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Aula 01 - Interpretação de Texto www.fatodigital.com.br Prof. Hélio Taques 1 Compreensão e interpretação de texto Tipos e gêneros textuais : descrição, narração, dissertação, propaganda, editorial, cartaz, anúncio, artigo de opinião, artigo de divulgação, bula, charge, tirinha, oficio , carta. Coesão e coerência, variedade linguística semântica. Compreendendo os Enunciados A palavra compreensão Quando a questão é de compreensão o juízo de valor do leitor é irrelevante, não importa, deve ser desconsiderado. Limita-se as ideias contidas apenas no texto de fato. Geralmente os enunciados que aparecem nas questões são: De acordo com o texto Para o autor Conforme o texto A ideia principal do texto é: “ Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim, e não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem, pisam nas flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e arranca- nos a voz da garganta. E, porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada!” Maiakovski O QUE ESTÁ ESCRITO, ESCRITO ESTÁ! Conceito de Texto Texto é qualquer conjunto de elementos que , capazes de serem captados por nossos sentidos (visão, audição, tato, olfato e gustação), possam funcionar como meio de interação, registro, conservação e transmissão de informação. Gurgel, Maria Cristina Lírio. Leitura: representações e ensino. In: Valente, André (org). Aulas de português: Perspectivas inovadoras. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999, p.209. Tipologia Textual São três as tipologias textuais: Narração Desenvolvimento de ações. Tempo em andamento. Dissertação desenvolvimento de ideias. Temporais e atemporais. Descrição retrato através de palavras. Tempo estático. Injuntivo - Utiliza linguagem simples e direta, os verbos são empregados no modo imperativo. Ex: bula de remédio, manuais, etc. Gêneros Textuais É a variedade de textos que circulam na sociedade. Carta E-mail Letra de música Bilhete Bula de remédio Charge Quadrinhos Cartum Símbolos Ícones Imagens Mapas Textos jornalísticos Poemas e poesias Blog / fotolog Horóscopo A Tormenta de Quinquinha Sempre saía de sua casa no horário, sua roupa parecia combinar com as cores do muro, seu batom era de um tom avermelhado que às vezes lhe causava uma sensação de morte. Naquele dia em que o sol queimava seus lábios sem batom , houve uma grande tormenta em sua vida! Maria Joaquina, Quinquinha como era chamada pela vizinhança, saíra de casa duas horas mais cedo, seu José estranhou: - Já vai minha filha? Está tão escuro ainda, mal chegou! E ela cética respondeu: -Realmente está cedo, para o senhor cuidar da vida das pessoas. Nunca respondera daquela forma, andava sempre bem humorada. Seu José que se levantava às 5:00 para varrer a calçada, apenas resmungou e continuou varrendo as folhas de sete copas. Já se passava pouco mais de meio dia quando finalmente resolveu entrar na clínica. Quinquinha que era cobradora de coletivo não fora trabalhar naquela manhã de sexta feira. Voltemos à noite passada. Carlos seu antigo namorado, tinha lhe reencontrado em um ambiente em que as moscas pareciam gente querendo devorar a gordurosa carne da churrascaria de rodízio barato. Ela a princípio se excitou em sentar-se à mesa, mas Carlos insistiu: - Senta minha querida! Há muito tempo que não a vejo! Ela sussurrou timidamente: Não posso, tenho marido! Quinquinha tinha uma fidelidade inabalável. Mas o charme dos olhos de mel e os cabelos indianos de Carlos, realmente a seduziram. Carlos se levantou, puxou uma das cadeiras e balbuciou: -Senta, hoje é por minha conta. A conversa entre Carlos e Maria Joaquina perdurou até a noite, logo depois da churrascaria foram ao Paradise Motel. O batom de Quinquinha parecia marcas de sangue

1 dissertação, propaganda, editorial, cartaz, anúncio, · de nosso jardim, e não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem, pisam nas flores, matam nosso cão, e não

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Aula 01 - Interpretação de Texto

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1

• Compreensão e interpretação de texto

• Tipos e gêneros textuais : descrição, narração,

dissertação, propaganda, editorial, cartaz, anúncio,

artigo de opinião, artigo de divulgação, bula, charge,

tirinha, oficio , carta.

• Coesão e coerência,

• variedade linguística

• semântica.

Compreendendo os Enunciados

A palavra compreensão

Quando a questão é de compreensão o juízo de valor do

leitor é irrelevante, não importa, deve ser desconsiderado.

Limita-se as ideias contidas apenas no texto de fato.

Geralmente os enunciados que aparecem nas questões

são:

• De acordo com o texto

• Para o autor

• Conforme o texto

• A ideia principal do texto é:

“ Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor

de nosso jardim, e não dizemos nada. Na segunda noite, já

não se escondem, pisam nas flores, matam nosso cão, e

não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles

entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e arranca-nos a voz da garganta. E, porque não dissemos nada, já

não podemos dizer nada!” Maiakovski

O QUE ESTÁ ESCRITO, ESCRITO ESTÁ!

Conceito de Texto

Texto é qualquer conjunto de elementos que , capazes de

serem captados por nossos sentidos (visão, audição, tato,

olfato e gustação), possam funcionar como meio de

interação, registro, conservação e transmissão de

informação. Gurgel, Maria Cristina Lírio. Leitura: representações e

ensino. In: Valente, André (org). Aulas de português:

Perspectivas inovadoras. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999,

p.209.

