18
1 AS AVENTURAS DE UM CAIPIRA NA CIDADE GRANDE: 1 OBSERVAÇÕES SOBRE CHICO BENTO, 2 DE MAURÍCIO DE SOUSA 3 Marly Custódio da Silva (UEMS) 4 [email protected] 5 Suzi Tomassini de Souza (UEMS) 6 [email protected] 7 Nataniel dos Santos Gomes (UEMS) 8 [email protected] 9 10 RESUMO 11 Chico Bento e toda sua turma cresceram e estão prestes a ingressar na faculdade. 12 Chico fará faculdade de agronomia na cidade de Nova Esperança, conforme estudos 13 realizados nas revistas de Chico Bento Moço da edição 1 ao 9, de Maurício de Sousa. 14 Muita aventura, desafio e realizações estão por vir na nova jornada. Para não ser es- 15 tigmatizado pela maioria das pessoas da cidade grande, Chico terá que monitorar com 16 maior frequência seu dialeto, teremos como conceito o contínuo de monitoração esti- 17 lística de Bortoni (2004). Por ser uma moço simples do meio rural, a princípio acredita 18 que todos na cidade possam ser amigos e conquistar a confiança das pessoas, porém 19 conforme o tempo passa vê que não é isso que acontece. Neste trabalho enfocaremos a 20 inclusão social de Chico Bento na cidade grande, travamos, teoricamente, um diálogo 21 com Bagno sobre as variedades linguísticas estigmatizadas que não são reconhecidas 22 como válidas por grande parte dos falantes urbanos mais letrados (2013) e fazendo 23 uma alusão a maioria das pessoas que saem do campo para estudar na sonhada cidade 24 de concreto que conforme Bortoni, podem ser chamados de rurbanos, pois são mi- 25 grantes de origem rural que mantém a preservação no seu repertório linguístico 26 (2004) e assim, de uma maneira exemplificada, mostrar os possíveis desafios que os 27 jovens na vida real poderão enfrentar. Na cidade nosso personagem conhecerá a soci- 28 edade democrática e acima de tudo capitalista, jeito totalmente diferente do vivencia- 29 do no campo. Com uma educação simplória mas bem embasada, o moço oriundo da 30 Vila Abobrinha tenta "sobreviver" em uma nova realidade, o faz com bom humor e 31 objetividade. 32 Palavras-chave: Chico Bento. Amigos. Faculdade. Aventura. 33 34 1. Introdução 35 As aventuras protagonizadas pelo personagem Chico Bento clás- 36 sico nos leva a uma fascinante viagem à infância, onde a magia predomi- 37 na e não existe perigo e nem inimigos. Toda essa aventura só é possível 38 porque temos um dos mais ilustres cartunista brasileiro, Maurício de 39 Sousa, que a cada revista nos leva a esse maravilhoso mundo de sonhos e 40

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AS AVENTURAS DE UM CAIPIRA NA CIDADE GRANDE: 1

OBSERVAÇÕES SOBRE CHICO BENTO, 2

DE MAURÍCIO DE SOUSA 3

Marly Custódio da Silva (UEMS) 4

[email protected] 5

Suzi Tomassini de Souza (UEMS) 6

[email protected] 7

Nataniel dos Santos Gomes (UEMS) 8

[email protected] 9

10

RESUMO 11

Chico Bento e toda sua turma cresceram e estão prestes a ingressar na faculdade. 12 Chico fará faculdade de agronomia na cidade de Nova Esperança, conforme estudos 13 realizados nas revistas de Chico Bento – Moço da edição 1 ao 9, de Maurício de Sousa. 14 Muita aventura, desafio e realizações estão por vir na nova jornada. Para não ser es-15 tigmatizado pela maioria das pessoas da cidade grande, Chico terá que monitorar com 16 maior frequência seu dialeto, teremos como conceito o contínuo de monitoração esti-17 lística de Bortoni (2004). Por ser uma moço simples do meio rural, a princípio acredita 18 que todos na cidade possam ser amigos e conquistar a confiança das pessoas, porém 19 conforme o tempo passa vê que não é isso que acontece. Neste trabalho enfocaremos a 20 inclusão social de Chico Bento na cidade grande, travamos, teoricamente, um diálogo 21 com Bagno sobre as variedades linguísticas estigmatizadas que não são reconhecidas 22 como válidas por grande parte dos falantes urbanos mais letrados (2013) e fazendo 23 uma alusão a maioria das pessoas que saem do campo para estudar na sonhada cidade 24 de concreto que conforme Bortoni, podem ser chamados de rurbanos, pois são mi-25 grantes de origem rural que mantém a preservação no seu repertório linguístico 26 (2004) e assim, de uma maneira exemplificada, mostrar os possíveis desafios que os 27 jovens na vida real poderão enfrentar. Na cidade nosso personagem conhecerá a soci-28 edade democrática e acima de tudo capitalista, jeito totalmente diferente do vivencia-29 do no campo. Com uma educação simplória mas bem embasada, o moço oriundo da 30 Vila Abobrinha tenta "sobreviver" em uma nova realidade, o faz com bom humor e 31 objetividade. 32

