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Profa. Juliana Ribeiro 1 1 - ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO CONCEITO: A atividade financeira do estado desenvolve-se nos seguintes tópicos: RECEITA ORÇAMENTO DESPESAS O Estado tem como competência à gerência dos seus recursos financeiros para garantir as necessidades sociais de sua população. O Estado realizará a gestão destes recursos, a fim de poder utilizá-los com despesas que visam sanar as necessidades publicas. Lembramos que, a finalidade essencial do Estado brasileiro é a realização do bem comum. Basicamente a atividade financeira do Estado desenvolve-se em três áreas: • a receita (obtenção de recursos); • a gestão (administração desses recursos e do patrimônio do Estado); • a despesa (a aplicação dos recursos no pagamento das verbas autorizadas no orçamento anual). Portanto, o Estado visa obter recursos, gerenciá-los e aplicá-los de acordo com a lei. 2 - CONCEITO DE DIREITO FINANCEIRO Vamos analisar o seguinte esquema para entender o conceito de Direito Financeiro: RECEITA ORÇAMENTO DESPESAS 1-entrada do dinheiro 2- planejamento 3- saída do dinheiro ? Entrada definitiva de dinheiro nos cofres públicos: receita A- Arrecadação de tributos – arrecadação de impostos, taxas e contribuições de melhoria. B- Concessão de serviços públicos – contratos de concessão e permissão de serviços públicos. Empresas concessionárias ou permissionárias cobram tarifas dos usuários. Tarifa corresponde ao valor cobrado pela concessionária do usuário, tem natureza privada e não se confunde com taxa (tributo – natureza pública) – Exemplo: tarifa de ônibus, cobrança de pedágio. C- Cobrança de preços públicos – quando o Estado obtém arrecadação através da exploração de seus próprios bens. Diferente da cobrança de tarifa (exploração pela concessionária) e tributo (exploração da propriedade de terceiros pelo Estado). Exemplo: venda de bens do Estado em licitação, lucro de empresas estatais, etc. D- Outras receitas: doações, concurso de prognósticos, empréstimos, etc. Importante notar que as entradas não ocorrem somente pela arrecadação de tributos. A entrada de dinheiro nos cofres públicos é o que irá direcionar o executivo para que se formule o orçamento público. ? O orçamento: Instrumento administrativo de competência do Presidente da República, que deverá ser posteriormente submetido à aprovação do Congresso Nacional. Este, tem

1 - ATIVIDADE FINANCEIR A DO ESTADO CONCEITOceap.br/material/MAT08022013143420.pdf · Apostila de Direito Financeirol I 2 como finalidade principal fazer o planejamento das receitas

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Profa. Juliana Ribeiro 1

1 - ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO CONCEITO: A atividade financeira do estado desenvolve-se nos seguintes tópicos: RECEITA ORÇAMENTO DESPESAS O Estado tem como competência à gerência dos seus recursos financeiros para garantir as necessidades sociais de sua população. O Estado realizará a gestão destes recursos, a fim de poder utilizá-los com despesas que visam sanar as necessidades publicas. Lembramos que, a finalidade essencial do Estado brasileiro é a realização do bem comum. Basicamente a atividade financeira do Estado desenvolve-se em três áreas:

• a receita (obtenção de recursos); • a gestão (administração desses recursos e do patrimônio do Estado); • a despesa (a aplicação dos recursos no pagamento das verbas autorizadas no orçamento

anual). Portanto, o Estado visa obter recursos, gerenciá-los e aplicá-los de acordo com a lei.

2 - CONCEITO DE DIREITO FINANCEIRO Vamos analisar o seguinte esquema para entender o conceito de Direito Financeiro: RECEITA ORÇAMENTO DESPESAS 1-entrada do dinheiro 2- planejamento 3- saída do dinheiro

? Entrada definitiva de dinheiro nos cofres públicos: receita

A- Arrecadação de tributos – arrecadação de impostos, taxas e contribuições de melhoria.

B- Concessão de serviços públicos – contratos de concessão e permissão de serviços públicos. Empresas concessionárias ou permissionárias cobram tarifas dos usuários. Tarifa corresponde ao valor cobrado pela concessionária do usuário, tem natureza privada e não se confunde com taxa (tributo – natureza pública) – Exemplo: tarifa de ônibus, cobrança de pedágio.

C- Cobrança de preços públicos – quando o Estado obtém arrecadação através da exploração de seus próprios bens. Diferente da cobrança de tarifa (exploração pela concessionária) e tributo (exploração da propriedade de terceiros pelo Estado). Exemplo: venda de bens do Estado em licitação, lucro de empresas estatais, etc.

D- Outras receitas: doações, concurso de prognósticos, empréstimos, etc. Importante notar que as entradas não ocorrem somente pela arrecadação de tributos. A entrada de dinheiro nos cofres públicos é o que irá direcionar o executivo para que se formule o orçamento público.

? O orçamento: Instrumento administrativo de competência do Presidente da República,

que deverá ser posteriormente submetido à aprovação do Congresso Nacional. Este, tem

Apostila de Direito Financeirol I 2

como finalidade principal fazer o planejamento das receitas e despesas com o intuito de proporcionar um equilíbrio entre ambas. Feito em todos os entes federativos, o chefe do Executivo não poderá gastar mais do que estava previsto no orçamento, salvo nos casos de créditos suplementares ou adicionais.

? Despesas: são os gastos que serão realizados pelo Estado para atender as necessidades

da população em relação à realização de serviços como a Saúde, Educação, Transporte, Saneamento básico e o efetivo exercício do poder de policia como a segurança.

