40
6 1. INTRODUÇÃO A busca por energia de fontes alternativas, com baixo custo financeiro e de menor impacto ambiental é uma necessidade do cenário mundial, tendo em vista o aumento da demanda energética, a redução da oferta de combustíveis convencionais e a necessidade de diminuir os impactos ao meio ambiente.(1) O Brasil apresenta uma variedade de recursos alternativos para a geração de eletricidade, sendo a energia hidráulica sua principal fonte atualmente.(1) No entanto, apesar de ser uma fonte limpa e renovável, acarreta impactos ambientais severos, como inundações de grandes áreas que devastam a fauna e flora de uma região, alagamento de terras e o deslocamento de populações ribeirinhas.(2) Somado a isso, sabe-se que as principais bacias hidrográficas brasileiras com capacidade de abastecimento se apresentam com níveis baixos nos principais centros consumidores do país, como aquelas que atendem a demanda do Sistema Produtor Cantareira, responsável pelo abastecimento de aproximadamente 9 milhões de habitantes da Região Metropolitana de São Paulo, implicando na escassez da oferta de água potável à população.(1,3) Dessa forma, percebe-se que o Brasil está enfrentando uma crise hídrica que afeta a qualidade de vida da população em geral. Diante disso, verifica-se a necessidade de sensibilizar o profissional da área de engenharia civil para interagir com a sociedade e mostrar a importância de sistemas alternativos que contribuam para a economia do consumo de energia elétrica. Aproveitando-se do fato de que o Brasil localiza-se em uma região intertropical, isto é, com alto potencial para o aproveitamento da radiação solar durante todo o ano, tem-se a energia solar como uma fonte abundante e sustentável.(4) Para visualização de parâmetros da radiação solar no país, observa-se que a média máxima ocorre no Estado da Bahia, com 6,5 kilowatts- hora por metro quadrado (kWh/m²), e a menor radiação solar é percebida no litoral norte de Santa Catarina, com 4,25 kWh/m², o que caracteriza boa uniformidade solar em todas as regiões.(5) A partir disso, disserta-se brevemente sobre a conceituação de energia solar, suas desvantagens e seus benefícios para a economia e meio ambiente. A Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL define a energia solar como a energia proveniente da radiação solar, sendo necessária sua conversão em energia útil (térmica ou elétrica).(6) Seu principal viés relaciona-se com a variância da oferta de luz solar, que se modifica de acordo com a latitude da região, e apresenta menor eficiência nos períodos de inverno, chuvosos e durante a noite, o que demanda recursos para armazenamento de energia.(1,6)

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6

1. INTRODUÇÃO

A busca por energia de fontes alternativas, com baixo custo financeiro e de menor

impacto ambiental é uma necessidade do cenário mundial, tendo em vista o aumento da

demanda energética, a redução da oferta de combustíveis convencionais e a necessidade de

diminuir os impactos ao meio ambiente.(1) O Brasil apresenta uma variedade de recursos

alternativos para a geração de eletricidade, sendo a energia hidráulica sua principal fonte

atualmente.(1) No entanto, apesar de ser uma fonte limpa e renovável, acarreta impactos

ambientais severos, como inundações de grandes áreas que devastam a fauna e flora de uma

região, alagamento de terras e o deslocamento de populações ribeirinhas.(2)

Somado a isso, sabe-se que as principais bacias hidrográficas brasileiras com capacidade

de abastecimento se apresentam com níveis baixos nos principais centros consumidores do país,

como aquelas que atendem a demanda do Sistema Produtor Cantareira, responsável pelo

abastecimento de aproximadamente 9 milhões de habitantes da Região Metropolitana de São

Paulo, implicando na escassez da oferta de água potável à população.(1,3)

Dessa forma, percebe-se que o Brasil está enfrentando uma crise hídrica que afeta a

qualidade de vida da população em geral. Diante disso, verifica-se a necessidade de sensibilizar

o profissional da área de engenharia civil para interagir com a sociedade e mostrar a importância

de sistemas alternativos que contribuam para a economia do consumo de energia elétrica.

Aproveitando-se do fato de que o Brasil localiza-se em uma região intertropical, isto é,

com alto potencial para o aproveitamento da radiação solar durante todo o ano, tem-se a energia

solar como uma fonte abundante e sustentável.(4) Para visualização de parâmetros da radiação

solar no país, observa-se que a média máxima ocorre no Estado da Bahia, com 6,5 kilowatts-

hora por metro quadrado (kWh/m²), e a menor radiação solar é percebida no litoral norte de

Santa Catarina, com 4,25 kWh/m², o que caracteriza boa uniformidade solar em todas as

regiões.(5)

A partir disso, disserta-se brevemente sobre a conceituação de energia solar, suas

desvantagens e seus benefícios para a economia e meio ambiente. A Agência Nacional de

Energia Elétrica - ANEEL define a energia solar como a energia proveniente da radiação solar,

sendo necessária sua conversão em energia útil (térmica ou elétrica).(6) Seu principal viés

relaciona-se com a variância da oferta de luz solar, que se modifica de acordo com a latitude da

região, e apresenta menor eficiência nos períodos de inverno, chuvosos e durante a noite, o que

demanda recursos para armazenamento de energia.(1,6)

7

Seus benefícios a longo prazo relacionam-se com a diminuição de custos de eletrificação

de regiões carentes, aumento da oferta de energia em períodos de estiagem, menor impacto

ambiental, devido ao uso atenuado de combustíveis fósseis, e consequente redução da emissão

de gases poluentes.(1,6) A médio e curto prazo, verifica-se a utilidade das energias solares

fotovoltaica e térmica para o aquecimento de água, esta última que tem sido amplamente

empregada na indústria e que foi objeto de estudo deste trabalho.(1,6)