Palavras-chave: Chico Bento. Amigos. Faculdade. Aventura. 33

34

1. Introdução 35

As aventuras protagonizadas pelo personagem Chico Bento clás-36

sico nos leva a uma fascinante viagem à infância, onde a magia predomi-37

na e não existe perigo e nem inimigos. Toda essa aventura só é possível 38

porque temos um dos mais ilustres cartunista brasileiro, Maurício de 39

Sousa, que a cada revista nos leva a esse maravilhoso mundo de sonhos e 40

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encantamento, graças a sua persistência nos desenhos e publicações diá-1

rias em jornais na cidade de Mogi das Cruzes – SP que pôde-se conhecer 2

as criações desse magnífico cartunista brasileiro. 3

No século XXI, Chico Bento cresceu, assim como toda sua turma 4

e agora tem um novo desafio – deixar o campo para viver uma nova 5

aventura na cidade grande, Nova Esperança – irá ingressar na faculdade 6

de Agronomia e conhecer novos amigos, cada um advindo de cultura e 7

costumes diferentes, sem falar nas vestimentas e dialetos e não se esque-8

cendo de seu grande amor Rosinha, que também ingressa na faculdade de 9

veterinária em Campos Verdes, cidade diferente que a de Chico. 10

Para não ser estigmatizado pela maioria das pessoas da cidade 11

grande, Chico terá que monitorar com maior frequência seu dialeto. Por 12

ser uma moço simples, nascido e criado no campo, a princípio acredita 13

que todos na cidade possam ser amigos e conquistar a confiança das pes-14

soas, mas com o passar do tempo vê que não é isso que acontece. Chico 15

Bento passa por muitos desafios, todos com muito bom humor, simplici-16

dade e dignidade. 17

Neste trabalho vamos enfocar a inclusão social de Chico Bento na 18

cidade grande, dando representatividade a maioria das pessoas que saem 19

do campo para estudar na tão famosa e sonhada cidade grande e assim, 20

de uma maneira exemplificada mostrar os possíveis desafios que os jo-21

vens na vida real poderão enfrentar. Chico irá conhecer uma sociedade 22

democrática e acima de tudo capitalista, jeito totalmente diferente do vi-23

venciado no campo. Com uma educação simplória, mas bem embasada, o 24

moço oriundo da Vila Abobrinha tenta "sobreviver" em uma nova reali-25

dade, pois seu maior sonho é poder, em um futuro próximo, ajudar os 26

pais na roça com maior modernidade. 27

Logo que chega à cidade grande Chico Bento irá se surpreender 28

com as pessoas andando depressa, a quantidade de carros poluindo o ar e 29

a meio, tantas construções de concretos e pouquíssimos sinais da nature-30

za (lago, árvores, passarinhos) e perceberá que as pessoas que ali habitam 31

não são confiáveis como os da Vila Abobrinha, percebendo a necessida-32

de de se adequar à nova realidade Chico perceberá que os verbos "sub-33

meter", "abranger" e "acolher" deverá sair da teoria e entrar em prática, 34

pois o dia a dia do nosso caipira não será fácil, a cada dia ele se convence 35

de que a Vila Abobrinha é o melhor lugar do mundo para se viver e 36

mesmo assim não desiste de seu sonho e nem muda sua personalidade. É 37

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necessário que se inclua na nova realidade para ser aceito como membro 1

