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    PODER JUDICIRIOTRIBUNAL DE JUSTIA DE SO PAULO

    sSsACRDOVistos, relatados e discutidos estes autos de

    Apelao n 0038517-33.2006.8.26.0562, da Comarca deSantos, em que so apelantes CARLOS LEONARDO XAVIER,RITA DE CSSIA FONTOURA COUTINHO e MARIA IEDARODRIGUES GODINHO sendo apelado MINISTRIO PBLICO DOESTADO DE SO PAULO.

    ACORDAM, em 16 a Cmara de Direito Criminal doTribunal de Justia de So Paulo, proferir a seguintedeciso: "POR MAIORIA DE VOTOS , DERAM PROVIMENTOPARCIAL AO APELO, NOS TERMOS QUE CONSTARO DO VOTO DODR. SOUZA NUCCI, VENCIDO O RELATOR SORTEADO QUEDECLARA.", de conformidade com o vot o do (a)Relator(a), que integra este acrdo.

    O julgamento teve a participao dosDesembargadores SOUZA NUCCI, vencedor, ALMEIDA TOLEDO(Presidente), vencido, ALMEIDA TOLEDO (Presidente) ePEDRO MENIN.

    So Paulo, 12 de abril de 2011.

    \

    SOUZA NUCCIRELATOR DESIGNADO

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    Ap elao n 990.08.097008-9Comarca: SantosApe lante: Carlos Leonardo Xavier e outrosApelado: Ministrio Pblico

    VOTO N. 1113

    Apelao. Artigo 229 do CPP . Absolvio porinsuficincia de provas. Alterao da absolvio.Possibilidade via apelao. Recurso conhecido. Derigor a alterao da fundamentao ante a ausnciade prova da existncia do fato. Parcial Provimento.

    Em que pese o respeito e a admirao quetenho pelo Desembargador Relator Dr. Almeida Toledo, divirjo deseu entendimento, desacompanhando-o nos autos subjudice, pelasrazes a seguir expostas.Adoto a descrio ftica elaborada peloilustre relator.

    Os recorrentes foram denunciados eprocessados como incursos nas penas do artigo 229, em sua antigaredao, c.c. artigo 29, ambos do Cdigo Penal, pois, na data de 28^de julho de 2006, uma denncia annima noticiou s

    Apela o n - 990.08 .09700 8-9

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    policiais a ocorrncia de prostituio na penso de responsabilidadedos apelantes.

    A digna magistrada a quo, em sentenadatada de 18 de junho de 2008, julgou improcedente a den ncia, afim de absolver os denunciados com base no artigo 386, inciso VI,do Cdigo de Processo Penal, cuja antiga redao prescrevia: "noexistir prova suficiente para condenao".

    Apresentado seu voto, o eminenteDesembargador Relator votou pelo no conhecimento do recurso,por entender ausente o interesse-utilidade na interposio domesmo, admitindo o manejo da apelao, para fins de modificar ofundamento da absolvio, somente quando gerar efeitos no mbitocivil.

    Contudo, a apelao merece ser conhecidae, em seu mrito, julgada parcialmente procedente, pelas razes dedecidir abaixo explanadas.

    Preliminarmente, caso de conhecimento dorecurso, porquanto a alterao do fundamento da absolvio no secondiciona apenas e to-somente aos possveis prejuzos civissofridos pelo absolvido.

    Consoante vimos decidindo, ipsis litteris:"Recurso do ru para alterar o fundamento

    da absolvio: cremos ser adm issvel, justamente pelosreflexos e conseqncias que a sentena provoca emoutros campos do direito e tambm no contexto social,(...) O reflexo social da deciso diverso ojqte torna

    Apelao n-990.08.0970 08-9 -S an tos " /

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    justificvel a pretenso daquele que deseja alterar ofundamento da deciso'*

    Destarte, ante a suma importncia dospilares fundamentadores de um decreto absolutrio, pertinente apretenso da defesa em alter-los, ao largo de eventuaisconseqncias, visto tratar-se de verdadeiro desdobramento docontraditrio e ampla defesa.

    Ademais, no h bice legal referidapretenso, tampouco previso condicional para o apelo em casosde decretos absolutrios.

    Nessa toada, conheo das presentes razesde apelao, passando anlise do mrito.

    A priori, mister esclarecer estar a presenteanlise submetida aos novos contornos do artigo 229, do CdigoPenal, introduzidos pela Lei 12.015 de 2009, retroagindo aos fatos,porquanto benfica aos denunciados.

