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1-Filosofia e Ciência
A filosofia é uma criação peculiar dos gregos, destacar isso significa reconhecer
que os gregos deram á civilização algo que ela não tinha e que, revelar-se-á de alcance
revolucionário, que mudará o rosto da própria civilização.
Os gregos derivaram seus primeiros conhecimentos matemáticos e geométricos
dos egípcios e os transformaram radicalmente. Os cálculos matemáticos dos egípcios
tinham finalidades essencialmente práticas (mensuração dos cereais e dos frutos,
determinação dos modos de dividir certas quantidades de coisas entre certo número de
pessoas etc). A geometria também tinha apenas um caráter prático ( a construção de
pirâmides por exemplo)
A abordagem teórica e especulativa da matemática e da geometria foi própria
dos gregos, daí nasce a filosofia como ciência especulativa. Os gregos estraíram dos
povos orientais com os quais tiveram contato noções de diversos gêneros, eles
transformaram qualitativamente o que receberam.
A partir do seu nascimento, a filosofia, como ciência especulativa, apresentou as
seguintes características, que dizem respeito ao seu: Conteúdo, Método e
Escopo(finalidade).
*Quanto ao seu conteúdo a filosofia quer explicar a totalidade das coisas, toda a
realidade, o princípio de todas as coisas, ao contrario das ciências particulares, que se
limitam a explicar apenas determinados setores da realidade.
*Quanto ao seu método a filosofia quer ser a explicação puramente racional da
totalidade que é seu objeto, o que vale na filosofia é a argumentação lógica, o
logos(razão). A filosofia deve ir além dos fatos e das experiências para encontrar as suas
razões, as causas e princípios. Enquanto as ciências particulares são a busca de causas
de realidades particulares ou de setores de realidades particulares, a filosofia é a busca
de causas e princípios de toda a realidade.
*Quanto ao seu escopo, ou seja, sua intenção, seu alvo sua finalidade, a filosofia tem
um caráter puramente teórico, contemplativo. Ela visa simplesmente a verdade por si
mesma, sem um fim utilitário ou prático, ela se resume na pura contemplação da
verdade.
Aspectos da ciência atual
No século XVII, a partir da revolução científica iniciada por Galileu, as ciências
particulares começaram a delimitar seu campo especifico de pesquisa, ocorre então a
separação entre o objeto da filosofia e o das ciências.
Existem três aspectos da ciência atual que nos convidam a sérias reflexões e nos
auxiliam a definir-lhe a natureza e os objetivos.
1°- a ciência permite um controle prático da natureza – para alguns cientistas
o domínios sobre a natureza e os benefícios práticos da ciência servem como
justificação última da ciência, como meio de ganharem investimentos e credibilidade.
Surge a concepção de ciência como fonte de recursos tecnológicos, algo que produz
novos meios de dominar a natureza.
Porém, a conquista de bens e vantagens de caráter prático de modo algum é o
único ou o principal motivo que incentiva o homem a entregar-se a investigação
científica, quando isso ocorre, há uma distorção no que diz respeito aos objetivos da
ciência e de sua própria história. O cientista é visto como capaz de responder todos os
problemas da humanidade.
Surge também uma tendência de considerar a ciência como responsável pela
maneira bárbara que são utilizada suas conquistas, ainda mais quando ela é identificada
ás suas conseqüência tecnológicas.
2° a ciência assume outro aspecto quando concebida como algo que se
propõe atingir conhecimento sistemático e seguro, para que seus resultados possam
ser tomados como conclusões certas a propósito de condições mais ou menos amplas e
uniformes sob as quais ocorrem os vários tipos de acontecimentos, sendo assim, o
objetivo da ciência é “preservar os fenômenos”, apresentar acontecimentos e processos
como especificações de leis e teorias gerais que enunciam padrões invariáveis de
relações entre coisas. Perseguindo esse objetivo, a ciência busca tornar inteligível o
mundo, e sempre que o alcança, em alguma área de investigação, satisfaz o anseio de
saber e compreender, que é o impulso mais poderoso que leva o homem a se empenhar
em estudos metódicos.
A ciência tenta deliberadamente alcançar resultados total ou parcialmente livres
das limitações do senso comum. No entanto, embora as descobertas científicas sejam
dignas de crédito, não são, em princípio, infalivelmente verdadeiros e insuscetíveis de
emenda os relatórios científicos acerca de específicas questões de fato ou leis e teorias
elaboradas para indicar as condições invariáveis sob as quais os fenômenos ocorrem.
Embora sejam passíveis de correção as descobertas científicas, o conteúdo da
ciência não é um fluxo invariável de opiniões, mas, ao contrário, a ciência pode alcançar
êxito no seu propósito de fornecer explicações dignas de confiança, bem fundadas e
sistemáticas para numerosos fenômenos.
3° o terceiro aspecto da ciência diz respeito ao seu método de investigação,
que parece ser o seu traço mais permanente e garantia última do crédito que merecem as
conclusões da investigação científica.
Todas as ciências empregam um método comum em suas investigações, na
medida em que utilizam os mesmos princípios de avaliação da evidência, os mesmos
cânones para julgar da adequação das explicações propostas, e os mesmos critérios para
selecionar uma dentre várias hipóteses.
