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16 1 INTRODUÇÃO O arroz, juntamente com o milho e o trigo, está entre os cereais mais consumidos mundialmente. Entretanto, diferentemente dos dois últimos, o arroz tem grande parte do seu consumo na forma direta, como grão beneficiado, sendo que produtos industrializados de arroz são, em sua maior parte, obtidos a partir da sua farinha, que é normalmente utilizada como ingrediente para outros produtos. A produção de farinha de arroz é extremamente positiva porque significa a abertura de mercado para um derivado do cereal, mostrando a capacidade do setor arrozeiro de inovação e inserção. Por outro lado, o uso de farinha de arroz em substituição à farinha de trigo seria importante para a economia do Brasil, uma vez que boa parte do trigo consumido é importado. A inclusão de produtos de arroz na dieta tem como um aspecto importante, as respostas metabólicas de glicemia e insulinemia quando comparado com outros cereais. Cultivares de arroz apresentam diferentes proporções de amilose:amilopectina comparado à outros cereais, e cultivares com maior conteúdo de amilose apresentam uma menor digestibilidade do amido e conseqüentemente menores respostas glicêmicas e insulinêmicas (ROSELL et al., 2007). A substituição de parte, ou toda, a farinha de trigo por farinha de arroz é de grande interesse da indústria de alimentos e dos consumidores, pois além de colocar à disposição produtos de qualidade, proporciona alternativas na alimentação para uma faixa especial de consumidores, os portadores de doença celíaca, uma enteropatia crônica causada pelo consumo de proteínas do glúten presente em cereais como trigo, centeio, cevada e aveia. Apesar dos avanços na compreensão da fisiopatologia desta doença e o desenvolvimento de terapias, atualmente o único tratamento seguro e efetivo para essa doença é a total restrição de alimentos que contenham glúten. O pão é um dos alimentos mais consumidos pela população e que contribui significativamente na composição calórica da dieta. Em pesquisa realizada pela Associação dos Celíacos do Brasil (ACELBRA, 2009) o produto que os celíacos mais gostariam de encontrar com facilidade é o pão, entretanto pela dificuldade de elaboração e pelo risco de contaminação com glúten, a oferta do produto é muito restrita.

1 INTRODUÇÃO · 16 1 INTRODUÇÃO O arroz, juntamente com o milho e o trigo, está entre os cereais mais consumidos mundialmente. Entretanto, diferentemente dos dois

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16

1 INTRODUÇÃO

O arroz, juntamente com o milho e o trigo, está entre os cereais mais

consumidos mundialmente. Entretanto, diferentemente dos dois últimos, o arroz tem

grande parte do seu consumo na forma direta, como grão beneficiado, sendo que

produtos industrializados de arroz são, em sua maior parte, obtidos a partir da sua

farinha, que é normalmente utilizada como ingrediente para outros produtos. A

produção de farinha de arroz é extremamente positiva porque significa a abertura de

mercado para um derivado do cereal, mostrando a capacidade do setor arrozeiro de

inovação e inserção. Por outro lado, o uso de farinha de arroz em substituição à

farinha de trigo seria importante para a economia do Brasil, uma vez que boa parte

do trigo consumido é importado.

A inclusão de produtos de arroz na dieta tem como um aspecto importante,

as respostas metabólicas de glicemia e insulinemia quando comparado com outros

cereais. Cultivares de arroz apresentam diferentes proporções de

amilose:amilopectina comparado à outros cereais, e cultivares com maior conteúdo

de amilose apresentam uma menor digestibilidade do amido e conseqüentemente

menores respostas glicêmicas e insulinêmicas (ROSELL et al., 2007).

A substituição de parte, ou toda, a farinha de trigo por farinha de arroz é de

grande interesse da indústria de alimentos e dos consumidores, pois além de colocar

à disposição produtos de qualidade, proporciona alternativas na alimentação para

uma faixa especial de consumidores, os portadores de doença celíaca, uma

enteropatia crônica causada pelo consumo de proteínas do glúten presente em

cereais como trigo, centeio, cevada e aveia. Apesar dos avanços na compreensão

da fisiopatologia desta doença e o desenvolvimento de terapias, atualmente o único

tratamento seguro e efetivo para essa doença é a total restrição de alimentos que

contenham glúten.

O pão é um dos alimentos mais consumidos pela população e que contribui

significativamente na composição calórica da dieta. Em pesquisa realizada pela

Associação dos Celíacos do Brasil (ACELBRA, 2009) o produto que os celíacos

mais gostariam de encontrar com facilidade é o pão, entretanto pela dificuldade de

elaboração e pelo risco de contaminação com glúten, a oferta do produto é muito

restrita.

17

Apesar de existir no mercado vários produtos sem glúten, esses geralmente

não apresentam a qualidade desejada devido à falta da rede de glúten, que confere

à massa propriedades viscoelásticas únicas e a habilidade de reter gases.

Os únicos cereais considerados seguros para celíacos são o arroz e o

milho, sendo que o arroz apresenta vantagens, tais como, proteínas hipoalergências,

sabor suave e cor branca, que o tornam uma opção interessante para o uso em

panificação. Por outro lado, por não ter glúten, este cereal não preenche as

necessidades para processar produtos fermentados panificáveis, pois quando a

farinha de arroz é amassada com água, não ocorre a formação de uma massa

viscoelástica que retêm o CO2 formado durante a fermentação e,

consequentemente, o produto resultante tem baixo volume específico e apresenta

características muito distintas do pão de trigo.

Um fator importante a ser observado no arroz para a produção de pães é o

teor de amilose. As farinhas de arroz se distinguem pelo conteúdo de amilose. O

amido, que é o principal componente do arroz, é composto por dois polímeros: a

amilose e a amilopectina. Este componente determina as propriedades e a

funcionalidade dos grãos de arroz e estas são dependentes em grande parte da

relação amilose/amilopectina. Uma vez que diferentes teores de amilose resultam

em comportamento variado no cozimento do arroz, possivelmente este fator também

exerça interferência na panificação com farinha de arroz.

Para melhorar a qualidade de pães com farinha de arroz e pães sem glúten,

alguns ingredientes, tais como amido modificado, hidrocolóides, outras fontes de

proteína e enzimas têm sido usados.

Uma alternativa que tem sido estudada para produzir pão de farinha de

arroz de boa qualidade é o uso da enzima transglutaminase (TGase), uma �-

glutamil-transferase que catalisa a reação entre um grupo �-amino dos resíduos de

lisina e um grupo �-carboxiamida nos resíduos de glutamina e uma variedade de

aminas primárias, levando a uma ligação cruzada covalente das proteínas o que

converte proteínas solúveis em polímeros insolúveis de alto peso molecular. Essa

conversão faz com que essas proteínas apresentem capacidade de retenção de ar

durante a fermentação, papel semelhante ao desempenhado pelo glúten.

O uso de outras fontes de proteínas na panificação sem glúten também tem

sido objeto de pesquisas, pois além de enriquecer nutricionalmente o produto e

18

melhorar a aparência, essas proteínas podem servir de substrato para a ação da

transglutaminase obtendo-se melhores resultados com a adição da enzima.

Neste contexto, este trabalho objetivou avaliar as características de pães

produzidos com farinha de arroz de diferentes teores de amilose com adição de

transglutaminase e, ainda a ação da enzima quando fontes de proteína são

adicionadas à farinha de arroz para panificação.

19

2.0 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Arroz

O arroz é um dos alimentos mais antigos produzidos pelo homem. Desde

3000 a.C., já se mencionava a cerimônia de semeadura do arroz na China, onde,

durante a dinastia de Zhou (século XI), o grão se tornou um tributo e estava na mesa

de imperadores e nobres (ZHAI et.al, 2001). Segundo Kennedy e Burlingame (2003),

o arroz é o principal alimento para 15 países na Ásia e Pacífico e 10 países na

América Latina.

A China é o maior produtor mundial de arroz (30%), seguido pela Índia

(21%), Indonésia (9%) e Bangladesh (6%). O restante da produção é produzido

pelos demais países da Ásia (37%), América (5%) e África (3%) (ROSELL e

MARCO, 2008).

O Brasil é o principal produtor de arroz fora do continente asiático,

ocupando a 9º posição mundial, sendo que os estados do Rio Grande do Sul e

Santa Catarina são responsáveis por 66% dessa produção. O Consumo per capta

de arroz no Brasil é de 40Kg/ano (EMBRAPA ARROZ/FEIJÃO, 2009), existindo

grande diferença no consumo deste cereal entre países desenvolvidos

(16,1Kg/hab/ano) e países em desenvolvimento (140,7Kg/hab/ano) (ROSELL et al.

2007). De acordo com Rosell e Marco (2008) o maior consumo de arroz acontece

em Myanmar, com 795Kg per capta.

O arroz fornece 27% do total calórico diário da dieta em países em

desenvolvimento e apenas 4% em países desenvolvidos. Como outros cereais, o

arroz é uma fonte barata de proteína e em países em desenvolvimento contribui com

20% do total de proteína da dieta (ROSELL e MARCO, 2008).

O arroz destinado ao consumo é classificado de acordo com seu tamanho e

forma em três tipos: longo, médio ou curto. Os povos das diferentes regiões do

mundo apresentam diferentes preferências de propriedades sensoriais do arroz

(KAOSA e JULIANO, 1991; LYON, 1999). Os consumidores japoneses preferem

arroz macio e pegajoso, os consumidores norte-americanos preferem as variedades

médias e longas, firmes e não pegajosas quando cozidas, já os consumidores da

América do Sul e do Oriente Médio preferem geralmente o arroz longo-fino, que é

firme e não pegajoso (CHAMPAGNE et al., 1997; LYON, 1999).

20

O arroz é constituído principalmente por amido, seguido por proteína e

pequenas quantidades de lipídios, minerais e vitaminas. Entretanto, a proporção de

cada uma dessas frações é bastante sensível a vários fatores, tais como variação

genotípica, condições do clima, fertilizantes, qualidade do solo, processamento e

armazenamento (VIANNA et al., 1984; VIANNA et al., 1985; Singh, Kalia, Malhotra,

1999; ZHOU et al., 2002; ROSELL e MARCO, 2008).

A quantidade de amido no grão de arroz pode variar entre diferentes

cultivares devido a fatores genéticos e ambientais. Este fato foi comprovado por Frei

et al. (2003), que encontraram valores de 72 a 82% de amido total nos grãos de

arroz integral de seis cultivares plantados nas Filipinas. Storck, Silva e Comarella

(2005), encontraram variação de 82,2 a 88,0% de amido digestível em 9 cultivares

de arroz branco polido cultivadas no Rio Grande do Sul.

O amido é composto por dois polímeros: a amilose e a amilopectina. O

primeiro é formado por uma cadeia linear de glicose unida por ligações glicosídicas

do tipo α-1,4. O segundo é um polímero ramificado, constituído de ligações

glicosídicas do tipo α-1,4, com cadeias de glicose ligadas em α-1,6 (FAO/WHO,

1997). O arroz apresenta diferentes quantidades de amilose, sendo classificado

como: grão ceroso (1-2% amilose), muito baixo teor (2-12%), baixo teor (12-20%),

intermediário teor (20-25%) e alto teor (25-33%) (JULIANO e FAO, 1993; COFFMAN

e JULIANO, 1987). Pesquisas realizadas por Ong e Blanshard (1995) e Frei et al.

(2003) descrevem alta variação nesta medida em grãos de arroz de diferentes

cultivares.

As principais diferenças que existem na composição do amido e que

influenciam profundamente as propriedades fisicoquímicas e a funcionalidade dos

grãos de arroz são causadas pela variação na proporção de amilose/amilopectina

(ROSELL et al., 2007).

Além disso, o teor de amilose é o fator que mais influência tem sobre as

propriedades de textura do grão cozido, e seu conteúdo é uma medida indireta da

textura do grão cozido devido a alta correlação com esta medida (maior amilose,

maior consistência) (MOHAPATRA e BAL, 2007; ROSELL et al., 2007). Mas este

não é o único fator que influencia a textura, pois de acordo com Rosell et al. (2007) e

Derycke et al. (2005), a proteína e lipídios também podem influenciar esta medida.

Uma vez que diferentes teores de amilose resultam em comportamento

variado no cozimento do arroz, possivelmente este fator também seja de grande

21

relevância na panificação com farinha de arroz, conforme descrito por Nishita e Bean

(1979), que relatam que o conteúdo de amilose do arroz é o principal fator que afeta

a textura de produtos de panificação fermentados.

O conteúdo de proteína do arroz, segundo a literatura (COFFMAN e

JULIANO, 1987; ZHAI et al., 2001; KENNEDY e BURLINGAME, 2003), pode variar

de 4,3 a 18,2%. Os fatores que podem influenciar no teor deste nutriente são

nitrogênio do solo, radiação solar, grau de maturação da planta, aplicação de

fertilizantes, temperatura, períodos de curta maturação e beneficiamento

(KENNEDY, BURLINGAME, NGUYEN, 2002; ADU-KWARTENG et al., 2003).

As frações de proteína no arroz, de acordo com a classificação de Osborne

(HOSENEY, 1994), são albumina (0,9-9,9%), globulina (1,4-19,9%), prolamina (0,4-

10,3%) e glutelina (61,8-91,0%) (ROSELL et al., 2007). As duas primeiras são as de

maior valor biológico, e nelas se encontram a maioria dos aminoácidos essenciais

(COFFMAN e JULIANO, 1987). O perfil de aminoácidos do arroz é alto em glutamina

e ácido aspártico, porém, baixo em lisina (JULIANO e FAO, 1993). Apesar da

deficiência em lisina, o arroz apresenta, entre os cereais, o teor mais elevado deste

aminoácido (LÁSZTITY, 1984). Os aminoácidos essenciais mais abundantes na

proteína do arroz são: ácido glutâmico, ácido aspártico, leucina e arginina, seguidos

de alanina, valina, fenilalanina e serina (ROSELL et al., 2007).

A fração lipídica do grão de arroz é muito inferior ao de amido e proteínas,

no entanto, exerce papel muito importante na nutrição e nas características

sensoriais e funcionais. Os lipídios associados ao amido afetam de forma

significativa as propriedades da pasta e outras características funcionais do amido

(ROSELL et al., 2007).

O grão de arroz, antes de estar na forma adequada para ser adquirido pelo

consumidor, passa por processos de beneficiamento. As três principais formas que o

arroz beneficiado é consumido, em ordem de importância, são branco polido,

parboilizado e integral. O maior consumo do arroz ocorre na forma de grão branco

polido (MOHAPATRA e BAL, 2007).

No beneficiamento industrial do arroz branco, que representa cerca de 70%

da produção e do consumo nacional, uma importante parcela de grãos quebra,

gerando menor rendimento. Este é o método que apresenta maior percentual de

grãos quebrados durante o processamento (CARDOSO, 2003; ELIAS e FRANCO,

2006). De acordo com Rosell e Marco (2008), o beneficiamento pode resultar em 4

22

até 40% de grãos quebrados, dependendo da qualidade do grão e dos

equipamentos utilizados.

O baixo valor comercial de grãos quebrados faz com que a indústria e os

órgãos de pesquisa se voltem para a busca de uma utilização de maior importância

econômica e comercial desse co-produto, aumentando o seu valor agregado e

remunerando melhor a produção.

2.1.1 Farinha de arroz

Uma alternativa para agregar valor aos grãos quebrados é a sua utilização

na produção de farinha de arroz, para uso na indústria no desenvolvimento de novos

produtos. Essa possibilidade além de poder agregar valor a um co-produto bastante

disponível no Brasil, pode também reduzir os gastos de divisas do país na

importação de trigo, o que melhoraria o desempenho da balança comercial

brasileira. Segundo Garcia (2007), a fabricação de farinha de arroz é extremamente

positiva porque significa a abertura de mercado para um derivado do cereal,

mostrando a capacidade do setor arrozeiro de inovação e inserção. No entanto,

atualmente, a produção de farinha é reduzida em função das poucas opções para

sua aplicação (ROSELL et al., 2007).

De acordo com a Resolução RDC nº 263, de 22 de setembro de 2005,

farinhas são os produtos obtidos de partes comestíveis de uma ou mais espécies de

cereais, leguminosas, frutos, sementes, tubérculos e rizomas por moagem e ou

outros processos tecnológicos considerados seguros para produção de alimentos

(BRASIL, 2005).

Para a produção de farinha de arroz, utilizam-se tanto grãos polidos inteiros

como os quebrados obtidos do processo de beneficiamento industrial do arroz. Os

grãos ou suas frações são moídos em rolos raiados, para reduzir a granulometria a

tamanho menor do que 250 µm., após são peneirados para remoção de partículas

com granulometrias maiores, garantindo, assim, um produto dentro dos padrões

tecnológicos, com redução e/ou eliminações de sujidades ou focos de contaminação

microscópica (CARDOSO, 2003; ELIAS e FRANCO, 2006). Segundo Machado

(1996), a farinha de arroz deve ter diâmetro inferior a 195µm para apresentar boas

propriedades para panificação.

23

A farinha de arroz tem a mesma composição química que os grãos dos

quais procedem, portanto as propriedades funcionais das farinhas dependem da

variedade, condições ambientais e métodos de beneficiamento (ROSELL et al.,

2007). As farinhas se distinguem pelo conteúdo de amilose, a qual determina a

temperatura de gelatinização e as características viscoelásticas. Uma vez que as

características de gelatinização têm grande influência nos processos de panificação,

é necessária uma seleção adequada da variedade de arroz que vai ser utilizada para

obtenção da farinha. Além disso, é importante verificar qual cultivar é melhor para o

produto que se deseja desenvolver. Nishita et al. (1979), descrevem que o arroz com

20-25% de amilose produz bolo de arroz com textura mais macia e maior volume

específico do que os que foram produzidos com arroz de menor e maior teor de

amilose. Estes autores estudaram diferentes cultivares de arroz na produção de pão

e encontraram que a combinação de baixo teor de amilose e baixa temperatura de

gelatinização produziu pão com textura mais macia.

A farinha de arroz apresenta vantagens em relação à outras farinhas

substitutas do glúten, tais como, proteínas hipoalergências, sabor suave e cor

branca, que o tornam uma opção interessante para o uso em panificação (ROSELL

et al., 2007). Um aspecto importante da inclusão de produtos de farinha de arroz na

dieta, é que o amido de arroz apresenta respostas metabólicas de glicemia e

insulinemia diferentes de outros dos cereais, devido a proporção de

amilose:amilopectina. Os produtos com maior conteúdo de amilose apresentam uma

menor digestibilidade do amido e conseqüentemente menor resposta glicêmica e

insulinêmica. Neste sentido o arroz tem sido amplamente utilizado para produtos

manufaturados como pudins, alimentos infantis, grãos inflados e cereais matinais

(WANG et al., 2002).

2.2 Panificação

Os produtos de panificação e principalmente os pães são alimentos muito

difundidos e consumidos em todo o mundo e, portanto, são considerados importante

fonte de nutrientes para a população (KADAN et al., 2001)

Há cerca de 12.000 anos a espécie humana começou a comer uma espécie

de massa crua feita apenas de água e farinha. Acredita-se que os egípcios foram os

24

primeiros a consumir massa fermentada e assada, 3.000 anos a.C. (ESTELLER,

2004).

2.2.1 Ingredientes para a panificação

2.2.1.1 Farinha

De acordo com o regulamento técnico da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária, os pães são definidos como os produtos obtidos da farinha de trigo e ou

outras farinhas, adicionados de líquido, resultantes do processo de fermentação ou

não e cocção, podendo conter outros ingredientes, desde que não descaracterizem

os produtos. Podem apresentar cobertura, recheio, formato e textura diversos

(BRASIL, 2005).

Entre as farinhas de cereais, a mais utilizada em panificação é a de trigo,

porque este implica em melhores características de qualidade. As proteínas do trigo,

mais especificamente as proteínas do glúten, são as responsáveis pelas

características únicas dos produtos. O glúten é formado pela gliadina, que é

responsável pela coesividade da massa e pela glutenina, que é responsável pela

resistência da massa a extensão (HOSENEY, 1994). Quando a farinha de trigo é

misturada à água e homogeneizada mecanicamente, no processo de fabricação de

pães, há hidratação das proteínas gliadina e glutenina da farinha de trigo e essas

formam um complexo protéico pela associação através de pontes de hidrogênio,

ligações de Van der Waals e pontes dissulfeto, formando o glúten (BOBBIO e

BOBBIO, 2001), que confere à massa propriedades viscoelásticas únicas e a

habilidade de reter gases.

As funções do amido da farinha em panificação foram definidas por Sandted

(1961) (apud MACHADO, 1996):

• Diluente do glúten na obtenção da consistência desejada da massa;

• Fornecedor de açúcares para ação de enzimas amilases (amido danificado);

• Fornecedor de uma superfície adequada à adesão ao glúten;

• Tem a propriedade de tornar-se flexível durante a gelatinização parcial, formando

um filme macio;

25

• Absorve água do glúten para a sua gelatinização, formando um filme rígido na

superfície que limita a expansão e fornece uma estrutura ao pão que o impede

de colapsar após o forneamento.

Com base em uma rede tridimensional formada apenas por pontes de

hidrogênio, é proposto que uma estrutura de amido (amilose e amilopectina), criada

sob condições adequadas, pode ter propriedades viscoelásticas suficientes para

sustentar os gases produzidos durante a fermentação da massa, ou seja, substituir a

rede de glúten (MACHADO, 1996).

2.2.1.2 Água

A água é o principal solvente da massa (formação do glúten e hidratação do

amido), carreando consigo muitos sais minerais - carbonatos, cloretos, nitratos,

sulfatos - que desempenham importante papel na ação das leveduras, influenciadas

também pelo pH (EL-DASH et al., 1983) e permite a formação da massa.

2.2.1.3 Fermento biológico

Fermento biológico é o produto obtido de culturas puras de leveduras, por

procedimento tecnológico adequado, e empregado para dar sabor próprio e

aumentar o volume e a porosidade dos produtos forneados.

A levedura (Saccharomyces cerevisiae) atua como agente de crescimento e

sabor de forma isolada ou associada a outros microrganismos, como bactérias

lácticas (fermentação natural), é utilizada há milhares de anos (Egito) e não se tem

conhecimento, ainda, outros meios que possam substituí-la, quer seja na forma

granular, prensada ou seca ativa (PYLER, 1988).

2.2.1.4 Açúcares

O açúcar exerce diversas funções no produto final, tais como cor da crosta,

textura (maciez), aparência e sabor além de contribuir para o valor nutricional e de

servir como alimento do fermento biológico (GUTKOSKI e SANTETTI, 2001).

26

2.2.1.5 Sal

Além do sabor conferido à massa (1 a 2% sobre a farinha), o sal é um

ingrediente valioso no fortalecimento da rede de glúten, controlador da fermentação,

atividade de água e conservação final do pão (vida de prateleira) (BRASIL , 2005).

2.2.1.6 Gorduras

Gorduras atuam como o principal lubrificante da massa, enriquecimento

calórico e melhorador de sabor e cor. De acordo com Singh et al. (2003), a gordura

aumenta a maciez do pão, atuando como plastificante, melhorando também o

volume.

2.3 Panificação com farinha de arroz

Atualmente tem se intensificado a busca por alimentos diferenciados e

destinados à parte da população com necessidades especiais, tais como diabéticos,

obesos, hipertensos e celíacos. A doença celíaca é uma enteropatia crônica

causada pelo consumo de proteínas do glúten (gliadina) presente em cereais como

trigo, centeio, cevada e aveia. Apesar dos avanços na compreensão da

fisiopatologia desta doença e o desenvolvimento de terapias, atualmente o único

tratamento seguro e efetivo para essa doença é a total restrição de alimentos que

contenham glúten. Sendo assim, a dieta destas pessoas fica muito restrita e

monótona, pois uma grande variedade de produtos industrializados e

freqüentemente utilizados na alimentação contém glúten.

Segundo Galera (2006) os produtos de panificação usualmente são

elaborados com farinha de trigo, pois este ingrediente implica melhores

características de qualidade, visto que o trigo é o único cereal que contém glúten,

em quantidade e qualidade, adequadas para a produção de pães com

características sensoriais satisfatórias. Porém, a substituição parcial do trigo é usual

porque, entre outras razões, propicia grande variedade de produtos, como pães de

aveia, de milho, arroz e soja, além de poder melhorar características nutricionais e

reduzir custos.

27

O consumo nacional de trigo está em torno de 10 milhões de toneladas,

para uma produção de apenas 6 milhões de toneladas, sendo a diferença importada,

principalmente, da Argentina, Estados Unidos e Canadá, enquanto que o Brasil

produz cerca de 90% do arroz que consome, portanto, mais próximo da auto-

suficiência na produção de arroz do que de trigo (CONAB, 2009).