Tipologia Textual

São três as tipologias textuais:

Narração – Desenvolvimento de ações. Tempo em

andamento.

Dissertação – desenvolvimento de ideias. Temporais e

atemporais.

Descrição – retrato através de palavras. Tempo estático.

Injuntivo - Utiliza linguagem simples e direta, os verbos

são empregados no modo imperativo.

Ex: bula de remédio, manuais, etc.

Gêneros Textuais

É a variedade de textos que circulam na

sociedade.

• Carta

• E-mail

• Letra de música

• Bilhete

• Bula de remédio

• Charge

• Quadrinhos

• Cartum

• Símbolos

• Ícones

• Imagens

• Mapas

• Textos jornalísticos

• Poemas e poesias

• Blog / fotolog

• Horóscopo

A Tormenta de Quinquinha

Sempre saía de sua casa no horário, sua roupa parecia combinar com as cores do muro, seu batom era de um tom avermelhado que às vezes lhe causava uma sensação de morte.

Naquele dia em que o sol queimava seus lábios sem batom , houve uma grande tormenta em sua vida!

Maria Joaquina, Quinquinha como era chamada pela vizinhança, saíra de casa duas horas mais cedo, seu José estranhou:

- Já vai minha filha? Está tão escuro ainda, mal chegou!

E ela cética respondeu:

-Realmente está cedo, para o senhor cuidar da vida das pessoas.

Nunca respondera daquela forma, andava sempre bem humorada. Seu José que se levantava às 5:00 para varrer a calçada, apenas resmungou e continuou varrendo as folhas de sete copas.

Já se passava pouco mais de meio dia quando finalmente resolveu entrar na clínica. Quinquinha que era cobradora de coletivo não fora trabalhar naquela manhã de sexta feira.

Voltemos à noite passada.

Carlos seu antigo namorado, tinha lhe reencontrado em um ambiente em que as moscas pareciam gente querendo devorar a gordurosa carne da churrascaria de rodízio barato. Ela a princípio se excitou em sentar-se à mesa, mas Carlos insistiu:

- Senta minha querida! Há muito tempo que não a vejo!

Ela sussurrou timidamente:

Não posso, tenho marido!

Quinquinha tinha uma fidelidade inabalável. Mas o charme dos olhos de mel e os cabelos indianos de Carlos, realmente a seduziram.

Carlos se levantou, puxou uma das cadeiras e balbuciou:

-Senta, hoje é por minha conta.

A conversa entre Carlos e Maria Joaquina perdurou até a noite, logo depois da churrascaria foram ao Paradise Motel. O batom de Quinquinha parecia marcas de sangue

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na branca cueca de Carlos, no lixeiro do banheiro do motel já constavam seis preservativos usados, e muito exausta Quinquinha disse:

-Essa é a última Carlos, meu marido não gosta que chego em casa tarde.

Carlos cinicamente respondeu:

- Quem? O José?

E mais uma vez naquela noite Quinquinha gemeu de prazer. E ao final do gemido, Carlos gritou:

- Não! Não é possível!

Assustada Quinquinha o indagou:

- Que aconteceu?

- O preservativo estourou!

- Fica calmo, eu tomo anticoncepcional

- Oh! minha linda, não é isso, há mais de um ano, eu sou soro positivo!

Naquela madrugada começava a tormenta de Quinquinha!

Hélio Taques

Intertexto

• A intertextualidade é a relação entre dois textos em que

um cita o outro.

A UFMT e UNEMAT usam os termos: interdiscurso ou

interlocução.

Paródia

• Ela geralmente é parecida com a obra de origem, e

quase sempre tem sentidos diferentes.

Paráfrase

• Uma paráfrase é uma reafirmação das ideias de um

texto ou uma passagem usando outras palavras. O ato de

paráfrase é também chamado de parafrasear.

• TEXTO

• O SINALEIRO DO TREM ESTAVA VERMELHO.

• PARÁFRASE

• O TREM NÃO ESTAVA AUTORIZADO A SEGUIR

Pressuposição

Em alguns textos existem informações que não estão

explícitas, mas podem ser interpretadas por meio de

algumas pistas.

A criança parou de chorar

A essas informações que não estão explícitas no texto,

mas que podem ser deduzidas pelo leitor a partir de

marcas concretas, denominamos pressuposição.

Texto I

No primeiro dia de aula, um professor cumprimentava os

alunos, quando se dirigiu para um deles e disse:

- Você parou de colar?

Texto II

Certa vez, em um famoso programa de entrevistas,

perguntou a um candidato à presidência da república :

- Casamento gay: Você é contra ou a favor?

Responder a essa pergunta era complicado, porque se ele

dissesse que era contra, perderia milhões de votos. Se

respondesse que era a favor, também. Então ele disfarçou

e respondeu outra coisa. A entrevistadora, percebendo que

ele não queria responder, avisou então que iria mudar de

assunto. O candidato ainda respirava aliviado quando veio

esta outra pergunta:

- Se você descobrisse que seu filho é gay, o que faria?

Ele, surpreso, pensou um pouco e respondeu:

- Eu ensinaria a ele o caminho correto.

Subentendido

O subentendido também é uma informação implícita. Mas

difere do pressuposto em um aspecto: as informações

subentendidas não deixam marcas, não deixam pistas que

comprometam o produtor do texto.

Texto I

Um casal está conversando. A mulher estuda e possui um

grau de escolaridade maior que o marido. O marido parou

de estudar anos atrás. Então, eles começam uma

discussão e a mulher diz:

Se você voltasse a estudar, nós brigaríamos menos!

