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Relação entre desidratação nos idosos e o seu estado de cognição Relation between dehydration in the elderly and cognition status Rute Filipa da Rocha de Oliveira ORIENTADO POR: Mestre Cristiana Setas Revisão temática 1.º CICLO EM CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO | UNIDADE CURRICULAR ESTÁGIO FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO PORTO TC Porto, 2020

1.º CICLO EM CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO | UNIDADE ......Relação entre desidratação nos idosos e o seu estado de cognição Relation between dehydration in the elderly and cognition

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Relação entre desidratação nos idosos e o seu estado de cognição Relation between dehydration in the elderly and cognition status

Rute Filipa da Rocha de Oliveira ORIENTADO POR: Mestre Cristiana Setas

Revisão temática

1.º CICLO EM CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO | UNIDADE CURRICULAR ESTÁGIO FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO PORTO

TC Porto, 2020

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I

Resumo

O processo de envelhecimento está associado a alterações fisiológicas que

resultam numa diminuição da água corporal total, que pode dar origem a um

estado de desidratação. Evidências científicas mostram a importância da água

nas funções vitais do organismo, logo, um estado de boa hidratação é um ponto

chave tanto para papeis fisiológicos como cognitivos. Em Portugal a população

encontra-se cada vez mais envelhecida, tornando-se importante clarificar as

relações entre a hidratação e o estado de saúde desta população-alvo.

Com o envelhecimento, o sistema nervoso apresenta várias alterações que

podem ser avaliadas através de testes cognitivos. Os dados atuais mostram que

uma boa hidratação está associada com melhores resultados em testes

cognitivos.

Com base na hipótese hidromolecular, a água desempenha um papel importante

na dinâmica das proteínas, resultando em moléculas biologicamente ativas

disponíveis para reações químicas, sendo que o mesmo não se observa na

ausência de água. Por isso, a manutenção de um estado bem hidratado é

importante para manter a função cerebral normal, uma vez que há evidências

que ligam a desidratação a alterações no cérebro.

As necessidades de água individuais variam de acordo com vários fatores, logo é

muito difícil formular recomendações gerais sobre a quantidade de água a

ingerir. No entanto, sabe-se que é importante ter em atenção o balanço hídrico,

sendo que o equilíbrio é atingido quando as perdas de água são compensadas

com ingestão de uma quantidade igual ou superior.

Palavra chave: Idosos, Desidratação, Cognição, Hipótese Hidromolecular.

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II

Abstract

The aging process is associated with physiological changes that causes a

decrease in total body water, which can give rise to a state of dehydration.

Scientific evidence shows the importance of water in the body's vital functions,

so an optimal hydrated state is one of the key points to physiological and

cognitive roles. In Portugal the population is increasingly aging, making it

important to clarify the relationship between hydration and the health status of

this target population.

With aging, the nervous system presents several changes that can be evaluated

through cognitive tests. Evidence shows that good hydration is associated with

better results on cognitive tests.

Based on the hydromolecular hypothesis, water plays an important role in the

dynamics of proteins, resulting in biologically active molecules available for

chemical reactions, however the same is not observed in the absence of water.

Therefore, maintaining a well-hydrated state is important to maintain normal

brain function, since there is evidence that links dehydration to changes in the

brain.

The individual water requirements vary according to several factors, so it is very

difficult to formulate general recommendations on the amount of water to be

ingested, however it is known that it is important to pay attention to the water

balance, and the balance is reached when the water losses are compensated by

ingesting an equal or greater amount.

Keywords: Elderly, Dehydration, Cognition, Hydromolecular Hypothesis.