Alternativas vêm sendo estudadas para substituir a farinha de trigo por

outras fontes para produção de massas e produtos de panificação. Um exemplo é a

substituição parcial ou total da farinha de trigo pela farinha de arroz. A substituição

da farinha de trigo pela de arroz pode oferecer produtos diferenciados

principalmente para portadores de necessidades especiais, como os portadores da

doença celíaca, bem como promover o aproveitamento dos grãos quebrados que é

resultado do beneficiamento do arroz e possuem custo menor. Além disso, ressalta-

se a importância da utilização de uma farinha que possa oferecer ao consumidor um

produto com boa qualidade sensorial e nutricional, uma vez que a farinha de arroz

integral é superior à farinha de trigo por apresentar uma composição mais

balanceada em lisina, metionina e treonina (AGUILAR, PALOMO e BRESSANI,

2004).

Apesar de todos os pontos positivos do uso da farinha de arroz na produção

de pão, por não ter glúten, este cereal não preenche as necessidades para

processar produtos fermentados panificáveis, pois devido a natureza hidrofóbica das

proteínas, quando a farinha de arroz é amassada com água, não ocorre a formação

de uma massa viscoelástica que retêm o CO2 formado durante a fermentação

(HOSENEY, 1994) e conseqüentemente o produto resultante tem baixo volume

específico e miolo compacto, apresentando características muito distintas do pão de

trigo. De acordo com Ahlborn et al. (2005), atributos sensoriais, tais como estrutura

do miolo e palatabilidade e problemas no armazenamento têm sido relatados em

produtos de panificação sem glúten. Gallagher, Gormley e Arendt (2004) também

descrevem que os produtos sem glúten disponíveis no mercado são de baixa

qualidade, exibindo aroma pobre e textura não agradável. Eles afirmam que para

que os produtos sem glúten sejam aceitos, estes devem apresentar características

sensoriais similares aos produtos de trigo.

Machado (1996) em seu estudo objetivou avaliar a qualidade de pães de

farinha de arroz, sem glúten, em função da quantidade de fermento, quantidade de

água, proporção pasta/farinha e tempo de fermentação. Os resultados indicaram que

28

o volume apresenta uma relação direta com a quantidade de água e indireta com a

proporção pasta/farinha. A melhor textura do miolo dos pães de farinha de arroz

pode ser obtida nas seguintes condições: maior quantidade de água (110-120%),

menores quantidades de fermento (2,5%) e proporção pasta/farinha (10%). Portanto,

para cada variável analisada tem uma formulação na qual a resposta é melhor,

sendo assim, é necessário saber qual característica se quer melhorar.

Kadan et al. (2001) formularam pães com farinha de arroz de grão longo, de

grão curto e outra mistura de 90% grão longo e 10% grão curto e compararam com

pão produzido com farinha de trigo. Os pães de farinha de arroz apresentaram maior

umidade e menor volume específico do que o de trigo, indicando que o gás

produzido na fermentação escapou durante o forneamento. A dureza do pão

produzido com a farinha de arroz longo foi dez vezes maior do que a do pão de trigo.

A substituição por 10% de farinha de arroz de grão curto diminuiu a dureza

demonstrando que o cultivar tem influência significativa na produção de pão, com

farinha de arroz.

Para melhorar as características dos pães com farinha de arroz, podem ser

adicionados diferentes aditivos (isolados ou em conjunto) na formulação, numa

tentativa de melhorar sua qualidade tecnológica, aumentando a retenção de gás e

conseqüentemente melhorando o volume e a textura do pão.

2.3.1 Uso de Hidrocolóides na panificação com farinha de arroz

Os aditivos mais utilizados encontrados na literatura para a fabricação de

pães isentos de glúten são: gomas (guar, xantana), emulsificantes (gliceril

monoestearato, GMS; polioxietilenoestearato, mono e diglicerídeos; estearoil-

lactatos) e hidrocolóides (metilcelulose, MC; carboximetilcelulose, CMC;

hidroxipropilmetilcelulose, HPMC), além de pentosanas, amidos modificados, pré

gelatinizados ou extrusados, pectinas, albumina (clara de ovo), leite em pó e

bicarbonato de sódio, entre outros (GALLAGHER, GORMLEY e ARENDT, 2004).

Os hidrocolóides são adicionados nos pães sem glúten como substituto do

glúten, pois essas gomas poderiam agir como substâncias poliméricas que imitam as

propriedades viscoelásticas do glúten na massa com farinha de trigo (MOORE et al.,

2004). A adição de hidrocolóides tem permitido a produção de pães com farinha de

29

arroz com volume especifico comparável ao de pão de trigo, no entanto as

características sensoriais, aparência e textura ainda são inferiores.

Nishita et al. (1976) testaram a adição de várias gomas (locuste, guar,

carragena, xantana e o hidroxipropilmetilcelulose - HPMC) para desenvolver um pão

a base de farinha de arroz. O pão com melhor resultado foi obtido com o HPMC, que

foi capaz de reter os gases produzidos na fermentação e liberar a água necessária

para a gelatinização do amido durante o cozimento do pão, obtendo-se pão com

bom volume.

Por outro lado, Lazaridou et al. (2007), que também avaliaram a adição de

uma variedade de hidrocolóides, incluindo pectina, carboximetilcelulose, agarose,

xantana e β-glucana de aveia, na formulação de pães sem glúten baseados em

farinha de arroz, amido de milho e caseinato de sódio e verificaram que a goma

xantana favoreceu a maior absorção de água entre todos os hidrocolóides, no

entanto o volume específico não mudou com a adição de 1% de xantana e diminuiu

com a adição de 2% de xantana. Os autores concluíram que de maneira geral,

dentro das características avaliadas, a xantana foi a que apresentou melhores

resultados, seguida por carboximetilcelulose, pectina, agarose e por último a β-

glucana.

Sivaramakrishnan, Senge e Chattopadhyay (2004), avaliaram a adição de

1,5; 3,0 e 4,5% de HPMC à farinha de arroz e encontraram que com 3% de adição, a

altura dos pães foi máxima e com 4,5% diminuiu, pois houve grande expansão

fazendo com que a massa transbordasse da forma. A perda de umidade dos pães

foi menor com 3% de HPMC.

McCarthy et al. (2005) utilizaram a metodologia de superfície de resposta

para avaliar o desenvolvimento do pão sem glúten, variando a adição de HPMC e

água. Eles concluíram que o método de superfície de resposta foi aplicado com

sucesso para otimizar os níveis de HPMC e água adicionados. A água teve maior

efeito na qualidade do pão sem glúten, onde aumentando a quantidade de água

adicionada, aumentava o volume especifico do pão e diminuía a firmeza do miolo.

30

2.3.2 Uso de produtos lácteos e ovos na panificação com farinha de arroz

A adição de produtos lácteos e ovos em panificação também têm sido

bastante utilizada, pois suas proteínas são ingredientes altamente funcionais e

podem ser facilmente incorporados a massa. Esses produtos podem ser usados em

pães para aumentar os benefícios nutricionais e funcionais, tendo um efeito

significativo em pães sem glúten, resultando em produtos com maior volume, melhor

textura, aparência e atributos sensoriais (GALLAGHER et al., 2003; MOORE et al.,

2004). De acordo com Stathopoulos (2008) os produtos lácteos mais usados na

produção de pão sem glúten são o caseinato, leite desnatado em pó, leite em pó,

proteínas do soro do leite concentrado e isolados protéicos de leite.

Gallagher, Gormley e Arendt (2003) realizaram estudo onde avaliaram a

adição de vários produtos lácteos na formulação de pães sem glúten para investigar

seus efeitos nas características de panificação e propriedades do miolo. Os autores

verificaram que os pães com a adição de produtos lácteos de maior teor protéico

resultaram em pães com menor volume específico e maior dureza do miolo.

López, Pereira e Junqueira (2004) estudaram o uso de uma mistura

variando as concentrações de amido de milho, amido de mandioca, farinha de arroz

e farinha de milho, adicionando ainda leite em pó, ovo em pó e goma xantana, para

a produção de pão sem glúten. Os resultados indicaram que o pão produzido com

farinha de arroz apresentou cor dourada e volume e estrutura satisfatórios, apesar

da casca ser relativamente seca. O pão de amido de mandioca e o de farinha de

arroz apresentaram menor volume específico (2,04 e 1,92 cm3.g-1, respectivamente)

que o pão de amido de milho (2,53 cm3.g-1). A análise sensorial revelou que o pão

preparado com farinha de arroz foi considerado bom por 25% dos julgadores, regular

por 33%, muito ruim por 17% e muito bom por apenas 8%.

Sánchez, Osella e Torre (2004), usaram a metodologia de superfície de

resposta (MSR) para otimizar pães sem glúten elaborados com farinha de soja e

leite em pó, visando aumentar o seu conteúdo protéico. Os ingredientes da

formulação foram amido de milho, amido de mandioca, farinha de arroz, margarina e

HPMC. Foi observado que quando o conteúdo protéico do pão diminuiu de 10% para

3%, o volume específico aumentou de 3,2 para 4,6 cm3.g-1.

Gallagher et al. (2003) estudaram o efeito da adição de leite em pó (proteína

de leite isolada) e amido de arroz na produção de pão sem glúten. Os resultados

31

indicaram que com a adição de isolado protéico de leite e amido de arroz foi possível

obter pães com maior volume específico e melhor aparência e aceitabilidade do que

o pão controle (amido de trigo e farinha sem glúten).

Moore et at. (2004) estudaram a produção de pães sem glúten, com e sem

adição de produtos lácteos. Foi utilizada uma mistura comercial de farinha sem

glúten contendo amido de trigo, sólidos de leite, amido de milho modificado, farinha

de soja, glicose, sal, estabilizante, HPMC, ferro, tiamina, riboflavina e niacina. Para a

produção do pão isento de glúten e sem produtos lácteos, foi utilizada farinha de

arroz integral, farinha de trigo sarraceno, amido de milho e farinha de soja e para o

pão sem glúten com lacticínios, foi utilizado farinha de arroz integral, amido de

batata, amido de milho, farinha de soja, ovo e leite em pó desnatado. Para o volume

específico dos pães, o maior volume foi obtido com a farinha comercial (2,83cm3.g-1),

seguido da sem glúten com produto lácteo (2,08 cm3.g-1) e por último a farinha sem

glúten e sem produto lácteo (1,87 cm3.g-1). Em relação à textura, o pão produzido

com a mistura comercial foi o mais macio, seguido do sem glúten sem produto lácteo

e por último o sem glúten com produto lácteo. De acordo com os autores, a firmeza

significativamente maior no pão sem glúten produzido com adição de produto lácteo

quando comparado ao produzido com a mistura comercial, reflete o maior teor de

proteína na fórmula.

2.3.3 Uso de enzimas na panificação com farinha de arroz

Além dos aditivos citados para uso na panificação sem glúten, têm-se

utilizado também as enzimas. Uma das enzimas mais utilizadas em panificação são

as amilases (GIMÉNEZ et al., 2007; HAROS; ROSELL; BENEDITO, 2002; LEÓN;

DURÁN; BARBER, 2002). Além desta, recentemente vêm sendo introduzidas novas

enzimas na tecnologia de panificação, dentre as quais podemos destacar as

hemicelulases, as glicose-oxidases, as xilanases, as lipases e as proteases (VAN

DER MAAREL et al., 2002). A adição das enzimas em panificação tem como objetivo

melhorar as características reológicas da massa, atuando nas moléculas do amido

ou das proteínas, principalmente, aumentando o volume do pão, a vida útil e

melhorando a estrutura do miolo (POUTANEN, 1997; HASAN, SHAH e HAMEED,

2006).

32

De acordo com Nunes (2008), estudos mostram que, atualmente, as

enzimas são muito usadas na panificação por serem capazes de preservar o frescor

e a cor do miolo do pão, aperfeiçoar propriedades de elasticidade e extensibilidade

da massa, aumentar o volume do pão e, desta forma, aumentar a vida de prateleira

sem comprometer a qualidade do produto final. Recentemente, há avanços no

entendimento da função específica das enzimas existentes no processo de

panificação. Com isso, desenvolveram-se novas enzimas para panificação em forma

pura ou misturas completas de enzimas com outros ingredientes funcionais

(melhoradores de pão).

Segundo Van Dam e Hille (1992), as enzimas para panificação contidas nos

melhoradores de pão são preparados específicos, capazes de produzir os efeitos

tecnológicos desejados na panificação, modificando os ingredientes da massa, como

o amido, as proteínas, a hemicelulose, os açúcares, etc.

As principais razões para a suplementação de farinhas com amilase foram

citadas por Nunes (2008): aumento do nível de açúcares fermentáveis presente na

massa, melhorador da coloração da casca, aroma do pão, capacidade de retenção

de gás na massa, capacidade de retenção de umidade no miolo e envelhecimento

retardado do pão.

Rosell e Marco (2008) relatam que diferentemente da farinha de trigo, a

farinha de arroz não responde à presença de condicionadores de massa ou

enzimas, provavelmente devido a natureza hidrofóbica das proteínas do arroz. No

entanto, estudos recentes têm demonstrado a utilidade de algumas enzimas no

processamento de pão de arroz. GUJRAL et al. (2003) e GUJRAL, HAROS e

ROSELL (2003) verificaram que a adição de ciclodextrina glicosil transferase

favoreceu a produção de pães com miolo mais macio e prolongou a vida de

prateleira.

Outra enzima que tem grande potencial na formulação de pão sem glúten é

a glicose oxidase. Esta enzima modifica a proteína da farinha de arroz através da

diminuição da concentração dos grupos tiol e amino, promovendo a formação de

uma rede protéica através da formação de pontes dissulfídicas inter e

intramoleculares entre as proteínas do arroz (GUJRAL e ROSELL, 2004a).

33

2.3.3.1 Transglutaminase

Um dos objetivos da moderna tecnologia de alimentos é gerar novos

alimentos com características que satisfaçam o consumidor, usando apenas uma

limitada variedade de ingredientes. As proteínas são uma dessas classes de

moléculas que pode ser utilizada para conferir atributos de textura, e a ligação

cruzada e agregação de moléculas de proteína têm sido citada com um dos mais

importantes mecanismos para a estruturação de alimentos com propriedades

mecânicas desejáveis (GERRARD, 2002).

A transglutaminase é uma �-glutamil-transferase que catalisa a reação entre

um grupo �-amino dos resíduos de lisina e um grupo �-carboxiamida nos resíduos de

glutamina e uma variedade de aminas primárias, levando a uma ligação cruzada

covalente das proteínas (MOTOKI e SEGURO, 1998) o que converte proteínas

solúveis em polímeros insolúveis de alto peso molecular (LARRÉ et al., 2000). Essa

conversão faz com que essas proteínas apresentem capacidade de retenção de ar

durante a fermentação, papel semelhante ao desempenhado pelo glúten.

A Fig. 1 exemplifica as reações catalisadas pela transglutaminase.

Primeiramente, a transglutaminase pode catalisar a reação de acil-transferência

entre os grupos �-carboxiamida dos resíduos glutamínicos ligados em proteína ou

peptídeos e aminas primárias (Fig. 1a). Essa reação pode ser usada para introduzir

lisina às proteínas, melhorando assim, o desempenho das proteínas (melhoramento

nutricional). Quando a transglutaminase usa os grupos �-amínicos dos resíduos de

lisina ligados em proteína como receptores de acil, formam-se ligações cruzadas �-

(�-Glu)Lys intermoleculares e intramoleculares (Fig. 1b). Essa reação causa a

ligação cruzada das moléculas de frações dessas matérias. Até agora a maioria das

enzimas industriais, como amilases e proteases, quebram o substrato em pequenos

compostos. Entretanto, a transglutaminase é um tipo diferente de enzima, que cria

moléculas maiores a partir de pequenos substratos protéicos através da reação de

ligação cruzada. Finalmente, quando não há aminas primárias, a água age como acil

receptor e os resíduos de glutamina são desaminados (Fig. 1c).

A transglutaminase da Ajinomoto, derivada de microrganismo

(Streptoverticillium sp.) é apresentada como sendo uma cadeia simples de

polipeptídios, com peso molecular de aproximadamente 38.000 e consistindo de 331

aminoácidos. Um resíduo de cisteína fica alocado no centro ativo da enzima. O

34

grupo SH da cisteína é envolvido na reação catalítica da transglutaminase (Folder

informativo da Ajinomoto).

Figura 1: Reações catalisadas pela transglutaminase

Fonte: Kuraishi, Yamazaki, Susa, 2001.

Existem vários alimentos em que a transglutaminase tem sido empregada

com muito sucesso, tais como frutos do mar, surimi, carne, laticínios, produtos de

panificação, molhos, gelatina e massas. Os efeitos da transglutaminase em laticínios

têm sido extensivamente estudados (KURAISHI, YAMAZAKI e SUSA, 2001) e a

caseína tem demonstrado ser um ótimo substrato para a enzima (DICKINSON e

YAMAMOTO, 1996). Em todos os produtos onde a enzima tem sido utilizada, tem

sido relatado melhora na firmeza, elasticidade, capacidade de retenção de água e

estabilidade ao calor (KURAISHI, YAMAZAKI e SUSA, 2001).

De acordo com Kuraishi, Yamazaki e Susa (2001) as primeiras observações

em relação ao uso de transglutaminase em produtos de panificação foram realizadas

por Gottmann et al. em 1992. Eles encontraram que a estabilidade da massa e o

volume do pão melhoraram com a adição da enzima. A transglutaminase age nas

proteínas do glúten induzindo a formação de polímeros de alto peso molecular,

apesar do baixo teor de lisina nas proteínas do glúten. A formação de ligações

cruzadas reforça a estrutura da rede e modifica a viscoelasticidade do glúten.

Comparado com outros cereais, o arroz tem maior conteúdo de lisina e sua

glutelina tem um perfil de aminoácidos mais balanceado do que a prolamina do trigo,

a qual é deficiente em lisina e triptofano (GUJRAL e ROSELL, 2004a). Renzetti,

35

Bello e Arendt (2008) pesquisaram o efeito da TGase em diferentes farinhas e

encontraram que a farinha de trigo e de arroz foram os melhores substratos para

ação da enzima.

Gujral e Rosell (2004b) e Moore et al. (2006) descrevem que a ligação

cruzada formada após adição de TGase em farinha de arroz, resultou em uma

massa com melhor comportamento elástico e viscoso, o que melhorou a capacidade

de retenção de gás durante o forneamento da massa, resultando em pão com maior

volume específico e força da massa. Segundo Renzetti, Bello e Arendt (2008), um

aumento na resistência a deformação e maior grau de elasticidade ao mesmo tempo

em que a viscosidade inicial aumenta, é indício da formação de uma rede de

proteína e/ou aglomerados de proteína por ligações cruzadas covalentes.

Gujral e Rosell (2004b) verificaram aumento de 46% no volume específico

de pão com farinha de arroz quando foi adicionado 11U de TGase/ g de proteína. No

entanto quando adicionaram maior quantidade, houve uma diminuição no volume. O

mesmo efeito foi observado na dureza do pão, onde quando adicionaram 11U de

TGase houve diminuição na dureza, e maior quantidade da enzima promoveu um

aumento. Marco e Rosell (2008c) não verificaram alteração no volume específico do

pão de farinha de arroz quando a TGase foi adicionada (7,5U/g de proteína). No

entanto houve mudanças no perfil de textura do pão, onde aumentou a dureza e a

mastigabilidade.

Outros experimentos demonstram que essa enzima também apresenta

capacidade de aperfeiçoar a atividade emulsificante (MARCO e ROSELL, 2008a,b) e

capacidade de absorção de água (MARCO e ROSELL, 2008a,b; RENZETTI, BELLO

e ARENDT, 2008) das proteínas dos alimentos. Dessa forma, é possível a utilização

de farinhas alternativas na panificação, assim como, influenciar muitas propriedades

dos alimentos, tais como, textura, viscosidade, solubilidade, emulsificação e

geleificação.

Quando considera-se a adição de transglutaminase na panificação, a adição

de fontes de proteína externas tem sido sugerido para aumentar a quantidade de

resíduos de lisina, que é o fator limitante da reação de ligação cruzada. Algumas

fontes de proteína exógena são a farinha de soja, leite em pó desnatado, ovo em pó

entre outras (ROSELL e MARCO, 2008).

Moore et al. (2006) avaliaram o impacto de proteínas de várias fontes (leite

em pó desnatado, farinha de soja e ovo em pó) combinadas com diferentes níveis de

36

adição de TGase (0; 0,1, 1 e 10 U de TGase/g de proteína) na qualidade de pães

sem glúten elaborados com farinha de arroz, amido de batata, farinha de milho e

goma xantana. Os testes de panificação demonstraram que a TGase teve efeito no

volume especifico do pão, sendo que o leite em pó desnatado com 10U de enzima

obteve a estrutura mais compacta, que refletiu na textura do miolo. Assim, os

autores concluíram que é possível formar rede de proteína em pão sem glúten com

adição de TGase. No entanto, a eficiência da enzima é dependente da fonte e do

nível da concentração da enzima. A formação desta rede de proteína pode melhorar

o volume, as características do miolo, aparência e qualidade geral de pães isentos

de glúten.

Marco e Rosell (2008c) avaliaram a adição de HPMC, isolado protéico de

soja e transglutaminase na formulação de pães de farinha de arroz. Os resultados

demonstraram que a presença de proteína de soja misturada a farinha de arroz

produziu uma diminuição significativa no volume específico do pão (de 2,00 para

1,59 cm3.g-1) e que a adição de HPMC produziu um aumento no volume específico

(de 2,00 para 2,71 cm3.g-1). A presença de transglutaminase não modificou o

volume. Em relação à textura, a adição de HPMC produziu diminuição significativa

na dureza do miolo, mas a adição de proteína de soja aumentou a dureza, assim

como todas as amostras que continham transglutaminase. O pão com proteína de

soja e HPMC também apresentou maior adesividade.

A especificidade da enzima sugere que em misturas de proteínas, certas

proteínas vão reagir mais eficientemente que outras (GERRARD, 2002).

O uso de transglutaminase permite a produção de alimentos protéicos com

maior qualidade nutricional, através da ligação cruzada de diferentes proteínas

contendo aminoácidos complementares (ZHU et al., 1995 apud KURAISHI,

YAMAZAKI, SUSA, 2001). Essa ligação cruzada não reduz a qualidade nutricional

dos alimentos uma vez que a lisina continua disponível para a digestão (SEGURO et

al., 1996).

A incorporação de ligações intra ou inter-moleculares em alimentos

protéicos parece ser viável para o melhoramento das propriedades físicas e de

textura de muitos produtos. Existem procedimentos químicos e enzimáticos para

introduzir ligações cruzadas covalentes em proteínas, porém, devido à origem

natural da enzima e sua alta especificidade pelo substrato, o procedimento

37

enzimático é mais aceitável, por autoridades regulatórias e pelo consumidor

(NUNES, 2008).

38

3 MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizados dois experimentos visando o estudo e a aplicação da

enzima transglutaminase em panificação com farinha de arroz.

A Transglutaminase Activa STG-M (27U/g) utilizada foi cedida pela

Ajinomoto Co. O melhorador de pão utilizado foi da marca Puratos e continha amido

de milho e amilase. Outros ingredientes para produção dos pães foram adquiridos no

comércio local.

A farinha de arroz foi elaborada a partir de grãos descascados e polidos em

engenho de provas e moída em moinho de martelo até um tamanho de partícula

pequeno o suficiente para passar em uma peneira de 70 mesh. Em seguida a

farinha foi envasada em recipientes de vidro e armazenada em ambiente com

temperatura controlada a 17°C.

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Pós-Colheita,

Industrialização e Qualidade de Grãos do Departamento de Ciência e Tecnologia

Agroindustrial – FAEM e no Laboratório de Análise Sensorial do Departamento de

Ciência dos Alimentos, ambos da Universidade Federal de Pelotas.

3.1 Delineamentos Experimentais

3.1.1 Experimento 1 - Aplicação de transglutaminase na panificação com

farinha de arroz de diferentes teores de amilose

O experimento 1 visou a combinação da aplicação de quatro concentrações

de transglutaminase na panificação de farinhas de arroz com três teores de amilose,

segundo o delineamento inteiramente casualisado. Os tratamentos com suas

respectivas avaliações são apresentados na (tab. 1).

Foram utilizadas farinhas das cultivares de arroz Motti, Sasanishiki e IRGA-

417, com teores baixo, médio e alto de amilose, respectivamente, cultivadas na

região Sul do Brasil na safra de 2007/2008.

39

Tabela 1 - Delineamento experimental do Experimento 1

Tratamentos Variáveis Independentes Variáveis Dependentes

Amilose* (%) TGase **

1 0,0

2 0,5

3 1,0

4

Alta

1,5

5 0,0

6 0,5

7 1,0

8

Média

1,5

9 0,0

10 0,5

11 1,0

12

Baixa

1,5

Composição centesimal

Frações da proteína

Capacidade de absorção de água

Parâmetros viscoamilográficos

Panificação

• Textura da massa crua

• Textura do pão

• Volume específico

• Perda de peso ao assar

Análise Sensorial

* Teor de amilose da farinha de arroz

** TGase = %TG em base da farinha

3.1.2 Experimento 2 - Aplicação de transglutaminase e de duas fontes de

proteína (caseína e albumina) na panificação com farinha de arroz de alto teor

de amilose.