da atual sociedade. 2

A partir do momento em que se sentirá incluído, Chico terá mais 3

chances de conseguir seus objetivos e o principal realizar em breve o 4

grande sonho de se formar engenheiro agrônomo e ajudar seus pais na li-5

da do campo. É uma escala de sequência, pois se sentindo mais seguro 6

surgirá mais oportunidades para que ele possa seguir em frente com seus 7

objetivos. Uma sociedade com mais amor, mais cuidado e compaixão pe-8

lo próximo será capaz de incluir e acolher a todos, sem exceção. 9

10

2. Maurício de Sousa – o criador de Chico Bento 11

Maurício de Sousa nasceu em Santa Isabel em 27 de outubro de 12

1935. Seu pai, Antônio Mauricio de Sousa era o poeta e barbeiro. A mãe, 13

Petronilha Araújo de Sousa, poetisa. Antônio Mauricio também tem mais 14

três filhos: Mariza (in memoriam), Maura e Marcio, conforme informa-15

ções disponível no site http://www.lpm.com.br. 16

Ainda bebê, Maurício e sua família foi para a cidade de Mogi das 17

Cruzes, onde passou parte da infância. A outra parte foi vivida em São 18

Paulo, onde seu pai teve algumas oportunidades de trabalhar em estações 19

de rádio. Já crescido, com 19 anos começou a ajudar no orçamento do-20

méstico, desenhava cartazes e pôsteres, mas seu maior sonho era se dedi-21

car ao desenho profissionalmente. 22

Produziu algumas ilustrações para os jornais de Mogi, mas o futu-23

ro cartunista ainda não estava contente e queria mais, seu sonho seria de-24

senvolver técnica e arte e para isso seria necessário ir para os grandes 25

centros para que as editoras e jornais de maior circulação pudesse ver e 26

se interessar pelo seu trabalho. 27

Com as amostras que já havia feito e publicado nos jornais de 28

Mogi das Cruzes, Maurício foi para o grande centro, o que conseguiu foi 29

uma vaga de repórter policial no jornal Folha da Manhã. Por 5 anos es-30

creveu reportagens policiais. Graças a sua persistência, no ano de 1959, 31

Maurício voltou-se para a antiga paixão criando uma série de tiras em 32

quadrinhos com um cãozinho e seu dono, nascia ali um dos personagens 33

que encantaria todo o país, Bidu e Franjinha. Toda essa produção foi ofe-34

recida aos redatores da Folha e aceita. 35

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Nos anos de 1960 e 1961, Mauricio criaria outras tiras de jornal 1