E o marido, ofendido, responde:

- Você está me chamando de burro?

Texto II

Em uma reunião estavam presentes os presidentes de

vários países. Quando o então presidente Hugo Chaves,

da Venezuela, foi fazer uso da palavra, disse:

“ sinto cheiro de enxofre. O diabo esteve aqui.”

O presidente anterior a ele, no palanque, fora o ex-presidente dos EUA.

Estereótipo

Os estereótipos são, em muitos casos, desejáveis para se

facilitar a comunicação. Entretanto, como estereótipo, em

geral, apresenta uma visão simplificada e parcial das

realidades, o leitor que pretenda fazer uma leitura crítica

precisa saber identificar quando uma ideia é estereotipada,

e precisa reconhecer se o verdadeiro estereótipo é falso ou

verdadeiro, negativo ou positivo. Precisa analisar as ideias

que o sustentam, que interesses ele representa. Etc ...

• A televisão “emburrece” as pessoas.

• As mulheres são interesseiras.

• “Loira burra.”

• Todo político é ladrão.

• Filme brasileiro não presta.

• Cidade maravilhosa

• País do futebol

Denotação

É o emprego de palavras no seu sentido próprio, comum,

habitual, preciso, aquele que consta nos dicionários.

De noite, enquanto Lourenço lê o jornal, a esposa

comenta:

- Você já percebeu como vive o casal que mora aí em

frente? Parecem dois pombinhos apaixonados! Todos os

dias, quando ele chega em casa, traz flores para ela,

abraça-a e os dois ficam se beijando apaixonadamente.

Por que você não faz isso?

E o maridão:

- mas, querida, eu mal conheço essa mulher.

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POLISSEMIA

É o fato de uma determinada palavra ou expressão

adquirir um novo sentido além de seu sentido original,

guardando uma relação de sentido entre elas.

Análise de Alternativas:

EXTRAPOLAM as informações contidas no texto. LIMITAM as informações contidas no texto.

Estão PARCIALMENTE corretas em relação às informações contidas no texto.

CONTRADIZEM as informações do texto.

Não abordam de forma direta o TEMA do texto.

Dicas Gerais:

Alternativas iguais se excluem.

Há enunciados afirmativos que podem ser usados para respon-

der questões.

Lembre-se de que você está procurando a resposta mais certa ou a mais errada.

Não mude sua resposta por achar que ela é muito obvia.

Não utilize conhecimento de mundo para responder a qualquer questão de texto.

Todas as questões devem ser respondidas exclusivamente com base no texto.

Em caso de dúvida, procure usar a conclusão como parâmetro. Intencionalidade do texto

Procure sempre relacionar a intencionalidade do texto à tipolo-

gia.

Principais: informar, persuadir, criticar, comover, ironizar, satiri-

zar...

Ponto de vista do autor

Impressões gerais do autor sobre o tema.

Fragmentos de texto que contenham o ponto de vista do au-

tor.(Nesse caso, verifique a existência de adjetivos, advérbios com carga semântica e verbos com carga semântica.)

Linguagem formal / culta / padrão

Nesse caso, trata-se de uma questão de gramática. Assim, você

deve observar se há construções coloquiais, típicas da oralida-

de.

Questões de vocabulário

Procure referências no texto ou use a técnica do desmembra-

mento da palavra.

Ambiguidade

Análise de enunciados com duplo sentido.

• Coesão Textual

“Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a

política agrária do país, consideram injusta a atual distri-

buição de terras.

o ministro da Agricultura considerou a manifestação um

ato de rebeldia, o projeto de Reforma Agrária pretende assentar milhares de sem-terra.”

PORQUE => CAUSA

PORÉM => CONTRASTE

UMA VEZ QUE => CAUSA

1. Correu demais, ... caiu.

2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.

3. A matéria perece, ... a alma é imortal.

4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens detalhes.

5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.

6. Correu demais, POR ISSO caiu.

7. Dormiu mal, PORQUE os sonhos não o deixaram

em

paz.

8. A matéria perece, MAS a alma é imortal.

9. Leu o livro, PORTANTO é capaz de descrever as

per-

sonagens com detalhes.

10. Guarde seus pertences, QUE podem servir mais

tarde.

• Elementos de Retomada

Comprei um livro. O livro me foi muito útil para realizar a prova.

• Elementos de Retomada

• Comprei um livro que me foi muito útil para realizar

a prova.

Conheci o pai da Joana, que me pareceu muito

inteligente.

• Quem é inteligente?

• Conheci o pai da Joana, O QUAL me pareceu

muito

inteligente.

• Conheci o pai da Joana, A QUAL me pareceu

muito

inteligente.

João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá, Sua Santidade disse que a Igreja continua a favor de

celibato.

Pedro comprou um carro novo e José também. Minha prima comprou um Uno. Eu também quero um. O padre ajoelhou-se. Todos fizeram o mesmo.

• POLISSEMIA DAS CONJUNÇÕES

COMO -

Dormia como um anjo.

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(COMPARAÇÃO)

Ensinava os colegas como o mestre o orientou.

(CONFORMIDADE)

Como era pobre não pode estudar.

(CAUSA)

• E

• Estudou muito e foi reprovado

• Estudou muito e passou.

• Era homem e muito homem!

• Saiu do escritório e foi para casa

• E o Palmeiras? Ganha o campeonato?