O experimento 2 visou a aplicação de transglutaminase e de duas fontes de

proteína (caseína e albumina) na panificação de farinha de arroz com alto teor de

amilose. O estudo constou de 16 tratamentos formados pelas combinações dos

níveis de três variáveis (TGase, Albumina e Caseína) segundo o delineamento

central composto ortogonal com dois pontos centrais (tab. 2).

Foi utilizada farinha da cultivar IRGA-417 (alta amilose), cultivada na região

sul do Brasil na safra de 2007/2008, pois esta foi a que produziu melhores pães no

experimento 1. A caseína (pura) utilizada foi da marca Synth e a albumina da marca

40

Neo Nutri, contendo 80% de proteína e 975mg de sódio /100g do produto comercial

(clara de ovo desidratada e pasteurizada).

Tabela 2 – Definição dos tratamentos do experimento no delineamento central composto ortogonal para três variáveis

Variáveis independentes Variáveis

dependentes

Tratamentos Variáveis

codificadas Variáveis reais

V1 V2 V3 Tgase

(U/g ptn)

Albumina

(g/100g)

Caseína

(g/100g)

1 -1 -1 -1 1,35 0,67 0,67

2 -1 -1 +1 1,35 0,67 5,32

3 -1 +1 -1 1,35 5,32 0,67

4 -1 +1 +1 1,35 5,32 5,32

5 +1 -1 -1 10,65 0,67 0,67

6 +1 -1 +1 10,65 0,67 5,32

7 +1 +1 -1 10,65 5,32 0,67

8 +1 +1 +1 10,65 5,32 5,32

9* 0 0 0 6 3 3

10* 0 0 0 6 3 3

11 - � 0 0 0 3 3

12 +� 0 0 12 3 3

13 0 -� 0 6 0 3

14 0 +� 0 6 6 3

15 0 0 -� 6 3 0

16 0 0 +� 6 3 6

Frações da proteína

Capacidade de

absorção de água

Parâmetros

viscoamilográficos

Panificação

• Textura da

massa crua

• Textura do pão

• Volume

específico

• Perda de peso

ao assar

* Pontos centrais; ptn = proteína TGase = transglutaminase

41

3.2 Elaboração dos pães

Os pães foram elaborados de acordo com as especificações descritas nas

tab. 3 (experimento 1) e tab. 4 (experimento 2). A quantidade de água adicionada a

cada farinha foi determinada através de testes preliminares, onde se verificou a

textura da massa e o volume dos pães.

Tabela 3 - Formulação dos pães com farinha de arroz de alta, média e baixa amilose.

Amilose Ingrediente Alta Média Baixa

Farinha de Arroz (g) 100 100 100 Açúcar (%)* 5 5 5 Sal (%) 3 3 3 Fermento (%) 3 3 3 Óleo de soja (%) 3 3 3 Melhorador (%) 3 3 3 Goma Xantana (%) 1 1 1 TGase (%) 0; 0,5; 1,0 e 1,5 0; 0,5; 1,0 e 1,5 0; 0,5; 1,0 e 1,5 Água (mL) 130 120 80 TGase = transglutaminase * Percentual em relação ao peso da farinha

Para o produção dos pães do experimento 1, foi preparada uma pré-mistura

de 10g da farinha em 55mL da água, que foi levada ao fogo até gelatinizar o amido

formando uma pasta (MACHADO, 1996). Após o resfriamento da pasta, esta foi

adicionada ao restante dos ingredientes. No experimento 2 todos os ingredientes

foram adicionados de uma só vez.

A massa foi batida em batedeira planetária durante 10 minutos em

velocidade média e foi colocada em formas de 7cm de largura, 14cm de

comprimento e 4,3cm de altura, mantidas em estufa a 38°C por 90 minutos para

fermentação e assadas em forno a 200°C por aproximadamente 40 minutos. Após

foram desenformadas e resfriadas por uma hora antes das avaliações.

42

Tabela 4 - Formulação dos pães do experimento 2

Tratamentos Ingredientes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Farinha arroz (g) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Albumina (%)* 0,84 0,84 6,65 6,65 0,84 0,84 6,65 6,65 3,75 3,75 3,75 3,75 0 7,50 3,75 3,75

Caseína (%) 0,67 5,32 0,67 5,32 0,67 5,32 0,67 5,32 3 3 3 3 3 3 0 6

Açúcar (%) 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5

Sal (%) 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

Fermento (%) 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

Melhorador (%) 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

Óleo de soja (%) 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

Goma Xantana (%) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

TGase (g)** 0,43 0,67 0,67 0,90 3,42 5,26 5,26 7,09 2,96 2,96 0 5,93 2,30 3,63 2,30 3,63

Água (mL) 115 115 115 115 115 115 115 115 115 115 115 115 115 115 115 115

*A quantidade de albumina foi ajustada em cada tratamento para obter a quantidade de proteína descrita no delineamento, uma vez que o produto não é puro (80% de proteína); **A quantidade de TGase (transglutaminase) descrita na tabela foi calculada para se obter a quantidade do produto a ser adicionado a fim de atingir o proposto no delineamento. Percentual em relação ao peso da farinha.

43

3.3 Métodos analíticos

3.3.1 Composição centesimal das farinhas

Foi determinada a composição centesimal das farinhas. O conteúdo de

umidade foi determinado em estufa a 105°C por 24 horas. O teor de nitrogênio total

foi determinado pelo método n° 46-13 da AACC (1995) e o teor de proteína bruta

obtida pelo uso do fator 5,95 para conversão de nitrogênio em proteína. O teor de

cinzas foi determinado de acordo com a AACC (1995), método n° 08-01, usando

temperatura de 600°C até peso constante. O teor de lipídios foi determinado de

acordo com a AOAC (1995) em extrator tipo Soxhlet. Os carboidratos foram

calculados pela diferença dos demais componentes. O Teor de amilose foi

determinado pelo método de Martinez e Cuevas (1989).

3.3.2 Quantificação das frações de proteína

A quantificação das frações da proteína foram obtidas seguindo extração

sequencial com diferentes solventes de acordo com método descrito por Marco et al.

(2008) com modificações. A massa foi preparada misturando-se 2g de farinha com

2mL de água destilada. A transglutaminase foi adicionada conforme o delineamento

apresentado (tab. 1 e 2).

A extração da fração albumina/globulina foi conduzida adicionando-se 10mL

de NaCl 5% na massa. A suspensão foi homogeneizada por 5 minutos em agitador e

centrifugada por 10 minutos a 3000rpm. O sobrenadante contendo a fração

albumina/globulina foi retirado e a operação repetida para melhor extração. A fração

solúvel em álcool (prolamina) foi extraída adicionando-se 10mL de 1-propanol 50%,

seguindo o mesmo processo anterior. A fração de glutelina, solúvel em SDS (sódio-

dodecil-sulfato) foi extraída utilizando 10mL de NaOH 0,1N contendo SDS 0,5% e �-

mercaptoetanol a 0,6%, seguindo o mesmo protocolo.

O teor de nitrogênio nos sobrenadantes foi determinado pelo método de

micro-kjeldahl, utilizando-se o fator de 5,95 para conversão do nitrogênio em

proteína (método n° 46-13 da AACC, 1995) e o teor de proteína no resíduo final foi

quantificado por diferença.

44

3.3.3 Capacidade de absorção de água

A capacidade de absorção de água (CAA) das farinhas dos tratamentos,

dos experimentos 1 e 2, foram determinadas segundo o método de Glória e

Regitano Dárce (2000), onde foi adicionado 5mL de água em 1g de amostra em um

tubo de centrífuga previamente pesado. A mistura foi agitada por 1 minuto e deixada

em repouso por 30 minutos em temperatura ambiente. Em seguida foi centrifugada

por 30 minutos a 2600rpm. A água sobrenadante foi descartada e o tubo com o

resíduo foi pesado. O cálculo foi realizado da seguinte forma:

CAA (%) = Peso (g) Farinha úmida x 100

Peso (g) Farinha seca

3.3.4 Características viscoamilográficas

As características viscoamilográficas das farinhas foram avaliadas pelo RVA

“Rapid Visco Analyser“ (modelo RVA-4, Newport Scientific, Austrália), utilizando o

método Newport Scientific Rice Profile, onde foram pesados 3,0 g de amostra

corrigida para 12% de umidade. O software Thermocline for Windows, versão 2.0 foi

utilizado para análise dos resultados. Os parâmetros avaliados foram temperatura e

tempo de início de formação de pasta, pico de viscosidade, quebra da viscosidade,

viscosidade final e capacidade de retrogradação.

3.3.5 Textura da massa

Para avaliar o efeito da TGase na textura da massa de farinhas de arroz foi

feita uma mistura utilizando apenas a farinha, a transglutaminase (nas diferentes

concentrações), a albumina e caseína (experimento 2) e a água (conforme as

formulações dos pães).

A textura da massa foi avaliada em um analisador de textura TA.XTplus

através do teste de perfil de textura (TPA) proposto por Marco e Rosell (2008b) com

modificações. A massa crua foi colocada em placas de petri de 50mm de diâmetro e

mantidas em descanso por 10 minutos. A amostra foi comprimida com um probe

cilíndrico de 45mm de diâmetro, a 60% em uma velocidade de 2mm.s-1 com tempo

45

entre compressões de 75 segundos. Primeiro foi realizado uma avaliação utilizando

um plástico sobre a amostra para evitar a distorção causada pelo pico negativo da

adesividade. Um segundo teste foi realizado sem o plástico para utilizar apenas o

valor da adesividade.

3.3.6 Avaliação dos pães

Os pães assados foram pesados e o volume foi determinado pelo método

de deslocamento de sementes de painço, sendo o volume de sementes deslocadas

medidas em uma proveta em mL (PIZZINATTO e CAMPAGNOLLI, 1993). O volume

específico foi verificado pela razão entre o volume e o peso do pão assado (cm3.g-1).

O percentual de perda de peso no forneamento foi calculado em relação ao peso da

massa crua e do pão assado.

No experimento 1, a textura do miolo foi determinada através de um

analisador de textura TA.XTplus utilizando o método padrão da AACC (74-09), onde

um probe cilíndrico de 36mm comprimiu a amostra em 40% do tamanho original, a

uma velocidade de 1,7mm.s-1. Obtendo, assim, os parâmetros de firmeza (g), dureza

(g) e adesividade (g). Para a análise foram utilizadas três fatias de 25mm de

espessura.

A textura do miolo no experimento 2, foi determinada no mesmo

equipamento utilizando o método TPA (textural profile analysis) e um probe cilíndrico

de 20mm seguindo as seguintes especificações do teste:

• Velocidade pré-teste: 2 mm.s-1

• Velocidade do teste: 5 mm.s-1

• Velocidade pós-teste: 5 mm.s-1

• Compressão: 40%

• Tempo entre compressões: 5 s

• Trigger force: 20g

Para esta análise foram utilizadas fatias dos pães com 1,25cm de

espessura. Os pães do experimento 2 também foram avaliados quanto a sua textura

após 24 e 48 horas.

46

3.4 Análise sensorial

A análise sensorial foi realizada no experimento 1. Foi selecionada uma

equipe de julgadores, onde foi aplicado um questionário de recrutamento a 20

candidatos, dos quais foram selecionadas 12 pessoas para serem treinadas. Os

julgadores realizaram a análise em mesa redonda para o levantamento dos termos

descritores sensoriais dos pães de arroz e após entrarem em consenso foram

definidos os atributos. Após a definição dos termos, foi estimulado aos julgadores

conceituarem cada termo e, para tanto, foram apresentadas as amostras de

referência para elaboração das escalas e ficha de avaliação. As amostras de

referência representavam os extremos (mínimo e máximo) das escalas. Após esta

etapa de treinamento os julgadores iniciaram a avaliação, em cabines individuais,

utilizando a ficha elaborada com as escalas de intensidade para os termos definidos

com a percepção dos atributos descritos. Quando não houve mais diferença

estatística na percepção dos atributos pelos julgadores, se definiu o término do

treinamento para iniciar a análise das amostras (ISO, 1992).

As avaliações foram realizadas no Laboratório de Análise Sensorial do

Departamento de Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Pelotas. O

Método Descritivo foi empregado através do teste de Análise Descritiva Quantitativa

(MEILGARRD, et al., 1991). As amostras foram preparadas no dia da avaliação e

codificadas com algarismos de três dígitos, diferentemente a cada dia de avaliação e

apresentadas em blocos incompletos. Para as avaliações dos atributos foi utilizada

escala não estruturada de 9cm, ancoradas nos pontos extremos com termos que

indicaram a intensidade do atributo, sendo a esquerda a menor intensidade do

estímulo ou a característica indesejada para a amostra de pão. O período de

treinamento e de avaliação foi de um mês, com duas sessões por semana.

3.5 Análise estatística

Para a análise estatística do experimento 1, os dados referentes as três

farinhas com quatro níveis de TGase foram submetidos a análise da variância

segundo modelo bifatorial no delineamento inteiramente casualisado com três

repetições e submetidas ao teste F a 5% de probabilidade de erro. As médias entre

47

os tipos de farinha e com a adição da enzima TGase foram comparadas pelo teste

de Tukey. Foi ainda realizada a análise de correlação de Pearson.

Os resultados da análise sensorial foram analisados pelo teste de Kruskal-

Wallis e respectivo teste de comparações múltiplas de médias dos postos (SPRENT

e SMEETON, 2007).

Para a análise estatística dos dados do experimento 2, foi ajustada uma

equação linear múltipla dos efeitos principais (lineares e quadráticos) e das

interações lineares simples ou seja, uma superfície de respostas tridimensional. As

hipóteses de nulidade dos efeitos da equação foram testadas pelo teste t a 5% de

probabilidade. Dependendo das significâncias das interações, a equação foi

reduzida para uma superfície de resposta bidimensional. Os resultados das

equações foram representados por gráficos de acordo com as significâncias.

Para os dois experimentos, o programa estatístico utilizado foi o SAEG

(2007).

48

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Experimento 1 – Aplicação de transglutaminase na panificação com farinha

de arroz de diferentes teores de amilose

4.1.1 Composição centesimal da farinha de arroz

As farinhas de arroz foram caracterizadas quanto a sua composição

centesimal conforme apresentado na tab. 5. O teor de proteína encontrado está de

acordo com a variação citada na literatura, entre 4,3 a 18,2% (COFFMAN e

JULIANO, 1987), sendo o segundo constituinte mais abundante no arroz (ROSELL

et al., 2007). Da mesma forma, o conteúdo de cinza, lipídios e carboidratos se

encontram dentro das variações normais para este grão (COFFMAN e JULIANO,

1987; JULIANO e FAO, 1993). Em relação ao teor de amilose, de acordo com a

classificação proposta por Juliano e FAO (1993) e Coffman e Juliano (1987), a

cultivar IRGA-417 classifica-se como alto teor, a cultivar Sasanishiki como

intermediário e a cultivar Motti como muito baixo.

Tabela 5 - Composição centesimal (média e desvio padrão) da das farinhas de arroz de alta, média e baixa amilose Composição (%) Farinha

IRGA-417 Sasanishiki Motti

Umidade 12,9 ± 0,1 13,4 ± 0,1 13,5 ± 0,1

Cinza 0,8 ± 0,1 0,4 ± 0,1 0,3 ± 0,1

Lipídio 0,6 ± 0,1 0,7 ± 0,0 0,6 ± 0,1

Proteína 7,3 ± 0,2 5,7 ±0,3 7,0 ± 0,1

Carboidrato 91,3 ± 0,2 93,2 ± 0,3 92,1 ± 0,2

Amilose 31,6 ± 0,76 23,4 ± 0,16 6,9 ± 0,97

4.1.2 Quantificação das frações da proteína

A quantificação de cada fração da proteína permite avaliar o grau de

modificação que a enzima provoca. No arroz a relação entre

albuminas:globulinas:prolaminas:glutelinas tem sido estimada em 0,9-9,9 : 1,4-19,9 :

0,4-10,3 : 61,8-91,0 (ROSELL et al., 2007). Na tab. 6 estão os resultados da análise

49

de variância das frações da proteína das diferentes farinhas. Conforme estes

resultados, tanto o tipo de farinha como as adições da enzima transglutaminase,

influenciaram significativamente a proporção de cada fração da proteína, sendo que

o efeito da enzima mostrou-se diferente para cada farinha (interação Farinha x

TGase significativa). A glutelina é a maior fração protéica no arroz, apresentando em

média, 68,7%, estando de acordo com outros pesquisadores (MARCO et al., 2008;

JU, HETTIARACHCHY, BATH, 2001; GORINSTEIN et al., 1999). Villareal e Juliano

(1978) encontraram variação de 77 a 94% no conteúdo de glutelina extraído de 14

cultivares de arroz com teor de proteína variando de 5,2 a 11,9%, e correlação

positiva entre o teor de proteína e glutelina. O resíduo final, ou seja, a proteína que

não foi solúvel em nenhuma das soluções utilizadas, foi a segunda fração mais

representativa (17,3%), seguida da fração de albumina/globulina (10,9%) e por

último a prolamina (3,2%).

Tabela 6 - Análise da variação com graus de liberdade (GL) e quadrado médio para as fontes de variação Farinha (alta, média e baixa amilose), Transglutaminase (TGase) e interação Farinha x TGase para diferentes frações da proteína (%) do arroz e coeficiente de variação (CV)

Farinha (F) TGase F x

TGase Resíduo

Fração da

proteína (%) (GL=2) (GL=3) (GL=6) (GL=14) Média** CV (%)

Albumina/

Globulina 50,88* 3,19* 1,38* 0,16 10,9 2,3

Prolamina 40,47* 2,10* 0,87* 0,09 3,2 2,0

Glutelina 225,40* 27,17* 16,08* 1,43 68,7 5,3

Resíduo final 473,77* 15,24* 22,84* 2,58 17,3 7,1

* Significativo pelo teste F em nível de 5% de probabilidade de erro; ** Conteúdo médio entre todas as farinhas e todas adições de TGase

No entanto, segundo Rosell et al. (2007) a relação entre as frações pode

variar consideravelmente dependendo da variedade do arroz, conforme se pode

observar na Fig. 2, onde são apresentados os resultados das frações de proteína

nas diferentes farinhas analisadas. A tabela com a estatística encontra-se nos

apêndices (Tab. 1). A glutelina representa 75,4%, 63,1% e 65,2% do total de

proteína nas farinhas de baixa, média e alta amilose, respectivamente. A fração de

50

albumina/globulina também varia, sendo que a farinha de média amilose apresenta

maior proporção (13,3%). A farinha de alta amilose é a que apresenta menor

proporção de prolamina (0,1% do total), por outro lado, é a que apresenta maior teor

de resíduo final (26,2%).

Figura 2 - Frações (%) da proteína de farinha de arroz de alta, média e baixa amilose modificadas pela adição de transglutaminase (TGase) em diferentes quantidades.

A adição de TGase na farinha de arroz de alta amilose ocasionou um

aumento significativo na fração de prolamina quando 1% da enzima foi adicionado, a

qual diminui quando maior quantidade foi adicionada. As outras frações não foram

modificadas significativamente.

A farinha de média amilose teve suas frações de proteína mais

influenciadas pela adição de transglutaminase do que as de alta e baixa amilose. A

fração de prolamina também aumentou significativamente quando foi adicionado

1,0% da enzima e a fração de glutelina aumentou quando 1,5% da enzima foi

adicionada. Já o resíduo final diminuiu quando 1,5% de transglutaminase foi

adicionado.

8,60,1

65,2

26,2

7,50,2

66,5

25,9

8,52,2

67,0

23,0

8,00,2

68,7

22,6

13,3

3,1

63,1

20,6

12,7

4,0

63,8

19,5

13,0

5,1

60,3

22,2

13,6

3,5

71,0

11,5

10,4

5,3

75,4

9,0

10,9

5,0

77,4

6,5

13,8

4,8

71,5

9,8

10,6

4,7

74,1

11,3

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Alta 0%

Alta 0,5%

Alta 1,0%

Alta 1,5%

Média 0%

Média 0,5%

Média 1,0%

Média 1,5%

Baixa 0%

Baixa 0,5%

Baixa 1,0%

Baixa 1,5%

Albumina/Globulina Prolamina Glutelina Resíduo final

51

Na farinha de baixa amilose, a fração de albumina/globulina aumentou

quando foi adicionado 1,0% de transglutaminase, e a fração de glutelina aumentou

quando foi adicionado 0,5% de enzima, diminuindo quando foi adicionado 1,0%.

De acordo com Mujoo e Ng (2003) a TGase induz a ligação cruzada

principalmente na fração de glutelina de alto peso molecular, mais do que em outras

proteínas presentes na farinha de trigo. Em pesquisada realizada por Marco et al.

(2008), onde foi adicionado 1% de TGase à farinha de arroz, encontraram

diminuição na fração de albumina/globulina e aumento no resíduo final, sendo esses

resultados diferentes dos encontrados nesta pesquisa, provavelmente por ser uma

cultivar diferente, sendo assim, além das frações da proteína estarem distribuídas de

forma distinta entre diferentes cultivares, a ação da TGase também acontece de

forma distinta.

Uma vez que a TGase atua ligando resíduos de lisina e ácido glutâmico, a

fração que tem maior substrato de lisina para promover a ligação cruzada é

albumina, seguido das glutelinas, globulinas e prolaminas. Os aminoácidos

essenciais mais abundantes na proteína do arroz são: ácido glutâmico, ácido

aspártico, leucina e arginina, seguidos de alanina, valina, fenilalanina e serina

(ROSELL et al., 2007).

4.1.3 Capacidade de absorção de água e características viscoamilográficas das

farinhas

A tab. 7 apresenta os resultados da análise de variância para a capacidade

de absorção de água e para as características viscoamilográficas.

A capacidade de absorção de água das farinhas é uma medida importante

na panificação que interfere em atributos de qualidade do produto final, tais como

textura, volume e vida de prateleira. O valor médio da capacidade de absorção de

água foi de 234,6% com coeficiente de variação de 1,41%. Tanto o tipo de farinha

como as quantidades de enzima adicionada influenciaram significativamente essa

medida de forma isolada, isto é, as diferenças entre farinhas não estão relacionadas

com as diferenças entre as concentrações de transglutaminase (interação não

significativa).

52

Tabela 7 - Análise da variação com graus de liberdade (GL) e quadrado médio para as fontes de variação Farinha (alta, média e baixa amilose), Transglutaminase (TGase) e interação Farinha x TGase, média e coeficiente de variação (CV) para capacidade de absorção de água (CAA) e características viscoamilográficas das farinhas de arroz Farinha

(F) TGase

F x

TGase Resíduo

Característica

avaliada (GL=2) (GL=3) (GL=6) (GL=14)

Média

** CV (%)

CAA (%) 2607,73* 56,62* 25,78 11,02 234,6 1,41

Temperatura de

pasta (oC) 89,8* 3,7* 0,6 0,6 66,2 1,1

Tempo de pasta

(min.) 12,9* 0,02* 0,01 0,006 5,3 1,5

Pico de viscosidade

(RVU) 3033,6* 1318,5* 197,8* 37,0 262,9 2,3

Quebra (RVU) 9360,5* 227,1* 27,4 14,6 76,8 5,0

Viscosidade final

(RVU) 178261,4* 717,6* 332,4* 57,2 324,4 2,3

Retrogradação

(RVU) 81771,8* 40,9 171,4* 41,7 138,2 4,7

* Significativo pelo teste F em nível de 5% de probabilidade; ** Conteúdo médio entre todas as farinhas e todas adições de TGase

A capacidade de absorção de água foi significativamente diferente entre as

três farinhas. A farinha de alta amilose foi a que apresentou maior capacidade de

absorção de água (249,9%), seguida pela de média amilose (238,6%) e após de

baixa amilose (211,1%). De acordo com Singh et al. (2003), a propriedade de

inchamento do amido é controlada, em parte, pela estrutura molecular da

amilopectina (comprimento de cadeia, extensão de ramificação, peso molecular),

composição do amido (proporção amilose:amilopectina e conteúdo de fósforo) e

arquitetura granular (proporção de regiões cristalinas e amorfas). As diferenças na

absorção de água entre as farinhas puderam ser observadas no preparo da massa

dos pães, onde na massa do pão com farinha de alta amilose foi adicionado mais

água que na farinha de média e baixa amilose, para se obter a mesma consistência.

53

Na Fig. 3 pode-se observar as diferenças na capacidade de absorção de

água entre as diferentes farinhas e com a adição de transglutaminase. Os resultados

com as estatísticas encontram-se nos apêndices (tab. 2). A transglutaminase

influenciou significativamente (p<0,05) a capacidade de absorção de água das

farinhas de baixa e média amilose e não modificou esta variável na farinha de alta

amilose. A farinha de média amilose apresentou maior capacidade de absorção de

água quando 0,5 e 1,0% de transglutaminase foi adicionada. A capacidade de

absorção de água da farinha de baixa amilose aumentou quando 1,0% foi

adicionado, não havendo maior incremento com maiores concentrações da enzima.

