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Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
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1. Introdução
A caracterização físico-química e mineralógica das argamassas antigas pode, por
vezes, esclarecer sobre os processos de degradação, preservação, restauro,
tratamento, tecnologia de fabrico e datação dessas argamassas. Coesão
insuficiente e falta de aderência são dois dos fenómenos mais importantes
associados às argamassas, podem ser relacionados com a sua composição
original. Em particular, o tipo de agregado utilizado e a proporção
ligante/agregado, influenciam as propriedades físico-mecânicas dos materiais.
Durante as intervenções de conservação é importante que as propriedades físicas
do ligante, nas argamassas de substituição, sejam aproximadas às originais para
minimizar a incompatibilidade potencial. Mais ainda, para além de fornecer
informação valiosa para fins de conservação, o estudo da tecnologia de
argamassas pode contribuir para a interpretação académica da arte e dos
artefactos antigos especialmente, quando levado a cabo em conjunto com
pesquisas de conservação.
A determinação quantitativa da proporção ligante/agregado é um passo
importante no processo laboratorial de investigação. De facto, esta proporção
afecta a retracção das argamassas, a porosidade e a microestrutura, parâmetros
que têm uma grande influência nas propriedades físico-mecânicas da argamassa
em si mesmo (retenção de água e propriedades de transporte, resistência
mecânica e durabilidade).
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
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2. Breve história das argamassas
A utilização de argamassas remonta às primitivas civilizações humanas que as
terão utilizado sob forma de barro misturado com água na construção dos seus
abrigos. Mais tarde, a descoberta do fogo terá permitido conhecer os efeitos do
calor nas propriedades das argilas e dos calcários evidenciando, designadamente
as suas características aglutinantes em contacto com a água.
Igualmente importante, no desenvolvimento dos ligantes, é o contacto do Homem
com certas rochas vulcânicas que, adicionadas na argamassa lhe conferem
propriedades hidráulicas, Vitrúvio (séc.I a.C.) e Plínio (séc.I d.C.) relatam o
emprego de argamassas hidráulicas, nas construções da sua época.
Mas, ainda que conhecidos desde cedo os seus efeitos, o desconhecimento das
causas de hidraulicidade das argamassas perdurou até ao séc. XIX, quando Vicat
demonstrou existir uma relação entre as características hidráulicas das
argamassas e a presença de argila nos calcários que constituam as matérias
primas ou a mistura de pozolanas na cal aérea.
Paralelamente, os avanços tecnológicos proporcionados pela revolução industrial
conduziram a um forte desenvolvimento e aperfeiçoamento dos métodos e das
técnicas de transformação dos materiais de que resultou o fabrico corrente, de
certa forma controlado, de novos materiais de construção, nomeadamente dos
ligantes hidráulicos artificiais especialmente do cimento.
Até essa época, a cal aérea simples ou misturada com pozolanas e o gesso eram
os principais ligantes conhecidos e utilizados. Porém, a partir do momento em que
passou a ser possível produzir industrialmente a cal hidráulica, principalmente o
cimento, isto é, desde os meados do séc. XIX, que se começou a incrementar o
seu uso e à medida que as suas propriedades iam sendo cada vez mais
conhecidas e o seu custo moais competitivo, este último material tem vindo
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
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progressivamente a substituir a cal aérea e a cal hidráulica, como ligante, no
fabrico de argamassas para a construção.
Esta tendência viria mesmo a acentuar-se nas últimas décadas, época em que as
cais praticamente deixaram de se utilizar, dando quase por inteiro o seu lugar ao
cimento e, em menor escala, aos ligantes sintéticos descobertos e desenvolvidos
a partir de meados do séc. XX.
A exclusividade conferida a estes ligantes retirou importância ao uso das cais e,
mais importante do que isso, provocou um hiato na transmissão dos
conhecimentos relativos ao seu emprego na construção. Esta situação que, nos
últimos anos tem originado inúmeros estudos sobre as suas vantagens e
inconvenientes relativas a outros ligantes, e mercê do desconhecimento que
ainda se verifica nesta matéria, tem originado algumas polémicas à volta do
comportamento dos ligantes sintéticos, sobretudo, quando utilizados em acções
de recuperação de edifícios históricos.