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Sumário

Resumo ..................................................................................... I

Abstract ................................................................................... II

Lista de siglas e acrónimos ............................................................ III

1. Introdução ........................................................................... 1

2. Metodologia .......................................................................... 2

3. Desenvolvimento ...................................................................... 3

3.1 Efeitos do envelhecimento na regulação dos fluídos ........................ 3

3.2 Desidratação....................................................................... 4

3.3 Regulação do balanço hídrico ................................................... 4

3.4 Sinais, sintomas e diagnóstico da desidratação .............................. 6

3.5 Medição do estado de hidratação .............................................. 8

3.6 Modo de avaliar a cognição ..................................................... 9

3.7 Relação entre desidratação e cognição ......................................11

4. Análise crítica ........................................................................14

5. Conclusão .............................................................................15

6. Referências .........................................................................16

7. Anexos ...............................................................................19

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III

Lista de siglas e acrónimos

ADH- Hormona Antidiurética

AP- Área Postrema

AQP- Aquaporina

CAB- Teste de Bateria de Avaliação Computadorizada

DGS- Direção Geral de Saúde

DTI- Imagem por tensor de difusão

EFSA- Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos

LEC- Líquido Extracelular

MMSE- Mini Exame do Estado Mental

NTS- Núcleo adjacente do Trato Solitário

OMS- Organização Mundial de Saúde

OVLT- Órgão Vascular da Lâmina Terminal

SNC- Sistema Nervoso Central

TMT- Teste de Trilha

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1

1. Introdução

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), nos países

desenvolvidos, são considerados idosos os indivíduos que apresentem idade

igual ou superior a 65 anos (1). Em Portugal, em 2011, segundo projeções do

Instituto Nacional de Estatística, a população está envelhecida, uma vez que a

percentagem de indivíduos com 65 ou mais anos, atingiu cerca de 20% da

população e a esperança de vida à nascença, é de 80,3 anos para as mulheres

e de 73,5 anos para os homens (1, 2).

A saúde é um conceito amplo, subjetivo e que inclui de forma complexa a

saúde física da pessoa, o seu estado psicológico, o nível de independência, as

relações sociais e as crenças e convicções pessoais (3).

O processo de envelhecimento está associado a alterações fisiológicas, como a

diminuição da perceção de sede, perda de massa muscular, alterações da

função renal, e ainda, a aumenta das perdas de fluídos por infeção, demência

e uso de diuréticos. Tudo isto que faz com que a quantidade de água seja

menor no organismo e haja risco de desidratação(4, 5). De acordo com Godfrey

et al. (2012), os idosos podem encontrar dificuldades em obter acesso a

bebidas devido à diminuição da mobilidade, problemas visuais, distúrbios da

deglutição, alterações cognitivas e uso de sedativos. O medo da incontinência

pode levar alguns idosos a limitar sua ingestão de líquidos(6, 7).

A água tem diversas funções: regulador os processos metabólicos corporais,

ajudar a manter a temperatura corporal, transportar nutrientes e outros

químicos para as células e os produtos resultantes do catabolismo para o

exterior do corpo(8). Uma desidratação (perda de água corporal total >2% da

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água) é suficiente para iniciar a redução da capacidade de desempenho,

podendo afetar a concentração, a atenção, a capacidade de memória e a

aptidão física (9, 10). Esta é a perturbação hidro-eletrolítica mais frequente

entre os idosos, sendo uma causa comum de hospitalização nesta

população(11).

Num estudo realizado em idosos em Portugal, mais de um terço da amostra,

estavam desidratados, apresentando os homens uma proporção mais elevada

de desidratação (47,1%), em comparação com as mulheres (30,5%) (12). A

hidratação é outro dos pontos chave para se ter uma boa saúde, sendo

fundamental tanto em papeis fisiológicos e cognitivos como em manter a

função cerebral normal (3).

Entende-se por função cognitiva as fases do processamento da informação

como: perceção, aprendizagem, memória, atenção, vigilância, raciocínio e

resolução de problemas. Mais recentemente, a função psicomotora avaliada

como tempo de reação, tempo de movimento, velocidade da passada e

desempenho físico tem sido frequentemente incluída como parte integrante

da função cognitiva(13).