Renzetti, Bello e Arendt (2008) verificaram aumento na habilidade das proteínas em

reterem água com a adição da enzima transglutaminase, o que, de acordo com

Gerrard et al. (1998), pode ser explicado como um resultado da desaminação dos

resíduos de glutamina em ácido glutâmico, o que diminui o ambiente hidrofóbico. Por

outro lado, a rede de proteína mais forte resultante da ligação cruzada da proteína,

tem melhorado a capacidade de reter água (LORENZEN et al., 2002). Sendo assim,

ambas, desaminação e a ligação cruzada estão envolvidas no aumento da

capacidade de reter água.

Figura 3 - Capacidade de absorção de água (CAA) de farinha de arroz de alta,

média e baixa amilose com adição de transglutaminase.

*Médias seguidas por letras diferentes, para cada tipo de farinha, diferem pelo teste de Tukey

(p<0,05)

aa

aa

babab

aaabb

190

200

210

220

230

240

250

260

270

0 0,5 1 1,5

TGase (%)

CA

A (%

)

Alta Média Baixa

54

O amido é considerado o constituinte mais importante do arroz em termos

de comportamento de pasta e funcionalidade. Os principais fatores que influenciam

as propriedades reológicas do gel de arroz são a estrutura e componentes do

grânulo (proteína e lipídios), a proporção amilose:amilopectina e as características

das moléculas de amilose e amilopectina, como distribuição e peso molecular, grau

e comprimento de ramificações e conformação. Além disso, estas variações também

podem ser devido a diferenças na estrutura morfológica dos grânulos (SINGH et al,

2003).

A Fig. 4 representa o comportamento viscoamilográfico das farinhas de

arroz com diferentes teores de amilose e com adição de transglutaminase. Os

resultados com a estatística estão nos apêndices (tab. 3).

Figura 4 - Perfil viscoamilográfico de farinhas de arroz com diferentes teores de

amilose e transglutaminase

A temperatura e tempo de início de formação de pasta, pico de viscosidade,

quebra da viscosidade e viscosidade final foram significativamente influenciadas pelo

tipo de farinha e pela transglutaminase isoladamente, e a retrogradação foi

influenciada apenas pelo teor de amilose da farinha (tab. 7). A interação entre

farinha e transglutaminase foi significativa apenas para o pico de viscosidade,

Média 1, 0% Média 1, 5%

Média 0, 5%

Média 0%

Baixa 1, 5%

Baixa 1, 0% Baixa 0, 5%

Baixa 0%

Alta 1,5%

Alta 0,5% Alta 1,0%

Alta 0%

55

viscosidade final e a retrogradação, significando que o comportamento da enzima é

distinto para cada farinha.

A temperatura e tempo de pasta, pico de viscosidade, viscosidade final e

retrogradação foram maiores para a farinha de alta amilose diminuindo

significativamente com a diminuição do teor de amilose, enquanto que a quebra da

viscosidade aumentou. Nishita e Bean (1979) também descrevem a mesma

diferença no comportamento de pasta entre farinhas de arroz com diferentes teores

de amilose, assim como Zhong et al. (2009), quando isolou amido de arroz de

diferentes teores de amilose. De acordo com Franco et al. (2002), o aumento no teor

de amilose acarreta em aumento na temperatura de empastamento dos amidos e

aumento da viscosidade final.

Segundo Rosell et al. (2007), as propriedades de gelatinização influenciam

nos processos de panificação, sendo assim, é necessária uma adequada seleção da

variedade de arroz que se utiliza para a obtenção da farinha. Em geral, as

variedades de grãos longos têm maior conteúdo de amilose e temperatura de

gelatinização, além de maior tendência a retrogradar ou cristalizar que as variedades

de grão curto e médio. Ao contrário, farinhas provenientes de arroz ceroso que

contém pouca amilose (menos de 0,56%), gelatinizam a temperaturas baixas e

apresentam menor retrogradação e, por isso, são resistentes a sinérese durante o

armazenamento e congelamento.

Conforme observa-se na Fig.4, a adição de transglutaminase aumentou o

pico de viscosidade das três farinhas e aumentou a quebra da viscosidade e

viscosidade final e diminuiu a retrogradação das farinhas de média e baixa amilose.

Collar e Bollaín (2004) relataram uma progressiva diminuição no pico da viscosidade

e viscosidade final em farinha de trigo com o aumento do nível de transglutaminase

acima de 0,5%. Renzetti, Bello e Arendt (2008), avaliaram a viscosidade inicial da

massa de farinha de arroz integral adicionada de TGase e encontraram aumento.

Por outro lado, Marco e Rosell (2008a) não encontraram diferença significativa nos

parâmetros de RVA de farinha de arroz com mistura de isolados protéicos quando a

transglutaminase foi adicionada. A diferente natureza das proteínas dos cereais é o

grande responsável por este comportamento distinto frente a adição de

transglutaminase.

56

4.1.4 Textura da massa dos pães

A textura da massa de pão crua, formulada com farinhas de diferentes

teores de amilose e com adição de transglutaminase, foi avaliada através do perfil de

textura. A tab. 8 apresenta os resultados da análise de variância para a textura da

massa dos pães. As medidas de dureza, adesividade, coesividade e gomosidade

foram influenciadas significativamente pelo tipo de farinha e pela transglutaminase,

porém a resposta provocada pela enzima é diferente para cada farinha. A

flexibilidade não foi modificada nem pelo tipo de farinha nem pela adição de

transglutaminase.

Tabela 8 - Análise da variação com graus de liberdade (GL) e quadrado médio para as fontes de variação Farinha (alta, média e baixa amilose), Transglutaminase (TGase) e interação Farinha x TGase para textura da massa crua do pão, média e coeficiente de variação (CV) Farinha (F) TGase F x TGase Resíduo

Característica

avaliada (GL=2) (GL=3) (GL=6) (GL=14)

Média

**

CV

(%)

Dureza (g) 5636974,0* 462895,2* 320974,2* 2647,34 2184,8 2,35

Adesividade

(g.s-1)

24377730,0* 524817,1* 110142,7* 2553,18 -3907,6 1,29

Flexibilidade

(mm)

0,000011 0,00019 0,00026 0,00017 1,00 1,31

Coesividade 0,003* 0,0016* 0,0014* 0,00031 0,12 14,50

Gomosidade

(g)

59229,76* 4063,08* 2914,88* 195,89 241,6 5,79

* Significativo pelo teste F em nível de 5% de probabilidade de erro; ** Conteúdo médio entre todas as farinhas e todas adições de TGase

Na Fig. 5 pode-se observar os resultado da análise do perfil de textura da

massa de pão com diferentes teores de amilose e transglutaminase. Os resultados

com a estatística podem sem observados nos apêndices (tab. 4).

A massa formulada com a farinha de média amilose foi a que apresentou

maior dureza, diferindo significativamente das farinhas de alta e baixa amilose, as

quais apresentaram dureza igual (Fig. 5A). Uma explicação para este

comportamento pode estar relacionada ao teor de proteína das farinhas, que é

57

menor na de média amilose, sendo assim, menos água é absorvida e mais dura é a

massa. Armero e Collar (1997) descrevem que diferenças na dureza da massa

podem ser atribuídas à composição da proteína.

Figura 5: Textura da massa crua de pães de farinha de arroz com diferentes teores

de amilose (alta, média e baixa) e transglutaminase. *Médias seguidas por letras diferentes, para cada tipo de farinha, diferem pelo teste de Tukey (p<0,05)

Na tab. 9 pode-se observar o resultado da análise de correlação entre as

características da farinha e as características da massa dos pães formulados sem a

adição de transglutaminase, com isso se tem o efeito do tipo de farinha (teor de

amilose). Conforme esses resultados, a dureza da massa não apresentou correlação

com nenhuma das características viscoamilográficas nem com a capacidade de

absorção de água e com o teor de amilose.

abbb

b

a a

b

b

cd

a

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

0 0,5 1 1,5

TGase (%)

Du

reza

(g

)

alta media baixa

bb-ac

cababc

cba

d

-7000

-6000

-5000

-4000

-3000

-2000

-1000

00 0,5 1 1,5

TGase (%)

Ad

esiv

idad

e (g

.s-1

)

alta media baixa

aa

aa

aa

aa

b

b

a

b

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

0 0,5 1 1,5

TGase (%)

Co

esiv

idad

e

alta media baixa

ba a

a

a a a

b

b

b

a

b

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

400,0

0 0,5 1 1,5

TGase (%)

Go

mo

sid

ade

(g)

alta media baixa

A C

B D

58

Tabela 9 – Coeficientes de correlação de Pearson (r) das características da farinha com as características da massa de pão produzido com farinha de arroz de diferentes teores de amilose sem adição de transglutaminase

Características da massa e CAA Características

da farinha Teor de

amilose CAA Dureza Ade Flex Coes Gom

Teor de amilose 1,0000 0,9788** 0,3684 -0,7502** -0,6967* -0,9109** 0,0161

CAA 0,9788** 1,0000 0,4746 -0,8008* -0,6195 -0,9109** 0,1666

Pico de

viscosidade 0,9503** 0,9290** 0,4879 -0,7996* -0,6751* -0,8562** 0,1946

Quebra -0,7392* -0,6884* 0,2701 0,1802 0,4137 0,5636 0,5807

Viscosidade final 0,9691** 0,9368** 0,2139 -0,6235 -0,6416 -0,8548** -0,1241

Retrogradação 0,9856** 0,9585** 0,2965 -0,6881* -0,6667 -0,8914** -0,0383

* p<0,05; ** p<0,01. CAA (capacidade de absorção de água); Ade (adesividade); Flex (flexibilidade); Coes (coesividade); Gom (gomosidade)

A adição de TGase aumentou a dureza da massa, sendo que o ponto

máximo para cada farinha foi encontrado em diferentes concentrações da enzima.

Para a farinha de alta amilose a dureza aumentou quando 1,5% de TGase foi

adicionada, já para a farinha de média e baixa amilose apenas 0,5% de TGase já foi

suficiente para provocar um aumento na dureza, e maiores concentrações

provocaram diminuição. De acordo com Marco e Rosell (2008b), a adição de maior

quantidade de enzima talvez forme ligações cruzadas muito forte das proteínas,

sendo assim, não conseguem se ligar à água. Resultados semelhantes foram

encontrados por Gujral e Rosell (2004b), que encontraram maior consistência na

massa (medida em farinógrafo) com o aumento da concentração de TGase.

Segundo estes pesquisadores, esse aumento indica que mais água esta

sendo ligada pelas proteínas modificadas na estrutura da massa. Marco e Rosell

(2008b) encontraram que a adição de TGase promoveu um aumento na dureza da

massa o que pode ser explicado pelo aumento no peso molecular das proteínas

resultantes da ligação cruzada. Bonet, Blaszczak e Rosell (2006) avaliaram o efeito

da TGase na farinha de trigo com adição de soja e encontraram aumento na dureza

da massa, justificando que este aumento é resultado, tanto da ligação cruzada entre

as proteínas da soja ou do trigo separadamente ou pela formação de ligações

covalentes entre as proteínas da soja e do trigo.

Nas tab. 10, 11 e 12 estão apresentados os resultados da análise de

correlação entre as características da farinha e as características da massa dos

59

pães para as farinhas de alta, média e baixa amilose, respectivamente, com adição

de transglutaminase, sendo assim, os resultados desta análise levam em

consideração o efeito da enzima para cada farinha.

Tabela 10 - Coeficientes de correlação de Pearson (r) das características da farinha com as características da massa de pão produzido com farinha de arroz de alta amilose e transglutaminase

Características da massa e CAA Características

da farinha CAA Dureza Ade Flex Coes Gom

CAA 1,0000 0,0253 -0,2398 0,1605 -0,7616** -0,1659

Pico de

viscosidade 0,0637 0,2754 -0,9673** 0,5911 -0,1511 0,7902*

Quebra 0,3261 -0,2455 -0,7795** 0,5657 -0,4255 0,2337

Viscosidade

final 0,2472 -0,1787 -0,8487** 0,5071 -0,3659 0,2829

Retrogradação 0,3727 -0,6191* -0,1308 0,0571 -0,4466 -0,5355

* p<0,05; ** p<0,01. CAA (capacidade de absorção de água); Ade (adesividade); Flex (flexibilidade); Coes (coesividade); Gom (gomosidade)

Tabela 11 - Coeficientes de correlação de Pearson (r) das características da farinha com as características da massa de pão produzido com farinha de arroz de média amilose e transglutaminase

Características da massa e CAA Características

da farinha CAA Dureza Ade Flex Coes Gom

CAA 1,000 0,7159** -0,7056** 0,1909 -0,4686 0,3241

Pico de

viscosidade 0,4538 0,6592* -0,1231 0,0290 -0,0338 0,2158

Quebra 0,7424** 0,6330* -0,4094 0,4236 -0,4374 0,2058

Viscosidade

final 0,2059 0,4415 0,1766 -0,0484 0,1311 0,0031

Retrogradação 0,1780 0,1701 0,4041 0,2607 -0,0170 -0,3668 Correlação de Pearson;* p<0,05; ** p<0,01. CAA (capacidade de absorção de água); Ade (adesividade); Flex (flexibilidade); Coes (coesividade); Gom (gomosidade)

60

Tabela 12 - Coeficientes de correlação de Pearson (r) das características da farinha com as características da massa de pão produzido com farinha de arroz de baixa amilose e transglutaminase

Características da massa e CAA Características

da farinha CAA Dureza Ade Flex Coes Gom

CAA 1,0000 0,5975* -0,6119* -0,3207 -0,7113** 0,1650

Pico de

viscosidade 0,6914** 0,7793** -0,6625** -0,4184 -0,7377** 0,4488

Quebra 0,6152* 0,8477** -0,7360** -0,4478 -0,6683** 0,6101*

Viscosidade

final 0,7870** 0,6566** -0,5781* -0,2586 -0,7928** 0,2625

Retrogradação 0,7257** 0,6167* -0,5921* -0,0848 -0,6876** 0,3536 * p<0,05; ** p<0,01. CAA (capacidade de absorção de água); Ade (adesividade); Flex (flexibilidade); Coes (coesividade); Gom (gomosidade)

A dureza da massa formulada com a farinha de alta amilose apresentou

correlação negativa significativa com a retrogradação, ou seja, quanto maior a

retrogradação, menor é a dureza da massa. Na farinha de média amilose a dureza

apresentou correlação com capacidade de absorção de água, pico de viscosidade e

quebra. E na farinha de baixa amilose a dureza apresentou correlação com a

capacidade de absorção de água e com todas as características viscoamilográficas.

A adesividade é a força negativa que um material exerce para desgrudar da

amostra, ou seja, quanto mais negativa esta força, maior é a adesividade da

amostra. De acordo com Bonet, Blaszczak e Rosell (2006), é uma medida

importante que afeta a manipulação no processamento da massa. Essa medida foi

significativamente diferente para as três farinhas, sendo a de média amilose a que

apresentou maior adesividade, seguida pela de alta e baixa amilose. Segundo

Armero e Collar (1997), a capacidade de absorção de água é um fator importante

para determinar a adesividade da massa, o que pode ser observado nestes

resultados, onde a capacidade de absorção de água apresentou correlação

significativa com a adesividade da massa, com exceção da farinha de alta amilose

(tab. 9, 10, 11 e 12). Noguchi et al. (1976) encontraram correlação significativa da

adesividade da massa com farinha de trigo com a composição da proteína. Armero e

Collar (1997) encontraram correlação entre adesividade da massa e viscosidade da

farinha, concordando com o resultado encontrado nesta pesquisa.

61

A adição de 0,5% de TGase aumentou a adesividade para as três farinhas,

e com a adição de 1,0% e 1,5% voltou a diminuir, mas ainda assim, ficou maior que

a adesividade sem a adição da enzima. Marco e Rosell (2008b) encontraram que a

adesividade da massa de farinha de arroz aumentou com a adição de TGase. Bonet,

Blaszczak e Rosell (2006) avaliaram o efeito da TGase na farinha de trigo e

descrevem diminuição da pegajosidade com adição da enzima.

A adesividade da massa apresentou correlação negativa com o pico de

viscosidade, quebra e viscosidade final na farinha de alta amilose e com todas as

características viscoamilográficas na farinha de baixa amilose.

A coesividade é a força simulada para romper as ligações internas da

massa. A farinha que apresentou maior coesividade foi a de baixa amilose que

diferiu significativamente das outras, o que pode ser observado devido a maior

dificuldade para moldar este tipo de massa. A coesividade das massas, sem adição

de transglutaminase, apresentou correlação negativa com a capacidade de absorção

de água, pico de viscosidade, viscosidade final e retrogradação (tab. 9).

A adição de TGase à massa de farinha de arroz de alta e média amilose

não influenciou na coesividade, no entanto quando adicionada à farinha de baixa

amilose provocou diminuição significativa, resultados que divergem dos relatados

por Collar e Bollain (2004) e Bonet, Blaszczak e Rosell (2006), que adicionaram

TGase à massa de trigo e obtiveram aumento significativo na coesividade, sugerindo

que o tratamento com TGase poderia envolver a formação de homopolímeros de alto

peso molecular. Esses resultados comprovam que a ação da enzima é diferenciada

em diferentes cereais. Collar e Bollain (2004) ainda descrevem que maximizando a

coesividade da massa e minimizando a pegajosidade, são tendências adequadas

que preenchem os requerimentos de textura, proporcionando boa performance na

panificação.

A coesividade da massa apresentou correlação negativa com a capacidade

de absorção de água na farinha de alta amilose e com todas as características

viscoamilográficas na farinha de baixa amilose (tab. 10 e 12).

A gomosidade é a força necessária para desintegrar um material semi-

sólido e corresponde sensorialmente à energia requerida para desintegrar um

alimento semi-sólido para um estado pronto a ser engolido, após mastigar. A farinha

de média amilose foi a que apresentou maior gomosidade diferindo

significativamente das outras. A adição de 0,5% de TGase às farinha de arroz de

62

alta e baixa amilose aumentou a gomosidade, no entanto, aumentando-se a

concentração da enzima, a gomosidade diminuiu, inclusive na farinha de média

amilose. Marco e Rosell (2008b) também verificaram diminuição neste atributo

quando a enzima foi adicionada. Armero e Collar (1997) descreveram que massas

mais gomosas resultam em pães com miolo menos comestível, sendo assim, a

adição de TGase à farinha de arroz, quando em maior quantidade, apresenta

vantagem para este atributo. Este parâmetro apresentou correlação com o pico de

viscosidade na farinha de alta amilose e com a quebra na farinha de baixa amilose

(tab. 10 e 12).

A flexibilidade da massa crua dos pães com farinha de arroz, não foi

modificada com a adição da enzima, resultados semelhantes aos encontrados por

Marco e Rosell (2008b). Collar e Bollaín (2004) encontraram aumento da

flexibilidade da massa de farinha de trigo com a adição de TGase, ressaltando

assim, a diferença do comportamento da enzima entre diferentes cereais.

4.1.5 Avaliação dos pães

A tab. 13 apresenta os resultados da análise de variância das

características avaliadas nos pães com farinha de arroz adicionadas de

transglutaminase.

O volume específico e a perda de peso são variáveis importantes na

avaliação da qualidade de produtos de panificação. O volume específico é uma

medida utilizada para verificar a capacidade da farinha de reter o gás no interior da

massa e consequentemente proporcionar o crescimento dos pães. Conforme se

pode observar na tab. 13, o volume específico foi significativamente influenciado

pela TGase, mas o efeito da enzima é diferente para cada tipo de farinha. O teor de

amilose das farinhas, de forma isolada, não influência o volume específico dos pães

(p<0,05).

63

Tabela 13 - Análise da variação com graus de liberdade (GL) e quadrado médio para as fontes de variação Farinha (alta, média e baixa amilose), Transglutaminase (TGase) e interação Farinha x TGase para diferentes avaliações de pães, média e coeficiente de variação (CV)

Farinha (F) TGase F x TGase Resíduo

Característica

avaliada (GL=2) (GL=3) (GL=6) (GL=14) Média** CV (%)

Volume

específico

(cm3.g-1)

0,0045 0,01* 0,03* 0,003 1,66 3,38

Perda de

peso (%) 96,51* 3,77* 2,88* 0,46 18,6 3,64

Firmeza do

pão (g) 825531,1* 4096,06 17301,14* 1501,73 493,88 7,85

Dureza do

pão (g) 1500948,0* 2650,84 11255,52* 1964,27 705,84 6,28

Adesividade

do pão (g.s-1) 364,55* 82,80* 65,54* 10,62 -38,83 8,40

* Significativo pelo teste F em nível de 5% de probabilidade de erro; ** Conteúdo médio entre todas as farinhas e todas adições de TGase

As Fig. 6, 7 e 8 representam os cortes transversais de pães com farinha de

arroz de alta, média e baixa amilose, respectivamente, com os diferentes teores de

TGase. Na Fig. 9 observa-se os efeitos do tipo de farinha e da adição de TGase no

volume específico e perda de peso dos pães com farinha de arroz. Os resultados

com a estatística estão nos apêndices (tab. 5 e 6).

64

Figura 6 - Corte transversal de pão com farinha de alta amilose e diferentes teores de Transglutaminase.

Figura 7 - Corte transversal de pão com farinha de média amilose e diferentes teores de Transglutaminase.

Figura 8 - Corte transversal de pão com farinha de baixa amilose e diferentes teores

de Transglutaminase.

0,5

1,0 1,5

0%

0,5

1,0 1,5

0%

0,5

1,0 1,5

0%

65

Figura 9 - Volume específico e perda de peso de pães de farinha de arroz com diferentes teores de amilose (alta, média e baixa) e transglutaminase

*Médias seguidas por letras diferentes, para cada tipo de farinha, diferem pelo teste de Tukey (p<0,05)

Os pães elaborados com farinha de baixa amilose apresentaram maior

volume específico (1,71 cm3.g-1), seguido pelo de alta (1,64 cm3.g-1) e por último de

média amilose (1,55 cm3.g-1). Apesar de maior volume, o pão formulado com farinha

de baixa amilose não tem aspecto agradável e ficou muito difícil de fatiar, pois a

crosta do pão apresentava-se bastante frágil e por ocasião do corte afundava,

demonstrando que havia um grande espaço vazio entre a crosta e o miolo do pão

que proporcionava o volume elevado, bem como, a massa apresentava-se com

bastante facilidade de adesão a lâmina da faca. Em geral, o volume dos pães com

farinha de arroz ficou abaixo dos valores encontrados por Lazaridou et al. (2007)

(2,19 a 2,30 cm3.g-1) e López, Pereira e Junqueira (2004) (1,92 cm3.g-1). De acordo

com Sivaramakrishnan, Senge e Chattopadhyay (2004), a farinha de arroz de alta

amilose apresenta melhores características para a produção de pão.

Como se pode observar na Fig. 6 do pão com farinha de alta amilose, o

aumento no volume específico pode ser percebido por um aumento na superfície do

pão, onde antes era mais côncavo, ficou mais reto. No pão com farinha de média

amilose (Fig. 7), percebe-se que a adição de 1,5% de TGase favoreceu a formação

de uma massa com poros melhor distribuídos, o que aconteceu na farinha de alta

amilose quando 1,0% de TGase foi adicionado. Os pães com farinha de baixa

a

b

b

b

b

a

a

a

a

aa

b

1,45

1,50

1,55

1,60

1,65

1,70

1,75

1,80

1,85

0 0,5 1 1,5

TGase (%)

Vo

lum

e es

pec

ífic

o (

cm3.

g-1

)

Alta Média Baixa

a a

a a

a

a

aa

b

a

a ab

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

22,00

24,00

26,00

0 0,5 1 1,5

TGase(%)

Per

da

de

pes

o (

%)

Alta Média Baixa

66

amilose (Fig. 8) apresentaram aspecto muito diferente dos outros, não sendo

atrativo. O produto é de grande dificuldade de corte, pois adere muito à faca, devido

à grande adesividade. A adição de 1,0% de TGase melhorou um pouco a aparência

do produto.

As características da farinha e alguns parâmetros de textura da massa são

dados importantes para a panificação, pois podem predizer as características do

produto final e outros, tal como a adesividade, afetam o manuseio da massa

(ARMERO e COLLAR, 1997). A tab.14 apresenta os resultados da análise de

correlação entre as características da farinha e da massa com as características do

pão, sem a adição de transglutaminase. O volume específico dos pães apresentou

correlação significativa com a dureza, adesividade, flexibilidade e gomosidade da

massa.