Cebolinha, Piteco, Chico Bento, Penadinho e páginas tipo tabloide para 2

publicação semanal – Horácio, Raposão, Astronauta. O primeiro tabloi-3

de de Chico Bento foi lançado em 1963 no suplemento Juvenil do Diário 4

de São Paulo. 5

Em 1970, as revistas chegaram às bancas e a Turma Mônica foi 6

lançada com tiragem de 200 mil exemplares. Foi seguida, dois anos de-7

pois, pela revista Cebolinha e nos anos seguintes pelas publicações do 8

Chico Bento, Cascão, Magali, Pelezinho e outras. Seus trabalhos come-9

çaram a ser conhecidos no exterior, conforme divulgação disponível em 10

http://www.tvsinopse.kinghost.net. 11

No ano de 2006, Maurício lança a Turma da Mônica Jovem e de 12

lá pra cá não parou mais com o projeto de seus desenhos infantis para o 13

público jovem. Em 2013, torna a inovar cria então a revista de Chico 14

Bento Moço, são revistas com aventuras de um jovem que saí do meio 15

rural e vai para a cidade grande estudar para ajudar seus pais de maneira 16

moderna na lida com o campo e animais, mas para isso Chico terá que 17

passar por muitas provações e a primeira delas é com quem ele irá dividir 18

o quarto na república perto da faculdade e como vai manter o namoro 19

com a Rosinha à distância e o mais desafiador para Chico Bento, como 20

encarar a cidade grande, já que seus hábitos de menino do campo estão 21

internalizados em sua personalidade. 22

Diante de tantos obstáculos, o menino do campo com a pureza 23

matuta consegue driblar os empecilhos que lhe aparece, porém não se 24

deixa abater pelos problemas que encontrara e irá em busca de solução e 25

para isso conta com o apoio dos seus novos amigos de faculdade. Chico 26

começa a fazer "bico"- entregador de pizzas, auxiliar em um petshop, 27

vendedor em uma loja de calçados e atendente em uma frutaria – em qua-28

tro lugares diferentes para se manter na cidade sem dar preocupações a 29

seus pais e assim consegue, com muita esforço, cumprir seus objetivos. 30

31

3. Chico Bento 32

3.1. Chico Bento – A versão clássica 33

Francisco Antônio Felício Bento, mais conhecido como "Chico 34

Bento" foi criado pelo roteirista Maurício de Sousa em 1961 e lançado 35

em revista própria em agosto de 1982. 36

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Chico Bento é uma montagem de características que vi e vivi na minha 1 infância[...] Mas definitivamente Chico Bento é mais um tio-avô meu, roceiro 2 de Taboão (entre Mogi e Santa Isabel), que nem cheguei a conhecer pessoal-3 mente, mas de quem conheci inúmeras histórias hilariantes, contadas pela mi-4 nha avó (SOUSA, 2002). 5

Chico foi inspirado no tio-avô de Maurício, é um caipira do inte-6

rior de São Paulo. No início, as historinhas de Chico Bento era voltada ao 7

público adulto, pois suas histórias era publicadas em jornais, o persona-8

gem era mais alto e magro, usava calças com remendo e uma espécie de 9

cordão na cintura e que finalizava com um laço, sem contar o uso de 10

acessórios como o colar no pescoço e o chapéu de palha mais esganiça-11

do. Com o passar do tempo Chico e todos os personagens de Mauricio de 12

Sousa foram ganhando formas arredondadas e infantis. 13

14

Evolução do Chico Bento. Turma da Mônica 15 (http://turmadamonica.uol.com.br/personagem/chico-bento) 16

Nos quadrinhos, Chico Bento vive com seus pais (Nhô Bento e 17

Cotinha) em uma pequena propriedade rural na Vila Abobrinha, e se 18

mantém através da agricultura de subsistência. Entre seus amigos estão a 19

galinha Giselda, o porco Torresmo, seu primo Zé Lelé, sua namorada 20

Rosinha, a professora Dona Marocas e seus amigos Hiro e Zé da Roça. 21

(SOUSA, 2002) 22

Outro amigo de Chico é Zeca, seu primo que vive na cidade. Exis-23

tem ainda Nhô Lau, dono da goiabeira mais bonita da roça e de quem o 24

garoto rouba as frutas e o Padre Lino. A Turma de Chico vivencia o coti-25

diano rural: o trabalho com a terra, o cuidado com os animais, a valoriza-26

ção das lendas, costumes do campo as vestimentas e falas. (SOUSA, 27

2002) 28

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Anos depois Chico ganhou uma irmãzinha, Mariana. Mariana 1

surgiu na década de 1990 e era uma estrela que tinha vontade de virar 2

humana e morar na Terra com uma família muito carinhosa e ela se tor-3

nou a irmãzinha de Chico Bento, mas por pouco tempo até que seu dese-4

jo pudesse ser realizado. Chegou um momento em que as estrelas a cha-5

maram de volta, deixando a família dos Bentos com um imenso vazio. 6

Sua primeira aparição foi no gibi do Chico Bento, nº 87 (Ed. Globo, 7

1990). 8

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Trecho da HQ de 'Chico Bento Nº 87 (Ed. Globo, 1990) 2

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Trecho da HQ de 'Chico Bento Nº 87' (Ed. Globo, 1990) 2

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Chico Bento aparece descalço em praticamente todas as narrati-1