Assim sendo, é importante avaliar a função cognitiva dos idosos e a sua

relação com o estado de desidratação, uma vez que, dados existentes

mostram que uma boa hidratação está relacionada com melhores resultados

em testes cognitivos e a ligeira desidratação pode prejudicar as habilidades

cognitivas (13, 14).

2. Metodologia

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Foi realizada uma revisão da literatura, através de uma pesquisa bibliográfica

realizada nos motores de busca Pubmed® e Scopus®, recorrendo às seguintes

combinações de termos (“hydration OR dehydration OR hydromolecular”) AND

(“mental health OR cognition OR dementia OR delirium OR cognitive disorders

OR consciousness disorders OR brain”) AND (“elderly OR aged OR aging”). Foi

feita uma filtragem por tipo de estudo (revisão sistemática), posteriormente

ordenado por data, do mais recente para o mais antigo. O período de pesquisa

decorreu entre 31/03 e 28/06. A primeira seleção de artigos foi feita com

base no ano de publicação, sendo selecionados a partir da leitura do título

e/ou do resumo do artigo. Posteriormente, algumas das referências citadas

foram retiradas dos artigos pré-selecionados, devido à relevância para o tema

e ainda a citação de algumas teses consultadas por terem distinção sobre os

assuntos pretendidos.

3. Desenvolvimento

3.1 Efeitos do envelhecimento na regulação dos fluídos

O envelhecimento está associado a alterações fisiológicas(15). Como os idosos

são mais vulneráveis, podem ter menos recursos e/ou reservas cognitivas para

gerir os efeitos da desidratação(10). Como consequência de um consumo

inadequado de líquidos vemos aumentado o risco de infeções urinárias,

insuficiência renal, hipertermia em condições de temperaturas elevadas,

obstipação, dores de cabeça, confusão e delirium, estando também associado

um aumento das taxas de mortalidade em idosos hospitalizados(8, 16).

Os idosos têm menos sede e bebem menos líquido em comparação com os

jovens e mesmo após a privação de líquidos têm menor capacidade para repor

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o seu défice hídrico corporal(17). Com o envelhecimento, aparecem defeitos

tanto nos osmorrecetores quanto nos barorrecetores, bem como alterações

nos mecanismos reguladores centrais mediados pelos recetores opióides(18).

Juntamente com a ingestão reduzida de líquidos, com o avanço da idade, há

uma diminuição na água corporal total, em consequência dos mecanismos

renais de conservação de líquidos estarem diminuídos(19). Devido às baixas

reservas de água, era ideal que os idosos bebessem mesmo não tendo a

sensação de sede. Uma melhor literacia sobre esses princípios poderia ajudar

a prevenir a hipotensão súbita, derrame ou fadiga anormal. Todos esses

fatores contribuem para um risco aumentado de hipoidratação e desidratação

em idosos(19).

3.2 Desidratação

A urina é a principal via para a perda de água do corpo, sendo que 150 litros

de água são filtrados pelos glomérulos nos túbulos renais diariamente(20). No

entanto, a maior parte desta água é reabsorvida e apenas 1 a 2 litros são

excretados na urina (1%)(8). A ingestão inadequada de água conduz a um

estado de desidratação em que a perda de água corporal é superior à sua

ingestão, estado este associado com a hipovolemia (volume de sangue baixo).

A desidratação pode ser classificada como isotónica, hipotónica e hipertónica

(AnexoA)(21). A desidratação isotónica é a forma mais comum da desidratação,

seguindo-se a desidratação hipertónica(22).

3.3 Regulação do balanço hídrico

A perda de água em situações como a exposição ao calor, febre, consumo

insuficientes de líquidos, e atividade física resulta num aumento da

osmolaridade (>320mOsml/L) e uma diminuição do volume plasmático, o que

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causa desidratação(23). Nestes casos, a desidratação estimula a sede e também

os níveis da ADH. A sensação de sede, provoca a ingestão de líquidos (quando

disponível), e uma diminuição na produção urinária devido a um aumento da

reabsorção tubular de água no nefrónio. Devido ao aumento da concentração

de urina, esta torna-se mais escura(14). A sede é desencadeada por um

aumento na osmolaridade do plasma e do líquido extracelular (LEC), por

reduções no volume plasmático dos défices hídricos(10). Durante a reidratação,

a sede pode desaparecer antes do equilíbrio hídrico estar reposto(24).