Assim, seguindo o esquema proposto, o Direito Financeiro é o ramo do Direito público que estuda a arrecadação de receita, a realização do orçamento assim como as realizações de despesas.

DIREITO FINANCEIRO

RECEITA ORÇAMENTO DESPESAS 1-entrada do dinheiro 2- planejamento 3- saída do dinheiro O Direito financeiro abarca as prestações pecuniárias exigidas pelo Estado, abrangendo também o conceito de tributo. Este ramo do direito tem por objeto a disciplina do orçamento público, das receitas públicas (entre as quais inclui as receitas tributárias), das despesas públicas e da dívida pública. O direito financeiro é o ramo do direito público interno que organiza as finanças públicas. Ele é o gênero do qual o tributário é a espécie. Está para o direito tributário, assim como o direito civil está para o direito comercial. As finanças são organizadas de acordo com o orçamento que registra num documento único, gigantesco, as receitas compulsórias e as despesas necessárias ao funcionamento da administração pública. O orçamento não passa de um cálculo de previsão. É um cálculo contábil. Os conceitos segundo autores diversos variam, mas possuem a tônica comum, ou seja, o enfeixamento das receitas e despesas previamente estabelecidas em um documento. É um ato prévio, contendo receitas e despesas públicas para um determinado período.

3 - CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO A- O Direito Tributário é um sub-ramo do Direito Financeiro. Vejamos o esquema:

DIREITO FINANCEIRO RECEITA ORÇAMENTO DESPESAS 1-entrada do dinheiro 2- planejamento 3- saída do dinheiro DIREITO TRIBUTÁRIO arrecadação de tributos e a fiscalização desta arrecadação B- Vinculado e dependente do direito financeiro.

“O direito tributário cuida das formas das quais o Estado vai obter receita, enquanto o Financeiro trata da quantidade da receita e da distribuição das despesas”. “O direito financeiro, enquanto sistema normativizador de toda a atividade financeira do Estado, abarca, por compreensão, as prestações pecuniárias exigidas pelo Estado, abrangidas pelo conceito de tributo”; Amaro, Luciano.

Profa. Juliana Ribeiro 3

Pela importância do estudo do tributo, a matéria de Direito Tributário passou a estar segregada do Direito Financeiro. A distinção é doutrinária, porém estes ramos se interligam entre si. A relação entre o Direito Financeiro e o Direito Tributário se traduz na arrecadação. O Direito Financeiro tem a finalidade de estruturar a arrecadação para poder planejar ou projetar os gastos, de acordo com as necessidades públicas.

C- Conceito do Direito Tributário

DIREITO TRIBUTÁRIO: É um ramo do Direito Públic o que estuda a arrecadação dos tributos, abrangendo o conjunto de normas reguladoras da criação, fiscalização e arrecadação das prestações de natureza tributária. Trata somente da arrecadação de tributos para constituir RECEITA.

4 - CONCEITO JURÍDICO DE E STADO

”Sociedade Humana Juridicamente organizada, dentro de um território, com um governo, para a realização de determinado fim”.(Moraes, Bernardo Ribeiro de. Compêndio de direito tributário. 2.ed.Rio de Janeiro: Forense, 1993.v.l,p.242) Elementos essenciais do conceito: * POVO: é o comportamento humano do Estado e seu principal elemento, abrangendo o conjunto

de pessoas que se encontram reguladas pela ordem jurídica. O Estado só existe com a sociedade de homens.

*ORGANIZAÇÃO JURÍDICA:somente quando a sociedade encontra -se juridicamente organizada,

com uma ordem coercitiva, é que o Estado surge. *TERRITÓRIO:é o elemento material, especial ou físico do Estado. Compreende não só o solo que

o Estado ocupa , mas também o espaço em que o Estado está autorizado para oferecer atos normativos.

*PODER OU GOVERNO: é a faculdade que tem o Estado de determinar-se a si mesmo. O Estado é

soberano, possui poder político (poder de império), instrumento natural e ordinário de que o Estado dispõe para promover a realização de seus fins, através da edição de normas jurídicas. Esse poder é inseparável do conceito de Estado, cuja soberania lhe é essencial. Nos Estados modernos , a Constituição emanada do próprio Estado, através de uma Assembléia Constituinte representativa do povo representa a solução jurídica que vai limitar o poder do estado através do Direito.

*O FIM: em última análise, podemos dizer que o Estado tem por finalidade atingir o bem comum,

o bem geral de seu povo.

5 - NECESSIDADES PÚBLIC AS A missão do Estado é assegurar ao homem os meios necessários para que ele possa viver com dignidade.Esta procura de meios para satisfazer as necessidades públicas é denominada atividade financeira do Estado. Necessidade, por sua vez, é o conjunto de bens e serviços para a satisfação do homem. Elas podem ser classificadas em : individuais, coletivas e públicas.

Apostila de Direito Financeirol I 4 • Necessidades Individuais: - aquelas satisfeitas pelo esforço do indivíduo.Ex:habitação,

vestuário... • Necessidades coletivas: aquelas satisfeitas pelo esforço coordenado da sociedade. Ex: As

necessidades de segurança de um Condomínio residencial, as necessidade de escolas particulares...

• Necessidades Públicas: aquelas que são tuteladas pelo Estado, que toma para si a

responsabilidade pela satisfação. São elas: a manutenção da ordem pública, a defesa nacional, a proteção da ordem interna, a proteção da saúde pública, a previdência social, a proteção trabalhista...