A constatação de que perduram revestimentos seculares construídos com cal
aérea, o desenvolvimento do conhecimento inerente a alguns inconvenientes
ligados ao comportamento de ligantes hidráulicos, as alterações socio-
económicas dos últimos anos, a crescente consciencialização das sociedades
modernas para a necessidade de preservar o ambiente e os valores culturais
associados ao património histórico têm vindo a abrir caminhos, nas obras de
recuperação, ao recurso a técnicas e materiais antigos merecendo, neste caso,
particular destaque as que se relacionam com a utilização de cal aérea naquelas
obras.
Assim, ao contrário do que sucedia no início do século XX em que era evidente o
desejo de empregar de forma generalizada o cimento, tido como material de
“luxo”, hoje, no início deste século, assiste-se a uma vontade crescente de
recuperar as técnicas de fabrico e de aplicação de argamassas de cal, na
recuperação, restauro e reabilitação de edifícios antigos.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
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3. Caracterização dos componentes de argamassas
Dos materiais que constituem uma argamassa, a areia é aquele a que
corresponde a maior quantidade. Por esta razão influencia de forma muito
significativa a estrutura porosa do material endurecido.
3.1 – Areias
3.1.1 - Aspectos gerais
Uma areia é uma rocha sedimentar detrítica móvel [1]. Nos documentos
normativos referentes a agregados, areia é definida como agregado “de menores
dimensões em que D é menor ou igual a 4 mm” [2], representando D a sua maior
dimensão. Não é referido qualquer limite inferior para a dimensão das partículas
das areias. Por outro lado, a dimensão aproximada de 0,06 mm surge noutras
definições normativas; o termo finos corresponde “à fracção de partículas de um
agregado que passa no peneiro de 0,063 mm” [2]. Assume-se então que uma
areia é definida por um conjunto de partículas cuja dimensão está compreendida,
maioritariamente, entre 0,063 mm e 4 mm.
A mesma norma [2] faz ainda a distinção de acordo com a forma e obtenção dos
agregados naturais, artificiais e reciclados. Os primeiros são de “origem mineral”
tendo apenas sido sujeitos “a processamento mecânico”; os segundos são “de
origem mineral” resultante[s] de um tratamento industrial compreendendo
modificações térmicas ou outras”, os terceiros resultam “da transformação de
materiais inorgânicos anteriormente usados na construção”. Quanto a este
aspecto, a definição de areia incluída na referida norma faz notar que “a areia
pode provir de alteração natural das rochas e/ou da sua britagem ou do
tratamento de agregados artificiais”.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
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As areias mais correntemente utilizadas em argamassas são as naturais,
recolhidas em jazidas ou do leito dos rios, passando posteriormente por um
processo de lavagem e crivação. Deve no entanto referir-se que já existem no
mercado diversos tipos de areias que resultam da britagem de partículas de
maiores dimensões, em geral provenientes da exploração de pedreiras. Este
último tipo de areia tem implicações ainda mal conhecidas no comportamento das
argamassas, essencialmente resultantes da forma muito angular das suas
partículas. A distinção entre estes dois tipos de areia é usualmente feita através
das designações de areia natural e areia britada.
As areias naturais são o resultado da degradação das rochas mais antigas,
podendo ser de sedimentação hidráulica (os constituintes detríticos são
transportados pela água) ou de sedimentação eólica (os constituintes detríticos
responsáveis pelo vento) [3].
3.1.2 - Morfologia
A forma das partículas da areia desempenha um papel importante no
comportamento das argamassas dado que influencia a aderência da pasta de
ligante ao agregado, a trabalhabilidade do material fresco e a compacidade do
material endurecido. Por outro lado, a forma é determinante no valor da superfície
específica da areia; deste modo, influencia a quantidade de água de amassadura,
e, indirectamente, as variações no comportamento que lhe estão associadas.