• Valores das Preposições

• Relações semânticas da preposição

As preposições podem exprimir vários sentidos:

1- Modo - Comeu um bife a cavalo.

2- Preço - A casa foi avaliada em 1 bilhão. 3- Direção - Atirou-se sobre o herói.

4- Companhia - Foram viajar com os amigos. 5- Instrumento - Martelava com o ferro.

6- Procedência - Vim de Paris.

7- Assunto - Falou sobre linguística.

8- Tempo – Por dez anos vivi em Londres.

9- Lugar – Cantava pelos bares da vida.

10- Posição inferior – O livro estava sob a carteira.

11- Posição superior – O livro estava sobre a carteira.

Epigrama nº. 1

Pousa sobre os espetáculos infatigáveis

Uma sonora ou silenciosa canção:

Flor do espírito, desinteressada e efêmera.

Por ela, os homens te conhecerão:

Por ela, os tempos versáteis saberão

Que o mundo ficou mais belo, ainda que

inutilmente,

Quando por ele andou teu coração.

(Cecília Meireles)

• Assinale a alternativa CORRETA.

a. As expressões “Por ela” (versos 4 e 5) e “por ele” (verso 7) remetem, respectivamente, à canção e ao mundo.

b. Os vocábulos “sonora” e “silenciosa” de acordo com o

sentido, no texto, apresentam uma relação de exclusividade.

c. Em “Que o mundo ficou mais belo”, a palavra grifada é classificada como pronome relativo.

d. A conjunção “ainda que” estabelece uma relação

condicional.

e. A substituição do pronome oblíquo pela terceira

pessoa em “os homens te conhecerão” corresponde a “os homens lhe conhecerão”.

• Assinale a alternativa correta.

a. As expressões “Por ela” (versos 4 e 5) e “por ele” (ver

so 7) remetem, respectivamente, à canção e ao mun

do.

b. Os vocábulos “sonora” e “silenciosa” de acordo com o

sentido, no texto, apresentam uma relação de exclusi

vidade.

Intertexto

A intertextualidade é a relação entre dois textos em que um cita o outro.

Paródia

Ela geralmente é parecida com a obra de origem, e quase sempre tem sentidos diferentes.

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Paráfrase

Uma paráfrase é uma reafirmação das ideias de um texto ou

uma passagem usando outras palavras. O ato de paráfrase é

também chamado de parafrasear.

A Paráfrase é um texto que procura tornar mais claro e objetivo

aquilo que se disse em outro texto. Portanto, é sempre a reescritura de um texto já existente, uma espécie de ‘tradução’ dentro

da própria língua. O autor da paráfrase deve demonstrar que

entendeu claramente a ideia do texto. Além disso, são exigências de uma boa paráfrase:

1. Utilizar a mesma ordem de ideias que aparece no texto

original.

2. Não omitir nenhuma informação essencial.

3. Não fazer qualquer comentário acerca do que se diz no

texto original.

4. Utilizar construções que não sejam uma simples repetição

daquelas que estão no original e, sempre que possível, um

vocabulário também diferente

TEXTO

O SINALEIRO DO TREM ESTAVA VERMELHO. PARÁFRASE

O TREM NÃO ESTAVA AUTORIZADO A SEGUIR Pressuposição

Em alguns textos existem informações que não estão explícitas, mas podem ser interpretadas por meio de algumas pistas concretas.

JOÃO DEIXOU DE FUMAR.

PRESSUPOSIÇÃO SEMÂNTICA

I- Foi o Futebol Clube do Porto que ganhou o campeonato.

II- Não foi o Futebol Clube do Porto que ganhou o campeonato. III- Foi o Futebol Clube do Porto que ganhou o campeonato?

A que conclusão podemos chegar depois de ter analisado os itens anteriores?

Subentendido

O subentendido também é uma informação implícita. Mas difere do pressuposto em um aspecto: as informações subentendidas não deixam marcas, não deixam pistas que comprometam o produtor do texto.

Texto I

Um casal está conversando. A mulher estuda e possui um grau de escolaridade maior que o marido. O marido parou de estudar anos atrás. Então, eles começam uma discussão e a mulher diz: Se você voltasse a estudar, nós brigaríamos menos!

E o marido, ofendido, responde:

- Você está me chamando de burro?

TEXTO

Para o Brasil seria ótimo que a atual onda de cresci-

mento pudesse se generalizar por toda a América Latina.

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Podemos inferir do texto que:

A) De que no Brasil não tínhamos crescimento.

B) O Brasil vive um bom crescimento, no entanto, ainda não serve de exemplo.

C) O Brasil não rara vezes cresceu.

D) De que no Brasil a atual onda de crescimento é culpa do IPI 3Reduzido.

E) Atualmente, o Brasil não é o único da América Latina com crescimento considerável.

Podemos inferir do texto que:

A) De que no Brasil não tínhamos crescimento.

B) O Brasil vive um bom crescimento, no entanto, ainda não serve de exemplo.

C) O Brasil não rara vezes cresceu.

D) De que no Brasil a atual onda de crescimento é culpa do IPI Reduzido.

E) Atualmente, o Brasil não é o único da América Latina com crescimento considerável.

I- Antes não tínhamos crescimento. II- Na América latina, só o Brasil cresce. III- O Brasil pode se tornar uma potência mundial. Ambiguidade.

A multiplicidade de sentidos, apresentada pelas palavras, em função do contexto em que são utilizadas, pode gerar ambigui- dade, que é a propriedade de certas frases que apresentam vários sentidos.