    Certamente, no h nos autos prova daexistncia do fato imputado aos apelantes.

    Muito alm de insuficincia de prova para acondenao, inexistem elementos a comprovar sequer a existnciade exp lorao sexual no local dos fatos.

    O apelante Carlos e sua companheira,tambm denunciada, Rita, alegaram perante a autoridade policial oque segue, respectivamente:

    "O declarante e sua companheira Rita de;1 NUCCI, Guilherme de Souza. Cdigo de Processo Penal Comentado. So Paulo: Re^istaaos Tribunais,9 edio, 2009. Pgina 970. ^ ^ - " " " ^

    Apelao n - 990 .08.0 970 08- ^S ntS s^ /

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    Cssia Fontoura Coutinho so proprietrios do pontocomercial situado na Rua Senador Feij, n 46/48, nestacidade, sendo que no nmero 46 funciona um bardenominado "Bar do Gacho" (nome fantasia) e nonmero 48 funciona um a penso. (...) Quanto a penso,no mesmo nmero 48, existem trs quartos, sendo queatualmente somente dois dos quartos esto ocupados.Um deles est ocupado por duas moas, uma chama-seRose e a outra no se recorda o nome. Ambas tambmso garotas de programa e maiores de idade. Pagam dealuguel o valor de R$ 415,00 mensais. Inquirido se taisinquilinas usam o imvel para realizar encontrosamorosos, disse: deve ser, elas levam homens l paradentro n, mas eu no sei o que elas fazem l de ntro(sic)". (fls. 12)

    "Todas as inquilinas so garotas deprograma e moram na penso. Inquirida se suasinquilinas utilizam a penso para o exerccio daprostituio, informa que no sabe dizer se usam ouno. Trabalha no bar durante o dia, das 9:00 s 17:30hs, sendo que esse horrio sempre calmo (...) Afirmaque naque la rua comum a prostituio e h vrioshotis na redondeza, sendo que acredita que suasinquilinas atraiam os cliente por ali. No h menores napenso" (fls. 13) ^ ^ ^

    Interrogados em juzo^ps^roprietr ios daApelao n - 990.08.097008-9 - Santos /

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    penso, localizada no nmero 48, no destoaram do alegadodurante a fase inquisitorial, negando a prtica do de lito e declarandoque "no local nunca houve explorao da prostituio e dessaforma, no haveria qualquer razo para a existncia de dennciaannima", (fls. 94/98)

    A terceira codenunciada, Maria leda,locatria do imvel localizado no nmero 50 da Rua Senador Feij,alegou sob o crivo do con traditrio, a seguir:

    "Alega que possui uma penso de nome"Paradinha". Informa que aluga o imvel pela importncia de 350reais. Recebe uma renda de 1000 a 1200 reais. Neg a a prtica dodelito. Afirma que sua penso nunca foi utilizada para a realizaode encontros amorosos. (...) Afirma que nunca alugou quartos porhora, mas sim por pernoite. (...) Atualmente existe um taxistahospedado, juntamente com a esposa, a qual se encontra grvida."(fls 102)

    As testemunhas de acusao, alm de notrazerem elementos convincentes a embasar a exordial acusatria,colaboraram com as alegaes proferidas pela defesa, tendo,inclusive, o prprio investigador de polcia, destinatrio da notciacriminal annima, proferido:

    "Assim, foi constatado que atrs do barefetivamente existiam trs quartos. Foi apurado que osresponsveis do local seriam a co-r Rita, bem como oacusado conhecido por "Gacho". Foi apurado tambmque havia duas mu lheres residindo nq^qoartos. Tais

    Apelao n- 990.08.097008-9 - Santos 5

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    mulheres foram ouvidas e alegaram que efetivamenterecebiam homens no local. Todavia negaram querealizassem prostituio. No foram encontradasmenores no local. Assim, nada de concreto foi apuradoem relao aos rus nas diligencias realizadas." (fls.164/165)

    Por todo o colhido durante a instruocriminal, restou evidenciada a ausncia de substrato a corroborar acondenao, culminando na absoluta falta de prova para a prova daexistncia do fato.

    Ressalta-se, a nica prova existente umadenncia annima, no com provada.

    Dessa forma, de rigor a absolvio dosapelantes com fulcro na previso de no haver prova da existnciado fato.