Tabela 14 - Coeficientes de correlação de Pearson (r) das características da farinha e da massa com as características do pão produzido com farinha de arroz de diferentes teores de amilose sem adição de transglutaminase

Características do pão Características

da farinha e

da massa

Volume

específico

Perda de

peso Firmeza Dureza Adesividade

Teor de

amilose -0,4573 0,8224** 0,9115** 0,9663** 0,8859**

CAA -0,5008 0,9173** 0,8845** 0,9157** 0,8718**

Pico de

viscosidade -0,6508 0,8698** 0,8586** 0,9039** 0,8320**

Quebra -0,0173 -0,4119 -0,9094** -0,8530** -0,8547**

Viscosidade

final -0,3726 0,7846** 0,9886** 0,9899** 0,9287**

Retrogradação -0,4199 0,8349** 0,9788** 0,9895** 0,9155**

Dureza -0,7631** 0,7822** -0,0049 0,1507 0,0369

Adesividade 0,7457** -0,9653** -0,4423 -0,5808* -0,4413

Flexibilidade 0,7269** -0,6303* -0,5771 -0,6761 -0,4961

Coesividade 0,5492 -0,8896** -0,7463** -0,8403** -0,6575*

Gomosidade -0,6275* 0,5497 -0,3679 -0,2109 -0,3224

* p<0,05; ** p<0,01

67

As tab. 15, 16 e 17 apresentam os resultados da análise de correlação entre

as características da farinha e da massa com as características do pão para as

farinhas de alta, média e baixa amilose, respectivamente, com adição de

transglutaminase, sendo assim, os resultados desta análise levam em consideração

o efeito da enzima para cada farinha.

Tabela 15 - Coeficientes de correlação de Pearson (r) das características da farinha e da massa com as características do pão produzido com farinha de arroz de alta amilose e transglutaminase

Características do pão Características

da farinha e

da massa

Volume

específico

Perda de

peso Firmeza Dureza Adesividade

CAA -0,1743 0,5586 0,0478 0,0801 0,2463

Pico de

viscosidade -0,0560 -0,3130 -0,7673* -0,0468 -0,7681*

Quebra -0,4609 0,1329 -0,2952 0,0068 -0,2894

Viscosidade

final -0,3438 0,0602 -0,3281 -0,0108 -0,3587

Retrogradação -0,5007 0,5322 0,4349 0,0642 0,4134

Dureza 0,7099* -0,0927 -0,5298* -0,0430 -0,6019*

Adesividade 0,0958 0,1645 0,6779** -0,0822 0,7128**

Flexibilidade -0,0442 -0,5241* -0,2468 0,2127 -0,4384

Coesividade 0,1444 -0,7275** 0,2005 0,0245 -0,1062

Gomosidade 0,0562 -0,3823 -0,9368** 0,0696 -0,7608**

* p<0,05; ** p<0,01

68

Tabela 16 - Coeficientes de correlação de Pearson (r) das características da farinha e da massa com as características do pão produzido com farinha de arroz de média amilose e transglutaminase

Características do pão Características

da farinha e

da massa

Volume

específico

Perda de

peso Firmeza Dureza Adesividade

CAA 0,5955* 0,3730 -0,7012* -0,7261* -0,8854**

Pico de

viscosidade 0,6558* -0,4169 -0,4625 -0,0034 -0,3296

Quebra 0,7450* 0,1965 -0,5652 -0,3919 -0,7767*

Viscosidade

final 0,5511 -0,6111 -0,2044 0,2792 -0,0670

Retrogradação 0,6347 -0,4089 0,0549 0,3896 -0,1568

Dureza 0,6376* 0,1216 -0,6007* -0,4185 -0,4703

Adesividade -0,3041 -0,4248 0,6559* 0,6640** 0,4782

Flexibilidade -0,0437 -0,0982 0,1752 0,0441 -0,3486

Coesividade -0,6668** -0,3531 0,0116 0,1728 0,5727*

Gomosidade 0,1170 0,2870 -0,6428* -0,4596 -0,0818

* p<0,05; ** p<0,01

69

Tabela 17 - Coeficientes de correlação de Pearson (r) das características da farinha e da massa com as características do pão produzido com farinha de arroz de baixa amilose e transglutaminase

Características do pão Características

da farinha e

da massa

Volume

específico

Perda de

peso Firmeza Dureza Adesividade

Teor de

amilose -0,4573 0,8224** 0,9115** 0,9663** 0,8859**

CAA -0,3231 0,7475** 0,4786 0,1589 -0,0060

Pico de

viscosidade -0,4966 0,4258 0,1282 0,0882 0,2557

Quebra -0,3631 0,4461 0,0609 0,1270 0,2402

Viscosidade

final -0,5834* 0,3986 0,2525 0,0918 0,1471

Retrogradação -0,4106 0,3759 0,2402 0,1475 -0,0479

Dureza -0,3367 0,4452 -0,0265 0,0836 0,4494

Adesividade -0,1308 -0,7788** -0,4803 -0,6025 -0,3042

Flexibilidade 0,3264 -0,1981 0,1241 0,0998 -0,3530

Coesividade 0,3495 -0,5196* -0,5029* -0,1923 0,1697

Gomosidade 0,1648 0,2966 -0,1597 0,2464 0,4475

* p<0,05; ** p<0,01

A adição de TGase aumentou significativamente o volume específico dos

pães com farinha de arroz de média e alta amilose e diminuiu o de baixa amilose,

sendo que para a de média amilose a adição de 0,5% de TGase já foi suficiente para

promover um aumento significativo e na de alta amilose foram necessários 1,5% da

enzima. Na farinha de alta amilose o volume específico apresentou correlação

significativa com a dureza da massa, ou seja, quanto mais dura a massa, maior o

volume específico do pão. Na farinha de média amilose o volume apresentou

correlação significativa com a capacidade de absorção de água, pico de viscosidade,

quebra, dureza e coesividade da massa. Na farinha de baixa amilose o volume

específico não apresentou correlação com nenhum dos parâmetros avaliados,

reforçando a diferença da ação da enzima nas diferentes farinhas.

Em experimento desenvolvido por Gujral e Rosell (2004b), foi encontrado

que o volume específico de pães com 2% de HPMC (hidroxipropilmetilcelulose)

70

aumentou 46,5% com a adição de 1% de TGase, concluindo que a interação de

HPMC e TGase nestes níveis apresentam um efeito sinérgico e melhora o volume

específico. Maiores níveis de TGase (1,5%) resultaram em diminuição no volume

especifico dos pães. Renzetti, Bello e Arendt (2008) sugerem que a interação da

transglutaminase com hidrocolóides poderia exercer maior influência no efeito geral

na enzima.

Marco e Rosell (2008c) verificaram que não houve diferença significativa no

volume específico de pães com farinha de arroz quando a TGase foi adicionada, no

entanto na presença de HPMC houve um aumento significativo. Renzetti, Bello e

Arendt (2008) observaram diminuição do volume específico dos pães com farinha de

arroz quando a enzima TGase foi adicionada. Beck (2008) avaliou o efeito da

transglutaminase em pão de centeio e encontrou efeito positivo no volume do pão.

Moore et al., (2006) avaliaram a ação da TGase em formulações sem glúten e com

adição de diferentes fontes de proteína (ovo em pó, leite em pó e farinha de soja) e

encontraram maior volume específico apenas no pão com adição de ovo em pó e

enzima.

Segundo Caballero, Gómez e Rosell (2007) e Bauer et al. (2003) o uso de

TGase em farinha de trigo de alta qualidade para panificação leva a diminuição do

volume do pão, porque a ligação cruzada fortalece a massa e reduz a

extensibilidade, sendo assim, o gás produzido pelo fermento não é capaz de

distender a massa. Desta forma o uso de TGase em farinhas que produzem uma

massa pegajosa, pobre em extensão e com glúten fraco, provavelmente levaria a um

aumento no volume do pão devido à formação de ligação cruzada que melhoraria as

propriedades da massa com respeito a coesividade, força do glúten e capacidade de

retenção de gás. Pesquisas realizadas por Gerrard et al. (1998) também relatam que

o uso de TGase em farinha de trigo ajuda a melhorar a qualidade de farinhas fracas.

A perda de peso é uma medida que demonstra a capacidade da massa em

reter água durante o forneamento. Essa medida foi influenciada significativamente,

tanto pelo tipo de farinha como pela adição de TGase, no entanto, para cada farinha

o efeito é distinto (tab. 13). A farinha de baixa amilose foi a que apresentou menor

perda de peso (14,1%), seguida da de alta amilose (20,1%) e por último a de média

amilose (22,0%). A perda de peso não apresentou correlação significativa apenas

com a quebra e com a gomosidade da massa (tab. 14).

71

A adição de TGase não modificou a perda de peso nos pães com farinhas

de alta e média amilose, mas aumentaram significativamente no de baixa amilose

quando 0,5 e 1,0% de TGase foram adicionados (Fig. 9). A análise de correlação

para cada tipo de farinha demonstrou que apenas a flexibilidade e coesividade na

farinha de alta amilose e a adesividade e coesividade na farinha de baixa amilose

apresentaram relação com a perda de peso. Moore et al. (2006) avaliaram a perda

de peso em pães de farinha de arroz com adição de outras fontes de proteína e

diferentes níveis de TGase e não encontraram diferença. Por outro lado, Renzetti,

Bello e Arendt (2008) encontram uma diminuição na perda de peso quando a enzima

foi adicionada.

A textura em alimentos é uma medida importante porque avalia

propriedades que são percebidas e consideradas como fator importante pelos

consumidores. A firmeza e a dureza foram significativamente influenciadas pelo tipo

de farinha e a enzima isoladamente não exerceu efeito significativo, no entanto a

interação entre os dois fatores foi significativa. A adesividade foi influenciada, tanto

pelo tipo de farinha como pela adição da enzima, e a interação entre os dois fatores

foi significativa, indicando que em cada farinha a resposta é diferente quando a

enzima é adicionada (tab. 13).

Na Fig. 10 pode-se observar o efeito do tipo de farinha e adição da

transglutaminase na textura dos pães com farinha de arroz. Os resultados e a

estatística estão nos apêndices (tab.7).

O pão com farinha de alta amilose foi o que apresentou maior valor de

firmeza (1021,2g) e dureza (1177,1g) e menor de adesividade (-22,9g), e o de baixa

amilose apresentou menor firmeza (179,1g) e dureza (291,9g) e maior adesividade (-

43,3g). O teor de amilose da farinha foi positivamente correlacionado com a firmeza,

dureza e adesividade do pão (tab. 14), Nishita e Bean (1979) estudaram a relação

entre o teor de amilose da farinha de arroz e a qualidade de pães, e verificaram que

a farinha com baixo teor de amilose resultou em pão com textura mais macia,

mesmo resultado encontrado nesta pesquisa.

72

Figura 10 - Firmeza, dureza e adesividade de pães de farinha de arroz com diferentes teores de amilose (alta, média e baixa) e transglutaminase.

*Médias seguidas por letras diferentes, para cada tipo de farinha, diferem pelo teste de Tukey (p<0,05)

De acordo com pesquisas realizadas por Collar, Bollaín e Angioloni (2005) e

Armero e Collar (1997), em massa de trigo, a coesividade tem sido relacionada

como um bom parâmetro para prever a qualidade do pão, uma vez que a maior

coesividade resulta em pães mais macios, o que pode ser observado neste trabalho,

onde a correlação entre a coesividade da massa e dureza do pão foi negativa (tab.

14).

Além disso, as características viscoamilográficas e a capacidade de

absorção de água também apresentaram correlação com os parâmetros de firmeza,

dureza e adesividade dos pães, conforme pode ser observado na tab. 14.

a

b bb

ab

ab a

b ba

b

0

200

400

600

800

1000

1200

0 0,5 1 1,5

TGase (%)

Fir

mez

a (g

)

Alta Média Baixa

aaaa

bc

ab a

b ab

a

b

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 0,5 1 1,5

TGase (%)

Du

reza

(g

)

Alta Média Baixa

b

a aac

a

bcb

a

a

aa

-60

-50

-40

-30

-20

-100 0,5 1 1,5

TGase (%)

Ad

esiv

idad

e (g

.s-1

)

Alta Média Baixa

73

A adição de 0,5% de TGase à farinha de arroz de alta e média amilose

resultou em diminuição da firmeza, sendo que maiores concentrações não

modificaram os pães com farinha de alta amilose, mas aumentaram a firmeza dos

pães com farinha de média amilose. Na farinha de baixa amilose a adição de 1,0%

de TGase provocou aumento na firmeza e maior quantidade da enzima produziu pão

menos firme, mas sem diferença do que não foi adicionado TGase.

A dureza não foi influenciada pela adição de TGase na farinha de alta

amilose, mas na quantidade de 0,5% diminuiu a dureza do pão com farinha de

média amilose e não alterou na de baixa amilose, sendo que maiores concentrações

provocaram aumento e diminuição nas farinhas de média e baixa amilose,

respectivamente.

Marco e Rosell (2008c) encontraram aumento significativo na dureza do pão

com farinha de arroz quando a TGase foi adicionada. De acordo com Renzetti, Bello

e Arendt (2008), o aumento na dureza pode ser considerado como um melhorador

na estrutura no miolo. Em seu estudo, analisando a microestrutura do miolo do pão,

encontrou a confirmação de que o aumento da firmeza é um resultado da ligação

cruzada da proteína. Renzetti, Bello e Arendt (2008) e Moore et al. (2006)

encontraram aumento da dureza do miolo quando a enzima foi adicionada, já Gujral

e Rosell (2004b) encontraram diminuição da dureza com o aumento de TGase

adicionada. Caballero, Gómez e Rosell (2007), que avaliaram a textura dos pães de

trigo, encontraram aumento na dureza com adição da enzima. Observa-se que o

comportamento da enzima para cada tipo de farinha é diferente, desta forma a

comparação com os resultados encontrados por outros pesquisadores fica

dificultada.

A adesividade foi significativamente aumentada pela adição de TGase à

farinha, com exceção da farinha de baixa amilose (Fig. 7), o que provavelmente seja

reflexo da maior retenção de água no produto. Marco e Rosell (2008c) não

encontraram diferença na adesividade quando a TGase foi adicionada ao pão com

farinha de arroz.

74

4.1.6 Análise Sensorial

A análise sensorial dos pães de farinha de arroz com diferentes teores de

amilose e transglutaminase foi realizada com a finalidade de verificar a percepção

dos julgadores quanto às características dos pães elaborados. Na tab. 18 são

apresentadas as definições dos termos descritivos obtidos durante o treinamento

para a amostra de pão de farinha de arroz. Na Fig. 11 está apresentada a ficha de

análise sensorial dos pães com farinha de arroz.

Tabela 18 - Definições dos termos descritivos para o pão de farinha de arroz Termos descritivos Definições

Formato Simetria: Corte vertical que divide a amostra em dois lados

iguais

Tamanho Relacionado a altura do pão, côncavo-baixo ou convexo-alto

Distribuição dos

poros

Distribuição uniforme dos poros no miolo com ausência de

buracos

Tamanho dos poros Tamanho dos poros (pequenos a grandes)

Aspecto do miolo Sensação ao tocar com os dedos (grudento e não grudento)

Maciez do miolo Maciez ao toque (firme ou macio)

Odor Característico, sem residual ácido ou fermentado (agradável

ou não agradável)

Sabor Característico, sem residual ácido ou fermentado (agradável

ou não agradável)

75

Figura 11 - Ficha de análise sensorial

Nas Fig. 12, 13 e 14 são apresentados os resultados na análise sensorial

dos pães com farinha de arroz com diferentes teores de amilose e adição de

transglutaminase. Os resultados da estatística estão nos apêndices (tab.8).

PPGCTA – DCTA - LABORATÓRIO DE GRÃOS

Análise sensorial de pão com farinha de arroz

Nome: _________________________________________ Data: ___/___/___

Você esta recebendo amostra de pão. Avalie da esquerda para a direita, segundo os atributos

apontados na ficha abaixo, marcando com uma linha transversal onde a amostra se enquadrar.

Formato

________

Assimétrico Simétrico

Tamanho da superfície

________

Baixo Alto

Distribuição dos Poros

________

Desuniformes Uniformes

Tamanho dos Poros

________

Pequenos Grandes

Aspecto do Miolo

________

Grudento Não Grudento

Maciez do Miolo

________

Firme Macio

Odor

________

Desagradável Agradável

Sabor

________

Desagradável Agradável

76

Figura 12 - Perfil de características sensoriais dos pães com farinha de arroz de alta amilose e com adição de transglutaminase.

Figura 13 - Perfil de características sensoriais dos pães com farinha de arroz de média amilose e com adição de transglutaminase.

123456789

Formato

Tamanho

Distribuição dos poros

Tamanho dos poros

Aspecto do miolo

Maciez do miolo

Odor

Sabor

0% TGase 0,5% TGase 1,0% TGase 1,5% TGase

0123456789

Formato

Tamanho

Distribuição dos poros

Tamanho dos poros

Aspecto do miolo

Maciez do miolo

Odor

Sabor

0% TGase 0,5% TGase 1,0% TGase 1,5% TGase

77

Figura 14 - Perfil de características sensoriais dos pães com farinha de arroz de baixa amilose e com adição de transglutaminase.

Os pães com farinha de alta e média amilose apresentaram a melhor

pontuação para todas as características avaliadas, se distinguindo dos pães com

farinha de baixa amilose.

No atributo formato, o pão com baixa amilose foi o que apresentou menor

pontuação para todas as concentrações de TGase, sendo considerado assimétrico.

A adição de TGase não provocou alterações perceptíveis neste atributo para

nenhuma das farinhas.

Em relação ao tamanho dos pães, nenhum deles apresentou pontuação

acima de cinco, pois a pontuação máxima (nove) seria dada ao pão que

apresentasse a superfície convexa (alta), mais semelhante ao pão de trigo. No

entanto, o pão com farinha de baixa amilose se destacou negativamente dos outros

por apresentar a superfície baixa, o que pode ser observado na Fig. 8. A adição de

TGase não modificou significativamente este atributo.

123456789

Formato

Tamanho

Distribuição dos poros

Tamanho dos poros

Aspecto do miolo

Maciez do miolo

Odor

Sabor

0% TGase 0,5% TGase 1,0% TGase 1,5% TGase

78

Quanto à distribuição dos poros, o pão de baixa amilose apresentou a nota

mais baixa, sendo considerado desuniforme. A adição de 1,5% de TGase melhorou

a distribuição dos poros no pão com farinha de média amilose.

O tamanho dos poros apresentou melhor pontuação para os pães com

farinha de alta e média amilose, sendo considerados de tamanho médio para

pequeno. Pode-se observar que o pão com farinha de arroz de baixa amilose quase

não apresenta poros, por se constituir de uma massa muito coesa (Fig. 8). A adição

de 0,5% de TGase melhorou o tamanho dos poros nos pães com farinha de baixa

amilose.

Os pães com farinha de arroz de baixa amilose foram considerados com

textura do miolo “grudenta”, diferindo significativamente dos pães com farinha de

arroz de alta e média amilose, e a adição de TGase não promoveu diferença neste

atributo.

Em relação à maciez do miolo, a pontuação recebida foi inferior a 4,5

quando a transglutaminase não havia sido adicionada. Com a adição da enzima os

pães com farinha de arroz de alta e média amilose ficaram mais macios e a

pontuação chegou perto do máximo (8,3). Na análise de textura também foi

observado este comportamento (Fig. 10). O pão de baixa amilose não apresentou

alteração neste atributo com a adição da enzima.

O odor e o sabor dos pães apresentaram melhores características dos

produzidos com farinhas de alta e média amilose, e a adição de transglutaminase

pouco alterou os mesmos.

Nishita, Roberts e Bean (1976) desenvolveram uma formulação de pão sem

glúten utilizando apenas a farinha de arroz em total substituição à farinha de trigo. A

análise sensorial foi realizada com 30 julgadores através do teste de aceitabilidade

de 9 pontos (gostei extremamente a desgostei extremamente). Em uma primeira

etapa não foi falado aos julgadores que a amostra era de pão de farinha de arroz a

aceitabilidade foi de desgostei levemente (4,2). Na segunda etapa foi falado aos

julgadores antes da avaliação que era pão de arroz, e a aceitabilidade aumentou

para nem gostei ou desgostei (5,1). Os autores descrevem que a opinião dos

julgadores é influenciada por comparações consciente ou inconsciente com o pão de

trigo. Relatam ainda, que uma pessoa com alergia ao glúten tem escolhas limitadas

de produtos de panificação, e talvez não seja tão crítica como as pessoas que não

tem nenhuma alergia.

79

Em análise sensorial com pães de trigo adicionados de TGase, Collar,

Bollaín e Angioloni (2005) descrevem que as propriedades sensoriais e de textura

foram melhoradas, aumentando a pontuação geral, aroma mais forte, maior maciez

e diminuição da mastigabilidade. Gallagher, Gormeley e Arendt (2003) avaliaram a

aceitabilidade de pães sem glúten adicionados ou não de laticínios. Os resultados

mostraram maior preferência pelos pães que tinha leite em pó desnatado.

López, Pereira e Junqueira (2004) testaram três fórmulas de misturas de

farinha para substituição da farinha de trigo. A primeira (Farinha de arroz) continha

amido de mandioca, amido de milho, farinha de arroz, farinha de milho e leite em pó.

A segunda (Amido de milho) continha amido de mandioca, farinha de milho e ovo em

pó. A terceira (Amido de mandioca) continha amido de mandioca, farinha de arroz,

farinha de milho e ovo em pó. Foram avaliados os atributos de aparência, textura do

miolo, cor da casca, grau de satisfação e aroma utilizando escala hedônica de cinco

pontos. Os resultados indicaram que 25% dos julgadores consideraram o pão com

farinha de arroz bom, 33% acharam regular, 17% acharam muito ruim e apenas 8%

acharam muito bom. O pão de farinha de arroz foi o que apresentou os melhores

resultados, maior maciez e melhor consistência.

Portanto, a aceitabilidade geral de produtos de panificação com farinha de

arroz não é muito alta, pois os consumidores estão muito acostumados as

características do produto com farinha de trigo. Por isso, maiores esforços devem

ser feitos para conseguir produzir um produto com melhores características.

80

4.2 Experimento 2 - Aplicação de transglutaminase e de duas fontes de

proteína (caseína e albumina) na panificação com farinha de arroz de alto teor

de amilose.

4.2.1 Quantificação das frações da proteína

Tradicionalmente, as proteínas têm sido classificadas em quatro tipos de

acordo com sua solubilidade. Esta classificação é baseada no trabalho de Osborne

no inicio do século XX (HOSENEY, 1994). As albuminas são proteínas solúveis em

água, as globulinas em solução salina, as prolaminas em solução alcoólica e as

glutelinas em soluções ácidas ou básicas. No arroz a maior fração protéica

corresponde às glutelinas. Os aminoácidos essenciais mais abundantes na proteína

do arroz são: ácido glutâmico, ácido aspártico, leucina e arginina, seguidos de

alanina, valina, fenilalanina e serina (ROSELL et al., 2007).

A quantificação das frações da proteína fornece um perfil das mudanças

ocorridas frente à adição de transglutaminase, uma vez que esta enzima promove a

ligação cruzada entre resíduos de aminoácidos. Na tab. 19 são apresentados os

resultados das frações da proteína para os tratamentos com adição de

transglutaminase, caseína e albumina na farinha de arroz.

Na tab. 20 são apresentados as estimativas da equação de regressão

obtida pelo método de superfície de resposta para as diferentes frações da proteína.

Conforme se pode observar, houve estimativas que foram significativos na equação.

O valor do coeficiente de determinação (R2) indica que o modelo da equação

(valores de X1, X2 e X3) explica 98% da variação na fração de albumina/globulina.

Essa fração foi significativamente influenciada pela TGase (quadrático) e pela

albumina (linear). A caseína isolada não influenciou significativamente esta fração. A

adição de TGase e albumina simultaneamente, produziram efeito sinérgico

significativo, da mesma forma que a albumina e a caseína juntas. Uma vez que a

TGase atua ligando resíduos de lisina e ácido glutâmico, a fração que tem maior

substrato de lisina para promover a ligação cruzada é a albumina, seguido das

glutelinas, globulinas e prolaminas (ROSELL et al., 2007).