Assim, para o uso doméstico, a energia solar pode ser aproveitada através de sua

conversão em energia térmica por um aquecedor termo solar.(1) Neste estudo, optou-se pela

utilização alternativa do policarbonato para exercer a função de coletor solar. Este material é

um termoplástico de engenharia composto por uma resina, que é produto da reação entre

derivados do ácido carbônico e o bisfenol A.(8) É um material que possui alta transparência, o

que permite sua eficiência na utilização da luz solar, além de alta resistência mecânica, baixo

peso, ótimo potencial de isolamento termoacústico e resistência ao fogo.(8) O policarbonato

apresenta, como característica fundamental para sua aplicação no estudo, uma superfície

resistente à radiação ultravioleta, que evita o desgaste do material pela ação de agentes

atmosféricos e a perda de transmissão luminosa.(8)

Analisando-se os reais benefícios da aplicação da energia termo solar para o

aquecimento de água direcionado ao chuveiro doméstico, projeta-se a economia estimada de

gastos de energia elétrica para residências populares. Como exemplo, escolheu-se o programa

do Governo Federal “Minha Casa Minha Vida”, que pretende entregar 6,7 milhões de moradias

até 2018.(9) Supondo-se que cada moradia possuísse um coletor solar de baixo custo de 2,2 m²

de área,, em um ano cerca de 123,2 m² de terra seriam preservados da inundação para gerar

energia elétrica; eliminaria o consumo de 473 kg de lenha; pouparia 160,6 litros de gasolina;

diminuiria o consumo de 490,6 m³ de gás natural e 499,4 litros de diesel para termelétricas por

moradia.(10) O consumo médio do chuveiro doméstico é de 110 Kwh/mês.(11) Se nessas novas

6,7 milhões de moradias fossem instaladas um sistema de aquecedor termo solar para chuveiro,

teríamos uma economia mensal de 737 milhões de Kwh, retirando grande parte da carga de

demanda de energia gerada por usinas hidrelétricas para o consumo residencial.

Diante do exposto, explana-se que o presente trabalho surgiu da necessidade de reduzir

o consumo de energia elétrica e tornar conhecido um sistema alternativo de aquecedor termo

solar para chuveiro doméstico. Partindo do pressuposto de que a energia termo solar é uma

alternativa de baixo custo e de menor impacto ambiental, surgem as seguintes problemáticas:

Por que há a necessidade de se instalar o aquecedor termo solar de água em chuveiros

residenciais? Quais são as contribuições do sistema termo solar para crise hídrica? Qual

8

metodologia de dimensionamento deve ser adotada para a construção do sistema de

aquecimento termo solar? Como se dá o processo de construção do aquecedor termo solar para

o chuveiro doméstico?

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Com este trabalho, objetiva-se apresentar uma alternativa viável e sustentável para o

chuveiro doméstico a partir da construção de um sistema de aquecedor termo solar mostrando-

o como uma solução para o atual consumo de energia.

1.1.2 Objetivos Específicos

Dimensionamento de um sistema de aquecedor termo solar de policarbonato para

chuveiro doméstico;

Construção de um protótipo do sistema de aquecedor termo solar de policarbonato para

verificação de sua eficiência e entendimento do sistema como um todo;

Apresentar o custo-benefício mostrando a viabilidade do sistema proposto.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Como proposta de solução para o consumo do chuveiro elétrico foi elaborado o

protótipo de um sistema de aquecedor térmico de baixo custo para chuveiro doméstico. Para a

construção do coletor solar utilizou-se uma placa de policarbonato e, para o reservatório

térmico, optou-se pelo uso de materiais alternativos, visando diminuir o custo do sistema.

Previamente à construção do protótipo, elaborou-se uma revisão bibliográfica baseada

em artigos científicos indexados no período de 2009 a 2015, manuais do Ministério do Meio

Ambiente (MMA), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Associação

Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação (ABRAVA); bem como na norma da

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) - NBR 15569/08, visando embasar

teoricamente o estudo em questão.

O protótipo foi elaborado com o intuito de compreender o sistema de aquecimento termo

solar, a fim de verificar a sua eficiência e obter dados que comprovem que a solução proposta

atende a necessidade de conforto do usuário. Suas fases de execução foram desenvolvidas no

Campo Escola de Tecnologia Social (CELOGS), situado na Universidade Católica de Brasília,

situada à QS 07, Lote 01, EPCT, Águas Claras - Brasília - DF.

9

Neste trabalho, foi necessária a realização de um dimensionamento real do sistema para

alcançar a definição de critérios de volume do reservatório, demanda energética, área do coletor,

inclinação precisa para a coleta de radiação solar e posicionamento geográfico. Esta etapa é

determinante para garantir a qualidade de funcionamento do sistema.

Os materiais necessários utilizados para a elaboração e execução do estudo foram

custeados pelos pesquisadores e orientadores do trabalho, e são descritos a seguir: 01 Notebook;

01 placa de policarbonato (1,50mx1,50m); 01 tubo PVC (32mm); 01 tubo PVC (20mm);

01 pincel atômico; 01 trena; 01 lixa d’água 220; 01 serra corte CS2000; 01 lima circular; 990g

de resina para laminação; 400g de massa plástica; 03 joelhos 90 (25mm); 01 registro

(25mm) PVC; 01 mangueira (20mm); 06 engates para mangueira; 01 tê 90 (25mm); 04

caps soldáveis PVC (32mm); EPS (isopor) e 01 Termômetro digital a laser infravermelho.

Nos tópicos seguintes, serão delineados o método de dimensionamento, as fases da

execução, os métodos de ensaio e o estudo de viabilidade do sistema, aplicados no

desenvolvimento do estudo.

2.1 MÉTODO DE DIMENSIONAMENTO

Para a elaboração do dimensionamento, foi adotada a metodologia de cálculo proposta

pela norma NBR 15569/08 - Sistema de Aquecedor Solar em Circuito Direto.(12) O

dimensionamento do Sistema de Aquecedor Solar foi realizado através etapas descritas a seguir.