    Ante o exposto, pelo meu voto, dou parcialprovimento aos apelos defensivos, julgando improcedente adenncia para absolver CARLOS LEONARDO XAVIER, RITA DECSSIA FONTOURA COUTINHO e MARIA IEDA RODRIGUESGODINHO, com fulcro no inciso II, do artigo 386, do Cdigo deProcesso P enal. ^ ^ ^

    SOU]frNUCCI^fioTDesignado/ 6Apelao n- 990.08.097008-9 - Santos

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    16a Cmara CriminalAPELAO CRIMINAL nQ 990.08.097008-9Comarca: SA NT OSApelantes: CARLOS LEONARDO XAVIER E OUTROSApelad o: M INISTRIO PBLICO

    VO TO n 4992Artigo 229 do CP. Rus absolvidos p or insuficincia deprovas. Apelos defensivos buscando a modificao dofundamento da absolvio. Crime que tem como sujeitopassivo a coletividade. Alterao que n o implicaria emqualquer benefcio prtico para os recorrentes.Ausncia de efeitos concretos na esfera cvel. Falta deinteresse-utilidade. Apelos no c onhecidos.

    1. CARLOS LEONARDO XAVIER, RITA DE CSSIA FONTOURACOUTINHO e MARIA IEDA RODRIGUES GODINHO foram denunciados eprocessados como incursos no artigo 229 (em sua antiga redao) c.c. o artigo 29,ambos do CP, porque, supostamente, mantinham casa de prostituio na RuaSenador Feij, nQ 48/50, em S antos.

    Pela r. sentena d e fls. 210/213, cujo rela trio se ado ta, pro ferida pe loDr. Carlos Eduardo Andrade Sampaio, MM. Juiz de Direito da 3 Vara Criminaldaquela Comarca, a ao penal foi julgada improcedente, sendo os rus absolvidos,nos term os d o artigo 386, VI, do CPP (em sua antiga reda o).

    Inconformados, apelaram, pugnando pela reforma do julgado (fls.215). Requerem, preliminarmente, o trancamento da ao penal, por no ter sidodemonstrada a habitualidade da prtica delitiva, ou, ento, a rejeio da denncia,que descreve conduta descriminalizada, porque carecedora de lesividade. Pelos

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    TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

    mesmos motivos, pugnam pela absolvio, com fulcro no artigo 386, II ou III, doCPP.

    Processados e contrariados os recursos (fls. 231/239), a doutaProcuradoria Geral de Justia, em parecer subscrito pelo Dr. Edilson MougenotBonfim, manifestou-se pelo no conhecimento dos apelos ou, ento, pelo seuimprovimento.

    E o relatrio.

    2. Os recursos no pod em ser conhecidos.Os acusados foram absolvidos com fulcro no artigo 386, VI, do CPP,

    em sua antiga redao, da prtica do crime de manuteno de casa de prostituio,delito esse que busca proteger bem jurdico m etaindividual.

    E, como prev o artigo 577, pargrafo nico, do C PP, o c onhecim entode qualquer recurso se condiciona possibilidade de que do seu provimento decorraefetivo e concreto benefcio parte que dele lanou mo, sob pena de que seja elaconsiderada carecedora de interesse-utilidade.

    Por esse motivo, apenas excepcionalmente se admite a interposiode recurso pelo acusado absolvido, justificando-se, nesses casos, o conhecimento deseu inconformismo apenas em razo dos reflexos do fundamento da sentenaabsolutria penal na esfera cvel. Admite-se, portanto, a interposio de recurso como nico intuito de modificar o fundamento da absolvio somente nas hipteses emque tal alterao pode gerar efeitos tambm no mbito civil, isentando o acusado, deforma definitiva, de deveres de c unho ind enizatrio.

    No caso em tela, entretan to, em qu e o crime tem com o sujeito pass ivotoda a coletividade, no h interesses a serem compostos no juzo cvel quejustifiquem o conhecimento dos recursos interpostos pelos apelantes, que buscam,adem ais, a absolvio com fundam entos tambm referentes insuficincia prob atriaLA Apelao Criminal n e 990.08.097008-9 - Santos

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    e que, portanto, ainda que fosse o caso, nenhum reflexo teriam na esfera civil, ondeos fatos pod eriam , de qualquer ma neira, voltar a ser objeto de d iscusso.

    Desse modo, uma vez que indiferente para os acusados, no caso, ofundamento de sua absolvio, cuja eventual alterao no traria a eles nenhumbenefcio concreto, fica inviabilizado o conhecimento da apelao, porque ausente ointeresse recursal.

    3. Diante do exposto, pelo meu voto, no conheo dos apelosdefensivos.

    ALMEip TOLEDORelator

    Apelao Criminal na 990.08.097008-9 - Santos