81

Tabela 19 – Frações da proteína na farinha de arroz adicionada de diferentes concentrações de transglutaminase (TGase, U/g de proteína), albumina (g%) e caseína (g%)

Variáveis Frações da proteína

Trat. TGase

(X1)

Albumina

(X2)

Caseína

(X3)

Albumina/

Globulina Prolamina Glutelina

Resíduo

final

1 1,35 0,67 0,67 11,49 2,46 62,53 23,51

2 1,35 0,67 5,32 8,02 6,51 52,63 31,69

3 1,35 5,32 0,67 35,96 2,00 46,92 15,24

4 1,35 5,32 5,32 27,85 6,62 39,10 26,89

5 10,65 0,67 0,67 10,64 2,01 47,66 39,70

6 10,65 0,67 5,32 7,48 5,87 48,58 38,06

7 10,65 5,32 0,67 31,88 4,68 39,45 22,83

8 10,65 5,32 5,32 20,08 5,34 31,82 42,45

9 6 3 3 19,66 3,96 43,28 32,87

10 6 3 3 19,04 3,64 43,55 36,67

11 0 3 3 24,89 5,50 48,61 21,40

12 12 3 3 15,06 2,65 34,06 48,23

13 6 0 3 5,19 3,72 51,91 39,18

14 6 6 3 28,89 3,41 36,23 33,10

15 6 3 0 21,90 0,96 48,03 30,71

16 6 3 6 14,79 5,04 39,13 41,04

82

Tabela 20 – Regressores (X1 = Tgase, U/g de proteína; X2 = Albumina, g%; X3 = Caseína, g%) e estimativas dos parâmetros do modelo de regressão linear múltipla1, média e coeficiente de determinação do modelo (R2) para as frações da proteína dos tratamentos

Característica avaliada

Regressor Estimador Albumina/

Globulina Prolamina Glutelina Resíduo final

- 0β 8,35 2,19 69,16 20,29

X1 1β -0.40 -0.339 -0,02* 2,64*

X1*X1 11β 0,030* 0,03* 0,031 -0,088*

X2 2β 6,33* -0.461 -5,10* -0,77

X2*X2 22β -0,087 0,093* 0,431* -0,437*

X3 3β -0.47 1,24* -3,90* 3,14*

X3*X3 33β 0,044 -0,0002 0,390* -0,434*

X1*X2 12β -0.113* 0,029* 0,048 0,036

X1*X3 13β -0,032 -0,049* 0,131* -0,050

X2*X3 23β -0.328* -0,072* -0,196* 0,597*

Média - 17,35 4,12 44,55 33,98

R2 (%) - 0,98 0,78 0,93 0,83

p2 - 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 1 y = 0β + 1β x1 + 2β x2 + 3β x3 + 11β x1

2 + 22β x22 + 33β x3

2 + 12β x1x2 + 13β x1x3 + 23β x2x3; * p<0,05 2 nível mínimo de significância da equação

Conforme podemos observar na Fig. 15, que mostra a superfície de

resposta entre as variáveis TGase e albumina para a fração albumina/globulina,

quando a TGase é mínima, a quantidade de albumina/globulina aumenta com a

adição de albumina, o que já era esperado. Com o aumento da TGase a fração de

albumina/globulina diminui, significando que parte desta fração pode ter se tornado

mais insolúvel devido à ligação cruzada promovida. Resultado semelhante foi

encontrado em pesquisa realizada por Marco et al. (2008), onde, quando foi

adicionado 1% de TGase à farinha de arroz, a fração de albumina/globulina diminuiu

com aumento na fração do resíduo final. Da mesma forma, Bonet, Blaszczak e

Rosell (2006), que avaliaram uma mistura de farinha de trigo e albumina, encontram

83

que a fração solúvel em água (albumina) também diminuiu e a solúvel em solução

salina (globulina) não alterou com a adição da enzima.

Figura 15 – Efeito da adição de transglutaminase e de albumina na fração albumina/globulina na proteína de farinha de arroz.

Na Fig. 16 observa-se a superfície de resposta para a fração

albumina/globulina em relação às variáveis independentes albumina e caseína. Com

o aumento das duas fontes de proteína houve diminuição da fração de

albumina/globulina.

A fração albumina/globulina foi máxima quando se adicionou 1,35U de

TGase/g de proteína, 5,32% de albumina e 0,67% de caseína e foi mínima quando

adicionou-se 6U de TGase/g de proteína, 0% de albumina e 3% de caseína (tab.

19), mostrando a maior influência da adição de albumina.

84

Figura 16 – Efeito da adição de caseína e de albumina na fração albumina/globulina na proteína de farinha de arroz.

A equação obtida para a fração de prolamina em função das variáveis

independentes tem coeficiente de determinação igual a 78% (tab. 20). Esta fração foi

influenciada significativamente pelas duas fontes de proteína e pela TGase. As Fig.

17, 18 e 19 demonstram as superfícies de resposta para as interações duplas das

três variáveis independentes estudadas.

Conforme se pode observar na Fig. 17, tanto o efeito da TGase como da

albumina são quadráticos, havendo uma diminuição seguida de aumento da

prolamina conforme aumenta-se os níveis das variáveis, sendo que o efeito da

TGase parece ser mais intenso. Na Fig. 18, observa-se o efeito da TGase e da

caseína na extração da fração de prolamina. A adição de caseína exerceu efeito

maior do que a TGase, aumentando a fração de prolamina conforme aumenta a

quantidade de caseína adicionada. Na quantidade máxima de caseína, conforme

aumenta a TGase, diminui a prolamina. Na Fig. 19 é apresentada a interação entre a

albumina e a caseína para a variável prolamina. Percebe-se que o efeito da caseína

é superior ao da albumina, da mesma forma que na Fig 18, com a TGase. Bonet,

Blaszczak e Rosell (2006) descrevem que a presença de diferentes fontes de

proteína na massa de trigo diminuiu significativamente a extração da fração da

85

proteína solúvel em álcool (prolamina), sugerindo a formação de agregados

protéicos com baixa solubilidade.

Figura 17 – Efeito da adição de transglutaminase e de albumina na fração prolamina na proteína de farinha de arroz.

Figura 18 – Efeito da adição de transglutaminase e de caseína na fração prolamina na proteína de farinha de arroz.

86

Figura 19 – Efeito da adição de albumina e da caseína na fração prolamina na proteína de farinha de arroz.

A fração prolamina apresentou maior percentual quando foi adicionado

1,35U de TGase/g de proteína, 5,32% de albumina, e 5,32% de caseína e foi mínima

quando adicionou-se 6U de TGase/g de proteína, 3% de albumina e 0% de caseína

(tab. 19).

A equação obtida para a fração de glutelina em função das variáveis

independentes tem coeficiente de determinação igual a 93% (tab. 20). As três

variáveis estudadas tiveram efeito significativo na fração de glutelina, que é a fração

que está em maior quantidade na farinha de arroz. As Fig. 20 e 21 demonstram a

superfície de resposta para as interações de variáveis que foram significativas

(TGase x Caseína e Albumina x Caseína, respectivamente). Tanto a adição de

TGase como de caseína e albumina diminuíram a fração de glutelina. Ao contrário

destes resultados, Bonet, Blaszczak e Rosell (2006) quando avaliaram uma mistura

de farinha de trigo e albumina, encontraram aumento da fração glutelina quando a

transglutaminase foi adicionada.

87

Figura 20 – Efeito da adição de transglutaminase e da caseína na fração glutelina na proteína de farinha de arroz.

Figura 21 – Efeito da adição de albumina e da caseína na fração glutelina na proteína de farinha de arroz.

88

De acordo com Mujoo e Ng (2003) a TGase adicionada em farinha de trigo,

induziu a ligação cruzada, principalmente na fração de glutelina de alto peso

molecular, mais do que em outras proteínas. Neste caso, a equação resultante da

fração de glutelina foi significativa para as interações TGase x Caseína e Albumina x

Caseína (p<0,05), indicando que, no caso da farinha de arroz com adição de

albumina e caseína, a TGase também exerce influência (diminuição).

A fração glutelina apresentou maior percentual quando foi adicionado 1,35U

de TGase/g de proteína, 0,67% de albumina, e 0,67% de caseína e foi mínima

quando adicionou-se 10,65U de TGase/g de proteína, 5,32% de albumina e 5,32%

de caseína (tab. 19), mostrando assim, que a adição de maiores quantidades de

TGase, albumina e caseína diminui a quantidade de proteínas extraídas dessa

fração.

O resíduo final é a parte da proteína que não foi extraída com nenhum dos

solventes utilizados e, provavelmente, segundo Marco et al. (2008) contenha

proteína de maior peso molecular com menor solubilidade, resultante da ligação

cruzada promovida pela TGase. A equação estimada, com coeficiente de

determinação igual a 83%, mostra a relação entre o teor do resíduo final e as

variáveis independentes. A interação linear entre duas variáveis só foi significativa

(p<0,05) entre a albumina e caseína, representado na Fig. 22. A adição de albumina

diminuiu a fração de resíduo final quando a caseína era mínima e a adição de

caseína aumentou o resíduo final quando a albumina era o máximo.

De acordo com Bonet, Blaszczak e Rosell (2006), que avaliaram a

qualidade do glúten de farinha de trigo com adição de diferentes fontes de proteína e

transglutaminase, as diferenças nas frações da proteína observadas entre diferentes

fontes de proteína podem ser atribuídas ao conteúdo de resíduos de lisina e também

a estrutura tridimensional das proteínas. Alguns resíduos de lisina não estão

acessíveis à atividade da enzima. Da mesma forma, Moore et al. (2006) descrevem

essa dependência da estrutura da proteína específica e da quantidade de resíduos

de lisina e glutamina e sua posição na estrutura da cadeia da proteína. Relatam

ainda que o leite em pó contém quantidade relativamente alta de lisina e glutamina e

a caseína facilmente faz a ligação cruzada devido ao conteúdo prontamente

disponível de resíduos de lisina e glutamina. Estes pesquisadores verificaram que a

interação entre ovo em pó e a TGase resultou em formação de uma rede protéica

89

similar a encontrada em pão de trigo, concluindo que os ovos são bons substratos

para a ação da TGase.

Figura 22 – Efeito da adição de albumina e da caseína no resíduo final da extração das frações da proteína da farinha de arroz

O resíduo final apresentou maior percentual quando foi adicionado 12U de

TGase/g de proteína, 3% de albumina, e 3% de caseína e foi mínima quando

adicionou-se 1,35U de TGase/g de proteína, 5,32% de albumina e 0,67% de

caseína (tab. 19). Sendo assim, a adição de todas as variáveis estudadas

promoveram um aumento desta fração, ou seja, mais proteína ficou insolúvel nos

solventes utilizados.

4.2.2 Capacidade de absorção de água e características viscoamilográficas das

farinhas

A capacidade de absorção de água e as características viscoamilográficas

são medidas úteis e muito utilizadas para prever o comportamento de produtos de

panificação. Na tab. 21 estão os resultados da capacidade de absorção de água e

das características viscoamilográficas para os tratamentos com adição de

transglutaminase, caseína e albumina na farinha de arroz. Na tab. 22 são

apresentados os estimadores da equação de regressão obtida pelo método de

90

superfície de resposta para a capacidade de absorção de água e características

viscoamilográficas.

A equação de regressão resultante das três variáveis independentes

analisadas explicaram 59% da variação da capacidade de absorção de água. Tanto

a enzima como as duas fontes de proteína adicionadas tiveram efeito linear e/ou

quadrático significativo (p<0,05), mas nenhuma das variáveis apresentou interação

linear significativa. Marco e Rosell (2008b) estudaram as propriedades funcionais da

farinha de arroz enriquecida com isolado protéico de soja e de ervilha juntamente

com a adição de TGase, através de um delineamento de superfície de resposta. Em

relação a absorção de água medida em farinógrafo, a adição das duas fontes de

proteína proporcionaram aumento significativo. A TGase exerceu efeito quadrático

positivo na absorção de água, da mesma forma que neste experimento.

A maior capacidade de absorção de água foi obtida quando foi adicionado

1,35U de TGase/g de proteína, 0,67% de albumina e 5,32% de caseína e a menor

quando adicionado 6U de TGase/g de proteína, 6% de albumina e 3% de caseína

(tab. 21).

As equações obtidas para as características viscoamilográficas utilizando as

três variáveis independentes foram significativas, no geral e para os efeitos isolados

(linear, quadrático e interações lineares), com coeficiente de determinação variando

entre 77% e 97% (tab. 22).

A temperatura de pasta foi influenciada linearmente pela TGase e pela

albumina. As Fig. 23 e 24 mostram a superfície de resposta entre as variáveis

TGase e albumina e entre TGase e caseína. Como se pode observar, a adição de

albumina aumentou a temperatura de pasta e o efeito da TGase não foi muito

intenso. A adição de caseína isoladamente não influenciou a temperatura de pasta,

mas conforme se adiciona TGase ocorre um aumento neste parâmetro.

A maior temperatura de pasta foi obtida quando foi adicionado 6U de

TGase/g de proteína, 6% de albumina e 3% de caseína e a menor quando

adicionado 1,35U de TGase/g de proteína, 0,67% de albumina e 5,32% de caseína

(tab. 21).

91

Tabela 21 – Capacidade de absorção de água (CAA) e parâmetros viscoamilográficos da farinha de arroz para adição de diferentes concentrações de transglutaminase (TGase, U/g de proteína), albumina (g%) e caseína (g%)

Variáveis Característica avaliada

Trat. TGase

(X1)

Albumina

(X2)

Caseína

(X3)

CAA

(%)

Temperatura

de pasta (oC)

Tempo de

pasta (min)

Pico de

viscosidade

(RVU)

Quebra

(RVU)

Viscosidade

final (RVU)

Retrogradação

(RVU)

1 1,35 0,67 0,67 231,5 86,1 6,2 292,4 31,2 519,8 227,3

2 1,35 0,67 5,32 234,9 85,9 6,1 258,5 26,9 425,7 167,2

3 1,35 5,32 0,67 220,4 87,9 6,5 192,2 8,0 323,5 131,3

4 1,35 5,32 5,32 225,7 88,5 6,6 184,3 5,0 312,9 128,6

5 10,65 0,67 0,67 225,9 87,1 6,2 265,8 26,3 467,3 201,6

6 10,65 0,67 5,32 233,2 87,9 6,2 236,5 20,7 390,0 153,5

7 10,65 5,32 0,67 218,9 88,2 6,8 174,4 2,2 288,8 114,4

8 10,65 5,32 5,32 223,4 88,6 6,9 163,9 0,9 287,9 124,0

9 6 3 3 220,5 87,8 6,4 204,5 10,7 340,3 135,8

10 6 3 3 226,6 87,8 6,4 214,4 11,7 357,0 142,6

11 0 3 3 221,6 87,1 6,2 229,8 18,5 399,7 169,8

12 12 3 3 223,4 87,6 6,4 206,4 9,0 360,1 153,7

13 6 0 3 225,4 86,2 6,0 288,0 39,3 473,8 185,7

14 6 6 3 217,9 88,7 6,5 171,0 4,8 288,5 117,5

15 6 3 0 223,1 87,1 6,2 232,1 17,7 394,4 162,3

16 6 3 6 220,3 87,8 6,4 221,1 9,5 381,8 160,7

92

Tabela 22 – Regressores (X1 = TGase, U/g de proteína; X2 = Albumina, g%; X3 = Caseína, g%) e estimativas dos parâmetros do modelo de regressão linear múltipla1, média e coeficiente de determinação do modelo (R2) para a capacidade de absorção de água (CAA) e propriedades viscoamilográficas das farinhas modificadas

Característica avaliada

Regressor Estimador CAA Temperatura

de pasta (oC)

Tempo de

pasta (min)

Pico de viscosidade

(RVU)

Quebra

(RVU)

Viscosidade

final (RVU)

Retrogradação

(RVU)

- 0β 235,7 85,2 6,2 319,2 40,9 577,7 258,5

X1 1β -1,8* 0,2* -0,023 -1,9 -0,3 -8,5* -6,6*

X1*X1 11β 0,11* -0,005 0,0015 -0,06 -0,03 0,24 0,30*

X2 2β -3,7* 0,5* 0,046 -27,8* -10,2* -49,6* -21,8*

X2*X2 22β 0,28* -0,0003 0,0007 0,88* 0,77* 0,81 -0,07

X3 3β -1,1 0,032 -0,054 -10,6* -0,4 -30,7* -20,1*

X3*X3 33β 0,25* -0,002 0,008 0,56* -0,17 1,59* 1,03*

X1*X2 12β 0,056 -0,032* 0,007* 0,12 0,016 0,33 0,21

X1*X3 13β 0,035 0,010* 0,0008 0,02 0,039 0,30 0,28

X2*X3 23β -0,027 0,007 0,004 1,12* 0,14 3,85* 2,74*

Média - 224,5 87,5 6,3 221,8 15,3 376,5 154,7

R2 (%) - 0,59 0,86 0,77 0,97 0,95 0,95 0,89

p2 - 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 1 y = 0β + 1β x1 + 2β x2 + 3β x3 + 11β x1

2 + 22β x22 + 33β x3

2 + 12β x1x2 + 13β x1x3 + 23β x2x3; * p<0,05 2 nível mínimo de significância da equação

93

Figura 23 – Efeito da adição de transglutaminase e da albumina na temperatura de pasta da farinha de arroz.

Figura 24 – Efeito da adição de transglutaminase e de caseína na temperatura de pasta da farinha de arroz.

94

O tempo de pasta só foi influenciado significativamente pela interação linear

entre a TGase e a albumina, conforme se pode observar na Fig. 25. A enzima

sozinha não influenciou muito o tempo de pasta, mas junto com a adição de

albumina houve um aumento no tempo de pasta.

O maior tempo de pasta foi obtido quando foi adicionado 10,65U de

TGase/g de proteína, 5,32% de albumina e 5,32% de caseína e a menor quando

adicionado 6U de TGase/g de proteína, 0% de albumina e 3% de caseína (tab. 21).

Figura 25 – Efeito da adição de transglutaminase e de albumina no tempo de pasta da farinha de arroz.

O pico de viscosidade não foi influenciado pela TGase, no entanto a

albumina e a caseína apresentaram efeito linear negativo nesta medida, conforme

pode ser observado na Fig. 26, onde a albumina exerceu maior influência do que a

caseína. O maior pico de viscosidade foi obtido quando foi adicionado 1,35U de

TGase/g de proteína, 0,67% de albumina e 0,67% de caseína e a menor quando

adicionado 10,65U de TGase/g de proteína, 5,32% de albumina e 5,32% de caseína

(tab. 21). Marco e Rosell (2008a) verificaram que a presença de proteína do soro de

leite também diminuiu o pico de viscosidade da farinha de arroz, assim como Baxter,

Blanchard e Zhao (2004), quando adicionaram prolamina à farinha de arroz. Lim et

al (1999), explicam que este resultado é efeito da diluição da concentração do

95

amido, uma vez que se tem estabelecido uma correlação negativa entre o conteúdo

de proteína e o pico de viscosidade na farinha de arroz. Em farinha de arroz a

TGase não influenciou esta medida, no entanto, Collar e Bollain (2004) encontraram

efeito da enzima em farinha de trigo, a qual diminuiu o pico de viscosidade com o

aumento do nível de TGase acima de 0,5%.

Figura 26 – Efeito da adição de albumina e de caseína no pico de viscosidade da farinha de arroz.

A quebra na viscosidade foi influenciada apenas pela adição de albumina

(efeito linear e quadrático), não havendo interação entre nenhuma das três variáveis

independentes estudadas (tab. 22). Resultado diferente foi encontrado por Marco e

Rosell (2008a) quando adicionaram proteínas de diferentes fontes e TGase à farinha

de arroz. A quebra da viscosidade diminuiu na presença de albumina ou isolado

protéico de soro de leite, no entanto, da mesma forma que neste trabalho, a adição

de TGase não induziu mudança significativa neste parâmetro.

A maior quebra da viscosidade foi obtida quando foi adicionado 6U de

TGase/g de proteína, 0% de albumina e 3% de caseína e a menor quando

adicionado 10,65U de TGase/g de proteína, 5,32% de albumina e 5,32% de caseína

(tab. 21).

96

Todas as variáveis estudadas influenciaram linearmente (p<0,05) a

viscosidade final da farinha de arroz (R2 = 0,95) e apenas a interação entre albumina

e caseína foi significativa (tab. 22). A Fig. 27 mostra a superfície de resposta entre a

albumina e caseína para a viscosidade final, onde se observa que a adição destas

duas fontes de proteína diminuíram este parâmetro. A maior viscosidade final foi

obtida quando foi adicionado 1,35U de TGase/g de proteína, 0,67% de albumina e

0,67% de caseína e a menor quando adicionado 10,65U de TGase/g de proteína,

5,32% de albumina e 5,32% de caseína (tab. 21), mostrando assim, a grande

interferência da adição das variáveis estudadas. Da mesma forma, Marco e Rosell

(2008a) observaram diminuição significativa da viscosidade final com a adição de

isolados protéicos de ervilha, soja e soro de leite. No entanto, estes pesquisadores

não encontraram diferença significativa quando a transglutaminase foi adicionada. O

diferente perfil das proteínas dos cereais é o grande responsável por este

comportamento distinto, frente a adição de TGase. Em farinha de trigo Collar e

Bollain (2004) relataram uma progressiva diminuição na viscosidade final com o

aumento do nível de TGase.

Figura 27 – Efeito da adição de albumina e de caseína na viscosidade final da farinha de arroz.

97

A retrogradação da farinha de arroz foi influenciada significativamente por

todas as variáveis estudadas, e apenas a interação entre albumina e caseína foi

significativa (tab. 22). A Fig. 28 mostra a superfície de resposta entre a albumina e a

caseína para a retrogradação. Tanto a adição de albumina como de caseína

promoveram diminuição da retrogradação. A maior retrogradação foi obtida quando

foi adicionado 1,35U de TGase/g de proteína, 0,67% de albumina e 0,67% de

caseína e a menor quando adicionado 10,65U de TGase/g de proteína, 5,32% de

albumina e 0,67% de caseína (tab. 21), sendo assim a adição de TGase e caseína

podem resultar em produto com maior vida de prateleira, pois retrogradando menos

o produto perde menos água e mantém a maciez por mais tempo. De acordo com

Marco e Rosell (2008a), a retrogradação é usualmente relacionada a cristalização

das cadeias de amilose e pode ser afetada pela reorganização das proteínas

desnaturadas de isolados protéicos. Em sua pesquisa estes autores não

encontraram efeito da TGase na retrogradação.

Figura 28 – Efeito da adição de albumina e de caseína na retrogradação da farinha de arroz.

98

4.2.3 Textura da massa dos pães

A textura da massa de pão crua, formulada de acordo com os tratamentos

resultantes da superfície de resposta entre TGase, albumina e caseína, foi avaliada

através da análise do perfil de textura (TPA). De acordo com Marco e Rosell

(2008b), essa análise é um bom indicador da estrutura molecular de polímeros e

assim da performance do produto final. No caso da farinha de trigo, as análises

reológicas tem sido aplicadas com sucesso como indicador da estrutura molecular

do glúten e do amido e como preditora de sua funcionalidade na panificação (Bollain,

Angioloni e Collar, 2006). Apesar da estrutura de massa de pães sem glúten serem

diferentes da massa de pão com glúten, a avaliação reológica da matriz da massa

sem glúten talvez forneça uma indicação de sua funcionalidade.

A tab. 23 apresenta os resultados da textura da massa dos pães para os

tratamentos e na tab. 24 são apresentados as estimativas dos parâmetros da

equação de regressão obtida pelo método de superfície de resposta para a textura

da massa dos pães.

Como se pode observar (tab. 24), os parâmetros de textura da massa são

dependentes das variáveis independentes (TGase, albumina e caseína), sendo

particularmente bem ajustada para dureza (R2 = 0,86) e adesividade (R2 = 0,92).

A dureza da massa foi significativamente influenciada pela adição de TGase

e de caseína, sendo que a albumina só foi importante quando interagiu com a

caseína (tab. 24). A dureza foi maior quando foi adicionado 10,65U de TGase/g de

proteína, 5,32% de albumina e 5,32% de caseína e menor quando adicionado 6U de

TGase/g de proteína, 3% de albumina e 0% de caseína (tab. 23), enfatizando assim,

o impacto causado pela TGase e pelas proteínas adicionadas. A Fig. 29 representa

a superfície de resposta entre a albumina e a caseína para a dureza da massa.

Pode-se observar que o efeito da caseína é maior do que da albumina, aumentando

a dureza da massa.