2.1.1 Apurar o volume de consumo

Para o atendimento do ponto de utilização do chuveiro, levou-se em consideração a

vazão da peça e seu tempo de utilização, considerando a frequência de uso, como demonstrado

na Equação (1). (12)

usodeFrequênciaTQ

ipiconsumo . (1)

Onde:

consumo - Volume total de água quente consumido diariamente, expresso em metros

cúbicos (m³);

10

piQ - É a vazão da peça de utilização, expressa em metros cúbicos por segundo (m³/s);

iT - É o tempo médio de uso diário da peça de utilização, expresso em segundos (s);

usodeFrequência - Número total de utilizações da peça por dia.

2.1.2 Calcular o volume do sistema de armazenamento

Para calcular o volume do sistema de armazenamento utilizou-se a Equação (2). (12)

)(

)(

ambarmaz

ambconsumoconsumo

armazTT

TT

. (2)

Onde:

consumo - Volume de consumo diário, expresso em metros cúbicos (m³);

armaz - Volume do sistema de armazenamento do SAS, expresso em metros cúbicos

(m³). Sugere-se que ( armaz ≥ 75% consumo

);

consumoT - Temperatura de consumo de utilização, expressa em graus Celsius (°C).

Sugere-se que seja adotado 40 °C;

armazT - Temperatura de armazenamento da água (°C). Sugere-se armaz

T ≥ consumoT

ambT - Temperatura ambiente média anual do local de instalação.

Nota: Para valores de armazT acima de 60 °C sugere-se que seja investigada a

característica de eficiência do coletor solar.

2.1.3 Calcular a demanda de energia útil

A demanda de energia foi calculada seguindo a Equação (3). (12)

3600

)(ambarmazparmaz

útil

TTCE

(3)

11

Onde:

útilE - Energia útil (Kwh/dia);

armaz - Volume do sistema de armazenamento do SAS, expresso em metros cúbicos

(m³);

- Massa especifica da água. (1000 kg/m³);

pC - Calor especifico da água, expresso em quilojaules por quilogramas kelvin (4,18

Kj/KgK);

2.1.4 Calcular a área coletora

A área coletora foi encontrada por meio da Equação (4). (12)

IgPMDEE

FCEEA

instalaçãoperdasútil

coletora

901,4)(. (4)

Onde:

coletoraA - Área coletora (m²);

Ig - Valor da radiação global média anual para o local de instalação (Kwh/m² * dia);

útilE - Energia útil (Kwh/dia);

perdasE - Somatório das perdas térmicas dos circuitos primário e secundário (Kwh/dia).

Calculado pela soma das partes ou pela Equação (5). (12)

útilperdasEE 15,0 (5)

PMDEE - Produção média diária de energia especifica do coletor solar (Kwh/m²).

Calculada pela Equação (6). (12)

)0249,0(901,4 ULFRFRPMDEE (6)

Onde:

FR - Coeficiente de ganho do coletor solar (adimensional);

ULFR - Coeficiente de perdas do coletor solar (adimensional);

12

instalaçãoFC - Fator de correção para inclinação e orientação do coletor solar dada pela

Equação (7):

)º90º15(]105,3)(102,1[1

1

2524

para

yFC

ótima

instalação. (7)

Onde:

- Inclinação do coletor em relação ao plano horizontal, expressa em graus (°);

ótima

- Inclinação ótima do coletor para o local de instalação em graus (sugere-se que

seja adotado o valor de módulo da latitude local + 10°);

y - Ângulo de orientação dos coletores solares em relação ao norte geográfico, em

graus.

2.2 FASES DA CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO DO AQUECEDOR TERMO

SOLAR

2.2.1 Composição do sistema de aquecedor termo solar

O protótipo do sistema de aquecedor termo solar teve a seguinte composição: coletor

solar, responsável pela captação da energia solar e aquecimento d’água; reservatório térmico

(boiler), responsável por coletar a água já aquecida e mantê-la na temperatura ideal até o

momento de consumo; reservatório de água fria, local de onde partirá a água fria em direção ao

coletor para que seja aquecida; e respiro, que deve ser instalado na saída do boiler para permitir

a saída de vapor, o que alivia a pressão do sistema, evitando seu rompimento, conforme

apresentado na Figura 1.

13

Figura 1 - Croqui do protótipo do aquecedor termo solar.

O aquecimento da água foi realizado pela radiação solar que pode ser classificada em

direta ou difusa: A radiação direta é aquela recebida pelo sol e que ainda não se dissipou pela

atmosfera, já a radiação difusa é a recebida pelo sol após ter sua direção original modificada

por reflexão da atmosfera.(13)

O sistema de transporte de água empregado foi o termossifão, que se utiliza da diferença

de densidade da água para sua locomoção dentro do sistema.(14) Ressalta-se que o depósito foi

situado em um nível superior ao do coletor solar, pois devido a água aquecida possuir uma

densidade menor do que a água fria, tal posicionamento desencadeia sua ascensão no sistema,

enquanto a água fria desce.(14)

14

2.2.2 Passo a passo da construção do protótipo

A seguir será descrito o passo a passo da construção do protótipo de aquecedor termo

solar (Figura 2), que seguiu as instruções contidas no Manual de Construção de Aquecedor

Termo Solar, elaborado pelo Projeto de Educação Ambiental (PEA) da Universidade Católica

de Brasília.(15)

Figura 2 - Protótipo do aquecedor termo solar.

2.2.2.1 Marcação e corte da placa de policarbonato

Para a construção do coletor solar do protótipo, realizou-se, inicialmente, a marcação na

placa de policarbonato de 1,5m x 1,5m, utilizando pincel atômico e trena, a fim de realizar o

corte de 0,6m x 0,75m, como ilustrado na Figura 3.

15

Figura 3 - Marcação da placa de policarbonato.