Coutinho apresenta os aspectos mais importantes relacionados com a
classificação de partículas de acordo com a sua forma [4]. Tendo em conta a
dificuldade de caracterizar tri-dimensionalmente um determinado corpo, são
definidos certos parâmetros geométricos. Os mais comuns são as três dimensões
de uma partícula: espessura, largura e comprimento. As dimensões de um
paralelepípedo rectangular que circunscreva a partícula correspondem às três
dimensões referidas. O comprimento pode ainda ser definido como o diâmetro de
uma esfera na qual a partícula é circunscrita. A relação entre os volumes da
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
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partícula e do paralelepípedo permite classificar aquela segundo diversos tipos de
forma: cúbica, achatada e alongada. Uma partícula achatada é aquela, em que a
relação espessura/largura é menor que 0,5, e uma alongada aquela em que a
relação comprimento/largura é superior a 1,5.
3.1.3 - Granulometria e curva granulométrica
A dimensão das partículas de areia tem uma influência decisiva na estrutura
porosa e no subsequente comportamento de uma argamassa. Considerando que
não é viável (nem seria de grande utilidade) o conhecimento da dimensão de
cada partícula, a caracterização desta propriedade recorre à determinação das
fracções de areia cujas partículas têm uma dimensão definida entre dois limites
pré-definidos.
A distribuição destas fracções assume a designação de granulometria, sendo
geralmente representada por um gráfico a que se chama curva granulométrica.
A granulometria de uma areia corresponde à distribuição das percentagens das
partículas de determinadas dimensões que a compõem [4]. Para a sua obtenção,
é utilizada uma série de peneiros através dos quais se faz passar a areia,
medindo-se a massa ou o volume das quantidades que ficam retidas em cada
peneiro. Cada resíduo individual é composto por partículas da mesma dimensão
granulométrica. Os peneiros são sobrepostos de forma a que a variação das
aberturas das malhas seja decrescente. As aberturas das malhas de dois
peneiros consecutivos definem os limites da fracção correspondente na
distribuição. Para além da abertura das malhas, é necessário estabelecer a sua
forma e a diferença entre as aberturas de dois peneiros consecutivos.
Tradicionalmente, a análise granulométrica de areias é realizada com a designada
série de peneiros principal, cuja abertura varia segundo uma progressão
geométrica de razão 2. Existe um outro conjunto de peneiros, a série
complementar, cujas aberturas variam segundo uma progressão geométrica de
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
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razão 1.2 até ao valor de 0,038 mm; inclui deste modo peneiros intermédios em
relação aos da série principal e peneiros de abertura mais pequena. A designação
do peneiro correspondente ao número de aberturas por polegada linear.
Quando a massa volúmica de todas as partículas é idêntica, a análise
granulométrica pode ser realizada determinando a massa do material retido em
cada peneiro (em vez de volume). Os resultados de ensaio são registados e
tratados de forma a serem obtidos os seguintes elementos:
- massa retida em cada peneiro;
- percentagem retida em cada peneiro (correspondente à relação entre massa
retida e a massa total da amostra):
- percentagem total que passa através de cada peneiro (percentagem
acumulada);
- percentagem total que fica retida em cada peneiro (complemento para 100 dos
valores anteriores).
Os valores calculados permitem a elaboração de um gráfico que relaciona a
dimensão das partículas com a percentagem de cada fracção. Este gráfico
designa-se curva granulométrica, sendo de enorme utilidade para a
caracterização de uma areia. De facto, torna possível uma percepção rápida de
dois aspectos importantes a ordem de grandeza da maior e menor dimensão de
uma partícula e a variabilidade entre as diversas fracções. Permite também uma
comparação muito eficaz entre diversas areias.
A curva granulométrica é construída a partir da marcação dos pontos
correspondentes das percentagens totais acumuladas que passam em cada
peneiro (em ordenadas) e das aberturas dos peneiros em abcissas, esses pontos
são unidos por segmentos de recta, o que representa uma aproximação cujo erro
associado não é considerado significativo.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
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3.2 - Ligantes
Como matérias-primas constituintes das argamassas para edifícios antigos fazem
parte os ligantes (essencialmente cais aéreas, cais hidráulicas e cimentos). Para
além dos ligantes as argamassas podem ainda conter componentes pozolânicos,
agregados de pequenas dimensões (caso das areias, geralmente de rio – lavada
– ou de areeiro – amarela), ou outras matérias que confiram características
específicas, para além de agirem como agregados (caso de resíduos de material
cerâmico de barro vermelho moído em granulometria grosseira).