LULA ESTAVA EM MINHA COMPANHIA

De noite, enquanto Lourenço lê o jornal, a esposa co- menta:

Você já percebeu como vive o casal que mora aí em frente? Parecem dois pombinhos apaixonados! Todos os dias, quando ele chega em casa, traz flores para ela, abraça-a e os dois ficam se beijando apaixonadamente. Por que você não faz isso?

E o maridão:

mas, querida, eu mal conheço essa mulher.

POLISSEMIA

é o fato de uma determinada palavra ou expressão

adquirir um novo sentido além de seu sentido original, guardan do uma relação de sentido entre elas.

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O bom esportista não esquenta a cabeça: usa boné Zás.

I- A mensagem do anúncio não é clara devido à ambiguidade

causada pelo verbo esquenta.

II- No anúncio ocorre um caso de polissemia, pois o verbo esquenta apresenta dois sentidos: “ aquecer” e “preocupar-se”.

III- O anúncio explora somente um dos sentidos do verbo esquentar.

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PERSONAGENS

HAGAR – O HORRÍVEL

Hagar, o Horrível, o protagonista Viking, é um guerreiro

que frequentemente tenta invadir a Inglaterra e outros

países. Embora respeitado profissionalmente (um dos

maiores saqueadores e assassinos da Escandinávia),

Hagar leva uma vida pessoal frustrada. Está sempre

discutindo com a esposa Helga, que não está satisfeita com

o padrão de vida que a família leva. Hagar é tanto um

guerreiro feroz quanto um homem de família. Sua higiene

pessoal é excepcionalmente deficiente e seu banho anual é

um momento de celebrações.

Helga: Esposa de Hagar, dona de casa e mandona, ela é a

essência perfeita da figura da "super-mãe". Helga

frequentemente discute com Hagar sobre os hábitos dele

como esquecer de lavar as mãos, não limpar os pés antes

de entrar ou até mesmo quando é que ele vai crescer. Ela

vive tentando ensinar seus valores à moda antiga para a

filha Honi, embora esta nunca entenda realmente. Sua

aparência é baseada na personagem Brünnhilde, da ópera Valquíria, de Wagner.

Mafalda: A personagem principal, uma menina de seis

anos

de idade, que odeia sopa e adora os Beatles e o desenho

Pica-Pau. Ela se comporta como uma típica menina na sua

idade, mas tem uma visão aguda da vida e vive

questionando o mundo à sua volta, principalmente o

contexto dos anos 60 em que se encontra. Tem uma visão

mais humanista e aguçada do mundo em comparação com

os outros personagens.

Susanita: Uma menina fútil. Seu único objetivo na vida é

encontrar um marido rico e de boa aparência quando

crescer e ter uma quantidade de filhos acima da média. É

uma grande fofoqueira e egoísta, e sempre encontra um

jeito de falar sobre o vizinho do irmão da cunhada de

alguém.

Calvin e Haroldo

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Calvin: um menino de seis anos que vive diversas

aventuras e não perde uma chance de se aventurar com

sua própria imaginação. Calvin constitue frequentemente

uma fuga à cruel realidade do mundo moderno

Hobbes (ou Haroldo): o tigre de pelúcia e maior parceiro

de Calvin.

Garfield - Um gato laranja listrado. Preguiçoso, guloso,

viciado em café, amante de televisão e acima de tudo,

sarcástico. Adora chutar Odie da mesa, arrotar, caçar

pássaros e carteiros, o seu prato favorito é lasanha. Odeia

segunda-feira, passas, Nermal, dietas(que vez ou outra Jon

lhe impõe) e caçar ratos("Lábios que tocam num rato jamais

tocarão os meus")

Jon Arbuckle - O cartunista(embora raramente seja visto

trabalhando), dono de Odie e Garfield. É um fracasso com

as mulheres(até finalmente engatar um namoro com Liz),

veste-se muito mal e geralmente cai nos truques do gato,

acabando por perder a paciência com este Níquel Náusea.

Os personagens possuiem um humor ácido, diversas vezes

aproximando-se do humor negro.Seus nomes são paródias

de objetos ou situações

Niquel Nausea: Um rato que mora no esgoto e seu melhor

amigo é uma barata (Fliti) viciada em inseticida. É uma

sátira do personagem Mickey Mouse, porem ele alega nao

ser um camundongo…

A barata "Fliti": É na verdade um "barato", e tem este

nome por causa da bomba de Flit, um pulverizador manual

de inseticida (que o entorpece).

Funções da Linguagem

ÊNFASE NO EMISSOR

FUNÇÃO EMOTIVA ou EXPRESSIVA

CARACTERÍSTICAS

SUBJETIVIDADE – Predomínio da primeira pessoa

VISÃO INTIMISTA

UNILATERALIDADE

PREOCUPAÇÃO COM O “EU”

OPINIÕES E RELATOS PESSOAIS

Textos líricos

ÊNFASE NO REFERENTE ASSUNTO

FUNÇÃO REFERENCIAL

INFORMATIVA

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COGNITIVA

FUNÇÃO REFERENCIAL

OBJETIVIDADE

ÊNFASE NA INFORMAÇÃO

CONHECIMENTO E ESCLARECIMENTO

LINGUAGEM DENOTATIVA

VISÃO UNIVERSAL

PREFERÊNCIA PELA 3ª PESSOA

TESES, TEXTOS JORNALÍSTICOS, CIENTÍFICOS

ÊNFASE NO RECEPTOR

FUNÇÃO CONATIVA

APELATIVA

FUNÇÃO CONATIVA

MUDAR HÁBITOS

INFLUENCIAR

CONVENCER / PERSUADIR

ORDENAR

CONVIDAR

APELAR

SUGESTIONAR

CARACTERÍSTICAS

Verbos no imperativo

Orações optativas (expressam desejos)

Referência direta ao receptor.