Em seguida, utilizou-se uma serra corte para delinear a dimensão da placa de

policarbonato e alcançar a as medidas de 0,6m x 0,75m (Figura 4).

Figura 4 - Corte da placa de policarbonato

2.2.2.2 Marcação e corte dos tubos PVC (32mm) com 6,0m de comprimento

Na elaboração do transporte de água (responsável pela comunicação entre o reservatório

de água fria, o coletor solar e o reservatório térmico), foi utilizado um tubo PVC (32mm),

16

com 6,0m de comprimento. Primeiramente, marcou-se o tubo com um pincel atômico e trena

para seu posterior corte, separando-o em duas partes (Figura 5).

Figura 5 - Marcação do Tubo PVC (32mm)

Na etapa de separação do tubo em duas partes, os cortes laterais e superiores dos tubos

PVC (32mm) foram executados com o auxílio de serra corte, a fim de obter maior precisão

(Figuras 6 e 7). Os cortes laterais foram feitos de acordo com a largura do coletor solar de

policarbonato (0,6m), porém o tubo foi cortado com 0,66m de largura, existindo assim uma

folga de 0,03m em cada lado do tubo para o encaixe das conexões de acabamento, entrada e

saída de água. O corte superior foi feito de acordo com a espessura do coletor solar (4mm), para

que haja uniformidade no encaixe entre o tubo e o coletor.

17

Figura 6 - Corte Lateral Tubo PVC (32mm)

Figura 7 - Corte Superior Tubo PVC (32mm)

Na execução do acabamento final do tubo PVC, utilizou-se uma lima circular. E para

obter uma melhor aderência entre a placa e a abertura superior do tubo, ambos foram lixados

com lixa d’água 220 (Figuras 8 e 9).

18

Figura 8 - Tubo PVC (32mm) lixado

Figura 9 - Placa de policarbonato lixada

2.2.2.3 Vedação entre o tubo PVC (32mm) e a placa de policarbonato (1,5m x 1,5m)

Com o intuito de garantir a integridade do sistema e evitar o vazamento de água,

realizou-se a etapa de vedação das frestas. A vedação foi feita entre o tubo e a placa, aplicando-

se uma mistura composta por resina para laminação e massa plástica (Figura 10), visando

permitir maior trabalhabilidade à mistura, e, para acelerar seu endurecimento, fez-se uso do

catalisador (Figura 11).

19

Figura 10 - Vedação entre o tubo PVC e a placa de policarbonato.

Figura 11 - Mistura usada na vedação de frestas

2.2.2.4 Gabarito com tubo PVC (20mm).

Foi necessário o uso de um gabarito para evitar o contato entre a entrada de água da

placa de policarbonato e o fundo interno do tubo PVC (32mm). Para tanto, utilizou-se de um

tubo PVC (20mm) como gabarito para permitir a passagem do fluido, como apresentado na

Figura 12.

20

Figura 12 - Gabarito tubo PVC.

A Figura 13 ilustra o coletor solar finalizado, após todas as etapas citadas

anteriormente, pronto para ser submetido ao teste de vazamento e à pintura.

Figura 13 - Coletor solar finalizado.

2.2.2.5 Teste para verificar vazamento

O teste para verificar a existência de vazamento consistiu em fechar com caps PVC

(32mm) soldáveis três, das quatro, aberturas dos tubos. Preencheu-se a placa com água na

21

quarta abertura até que ficasse completamente ocupada pelo fluido e, durante 15 minutos, foi

feita a análise da existência de vazamento (vide Figura 14). Após a realização do teste, não

houve a presença de vazamento.

Figura 14 - Coletor solar em fase de teste de vazamento.

2.2.2.6 Pintura do coletor solar

Após finalizado, o coletor foi tingido com tinta preta (Figura 15). De acordo com a

ABRAVA (2008), a placa absorvedora, que é responsável pela absorção e transferência da

energia térmica para a água, deve ser tingida de preto fosco ou receber tratamento especial para

maximizar a absorção da energia solar.(18)

22

Figura 15 - Coletor solar executado e tingido de preto.

2.2.2.7 Reservatório Térmico (Boiler)

O reservatório térmico (boiler) tem como função armazenar a água aquecida, e é

composto por corpo interno, isolante térmico e corpo externo. Como o corpo interno é a parte

que está em contato direto com a água aquecida, deve ser fabricado com materiais resistentes à

corrosão, e geralmente utiliza-se materiais como cobre e aço inoxidável nos reservatórios

fechados.(16) Já nos reservatórios abertos, utiliza-se, também, o polipropileno.(16) No

protótipo em estudo, utilizou-se um tubo PVC (200mm) com 54 cm de comprimento (Figura

15).

O isolante térmico é a estrutura que minimiza as perdas de calor para o meio.(16) É

colocado sobre a superfície externa do corpo interno, e, originalmente, os materiais mais

empregados são a lã de vidro e a espuma de poliuretano.(16) O isolante do protótipo foi

composto por espuma de poliuretano expandida, juntamente com o EPS (isopor) (Figura 16).

Visando proteger o reservatório contra intempéries, fez-se uma proteção externa com

dois sacos de ração para cachorros reutilizados, cujas partes internas são compostas por

alumínio (Figura 17). A proteção externa protege contra a umidade e danos no transporte ou

instalação(16). Em sua maioria, Essa proteção é feita com alumínio, aço galvanizado ou aço

carbono pintado, e não é recomendado o uso de lona plástica.(16)

23

Figura 16 - Isolamento do reservatório térmico

Figura 17 - Sacos de ração para cachorros utilizados no isolamento térmico

2.2.2.8 Reservatório de água fria

O reservatório de água fria foi composto por um galão plástico de 20 litros reutilizado,

e, posteriormente, tingido de azul para dar o acabamento final (Figura 18). A alimentação de

água fria do reservatório deve ser exclusiva, isto é, não deve permitir a presença de derivações

para outros pontos.(16)

24

Figura 18 - Preparação do reservatório de água fria

2.2.2.9 Respiro

O respiro é o dispositivo destinado a equalização natural das pressões positiva e negativa

do sistema de aquecedor termo solar, saída de ar e vapor.(12) No protótipo, o respiro foi

instalado na tubulação de saída de água quente do reservatório térmico (boiler), reutilizando

um retalho de mangueira de 25 cm (Figura 19).