A necessidade pública em verdade decorre de uma decisão política. O Estado é quem vai dizer quais as necessidades que escamparão como públicas. Isto vai decorrer da vontade política em sua variação tempo/espaço. Em verdade, quando da vigência de texto constitucional, com a definição das estruturas políticas, das regras de competências, da repartição dos interesses, as pressões sociais e econômicas , as conveniências ocasionais, os ideais religiosos, dentre outros aspectos, dão causa a um conjunto de normas que passam a disciplinar a vida em sociedade na relação tempo / espaço. Esta definição constitucional que deverá também estabelecer quais os interesses que ao Estado incumbe zelar, ou, em outras palavras, quais as necessidades coletivas cuja satisfação incumbe ao Estado (Necessidades Públicas). • Em regra geral as necessidades públicas são solvidas pela PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

PÚBLICOS (prestação de comodidade materialmente fluível diretamente pelos administrados, pelo Estado ou quem faça suas vezes, sob o regime de direito público), pelo EXERCÍCIO DO PODER DE POLICIA (intervenção na propriedade e liberdade dos indivíduos, impondo-lhes abstenções. Tais atos não prestam comodidade aos indivíduos, porém preservam a sociedade de males e limitam a atividade dos particulares) e pela INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (fixando preços, reprimindo o abuso econômico, assegurando livre concorrência, ou exercendo atividade paralela ao particular, visando assegurar o livre exercício desta).

Para todas estas atividades que o Estado encampa, necessita disponibilizar bens e pessoas, sob sua responsabilidade e financiame nto e para tal, necessita de dinheiro. Daí decorre a cíclica e permanente atividade financeira do Estado, voltada a obter Receitas, geri-las e posteriormente despendê-las no pagamento de pessoas e bens (serviços públicos, poder de policia e intervenção econômica) que viabilizam a realização da satisfação de necessidades coletivas encampadas pelo Estado.

6 - VÍNCULO DO DIREITO FINANCEIRO COM ALGUN S RAMOS DO DIREITO Direito Constitucional: A Constituição Federal, fonte das normas financeiras e do Sistema Financeiro Nacional, dedica um capítulo exclusivo ao Direito Financeiro, em face da importância deste na realização da Atividade Financeira do Estado. A Constituição disciplina regras que orientam a repartição das receitas tributárias, ou seja, dá suporte à atividade financeira. Direito Administrativo: Este é a base da onde surgiu o Direito Financeiro. As normas genéricas estabelecidas para a Administração Pública, correlacionam-se com o Direito Financeiro, no tocante a normatização dos atos administrativos relativos à execução orçamentária. Os Princípios do Direito Administrativo aplicam-se diretamente ao financeiro (art. 37 da CF/88). Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficácia.

Profa. Juliana Ribeiro 5 Direito Tributário: A maior fonte de recursos financeiros do poder público provém das receitas derivadas, ou seja decorrentes dos tributos. O Direito Tributário é o responsável pelo ingresso de receitas aos cofres públicos. Direito Penal: cuida de punir os crimes cometidos contra o Sistema Financeiro Nacional, como crime de sonegação fiscal, aplicação irregular de verbas públicas, Crimes de Responsabilidades, inclusive contra o Presidente da República se descumprir a Lei Orçamentária (art. 85, V, da CF/88). Direito Processual: Aqui encontramos os procedimentos penais e civis, seja para orientar à execução fiscal, seja para servir de instrumento apuratório de ilicitude praticada. Direito Internacional Público: Existem vários Tratados e Convenções celebrados entre países referindo-se à atividade financeira e tributária. Especificamente à Atividade Financeira, podemos destacar as regras internacionais relativas ao endividamento externo.

7 - DESPESAS PÚBLICAS

• Conceito: Regular o Funcionamento dos Serviços Públicos (Aliomar Balleeiro)

1- Conjunto de dispêndios do Est ado, ou de outra pessoa de direito público, para o funcionamento dos serviços públicos. (parte do orçamento)

2- Aplicação de certa quantia, em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente, dentro de uma autorização legislativa para a execução de um fim a cargo do governo.

• Aplicação do dinheiro nos fins previamente tratados

Antes da liberdade pessoal intocável, hoje é imposto limites para que haja a arrecadação do erário em relação ao patrimônio do particular.

* Gastar (decisão política) – atuação do poder público

* Receita - Plano de ação – orçamento – gasto

* Diferenças de gastos, dependendo da situação emergente.

* Prioridades mediante autorização legislativa, despesas (diferente do setor privado – despesa: recurso econômico existente) na forma da lei.

* Finalidade – interesse público – interesse coletivo

? Poder Político cabe à formulação da política governamental:

- prioridades ação governamental

- Estuda o meio de obtenção de receitas para atingir metas, dotação orçamentária

� Requisitos da despesa

- Toda a despesa tem que ter respaldo constitucional, gerando benefícios para o Poder Público e sociedade.

Apostila de Direito Financeirol I 6

- art. 212, da CF/88 – Mínimo de 18% (União), 25% (Estados e Municípios), das receitas resultantes de impostos para a manutenção e desenvolvimento do ensino.

- Antecipação da receita – art. 167 da CF/88. - Todas as despesas têm que estar autorizadas pelo Congresso Nacional, quando da

aprovação de Lei orçamentária. - Processo licitatório para que o Estado realize as suas obras, serviços e compras.

Licitação é dispensada quando o valor é ínfimo do objeto. - Despesas públicas devem estar documentadas.

• Necessidades das despesas públicas

* Plano objetivo das empresas privadas – objetivos adequados aos recursos econômicos financeiros existentes.