Segundo Coutinho [5], os ligantes propriamente ditos podem dividir-se em três
categorias: hidráulicos, aéreos e orgânicos.
Os ligantes hidráulicos são constituídos por pós muito finos que, amassados com
água, formam uma pasta cujo endurecimento se dá apenas pela reacção química
entre o pó e a água. Além de endurecerem ao ar, podem atingir as suas
características mesmo imersos.
Os ligantes aéreos, pelo contrário não podem endurecer dentro de água, pois
dependem do dióxido de carbono da atmosfera para os transformar em
carbonatos.
De entre os ligantes de natureza orgânica podem referir-se os casos dos
hidrocarbonetos e das resinas sintéticas.
Antes da descoberta e da generalização da utilização do cimento Portland, o
ligante correntemente utilizado era o que resultava da cozedura dos calcários em
fornos artesanais. Nas rochas, juntamente com o calcário, existe sempre argila,
em maior ou menor quantidade, porque a precipitação do carbonato de cálcio na
água arrasta consigo a argila que porventura esteja em suspensão. Quando o
carbonato está presente em quantidade superior à da argila, obtém-se o calcário
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
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margoso; quando está a argila em preponderância, forma-se a marga calcária. Os
calcários podem ser muito puros ou conterem quantidades variáveis de argila. A
cozedura do calcário puro dá origem a óxido de cálcio, que constitui a cal aérea
viva; a cozedura do calcário margoso origina as cais mais ou menos hidráulicas
(conforme o teor de argila); a cozedura da marga calcária origina os cimentos
naturais.
Ao longo de séculos, a cal foi o ligante mais utilizado para argamassas de
assentamento de alvenarias e para a realização de rebocos. Com o
desenvolvimento os ligantes hidráulicos, mais resistentes (logo, mais adaptados à
realização de elementos estruturais) a cal aérea foi pouco a pouco
desaparecendo dos estaleiros de obra. Este desaparecimento ficou a dever-se,
por um lado, às dificuldades ligadas à sua utilização devido à necessidade de
preparação de pastas para extinção da cal viva ou, quando utilizada em pó, à sua
finura e dela resultar uma poeira muito cáustica, e pela tendência dos aplicadores
priviligiarem a resistência e endurecimento a curto prazo, relativamente a outras
características dos ligantes [6].
No que diz respeito ao tipo de ligante, as propriedades e o comportamento das
argamassas podem ser definidos pelos dois limites correspondentes ao uso da cal
aérea por um lado, e do cimento por outro. Com características intermédias,
existem as argamassas de cal aérea e componentes pozolânicos, cal hidráulica e
bastarda com ligantes mistos (resultado da mistura de ligantes aéreos e
hidráulicos [7]).
O endurecimento de uma pasta de cal aérea dá-se por carbonatação do hidróxido
de cálcio, através da reacção como o dióxido de carbono disponível na atmosfera.
A reacção dá origem à formação de carbonato de cálcio, vapor de água e
libertação de calor [7].
Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
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A formação dos poros de uma pasta de cal resulta pois da evaporação da água
utilizada na amassadura e da deposição progressiva dos cristais do carbonato de
cálcio.
As pastas de ligante misto endurecem de acordo com um processo combinado de
carbonatação de hidróxido de cálcio e de hidratação das fases hidráulicas anidras
[7].
Pode pois verificar-se, como é aliás do conhecimento geral, uma enorme
diferença entre os ligantes aéreos e os hidráulicos. Enquanto nos primeiros a
água de amassadura não assume qualquer papel no processo de endurecimento,
nos segundos, parte da água é consumida nas reacções que dão origem ao
endurecimento.
