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Programa de Epistemologia das Ciências Humanas.

1 Epistemologia das Ciências Humanas

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Page 1: 1 Epistemologia das Ciências Humanas

Programa de Epistemologia

dasCiências Humanas.

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Ementa: "O surgimento da ciência moderna e o advento das ciências humanas. Os vários paradigmas e sua repercussão para as ciências

humanas, engendrandoas diversas soluções

epistemológicas (fenomenologia, estruturalismo,

funcionalismo, construtivismo, comportamentalismo,

psicanálise)."

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1. Apresentação do programa. Os modelos científicos e sua

repercussão nas ciências humanas. (Hilton Japiassu).

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2. Bacon e o empirismo. (Império sobre a Natureza).

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3. Descartes e o discurso do método. (Racionalismo

mecanicista, matematização de todo o saber)

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4. Darwin e a origem do homem.

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5. Augusto Comte e o positivismo.

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6. Saussurre e a linguística.

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7. O modelo da física quântica e o paradigma newtoniano-

cartesiano.

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Problemas Epistemológicos8. Popper e a ciência.

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9. A noção de paradigma segundo Thomas Kuhn.

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A Epistemologia da Psicologia e os modelos de

cientificidade. 10. A psicanálise. A hipótese do

inconsciente.

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11. A história da loucura segundo Michel Foucault

(Estruturalismo).

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12. Piaget e a epistemologia genética. (construtivismo).

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13. O comportamentalismo. (Skinner e Pavlov). As terapias

comportamentais.

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14. A crise das terapias e a nova proposta da Estética

Existencial.

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15. O método da Estética Existencial: a maiêutica

especular.

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O que é Epistemologia?

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Saber, Ciência e Epistemologia.

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O termo ‘Saber’ tem um sentido mais amplo que

‘Ciência’. Saber é todo um conjunto de conhecimentos metodicamente adquiridos,

mais ou menos sistematicamente organizados

e susceptíveis de serem transmitidos por um processo

pedagógico de ensino.

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Neste sentido bastante amplo, o conceito de ‘Saber’ pode ser aplicado à aprendizagem de ordem prática (saber fazer,

saber técnico...) e, ao mesmo tempo, às determinações de

ordem propriamente intelectual e teórica. É neste último sentido que o tomamos.

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‘Ciência’ é o conjunto das aquisições intelectuais, de um

lado, das matemáticas, do outro, das disciplinas de

investigação do dado natural e empírico, fazendo ou não uso

das matemáticas, mas tendendo mais ou menos à

matematização.

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Chamamos hoje de ‘Saber’ uma série de disciplinas

intelectuais mais ou menos estabelecidas, mas que não

podem ser consideradas como ‘ciências’ no sentido atual do

termo: o saber ‘racional’, constituído pela filosofia, ou o

saber ‘crente’ ou ‘místico’.

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Mas entre as ‘ciências’ e os ‘saberes especulativos’,

intercalam-se disciplinas cujo estatuto ainda permanece

incerto: disciplinas de erudição, história, disciplinas jurídicas,

etc.

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SABER EM GERAL:1. Saberes especulativos: a)

racional: filosofia; b) crente ou religioso: teologia.

2. Ciências: a) matemática; b) empíricas e positivas.

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Por ‘epistemologia’, no sentido amplo, podemos considerar o

estudo metódico e reflexivo do saber, de sua organização, de

sua formação, de seu desenvolvimento, de seu funcionamento e de seus

produtos intelectuais.

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Haveria três tipos de epistemologia: a global, a particular e a específica.

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Epistemologia global (geral): trata do saber globalmente

considerado, com a virtualidade e os problemas do conjunto de sua organização, quer sejam “especulativos’,

quer “científicos”.

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Epistemologia particular: trata de levar em consideração um

campo particular do saber, quer seja “especulativo”, quer

“científico”.

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Epistemologia específica: trata de levar em conta uma

disciplina intelectualmente constituída em unidade bem

definida do saber, e de estudá-la de modo próximo, detalhado

e técnico, mostrando sua organização, seu

funcionamento e as possíveis relações que ela mantém com

as demais disciplinas.

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Fala-se também de uma ‘epistemologia interna’ e de

uma ‘epistemologia derivada’.

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A epistemologia interna de uma ciência consiste na análise crítica que se faz dos procedimentos de

conhecimento que ela utiliza, tendo em vista estabelecer os fundamentos desta disciplina.