ÊNFASE NO CÓDIGO

FUNÇÃO METALINGUÍSTICA

FUNÇÃO METALINGUÍSTICA

Código abordando o próprio código

Poema que fala de poema

Música que fala de música

Teatro que fala de teatro

Gastei uma hora pensando em um verso

que a pena não quer escrever.

No entanto ele está cá dentro inquieto, vivo.

Ele está cá dentro e não quer sair.

Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira.

Drummond

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FIGURAS DE LINGUAGEM

Com a intenção de tornar a linguagem mais expressiva, muitas vezes usamos as palavras num sentido diferente do usual, ou então construímos uma frase de forma especial, procurando conseguir determinado efeito.

Observe os seguintes exemplos:

a) “Ele foi um leão durante o jogo.”

Nesse caso, a palavra “leão” está sendo usada fora de seu sentido comum, significando “um atleta que se esforçou bastante”.

b) “O vento uivava nos vales...”

Nesse exemplo, percebemos que a escolha das palavras não foi casual; ela foi feita de modo a provocar determinado efeito: o som do vento é sugerido pela repetição do fonema /v/.

c) “Depois de muito sofrimento, entregou a alma a

Deus.”

Na elaboração desta frase, percebemos claramente que o objetivo foi evitar a expressão direta da idéia da morte.

A essas construções peculiares damos o nome de figuras de linguagem, que costumam ser divididas em figuras de sintaxe, de palavras e de pensamento, conforme o nível em que atuam.

FIGURAS DE SINTAXE (ou de construção frasal)

A gramática normativa, partindo de aspectos lógicos e gerais observados na língua culta, aponta princípios que presidem às relações de dependência ou interdependência e de ordem das palavras na frase. Ensina-nos, entretanto, que aqueles aspectos lógicos e gerais não são exclusivos; ocasionalmente, outros fatores podem influir e, em função deles, a concordância, a regência ou a colocação (planos em que se faz o estudo da estrutura da frase) apresentam-se, às vezes, alteradas. Tais alterações denominam-se figuras de construção' também chamadas

de figuras sintáticas.Também Existe A Figura de construção que faz parte da figura de linguagem.

1. Elipse

Consiste na omissão de um termo que, no entanto, pode ser facilmente identificado.

Ex: Sobre a mesa, garrafas vazias (elipse do verbo haver)

2. Zeugma

É um tipo de elipse que consiste na omissão de um ou mais termos anteriormente enunciados.

Ex: O dia estava frio; o vento, cortante. (omitiu-se a

forma verbal “estava”)

Pode ocorrer, ainda, que a palavra omitida seja um verbo anteriormente citado mas sob outra flexão.

Ex: Nós viemos de Jundiaí; eles, de Campinas. (omitiu-se o verbo “vir” mas sob a forma verbal “vieram”)

3. Silepse

Ocorre a silepse quando a concordância (de gênero, número ou pessoa) é feita com termos ou idéias subientendidos na frase e não claramente expressos.

Exs:

a) Vossa Excelência parece extremamente cansado.

(silepse de gênero)

O adjetivo “cansado” concordou não com o pronome e tratamento, de forma feminina, mas com a pessoa a quem se referia.

b) A multidão foi tomada de pavor, gritavam e

choravam desesperadamente. (silepse de número)

Os verbos grifados estão concordando com a idéia de plural que a palavra “multidão” sugere.

c) Todos do grupo estávamos presente. (silepse de

pessoa)

Essa frase levaria o verbo normalmente para a 3ª pessoa, mas a concordência foi feita com a 1ª, indicando que a pessoa que fala está incluída na expressão “todos do grupo”.

Veja um exemplo de silepse de número:

4. Pleonasmo

Ocorre o pleonasmo quando, para reforçar uma idéia, utilizamos palavras redundantes.

Ex: Ele vive uma vida bem difícil.

Observação: Devem ser evitados os

pleonasmos viciosos, que não tem valor de reforço, sendo antes fruto do desconhecimento do sentido das palavras, como, por exemplo: subir para cima; monopólio exclusivo; entrar para dentro etc.

5. Polissíndeto

Consiste na repetição enfática do conectivo( geralmente, o e).

Ex: A pobre chorava, e gritava, e lamentava, e se desesperava...

6. Assíndeto

Ocorre o assíndeto quando certas orações ou palavras, que poderiam vir ligadas pelo conectivo, aparecem apenas justapostas.

Ex: Vim, vi, venci.

7. Inversão

Consiste na alteração da ordem normal dos elementos da frase. O processo da inversão costuma ser subdividido em:

a) hipérbato — ocorre o hipérbato quando, por meio da

intercalação, alteramos a posição de alguns termos da frase para realçá-los.

Ex: Esqueça dos homens o desprezo e siga em frente.

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b) anástrofe — ocorre a anástrofe quando alteramos a

posição usual do sujeito, do verbo ou dos complementos.

Ex: “Foi por ti que num sonho de ventura / A flor da mocidade consumi.”