vas, mesmo para trabalhar, ir à escola ou quando está frio. Os pés calça-2

dos só aparecem nas histórias quando Chico vai visitar seu primo Zeca 3

que mora na cidade ou quando tem um encontro com a encantadora Ro-4

sinha. Está sempre de calças quadriculadas e chapéu de palha esganiça-5

do. Contrariamente aos costumes do interior, Chico é filho único, assim 6

como todas as outras crianças de sua turma. 7

Chico também pode ser comparado, em alguns aspectos ou como 8

versão mirim, ao lendário personagem Jeca Tatu, um caipira verdadeiro 9

descrito por Monteiro Lobato sempre de pés descalços e chapéu de palha, 10

o que difere aquele personagem deste é que "Chico Bento é o persona-11

gem que resgata a importância do mundo caipira na formação da nacio-12

nalidade brasileira enquanto a ideologia que criou Jeca, era a de afastar o 13

personagem das pessoas da cidade e que o Brasil 'civilizado' rejeitasse o 14

Brasil caipira" (GIACON, 2012, p. 130-131). 15

Em 2013 nosso caipira chegou a maioridade, assim como toda sua 16

turma e agora com desafio maior, deixar Vila Abobrinha e começar uma 17

nova aventura na cidade grande com nome de Nova Esperança, pois in-18

gressará na faculdade de agronomia e conhecerá novos amigos, cada um 19

advindo de cultura e costumes diferentes. 20

21

3.2. Chico Bento – Moço 22

23 Maurício de Sousa, Ed. Panini 24

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Mais bonito e bem-vestido, usando botas e cachecol, o caipira 1

mais amado do Brasil criado por Maurício de Sousa nos anos 60 atingiu 2

sua juventude. Chico não usa mais calça "pula brejo" e nem os pés ficam 3

descalços na maioria do tempo, usa o chapéu de palha com menor fre-4

quência e agora está prestes a ingressar na faculdade de Agronomia, sair 5

da roça em busca de uma vida nova, deixando pra trás as lembranças da 6

família, amigos e até do seu amor de criança a Rosinha que também sai 7

da Vila Abobrinha para cursar veterinária na cidade de Campos Verdes, 8

distante cerca de 100 km de Nova Esperança. 9

Com um olhar fixo e ao mesmo tempo vago, é assim que Chico 10

Bento se sentiu quando teve que tomar um rumo, de que lado seguir, qual 11

curso escolher, são várias as opções, porém deverá ter decisão madura e 12

consciente. Como a terra, o campo, a natureza, estão ligados a agronomia 13

–sábia decisão, pois o curso escolhido seria perfeito para analisar e 14

acompanhar os processos produtivos, melhor maneira de aproveitar o so-15

lo, armazenar produtos além de tudo, ajudar no sitio da família. 16

Após receber a notícia pela professora D. Marocas, Chico e toda 17

sua turma se desprende da Vila Abobrinha e segue em rumo a nova reali-18

dade, sendo que cada um dos amigos ficará em uma cidade diferente. 19

Chico um garoto de origem e lugar simples, está prestes a ingressar na 20

tão sonhada faculdade. Medos e anseios o assombram, mas com o apoio 21

da família e o dos que o rodeiam, Chico Bento parte para a Cidade Nova 22

Esperança rumo ao sonho de ser engenheiro agrônomo, deixando sauda-23

des a quem ficou por lá. 24

Ao chegar na cidade, Chico inicia uma das experiências mais de-25

safiadora de sua jovem vida. Primeiro é assaltado na rodoviária, em se-26

guida é estereotipado como pedinte devido suas vestes de homem do 27

campo. Na sequência se hospeda na República Morada Estudantil e deve-28

rá dividir o apartamento com outros três jovens de culturas e trejeitos 29

opostos – Jurandir é roqueiro, Lee CDF (gosta de estudar) e Jácomo que 30

só pensa em comer – Logo de início Chico é taxado como caipira e ele, a 31

cada momento, deverá provar que não é "tão caipira" assim, já que as 32

pessoas do meio rural sofrem com preconceito linguístico e tem como 33

marca o menor prestigio social por parte dos falantes urbanos letrados. 34

Os moradores da República ironizam Chico cada vez que ele pronuncia 35

uma palavra, principalmente quando está nervoso, pois ele tem como 36

principal característica ser um falante do dialeto caipira. 37

A imagem do caipira costuma ser associada ao seu modo de falar, caracte-38 rizado, principalmente pelo erre retroflexo, pela queda do erre em fins de pa-39

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lavra (começá por começar; querê por querer), pela queda do ele em fins de 1 palavra (ou sua pronúncia com erre retroflexo) e pela pronúncia como erre re-2 troflexo do ele em fins de sílaba (animar ou animá por animal). (ILARI E 3 BASSO, 2006, p. 163) 4