Por outro lado a cal aérea tem maior superfície específica do que o cimento
corrente [7], o que provoca a necessidade de maior quantidade de água de
amassadura. Este facto, associado à observação anterior, justifica a maior
retracção de secagem que se verifica numa pasta de cal quando comparada com
uma pasta de cimento. Efectivamente, não só a cal aérea exige maior quantidade
de água, como toda a água utilizada se vai evaporar, dando lugar a volume
poroso. Nos cimentos e ligantes hidráulicos em geral, a quantidade de água
evaporada é inferior à quantidade utilizada, sendo esta à partida menor do que a
necessária para a cal aérea. Esta diferença de retracção verifica-se apesar de,
como é sabido, o volume dos componentes hidratados do cimento ser menor do
que o volume conjunto dos componentes anidros da água.
Os comentários anteriores justificam ainda a observação de Coutinho e
Gonçalves de que a cal aérea dá origem a poros de maiores dimensões do que o
cimento [8] ou a de Peroni de que as argamassas com cal aérea apresentam uma
boa proporção de poros de grandes dimensões [9]. Também Balkstein e
Magnusson [10] afirma que as argamassas hidráulicas apresentam maior
quantidade de poros pequenos do que as argamassas com cal aérea.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
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3.2.1 - Cais aéreas
Segundo a NP EN 459 - 1 [11], as cais aéreas são principalmente constituídas por
óxidos ou hidróxidos de cálcio que, amassados com água, lentamente endurecem
ao ar, reagindo com o dióxido de carbono da atmosfera; não endurecem debaixo
de água por não terem propriedades hidráulicas.
A cal aérea [5] é o ligante que resulta da decomposição, pela acção da
temperatura, de uma rocha com percentagem não inferior a 95% de carbonato de
cálcio – rocha cálcica: CaCO3 -, ou carbonato de cálcio e magnésio – rocha
dolomítica: CaMg(CO3)2 - na sua composição. Do processamento da rocha
dolomítica (com teor em óxido de magnésio superior a 20%) resulta a cal aérea
dolomítica ou magnesiana, enquanto que a partir da rocha cálcica desenvolve-se
a cal cálcica.
De acordo com as condições de fornecimento, as cais aéreas são classificadas
em cal viva, ou cal hidratda.
Quanto ao teor de impurezas, as cais aéreas dividem-se em gordas e magras. As
cais aéreas gordas derivam de calcários quase puros, com teores de carbonatos
não inferiores a 99%; as cais aéreas magras derivam de calcários com teores de
argila e de outras impurezas compreendidas entre 1 e 5%.
3.2.1.1 - Calcinação
Na presença de temperaturas de cerca de 900 ºC [12], o carbonato de cálcio da
rocha decompõe-se em dióxido de carbono (CO2), que é libertado para o ar, e em
óxido de cálcio (CaO), também designado de cal viva. De acordo com a NP EN
459 -1 [11], as cais vivas são cais aéreas que consistem em óxido de cálcio (ou
magnésio) produzido por calcinação da rocha calcária (ou dolomítica) e que
produzem uma reacção exotérmica quando em contacto com a água, podendo
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
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surgir desde a forma de pedra até pó fino (cal viva micronizada). A aparência da
rocha e do produto que se obtém após calcinação não são muito diferentes, mas
as suas características transformam-se por completo.
CaCO3 + calor → CaO + CO2
Na primeira fase do processo, a rocha liberta água e, a cerca de 900 ºC inicia-se a
decomposição do carbonato de cálcio. Quando o material é menos puro, a
temperatura a que se dá a decomposição do carbonato de cálcio pode ser mais
baixa. Assim, o processo de decomposição da rocha dolomítica é idêntico ao da
rocha cálcica mas efectua-se a temperatura inferior.
A cal aérea cálcica é produzida industrialmente em fornos verticais de alvenaria,
com revestimento refractário. Actualmente em Portugal, ainda se registam alguns
pequenos produtores artesanais [13].
A capacidade da cal viva se apagar e posteriormente reagir com o CO2 da
atmosfera, através da carbonatação, depende do tratamento térmico a que foi
sujeita no forno e da própria matéria-prima de base [14]. Esta capacidade varia e
designa-se por reactividade da cal. Segundo Wingate [15], algumas das melhores
e mais reactivas cais vivas são obtidas pelas relativamente baixas temperaturas
atingidas em fornos tradicionais a lenha (comparativamente às necessárias para a
obtenção de ligantes hidráulicos), pelo que o regime atingido nestes fornos
deveria ser reproduzido e utilizado para preparar boas cais industriais.