Quando as perdas de água excedem a ingestão de água, a pressão osmótica do

LEC aumenta. Pela ativação dos osmorecetores hipotalâmicos, a hormona

antidiurética é libertada da glândula pituitária posterior(25). Tanto o aumento

da pressão osmótica do LEC quanto o aumento da ADH provocam a sensação

de sede(10, 26). Os recetores que provocam sede têm um limiar osmótico

superior aos osmorrecetores envolvidos na liberação da ADH. Assim, a ADH

pode atuar nos rins para aumentar a reabsorção de água antes que a sede seja

provocada(25, 26).

A maioria dos medicamentos utilizados no tratamento de doenças

cardiovasculares bloqueia o sistema renina-angiotensina-aldosterona, mas

esse sistema é ativado fisiologicamente por hipovolemia(25). O volume

sanguíneo é capaz de regular a sede uma vez que a sua diminuição em 10 % é

capaz de estimular essa sensação(27). Essa diminuição do volume é detetada

por barorecetores cardíacos que atuam no núcleo adjacente do trato solitário

(NTS). Este por sua vez vai estimular a secreção de ADH(28).

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A sensação de sede pode ser colmatada através do aumento da osmolaridade

que é detetado por osmorrecetores no órgão vascular da lâmina terminal

(OVLT) que estimula a secreção da ADH(26). Pode ainda ser regulada através da

[Na+] pois o aumento da mesmo é detetado por osmorecetores “hepáticos”

que atuam na área postrema (AP) e no núcleo adjacente do trato solitario o

que faz com que haja estimulação da secreção da ADH(23, 29).

A excreção de água pelo rim é rigorosamente controlada pela (ADH) sendo a

sua secreção regulada pela pressão osmótica do plasma. Um aumento da

osmolaridade promove a secreção da ADH, que conduz a um aumento da

reabsorção da água a partir dos túbulos renais (menor volume de urina

excretada)(27).

Por outro lado, uma diminuição da osmolaridade suprime a secreção de ADH,

que resulta na redução da reabsorção de água a partir dos túbulos renais

(maior volume de urina excretada). A osmolaridade do plasma é em grande

parte dependente da [Na+], que controla indiretamente a quantidade de água

no corpo(27).

3.4 Sinais, sintomas e diagnóstico da desidratação

Os sinais de desidratação leve a moderada e grave são pele seca, diminuição

da quantidade e concentração da urina, perda de peso, obstipação e

diminuição das funções cognitivas(30). Os grupos etários com risco particular

de desidratação incluem as crianças e os idosos. Os sinais clínicos de

desidratação incluem sintomas neuropsíquicos, como confusão mental,

funções cognitivas comprometidas, secura da mucosa, hipotonia dos globos

oculares, hipotensão ortostática e taquicardia, aumentando o risco de quedas

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(4, 8), sendo que alguns apresentam baixa sensibilidade e especificidade(22). Os

fatores com boa sensibilidade (>80%) são as membranas mucosas secas na

boca e nariz e sulcos longitudinais na língua. Os fatores com boa

especificidade (> 80%) são: incoerência da fala, fraqueza nas extremidades,

axila seca e olhos fundos(22).

O turgor da pele, a sede e a humidade das mucosas, são exemplos de métodos

físicos de avaliação do estado de hidratação, sendo simples, económicos e

rápidos, com uma boa especificidade, mas menos fiáveis(30). Alguns autores

defendem que os parâmetros físicos, indicam melhor a existência de

desidratação devido à sua alta especificidade(16). Contrariamente, outros

autores argumentam que, uma vez que, possuem baixa sensibilidade, não têm

capacidade para discriminar desidratação e euhidratação, não devendo ser

usados isoladamente para diagnosticar o estado de hidratação em idosos,

defendo, portanto, o uso dos sinais bioquímicos no diagnóstico do estado de

hidratação.