* Plano objetivo das empresas públicas – elegem-se prioridades da ação governamental para depois se estudar os meios existentes de obtenção de recursos financeiros necessários ao atendimento de metas politicamente estabelecidas.

• Serviços Públicos – funcionamento – sem despesas

- Mesas na eleição

- Membros de júri popular

Gratuidade função pública – exceção

8 - CLASSIFICAÇÃO DAS D ESPESAS PÚBLICAS

Kiyoshi Harada,

? Ordinárias – rotina dos serviços públicos e que são renovadas anualmente a cada orçamento.

? Extraordinária – destinadas a atender caráter esporádico, não se renovam a cada ano.

Despesa pública corresponde a toda saída de numerários. É onde o Estado despende recursos públicos, empenhados ou compromissados. As despesas orçamentárias classificam-se em:

a) Classificação da Lei n° 4320/64

- DESPESAS CORRENTES: produzem variação negativa no patrimônio líquido, ou seja, redução do valor do ativo.

As despesas correntes são divididas em:

a) Despesas de manutenção/custeio: despesas destinadas à manutenção dos serviços criados anteriormente a lei orçamentária. Incluem-se entre as despesas de custeio os gastos com obras de conservação e de adaptação de bens imóveis.

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b) Transferências Correntes: são despesas orçamentárias para as quais não corresponde uma contraprestação dire ta de bens ou serviços. São as subvenções sociais destinadas a cobrir despesas de custeio de instituições públicas ou privadas, de caráter social ou cultural, sem finalidade lucrativa; são as subvenções econômicas que se destinam a cobrir despesas de custeio de empresas públicas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril.

- DESPESAS DE CAPITAL: representam simples trocas de valores do ativo. São divididas em:

a) Despesas de Investimento: são despesas necessárias ao planejamento e à execução de obras, à aquisição de instalações, de equipamentos, material permanente, constituição ou aumento de capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro. Incluem-se as aquisições de imóveis considerados necessários à execução de obras.

b) Inversões Financeiras: são despesas com aquisição de imóveis, de bens de capital já em utilização, aquisição de títulos representativos de capital de entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando tal operação não importa aumento de capital; constituição ou aumento de capital de entidades que visem objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros.

c) Transferências de Capital: consistem na transferência de bens numerários a outras entidades que devem realizar investimentos ou inversões financeiras. Essas transferências denominam-se auxílios ou contribuições. Incluem-se entre as despesas de transferências de capital aquelas destinadas à amortização da dívida pública.

- DESPESAS EXTRA-ORÇAMENTÁRIAS constituem dos pagamentos que não dependem de autorização legislativa, aqueles que não estão vinculados ao orçamento público. Correspondem à restituição ou a entrega de valores arrecadados a título de receita extra-orçamentária.

Exemplo: devolução de caução, fiança, salários e vencimentos não reclamados, pagamento de restos a pagar, restituições a pagar.

9 - ESTÁGIO DAS DESPESAS PÚBLICAS

• EXECUÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS

Art. 167 da CF/88 – veda expressamente a realização de despesas sem dotação orçamentária.

A abertura de créditos orçamentários suplementares ou especiais depende de autorização legislativa e da indicação de recursos correspondentes – art. 167, V da CF/88.

A transposição ou remanejamento de receita depende de prévia autorização legislativa – art. 167, VI da CF/88.

Realização de despesas – presunção da observância do princípio da legalidade. Inobservância pelo agente político – crime de responsabilidade.

Apostila de Direito Financeirol I 8

• As despesas percorrem seis estágios:

* programação da despesa; * licitação; * empenho; * liquidação; * suprimento; * pagamento.

Cada um divide-se em conjuntos de operações menores, as quais denominam-se fases da despesa.

* Programação da despesa: é o primeiro estágio da despesa pública. Após a publicação da lei orçamentária, o Poder Executivo, através de decreto, traçará um programa de utilização dos créditos orçamentários aprovados para o exercício. Essa programação visa disciplinar os gastos, à mesma medida que se realizam as receitas. Se não houvesse a programação da despesa, os órgãos poderiam utilizar, logo nos primeiros meses do ano, todos os recursos orçamentários, gerando problemas de insuficiência de caixa, uma vez que a receita se realiza ao longo dos doze meses do exercício financeiro.

* Licitação: o segundo estágio da despesa, só terá início depois de decretada a programação da despesa, com a fixação das cotas trimestrais.

Nenhuma aquisição de material, contratação de serviços ou de obras, se realizará sem a licitação.

Licitação é o procedimento administrativo que tem por objetivo verificar, entre vários fornecedores habilitados, quem oferece condições mais vantajosas.

* Empenho: o terceiro estágio da despesa consiste no ato emanado de autoridade competente que cria para o Poder Público a obrigação de pagamento. É o empenho que gera a obrigação de pagar. Empenhar uma despesa é emitir um documento denominado Nota de Empenho.

* Liquidação: consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. Essa verificação tem por fim apurar a origem e o objeto do pagamento, a importância exata e a quem se deve pagar para extinguir a obrigação. A liquidação da despesa, por fornecimentos ou serviços prestados, terá por base o contrato, o ajuste ou acordo respectivo, a nota de empenho e os comprovantes de entrega do material ou da prestação efetiva do serviço.

* Suprimento: é o estágio da despesa em que o Tesouro Público entrega aos agentes pagadores os meios de pagamento para liquidação dos compromissos financeiros marcados para determinado dia ou período. Entrega de meios de pagamento para os agentes pagadores (tesourarias, caixas e outros órgãos públicos; não há agentes pagadores privados).