O produto resultante do forno contém material em vários estados: cal viva
reactiva, que é tanto melhor quanto mais recentemente tiver sido calcinada e for
constituída por fragmentos leves; cal viva pouco cozida, constituída por
fragmentos mais pesados, nos quais a parte interior continua a ser constituída por
carbonato de cálcio (é muitas vezes identificada em argamassas antigas onde
actua como agregado, interferindo na estrutura porosa); cal viva sobrecozida, o
que se torna menos reactiva e demora mais tempo a extinguir-se (pode ser
prejudicial por ocorre ruma hidratação tardia, depois da argamassa aplicada).
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
13
3.2.1.2 - Hidratação
A cal viva é um produto muito instável, pelo que precisa de ser hidratada. Esta
hidratação é designada por extinção da cal viva e pode desenvolver-se por
imersão ou aspersão com água. Em presença da água, o óxido de cálcio
transforma-se em hidróxido de cálcio, com libertação de calor.
CaO + H2O → Ca(OH)2
O hidróxido de cálcio resultante é vulgarmente designado de cal apagada, cal
extinta ou cal hidratada. Na extinção da cal processa-se uma desagregação com
efervescência e produção de calor (que pode ser conduzida a temperaturas
superiores a 100 ºC), libertação de vapores caústicos e aumento de volume. A cal
cálcica começa a desagregar-se quase imediatamente após o contacto com a
água. A extinção da cal é tanto mais difícil quanto mais elevada foi a temperatura
à qual a rocha original foi cozida.
Quando a extinção se faz por aspersão, obtém-se a cal apagada em pó; quando
se realiza por imersão, obtêm-se uma pasta que se pode conservar muito tempo
desde que não contacte com o ar, o que permite a sua utilização em argamassas.
O procedimento de extinção da cal influencia a sua qualidade por alterar o valor
médio da dimensão das suas partículas e uma extinção prolongada favorece o
crescimento dos cristais da portlandite (Ca(OH)2) hidratados, aumentando a
plasticidade da cal em pasta.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
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3.2.1.3 - Carbonatação
A cal hidratada (hidróxido de cálcio), por recarbonatação com o dióxido de
carbono da atmosfera, reconstitui a composição química da pedra de que é
proveniente, transformando-se de novo em carbonato de cálcio.
Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O + calor
Durante a secagem da pasta de cal pura constata-se a ocorrência de uma
contracção com fissuração, pelo que é necessário usar areia (ou pó de pedra,
quando para a aplicação em camadas delgadas) nas argamassas, material que
diminui a retracção do produto, dividindo-o numa enorme quantidade de
pequenas fracções localizadas que arejam a argamassa, permitindo a sua
carbonatação, ao mesmo tempo que se dá a secagem. Como o endurecimento se
dá com libertação de água, nas argamassas dever ser introduzida a menor
quantidade de água possível.
Segundo Van Balen [16], o processo de carbonatação pode ser dividido num
processo de difusão de dióxido de carbono, seguido de uma reacção química em
que se formam cristais de carbonato de cálcio.
A deposição de cristais de carbonato de cálcio durante a carbonatação altera a
estrutura porosa da argamassa e influencia as suas propriedades higroscópicas.
A lenta carbonatação da cal tem implicações nas propriedades mecânicas da
argamassa de cal ao longo do tempo. A velocidade de carbonatação é
influenciada pela presença de humidade na argamassa.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
15
3.3 - Traço
A influência dos componentes de argamassas foi até agora analisada
separadamente para o caso das areias e o dos ligantes. Importa agora considerar
até que ponto as variações da dosagem relativa entre areias e ligantes
desempenham um papel significativo.
O traço de uma argamassa pode definir-se como sendo a proporção de cada
componente (ligante/agregado) que entra na sua composição.
