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Dinâmica das Dinâmica das Doenças InfecciosasDoenças Infecciosas

Prof. Eliseu Alves WaldmanDisciplina de Epidemiologia I - 2007

Faculdade de Saúde Pública da USP

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Objetivos

• Compreender os Conceitos de Estrutura e Caracteres Epidemiológicos

• Conhecer o espectro clínico das doenças infecciosas e sua importância para a compreensão de seu comportamento

• Conhecer os Conceitos Envolvidos no Processo de Transmissão das

Doenças Infecciosas (Período de Incubação; Período de Geração;

Imunidade de Rebanho)

• Entender as Principais Etapas da Cadeia do Processo Infeccioso

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Mortalidade por Difteria

Município de São Paulo. 1900 - 1995

Fonte Fund. SEADE

1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990

0

2

4

6

8

10

12

14 Coef. 100.000 hab.

Séries Históricas de Mortalidade de Moléstias Infecciosas

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Mortalidade por Febre Tifóide Município de São Paulo. 1900-1993

Fonte: Fund. SEADE

1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990

0

10

20

30

40

50

60

70 Coef. por 100.000 Hab.

Início da cloração da água de abastecimento público

Séries Históricas de Mortalidade de Moléstias Infecciosas

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Séries Históricas de Mortalidade de Moléstias Infecciosas

Fonte: Funda‡Æo SEADE

1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180 Coef. por 100.000 hab.

Introdução do tratamento específico

Elevação da incidência da AIDS

Mortalidade por Tuberculose. Município de São Paulo. 1900-1995.

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Mortalidade por Poliomielite. Município de São Paulo. 1924-1995

Fonte: Fund. SEADE

1924 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990

0

1

2

3

4 Coef. por 100.000 hab.

Período Endêmico

Período Epidêmico

Início da vacinação de rotina

Início das campanhas anuais de vacinação em massa

Séries Históricas de Mortalidade de Moléstias Infecciosas

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Mortalidade por Gripe. Município de São Paulo. 1990 - 1980.

Fonte: Fund. SEADE

1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980

0

200

400

600

800

1000

1200

Coef. p/ 100.000 hab.

Epidemia da “Gripe Espanhola”, em 1918

Séries Históricas de Mortalidade de Moléstias Infecciosas

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O comportamento das doenças infecciosas, na

comunidade, varia em cada ponto no tempo e

no espaço

Se comparássemos os dados do Município de São Paulo

com o de outras cidades do Brasil e/ou de outros países,

poderíamos verificar semelhanças e diferenças em cada

momento e lugar.

Estrutura Epidemiológica

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Conceito

A determinação desse contínuo estado de mudanças

estaria vinculada à forma particular de interação dos

diversos fatores relacionados ao agente, meio e

hospedeiro, caracterizando o que conceituamos como

estrutura epidemiológica

Estrutura Epidemiológica

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Conceito

Em cada ponto no tempo e no espaço, a forma particular

de comportamento das doenças na comunidade estaria

condicionada pela estrutura epidemiológica

Estrutura Epidemiológica

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A forma de apresentação das doenças na comunidade em

cada momento e lugar, expressaria o que podemos

denominar de caracteres epidemiológicoscaracteres epidemiológicos

relativos à pessoa, tempo e lugar.

O estudo dos caracteres epidemiológicoscaracteres epidemiológicos seria o objeto de estudo da epidemiologia descritiva

Caracteres Epidemiológicos

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Conceito

Doença infecciosa é aquela causada por um agente

infeccioso específico ou por seu produto tóxico e ocorre

pela transmissão deste agente ou dos seus produtos de

uma pessoa, animal ou reservatório infectado para

um hospedeiro susceptível.

Doenças Infecciosas

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• São causadas por agentes que podem ser

transmitidas de uma pessoa a outra, portanto, um

caso constitui fator de risco para a ocorrência de

outro semelhante.

Características da epidemiologia das doenças infecciosas

***

**

**

**

**

*

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• O fato de um caso poder ser a fonte de infecção

para a ocorrência de novos casos significa que o

padrão de contatos sociais é muito importante para

seu estudo.

• Portanto, é necessário saber.......

Quem encontra quem? Como? Aonde?

Características da epidemiologia das doenças infecciosas

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• Os indivíduos uma vez infectados podem tornarem-se

imunes

• As doenças infecciosas podem apresentar ciclos de transmissão, especialmente para macroparasitas,

•Temos então, diferentes estágios de vida para o agente infeccioso.

• Esses ciclos podem precisar de hospedeiros intermediários, reservatórios e vetores.

Características da epidemiologia das doenças infecciosas

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Tríade Epidemiológica da Doença

Hospedeiro

Ambiente

Vetor

Agente

AgenteBiológico: Bactéria, vírus, etc.

Químico: veneno, toxina, nicotina, etc.

Físico: Trauma, radiação, fogo, etc.

Nutricional: Falta ou excesso

Fatores ambientais (Físicos e sociais)Físicos: Temperatura, umidade, altitude, etc.

Sociais: aglomeração no domicílio, acesso a alimentação, a água tratada, poluição do ar, etc.

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FIGURA 7 Esquema da História Natural das Doenças

Fonte: Adaptado de Centers for Disease Control and Prevention

Fase Suscetível Fase de Doença Subclínica

Fase de Doença com Manisfestações Clínicas

Fase de Recuperação, Incapacidade ou Morte

Exposição

Alterações Patológicas

Horizonte Clínico (início dos sintomas)

Momento mais freqüente do diagnóstico Agentes:

Físicos Químicos Biológicos

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FIGURA 8Conceito de “Iceberg” em doenças infecciosas

Proporção decasos

clinicamentediscerníveis.