Quanto aos sinais bioquímicos, é considerado desidratação quando a

osmolaridade sérica elevada é >295 mmol/L, o sódio sérico elevado >145

mmol/L ou então o rácio ureia no sangue/creatinina elevado >50 (ureia e

creatinina em mmol/L) (30).

Segundo Martin D. Hoffman et al, a sede parece ser o método mais viável para

diagnosticar o estado de hidratação, pois mede-se a sensação de sede com

recurso a uma escala numérica simples, pelo que é mais prático e seguro

quando comparado com outros métodos, como a osmolaridade plasmática e

marcadores urinários, uma vez que estes apresentam baixa especificidade

para idosos (31). Outro estudo, realizado em idosos, opõe-se a esta ideia,

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defendendo que a sede é um fraco indicador da necessidade de ingestão água,

pois é facilmente desregulado em indivíduos com demência que têm uma

sensação de sede mascarada(15). É crucial reconhecer e diagnosticar a

desidratação rapidamente, mas atualmente não há marcadores biológicos

específicos para essa condição. Por esse motivo, o marcador epigenético

microRNA-6842-3p obtido de exossomos do sangue periférico pode contribuir

para o diagnóstico precoce e também para a prevenção da desidratação(32).

3.5 Medição do estado de hidratação

Quando um indivíduo está em equilíbrio energético, uma perda de peso

corporal é essencialmente igual à perda de água. As medições do peso

corporal devem ser realizadas em condições padrão, de preferência de manhã

em jejum e após micção e defecação(33).

Há evidencia suficiente que sugere que vários métodos usados isoladamente

não são úteis na avaliação da desidratação, por não detetarem uma grande

percentagem de indivíduos desidratados, também podem classificar de forma

errada indivíduos adequadamente hidratados(33, 34). Por haver então uma

grande dificuldade na escolha de um método de fatores como a sensibilidade

e a especificidade, o tempo requerido e o preço contribuem para a seleção do

método.

A bioimpedância é uma possível técnica que mede a resistência do tecido

corporal e da água a uma corrente elétrica que flui pelo corpo(32, 35). Sabe-se

que a corrente elétrica passa melhor pelos iões contidos nos fluidos. A partir

desse princípio, é possível determinar a quantidade de água corporal(32).

Tecidos que tenham mais água na sua composição oferecem menor resistência

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(menor impedância) à passagem da corrente elétrica, o mesmo não acontece

com tecidos que possuam pouca água. Esta tem várias vantagens, como o seu

rápido feedback, baixo custo, o facto de não ser invasiva, e ser de fácil

aplicação. O uso de equações preditivas (baseadas na antropometria) em

indivíduos com diferentes condições clínicas, podem sobre ou subestimar a

água corporal total(34).

A osmolaridade sérica é rigidamente controlada e raramente varia em mais de

2% em torno de um ponto definido de 280-290mOsm /L. Em indivíduos bem

hidratados, um valor médio basal de 287mOsm/L é mantido pelos

osmorecetores hipotalâmicos que controlam a secreção de ADH(10, 34). Um

aumento de osmolaridade de 1% é suficiente para dar a sensação de sede e

aumentar a concentração sérica de ADH em 100% do valor basal, sendo este o

mais usado como padrão de referência para desidratação(36). A sua vantagem é

a capacidade de diagnosticar o estado de hidratação de uma só vez(34).

Mesmo não existindo consenso sobre o método pelo qual medir o estado de

hidratação, o gráfico de cores da urina pode ser usado como indicador

prévio(16, 34). Isso é muito usado porque é um método rápido e de baixo custo

para avaliar o estado da hidratação, o que pode ajudar na intervenção

precoce. Dependendo da cor da amostra de urina que combina com a cor da

tabela, é possível identificar pacientes em risco de desidratação (34).

