que existe apenas um

agente de saúde que atende as propriedades ao longo da rodovia. O hospital público fica na

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sede do município e, à medida que a propriedade vai ficando distante da zona urbana do

Careiro Castanho, mais difícil se torna o deslocamento para o atendimento médico de

urgência, emergência e mais qualificado. O município possui também um hospital de menor

porte na comunidade do Araçá, que fica a 50 km da sede do Castanho, tornando-se a válvula

de escape para os produtores que se encontram ao centro dos 100 km que vão desde o porto do

Careiro da Várzea até a sede municipal do Castanho Castanho.

O trabalho do agente de saúde é basicamente a orientação, prevenção e

acompanhamento de alguns moradores no que tange a algumas moléstias mais comuns na área

(malária, verminoses e em alguns acompanhamentos de hipertensos e portadores de diabetes)

e entrega remédios para as respectivas enfermidades, que são disponibilizados pela Secretaria

Municipal de Saúde do Careiro Castanho.

Via de regra, os criadores captam a água para o seu consumo, em especial para suprir

sua sede e de sua família, em poço artesiano instalado em suas propriedades (TABELA 8).

Contudo ainda existe uma parcela que não tem acesso a água de boa qualidade (12,9 %).

Aos produtores que não possuem poço artesiano é distribuído hipoclorito, pelo agente

de saúde local, para o tratamento da água, que em sua maioria é obtida por pequenos

produtores que residem na propriedade. No entanto, apenas alguns utilizam este produto.

Segundo o agente de saúde da área, “algumas pessoas não utilizam o hipoclorito porque muda

o gosto da água ou dão outro destino ao mesmo, como para lavar roupa”.

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TABELA 8 – Fonte de abastecimento de água para os produtores localizados no trecho da BR

– 319 entre o porto da balsa do Careiro da Várzea a sede do município Careiro Castanho,

Amazonas, 2009.

Fonte de abastecimento de

Água Total (%)

Igarapé 1 3,2

Poço Artesiano 27 87,1

Rio 2 6,5

Vizinho 1 3,2

Total geral 31 100,0

A falta de unidades de saúde mais próximas das propriedades é considerado o maior

problema quanto aos atendimentos de urgência dos produtores e seus familiares. O sistema de

saúde foi considerado de regular a péssimo, para a maioria dos criadores (67,8 %). Isso é

justificado pela falta de mais profissionais para os atendimentos, somente 3,2 % acham que o

sistema de saúde é ótimo (TABELA 9).

Os moradores das propriedades que estão mais próximas de Manaus preferem se

deslocar para os hospitais da capital do estado.

TABELA 9 – Índice de satisfação dos produtores de animais, quanto ao atendimento médico

no trecho da BR – 319 entre o porto da balsa do Careiro da Várzea a sede do município

Careiro Castanho, Amazonas, 2009.

Atendimento médico Quant. (%)

Ótimo 1 3,2

Bom 5 16,1

Regular 14 45,2

Péssimo 7 22,6

Manaus 2 6,5

Não soube responder 2 6,5

Total geral 31 100,0

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Dentre as doenças mais freqüentes nas propriedades destacam-se casos de gripe,

verminose, dor de estômago e diarréia, principalmente nas crianças.

2.2.3 Organização Sócio-Política

A ASPECC - Associação dos Pecuaristas do Careiro Castanho está situada no Km 25

da BR 319, tem 9 anos de atuação e possui 30 associados, onde segundo o presidente, 10 %

representam os grandes criadores, 40 % representam os médios e 50 % e de pequenos

produtores de animais. Esta entidade é administrada por grandes produtores de animais da

área de estudo. Os médios e pequenos produtores participam como associados não tendo

representantes na diretoria. “Os conflitos internos existem mais a associação não possui

problemas de ordem financeira e organizacional. Em 2008 organizamos a AGROPEC e foi

um sucesso”, afirma o presidente da ASPECC, pecuarista Pedro Arruda. Observa-se, que o

grau de organização dos pecuaristas é significativo apenas entre os grandes produtores, já os

pequenos e médios não tem interesse ou sentem-se excluídos do processo.

A Associação tem boa aceitação pelos seus membros. “O presidente é interessado e

mantém boa relação com os produtores, mesmo os não associados e também com o poder

público local (prefeitura e outras entidades como IDAM. CODESAV, INCRA e outros),

fazendo com que a associação seja reconhecida e respeitada”, segundo Helder Vitalli,

pecuarista e associado. Alguns produtores justificam o desinteresse em participar da

associação, afirmando que a mesma não responde ao anseio de todos e que deveria ser mais

ativa no que tange aos problemas de todos os produtores de animais do Careiro Castanho.

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Segundo o presidente da ASPECC o desinteresse dos criadores de se associarem é o valor da

anuidade que é de aproximadamente R$ 700,00.