(Álvares de Azevedo)

c) sínquise — é a inversão violenta dos termos, que

provoca, inclusive, certa dificuldade na compreensão do sentido da frase.

Ex: “Enquanto manda as ninfas amorosas grinaldas nas cabeças pôr de rosas.”

(Camões) A ordem direta seria: Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinalda de rosas nas cabeças.

8. Anacoluto

O anacoluto (ou frase quebrada) ocorre quando a um elemento (palavra ou expressão), apresentado no início, segue-se uma oração em que esse elemento não se integra. O tipo de anacoluto mais comum é aquele em que o elemento parece que vai ser sujeito da oração, mas acaba sem função sintática. Essa figura é usada geralmente para pôr em, relevo a idéia que consideramos mais importante, destacando-a do resto.

Ex: “Eu, que era branca e linda, eis-me medonha e escura.” (M. Bandeira) Observe que serve o pronome “eu”, enunciado no início, não se liga sintaticamente à oração “eis-me medonha e escura”.

9. Anáfora

Ocorre a Anáfora quando se repete uma palavra ou segmento do texto com o objetivo de enfatizar uma idéia. É uma figura de contrução muito usada em poesia. Ex.:

Ex.: “Tua beleza incendiará os navios do mar.

Tua beleza incendiará as florestas.

Tua beleza tem um gosto de morte.

Tua beleza tem uma tristeza de aurora.

Tua beleza é uma beleza de escrava.”(Augusto F. Schimidt)

10. Aliteração

É uma construção em que se repetem fonemas consonantais idênticos ou semelhantes, com a intenção de se obter maior expressividade. Observe estes versos do poeta Cruz e Sousa, em que a idéia de vozes e musicalidade é reforçada pela própria escolha das palavras usadas:

“Vozes veladas , veludosas vozes,

volúpias de violões, vozes veladas,

vagam nos velhos vórtices velozes

dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”

Observação: Quando uma palavra usada tem

o objetivo de reproduzir um som natural, temos então a onomatopéia.

Ex.: “E era tudo silêncio na saleta de costura: não se ouvia mais do que o plic-plic-plic-plic da agulha no

pano.”(M. de Assis)

FIGURAS DE PALAVRAS

As figuras de palavras (ou tropos) se caracterizam

por apresentar uma mudança, substituição ou transposição do sentido real da palavra, para assumir um sentido figurado mediante o contexto.

Isso acontece em diversas situações e diferentes tipos de texto. Quando afirmamos “Marcos é fera em Matemática”; em momento algum inferimos que “Marcos é algum bicho ou coisa parecida”, e sim que ele é sabe muito sobre esse assunto.

Esse recurso proporciona o exercício da criatividade linguística, abrindo ao usuário da língua a possibilidade se expressar com mais eficácia nos diversos contextos comunicativos.

1. Metáfora

Consiste em associar a uma palavra características de outra, em função de uma analogia estabelecida de forma subjetiva.

Ex.: “Meu verso é sangue” (Manuel Bandeira)

“O campo é o ninho do poeta...” (Castro Alves)

Observação:

Quando a associação entre as palavras é mediada por partículas do tipo como, tal como, tal qual, assim como etc., temos a comparação.

Ex: “A felicidade é como a gota do orvalho numa pétala de flor.”

(Vinícius de Moraes)

É útil lembrar ainda que há duas variedades de metáfora cujo conhecimento interessa do ponto de vista estilístico: o clichê e a sinestesia.

O clichê é a metáfora estereotipada, que perdeu sua força expressiva tornando-se banal e pobre, devendo, por isso, ser evitada. É o que ocorre quando dizemos as páginas da vida, a flor dos anos etc.

A sinestesia ocorre quando atribuímos a alguma coisa uma qualidade que pertence a outra área de percepção sensorial.

Ex: “Tem cheiro a luz, a manhã nasce...” (A. de Guimaraens)

(Observe que luz é fruto de percepção visual enquanto cheiro resulta de percepção olfativa.)

2. Catacrese

Como ocorre com a metáfora, a catacrese consiste em transferir a uma palavra o sentido próprio de outra. No entanto, se a metáfora surpreende pela originalidade da associação de idéias, o mesmo não acontece com a catacrese, que já não chama a atenção porque a transferência de sentido está de tal forma incorporada aos usos da língua que nem a percebemos.

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Ex: Ele embarcou no avião das sete.

(Observe que “embarcar” pressupõe “barco” e não “avião”.)

O braço da cadeira quebrou.

3. Metonímia

Ocorre a metonímia quando, em vista de uma relação de contigüidade ou de afinidade, uma palavra é empregada em lugar de outra. Temos a metonímia quando empregamos:

a) O autor (ou criador) pela obra.

Ex: Ele gosta de ler Jorge Amado.

(O nome do autor está sendo usado no lugar de suas obras.)

Este é um Ford antigo e valioso.

(O nome do inventor está sendo usado no lugar da coisa inventada.)

b) O continente pelo conteúdo.

Ex: Ele comeu uma caixa de doces.

(É evidente que ele comeu o que estava dentro e não a caixa... O elemento que contém está sendo usado no lugar do conteúdo.)

c) O abstrato pelo concreto (e vice-versa).

Ex: A velhice deve ser respeitada.

(O abstrato “velhice” está sendo usado no lugar de concreto, ou seja, “pessoas velhas”.)

Ele tem um grande cérebro.