* Pagamento: o pagamento é o último estágio da despesa. O credor comparece perante o agente pagador, identifica-se, recebe seu crédito e dá a competente quitação.

Profa. Juliana Ribeiro 9

10 - DESPESAS PÚBLICAS E A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

LEI COMPLEMENTAR 101/00

DA DESPESA PÚBLICA

Seção I

Da Geração da Despesa

Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de:

OBS: O equilíbrio orçamentário para os próximos dois anos deverá conter:

A) estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;

A estimativa será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.

B) declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

C) adequação com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício;

D) compatibilidade com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstas nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.

OBS: A despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias, não entrará neste mérito.

As normas do caput constituem condição prévia para:

I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;

II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o do art. 182 da Constituição.

Subseção I

DA DESPESA OBRIGATÓRIA DE CARÁTER CONTINUADO

Apostila de Direito Financeirol I 10 Conceito

Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios.

O ato será acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa.

SERÁ CONSIDERADO AUMENTO DE RECEITA - o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.

A comprovação, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias.

Seção II

Das Despesas com Pessoal

Subseção I

Definições e Limites

Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa total com pessoal:

- O somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

- Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados como "Outras Despesas de Pessoal".

- A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência.

LIMITES:

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:

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I - União: 50% (cinqüenta por cento);

II - Estados: 60% (sessenta por cento);

III - Municípios: 60% (sessenta por cento).

- Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não serão computadas as despesas:

A) de indenização por demissão de servidores ou empregados;

B) relativas a incentivos à demissão voluntária;

C) derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição;

D) decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração a que se refere o § 2o do art. 18;

E) com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional no 19;

F) com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por recursos provenientes:

? da arrecadação de contribuições dos segurados; ? da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 da Constituição; ? das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal

finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro.

Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes percentuais:

I - na esfera federal:

a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19, repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar;

d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;

II - na esfera estadual:

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a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;

d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;

III - na esfera municipal:

a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver;

b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo.

QUADRO DE DESPESAS DE CARÁTER CONTINUADO E DESPESAS COM PESSOAL

DISPOSITIVO VEDAÇÃO

Artigo 9º Deixar de limitar para o ente que não cumprir seus limites legais.

Artigo 19 Ultrapassar limites da despesa com pessoal.

Artigo 167 da Constituição

Federal

Emitir títulos da DÍVIDA pública dois anos após a publicação da LRF.

Artigo 34. Operações de crédito ou nova ação entre entes da federação e outro, mesmo por via da Administração Indireta, Fundos, etc. 1

Artigo 35. Deixar de enquadrar-se nos limites, em dois anos seguintes quando ao início da vigência da LRF estiver fora dos mesmos.

Artigo 70. Despesa com serviços de terceiros que ultrapasse o percentual da receita corrente líquida do exercício anterior à LRF, até o 3º exercício.

Artigo 72. De um município, da despesa de competência de outro, sem autorização na LDO.

Artigo 62. Contribuir para o custeio de outros entes da federação, sem autorização na LDO e Orçamento e convênio ajustado.

Artigo 17, § 5º. Antes de implementação de medidas legais e de prever reajustamento do valor real.

Artigo 42. Por titular com despesas fixas, contrariar outras que não possa ser cumprida dentro dos últimos quadrimestres do seu mandato.

Seção III

Das Despesas com a Seguridade Social

Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total, nos termos do § 5o do art. 195 da Constituição, atendidas ainda as exigências do art. 17.

Profa. Juliana Ribeiro 13 REGRA DA CONTRAPARTIDA

§ 1º É dispensada da compensação referida no art. 17 o aumento de despesa decorrente de:

I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente;

II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados;

III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real.

§ 2º O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou serviço de saúde, previdência e assistência social, inclusive os destinados aos servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas.

11 - RECEITAS PÚBLICAS

• Conceito de receita:

• Todo ingresso definitivo de dinheiro nos cofres de uma pessoa de direito público. Daí porque as receitas públicas também serem conhecidas por “ingressos” ou “entradas”.

• Entrada – conceito – Todo e qualquer dinheiro que ingressa aos cofres públicos seja a qual título for.

• ENTRADAS PROVISÓRIAS - Nem toda entrada constitui-se em receita, pois há entradas que ingressam provisoriamente nos cofres públicos, podendo nelas permanecer ou não.

* O qualificativo “públicas” diz respeito, pois, à natureza do ente que recebe as receitas.

• Objeto:

* dinheiro (moeda)

- Não integram o conceito de “ingressos”, no sentido técnico, os bens in natura (adquiridos por expropriação ou liberalidades) ou serviços (ex.: militar, juntas apuradoras, etc.). Não são objetos, pois, do Dir. Financeiro.

- há ingressos, ainda, que não constituem, receita, uma vez que possuem caráter provisório. Entram nos cofres públicos mas podem não permanecer neles Ex.: caução exigida em uma licitação, fianças, depósitos com a finalidade de evitar a correção monetária de débitos.

OBS.: A lei 4.320, de 17.03.64, ainda em vigor e que regulamenta a atividade financeira do Estado, utiliza o termo receita em sentido lato, isto é, correspondente a qualquer entrada de dinheiro nos cofres públicos, o que é condenado pela doutrina.

Questão polêmica, quanto a este assunto, é a que trata dos “empréstimos públicos”, já que alguns autores consideram que não há definitividade nesta entrada. A este ativo correspondente um passivo que descaracteriza a natureza de “receita pública”. Seriam meros fluxos de caixa (ex.: Aliomar Baleeiro).