Enquanto tenta estabelecer uma teoria dos fundamentos de uma ciência, a epistemologia interna tende a integrar seus resultados no domínio da ciência analisada.

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A epistemologia derivada, ao contrário, visa fazer uma análise da natureza dos

procedimentos de conhecimento de uma ciência, não para fornecer-lhe um

fundamento ou intervir em seu desenvolvimento,mas para saber como esta forma de conhecimento é possível, bem como para determinar a parte que cabe ao Sujeito e a que cabe ao Objeto

no modo particular de conhecimento que caracteriza uma ciência. Donde a

necessidade de se fazer apelo às outras ciências e às suas epistemologias.

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É a esta epistemologia derivada que chamamos de epistemologia geral. Ela não

tem um objeto específico (como a interna), mas visa a tornar conscientes todos os fatores (sociais, culturais,

ideológicos, filosóficos, políticos) implicados na prática

efetiva dos cientistas.

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Epistemologiadas

Ciências Humanas.

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Falar em “ciências humanas” e em “psicologia” enquanto

ciência é entrar numa polêmica. As ditas CH não são

apenas diferentes, mas também excludentes. Muitos

cientistas negam a elas o estatuto de “ciência” – em

nome de uma “crença” naquilo que deve ser considerado

científico.

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Um discurso sobre as CH implica que se faça uma

demarcação entre as técnicas (políticas, comerciais,

ideológicas, etc.) utilizadas sob o rótulo de ciências empíricas

do homem, e os trabalhos teóricos que não hesitam em

reconhecer uma validade epistemológica e, portanto,

científica, às CH.

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O mínimo que se pode dizer é que a expressão CH é

discutível. Se impôs por uma questão de conveniência das

instituições universitárias.

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A expressão CH não tem uma significação lógica,

designando um conjunto de disciplinas (economia, lingüística, sociologia,

psicologia, antropologia, etnologia, pedagogia, filosofia,

etc.).

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Poder-se-ia acrescentar a isso uma definição descritiva, sem atribuir-

lhe qualquer validade epistemológica. Neste caso, as

ciências humanas seriam as disciplinas que têm por objeto de

investigação as diversas atividades humanas, enquanto

estas implicam relações dos homens entre si e com as coisas,

bem como as obras, as instituições e as relações que daí resulta.

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Uma definição mais rigorosa suporia uma teoria das ciências

humanas, semelhante ou distinta das teorias atualmente

elaboradas.

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Para boa parte dos trabalhos teóricos sobre essas disciplinas, a

expressão "ciências humanas" significa, não um domínio qualquer (o homem)

apresentando-se à investigação científica, mas algo bastante distinto

daquilo que se apresenta sob o rótulo de "ciência". Estudando o inconsciente, a

linguagem e a história, mostram a relatividade e a temporalidade do

discurso científico. Assim, muito mais do que "o homem", ou mesmo, do que "o

Sujeito", é o próprio conceito de "ciência" que está em crise.

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Na verdade, as ciências humanas elaboram uma crítica da ciência. E elas o fazem, na medida em que não são propriamente empíricas nem tampouco dogmáticas, mas

históricas. Se elas não correspondem ao que se convencionou chamar de

"ciência", nem por isso podem ser relegadas ao domínio da literatura

ou da poesia.

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Uma ciência se define, antes de tudo, por uma problemática

própria e por um campo específico de investigação, sobre os quais se aplica um

método rigoroso.

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Mas isto não quer dizer que não passe por crises ou que não tenha

necessidade de passar por reorganizações mais ou menos

profundas. Aliás, a reflexão epistemológica nasce sempre a

propósito das crises ou impasses desta ou daquela ciência. E essas crises resultam de uma lacuna dos métodos anteriores, que deverão

ser ultrapassados graças à invenção de novos métodos.

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A epistemologia atual, ao constatar uma pluralidade de

discursos científicos, coloca em questão o ideal de "a ciência" e constata a falência do arquétipo

matemático como modelo exclusivo. Uma síntese das ciências, do tipo da síntese

newtoniana, não somente é hoje impossível, como não deve ser

lamentada. O objeto que a expressão "a ciência" designava,

não existe mais.

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O ideal de "a ciência" parece ter-nos levado a um lugar de verdade

que o nome "Deus" servia para designar: não havia ciência e

verdade senão nele e para ele. Não é por acaso que, sob diversas

capas humanísticas, o irrompimento da ciência moderna

foi o sintoma de uma mutação ideológica que, entre seus

aspectos essenciais, comportou a crítica da religião.