3.6 Modo de avaliar a cognição

Existem vários testes, a fim de avaliar o estado cognitivo, padronizados: o

Mini Exame do Estado Mental (Mini Mental Status Exam- MMSE), o teste de

bateria de avaliação computadorizada (Cognitive Assesment Battery- CAB) e o

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teste de trilha (Trail Making Test- TMT)(10, 34). Na população idosa um dos mais

utilizados para rastreio da função cognitiva é o MMSE que é um teste de fácil

aplicação e requer cerca de 5 a 10 minutos a ser concluído, sendo constituído

por um questionário de 30 pontos usado para rastrear défice cognitivo. O

MMSE é uma série de perguntas e problemas simples como número de

habilidades mentais diferentes, incluindo memória, orientação no tempo,

registo, nomeação, leitura, atenção e linguagem. A pontuação do MEEM é

influenciada por variáveis demográficas, diminuindo com a idade e com a

menor escolaridade sem influência significativa do sexo. Em Portugal, foi

publicado em 1994 o estudo de adaptação e tradução do MMSE por Guerreiro

et al. no qual foram determinados valores de corte para deteção de défice

cognitivo: 15 pontos quando se trata de indivíduos analfabetos; 22 para

indivíduos cuja escolaridade varie entre o 1.º e 11.º anos e inferior a 27

pontos indica défice cognitivo quando se refere a indivíduos com literacia

superior a 11 anos(48).

O CAB serve para avaliar o nível cognitivo visto ser um teste neuropsicológico

da memória episódica que contempla a avaliação da neurocognição, da

cognição social e da funcionalidade. Está pontuado entre 0 e 21 e quanto

maior a pontuação, maior o nível de memória episódica(38).

O TMT é um teste neuropsicológico de efeitos visuais, velocidade de

processamento, flexibilidade mental e executivo, constituído por duas partes.

A parte A é usada para examinar a velocidade do processamento cognitivo. Na

parte B é usado para avaliar o funcionamento executivo. O resultado é o

tempo para concluir a tarefa. Quanto menor o tempo, melhor a função

cognitiva(38, 39).

Até ao momento a associação entre estado de hidratação e função cognitiva

ainda não foi amplamente estudada, mas sabe-se que, para atingir o mesmo

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nível de desempenho, o cérebro exerce maior esforço quando desidratado(38).

O Plano Nacional de Saúde Mental, implementado em 2016, pela Direção

Geral de Saúde (DGS), apontado como prioritário o estudo dos possíveis

determinantes da função cognitiva, sendo a sua manutenção essencial para a

autonomia e funcionalidade da pessoa idosa, uma vez que esta pode e deve

ser capaz de ter um papel ativo na sociedade(2).

3.7 Relação entre desidratação e cognição

Com o envelhecimento, o sistema nervoso apresenta várias alterações, como a

redução no número de neurónios, redução na velocidade de condução

nervosa, redução da intensidade dos reflexos, restrição das respostas

motoras, alteração do poder de reações e da capacidade de coordenação (14).

A redução na produção de importantes neurotransmissores centrais, como as

catecolaminas, a serotonina e a acetilcolina resulta em alterações na

memória, na função motora e de humor. Existem evidências que a

desidratação tem efeito no desempenho cognitivo e comportamento em

idosos: em relação ao humor, mudanças significativas e consistentes têm sido

observadas em idosos quando o nível de hidratação é manipulado(37).