2.2.4 Assistência Técnica

A discussão em torno da produção animal e a relação com o desenvolvimento

sustentável no Amazonas está tornando-se cada vez mais ampla e polêmica, tendo em vista

que este processo produtivo ainda é executado em nosso estado, na sua grande maioria, de

uma forma empírica, sem as previas avaliações dos impactos ambientais. Sendo assim, os

conflitos entre produtores e ambientalistas tornam-se cada vez mais freqüentes.

Segundo SCHNEIDER et al (2000),

A pecuária é o uso dominante nas áreas desmatadas na

Amazônia, representando 77% da área convertida em uso

econômico (Chomitz & Thomas, no prelo). O rebanho atual é

estimado em 32 milhões de cabeças de gado. A lotação média é

de apenas 0,7 animais por hectare. A pecuária gera

aproximadamente118 mil empregos permanentes. Em geral, a

pecuária apresenta uma TIR1 muito baixa (4,2%) atingindo, em

casos isolados em relação à tecnologia agropecuária,

calculamos a TIR em 14%. (SCHNEIDER et al. 2000. p, 15).

1 TIR – Taxa Interna de Retorno – índice que define o percentual de retorno econômico da atividade pecuária.

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Figura 13 – Vista de uma propriedade de categoria grande da pecuária bovina no

Município Careiro Castanho.

Fonte – GUIMARÃES, F. C. R., 2009

Tecnicamente a criação de animais contribui com a redução da emissão de gases a

natureza. Como afirma, JUNK, et, al. (2000, p. 558):

A criação de animais herbívoros pode ser considerada uma

atividade ecologicamente saudável, tendo em vista que o ato de

alimentar-se faz com que esses animais evitem a liberação, para

o ambiente, de gases tóxicos pelas plantas, alem de que ao

ingerirem as plantas herbívoras transformam biomassa em

energia através do alimento que produzem. Sendo assim, a

criação de animais é benéfica para o ecossistema quando

realizada adequadamente.

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O beneficio da assistência técnica oferecida pelo Governo do Estado do Amazonas, foi

confirmado por 58,1% dos pecuaristas e 38,7% informaram que não recebem visitas dos

técnicos da extensão rural do Amazonas (TABELA 10). Esta política pública estadual é

executada pelo Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas (IDAM)

e pela Comissão de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (CODESAV).

Segundo os produtores a assistência técnica recebida é somente a vacinação para Febre

Aftosa. Em outras ações para orientações sobre o manejo do rebanho e práticas adequados ao

bom andamento das atividades na propriedade, a assistência técnica pública é fornecida

quando os pecuaristas solicitam a presença dos técnicos e que, em muitas vezes, não são

atendidos. Pleiteiam que deveria ser feita pelo menos uma visita ao mês pelos órgãos de

assistência técnica para acompanhamento mais efetivo da atividade de produção animal.

De acordo com estudos realizados por JICA/IDAM (2002, 49), os serviços de

assistência técnica rural, que constituem a maior necessidade da maioria dos produtores, ainda

se restringem aos serviços e visitas feitas pelos técnicos do IDAM de forma insuficiente. Esse

é um fator negativo que pode refletir na saúde do produtor e no meio ambiente, pois o uso

inadequado de técnicas para a produção de animais pode causar danos a saúde pelo uso de

produtos tóxicos de forma inadequada, assim como a pratica de atividades culturais de forma

incorreta no trato com a propriedade podem causar impactos ambientais irreversíveis.

Os grandes produtores quando necessitam de alguma assistência técnica, optam pela

contratação de profissionais especializados particulares para atenderem a propriedade. Os

médios produtores, em alguns casos, contratam particulares, mas afirmaram que procuram

estimular os filhos a estudarem os cursos ligados à atividade e assumirem os trabalhos da

propriedade. Os pequenos produtores, por terem menor poder aquisitivo, ficam à espera da

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assistência técnica pública, mas afirmam que também estimulam os filhos a se qualificarem

em cursos ligados à produção animal para poderem dirigir a propriedade.

Os produtores (96,8 %) demonstram grande insatisfação pela falta de orientação

técnica. A falta e/ou ineficiência na assistência técnica pode ser vista como um fator que

distancia o produtor das novas técnicas realizadas em Instituições de Pesquisa, que objetivam,

principalmente, melhorias na produção e diminuição de técnicas inadequadas de produção.

Afirmam que precisam aplicar técnicas que possam melhorar sua produção e evitar praticas

que causam danos ao meio ambiente.

TABELA 10 – Percentual de propriedades que recebem o benefício da assistência técnica no

trecho da BR 319 entre o porto da balsa do Careiro da Várzea e a sede do município Careiro

Castanho, Amazonas, 2009.

Assistência técnica Total (%)

Não 12 38,7

Sim 18 58,1

Não Respondeu 1 3,2

Total geral 31 100,0

2.2.5 Crédito Rural

O crédito rural não tem atendido a maioria dos produtores, pois 83,9% dos

proprietários não são beneficiários desta modalidade de crédito. Somente 12,9% já executaram

ou estão executando esta forma de financiamento de sua produção (TABELA 11). O não

acesso ao credito rural foi justificado pela dificuldade e burocratização. Segundo os

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pecuaristas, o crédito rural é necessário, pois esses programas governamentais fomentariam

atividades na propriedade.