25

Figura 19 - Respiro

2.3 MÉTODO DE ENSAIO

Com o intuito de analisar a aplicabilidade do protótipo quanto à eficiência do coletor, à

capacidade térmica do reservatório alternativo, ao conforto térmico do usuário e ao nível crítico

para início da degradação do coletor, foram realizados quatro ensaios descritos a seguir,

embasados nos estudos de Sodré (2010).(8) Em todos os ensaios foi utilizado o termômetro

digital a laser infravermelho. Para a coleta de dados dos ensaios, foram criadas tabelas originais

direcionadas para cada estudo aplicado.

2.3.1 Ensaio de eficiência do coletor

O ensaio de eficiência do coletor de policarbonato foi realizado buscando verificar sua

eficácia quanto ao aquecimento de água. O ensaio consistiu em coletar as temperaturas de saída

do sistema nos períodos do dia em que houve radiação solar. Para a coleta de dados, utilizou-

se o modelo apresentado na Tabela 1.

26

ENSAIO DE EFICIÊNCIA DO COLETOR

Data da coleta:

Hora da

coleta 08:00

Condição

climática:

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída

Hora da

coleta 09:00

Condição

climática:

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída:

Hora da

coleta 10:00

Condição

climática:

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída:

Hora da

coleta 11:00

Condição

climática:

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída:

Hora da

coleta 12:00

Condição

climática:

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída

27

Hora da

coleta 13:00

Condição

climática:

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída:

Hora da

coleta 14:00

Condição

climática:

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída:

Hora da

coleta 15:00

Condição

climática:

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída:

Hora da

coleta 16:00

Condição

climática:

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída

Hora da

coleta 17:00

Condição

climática:

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída:

Hora da

coleta 18:00

Condição

climática:

28

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída:

Tabela 1 - Ensaio de eficiência do coletor

2.3.2 Ensaio da capacidade térmica do reservatório alternativo

O ensaio de capacidade térmica do reservatório alternativo foi realizado com a

finalidade de averiguar o tempo pelo qual a água se manteria aquecida dentro do reservatório

térmico. Tal passo foi aplicado em duas etapas: Coletar a temperatura de saída do sistema, com

a utilização do termômetro digital a laser, ao pôr-do-sol; E no dia seguinte, pela manhã (ao

nascer do sol), coletar novamente a temperatura de saída do sistema, verificando se haveria

oscilações na temperatura. Para a coleta de dados, utilizou-se o modelo apresentado na Tabela

2.

ENSAIO DA CAPACIDADE TÉRMICA DO RESERVATÓRIO

Poente (Inicio do

ensaio):

Nascente (Final do

ensaio):

Data da coleta: Data da coleta:

Hora da coleta: Hora da coleta:

Temperatura

ambiente:

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída

Temperatura de

saída:

Tabela 2 - Ensaio da capacidade térmica do reservatório

2.3.3 Ensaio de conforto térmico ao usuário

O ensaio de conforto térmico ao usuário foi realizado para verificar a temperatura de

banho proporcionada pela água aquecida através do sistema, visando obter a temperatura ideal

34C.(8) Consistiu em simular banhos às 7h, 12h e 18h, a fim de coletar dados da temperatura

29

de saída do sistema em horários de banho convencionais da população brasileira.(8) Para a

coleta de dados, utilizou-se o modelo apresentado na Tabela 3.

ENSAIO DE CONFORTO TÉRMICO AO USUÁRIO

Data da coleta:

Hora da

coleta 08:00

Condição

climática:

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída

Hora da

coleta 12:00

Condição

climática:

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída:

Hora da

coleta 18:00

Condição

climática:

Temperatura

ambiente:

Temperatura de

saída:

Tabela 3 - Ensaio de Conforto térmico ao usuário

2.3.4 Ensaio de degradação térmica do coletor

O ensaio de degradação térmica do coletor visou analisar a temperatura da superfície

exposta do coletor entre 11h e 13h, períodos de radiação solar máxima e constante.(8) Para sua

realização, foram feitas coletas das temperaturas das partes inferior (T1), central (T2) e superior

(T3) do coletor, com o intuito de analisar se atingiria o nível crítico de degradação térmica. Para

a coleta de dados, utilizou-se o modelo apresentado na Tabela 4.

30

ENSAIO DE DEGRADAÇÃO TÉRMICA DO COLETOR

Data da coleta:

Hora da

coleta 11:00

Temperatura

ambiente: T1:

Condição

climática: T2:

T3:

Hora da

coleta 12:00

Temperatura

ambiente: T1:

Condição

climática: T2:

T3:

Hora da

coleta 13:00

Temperatura

ambiente: T1:

Condição

climática: T2:

T3:

Tabela 4 - Ensaio de degradação térmica do coletor

2.3.5 Estudo de viabilidade

O estudo de viabilidade foi direcionado para um projeto de casa popular com área de

40,36 m² (Figura 20). Para sua elaboração, fez-se o levantamento de todos os aparelhos elétricos

da casa embasado na tabela do Procel/Eletrobrás, verificando a porcentagem de consumo de

energia elétrica total para, posteriormente, apresentar o custo-benefício com a substituição do

chuveiro elétrico pelo sistema de aquecedor termo solar.(11)

31

Figura 20 - Planta baixa de uma casa popular (Escala 1:50)