O cérebro, apesar de ser um órgão altamente lipofílico, é constituído por 80%

de água(40). Na maioria das doenças intracelulares do Sistema Nervoso Central

(SNC) a água é armazenada em astrócitos. Essas células são caracterizadas por

alta expressão de aquaporina (AQP), o que os torna quatro vezes mais

permeáveis à água em comparação com outras células cerebrais, funcionando

como cisternas para períodos de escassez de água(40). Alguns estudos

demonstram que os astrócitos respondem à desidratação periférica por

regulação positiva das proteínas AQP-4(41). Quer a desidratação quer o

envelhecimento, foram associados à regulação positiva da AQP-4, portanto,

não surpreende que o envelhecimento e a perda de água estejam

interligados(41). No entanto, as três áreas do cérebro mais vulneráveis aos

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efeitos da desidratação são: o sistema de ativação reticular, que preserva a

atenção e a vigília; as estruturas autonómicas, que regulam as funções

psicomotoras e reguladoras; e as estruturas corticais e do meio do cérebro

responsáveis pelo pensamento, memória e perceção(39).

As grandes preocupações do envelhecimento são o facto do SNC não possuir

capacidade de reparação e da quantidade de água corporal total diminuir ao

longo da idade(13).

O estudo realizado por Suhr et al. em 28 idosos saudáveis demonstrou que um

menor estado de hidratação foi associado a uma velocidade de processamento

psicomotor reduzida, uma menor atenção e menos memória(42).

Noutro estudo, foi avaliado se o estado de hidratação apresentava alguma

variação significativa em dois processos cognitivos principais: velocidade de

processamento psicomotor e desempenho da memória, tendo sido controlados

os fatores que pudessem ser confundidores, mas chegaram à conclusão de que

uma desidratação está associada a menor memória e velocidade psicomotora

diminuída(43). Quanto ao estado de hidratação, verificou-se que indivíduos

desidratados ou em risco de desidratação têm 2,1 vezes maior possibilidade

de apresentar comprometimento cognitivo(39).

O delirium é uma manifestação comum de desidratação (40). A síndrome do

delirium é caracterizada pela natureza transitória da sua ocorrência e pela

potencial reversibilidade inerente a esse diagnóstico(40). Assim, os médicos

geralmente assumem que a identificação e o tratamento da desidratação

como terapia de reposição apropriada devem resultar na resolução completa

de qualquer disfunção cognitiva associada a esta síndrome.

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Além disso, estudos de neuroimagem em idosos desidratados mostram

diminuição do volume de substância cinzenta e branca(41). No entanto, é

importante ter em consideração que a maioria dos estudos volumétricos

baseiam-se na imagem por tensor de difusão (DTI) que deteta a anisotropia da

água e, portanto, é altamente dependente da dinâmica dos fluidos cerebrais.

A primeira descoberta deste estudo foi que o volume cerebral muda devido a

flutuações fisiológicas por períodos cíclicos, alterações relacionadas com o

volume cerebral(44).

Concomitantemente, Adonis et al. descobriram que a água desempenha um

papel importante na dinâmica conformacional das proteínas transcritas para

se tornarem biologicamente ativas, pois, a presença de água permite que se

dobrem ao longo de eixos específicos através da formação de cadeias de

hidrogénios que liga os aminoácidos(37, 45). Na presença de água, a dobragem

ocorre quase instantaneamente (140ns), resultando em moléculas

biologicamente ativas disponíveis para reações químicas no momento

oportuno. Na ausência de água, o processo de dobragem é significativamente

mais lento e as biomoléculas podem perder o tempo de suas reações

prejudicando a quantidade de informações nos mecanismos biomoleculares do

cérebro, com perda de vias neurais normais que transmitem informações

sensoriais para centros corticais superiores, onde são percebidos estímulos e a

partir dos quais a resposta emana(39). Esta descoberta intitulada de hipótese

hidromolecular pretende explicar a relação entre desidratação e

comprometimento cognitivo em pacientes idosos(37, 43). Os autores consideram

que as anormalidades da homeostase da água sejam expressões precoces de

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disfunção neuronal, atrofia cerebral, cerebrovasculopatia crônica e doença de

Alzheimer(46).