Apostila de Direito Financeirol I 14 • Conceito de receita pública - Complexo de valores recebidos pelo erário público, sejam

provenientes de rendas patrimoniais, sejam resultantes de rendas tributárias, destinados à fazer frente com a receita pública.

• Formas de receita

* Doação que provém da liberalidade dos particulares ou de outros entes públicos, inclusive internacionais.

* Extorsão sobre os Estados – Quando em estado de beligerância é comum a invasão do território de um país.

* Uso de bens públicos – Como concessão de uso de Box de supermercado público ou do estacionamento em via pública.

* Multas pecuniárias. * Cobranças de tributos.

12 - CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS

• Classificação de receitas – Lei nº 4.320/64

A lei 4.320/64, usando o critério eminentemente econômico, classifica as receitas públicas apenas em:

a) RECEITAS CORRENTES – incluem todas as transações que o Governo realiza direta ou indiretamente:

- Receita de contribuições; - Receitas patrimoniais; - Receita Agropecuária; - Receita industrial; - Receita de serviços; - Transferências correntes.

b) RECEITAS DE CAPITAL – são aquelas que dão como resultado uma movimentação de registro no ativo e no passivo:

- Operação de critério; - Alienação de bens; - Amortização de empréstimos; - Transferências de capital; - Outras receitas de capital.

(inclusive o superávit do orçamento corrente)

A doutrina, entretanto, tendo em conta a definitividade dos ingressos, faz classificação mais completa das receitas em:

A – patrimoniais (originária, de direito privado) B – tributárias (derivada, de direito público) C – creditícias

Outros tipos de receitas: doações (de particulares ou entes públicos, extorsões decorrentes de guerra, emissão de moeda, etc.)

Profa. Juliana Ribeiro 15 RECEITAS PATRIMONIAIS

Também chamadas “originárias” ou “de direito privado”.

O QUE SÃO? – São aquelas geradas pela exploração do patrimônio do Estado ou pela disposição do mesmo, segundo as regras de direito privado (sem caráter tributário).

Os bens públicos, em sentido amplo, podem ser federais, estaduais e municipais. O art. 20 da CF elenca os bens da União e o art. 26 trata dos bens do Estado. O art. 66 do C.C. classifica os bens públicos, de forma exemplificativa, em:

I – de uso do povo (mares, rios, estradas, ruas, praças) são os bens de domínio público

II – de uso especial (edifícios ou terrenos aplicados ao serviço público) são, em regra, indisponíveis, exceto por disposição legal.

III – os dominicais – pertencem à União, Estados ou Municípios como objeto de direito pessoal ou real

• São disponíveis.

Alguns desses bens, é certo, não podem ser tomados como fonte de receita (ex.: espaço aéreo, reservas indígenas, etc.), até porque situam-se entre as chamadas “coisas fora do comércio”. O que nos interessa aqui, é o domínio privado do Estado, ou seja, aqueles bens que o Estado possui como se fosse um particular, sem se valer de sua soberania ou de seu poder de império.

• não são marcadas pelo poder de coerção do Estado

Ex.: locação, venda, cessão de imóveis.

Supõe, como o particular, o gerenciamento de terras, casas, empresas, direitos, etc.

Neste momento o Estado é proprietário, vendedor, empresário, acionista, etc.

Muitas vezes estes atos, de direito privado, vêm acompanhados de normas de direito público (ex.: venda sujeita ao regime de concorrência).

COMPONENTES FUNDAMENTAIS

- rural - Patrimônio imobiliário - urbano

- Patrimônio empresarial, que inclui também o patrimônio mobiliário

• Patrimônio imobiliário

- rural – composto por terras agricultáveis, florestas, minas etc. (ex.: terras devolutas, terrenos da marinha, faixas de fronteira, reservas, etc.)

O séc. XIX foi marcado pela alienação das terras estatais. Este patrimônio já foi, por isso, a principal fonte de recursos públicos.

Apostila de Direito Financeirol I 16 • Patrimônio empresarial – decorre da atividade empresarial do Estado.

- urbano – composto por prédios públicos voltados para a realização de serviços (museus, prédios de repartições, imóveis públicos em geral, etc. – chamados “próprios públicos”).

- é o chamado “patrimônio de uso” (diverso do “patrimônio de rendimento”). Conta com baixa rentabilidade.

- empresas que o estado criou ou assumiu.

- a composição acionária pode se concentrar inteiramente nas mãos do Estado ou se apresentar em associação com capitais particulares.

ENTIDADES PARAESTATAIS

O termo compreende:

a – empresas públicas; b – sociedades de economia mista; c – fundações instituídas pelo Poder Público; d – serviços sociais autônomos. a + b + autarquias = Administração indireta d + e = Entes de cooperação E ????? a) empresa pública – pessoa jurídica de direito privado, autorizada por lei a se constituir com capital exclusivamente público. Realizam qualquer atividade de interesse ou utilidade públicos.

Ex.:

? EMBRATEL – Empresa Brasileira de Telecomunicações, criada pela lei 4117/62; ? EMBRATUR – criada pelo Dec.-lei 55, de 18.11.66. c/ a finalidade de incrementar o

desenvolvimento da industria de turismo; ? ECT – Correios – transformada em empresa pública pelo Dec.-lei 509, de 20.09.69; ? CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – criada pelo Dec.-lei 759/69; ? SHIS – sociedade de Habitações de Interesse social (empresa pública do DF);

- Não se confundem com a AUTARQUIA – alongamento do Estado, com personalidade de direito público. Só realizam serviços típicos, próprios do Estado (ex.: INSS, UNIVERSID. FEDERAIS, etc.).