99

Tabela 23 – Textura da massa dos pães para as diferentes concentrações de transglutaminase (TGase, U/g de proteína), albumina (g%) e caseína (g%) adicionados a farinha de arroz

Variáveis Textura da massa1

Trat. TGase

(X1)

Albumina

(X2)

Caseína

(X3)

Dur Ade Fle Coe Gom

1 1,35 0,67 0,67 521,5 -1842,8 0,90 0,15 80,5

2 1,35 0,67 5,32 743,0 -2193,3 0,91 0,13 93,2

3 1,35 5,32 0,67 536,9 -1718,1 0,81 0,17 89,7

4 1,35 5,32 5,32 891,0 -3086,0 1,00 0,14 121,0

5 10,65 0,67 0,67 528,2 -2048,5 0,85 0,14 73,5

6 10,65 0,67 5,32 767,2 -2784,0 0,94 0,13 100,5

7 10,65 5,32 0,67 559,7 -2249,1 0,90 0,13 73,7

8 10,65 5,32 5,32 1011,7 -3609,9 0,98 0,11 112,6

9 6 3 3 629,5 -2165,6 0,85 0,12 78,0

10 6 3 3 649,9 -2544,9 0,81 0,12 77,8

11 0 3 3 644,1 -2166,2 0,95 0,15 95,3

12 12 3 3 937,1 -3057,1 0,86 0,12 112,0

13 6 0 3 665,8 -2321,0 0,88 0,12 79,4

14 6 6 3 733,2 -2353,2 0,89 0,12 89,6

15 6 3 0 483,6 -1543,2 0,90 0,15 74,4

16 6 3 6 849,7 -3143,1 0,96 0,12 97,7 1 Dur = dureza (g); Ade = Adesividade (g.s-1); Fle = flexibilidade (mm); Coe = coesividade; Gom = gomosidade (g)

100

Tabela 24 – Regressores (X1 = TGase, U/g de proteína; X2 = Albumina, g%; X3 = Caseína, g%) e estimativas dos parâmetros do modelo de regressão linear múltipla1, média e coeficiente de determinação do modelo (R2) para características de textura da massa dos pães

Característica avaliada2

Regressor Estimador Dur Ade Fle Coe Gom

- 0β 520,3 -1845,6 0,95 0,17 87,9

X1 1β -36,4* 69,9* -0,02* -0,006* -7,8*

X1*X1 11β 3,41* -8,44* 0,001 0,0004* 0,69*

X2 2β -13,4 55,9 -0,03 0,0032 0,7

X2*X2 22β 0,80 1,42 0,0013 0,00009 0,17

X3 3β 78,3* -126,2* -0,02 -0,015* 2,9

X3*X3 33β -6,50* 11,28 0,0049 0,0013* -0,18

X1*X2 12β 1,35 -1,96 0,0018 -0,0007* -0,34*

X1*X3 13β 0,73 -5,48* -0,00003 0,0003 0,15

X2*X3 23β 6,41* -40,35* 0,0043* -0,00006 0,68*

Média - 691,8 -2389,2 0,89 0,13 90,4

R2 (%) - 0,86 0,92 0,31 0,69 0,61

p3 - 0,0000 0,0000 0,0045 0,0000 0,0000 1 y = 0β + 1β x1 + 2β x2 + 3β x3 + 11β x1

2 + 22β x22 + 33β x3

2 + 12β x1x2 + 13β x1x3 + 23β x2x3; * p<0,05 2 Dur = dureza (g); Ade = Adesividade (g.s-1); Fle = flexibilidade (mm); Coe = coesividade; Gom = gomosidade (g) 3 nível mínimo de significância da equação

101

Figura 29 – Efeito da adição de albumina e da caseína na dureza da massa do pão.

Marco e Rosell (2008b) estudaram as propriedades reológicas da farinha de

arroz enriquecida com isolado protéico de soja e de ervilha juntamente com a adição

de TGase, através de um delineamento de superfície de resposta. Eles encontraram

que a dureza da massa foi significativamente influenciada pelo nível de adição dos

isolado protéicos (soja e ervilha) e da TGase. Com o aumento da adição de isolado

protéico de soja, a dureza diminuiu e com a adição de isolado protéico de ervilha e

de TGase a dureza aumentou. De acordo com estes pesquisadores, o efeito da

TGase na dureza da massa, talvez seja explicado pelo aumento do peso molecular

das proteínas resultante da ligação cruzada provocada pela enzima. Bonet,

Blaszczak e Rosell (2006) avaliaram a adição de diferentes fontes protéicas (soja,

gelatina e albumina do ovo) na massa de farinha de trigo e descrevem que o

aumento na dureza da massa pode ser causado pela ligação cruzada entre os

isolados protéicos e as proteínas do trigo separadamente ou pela formação de

ligações covalentes entre proteínas heterólogas.

A adesividade da massa é uma medida importante que afeta a manipulação

no processamento (BONET, BLASZCZAK e ROSELL, 2006). Essa medida foi

influenciada significativamente pela TGase e pela caseína, sendo que a albumina

influenciou essa medida quando combinada com a caseína (tab. 24). A interação

entre a TGase e a caseína também foi significativa, conforme mostra a Fig. 30, onde

102

quanto maior a quantidade de caseína adicionada, mais adesiva é a massa. A

adição de TGase também aumenta a adesividade da massa, sendo que quando as

quantidades de caseína e TGase são máximas, a adesividade também é máxima. A

adesividade foi maior quando foi adicionado 10,65U de TGase/g de proteína, 5,32%

de albumina e 5,32% de caseína e menor quando adicionado 6U de TGase/g de

proteína, 3% de albumina e 0% de caseína (tab. 23). Marco e Rosell (2008b)

também encontraram aumento da adesividade quando a TGase foi adicionada à

farinha de arroz. Na Fig. 31, está representado o efeito da albumina e da caseína na

adesividade da massa. A albumina de forma isolada, não influenciou esta medida,

mas quando a adição de caseína e albumina foram máximas, a adesividade da

massa também foi. Não foram encontrados resultados sobre a influencia da adição

de outras fontes de proteína na adesividade da massa.

Figura 30 – Efeito da adição de transglutaminase e de caseína na adesividade da massa do pão.

103

Figura 31 – Efeito da adição de albumina e de caseína na adesividade da massa do pão.

A flexibilidade da massa foi influenciada pela adição de TGase, sendo que a

albumina e caseína só foram significativas quanto ao efeito da interação linear (tab.

24). A Fig. 32 mostra o efeito da interação linear entre albumina e caseína, onde

quando a adição das duas fontes é máxima, a flexibilidade da massa é máxima

também. Marco e Rosell (2008b) encontraram que, tanto a adição de soja como de

ervilha, produziram massa com maior flexibilidade. No entanto, quando as duas são

adicionadas juntas o efeito é contrario, diminui a flexibilidade. Collar e Bollaín (2004)

encontraram aumento da flexibilidade da massa de farinha de trigo com a adição de

TGase. Esses resultados ressaltam a diferença do comportamento da enzima entre

diferentes cereais e diferentes fontes de proteína adicionadas.

104

Figura 32 – Efeito da adição de albumina e de caseína na flexibilidade da massa do pão.

A coesividade da massa, que é a força simulada para romper as ligações

internas da massa, e tem sido descrita como um parâmetro preditor da qualidade de

pães de trigo, uma vez que massas mais coesas produzem pães mais macios com

maior volume específico (MARCO e ROSELL, 2008b). Esta medida foi influenciada

pela adição de TGase e caseína isoladamente. A albumina apenas influenciou

significativamente quando interagiu com a TGase (tab. 24). A Fig. 33 mostra este

efeito sinérgico entre a TGase e a albumina para a coesividade da massa, onde a

adição das duas variáveis diminui a coesividade. De acordo com resultados obtidos

por Marco e Rosell (2008b), que adicionaram isolado protéico de soja e de ervilha, a

coesividade só foi influenciada pelo isolado protéico de soja. Bonet, Blaszczak e

Rosell (2006) encontraram aumento significativo na coesividade da massa quando a

TGase foi adicionada, da mesma forma que Collar e Bollaín (2004). Wang et al.

(2007) observaram maiores valores de dureza, adesividade e coesividade em gel de

glúten contendo TGase do que no obtido sem TGase.

105

Figura 33 – Efeito da adição de transglutaminase e de albumina na coesividade da massa do pão.

A gomosidade só foi significativamente influenciada pela adição isolada de

TGase. A interação entre TGase e albumina e entre albumina e caseína também

foram significativas, conforme pode ser observado na tab. 20 e representado nas

Fig. 34 e 35, respectivamente. A TGase exerceu em efeito quadrático sobre a

gomosidade, sendo que a adição de albumina aumentou a gomosidade da massa.

No entanto, na Fig. 35 a albumina sozinha parece não exercer efeito na

gomosidade, mas na presença de caseína parece intensificar o aumento nesta

medida. Marco e Rosell (2008b) encontraram que a adição de proteína da ervilha

resultou em efeito linear positivo na gomosidade da massa de farinha de arroz.

106

Figura 34 – Efeito da adição de transglutaminase e de albumina na gomosidade da massa do pão.

Figura 35 – Efeito da adição de albumina e de caseína na gomosidade da massa do pão.

107

4.2.4 Avaliação dos pães

Os pães foram avaliados em relação à volume específico, perda de peso e

textura. Na tab. 25 são apresentados os resultados volume específico e perda de

peso para os tratamentos.

Tabela 25 – Volume específico e perda de peso dos pães para as diferentes concentrações de transglutaminase (TGase, U/g de proteína), albumina (g%) e caseína (g%) adicionadas a farinha de arroz

Variáveis Característica avaliada

Trat. TGase

(X1)

Albumina

(X2)

Caseína

(X3)

Volume específico

(cm3.g-1)

Perda de peso (%)

1 1,35 0,67 0,67 1,62 17,42

2 1,35 0,67 5,32 1,51 17,17

3 1,35 5,32 0,67 1,59 14,25

4 1,35 5,32 5,32 1,54 14,17

5 10,65 0,67 0,67 1,50 15,80

6 10,65 0,67 5,32 1,35 17,68

7 10,65 5,32 0,67 1,45 14,70

8 10,65 5,32 5,32 1,40 14,11

9 6 3 3 1,47 14,42

10 6 3 3 1,46 13,83

11 0 3 3 1,57 15,72

12 12 3 3 1,45 14,01

13 6 0 3 1,54 15,75

14 6 6 3 1,54 12,91

15 6 3 0 1,47 14,59

16 6 3 6 1,45 14,17

Na tab. 26 são apresentados os estimadores da equação de regressão

obtida pelo método de superfície de resposta para o volume específico e perda de

peso dos pães de farinha de arroz para as variáveis estudadas.

108

Tabela 26 – Regressores (X1 = TGase, U/g de proteína; X2 = Albumina, g%; X3 = Caseína, g%) e estimativas dos parâmetros do modelo de regressão linear múltipla1, média e coeficiente de determinação do modelo (R2) para volume específico e perda de peso dos pães

Característica avaliada

Regressor Estimador Volume específico (cm3.g-1) Perda de peso (%)

- 0β 1,66 18,83

X1 1β -0,02* -0.60*

X1*X1 11β 0,0004 0,037*

X2 2β -0,04* -1,02*

X2*X2 22β 0,005* 0,087*

X3 3β 0,0001 -0.49*

X3*X3 33β -0,004* 0,092*

X1*X2 12β 0,00001 0,017

X1*X3 13β -0,0006 0,019

X2*X3 23β 0,004* -0,053*

Média - 1,49 15,04

R2 (%) - 0,85 0,69

p2 - 0,0000 0,0000 1 y = 0β + 1β x1 + 2β x2 + 3β x3 + 11β x1

2 + 22β x22 + 33β x3

2 + 12β x1x2 + 13β x1x3 + 23β x2x3; * p<0,05 2 nível mínimo de significância da equação

O volume específico médio dos pães foi de 1,49 cm3.g-1. Esta medida foi

influenciada significativamente por todas as variáveis independentes estudadas,

sendo que a equação resultante explica 85% da variação. Apenas houve interação

significativa entre a albumina e a caseína, conforme pode ser observado na Fig. 36.

A adição de outras fontes protéicas não melhorou o volume específico dos pães,

sendo que o efeito da albumina foi menor do que da caseína. O volume específico

do pão foi maior quando foi adicionado 1,35 de TGase/g de proteína, 0,67% de

albumina e 0,67% de caseína e menor quando adicionado 10,65U de TGase/g de

proteína, 0,67% de albumina e 5,32% de caseína (tab. 25). Sendo assim, a adição

de TGase e proteína à farinha de arroz não promoveu incremento no volume. Para

Romanowska, Polak e Bielecki (2006), o volume do pão é considerado um critério

109

básico de qualidade porque um insuficiente crescimento do pão, com miolo muito

pesado, não é apenas desagradável, como também, dificulta a digestão.

Figura 36 – Efeito da albumina e da caseína no volume específico do pão.

Moore et al (2004) compararam a produção de pão sem glúten, com e sem

a adição de leite em pó desnatado, e o pão com maior volume foi o que continha

leite em pó (2,08 cm3.g-1). Moore et al. (2006), produziram pão com farinha de arroz

adicionando três fontes de proteína e os resultados demonstraram efeitos variáveis

no volume específico dos pães com diferentes fontes de proteína. O pão com ovo

em pó apresentou maior volume específico (2,0 cm3.g-1) do que os pães com farinha

de soja (1,7 cm3.g-1) ou leite em pó (1,7 cm3.g-1). Gallagher, Gormley e Arendt (2004)

descreveram também que a adição de produtos lácteos na produção de pães,

melhora o volume específico. Marco e Rosell (2008c) adicionaram isolado protéico

de soja à farinha de arroz e obtiveram pão com menor volume específico, o entanto,

quando foi adicionada a TGase o volume não alterou.

A formação da ligação cruzada com a adição da TGase nem sempre resulta

em melhora no volume específico dos pães, conforme foi observado por Moore et al

(2006) onde com a adição de TGase (0,1 a 10U/g de proteína) o volume específico

nos pães com ovo em pó e com farinha de soja não se alterou e no pão com leite em

pó houve um decréscimo quando foi adicionado 10U de TGase/g de proteína. Gujral

e Rosell (2004b) adicionaram até 1,5% de TGase (16U/g de proteína) na farinha de

110

arroz para produção de pão e verificaram aumento no volume quando adicionado

até 1% de TGase (11U/g de proteína), havendo uma diminuição do volume com

maior quantidade da enzima. Renzetti, Bello e Arendt (2008), adicionaram TGase à

farinha de arroz integral e verificaram diminuição do volume específico (de 1,83 para

1,79 cm3.g-1) com apenas 1U de TGase/g de proteína. Caballero, Gómez e Rosell

(2007) adicionaram TGase (4,5U/ g de proteína) na massa de farinha de trigo e

também verificaram diminuição no volume específico do pão (de 3,85 para 3,61

cm3.g-1). Nunes (2008) encontrou que a adição de TGase não influenciou o volume

de pão branco de trigo, mas quando adicionada ao pão de trigo integral, o efeito foi

negativo.

De acordo com Moore et al. (2006) é presumido que a rede protéica

formada pela TGase tem a habilidade de prender água e com isso aumentar a

capacidade de fixar água e diminuir a perda de peso ao assar. Ingredientes como os

produtos lácteos são capazes de aumentar a retenção de água em produtos de

panificação e são descritos como bom substrato para a ação da TGase.

A perda de peso dos pães foi influenciada pelas três variáveis estudadas e a

equação resultante explica apenas 69% da variação desta medida (tab. 26). A média

encontrada foi de 15,04%. Apenas a interação entre albumina e caseína foi

significativa, conforme se pode observar na Fig. 37. O efeito da albumina parece ser

mais forte do que da caseína, diminuindo a perda de peso. A perda de peso foi

maior quando foi adicionado 10,65U de TGase/g de proteína, 0,67% de albumina e

5,32% de caseína e menor quando adicionado 6U de TGase/g de proteína, 6% de

albumina e 3% de caseína (tab. 25). Desta forma, a adição de mais albumina e

menos TGase e caseína, foi fundamental para ocorrer alterações na perda de peso.

Moore et al. (2006) avaliaram a adição de diferentes fontes de proteína

(farinha de soja, leite em pó e ovo em pó) e concentrações de TGase (0; 0,1; 1,0 e

10U TGase/g de proteína) na panificação com farinha de arroz. A perda de peso ao

assar foi maior para o pão com farinha de soja sem enzima (10,4%) e com 10U

TGase (10,03%) do que com 1 e 0,1U TGase (9,53 e 9,6%, respectivamente). Para

o pão com ovo em pó, com a adição de 1U TGase a perda de peso foi menor (9,0%)

do que sem enzima (9,6%) e com 0,1U e 10U TGase (9,6 e 9,9%, respectivamente).

No pão com leite em pó quando adicionado 10U TGase a perda de peso foi menor

(8,73%) do que com 0,1U TGase (9,53%). Comparando-se as três misturas, o pão

com farinha de soja sem a enzima apresentou maior perda de peso do que o pão

111

com leite em pó. Foi observada menor perda de peso quando comparado ao produto

sem adição de enzima, e isso é resultado da ligação cruzada das proteínas do leite.

Moore et al (2004) verificaram maior perda de peso no pão quando não havia a

presença de produto lácteo na formulação. Renzetti, Bello e Arendt (2008)

encontraram diminuição na perda de peso de pão com farinha de arroz integral

quando a TGase foi adicionada (12,4 – 10,9%).

Figura 37 – Efeito da albumina e da caseína na perda de peso do pão.

Na tab. 27 são apresentados os resultados da textura dos pães para os

tratamentos. Na tab. 28 são apresentadas as estimativas dos parâmetros da

equação de regressão obtida pelo método de superfície de resposta para a textura

dos pães de farinha de arroz para as variáveis independentes estudadas.

A análise de textura em alimentos tem sido intensamente explorada na

busca de desenvolver produtos com as melhores características. No caso da

panificação com farinha de arroz, esta é uma ferramenta muito importante para que

se possa comparar com produtos obtidos de farinha de trigo, a fim de obter um

produto com características semelhantes. Gallagher, Gormley e Arendt (2004)

afirmam que, para os produtos sem glúten serem aceitos, devem apresentar

características sensoriais similares aos produtos de trigo.

112

Tabela 27 – Textura dos pães para as diferentes concentrações de transglutaminase (TGase, U/g de proteína), albumina (g%) e caseína (g%) adicionadas a farinha de arroz

Variáveis Textura do pão1

Trat. TGase

(X1)

Albumina

(X2)

Caseína

(X3)

Dur Ade Fle Coe Mas

1 1,35 0,67 0,67 1228,6 -4,08 0,94 0,51 583,6

2 1,35 0,67 5,32 1462,4 -5,51 0,92 0,61 862,9

3 1,35 5,32 0,67 2313,2 -4,90 0,95 0,56 1223,7

4 1,35 5,32 5,32 2695,1 -4,40 0,93 0,60 1517,6

5 10,65 0,67 0,67 1599,9 -6,29 0,93 0,47 698,1

6 10,65 0,67 5,32 2175,2 -12,38 0,94 0,50 1044,8

7 10,65 5,32 0,67 2814,3 -9,47 0,95 0,54 1337,8

8 10,65 5,32 5,32 3377,2 -10,79 0,95 0,59 1967,2

9 6 3 3 2161,9 -6,16 0,96 0,54 1119,7

10 6 3 3 2142,6 -10,75 0,94 0,56 1110,6

11 0 3 3 2005,7 -3,88 0,95 0,52 915,1

12 12 3 3 2428,4 -19,47 0,94 0,56 1292,0

13 6 0 3 1302,9 -4,39 0,92 0,54 651,3

14 6 6 3 2593,8 -8,85 0,94 0,59 1362,0

15 6 3 0 1990,2 -6,67 0,94 0,52 999,1

16 6 3 6 2404,2 -7,28 0,95 0,56 1247,8 1 Dur = dureza (g); Ade = Adesividade (g.s-1); Fle = flexibilidade (mm); Coe = coesividade; Mas =

mastigabilidade (g)

113

Tabela 28 – Regressores (X1 = TGase, U/g de proteína; X2 = Albumina, g%; X3 = Caseína, g%) e estimativas dos parâmetros do modelo de regressão linear múltipla1, média e coeficiente de determinação do modelo (R2) para características de textura dos pães

Característica avaliada2

Regressor Estimador Dur Ade Fle Coe Mas

- 0β 1112,8 -1,30 0,94 0,51 605,1

X1 1β -21,8* 0,16 -0,0008 -0,002 -23,8

X1*X1 11β 4,66* -0,043* -0,0001 -0,0003 2,23*

X2 2β 306,5* -1,90* 0,01* -0,007 122,1*

X2*X2 22β -13,47* 0,209* -0,0012* 0,0015 -3,54

X3 3β -45,8 -1,34* -0,006 0,026* -33,5

X3*X3 33β 14,20* 0,170* 0,0002 -0,0012 9,43*

X1*X2 12β 1,12 -0,017 0,0001 0,0016* 3,16

X1*X3 13β 5,46* -0,063* 0,0006* -0,0007 4,33*

X2*X3 23β 4,27 0,132* -0,0002 -0,001 7,52*

Média - 2165,3 -7,53 0,94 0.55 1122.9

R2 (%) - 0,98 0,70 0,26 0,64 0,94

p3 - 0,0000 0,0000 0,0265 0,0000 0,0000 1 y = 0β + 1β x1 + 2β x2 + 3β x3 + 11β x1

2 + 22β x22 + 33β x3

2 + 12β x1x2 + 13β x1x3 + 23β x2x3; * p<0,05 2 Dur = dureza (g); Ade = Adesividade (g.s-1); Fle = flexibilidade (mm); Coe = coesividade; Mas = mastigabilidade (g) 3 nível mínimo de significância da equação

A dureza dos pães foi influenciada pela adição das três variáveis

independentes estudadas, sendo que a equação se ajustou adequadamente (R2 =

0,98). Apenas a interação entre a TGase e a caseína foi significativa, como se pode

observar na Fig. 38. Tanto a adição de TGase, como de caseína, promoveram um

aumento na dureza do pão. A dureza do pão foi maior quando adicionado 10,65U de

TGase/g de proteína, 5,32% de albumina e 5,32% de caseína e menor quando

adicionado 1,35U de TGase/g de proteína, 0,67% de albumina e 0,67% de caseína

(tab. 27), sendo assim, a adição de TGase e proteína não foi favorável no que diz

respeito a dureza do pão. Nunes (2008) que avaliou a adição de TGase na farinha

114

de trigo também relata o mesmo comportamento, ou seja, quanto maior a adição de

TGase, maior a dureza do pão.

Figura 38 – Efeito da adição de transglutaminase e de caseína à farinha de arroz na dureza do pão.

Gallagher, Gormeley e Arendt (2003) adicionaram sete tipos de produtos

lácteos na formulação de pão sem glúten e encontraram que a formulação com

maior teor de proteína e menor teor de lactose, resultou em pão com melhor formato

e volume e textura mais firme do miolo. Moore et al. (2004) verificaram maior dureza

do pão quando foram adicionados produtos lácteos na formulação. Eles confirmam

que a maior dureza é provocada pelo maior teor de proteína. Moore et al. (2006)

também encontraram aumento na dureza do pão contendo leite em pó após a

adição de TGase, no entanto, no pão contendo ovo em pó, houve aumento até a

adição de 1U TGase/g de proteína, sendo que com 10U/g de proteína houve

diminuição na dureza.

Marco e Rosell (2008c) adicionaram TGase à farinha de arroz e houve

aumento significativo na dureza do pão. Quando adicionaram isolado protéico de

soja também encontram expressivo aumento na dureza o que foi ainda mais

intensificado com a presença de TGase. Esse aumento na dureza do pão com a

adição da TGase tem sido atribuído à ligação cruzada da proteína catalisada pela

enzima (RENZETTI, BELLO e ARENDT, 2008; MARCO e ROSELL, 2008c).

115

Gujral e Rosell (2004b) encontraram comportamento contrário na farinha de

arroz, pois quando a TGase foi adicionada até 11U/g de proteína, a dureza diminuiu,

aumentando com a adição de maiores quantidades da enzima. Gerrard et al. (1998)

avaliaram o efeito da TGase na força do miolo de pães de trigo e encontraram que a

TGase adicionada na massa produziu pães com melhor textura e com maior firmeza

do miolo, da mesma forma que Caballero, Gómez e Rosell (2007) que adicionaram

TGase à farinha de trigo e encontraram aumento na dureza do pão.

A adesividade do pão também foi influenciada significativamente por todas

as variáveis estudadas, sendo que a equação de regressão obtida explica 70% da

variação desta medida (tab. 28). A interação linear foi significativa entre a TGase e

caseína e entre albumina e caseína (Fig. 39 e 40, respectivamente).

Figura 39 – Efeito da adição de transglutaminase e de caseína à farinha de arroz na adesividade do pão.

116

Figura 40 – Efeito da adição de albumina e de caseína a farinha de arroz na adesividade do pão.

A adesividade dos pães foi mais influenciada pela adição de TGase do que

pela caseína, no entanto houve um efeito sinérgico. A adesividade do pão foi maior

quando foi adicionado 12U de TGase/g de proteína, 3% de albumina e 3% de

caseína e menor quando adicionado 0U de TGase/g de proteína, 3% de albumina e

3% de caseína (tab. 27). Neste caso a adição de TGase parece exercer o principal

efeito na adesividade.

Resultado diferente foi encontrado por Marco e Rosell (2008c) que ao

adicionarem TGase à farinha de arroz, não encontraram alteração na adesividade do

produto, no entanto a quantidade de enzima adicionada foi menor (7,5U/g de

proteína). Na interação entre albumina e caseína (Fig. 40), o efeito foi quadrático

sendo que nas quantidades médias das proteínas (3%) a adesividade parece ser

máxima. Marco e Rosell (2008c), da mesma forma, verificaram aumento da

adesividade do pão com adição de outra fonte protéica (proteína de soja) à farinha

de arroz. O efeito combinado entre o isolado protéico de soja e a TGase, fez com

que a adesividade do pão aumentasse ainda mais, resultado semelhante ao

encontrado nesta pesquisa.