O caipira mais conhecido do país tenta se monitorar para não usar 5

o "caipirês" a todo momento, pois se lembra que não está mais na Vila 6

Abobrinha e que é necessário se adequar à nova realidade. Chico passa a 7

fazer parte, conforme Bortoni (2004, p. 52) dos grupos rurbanos – pesso-8

as que nascem e que crescem no meio rural e carrega consigo, de manei-9

ra acentuada, as marcas do dialeto caipira – que são formados por pesso-10

as de origem rural e que preservam seus antecedentes rurais, tendo o 11

maior enfoque no seu repertório linguístico. Apesar de estar na cidade 12

grande Chico não perde o jeito de falar do campo, sua honestidade e 13

amor à natureza e aos animais. 14

15

4. O contato de Chico Bento Moço e o anseio por se sentir aceito 16

No Brasil, ao longo de sua história e desenvolvimento, tem ocor-17

rido com maior frequência o êxodo rural - migração de pessoas da zona 18

rural para a zona urbana. A maioria dessa população está em busca de 19

uma nova oportunidade, seja de emprego, estilo de vida ou uma nova 20

etapa de ensino. Como é o caso do Chico Bento e toda sua turma, na ver-21

são Moço, que sai da Vila Abobrinha para estudar agronomia em Nova 22

Esperança. 23

24

Chico Bento Moço, ed. n° 1- lançamento 25

A- Campos Verdes

B- Nova Esperança

C- Vila Abobrinha

D- Presidente Fonseca

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Todo o migrante rural abdica de sua vida pacata no campo, pró-1

ximo da natureza e repleto de liberdade para se "aventurar" na cidade em 2

que as construções de concreto, a poluição e o barulho predominam, e a 3

liberdade não é tão liberta assim, pessoas que vivem reclusas em suas ca-4

sas por medo da violência urbana. Além dessa diferença, as pessoas do 5

meio rural têm que lidar com o preconceito que a maioria das população 6

da cidade tem em relação ao povo rural, sendo considerado pessoas com 7

menor prestígio social, tanto no dialeto quanto nas vestimentas, sem con-8

tar que não podemos dizer que todos são amigos. Para a maior parte do 9

grupo social, o caipira virou motivo de divertimento, quando deveria ser 10

o exemplo de amor à terra. 11

Podemos notar esse preconceito logo na revista de número 2 de 12

Chico Bento Moço – Confusões na cidade grande – Vida na república, p. 13

12, em que Chico conversa com Jurandir por causa do alto volume do 14

som em várias passagens o "amigo" o chama de caipira ou "gente da ro-15

ça": 16

Chico: "E não podia ouvir isso mais baixo 17 Eu acordei com esse trem, sabia? 18

Jurandir: Não é trem, nem metrô! 19 É o melhor estilo metal! 20

Chico: Metal? Metal não é pra fazer música! 21 É pra fazer ferramenta, ferradura trator... 22

Jurandir: Trator? Há, há, há, há! 23 Há, há. há! pelo jeito... isso é coisa que gente da roça não entende 24 mesmo. 25

A cada fala de Chico Bento com o sotaque do campo ele é rotula-26

do como "caipira" pelo grupo de novos amigos. Os amigos não entendem 27

que o jeito de falar de Chico é próprio da área rural e por isso o estigma-28

tizam a todo momento em que tem oportunidade. 29

Já na cidade grande veio o primeiro impacto característicos dos 30

grandes centros: A correria do dia a dia, a quantidade de pessoas na ro-31

doviária, ruas e bares, o assalto sofrido assim que desceu do ônibus de 32

viagem e com os julgamentos dos que o rodeavam naquele momento e 33

posteriormente na república onde ficaria por algum tempo, pelo seu este-34

reotipo visual. Tudo se resolve com a chegada do primo Zeca que imedi-35

atamente o identifica no meio da multidão, mais uma vez a identificação 36

foi imediata devido suas vestes simples. 37

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Como os demais de sua turma, Chico Bento também precisava de 1