A lei 7.032, de 30.09.82 autoriza o Poder Executivo a transformar autarquia em empresa pública.

b) sociedade de economia mista – pessoa jurídica de direito privado, criada por lei, com participação do Poder Público e de particularidades no seu capital e na sua administração. A maioria das ações com direito a voto deve pertencer ao Estado.

- atividade: econômica ou serviço de interesse coletivo outorgado ou delegado pelo Estado. Para a União, deve revestir a forma de S/A.

Ex.: PETROBRÁS, RFFSA, ELETROBRÁS, SIDERBRÁS, etc.

c) fundações instituídas pelo Poder Público – pessoas jurídicas de direito privado. São universidades de bens, personalizadas, em atenção a fins geralmente não lucrativos, mas de

Profa. Juliana Ribeiro 17 interesse coletivo (educação, cultura, pesquisa científica...). Ex.: FUNAI, FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de S. pulo, FEBEM, etc.

- sua instituição depende de autorização legislativa.

d) serviços sociais autônomos – instituídos por lei, com personalidade de direito privado, para ministrar assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos.

- possuem administração e patrimônios próprios.

EX.: LBA, MOBRAL, SENAI, SENAC, SESI

- são mantidos por contribuições parafiscais que arrecadam.

POR QUE O ESTADO DESENVOLVE ATIVIDADE EMPRESARIAL ?????

O ingresso do Estado no mundo empresarial tem propósito de:

a) evitar o monopólio ou suprir a falta de atividade particular;

b) assumir atividades inviáveis para o particular, mas necessárias à coletividade e que demandam capitais fixos muito altos (ex.: estrada de ferro, energia elétrica, água, etc.);

c) cumprimento de tarefas estratégicas de influência decisiva na economia (ex.: combustíveis, aço, eletricidade...).

Críticas às empresas:

– às empresas públicas:

- não há atividades que possam ser totalmente excluídas da esfera privada; - o governo é mau administrador (gasta em demasia); - os serviços são, em regra, lentos e burocráticos ; - transformam-se em cabides de empregos; - pessoal mal estruturado em termos de carreira e incentivos.

– às empresas privadas:

- administrações egoístas que só visam o lucro; - limitam as suas atividades a locais e horários remuneradores; - concentração de capitais, transformando empresas em verdadeiros “Estados”; - sujeição à falência, concordata, protestos, etc.

Receitas das empresas:

As receitas geradas por estas empresas são chamadas “preços públicos” ou “tarifas”.

Os preços referem-se a coisas ou a serviços de caráter industrial ou comercial. Ex.:

- produtos finais das empresas onde haja participação do capital público (ex.: aço, combustível, navios, etc.);

Apostila de Direito Financeirol I 18

- transportes ferroviários, marítimos, aéreos; - transmissão de telegramas e cartas; - distribuição de água encanada, gás ou energia elétrica em domicilio; - serviços telefônicos.

OBS.: Nenhuma destas atividades necessita, a princípio, do poder coativo do Estado.

A dificuldade estará na distinção entre “Preço Público” – de regime contratual e “taxa”, o Poder Público não conta com a compulsoriedade da paga mediante mera disponibilidade do serviço. Ganha, porém, maior elasticidade e imediatividade na fixação das tarifas, sistema previamente aceito pelo usuário ao aderir ao serviço. Por outro lado, a “taxa” traz a compulsoriedade, mas limita o Poder Público com as regras de contenção do poder de tributar. A distinção será tratada no estudo das “Taxas”.

Costuma-se desmembrar o PREÇO PÚBLICO em algumas categorias (Classificação do jurista italiano Einaudi, sintetizada por Bilac Pinto):

a) PREÇO QUASE–PRIVADO – forma-se no regime de concorrência com a economia privada, segundo as leis de mercado. O regime de preços é privado, mas a empresa é de capital público.

- há interesse exclusivamente privado. - só não denominamos preço-privado pelo fato do Estado participar da relação contratual.

Ex.: comercialização de minério (Cia. Vale do Rio Doce) ou de laminados da Cia. Siderúrgica Nacional. No preço quase–privado pode haver lucro.

b) PREÇO PÚBLICO – é fixado pelo modo que cubra toda a despesa com o serviço que justifica a sua cobrança. Pode ser múltiplo – diverso para as diferentes categorias de usuários.

Ex.: tarifa ferroviária barata para gêneros alimentícios e alta para artigos de luxo). Normalmente não se extrai lucro do preço público.

- aqui ainda há preponderância do interesse privado, mas também existem sinais de interesse público, o que algumas vezes leva o Estado a monopolizar a atividade sob o pretexto de que, em mãos do particular, o preço seria muito elevado.

c) PREÇO POLÍTICO - É o preço subsidiado. É insuficiente para suportar a despesa do serviço ou produção da coisa, cobrindo-se a diferença pelos recursos hauridos nos impostos.

Ex.: por questões de higiene e saúde pública, a empresa estatal pode vender o metro cúbico d’água canalizado por preço inferior à despesa respectiva ou, por motivos sociais, transportar passageiros em déficit crônico para a ferrovia. Normalmente o preço político implica em um prejuízo.

- aqui predomina o interesse público.

O déficit da empresa governamental pode levar um preço político a se transformar em público e vice-versa.