Figura 14 – Vista de uma propriedade com máquinas e equipamentos adquiridos

por meio de credito rural.

Fonte - GUIMARÃES, F. C. R., 2009

TABELA 11 – Percentual de propriedades que recebem o benefício do crédito rural no trecho

da BR 319 entre o porto da balsa do Careiro da Várzea e a sede do município Careiro

Castanho, Amazonas, 2009.

Credito Rural Total (%)

Não 26 83,9

Sim 4 12,9

Não Respondeu 1 3,2

Total geral 31 100,0

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2.3 Produção animal e a situação ambiental em Careiro Castanho

Segundo os produtores, confirmados por observações em loco nas propriedades,

atualmente não tem ocorrido desmatamento de áreas nos estabelecimentos. Os produtores

afirmam que, não há necessidade de aumentar as áreas de pasto e que elas são mantidas desde

o período de abertura da rodovia BR 319, não ocorrendo áreas em processo de queimada,

desmatamento ou degradação.

2.3.1 – O uso da terra pelos produtores de animais

O uso da terra na Amazônia para a produção animal é um processo complexo,

principalmente no que tange a titulação de terras, situação que abrange a grande maioria das

áreas, esse fato vem causando enormes problemas políticos, sociais, ambientais e econômicos,

como por exemplo, os conflitos agrários.

É o que nos mostra PORRO (et. al. 2004, p. 169 – 170.)

Implicações socioambientais de transformações no uso e cobertura da terra,

resultantes de formas de integração e pela alteração na importância relativa

atribuída a cultivos anuais, extrativismo e a pecuária, vinculam-se a diversos

fatores, incluindo: formas predominantes de acesso aos recursos e aos

direitos de propriedade; características do sistema de produção camponês;

relações de gênero no interior das unidades de produção agroextrativistas

(principalmente no contexto de conflitos agrários); articulações entre

produtores camponeses e instâncias da economia de mercado; formas de

ação coletiva dos movimentos sociais e a ação e intervenção de instituições

governamentais e não-governamentais. É a integração destes fatores que

definirá estratégias econômicas das unidades de produção e a forma pela

qual se dá a expansão da pecuária. O processo resultante terá implicações

diretas na sustentabilidade do uso dos recursos e na qualidade de vida das

populações que deles dependem.

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A condição dos pecuaristas em relação à propriedade da terra demonstra que 87,1 %

destes possuem titulo definitivo das propriedades e 12,9 % possuem titulo de posse (TABELA

12).

TABELA 12 – Situação das propriedades quanto à titulação da terra que se encontram no

trecho da BR 319 entre o porto da balsa do Careiro da Várzea e a sede do município Careiro

Castanho, Amazonas, 2009.

Título da Terra Total (%)

Título Definitivo 27 87,1

Título Posse 4 12,9

Total geral 31 100,0

As propriedades que possuem título de posse são na sua maioria em áreas próximas da

várzea. Ao fazer referência à legislação, Mcgrath e Gama (2005, p. 44) observam que a várzea

é considerada um bem público de domínio da União e isso impossibilita um título definitivo.

Alem do que, a regularização de terras de várzea pelo Estado do Amazonas está baseada na

decisão do Governo Estadual de utilizar uma “fórmula legal” por meio da Lei nº. 271, de 28

de fevereiro de 1967, para exercer o controle sobre as terras de várzea, por meio do co-uso2

para a posse coletiva ou Concessão de Direito Real de Uso. Porem os posseiros afirmam que

já existe documentação recolhida pelo INCRA para regularização das terras de posse ao longo

da área da pesquisa. Conclui-se desta forma que as propriedades ao longo da BR 319, que vai

do porto da balsa do Careiro da Várzea até a sede do Careiro Castanho, estão com seu

processo fundiário, na sua maioria, regularizado.

2 co-uso é uma fórmula encontrada pelo Governo do Estado para regularizar as terras de várzea, inundáveis,

ocupadas densamente pela atividade de pequenos produtores (MCGRATH e GAMA, 2005).

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2.3.2 Manejo dos Recursos Ambientais no Processo Produtivo

A preocupação com as questões ambientais vem crescendo significativamente nas

últimas décadas, decorrente principalmente da degradação do meio ambiente, de práticas não-

sustentáveis de uso dos recursos naturais, acarretando desta feita perda acelerada da

diversidade biológica.

Figura 15 – Forma de utilização de área para produção de animais ao longo da rodovia

BR 319.

Fonte – GUIMARÃES, F. C. R., 2009

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Na Amazônia as praticas produtivas são normalmente executadas de forma inadequadas

e sem nenhum controle dos impactos ambientais, causando danos muitas vezes irreversíveis à

biodiversidade. Nos dias atuais a visão de sustentabilidade dos processos produtivos para a

Amazônia é motivo de debate para a criação de um novo modelo econômico ambientalmente

sustentável.