um lugar pra ficar, e seu primo indicou uma república – morada estudan-2

til –, o levou até lá para apresentar aos seus amigos: Jurandir, Jácomo e 3

Lee. Novos amigos com diferente estilos e jeito de viver. Cada um dos 4

"novos amigos" com o mesmo objetivo, os estudos, mas com estilo, lin-5

guagem e rotina diversificada, a cada momento Chico Bento se deparava 6

com mais novidades e a todo o instante nosso "caipira" deverá entrar em 7

processo de adaptar-se e readapta-se, para não ser “engolido” por essas 8

novidades da nova vida e da cidade grande. 9

Em determinado momento já com senso de autocorreção de sua 10

forma de falar, Chico monitorava seu dialeto com maior frequência, pois 11

ali tinha o contato direto com várias línguas/dialetos e maneiras de se 12

comunicar, que automaticamente ficaram conhecidas pelo "jovem caipi-13

ra", e a comunicação, de fato seria/é essencial para seguir adiante com 14

seus objetivos. Graças a sua simplicidade de olhar e administrar as coi-15

sas, ficaria mais fácil o convívio com os demais. 16

Chico encontrou na cidade parques em que considerava pontos em 17

comum com seu lugar de origem: canto dos pássaros, natureza que o ro-18

deava, violão (apesar de ritmos e formas desconhecidas), Chico Bento 19

ainda estava tentando se acostumar e entrar no ritmo de um novo ciclo de 20

vida. Sua nova realidade, formando novos grupos, nova rotina, as “piadi-21

nhas” referente ao seu “caipirês” (num sentido irônico), todo o processo 22

de adaptação é doloroso, não se pode negar. Mas o moço do campo tinha 23

motivo justo, a busca por maneiras que o auxiliem a subir degraus que os 24

proporcionem momentos mais estáveis/seguros em um destino que bre-25

vemente chegará. 26

Com muito esforço e dedicação, Chico conseguirá realizar seu so-27

nho, formar-se Engenheiro Agrônomo e assim ajudar seus pais na "lida" 28

com o campo, afinal é para isso que Chico Bento deixou suas raízes para 29

se aventurar na cidade grande. Encarando nova cultura e o mais difícil de 30

tudo as "piadinhas" em relação suas vestes e maneira de falar. Mas o nos-31

so "caipira" consegue sobressair de maneira exemplar, conquistando o 32

carinho e respeito de todos que estão ao seu redor. 33

34

5. Um caipira na cidade grande: Chico Bento vira universitário 35

Não é difícil se identificar com as histórias de Chico Bento Moço, 36

pois quem já não passou por alguma dessas situações na vida, seja no in-37

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gresso em uma nova escola, universidade ou até mesmo emprego. O 1

maior desafio, pode-se assim dizer, ainda é a comunicação, pois depen-2

dendo do local ainda temos que nos monitorar com os falares, uma vez 3

que ainda há a diversidade linguística de grupos. O Ministério da Educa-4

ção, em 1988, publicou o Parâmetros Curriculares Nacionais, Língua 5

Portuguesa, 5º a 8º séries, p. 29, onde podemos ler que 6

A variação é constituída das línguas humanas, ocorrendo em todos os ní-7 veis. Ela sempre existiu e sempre existirá, independentemente de qualquer 8 ação normativa. Assim quando se fala em "língua portuguesa" está falando de 9 uma unidade que se constituí de muitas variedades. [...] A imagem de uma 10 língua única, mais próxima da modalidade escrita da linguagem, subjacentes 11 às prescrições normativas da gramática escolar, dos manuais e mesmo dos 12 programas de difusão da mídia sobre o que se deve e o que não se deve falar e 13 escrever, não se sustenta na análise empírica dos usos da língua. 14

Já que a língua portuguesa é uma unidade que se constitui de mui-15

tas variedades, é necessário que haja uma reflexão no repertório linguís-16

tico da população. Acredita-se que as pessoas com dialeto rural come-17

tem, com frequência, erros de português. Segundo Bortoni (2004, p.37) 18

essa expressão é inadequada e preconceituosa, pois devemos considerar a 19

variedade utilizada no domínio do lar, onde a oralidade é muito forte e 20

marcante. Bagno (2013), diz que os 'caipiras' possui uma "variação lin-21

guística estigmatizadas, que são desprestigiadas por parte dos falantes 22

urbanos letrados" em relação à cultura de letramento, como é cultivada 23

na escola. 24

Nos anos 80, estudiosos criticaram o uso das tirinhas de Chico 25

Bento na sala de aula, pois as tirinhas foram consideradas com o portu-26

guês inadequado para as crianças, sugerindo assim que os educandos pu-27

dessem "aprender" de forma errada. As críticas não só eram para as tiri-28

nhas de Chico Bento, mas implicitamente estendia-se a todas histórias 29

em quadrinhos que poderiam existir em livros didáticos, pois acredita-30

vam-se que os gibis não seriam leitura adequada para sala de aula. 31

Em se tratando de língua, não podemos homogeneizar, pois a lín-32

gua é viva e apresenta variação em todos os níveis. Com a expressão "ba-33

laio de gatos", Bagno (2013, p. 32) afirma: 34

É preciso, portanto, que a escola e todas as demais instituições voltadas 35 para a educação e a cultura abandonem esse mito de "unidade" do português 36 brasileiro e passem a reconhecer a verdadeira diversidade linguística de nosso 37 país para melhor planejarem suas políticas de ação junto à população ampla-38 mente marginalizada dos falantes das variedades sem prestígio social. 39