Proporção decasos não

discerníveisclinicamente

Infecção Inaparente

Manifestações clínicas moderadas

Óbitos Casos gravesLinha do horizonte clínico

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Espectro Clínico da Doença Infecciosa

I - Doença Clínica: caracteriza-se por sintomas e sinais

II - Doença Inaparente: Inclui as seguintes formas de apresentação

1)Doença Pré-clínica: doença inaparente que evoluirá para a forma clínica

2) Doença Sub-Clínica: doença inaparente que não evoluirá para a forma clínica

3) Doença Persistente (Crônica): quando a infecção persiste por anos ou

durante o restante da vida

4) Doença Latente: Infecção na qual o agente não se multiplica

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Dinâmica da Transmissão

Caso Índice

Indivíduo Suscetível

Indivíduo Imune

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Determinantes do processo epidêmico

- Aumento da proporção de suscetíveis na comunidade

- Introdução de um novo agente ou de um agente que já circulava na

população, mas que adquiriu novas características em sua estrutura imunogênica.

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Imunidade de Rebanho ou coletiva ou de grupo:

Resistência de uma população à invasão ou disseminação de um agente infeccioso que resulta da elevada proporção de indivíduos imunes nessa população. Diminuindo a probabilidade de contato entre um doente e um

suscetível

Pré-requisitos para a imunidade de Rebanho

1) O agente etiológico da doença possui uma única espécie hospedeira na qual a transmissão ocorre

2) A infecção deve induzir uma sólida imunidade

3) A transmissão deve se dar de forma direta (pessoa a pessoa)

4)

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Período de ExposiçãoPeríodo de Exposição: Período no qual a pessoa é exposta a uma fonte de infecção

Período Latente:Período Latente:

1)Intervalo entre penetração do agente e o início da infecciosidade, ou seja, da capacidade de transmitir a infecção.

2) Intervalo mínimo entre casos sucessivos numa cadeia de infecção

Período de IncubaçãoPeríodo de Incubação: Intervalo entre a penetração do agente infeccioso ao início dos sintomas

Período Infeccioso: Período Infeccioso: Período durante o qual a pessoa infectada é capaz de transmitir o agente infeccioso

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Cadeia do processo infeccioso

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Cadeia de Transmissão

Vias de eliminação

Vias de Penetração

Agente

Suscetibilidade do Hospedeiro

Modo de transmissão

Reservatório

Transmissão

pessoa a pessoa

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Podem comportar-se como reservatório ou fontes de infecção:

Cadeia do processo infeccioso

1) Homem 3) Ambiente

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Reservatório humano

a) Pessoas com doença clinicamente

aparente

b) Portadores

- Portador ativo convalescente

- Portador ativo crônico

- Portador ativo incubado ou precoce

- Portador passivo

Cadeia do processo infeccioso

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Reservatório animal

Exemplos: - Leptospirose (reservatórios: roedores e eqüinos) - Raiva (reservatórios: várias espécies de mamíferos) - Doença de chagas (reservatórios: mamíferos silvestres)

Cadeia do processo infeccioso

Zoonoses: São doenças infecciosas transmitidas em condições normais de animais para o homem

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Vias de Eliminação e Vias de penetração

Trato respiratório

Trato Digestivo

Trato urinário

Sangue

Pele

MucosasSecreções

Observação: Para as doenças infecciosas as características clínicas e epidemiológicas freqüentemente estão relacionadas ao local de exposição e a porta de entrada

Cadeia do processo infeccioso

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Fatores Relativos ao agente

a)Infectividade

b) Patogenicidade

c) Virulência

d) Poder imunogênico

e) Valência ecológica

f) Resistência às condições do meio

g) Inóculo ou dose infectante

h) Fenotipagem e Genotipagem

Cadeia do processo infeccioso

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As doenças infecciosas são significativamente

influenciadas

pelo ambiente, seja em seus aspectos físicos,

biológicos ou

sociais

•Ambiente físicoAmbiente físico: temperatura média e umidade

relativa

do ar influenciam a eficiência do contato na

transmissão

pessoa a pessoa e alguns agentes veiculados por

vetores

Cadeia do processo infeccioso

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•Aspectos biológicos: grau de adaptação em sua função de

parasitar o homem. Quanto maior essa adaptação maior será

a proporção de casos sub-clínicos

•Ambiente social: aglomeração, migrações, distribuição das

riquezas, estão intimamente ligados aos níveis endêmicos das doenças infecciosas.

Exemplo: Doença meningocócica

Cadeia do processo infeccioso

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II -Transmissão indireta: Transferência do agente etiológico por meio de veículos animados ou inanimados.

Esse tipo de transmissão pressupõe:

a) Os agentes sejam capazes de sobreviver fora do

organismo durante um certo tempo;

b) Existam veículos que transportem os microrganismos ou

parasitas de um lugar a outro.

Cadeia do processo infeccioso

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•Transmissão indireta por veículo animado

a)Vetor biológico

b)Vetor mecânico

•Transmissão indireta por veículo inanimado

a) água

b) ar

c) alimentos

d) solo

e) fômites.

Cadeia do processo infeccioso

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O elo final da cadeia do processo infeccioso é o novo hospedeiro suscetível

a)Suscetibilidade

b)Resistência

c)Imunidade

1)Imunidade ativa

2)Imunidade passiva

Fatores do novo hospedeiro suscetível