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 DIMENSIONAMENTO

Este item aborda sobre o dimensionamento de um sistema de aquecimento solar

alternativo para uma residência localizada na cidade de Brasília - DF. Inicialmente, foi

necessário estimar o número de moradores, obter a declinação magnética e a inclinação dos

coletores para o seu posicionamento. A inclinação está relacionada com a latitude do local e os

coeficientes de ganho e perda do coletor solar. (12)

32

Os coeficientes utilizados para o cálculo foram obtidos a partir da Tabela de

Consumo/Eficiência energética para sistemas e equipamentos para aquecimento solar de água,

na aplicação banho, disponibilizada pelo INMETRO, os quais: FR = 0,780 e FRUL = 14,726,

tendo o termoplástico como material de superfície absorvedora.(17)

Após este estudo inicial, verificou-se que para uma residência localizada na cidade de

Brasília-DF, a declinação magnética padrão é de 20 ao Oeste, de acordo com a ABRAVA

(2008).(18) E a inclinação adequada de instalação dos coletores é de a 15º46’47” da superfície,

de acordo com a latitude para a mesma cidade obtida em dados do IBGE (2011).(19) Optou-se

por realizar o dimensionamento para uma residência com quatro moradores, com a

disponibilidade de água quente somente na tubulação do chuveiro.

Nos tópicos seguintes, discute-se detalhadamente sobre o dimensionamento, o qual

abrange volume de consumo de água do chuveiro, volume do sistema de armazenamento do

reservatório térmico, demanda de energia útil e a área coletora do coletor.

3.1.1 Volume de consumo de água do chuveiro

Com o intuito de estimar o volume de consumo de água quente do chuveiro por dia para

uma residência com quatro moradores, obteve-se os valores da vazão da peça de utilização

(chuveiro), o tempo médio de seu uso diário e o número total de sua utilização. Para tanto,

utilizou-se da equação (1) da norma NBR 15569/08, resultando na equação 8.(12)

lpessoaslconsumo

264)4min10min/6,6( . (8)

Assim, compreende-se que o volume de consumo para uma casa de quatro pessoas será

de 264 litros por dia.

3.1.2 Volume do sistema de armazenamento do reservatório térmico

O volume que o sistema de armazenamento do reservatório térmico deverá comportar

foi encontrado através da equação (2), onde os valores das variáveis foram obtidos através da

NBR 15569/08.(12) Adotou-se como temperatura de consumo ideal para banho 34 ºC, e, como

a temperatura de armazenamento deve ser maior ou igual a temperatura de consumo, foi

33

adotado 40ºC, tendo em vista que existe perda de temperatura na tubulação de saída entre o

boiler e o chuveiro. Com isso obtivemos a equação (9).(12)

lCC

CClv

ntoarmazename181

)º21º40(

)º21º34(264

. (9)

O volume de armazenamento foi de 181 litros, porém este volume deve ser maior ou

igual a 75% do volume de consumo. Temos que o volume de consumo é de 264 litros, assim

75% desse valor será 198 litros, mas como não existe comercialmente boiler neste valor,

adotamos 200 litros como o volume de armazenamento.

3.1.3 Demanda de energia útil

Através da equação (3) foi encontrada a demanda de energia útil do coletor por dia,

apresentada na equação (10).(12)

dia

KWhCC

KgK

Kj

m

Kgl

Eútil

41,43600

)º21º40()(18,4)³

(1000200

. (10)

Analisa-se que em 30 dias, a energia útil utilizada pelo coletor é de 201,9 KWh.

3.1.4 Área coletora

Com os resultados obtidos anteriormente, foi possível estimar a área coletora do coletor

solar, como é visto na equação (11).(12)

²22,2

*²7,5

*²02,2

901,403,1)6615,041,4(

m

diam

KWh

diam

KWh

dia

KWh

dia

KWh

Acoletora

. (11)

Onde:

O Somatório das perdas térmicas dos circuitos primário e secundário foi calculado na

equação (12). (12)

dia

KWh

dia

KWhE

perdas6615,041,415,0 . (12)

34

A produção média diária de energia especifica do coletor solar (Kwh/m²) foi calculada

através da Equação (13).(12)

diam

KWPMDEE

*²02,2)726,140249,0780,0(901,4 . (13)

E o fator de correção para inclinação e orientação do coletor solar foi calculado através

da equação (14).(12)

03,120105,3)2616(102,1[1

1

2524

instalaçãoFC . (14)

O sistema de aquecimento solar alternativo, então, teve uma área coletora de 2,22 m² e

seu reservatório térmico apresentava 200 litros. A inclinação ótima para a instalação,

considerando a cidade de Brasília, foi de 26º em relação ao plano horizontal.

3.2 ENSAIOS

Os ensaios foram realizados na estação outono, período do ano em que as temperaturas

apresentam-se amenas na região centro-oeste, com as mínimas variando entre 12ºC a 18ºC, e

as temperaturas máximas oscilando entre 18ºC e 28ºC.(20)

3.2.1 Ensaio de eficiência do coletor

O ensaio de eficiência do coletor foi realizado às oito horas da manhã. Completou-se

todo o sistema com água, que incluiu reservatórios de água fria e térmico, e coletor solar, a uma

temperatura de 21C, e se expôs o coletor à radiação solar durante todo o período do dia em

questão (manhã e tarde). Observou-se que, após uma hora de exposição, atingiu-se uma

temperatura de 33,9C, resultado próximo da temperatura ideal. Durante a exposição na

temperatura de pico, no período de 11 horas da manhã às 13 horas da tarde, a água aquecida

pelo sistema chegou à 50C. Durante todo o ensaio, o tempo apresentou-se nublado, com

poucos períodos de sol, e ventos fortes chegando a 16km/h, segundo dados do INPE.(20)

Estes dados demonstram que, apesar de condições climáticas com baixa radiação solar,

a água é aquecida pelo coletor solar de forma eficaz, conforme ilustrado no Gráfico 1.