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Fazer "vista grossa" a oralidade de uma pessoa em sala de aula 1

não é o adequado, pois todos os brasileiros sabem o português, conforme 2

Bortoni (2004, p. 30), existem milhões de brasileiros que não tem acesso 3

a identificada norma-padrão tradicional, a falta de acesso a norma-padrão 4

se dá por inúmeros motivos e um deles é a o difícil acesso que as pessoas 5

que moram no campo enfrentam e essa realidade, infelizmente ainda 6

existe em nosso país. Ainda citando Bortoni (2004, p. 30), todos sabem o 7

português apenas falam variedades linguísticas estigmatizadas, ridicula-8

rizadas, alvo de chacota por parte dos falantes urbanos mais letrados. 9

10

6. Considerações finais 11

Aventuras, desafios e conquistas, estas são as etapas que um jo-12

vem oriundo, especificamente, do meio rural enfrentara para conquistar 13

seus objetivos. Chico Bento representa com louvor uma classe estereoti-14

pada e estigmatizada pelo grande grupo da sociedade, tendo que provar a 15

cada instante a que veio e para que veio. Mas essa postura de vencedor 16

não é impossível para nosso caipira, que em época passada e em alguns 17

aspectos foi comparado ao lendário personagem Jeca Tatu, um caipira 18

nato descrito por Monteiro Lobato sempre de pés descalços e chapéu de 19

palha e jeito de homem preguiçoso ou a quem diz doente, a diferença é 20

que Chico Bento resgata a importância do mundo caipira na identidade 21

de uma nação e a ideologia em que Jeca foi criado - devido a revolta de 22

Monteiro Lobato em achar mão de obra para sua fazenda, acreditando 23

que todos os trabalhadores rurais seriam preguiçosos, sendo que na ver-24

dade eram doentes por ter os pés descalços em todo o momento, adqui-25

rindo assim doenças do solo contaminado -, era a de afastar o caipira das 26

pessoas da cidade, uma espécie de distanciamento da civilização. 27

No decorrer do tempo, Chico é visto no processo de conquistas e 28

descobrimentos. Com suas atitudes vai adquirindo espaço e respeito, na 29

faculdade (seu maior objetivo) com professores e demais alunos e não só 30

ali, mas com toda sua nova “turma”. E assim, notando que os prédios não 31

eram tão alto e nem os obstáculos que o aguardava eram tão assustador 32

quanto parecia. Chico venceu o medo e encarou os desafios com simpli-33

cidade e humor. 34

Chico Bento pode ser considerado "herói" dos quadrinhos de 35

Mauricio de Sousa que representa a classe estigmatizada, pois conhecera 36

a sociedade democrática e acima de tudo capitalista e teve que se adaptar 37

a nova rotina, o que não é fácil para as pessoas, pois o novo sempre as-38

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susta mesmo. Além de cursar faculdade de agronomia, teve que fazer 1

"bicos"- entregador de pizzas, auxiliar em um pet shop, vendedor em 2

uma loja de calçados e atendente em uma frutaria – em quatro lugares di-3

ferentes e ainda havia tempo para a diversão, todo esse trabalho seria pa-4

ra ganhar experiência e responsabilidade e não preocupar os pais na Vila 5

Abobrinha. Esse é o verdadeiro espírito de um brasileiro otimista que lu-6

ta e enfrenta com maestria os obstáculos que a vida os impõe. 7

No Brasil, a língua portuguesa é uma unidade que se constitui de 8

muitas variedades dialetais sendo necessário uma reflexão no repertório 9

linguístico da população, pois há muito preconceito no modo de falar e é 10

comum considerar as variedades linguísticas de menor prestígio social 11

como inferiores ou erradas. Mas acreditamos que todo esse processo de 12

reflexão está caminhando, de forma lenta mas contínua. 13

14

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