(O concreto “cérebro” está sendo usado no lugar do abstrato, ou seja, “inteligência”.)

d) O efeito pela causa (e vice-versa).

Ex: Vencer na vida com o suor do próprio rosto.

(“Suor” é o efeito ou resultado e está sendo usado no lugar da causa, ou seja, o “trabalho”.)

Aprendi a viver do meu trabalho.

(“Trabalho” é a causa ou o meio e está sendo usado no lugar do efeito ou resultado, ou seja, “lucro”.)

e) O instrumento pela pessoa que o utiliza.

Ex: Ele é um bom garfo!

(Isto é, um indivíduo que come muito.)

f) O lugar pelo produto.

Ex: “Beijarias até uma caveira / se espumante o Madeira ali corresse.” (Á;vares de Azevedo)

(O produto “vinho” foi substituído pelo nome do lugar em que é feito, ou seja, “Ilha da Madeira”.)

g) O símbolo pela coisa ou idéia simbolizada.

Ex: O trono foi disputado pelos revolucionários.

(O trono simboliza o império.)

4. Sinédoque

Consiste no alargamento ou diminuição de sentido de uma palavra. Ocorre a sinédoque quando empregamos:

a) a parte pelo todo.

Ex: Não há teto para todos os necessitados.

(A parte “teto” está sendo usada no lugar do todo “casa”.)

b) O indivíduo pela classe ou espécie.

Ex: Ele era o judas da classe.

(O nome próprio passou a designar a classe dos homens traidores.)

c) o singular pelo plural.

Ex: O homem é um animal racional.

d) o gênero pela espécie.

Ex: Os mortais são imperfeitos.

(Isto é, os homens.)

e) a matéria pelo objeto (artefato).

Ex: Ele não tem um níquel.

(A matéria “níquel”está sendo usada no lugar da coisa fabricada, que é “moeda”.)

5. Antonomásia

Ocorre a antonomásia quando substituímos um nome próprio pela qualidade ou atributo que o distingue.

Ex: O Poeta dos Escravos é um autor do Romantismo.

(A expressão “Poeta dos Escravos” está sendo usada no lugar do nome próprio Castro Alves.)

FIGURAS DE PENSAMENTO

figuras de pensamento... Por que assim se

denominam?

Antes de chegarmos à conclusão a qual pretendemos, torna-se viável levarmos em consideração dois aspectos tidos como básicos: o primeiro é que por pertencerem às figuras de linguagem, constituem-se de um tom conotativo, ou seja, não se assemelham àqueles textos que não nos permitem mais de uma interpretação, pelo simples fato de primarem somente pela objetividade. As figuras de pensamento trabalham a subjetividade, exploram a riqueza de significados escondidos por trás de uma determinada ideia, de uma determinada expressão.

O segundo aspecto diz respeito ao vocábulo “pensamento”, visto que ele se encontra intrinsecamente relacionado a essas ideias como sendo manifestações oriundas da atividade humana. Eis aí o ponto central de nossa discussão: as figuras de pensamento trabalham mais a questão daquilo que se encontra implícito, ou seja, daquilo que revela a intenção que o emissor quis provocar em seu interlocutor do que a questão voltada para aspectos sintáticos, relacionados à construção das orações.

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1. Antítese (ou Contraste)

Consiste em realçar uma idéia, aproximando-se palavras de sentidos opostos.

Ex: “Residem juntamente no teu peito

Um demônio que ruge e um deus que chora.” (Olavo Bilac)

Obs: Quando o vigor da antítese resulta numa contradição ou paradoxo, temos o oximoro.

Ex: “Amor é um fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.” (Camões)

2. Hipérbole

Ocorre a hipérbole quando, para realçar uma idéia, exageramos na sua representação.

Ex: Estou morrendo de sede!

3. Apóstrofe

Consiste em interromper o texto para interpelar ou chamar a atenção de alguém ou as coisas personificadas. Sintaticamente, corresponde ao vocativo.

Ex: “Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres

Que ninguém mais merece tanto amor e amizade” (Vinícius de Moraes)

4. Prosopopéia

Consiste em atribuir características humanas ou em dar vida e ação a seres inanimados ou irracionais.

Ex: “Debalde o rio docemente / canta a monótona canção.” (Manuel Bandeira)

5. Gradação

Ocorre quando organizamos uma seqüência de palavras ou frases que exprimem a intensificação progressiva de uma idéia; se a seqüência é ascendente, temos o clímax; caso contrário, o anticlímax.

Ex: “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Monteiro Lobato)

6. Perífrase

Consiste em substituir uma palavra por uma expressão ou frase. O uso da perífrase pode ser motivado pela intenção de destacar uma qualidade que a palavra sozinha não evoca; mas deve ser usada com propriedade para não tornar o estilo afetado.

Ex: A Cidade Maravilhosa prepara-se para o Carnaval. (Cidade Maravilhosa = Rio de Janeiro)

7. Eufemismo

Ocorre o eufemismo quando, no lugar do termo próprio, empregamos outro que atenue ou evite a

expressão direta de uma idéia desagradável ou grosseira. A perífrase, muitas vezes, é usada com essa finalidade.

Ex: Depois de alguns momentos de delírio, entregou a

alma a Deus.

8. Irônia (ou Antífrase)

Ocorre essa figura quando empregamos uma palavra ou expressão com o sentido oposto ao que queremos dizer, geralmente com intenção sarcástica.

Ex: Que belo comportamento o seu! (Referindo-se a alguém que agiu mal)