35

Gráfico 1 - Ensaio de eficiência do coletor. A maior temperatura atingida foi obtida entre 11h

da manhã e 13h da tarde, período do dia em que a radiação solar é máxima e constante. Após

esse período não há nenhum acréscimo de temperatura, apenas perda.

3.2.2 Ensaio da capacidade térmica do reservatório

Após um dia do sistema em funcionamento foi coletada uma temperatura de 44,3 ºC às

17h55min da tarde, ao pôr do sol, segundo o INMET.(21) No dia seguinte, às 06h26min da

manhã, ao nascer do sol, foi coletada uma temperatura de 34,7 ºC, mostrando uma perda de

temperatura de 9,6 ºC.(21)

Após o período entre o pôr do sol e o nascer do sol, em que não existe radiação solar, o

boiler alternativo construído ainda apresentava temperatura acima da ideal para banho,

conforme ilustrado no Gráfico 2, porém ainda está fora dos parâmetros apresentados pelos

boilers industriais, que de acordo com o estudo de Sodré (2010) apresentam perda térmica de

apenas 5ºC em um período de 24 horas sem radiação solar.(8)

1820 21 23 24 25 24 24

19 20 2021

33,9

40

47,650 50

47,8 46,844,3 43,4 41,9

0

10

20

30

40

50

60

8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00

Tem

per

atu

ra (C

)

Tempo (hora)

Tamb Tsaída

36

. Gráfico 2 - Resultado da capacidade térmica do reservatório

3.2.3 Ensaio de conforto térmico ao usuário

O ensaio de conforto térmico ao usuário foi realizado no período de cinco dias, e a seguir

serão detalhadas as temperaturas máximas de aquecimento de água obtidas em cada dia. A

Tabela 5 descreve os registros encontrados durante o ensaio.

No primeiro dia do estudo, devido à baixa radiação solar decorrente de tempo chuvoso,

o sistema não apresentou nenhum tipo de aquecimento, apenas acumulou a energia do dia

anterior no reservatório.

No segundo dia, houve poucos períodos de sol, porém suficientes para o aquecimento

da água, que atingiu a temperatura de 45,9 C, resultado acima da temperatura ideal estipulada

para banho.

No terceiro dia, as temperaturas foram mais amenas, com curtos períodos de sol, ventos

frios e constantes durante todo o dia, proporcionando uma temperatura máxima da água de

43,2C.

No quarto dia de ensaio, pela manhã, o céu estava totalmente encoberto, sem períodos

de sol. Assim, não houve aquecimento da água, apenas a perda da energia acumulada do dia

anterior, porém no período da tarde houve períodos de sol, elevando a temperatura da água a

39,2C.

2016

44,3

34,7

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

17:55 6:26

Tem

per

atura

(C

)

Tempo (hora)

Tamb Tsaída

37

No quinto dia, o tempo apresentou-se nublado, com curtos períodos de sol na parte da

tarde. Com isso, o aquecimento de água foi favorecido, proporcionando uma temperatura ideal

para banho em dois horários: Às 12h da tarde e às 18h da tarde.

Com esse ensaio, comprovou-se que mesmo em dias com tempo nublado e curtos

períodos de sol, o coletor é capaz de elevar a temperatura da água muito acima da temperatura

ideal para banho; e o reservatório térmico alternativo armazenou com eficiência a energia de

um dia para o outro, proporcionando quase sempre temperaturas de banho.

Dia Data Hora Temperatura

Ambiente (C)

Temperatura

de Saída

(C)

Condição

Climática

do Dia

1º dia

11/05

07:00

12:00

18:00

15

16

18

34,5

30

24,6

Encoberto e

nublado com

pancadas de chuvas

isoladas

2º dia

12/05

07:00

12:00

18:00

16

21

19

20

45,9

43,2

Nublado a

parcialmente

nublado com

pancadas de chuvas

isoladas

3º dia

13/05

07:00

12:00

18:00

16

20

18

34

43,1

40,5

Nublado a

parcialmente

nublado com

pancadas de chuvas

isoladas

4º dia

14/05

07:00

12:00

18:00

15

18

16

31,2

28,6

39,2

Nublado a

parcialmente

nublado com

pancadas de chuvas

isoladas

5º dia

15/05

07:00

12:00

18:00

16

20

19

30

37

38,6

Nublado e períodos

de encoberto

Tabela 5 - Resultados do ensaio de conforto térmico do usuário

38

3.2.4 Ensaio de degradação térmica do coletor

A Tabela 6 apresenta a análise da média das temperaturas em vários pontos da superfície

superior do coletor, coletadas no período do dia em que apresentava radiação solar máxima e

constante. Verificou-se que as temperaturas atingidas estavam distantes de atingir o nível de

degradação térmica de 130C.

T3 = 48,1C

Tamb = 21C T2 = 44,7C

T1 = 41,7C

SUPERFÍCIE SUPERIOR (COLETOR)

Tabela 6 - Resultados do ensaio de degradação térmica

3.3 ESTUDO DE VIABILIDADE

Verificou-se, através do estudo de viabilidade, que o consumo médio mensal de energia

elétrica da residência será de 232,04 Kwh. Quando esse consumo médio encontrado é

multiplicado pela tarifa da distribuidora de energia local (Companhia Energética de Brasília -

CEB), que é de 0,36931 reais, segundo a ANEEL, chegaremos a um custo total mensal de 85,69

reais. O chuveiro, de forma isolada, consome mensalmente 110 Kwh, o que equivale a 47,4%

do consumo mensal total da casa. Logo, se substituirmos o chuveiro elétrico por um sistema de

aquecedor termo solar de baixo custo teremos uma economia de 40,62 reais.(22)

Sodré desenvolveu um boiler alternativo de 200 litros com a mesma eficiência do boiler

industrial, utilizando um tambor de fibra de vidro como corpo interno, EPS triturado para o

revestimento térmico, e tambor de polietileno como corpo externo. Seu custo total foi cerca de

200,00 reais.(8)

Conforme o dimensionamento apresentado neste estudo, para uma casa popular de

quatro pessoas, é preciso um sistema com um boiler de 200 litros e um coletor solar com área

de 2,2 m². O custo unitário da placa de policarbonato é em média 35,71 reais, logo, se

39

utilizarmos o boiler alternativo proposto por Sodré teremos um custo total estimado em 278,56

reais, somado aos custos de tubos, conexões e materiais para acabamento.(8) Dessa forma, o

sistema apresentaria um custo total de 355,47 reais.