Como afirmam os autores:

Nos últimos 30 anos a Amazônia, tem sido objeto de uma

política desenvolvimentista que resultou na exploração dos

recursos regionais, causando profundo desequilíbrio em seus

ecossistemas naturais. Durante esse processo, novas categorias

sociais foram transformadas e redefinidas implicando num

continuo processo de destruição/reconstrução do espaço, que

adquiriu novos recortes sub-regionais, sendo a natureza

reavaliada a cada momento, dentro de uma lógica em constante

mutação (FIGUEIREDO in MESQUITA e SILVA, 1993).

Paragominas foi estabelecida nos anos 60 como uma fronteira

de pecuária, estimulada por incentivos fiscais. Mattos & Uhl

(1994) entrevistaram 27 fazendeiros no início dos anos 90 e

observaram uma Taxa Interna de Retorno (TIR)3 sobre a

pecuária de 13%. Cálculos feitos por esse estudo revelam uma

TIR de 3,1% para as técnicas tradicionais e 10% - 14% para as

operações tecnologicamente mais avançadas. Evidências de

campo indicam descapitalização significativa ocorrendo na

área. Entretanto, ainda é necessário determinar se isso levará

ao abandono ou à consolidação da área rural sob a tecnologia

avançada. Plantio de grãos (soja e milho) vem sendo testado,

mas a produtividade ainda é inferior à média nacional. (Cf.

SCHNEIDER et al 2000.p 20).

3 Taxa Interna de Retorno – índice que define o percentual de retorno econômico da atividade pecuária

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A TABELA 13 mostra que 61,3 % dos produtores dizem que não há impacto

ambiental em sua propriedade. Porém, 25,9 % dos criadores de animais acreditam que a

produção de animal esta afetando a qualidade da água, desgastando o solo, extinguindo a flora

e a fauna, alterando o clima e interferindo no período da enchente e vazante dos rios.

As observações realizadas na área de pesquisa confirmam que os impactos causados ao

meio ambiente pela produção animal existem e são significantes influenciando na qualidade

de vida das comunidades. Entretanto, a evolução destes efeitos é lenta.

Quanto aos impactos que a atividade de produção animal causa sobre o meio ambiente,

os pecuaristas justificam que há mais de 20 anos não se desmata na área da rodovia BR 319.

Os grandes desmatamentos teriam ocorrido quando a estrada foi concebida. Após o abandono

os interesses pelo desmatamento diminuíram e mantiveram-se as áreas como estão até os dias

de hoje.

TABELA 13 – Percepção dos impactos da produção animal sobre o meio ambiente segundo

os produtores de animais que se encontram no trecho da BR 319 entre o porto da balsa do

Careiro da Várzea e a sede do município Careiro Castanho, Amazonas, 2009.

Impactos da atividade de

produção animal sobre o meio

ambiente

Total (%)

Não há impacto 19 61,3

Afeta a qualidade da água,

solos, Fauna, Flora e o Clima 6 19,4

Não soube responder 4 12,9

Alterações

Climáticas/Enchentes 2 6,5

Total geral 31 100,0

Os resultados da pesquisa mostraram que 30% das unidades de produção estão

preservando 80% da área de floresta, como prevê a legislação ambiental. Porem, 70% das

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propriedades pesquisadas não cumpre as exigências legais do código ambiental (TABELA

14). A justificativa dos produtores é que as áreas de floresta da propriedade são mantidas

desde que compraram a propriedade. Afirmam ainda que o desmatamento e queima das áreas

de floresta de maneira descontrolada foram executadas na década de 70 quando com a

abertura da rodovia BR 319 e que há muitos anos não ampliam áreas para pasto e nem

praticam queimadas, mas não realizam reposição florestal e nem têm conhecimento sobre a

atividade.

Os dados obtidos na analise de campo, sobre a utilização do solo, no trecho da rodovia

BR 319 entre o porto da balsa do Careiro da Várzea e a sede do município Careiro Castanho

são confirmados por CUNHA, GRAÇA E MALDONADO (2009),

Na analise conjunta dos dados de campo e do mapa de mudanças pode-se concluir

que ate 500 metros a partir das margens da estrada apresentam degradação forte

causada pelo uso intensivo (corte raso de florestas e capoeiras) para pastagens e

agricultura. O solo é predominantemente utilizado para pecuária (bovinos,

bubalinos e caprinos), seguido pela agricultura, exploração florestal e piscicultura

que vem crescendo ultimamente, contribuindo também para o desmatamento na

região.

TABELA 14 – Utilização do solo ao longo do trecho da BR 319 entre o porto da balsa do

Careiro da Várzea e a sede do município Careiro Castanho, Amazonas, 2009.