OBS.: também é decorrência da atividade empresarial o chamado PATRIMÔNIO MOBILIÁRIO do Estado, resultante da circulação dos títulos representativos de crédito (ações) das empresas. A receita, neste caso, decorre dos frutos (juros e dividendos) destas ações.

Profa. Juliana Ribeiro 19 • Classificação das receitas (doutrinária)

- Quanto ao prazo:

RECEITA EXTRAORDINÁRIA – decorre na iminência de guerra externa – Exemplo: União Federal tem a competência de exigir o imposto extraordinário quando houver caso de guerra com outro país. (art. 154, II, da CF/88).

RECEITA ORDINÁRIA – são aquelas havidas com regularidade, isto é aquelas desenvolvidas no regular exercício da atividade pública pelo Estado.

- Quanto à periodicidade do ingresso

RECEITA ORIGINÁRIA – decorre da exploração, pelo Estado, de seus próprios bens.

RECEITA DERIVADA – provém do constrangimento sobre o patrimônio do particular. Arrecadação de tributos, cobrança de sanções e confisco decorrente de contrabando, apreensão de armas de criminosos.

RECEITAS TRASNFERIDAS – embora provindas do patrimônio do particular, não são arrecadas pela entidade política que vai utilizá-las.

Exemplo: Quando a União Federal arrecada e destina este produto de arrecadação para os Estados e os Municípios (art. 157 e 162 da CF/88).

RECEITAS TRIBUTÁRIA S

Conceito : São aquelas que decorrem do poder de coerção do Estado, poder este que impõe ao particular um sacrifício patrimonial visando a cobertura dos encargos públicos.

- obrigações ex lege.

- atualmente, as receitas derivadas compreendem duas modalidades:

* tributos * penas pecuniárias 13 - LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL E RECEITAS TRIBUTÁRIAS

Seção I Da Previsão e da Arrecadação Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. OBS: O agente público deve ser o responsável pela previsão da receita. Omitir na arrecadação enseja responsabilidade Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.

Apostila de Direito Financeirol I 20 OBS: • Há alguns Municípios que por comodidade, por excesso de arrecadação ou por obter

muitas receitas transferidas, deixam de instituir os tributos que lhes competem, não estabelecendo por lei a cobrança do IPTU.

• Transferências voluntárias decorrem do repasse de recursos entre níveis do governo,

sem que haja imposição constitucional ou legal. Exemplo: quando o governo do Estado remete recursos a determinado Município para que este realize evento cultural.

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas. OBS: • O sentido desta norma é obrigar o Chefe do Executivo e a sua assessoria específica na área orçamentária, fazendo com que este visualize a partir da lei de responsabilidade fiscal que não pode possuir irresponsabilidade quando da elaboração da peça orçamentária. • A elaboração tem que refletir a realidade econômica, fixando a alíquota compatíveis e estabelecendo base de cálculos efetivas. § 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal. OBS: Não pode o ente público ensejar mero esquecimento ou revelar descuido de quem elaborou a proposta. • A previsão é real e não meramente formal. § 2º O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária. OBS: • Despesas de capital são aquelas que são realizadas com o propósito de formar e ou adquirir ativos reais, abrangendo ações, planejamento e execução de obras, compra e instalações de equipamentos, material permanente, etc. • Deve haver equilíbrio entre a receita e a despesa. Não poderá haver receita transitória como a operação de crédito. • Os recursos ingressam nos cofres públicos com destinação específica de saída, com despesas de capital, por isso a vedação do art. Acima. § 3º O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício subseqüente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo. Art. 13. No prazo previsto no art. 8º, as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de ações

Profa. Juliana Ribeiro 21 ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa. OBS: O Poder Executivo deverá anunciar quais as medidas que tomará para combater a evasão e sonegação. Exemplo: a admissão de novos fiscais e novas técnicas de aferição da receita empresarial. Novos locais de praça e leilões públicos. Seção II Da Renúncia de Receita Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: OBS: Por razões políticas o governante é obrigado a abrir mão de parte de sua arrecadação para estimular outras políticas. Exemplo: Renúncia do IPTU para um Município em relação à instalação de indústrias em seu território, o que poderá aumentar a mão e obra e aumentar os empregos de sua região. Benefícios fiscais I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de

receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;

II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por

meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.

OBS: • Não poderá haver renúncia indiscriminada de receita, a fim de se evitar insuficiência de recursos por parte do Município ou dos Estados, de forma a leva-los ao impedimento do cumprimento da obrigação. • Para que um benefício fiscal seja concedido é imprescindível que o Executivo diga de onde tirará a compensação para manter o equilíbrio fiscal. § 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. RENÚNCIA DE RECEITA OBS: • Anistia – perdão da penalidade imposto pelo contribuinte ou da própria infração • Remissão – perdão da dívida ou renuncia ao recebimento – pode ocorrer através de ato administrativo – art. 172 do CTN) • Subsídio – Forma de auxílio que se outorga a alguém para a prática de algum ato social.

Apostila de Direito Financeirol I 22 • Crédito presumido – Estimativa fixada pelo Poder Público em benefício de alguém, que fica dispensado de comprovação. • Concessão de isenção – Dispensa de pagamento do tributo, por força de lei • Alteração de alíquota • Mudança da base de cálculo do tributo ou modificação. § 2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso. § 3º O disposto neste artigo não se aplica: I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º; OBS: As limitações não se aplicam às alterações das alíquotas ao imposto de importação e exportação, produtos industrializados e operações de crédito, câmbio e seguro ou relativas a títulos ou valores imobiliários. II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança.