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1 EFEITOS DO ESTRESSE TÉRMICO SOBRE A PRODUÇÃO DE LEITE EM VACAS LEITEIRAS Universidade Federal de Mato Grosso Campus Universitário de Sinop Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Curso de Graduação de Zootecnia Discentes: Giordani Ferraz Maragno Lucas Maciel G. Olini Nilton Felix Ballerini Outubro - 2012 Docente: Dra. Claudia Marie Komiyama Disciplina: Bioclimatologia Animal

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EFEITOS DO ESTRESSE TÉRMICO SOBREA PRODUÇÃO DE LEITE EM

VACAS LEITEIRAS

Universidade Federal de Mato GrossoCampus Universitário de Sinop

Instituto de Ciências Agrárias e AmbientaisCurso de Graduação de Zootecnia

Discentes:Giordani Ferraz MaragnoLucas Maciel G. OliniNilton Felix Ballerini

Outubro - 2012

Docente: Dra. Claudia Marie Komiyama

Disciplina:Bioclimatologia Animal

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INTRODUÇÃO

• A produtividade da pecuária leiteira brasileira, quando comparada à dos países desenvolvidos, deixa muito a desejar, visto que nossos rebanhos apresentam baixa eficiência reprodutiva e produtiva, reflexo, entre outras causas, da não-utilização das tecnologias já disponíveis para o setor leiteiro.

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PRODUÇÃO DE LEITE

6.30

3.11

1.00

049

1.07

0.00

0 1

50.2

69.0

0017

.931

.249

.000

2.61

0.72

5.00

0 3

75.4

26.0

00

21.4

33.7

48.0

003.

024.

909.

000

496

.222

.000

0,000

5.000.000,000

10.000.000,000

15.000.000,000

20.000.000,000

25.000.000,000

1970 95/96 2006

BRASIL

REGIÃO CENTROOESTEMATO GROSSO

FONTE: IBGE 2006

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Clima Tropical• 64% dos bovinos no mundo são criados, onde

predominam temperaturas elevadas, como conseqüência da grande intensidade da radiação solar incidente.

Tizikara, 1985.

Rendimento Produtivo

Baixo valor nutritivo Doenças e Parasitas Estresse por calorDoenças e

Parasitas Estresse por calor

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OBJETIVO• Discorrer sobre os efeitos deletérios do

estresse térmico sobre a produção de vacas leiteiras;

• Estratégias de conforto realizadas por meio de modificações ambientais e nutricionais que visam amenizar os seus efeitos sobre os animais.

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ESTRESSE TÉRMICO

• É definido como sendo o resultado da inabilidade do animal em dissipar calor eficientemente para manter a sua homeotermia.

WEST, 1999

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TERMOGÊNESE

IRRADIAÇÃO

METABOLISMO

Produção de Calor Principalmente em Clima Tropical.

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TERMÓLISE

CALOR

Clima tropical

Clima temperado

MECANISMOSEVAPORATIVOS

Respiração e Transpiração

MECANISMOS NÃO-EVAPORATIVOSRadiação, Condução e Convecção

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Tabela 1. Partição da dissipação de calor (%) entre os mecanismos de resfriamentos evaporativos e não evaporativos segundo a temperatura ambiente

Fonte: Adaptado de CHANDLER (1987) citado por PEREIRA (2005)

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ZONA DE CONFORTO TÉRMICO

• Corresponde aos limites de temperatura em que o animal não necessita mobilizar os recursos termorreguladores para se ajustar às condições ambientes.

• Limites de valores para ZCT:

PEREIRA, 2005

ZCT Bos taurus: 0 - 16 0CZCT Bos indicus: 10 - 27 0C (críticas de 35 0C)ZCT Mestiços: 5 - 31 0C

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ZONA DE CONFORTO TÉRMICO

• Fora da Zona de Conforto TérmicoVaso-dilatação periférica;Circulação mais rápida com aumento do fluxo sanguíneo para periferia do corpo;Aumentos da taxa respiratória;Aumentos freqüência cardíaca e sudação.

redução do consumo de alimentos;Mudanças na taxa metabólica;Aumentos no consumo de água e da temperatura corporal

ARMSTRONG, 1994

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Tabela 2. Valores comuns de temperatura efetiva crítica inferior (TCI), temperatura efetiva crítica superior (TCS) e de temperaturas na zona de conforto térmico (ZCT) para bovinos

Adaptado de CURTIS, 1983; HAFEZ, 1968; MOUNT, 1979 citado porBAÊTA & SOUZA (1997)

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López-Gatius, 2003

Tabela 3 - Dados de um programa de manejo reprodutivo derivado de vacas inseminadas ou examinadas 45-70 dias pós-parto no período de 1991 a 2000 no Nordeste da Espanha.

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Efeitos do Estresse Térmico

CARVALHO. N., 2010.

Figura 1 – Efeito do estresse térmico em vacas leiteiras em produção.

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Índice de Conforto Térmico

• ITU = índice de temperatura e umidade, admensional;

• TBs = temperatura do bulbo seco em graus Fahrenheit;

• UR = umidade relativa do ar expressa em valor decimal.

Kelly & Bond (1971)

ITU = TBs – 0,55 (1 – Ur) (TBs – 58)

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Kelly & Bond (1971)

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Kelly & Bond (1971)

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Produção de Leite em Relação a Quantidade de Células Somáticas em Função do Estresse Térmico

O produtor recebe:

Bonificação de até 6% abaixo de 200.000 cel/mL Penalização de até -6% acima de 750.000 cel/mL

Noticiário Tortuga, 2003

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Tabela 4 - Médias observadas da contagem de células somáticas(CCS) e do escore médio de células somáticas (ECS)para cada classe de escore (CMED) de 4.265 lactações de vacas da raça Holandesa

Ali & Shook, (1980)., SAS, (1996).

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Harmon & Reneau, 1993

• As CCS foram mais baixas no inverno e mais altas no verão; • Verão ocorre aumento na umidade e maior estresse térmico;• Aumentam a susceptibilidade do animal a infecções e o número de patógenos

favorecendo a incidência de mastite.

Tabela 5 - Médias estimadas por quadrados mínimos para a produção até 305 dias (P305) e para a média do escore de células somáticas (ECS), de acordo com o mês do parto

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• Melhoria nas práticas de manejo dos rebanhos analisados no decorrer dos anos;

• Seleção e o uso de reprodutores provados, mais resistentes à mastite.

Tabela 6 - Médias estimadas por quadrados mínimos para a produção até 305 dias (P305) e para a média do escore de células somáticas (ECS), para cada ano de parto.

Magalhães et al

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Alternativas para amenizar os efeitos do estresse calórico

Modificação do ambiente

Esquemas de manejo nutricional

Seleção genética e a utilização de cruzamentos para obtenção do animal adequado para cada região

EMBRAPA GADO DE LEITE., 2012.

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Modificação do ambienteDisponibilidade de sombra;

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Disponibilidade de sombra;

Modificação do ambiente

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Modificação do ambienteResfriamento evaporativo com água em forma de névoa, neblina ou gotejamento

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Modificação do ambienteVentilação natural ou forçada

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Modificação do ambienteLagoas de resfriamento

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Esquemas de manejo nutricional• Aumentar Teor de Energia na Dieta;

LipídiosDensidade energética da dietaReduz o incremento calórico

Sentido Decrescente de alimentos calóricos

ProteínasCarboidratos fibrosos

Carboidratos não fibrosos

Lipídios

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Esquemas de manejo nutricional

• Vacas leiteiras atingem, por influência hormonal, o pico máximo de produção leiteira, durante a lactação;

Apetite Reduzido

Segundo mês de lactação as vacas apresentam um balanço negativo energético

Necessitando obter energia, eficientemente, de suas reservas

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HIPOGLICEMIA EM VACAS LEITERAS

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Prejuízos Econômicos da HVL

• Gastos com o tratamento;• Perda de cerca 60 até 300 litros de leite por

lactação;• Infertilidade temporária das vacas especial;• 35% maior chance de ocorrência de

mastite. 

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Seleção Genética

Tabela 1. Pontos para a sobrevivência dos bezerros.

Adaptado de Caraviello

1= pobre;5= excelente 

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1= fertilidade pobre; 5= excelente fertilidade

Tabela 3. Pontos para fertilidades das vacas

Tabela 2. Pontos para facilidade ao parto

1= muitos problemas; 5= poucos problemas.

Adaptado de Caraviello

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Uma das grandes diferenças entre Jersey e Holandês é a composição do leite

Figura 1. Comparação entre a raça Holandesa e Jersey para gordura, proteína, conteúdo de células somáticas e vida produtiva nos EUA

Adaptado de Caraviello

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Considerações Finais É preciso entender o estresse calórico e tudo o que ele representa e investir sempre

no conforto térmico do rebanho. Em um país tropical de clima quente e

úmido, mensurar o impacto do calor, entender como combatê-lo e ter sucesso

efetivo na ambiência dos animais.

Faz toda a diferença na lucratividade final e pode ser o limiar entre

o lucro ou o prejuízo no negócio do leite.

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