Substituindo o chuveiro elétrico desta casa por um sistema de aquecedor termo solar

alternativo o retorno do investimento será alcançado em apenas nove meses, e após este período

a economia gerada pelo sistema se transformará em lucro. A tabela 7 apresenta os dados do

estudo de viabilidade realizado.

Aparelhos elétricos

por cômodo

Dias estimados

uso/mês

Média

utilização/dia

Consumo médio

mensal

(Kwh)

Sala

Televisão 30 5h 14,25

Som 20 3h 6,6

DVD 8 2h 0,24

Modem de internet 30 8h 1,92

Ventilador de mesa 30 8h 17,28

Carregador celular 30 2h 0,9

Lâmpada

fluorescente - 23w

30 5h 3,45

Cozinha

Geladeira 1 porta 30 24h 25,20

Fogão 30 1h 1,8

Liquidificador 15 15min 0,8

Micro-ondas 30 20min 13,98

Lâmpada

fluorescente - 23w

30 5h 3,45

Banheiro

Chuveiro Elétrico -

5500w

30 40min 110

Secador de cabelo 30 10 min 5,21

Lâmpada

fluorescente - 23w

30 10min 3,45

40

Área de Serviço

Lavadora de roupas 12 1h 1,76

Lâmpada

fluorescente - 23w

30 3,45

Dormitório 01

Carregador Celular 30 2h 0,9

Notebook 30 8h 4,8

Lâmpada

fluorescente - 23w

30 5h 3,45

Dormitório 02

Carregador Celular 30 2h 0,9

Notebook 30 8h 4,8

Lâmpada

fluorescente - 23w

30 5h 3,45

TOTAL 232,04

Tabela 7 - Estudo de viabilidade

3.4 CUSTO DO PROTÓTIPO

O custo total do protótipo foi de 149,08 reais. O custo do boiler se resume ao valor de

duas unidades de espuma expansiva de poliuretano e duas placas de EPS (isopor), apresentando

um custo total de 36,30 reais, pois os demais materiais utilizados foram frutos de reutilização.

A Tabela 8 apresenta os custos do protótipo executado.

Material Unidade Quantidade Custo

Unitário (R$)

Custo Total

(R$)

Forro

Policarbonato

m² 0,45 35,71 16,00

Tubo PVC

(32mm)

unid 1 21,80 21,80

Tubo PVC

(20mm)

unid 1 9,00 9,00

Mangueira de

silicone

m 2 3,49 6,98

Conexões unid 13 1,00 13,00

41

Resina para

Laminação

Kg 1 15,00 15,00

Tinta Spray

(preto)

unid. 1 13,00 13,00

Tinta Spray

(azul)

unid. 1 13,00 13,00

Adesivo

Plástico

Kg 1 5,00 5,00

Boiler

Alternativo

unid. 1 36,30 36,30

TOTAL

149,08

Tabela 8 - Custo do Protótipo

42

4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Concluiu-se com este estudo que o sistema de aquecedor termo solar para chuveiro

doméstico, construído com materiais alternativos, mostrou-se viável por ser uma solução de

baixo custo. Suas vantagens estão relacionadas à economia no consumo de energia elétrica e à

sustentabilidade, ou seja, não proporciona impactos ao meio ambiente e auxilia na redução da

demanda de energia gerada por usinas hidrelétricas. Os resultados obtidos demonstram que,

com o sistema de coletor termo solar construído, é possível alcançar uma temperatura de água

ideal para banho, e mantê-la aquecida no reservatório térmico, proporcionando conforto ao

usuário em todos os horários de banho propostos.

É necessário que sejam realizados estudos específicos acerca do reservatório térmico,

visando obter uma eficiência térmica equivalente a de um reservatório industrial, porém com a

utilização de materiais de baixo custo. A estação do ano é um fator a ser considerado em futuros

estudos para a aplicação dos ensaios, a fim de comparar a capacidade de aquecimento da água

pelo sistema durante todo o período do ano. Como este estudo foi realizado no outono, os

ensaios apresentaram dificuldades em sua realização, devido às temperaturas amenas e poucos

períodos de sol. Dessa forma, os resultados de eficiência máxima do sistema de aquecedor

termo solar proposto não puderam ser analisados. Sugere-se, então, que os ensaios para avaliar

o sistema sejam aplicados na estação do ano em que há a máxima radiação solar e temperaturas

elevadas para a análise precisa de sua eficiência máxima.

43

ABSTRACT

This coursework is about an experimental study that has the objective to construct a prototype

of a thermo-solar heater for domestic showers, with the utilization of the polycarbonate as a

solar collector and alternative materials to produce the thermic source, in order to reduce the

cost of the heating system and diminish the environmental impact created by the non-renewable

energy sources and the demand of the hydroelectric power plants. Our main goal is to present

an alternative solution to the actual usage of energy in residences, knowing that the shower

represents 47,4% of a common residence where four people live. We intended to realize a real

dimensioning of the system to guarantee its quality and functioning. Tests were realized to

evaluate the efficiency of the thermo-solar heating system and its practical applications for a

viability study.

Key-words: Energy economy. Alternative sources. Polycarbonate. Prototype.Thermo-solar

heater

44

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