A flexibilidade do pão só foi influenciada pela adição de albumina e a

equação de regressão resultante teve baixa qualidade de ajuste (R2 = 0,26). Houve

117

interação entre a TGase e a caseína, conforme pode ser observado na Fig. 41, no

entanto, o coeficiente de determinação também foi muito baixo (R2 = 10,76). Moore

et al. (2004) testaram a formulação de pão sem glúten, com e sem adição de

produto lácteo, e não verificaram alteração na flexibilidade do pão. Marco e Rosell

(2008c) não observaram mudança na flexibilidade do pão quando a TGase foi

adicionada à farinha de arroz, mas quando o isolado protéico de soja foi adicionado,

a flexibilidade aumentou. A presença do isolado protéico de soja e a TGase não

promoveu alteração quando comparado apenas a presença do isolado. Caballero,

Gómez e Rosell (2007) não verificaram mudança na flexibilidade do pão com farinha

de trigo quando a TGase foi adicionada.

Figura 41 – Efeito da adição de transglutaminase e da caseína à farinha de arroz na flexibilidade do pão.

A coesividade é uma medida que está correlacionada à forma que o pão se

mantém agregado conforme ele é mastigado. Esta medida foi significativamente

influenciada pela adição de caseína, sendo que a TGase e albumina apenas tiveram

efeito significativo na sua interação (tab. 28). A Fig. 42 exemplifica a interação entre

a TGase e a albumina na coesividade do pão. Conforme pode ser observado, a

adição de TGase diminui muito a coesividade do pão, no entanto quando a TGase é

máxima e conforme adiciona-se caseína, a coesividade aumenta. Moore et al.

(2004) verificaram diminuição da coesividade do pão quando produto lácteo foi

118

adicionado a formulação do pão sem glúten. Marco e Rosell (2008c) não verificaram

alteração na coesividade do pão quando a TGase foi adicionada. A presença de

isolado protéico de soja sem a enzima também não alterou esta medida, no entanto

quando a TGase estava presente, houve diminuição na coesividade do pão.

Caballero, Gómez e Rosell (2007) verificaram aumento da coesividade do pão de

trigo de 0,82 para 0,84 quando a TGase foi adicionada.

Figura 42 – Efeito da adição de transglutaminase e de albumina à farinha de arroz na coesividade do pão.

A mastigabilidade do pão foi influenciada por todas as variáveis estudadas e

houve interações significativas entre TGase e caseína e entre albumina e caseína. A

equação de regressão obtida explica 94% da variação nesta medida (tab. 28). A Fig.

43 apresenta a superfície de resposta entre TGase e caseína. Com o aumento das

duas variáveis, houve aumento na mastigabilidade. Na Fig. 44 observa-se a

superfície de resposta entre a albumina e a caseína e nota-se um aumento na

mastigabilidade conforme as duas fontes de proteína são adicionadas. A

mastigabilidade foi maior quando foi adicionado 10,65U de TGase/g de proteína,

5,32% de albumina e 5,32% de caseína e menor quando adicionado 1,35U de

TGase/g de proteína, 0,67% de albumina e 0,67% de caseína (tab. 27). Da mesma

forma, Moore et al. (2004) verificaram que a adição de produto lácteo na formulação

119

do pão aumentou significativamente a mastigabilidade do pão. Renzetti, Bello e

Arendt (2008) utilizaram farinha de arroz integral na produção de pães e com a

adição de TGase também houve aumento na mastigabilidade do pão, resultado

também encontrado por Caballero, Gómez e Rosell (2007) em pão de trigo. Marco e

Rosell (2008c) verificaram que a adição de TGase em pão com farinha de arroz,

promoveu um aumento na mastigabilidade e na presença de isolado protéico de soja

também. Quando a TGase foi adicionada juntamente com o isolado protéico, o

aumento da mastigabilidade foi ainda maior.

Figura 43 – Efeito da adição de transglutaminase e de caseína à farinha de arroz na mastigabilidade do pão.

120

Figura 44 – Efeito da adição de albumina e de caseína à farinha de arroz na mastigabilidade do pão.

Nas tab. 29 a 33 são apresentados os resultados da textura dos pães no dia

na produção, 24 e 48 horas após.

Conforme pode ser observado, na média entre os tratamentos, a dureza dos

pães aumentou durante o armazenamento, resultado da retrogradação do amido. A

adesividade dos pães também aumentou durante o armazenamento. A flexibilidade

diminuiu, assim como, a coesividade e a mastigabilidade. Moore et al. (2004)

avaliaram pães sem glúten com e sem a adição de produto lácteo, durante cinco

dias e também verificaram aumento na dureza e diminuição na coesividade,

flexibilidade e mastigabilidade. Caballero, Gómez e Rosell (2007) também

verificaram aumento na dureza do pão de trigo com adição de TGase durante o

armazenamento. Eles atribuem este comportamento à afinidade da água promovida

pela TGase no glúten, limitando a disponibilidade de água para o amido, acelerando

a retrogradação.

Conforme os resultados para todas as avaliações realizadas, percebe-se

que para cada uma delas existe uma quantidade diferente de TGase, albumina e

caseína que resulta em melhores respostas. Para a retrogradação da pasta da

farinha, onde se quer menores valores para prolongar a vida de prateleira, a melhor

combinação foi de maior quantidade de TGase, albumina e menor de caseína. Na

121

dureza da massa, maiores teores de TGase, albumina e caseína proporcionaram

massa mais dura e adesiva, resultando em pães com menor volume específico,

maior dureza e adesividade.

Neste estudo, observou-se que, de maneira geral, menores quantidades de

TGase, albumina e caseína resultam em produto com características que são mais

desejadas pelos consumidores.

Tabela 29 – Dureza (g) dos pães elaborados com farinha de arroz adicionados de transglutaminase, caseína e albumina durante o armazenamento

Variáveis Dureza

Dias de armazenamento Tratamentos

Tgase

(U/g ptn)

Albumina

(g)

Caseína

(g) 1 2 3

1 1,35 0,67 0,67 1228,6 1263,1 1459,8

2 1,35 0,67 5,32 1462,4 1693,9 1893,6

3 1,35 5,32 0,67 2313,2 2375,5 2378,9

4 1,35 5,32 5,32 2695,1 3093,7 3099,4

5 10,65 0,67 0,67 1599,9 1603,8 1765,9

6 10,65 0,67 5,32 2175,2 2471,1 2497,2

7 10,65 5,32 0,67 2814,3 2871,1 2872,0

8 10,65 5,32 5,32 3377,2 3533,7 3568,9

9 6 3 3 2161,9 2170,0 2395,6

10 6 3 3 2142,6 2124,1 2313,1

11 0 3 3 2005,7 2052,4 2155,2

12 12 3 3 2428,4 2525,0 2999,1

13 6 0 3 1302,9 1642,1 1765,3

14 6 6 3 2593,8 2711,2 2387,1

15 6 3 0 1990,2 2059,0 2006,7

16 6 3 6 2404,2 2541,0 2605,9

Média 2168,5 2295,7 2385,2

122

Tabela 30 – Adesividade (g.s-1) dos pães elaborados com farinha de arroz adicionados de transglutaminase, caseína e albumina durante o armazenamento

Variáveis Adesividade (g.s-1)

Dias de armazenamento Tratamentos

Tgase

(U/g ptn)

Albumina

(g)

Caseína

(g) 1 2 3

1 1,35 0,67 0,67 -4,08 -15,98 -12,89

2 1,35 0,67 5,32 -5,51 -11,35 -16,44

3 1,35 5,32 0,67 -4,90 -8,74 -14,43

4 1,35 5,32 5,32 -4,40 -12,07 -18,25

5 10,65 0,67 0,67 -6,29 -20,42 -19,06

6 10,65 0,67 5,32 -12,38 -24,07 -34,32

7 10,65 5,32 0,67 -9,47 -12,03 -18,28

8 10,65 5,32 5,32 -10,79 -16,21 -32,96

9 6 3 3 -6,16 -14,97 -27,74

10 6 3 3 -10,75 -17,71 -19,31

11 0 3 3 -3,88 -6,35 -17,42

12 12 3 3 -19,47 -21,67 -16,44

13 6 0 3 -4,39 -16,31 -14,41

14 6 6 3 -8,85 -11,45 -46,06

15 6 3 0 -6,67 -11,46 -29,35

16 6 3 6 -7,28 -15,35 -32,57

Média -7,83 -14,76 -23,12

123

Tabela 31 – Flexibilidade (mm) dos pães elaborados com farinha de arroz adicionados de transglutaminase, caseína e albumina durante o armazenamento

Variáveis Flexibilidade (mm)

Dias de armazenamento Tratamentos

Tgase

(U/g ptn)

Albumina

(g)

Caseína

(g) 1 2 3

1 1,35 0,67 0,67 0,94 0,96 0,89

2 1,35 0,67 5,32 0,92 0,95 0,91

3 1,35 5,32 0,67 0,95 0,94 0,95

4 1,35 5,32 5,32 0,93 0,94 0,98

5 10,65 0,67 0,67 0,93 0,94 0,97

6 10,65 0,67 5,32 0,94 0,94 0,95

7 10,65 5,32 0,67 0,95 0,95 0,92

8 10,65 5,32 5,32 0,95 0,94 0,95

9 6 3 3 0,96 0,92 0,94

10 6 3 3 0,94 0,94 0,93

11 0 3 3 0,95 0,95 0,98

12 12 3 3 0,94 0,94 0,83

13 6 0 3 0,92 0,95 0,92

14 6 6 3 0,94 0,97 0,95

15 6 3 0 0,94 0,94 0,93

16 6 3 6 0,95 0,96 0,92

Média 0,94 0,95 0,93

124

Tabela 32 – Coesividade dos pães elaborados com farinha de arroz adicionados de transglutaminase, caseína e albumina durante o armazenamento

Variáveis reais Coesividade

Dias de armazenamento Tratamentos

Tgase

(U/g ptn)

Albumina

(g)

Caseína

(g) 1 2 3

1 1,35 0,67 0,67 0,51 0,44 0,35

2 1,35 0,67 5,32 0,61 0,48 0,45

3 1,35 5,32 0,67 0,56 0,50 0,46

4 1,35 5,32 5,32 0,60 0,48 0,43

5 10,65 0,67 0,67 0,47 0,43 0,38

6 10,65 0,67 5,32 0,50 0,43 0,40

7 10,65 5,32 0,67 0,54 0,47 0,45

8 10,65 5,32 5,32 0,59 0,50 0,48

9 6 3 3 0,54 0,47 0,42

10 6 3 3 0,56 0,47 0,41

11 0 3 3 0,52 0,48 0,43

12 12 3 3 0,56 0,47 0,38

13 6 0 3 0,54 0,43 0,40

14 6 6 3 0,59 0,47 0,44

15 6 3 0 0,52 0,47 0,39

16 6 3 6 0,56 0,47 0,42

Média 0,55 0,47 0,42

125

Tabela 33 – Mastigabilidade (g) dos pães elaborados com farinha de arroz adicionados de transglutaminase, caseína e albumina durante o armazenamento

Variáveis Mastigabilidade (g)

Dias de armazenamento Tratamentos

Tgase

(U/g ptn)

Albumina

(g)

Caseína

(g) 1 2 3

1 1,35 0,67 0,67 583,6 517,3 464,7

2 1,35 0,67 5,32 862,9 771,1 672,7

3 1,35 5,32 0,67 1223,7 1076,9 1057,5

4 1,35 5,32 5,32 1517,6 1406,9 1270,6

5 10,65 0,67 0,67 698,1 669,5 636,9

6 10,65 0,67 5,32 1044,8 1034,3 967,9

7 10,65 5,32 0,67 1337,8 1290,4 1289,9

8 10,65 5,32 5,32 1967,2 1594,7 1650,0

9 6 3 3 1119,7 930,6 951,5

10 6 3 3 1110,6 910,7 839,4

11 0 3 3 915,1 911,4 966,3

12 12 3 3 1292,0 1100,4 904,0

13 6 0 3 651,3 691,8 617,6

14 6 6 3 1362,0 1155,4 887,9

15 6 3 0 999,1 942,1 740,4

16 6 3 6 1247,8 1135,2 990,3

Média 1120,8 1008,7 931,7

126

5 CONCLUSÕES

5.1 Experimento I

As frações da proteína são diferentes para as farinhas com diferentes teores

de amilose e a adição de transglutaminase promove modificação do perfil protéico

da farinha de arroz de alta, média e baixa amilose.

A capacidade de absorção de água aumenta e as propriedades

viscoamilográficas das farinhas com alta, média e baixa amilose são modificadas

com a adição de transglutaminase.

A textura da massa é diferente para cada farinha estudada e a adição de

transglutaminase aumenta a dureza e a adesividade e diminui a coesividade e a

gomosidade da massa.

O volume específico do pão é maior para a farinha de baixa amilose, mas

suas características de textura são inferiores. O pão com farinha de arroz de alta

amilose apresentou bom volume específico e a adição de transglutaminase (1,5%)

melhorou esta característica. O pão com farinha de média amilose apresentou

menor volume e a adição da enzima (ate 1,0%) aumentou o volume.

A perda de peso dos pães foi influenciada pelo teor de amilose da farinha,

sendo maior para a de média amilose, seguida pela de alta e por último a de baixa.

A adição de transglutaminase não modificou significativamente esta característica.

A textura dos pães é diferente para farinhas com diferentes teores de

amilose, sendo que a de alto teor apresenta melhores características. A adição de

transglutaminase diminui a firmeza do pão com farinha de alta amilose, aumenta a

adesividade e não modifica a dureza.

Pães elaborados com farinha de alta e média amilose apresentam

características sensoriais de consumo melhores do que os elaborados com farinha

de baixa amilose.

5.2 Experimento II

A adição de albumina, caseína e transglutaminase modifica as frações

protéicas da farinha, assim como as características viscoamilográficas da farinha de

arroz.

127

A dureza, adesividade, coesividade e gomosidade da massa dos pães é

modificada pela adição de transglutaminase, albumina e caseína, sendo que a

adição de maior quantidade de TGase (10,65U/g de proteína), albumina (5,32g/%) e

caseína (5,32g/%) resulta em massa mais dura e adesiva, que resultam em pães

com menor volume específico, maior dureza e adesividade.

Para se obter pães com melhores características de textura e de volume, é

necessário adicionar menores quantidades de TGase (1,35U/g de proteína),

albumina (0,67g/%) e caseína (0,67g/%).

A farinha de arroz pode ser enriquecida com albumina e caseína

modificadas pela transglutaminase para melhorar a qualidade nutricional do pão,

mas tem como conseqüência a redução na qualidade de panificação.

128

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140

7 APÊNDICES

Tabela 1 - Frações da proteína de farinha de arroz de alta, média e baixa amilose

modificadas pela transglutaminase

Transglutaminase (%)

Farinha

(amilose) 0 0,5 1,0 1,5

Albumina/Globulina

Alta 8,57*cAB 7,48bB 8,49bA 7,96cAB

Média 13,35aA 12,66aA 12,98aA 13,6a1A

Baixa 10,43bB 10,90aB 13,84aA 10,58bB

Prolamina

Alta 0,13cB 0,20bB 2,22bA 0,17bB

Média 3,07bB 4,02aAB 5,11aA 3,50aAB

Baixa 5,31aA 5,04aA 4,85aA 4,70aA

Glutelina

Alta 65,22bA 66,46bA 67,03bA 68,69aA

Média 63,12bB 63,77bB 60,26cB 71,02aA

Baixa 75,42aB 77,38aA 71,49aC 74,13aB

Resíduo final

Alta 26,20aA 25,87aA 23,05aA 22,59aA

Média 20,63bA 19,54bA 22,23aA 11,47bB

Baixa 8,99cA 6,54cA 9,82bA 11,28bA

* Médias ligadas por mesma letra (minúscula na vertical e maiúscula na horizontal) não diferem pelo

teste Tukey, com 5% de probabilidade de erro.

141

Tabela 2 - Capacidade de absorção de água de farinha de arroz de alta, média e

baixa amilose com adição de transglutaminase

Transglutaminase (%) Farinha

(amilose) 0,0 0,5 1,0 1,5

Alta 249,9aA 256,9aA 243,6aA 248,7aA

Média 238,6aB 246,4aA 243,4aAB 239,6bB

Baixa 211,1bB 216,5bAB 218,3bA 219,8cA

* Médias ligadas por mesma letra (minúscula na vertical e maiúscula na horizontal) não diferem pelo

teste Tukey, com 5% de probabilidade de erro.

142

Tabela 3 - Parâmetros viscoamilográficos das farinhas de arroz de diferentes teores

de amilose (alta, média e baixa) e adição de transglutaminase

Transglutaminase (%)

Farinha

(amilose) 0 0,5 1,0 1,5

Temperatura de pasta (oC)

Alta 71,7aA 69,3aA 69,7aA 69,3aA

Média 67,1bA 65,8bAB 65,4bB 64,9bB

Baixa 63,9bA 63,5bA 63,7bA 63,3bA

Tempo de pasta (min)

Alta 6,1aA 6,2aA 6,2aA 6,2aA

Média 6,2aA 6,0aA 6,2aA 6,0aA

Baixa 4,2bA 4,0bAB 4,0bAB 4,0bB

Pico de viscosidade (RVU)

Alta 255,3aC 297,5aA 286,0abB 283,9aB

Média 248,5abB 268,6AbB 290,3aA 269,3AbB

Baixa 227,5bB 253,1cA 240,7AbB 256,9Ac

Quebra (RVU)

Alta 32,6bA 43,1bA 37,3bA 33,3bA

Média 86,8aB 101,9aA 100,3aAB 96,3aAB

Baixa 84,1aB 100,8aA 90,9aAB 98,8aA

Viscosidade final (RVU)

Alta 468,3aA 504,5aA 484,6aA 474,5aA

Média 307,6bB 317,3bAB 348,5bA 331,7bB

Baixa 184,6cC 199,6cAB 196,9cB 207,3cA

Retrogradação (RVU)

Alta 245,6aA 250,1aA 234,3aA 224,0aA

Média 145,9bB 150,6bB 158,5bA 158,6bA

Baixa 41,3cB 47,4cAB 46,8cAB 49,3cA

* Médias ligadas por mesma letra (minúscula na vertical e maiúscula na horizontal) não diferem pelo

teste Tukey, com 5% de probabilidade de erro.

143

Tabela 4 - Parâmetros de textura da massa de pães com farinhas de arroz de alta,

média e baixa amilose e transglutaminase

Transglutaminase (%)

Farinha

(amilose) 0 0,5 1,0 1,5

Dureza (g)

Alta 1560,9bB 1637,3cB 1604,8bB 1881,1bA

Média 2750,1aB 3415,8aA 3640,1aA 2713,9aB

Baixa 1267,0cD 2476,3bA 1510,4bC 1936,4bB

Adesividade (g.s-1)

Alta -4047,4bC -4447,1bA -4292,2bB -4293,2bB

Média -5469,0cBC -5839,4cA -5720,9cAB -5148,6cC

Baixa -1741,2aD -2791,5aA -2442,4aB -2161,3aC

Coesividade

Alta 0,11bA 0,10aA 0,12abA 0,11aA

Média 1,02bA 1,00aA 0,11bA 0,11aA

Baixa 0,20aA 0,13aB 0,13aB 0,10aB

Flexibilidade (mm)

Alta 1,00aA 1,00aA 1,00aA 1,00aA

Média 1,00aA 1,00aA 1,00aA 1,00aA

Baixa 1,01aA 0,97aA 1,02aA 1,00aA

Gomosidade (g)

Alta 152,3cB 175,7cA 183,4bA 180,3bA

Média 348,9bA 357,4bA 374,3aA 285,4aB

Baixa 188,5aB 293,1aA 186,0bB 168,3bB

* Médias ligadas por mesma letra (minúscula na vertical e maiúscula na horizontal) não diferem pelo

teste Tukey, com 5% de probabilidade de erro.

144

Tabela 5 - Volume específico dos pães com farinha de arroz de alta, média e baixa

amilose com adição de transglutaminase

Transglutaminase (%) Farinha

(amilose) 0,0 0,5 1,0 1,5

Alta 1,64aB 1,61bB 1,63aB 1,74aA

Média 1,55aB 1,74aA 1,78aA 1,71aA

Baixa 1,71aA 1,68aA 1,79aA 1,49bA

* Médias ligadas por mesma letra (minúscula na vertical e maiúscula na horizontal) não diferem pelo

teste Tukey, com 5% de probabilidade de erro.

145

Tabela 6 - Perda de peso dos pães com farinha de arroz de alta, média e baixa

amilose com adição de transglutaminase

Transglutaminase (%) Farinha

(amilose) 0,0 0,5 1,0 1,5

Alta 20,1aA 20,0bA 17,83bA 19,1bA

Média 22,0aA 23,5aA 21,5aA 21,5aA

Baixa 14,4bB 16,2±cA 16,4bA 15,2cAB

* Médias ligadas por mesma letra (minúscula na vertical e maiúscula na horizontal) não diferem pelo

teste Tukey, com 5% de probabilidade de erro.

146

Tabela 7 - Parâmetros de textura dos pães com farinhas de arroz de alta, média e

baixa amilose e transglutaminase

Transglutaminase (%)

Farinha

(amilose) 0 0,5 1,0 1,5

Firmeza (g)

Alta 1021,2aA 853,3aB 824,8aB 803,2aB

Média 453,2bA 353,5bB 419,3bAB 499,2bA

Baixa 179,1cB 239,0cB 365,4bA 238,5cB

Dureza (g)

Alta 1177,1aA 1193,4aA 1213,2aA 1172,5aA

Média 706,8bB 571,9bC 724,7bAB 764,9bA

Baixa 291,9cB 381,0cAB 449,1cA 281,6cB

Adesividade (g.s-1)

Alta -22,9aB -32,3aA -34,9aA -36,1aA

Média -36,1bC -50,8cA -40,8abBC -41,3aB

Baixa -43,3bA -39,4bA -45,1bA -43,5aA

* Médias ligadas por mesma letra (minúscula na vertical e maiúscula na horizontal) não diferem pelo

teste Tukey, com 5% de probabilidade de erro.

147

Tabela 8 - Médias de atributos sensoriais de pães de arroz com farinhas de diferentes teores de amilose (alta, média e baixa) e

adição de transglutaminase

TGase (%) TGase (%)

Farinha

(amilose) 0 0,5 1,0 1,5 0 0,5 1,0 1,5

Formato Tamanho

Alta 8,0±0,9abA* 8,2±0,9aA 8,2±0,7aA 7,2±0,9abA 4,2±0,6aA 4,9±0,9aA 4,8±0,5aA 4,2±0,5aA

Média 8,7±0,4aA 8,2±0,8abA 8,3±0,8aA 8,2±0,9aA 4,7±0,4aA 3,8±0,6abA 4,6±0,7aA 4,9±0,7aA

Baixa 1,8±0,8bA 3,2±0,9bA 2,4±0,8aA 0,2±0,4bA 0,4±0,4cA 0,5±0,8bA 0,5±0,7cA 0,3±0,6cA

Poros (distribuição) Poros (tamanho)

Alta 6,1±1,0abA 5,3±1,0aA 6,9±0,8aA 4,1±0,9abA 4,7±0,9aA 4,4±1,0aA 4,6±0,5aA 4,0±1,0aA

Média 6,9±0,8aAB 3,6±1,0aB 7,2±0,9aAB 8,1±0,9aA 4,1±0,8aA 4,9±1,0aA 4,5±0,4aA 4,1±0,7aA

Baixa 1,8±0,8bA 0,7±0,9aA 2,1±1,0bA 3,9±0,6bA 1,1±0,5aB 5,7±0,9aA 0,6±0,6bB 0,5±0,8aB

Miolo (Sensação) Miolo (maciez)

Alta 8,1±0,9aA 8,1±0,9aA 8,1±1,0aA 3,3±0,9aA 2,8±1,0aB 3,2±0,8bB 3,3±0,9bB 8,2±0,9aA

Média 8,2±0,9aA 4,6±1,0abA 6,7±1,0abA 5,4±0,8aA 2,6±0,9aB 8,6±0,7aA 8,2±0,9aA 8,3±1,0aA

Baixa 0,3±0,5bA 0,3±0,5bA 0,4±0,7bA 0,3±0,8aA 4,5±0,9aA 5,6±1,0abA 6,0±1,0abA 4,3±0,8aA

Odor Sabor

Alta 7,2±0,9aA 8,6±0,6aA 6,3±1,0aA 7,3±0,8abA 7,2±0,7aA 5,6±0,8abA 6,3±1,0aA 6,6±0,9abA

Média 6,5±1,0aAB 8,4±0,9aAB 5,5±0,9aB 8,5±0,9aA 6,2±1,0aAB 8,2±0,9aA 5,0±0,8aB 8,5±0,8aA

Baixa 4,5±1,0aA 4,4±0,9bA 3,5±0,9aA 4,8±0,8bA 4,3±0,6aA 3,4±0,8bA 3,5±0,7aA 4,2±0,9bA

* Médias ligadas por mesma letra (minúscula na vertical e maiúscula na horizontal) não diferem pelo teste Kruskal-Wallis, com 5% de probabilidade de erro.