Em suma, método científico é a lógica geral, empregada para apreciar os méritos
de uma pesquisa. Convém, portanto, imaginar o método da ciência como um conjunto
de normas padrão que devem ser satisfeitas, caso se deseje que a pesquisa seja tida por
adequadamente conduzida e capaz de levar à conclusões merecedoras de adesão
racional.
A investigação controlada é elemento essencial da lógica do método científico,
pois a confiança merecida pelos resultados científicos é conseqüência do rigor dos
controles a que foram submetidos.
Diferenças entre filosofia e ciência
Entre as várias diferenças, devemos mencionar uma, talvez a mais profunda: a
filosofia (como ciência especulativa) era uma ciência teorética, ou seja, apenas
contemplava os seres naturais, sem jamais imaginar intervir neles ou sobre eles por
meios técnicos; a ciência clássica é uma ciência que visa não só ao conhecimento
teórico, mas, sobretudo a aplicação prática ou técnica. Francis Bacon dizia que “saber é
poder”, e Descartes escreveu que a “a ciência deve tornar-nos senhores da natureza”. A
ciência clássica ou moderna nasce vinculada à idéia de intervir na natureza, de conhecê-
la para apropriar-se dela, para controlá-la e dominá-la. A ciência não é apenas
contemplação da verdade, mas é sobretudo o exercício do poderio humano sobre a
natureza. Numa sociedade em que o capitalismo está surgindo e, para acumular o
capital, deve ampliar a capacidade do trabalho humano para modificar e explorar a
natureza, a nova ciência é inseparável da técnica.
Resumo do texto “Natureza e Objetividade” de Ernest Nagel
2-A função das Hipóteses e distinção entre Método Indutivo e Método Dedutivo.
Tendo formulado o seu problema, o cientista trata de procurar uma hipótese.
Uma hipótese é uma conjectura sobre a natureza de algo. Expressa-se normalmente num
enunciado ou conjunto de enunciados dos quais podem ser extraídas conclusões sobre a
natureza de alguma outra coisa, adotando frequentemente a seguinte forma: se ‘A’ é
verdadeiro, então “B” poderá resultar.
Quando um cientista formula uma hipótese, ele testa-a deduzindo suas
implicações na forma de predições e comparando-as com os resultados de observações
ou experimentos.
O raciocínio subentendido no teste experimental de uma hipótese é o seguinte.
Quando o cientista procura estabelecer uma conexão entre dois conjuntos de eventos,
ele tenta usualmente mostrar que um evento de uma espécie, A, é sempre acompanhado
de um evento de uma outra espécie,B, e que um caso de B nunca ocorre se um caso de
A não ocorre também. Portanto, A causa B quando A deve estar presente para que B
aconteça e quando, com A ausente, B nunca acontece.
Quais as características de uma hipótese? Em primeiro lugar, deve levar em
conta os fatos conhecidos. Em segundo lugar, deve ser suficientemente precisa para
produzir previsões testáveis. Como tal, é valiosa mesmo quando incorreta, pois se puder
ser decisivamente refutada, poderá ser eliminada como solução possível. Em terceiro
lugar, deve predizer fatos até então desconhecidos.
Depois de propor uma sólida hipótese, o que o cientista faz com ela? Por via de
regra, ela testa a hipótese fazendo observações ou realizando um experimento. Com
freqüência, o teste é inconclusivo. Assim, com a ajuda dos dados fornecidos pelo teste,
o cientista poderá refinar a sua hipótese através de uma série de provas, cada uma delas
fornecendo dados que o habilitarão a tornar a hipótese cada vez mais precisa.
Alternativamente, em vez de refinar uma única hipótese, o cientista poderá testar uma
série de hipóteses diferentes. Uma outra tática consiste em propor de início um certo
número de hipóteses e eliminá-las sucessivamente, no decorrer de um projeto de
pesquisa, o cientista coleta dados e inventa hipóteses, depois de vários testes, ele utiliza
os dados para modificar ou substituir a sua hipótese. Para confirmar ou refutar uma
hipótese, ou para concluir suas teorias, o cientista se utiliza do método da indução e o da
dedução.
A dedução garante ao cientista a verdade de suas conclusões, ou seja, se ele
parte de afirmações comprovadamente corretas e verdadeiras, e aceitas universalmente,
o resultado obtido também será correto e verdadeiro exemplo:
Todo mamífero é vertebrado
Todo cachorro é vertebrado
Todo cachorro é mamífero
O cientista se utiliza da indução quando, após examinar a ocorrência sistemática
de fatos singulares, percebe a regularidade desses fatos, o que lhe permite fazer
generalizações, exemplo:
Todos os cachorros observados são mamíferos
Todo cachorro é mamífero
3-PARADIGMA
segundo thomas kuhn a ciência progride quando os cientistas são treinados numa
tradição intelectual comum e usam essa tradição para resolver os problemas que ela
suscita, kuhn vê a história de uma ciência “madura” como sendo, essencialmente, uma
sucessão de tradições, cada uma das quais com sua própria teoria e seus próprios
métodos de pesquisa, cada uma guiando uma comunidade de cientistas durante um certo
período de tempo e sendo finalmente abandonada.