Dados demonstram que a hipoidratação altera a morfologia cerebral e requer

mais recursos neurais em áreas associadas à produção motora e respostas

emotivas(44). As mudanças na osmolaridade extracelular afetam

inevitavelmente o ambiente intracelular, determinando importantes

alterações no volume e função dos mecanismos celulares, causando dano

morfológico e funcional irreversível(45). Portanto, essas mudanças podem ser

os principais fatores que contribuem para as vulnerabilidades neurovasculares

relacionadas com a idade e estão atualmente sob intensa investigação(38).

4. Análise crítica

Os consumos totais de água, em idosos, encontram-se muito abaixo, quando

comparados com as recomendações da Autoridade Europeia para a Segurança

dos Alimentos (EFSA)(47). Contudo, ainda não se sabe quais são os principais

fatores para a diminuição da ingestão de água nesta faixa etária, pelo que

seria interessante estuda-los e tentar esclarecer se é a desidratação o fator

desencadeante das desordens cognitivas ou se poderão ser as desordens

cognitivas as impulsionadoras de um estado de desidratação.

Dados atuais mostram que uma boa hidratação está associada com melhores

resultados em testes cognitivos. No entanto, são necessários mais estudos

para apoiar esta hipótese, sendo a hipótese hidromolecular uma possível base

para futuros estudos. A realização deste tipo de estudos em idosos é um

desafio devido às limitações quando se trata deste público-alvo, uma vez que

estes poderão ter uma menor adesão ao estudo, apresentam alterações

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fisiológicas que derivam do envelhecimento, o seu estado cognitivo pode já

estar afetado por outros fatores e mesmo a sensação de sede pode estar

mascarada. Como intervenção precoce, o ideal seria sensibilizar a população e

alerta-los das consequências da desidratação.

5. Conclusão

As necessidades de água individuais variam de acordo com vários fatores, logo

é muito difícil formular recomendações gerais sobre a quantidade de água a

ingerir. No entanto, sabe-se que é importante ter em atenção o balanço

hídrico devido à importância da água na fisiologia humana. Uma desidratação

com uma perda de apenas 2% do total da água corporal é suficiente para

iniciar algum tipo de desordem cognitiva.

Há uma necessidade de aumentar a ingestão de água em idosos uma vez que,

o envelhecimento está associado a alterações fisiológicas e a um declínio

cognitivo progressivo. Estudos demonstram que a reposição de fluidos é

eficaz, mas mais lenta em pessoas idosas. À luz destes dados, os autores

acreditam que, na ausência de água, haja uma alteração da conformação

normal das proteínas, que pode prejudicar a cognição de forma direta ou

indireta, danificando sinapses e neurônios, comprometendo a função

cognitivas.

Assim, a manutenção de um bom estado de hidratação é crucial para manter a

função cognitiva normal.

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6. Referências

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7. Anexos

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Anexo A-Descrição dos tipos de desidratação

Tipo de

desidratação

Definição

Causas

Isotónica:

Ocorre tanto da perda quanto da falta de fornecimento de água e sódio ao espaço extracelular

• Vómitos prolongados

• Diarreia

• Aspiração nasogástrica

• Hemorragias

• Diurese excessiva

Hipotónica:

Ocorre da diminuição do volume do espaço extracelular como consequência da diminuição do fornecimento de água e sais ou devido ao aumento de perdas de fluídos com consequente diminuição dos valores de sódio maiores do que os da água neste compartimento

• Perdas gastrointestinais como

diarreia e vómitos;

• Perdas renais;

• Má nutrição

• Excessiva reposição de líquidos com soluções hipotónicas

• Uso prolongado de diuréticos com reposição de pouco sal

Hipertónica:

Ocorre da diminuição do compartimento extracelular derivado ao decréscimo ou supressão do consumo de água ou então de perdas de água maiores à perda de sódio neste espaço

• Febre prolongada

• Sudorese severa

• Comprometimento da sede (por disfunção do hipotálamo)

• Condições debilitantes que levam a baixa administração de água

• Hiperglicemia

• Dietas prolongadas sem adequada reposição de líquidos

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