(%) de Pastagem/Área total Freqüência (%)

0-20 9 30,0

20-50 15 50,0

>50 6 20,0

Total 30 100,0

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Em relação à temática ambiental e o sistema de produção adotado na propriedade, os

pecuaristas informam que se consideram pessoas interessadas por essas questões. Reconhecem

a importância da relação harmoniosa do homem com a natureza e que o mesmo faz parte dela

e os dois estão integrados entre si. Segundo eles, a sociedade é a verdadeira responsável pela

proteção do meio ambiente, portanto se consideram responsáveis pela preservação ambiental

de suas propriedades. Contudo 38,7 % defendem que tanto a sociedade como o governo são

responsáveis pela manutenção adequada do ambiente, criando o entendimento de que deve

haver uma interação direta entre o homem e os agentes governamentais no que tange as

tomadas de decisões que irão nortear a boa utilização da natureza. Somente 19,4 % acham que

o governo é o único responsável pela preservação do meio ambiente (TABELA 15).

TABELA 15 – Competência de responsabilidade pela proteção do Meio Ambiente segundo

os produtores de animais que se encontram no trecho da BR 319 entre o porto da balsa do

Careiro da Várzea e a sede do município Careiro Castanho, Amazonas, 2009.

Responsável pela proteção do

Meio Ambiente Total (%)

Governo 6 19,4

Sociedade 13 41,9

Todos 12 38,7

Total geral 31 100,0

Os processos e as técnicas adotadas na produção animal estão passando por mudanças

paradigmáticas, tendo em vista que esta atividade é considerada como uma das mais

impactantes.

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Como assevera LEFF, 2004 p. 17.

A degradação ambiental se manifesta como sintoma de uma

crise de civilização, marcada pelo método de modernidade

regido pelo predomínio do desenvolvimento da razão

tecnológica sobre a organização da natureza. A questão

ambiental problematiza as próprias bases da produção; aponta

para a desconstrução do paradigma econômico da modernidade

e para a construção de futuros possíveis, fundados nos limites

das leis da natureza, nos potenciais ecológicos, na produção de

sentidos sociais e na criatividade humana,

E ainda,

A construção de uma racionalidade produtiva alternativa não só

depende da transformação das condições econômicas,

tecnológicas e políticas que determinam as formas dominantes

de produção. As estratégias do ecodesenvolvimento estão

sujeitas também a certas ideologias teóricas e delimitadas por

paradigmas científicos que dificultam as possibilidades de

reorientar as práticas produtivas para um desenvolvimento

sustentável. (LEFF, 2002 p. 61).

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Seguindo a mesma linha de pensamento, FREITAS (P 197. 2000) torna firme:

É possível identificar alterações importantes nas distintas

“vocações” econômicas da Amazônia, recriadas hoje seja na

economia de escala, seja nas utopias politicamente corretas da

adequação extrativista não-predatória, ótimas para a

preservação da “saúde da floresta”, mas duvidosas “à

preservação da saúde da economia”.

E ainda,

Propõe-se uma reavaliação que contemple a renovação

tecnológica das atividades econômicas de reconhecido impacto

ambiental e social (mineração, garimpo, exploração madeireira,

pecuária e outras). (FREITAS, 2000. p. 204).

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2.4 Políticas públicas, impactos ambientais e produção animal

A Amazônia é efetivamente uma região, em que se faz necessário substituir a política

de ocupação por uma política de consolidação do desenvolvimento. As florestas que restaram

devem permanecer com seus habitantes. É necessário articular os diferentes projetos e os

diversos interesses e conflitos que incidem na região. O governo atual deve ser um marco no

rumo do desenvolvimento regional.

Nesse contexto, BECKER, afirma (2004 pág.83 – 85)

A floresta só deixara de ser destruída se tiver valor econômico

para competir com a madeira, com a pecuária e com a soja.

Mesmo com os grandes avanços na sua proteção, a questão de

manter a capacidade sustentável da floresta ainda não foi

solucionada. Florestas e terras são bens públicos e, por isso,

são trunfos que estão sob o poder do Estado, que tem autoridade

para dispor deles, segundo o interesse da nação.

No Amazonas, programas de combate às práticas ambientais ilegais estão se

ampliando, porém o governo deve redirecionar as forças econômicas que estão degradando o

estado, afim de que esse patrimônio mundial não seja apropriado para fins privados,

perpetuando a visão imediatista e predatória que tem caracterizado o desenvolvimento de toda

a Amazônia. Essas práticas, guiadas por benefícios econômicos e políticos de curto prazo,

freqüentemente ameaçam a estabilidade social, econômico e ambiental das comunidades. Em

longo prazo, elas não têm sustentabilidade para todos os níveis da sociedade.

Cada grupo estabelece uma relação com o ambiente, que pode ser condicionada e

imposta pela atuação de vários fatores, que direta ou indiretamente, resultam em sua

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“adaptabilidade”. E a partir disso, a apropriação dos recursos naturais para a manutenção,

ampliação e desenvolvimento da atividade produtiva deve ser permitida visando à

conservação do ambiente manejado.

Os pecuaristas da rodovia BR 319, mantêm uma atividade principal, que é a criação de

bovinos de corte. São grandes, médios e pequenos criadores que estão distribuídos ao longo da

rodovia. Todos criam outros animais como, suínos, ovinos, caprinos e aves, porem somente os

pequenos produtores e que utilizam esses animais com finalidade comercial. A piscicultura é

uma atividade que esta começando a ser praticada pelos médios produtores.

As grandes e médias propriedades normalmente possuem o caseiro que é um tipo de

administrador, já as pequenas áreas são administradas pelo próprio produtor de animais,

caracterizando a estratificação do trabalho diferenciada entre os criadores ao longo da BR 319.

A divisão do trabalho na propriedade, que se estabelece entre os sexos, demonstra que

as mulheres realizam trabalhos domésticos e os cuidados com os filhos. Em algumas situações

especiais ajudam os homens na atividade de produção de animais. Cabe aos homens o trabalho

mais pesado, que exige maior força física, que é o trato com os animais. Esta divisão de

trabalho é realizada nas três categorias de produtores.

Quanto ao processo religioso observa-se que as igrejas, tanto católica, como

evangélica, estão passando por processo de reestruturação e não tem muito poder no que toque

as tomadas de decisões sociopolíticas da área em estudo.

A produção de animais praticada nas propriedades, com a exceção de alguns grandes

produtores, que usam o sistema semi-extensivo, é na sua maioria extensivo, ou seja, criados

soltos no campo com pouquíssima técnica utilizada na criação. Em algumas grandes fazendas,

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os caseiros são oriundos de regiões que tem tradição na pratica da criação de animais,

implantando desta forma técnicas mais adequadas no manuseio dos animais.

Dentre essas técnicas esta o manejo da pastagem, que é uma pratica de utilização

escalonada do pasto, fazendo com que a fazenda tenha bom pasto todo o ano através da

rotação de pasto que possibilita a recuperação da pastagem através do descanso de

determinadas áreas para sua recomposição e posterior utilização.

Os grandes e a maioria dos médios produtores são comerciantes ou funcionários

públicos aposentados e não vivem exclusivamente da atividade de produzir animais. Porem

utiliza-se do processo para engordar animais e comercializá-los para o mercado de Manaus e

outros estados da região Amazônica. Já os pequenos criadores de animais na sua maioria

dependem exclusivamente da atividade para suprir suas necessidades básicas, porem alguns

desses completam sua renda monetária com a aposentadoria e programas sociais do governo,

como o bolsa família, que se constituem de forte auxílio indireto ao pequeno criador de

animais possibilitando sua sustentação social e econômica.

O resultado positivo de sistema educacional completo é que o aluno não precisa sair de

seu local de origem para estudar em outros municípios ou nos grandes centros. Desta feita fixa

o homem no seu local de origem e estimula o mesmo a utilizar o conhecimento na melhoria da

qualidade de vida local. Esse quadro diferencia-se do que normalmente acontece em

municípios mais distantes dos grandes centros, onde as políticas públicas “demoram a

chegar”, fazendo com que os jovens saiam de seus municípios em busca de melhorias de

educação e qualidade de vida, causando assim impactos sociais tanto no seu local de origem,

pois poderiam estar ali ajudando no desenvolvimento, quanto no novo ambiente que ira viver,

pois muitas vezes com poucas posses deixam de estudar, não se qualificando e

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conseqüentemente não conseguindo condições para seu sustento através de emprego,

causando impactos sociais muitas vezes irreversíveis em sua vida.

A área de estudo possui um sistema educacional que contempla as três esferas do

ensino. Possui escola municipal que ensina o fundamental, escola estadual que ensina o médio

e ensino superior nas universidades federais (UFAM e UEA) que garantem a escolaridade

completa em algumas áreas do conhecimento.

O sistema de saúde da área do estudo foi identificado pela pesquisa como deficitário.

Os hospitais encontram-se na sede do Careiro Castanho, na localidade do Araçá ou em

Manaus, não tendo posto de saúde ao longo da rodovia. Só existe um agente de saúde que

visita esporadicamente os criadores de animais distribuindo paliativos para dores de barriga e

produtos para tratamento da água de beber. A ausência de unidades de saúde próximas às

propriedades mais distantes representa um dos principais problemas enfrentados, pois em

casos graves os produtores de animais têm que se deslocar para hospitais da sede do município

do Careiro Castanho, na localidade do Araçá ou Manaus, podendo levar a morte do enfermo

exatamente pela distância que causará demora ao atendimento que deveria ser imediato.

Foi observado que a assistência técnica tem se constituído como um fator de

distanciamento do produtor das novas tecnologias desenvolvidas em Instituições de Pesquisa,

que objetivam, principalmente, melhorias na produção e substituição de técnicas inadequadas

de produção. Os produtores estão demandando técnicas que possam melhorar a produção e

abandonar praticas que causam danos ao meio ambiente.

O crédito rural é uma ferramenta primordial para o desenvolvimento dos produtores de

animais, entretanto, os pecuaristas afirmam que o acesso é muito difícil e burocratizado a esta

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forma de política pública. Segundo eles há necessidade da adoção de procedimentos que

visem melhorar a eficiência governamental nesse aspecto.

Quanto à relação com o meio ambiente, contatou-se que os produtores de animais têm

consciência da necessidade de conservação e manejo de suas áreas e se preocupam com as

questões relacionadas ao ambiente.

Foi identificado na pesquisa que as áreas de produção estão com seu processo fundiário

normalizado e que não estão sendo utilizadas para expansão de pasto, conseqüentemente não

havendo expansão em áreas de pastagem. Muitos produtores estão transformando suas áreas

de pasto em tanques para a produção de peixes. Justificam que o retorno financeiro e mais

rápido e a atividade e bem mais lucrativa.

No que tange a responsabilidade pela proteção ambiental, os produtores afirmam que

são agentes importantes neste processo, mas que o governo deve ter compromisso com a

formatação de políticas públicas que auxiliem a prática da preservação do meio ambiente.

Os impactos ambientais são identificados, mas os produtores afirmam que não foram

responsáveis pelos mesmos, tendo em vista que, segundo eles, desmatamento e queimada

foram realizados com a abertura da rodovia BR 319 e que atualmente não praticam estas

atividades predatórias.

Quanto à utilização do solo identifica-se que a grande maioria dos produtores de animais

está praticando a atividade fora dos percentuais que a legislação ambiental regulamenta. Não

executam desmatamento ou queimada, mas também não reflorestam as áreas que estão sendo

utilizadas irregularmente.

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CONCLUSÃO

No plano diretor de desenvolvimento do Careiro Castanho, capítulo II, da qualificação

do meio ambiente, Art. 11, afirma-se que a estratégia de qualificação do meio ambiente tem

como objetivo geral qualificar o território municipal, através da valorização do meio ambiente

natural e construído, promovendo suas potencialidades, superando os conflitos referentes à

poluição e degradação do meio ambiente e, promovendo ações de saneamento e recuperação

dos ambientes degradados.

As políticas públicas implementadas na área da pesquisa, como sistema educacional,

assistência a saúde, assistência técnica e credito rural são deficitárias, causando impactos

negativos significativos na vida socioeconômica dos produtores de animais. Constatando-se a

necessidade de maior compromisso por parte das instituições responsáveis pela formatação e

execução de políticas públicas e que a sociedade civil precisa organizar-se melhor para

reivindicar seus direitos adquiridos constitucionalmente.

Os impactos ambientais são visivelmente identificados e confirmados pelos produtores

de animais, porém, os mesmos têm consciência da necessidade de conservação e manejo de

suas áreas e se preocupam com as questões relacionadas ao meio ambiente e que são agentes

importantes neste processo, mas que o governo deve ter compromisso com a formatação de

políticas públicas que auxiliem a prática responsável da preservação ambiental.

A situação fundiária das áreas de produção animal está legalmente resolvida, contudo no

processo de utilização do solo identifica-se que a grande maioria dos produtores de animais

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está praticando a atividade fora dos percentuais de utilização que a legislação ambiental

regulamenta. Atualmente não executam desmatamento ou queimada, mas também não

reflorestam as áreas que estão utilizadas irregularmente.

Conclui-se, então, que devido às deficiências e inadequação na implementação das

políticas públicas, acarretando a desinformação e o despreparo dos produtores de animais

quando a correta utilização do solo e de práticas adequadas a evitar os impactos ambientais,

percebe-se que a atividade produtiva de criar animais está afetando negativamente a

sustentabilidade ambiental na área de pesquisa.

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APÊNDICES

Questionário – Apêndice 01

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E

SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA- PPG-CASA-CCA-UFAM.

APÊNDICE 01 - QUESTIONÁRIO CAREIRO CASTANHO - AMAZONAS.

1. QUESTIONÁRIO Nº. _______ DATA: _____/_____/_____

I - Dados do (a) Entrevistado (a):

1)Nome:____________________________________________________________________

2)Idade_____Sexo( )F ( )M

3)Onde Nasceu?______________________________________________________________

4)Não sendo nascido na localidade, mora há quanto tempo?___________________________

5)Não morando na localidade qual o endereço residencial:

Municipio____________Rua_____________________nº_________Bairro_______________

Complemento________________________________________________________________

Zona ( ) Rural ( )Urbana

6)Atividade Profissional/Ocupação_______________________________________________

7)Nível de Escolaridade:

( )Não alfabetizado; ( )fundamental incompleto; ( )Ensino Fundamental; ( )Ensino Médio; ( )

Nível Superior; ( ) especialista; ( ) mestrado; ( ) doutorado;

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II - Pesquisa Socioeconômica por propriedade:

1)Há quantos anos reside ou possui a propriedade?__________________________________

2)Quais as atividades ligadas à produção animal desenvolvidas na propriedade?___________

___________________________________________________________________________

3)Há quantos anos desenvolve estas atividades na propriedade?________________________

4)Quantas pessoas/famílias residem na propriedade: _________________________________

função Idade sexo Local de nascimento Escolaridade Renda média/mês

Renda média/mês:

De um a cinco salários mínimos - De cinco a dez salários mínimos

De dez a quinze salários mínimos - Acima de 15 salários mínimos

5)Participação social dos membros que compõem a propriedade:

A) Quanto à crença religiosa:

Igreja Católica; Templo Evangélica; outras. Se não existir como desenvolvem suas

crenças religiosas?____________________________________________________________

6)Qual o volume de produção animal da propriedade?________________________________

7)Qual o mercado consumidor dos produtos produzidos na propriedade:( )consumo próprio;

( ) mercado local; ( ) mercado estadual; ( ) mercado nacional; ( ) mercado internacional.

8)Qual o percentual para consumo próprio e qual para venda externa?__________________

9)É necessário em algum momento do processo produtivo (produção de animais) contratar

mais pessoas para trabalhar na propriedade? Por quê? Em que período?__________________

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III - Situação das políticas públicas para os produtores de animais

A) Quanto à organização em instituições de classe:

Associações; Cooperativas; Clube de mães; Ligas esportivas; Grupo da melhor

idade; Outros. Se não existir quais as relações comunitárias?_________________________

1)Quais as condições de atendimento de saúde para os membros que compõem a propriedade:

( ) ótimo; ( ) bom; ( ) regular; ( ) péssimo. Existem hospitais ou postos médicos próximos à

propriedade? Se não qual o mais perto?____________________________________________

2)Quais as condições do sistema educacional para os membros que compõem a propriedade:

( ) ótimo; ( ) bom; ( ) regular; ( ) péssimo. Existem escolas próximas à propriedade? Ensinam

ate que série?________________________________________________________________

3)Qual a fonte de abastecimento de água na propriedade?____________________________

III - Pesquisa quanto à situação ambiental e os produtores de animais:

1)A terra tem titulo? Caso negativo, qual o motivo?__________________________________

2)Qual o tamanho da propriedade (ha.): ___________________________________________

Área de floresta (ha.)

Área desmatada (ha.)

Pasto Roça Sítio

3)É queimada área para abertura de pasto (há)? Com que freqüência? ___________________

4)Existe alguma área abandonada por estar degradada (há)?___________________________

5)Cultiva árvore frutífera, planta medicinal, hortaliça, realiza extrativismo (há)?___________

___________________________________________________________________________

6)Enfrenta problema de cheias no período do inverno? Sai da propriedade?_______________

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Entrevista – Apêndice 02

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E

SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA- PPG-CASA-CCA-UFAM.

APÊNDICE 02 - ENTREVISTA CAREIRO CASTANHO - AMAZONAS.

1. ENTREVISTA Nº. _______ DATA: _____/_____/_____

I - Pesquisa quanto às políticas publicas para a propriedade:

1)A propriedade recebe crédito rural? Se não. Quais as dificuldades para o acesso?_________

___________________________________________________________________________

2)Recebe assistência técnica? Se não. Quais as dificuldades para o acesso?_______________

___________________________________________________________________________

3)Recebe ajudar do poder público para o escoamento e comercialização da produção? ______

4)Existe dificuldade para a comercialização da produção? Se houver? Qual?______________

5)Como é decidido o preço dos produtos vendido?___________________________________

6)Qual o custo de produção da propriedade?________________________________________

7)Algum membro da família recebe algum benefício financeiro de programas

governamentais?______________________________________________________________

II – Pesquisa quanto aos impactos ambientais na propriedade

1)O entrevistado se considera uma pessoa interessada pelas questões relacionadas ao

Ambiente ou ao Meio Ambiente? ( ) Sim, ( ) Não. Por quê?_________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2)Você concorda que o Ser Humano também faz parte do Ambiente ou Meio Ambiente?

Sim ( ) Não ( ). Por quê?_______________________________________________________

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3)Como você ver a relação homem natureza?_______________________________________

4)Se Você fosse atribuir responsabilidade para proteger o Ambiente, a quem

responsabilizaria?

( ) Ambientalista; ( ) Governo; ( ) Cidadãos; ( ) outros.

5)Quais os impactos observados sobre o ambiente e sobre os recursos naturais ao desenvolver

a atividade de produção animal na propriedade (solo-erosão; água-quantidade de peixe; ar-

queimada; fauna-quantidade de animais; flora-desmatamento)?_________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

6)Quais os efeitos dos impactos ambientais causados pela ati

vidade de produção animal, são visivelmente identificados sobre a vida dos moradores da

localidade próxima a propriedade (escassez de recursos naturais, desaparecimento de animais

silvestres, mudanças climáticas, problemas de saúde,

etc.)?______________________________________________________

___________________________________________________________________________

7)Existe alguma área de reserva ambiental nas proximidades da propriedade ou dentro dela?

___________________________________________________________________________