Kuhn começou por chamar ás idéias de uma tradição científica um “paradigma”,
porém. Ele nunca define claramente um paradigma, embora possamos considera-lo uma
visão do mundo expressa numa teoria. A teoria propõe-se a explicar o comportamento
das entidades básicas em algum setor do mundo. O paradigma, como um todo,
determina que problemas são investigados, que dados são considerados pertinentes, que
técnicas de investigação são usadas e que tipos de solução se admitem. Por exemplo,
sob o paradigma newtoniano, as soluções são obtidas em termos de forças de
movimentos de partículas.
Kuhn divide a história da ciência madura, ou guiada por paradigmas, em fases
“normais” e “revolucionárias” alternativas. Durante a ciência normal, os pesquisadores
desenvolveram as implicações de um paradigma normal o mais completamente
possível. Não criticam o paradigma nem buscam alternativas para ele. O paradigma
fornece problemas e garante aos cientistas que cada problema é solúvel. Um problema
não solucionado reflete-se mais no cientista do que no paradigma. Durante todo o
século XIX, por exemplo, a precessão de mercúrio foi considerada um desafio aos
cientistas, mais do que um desmentido do paradigma newtoniano.
Revoluções como as de Copérnico, Newton, Darwin e Einstein não são
freqüentes, diz Kuhn, e são deflagrados por crises. Uma crise ocorre quando os
cientistas são incapazes de resolver muitos problemas de longa data com que o
paradigma se defronta. O acúmulo de anormalidades é então considerado um
“escândalo” e os cientistas começam a testar o paradigma e procurar alternativas
baseadas em diferentes pressupostos metafísicos. Finalmente, uma alternativa ganha o
apoio da maioria dos cientistas nesse campo e é aceita como o novo paradigma. Os
conhecimentos anteriores são repensados ou descartados; compêndios são reescritos;
cursos alterados; e os cientistas encaram o mundo de modo diferente. Kuhn cita a crise
na física quântica depois do colapso da “antiga teoria quântica” de Bohr em 1922,
quando proliferaram teorias rivais. A crise foi resolvida em 1926.
Kuhn defende a racionalidade da ciência normal em duas bases. Em primeiro
lugar, é um modo altamente eficiente de solucionar problemas e ampliar uma teoria
importante. O paradigma impede que os cientistas fiquem discutindo interminavelmente
em torno de pressupostos fundamentais, enfrentando problemas improdutivos ou
insolúveis. As ciências “imaturas”, como lhes chama Kuhn (por exemplo a psicologia e
a sociologia) progridem pouco porque carecem de paradigmas; estão divididas em
escolas que se guerreiam mutuamente, cujos membros não aceitam o trabalho das
escolas rivais como base sobre a qual a ciência como um todo pode progredir.
Em segundo lugar, todo paradigma prepara o caminho para o seu sucessor.
Como qualquer teoria é uma abstração da realidade, nenhuma teoria pode alimentar a
esperança de explicar todos os fenômenos em seu domínio. Mais cedo ou mais tarde,
toda teoria encontra fatos anormais. A pesquisa realizada à sombra de um paradigma
assegura que o maior número possível desses fatos será encontrado o mais depressa
possível. Quando um paradigma é amplamente elaborado e se defronta com as
anomalias que assinalam os seus limites, os cientistas tratam de procurar-lhe um
sucessor.
Não obstante, entre dois grupos existe sempre “comunicação parcial”. Cada
grupo pode traduzir os termos problemáticos do outro para o vocabulário cotidiano de
ambos os grupos. Alem disso, existem padrões de comparação de teorias que
transcendem os paradigmas. Esses padrões incluem a capacidade de solucionar
problemas, o poder explanatório, o poder de predição, a simplicidade, a coerência
interna e a compatibilidade com teorias aceitas. Entretanto, eles operam como valores,
sendo diferentemente apreciados por diferentes cientistas. Assim, enquanto um cientista
pode admirar a teoria predominante por sua simplicidade, um outro poderá apoiar uma
teoria rival por causa de seu poder preditivo. Portanto, os cientistas podem concordar
em que certas qualidades são valiosas nas teorias, mas discordar sobre o valor desta ou
daquela teoria.
Como os padrões de apreciação de uma teoria são valores que podem ser
aplicados de vários modos, os cientistas não podem provar logicamente que uma teoria
é melhor do que outra. Eles devem, pelo contrario, “persuadir-se” racionalmente uns aos
outros. Um cientista é persuadido por uma nova teoria quando julga intelectualmente
que ela é superior à teoria estabelecida, embota possa não simpatizar emocionalmente
com ela. Foi esta a experiência de muitos cientistas ao se debruçarem pela primeira vez
sobre a teoria da relatividade e a mecânica quântica na idade média. Não obstante, os
primeiros adeptos de uma nova teoria firmam compromisso, por via de regra, em
virtude de um pressentimento de que a teoria contém promessas que eles não são
capazes de exprimir inteiramente.