Os primeiros traços de argamassas foram apresentados por Vitrúvio (séc. I a.C)
nos seus Livros II e V [17]. Este autor refere que numa argamassa de
assentamento a sua composição deveria ser na proporção de 1 volume de cal
para 3 volumes de areia de mina ou 2 volumes de areia de rio. No caso para
obras hidráulicas a argamassa deveria apresentar uma constituição de 1 parte de
cal, 2 partes de areia de rio e uma parte de telhas partidas ou uma parte de cal e
2 de pozolanas.
Vários autores consideram que os traços volumétricos 1:2 e 1:3 são os mais
adequados para argamassas de cal aérea ou para argamassas de cal aérea e
componentes pozolânicos.
Em termos de argamassas antigas Moropoulou e colaboradores [18] sintetizam
algumas das características dessas argamassas, apresentando como traços mais
frequentes para os diversos tipos de ligante: cal aérea em pó - 1:3, cal viva
extinta com areia - 1:3, cal hidráulica - 1:2, cal e pozolana natural, 1:3, cal e
material cerâmico, 1:3.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
16
4. Parte experimental
4.1 - Amostragem
O presente estudo iniciou-se com a recolha de amostras de argamassa a qual foi
efectuada por investigadores do LNEC. As argamassas foram recolhidas segundo
a metodologia utilizada no LNEC [19] que refere a importância de uma inspecção
prévia e cuidada dos locais escolhidos para a extracção de amostras. Deve ser
extraída uma quantidade de amostra que permita a sua caracterização, a
confirmação de alguma análise e obtenção de uma reserva para estudos futuros.
Antes de se realizar o processo de desagregação, as amostras foram
fotografadas e observadas à vista desarmada. Esta observação é importante
nomeadamente para o registo das características das diferentes camadas da
amostra, como a cor a textura, tipo de agregados, entre outros.
O LNEC disponibilizou duas amostras de diferentes proveniências, uma de um
edifício da Baixa Pombalina (séc. XVIII-XIX) e, outra de um muro do castelo de
Évora Monte (séc. XII), sendo referida na sequência do texto pela nomenclaturas
POMB (Baixa Pombalina) e EMT (Évora Monte).
4.2 - Metodologia de caracterização das amostras
A metodologia utilizada neste trabalho para a determinação da razão
ligante/agregado das argamassas fez-se recorrendo a um conjunto diversificado
de técnicas de análise.
As amostras em estudo foram caracterizadas por diferentes técnicas,
nomeadamente análise química por ataque com ácido clorídrico, ou com EDTA,
absorção atómica, análise mineralógica por difractometria de raios X e adorção de
azoto a -196 ºC.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
17
Na figura 1 apresentam-se os registos fotográficos das amostras antes de serem
desagregadas.
a) b)
Figura 1 - Aspecto das amostras antes de serem desagregadas: a) EMT;
b) POMB
A observação da amostra EMT (figura 1 a) à vista desarmada permitiu identificar 3
camadas distintas:
EMTEXT - A zona que estava mais exposta à variabilidade das condições
atmosféricas;
EMTCENT - Parte intermédia da amostra de tom amarelado e de fraca
consistência;
EMTINT - A argamassa que ligava os espaços entre as pedras que constituíam o
muro. Estas apresentam uma coloração com várias tonalidades (branco, amarelo,
alaranjado, castanho avermelhado ferruginoso). Esta amostra é constituída por
areia e cal tendo à mistura algumas pedras e possivelmente seixos.
Numa primeira observação, a amostra a EMT parece corresponder a uma
argamassa de enchimento do muro pois apresenta uma zona regular a qual
deveria estar exposta à variabilidade das condições atmosféricas devido à sua
coloração (vermelho ferruginoso)
A argamassa apresenta na parte interior e exterior um aspecto compacto
resistente enquanto que a zona central apresenta um aspecto bastante
pulverulento de tonalidade amarelada.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
18
Foi efectuada a limpeza da amostra EMT com pincel e escova dado que
apresentava bastantes impurezas.
O desmonte das diferentes camadas foi efectuada com o auxílio de um martelo de
borracha e de um escopro, em fragmentos com aproximadamente de 3 a 4 cm de
espessura para não partir os agregados existentes.
A desagregação destes fragmentos foi efectuada com um pilão de borracha e
com almofariz cerâmico conforme figura 2.
A amostra POMB (figura 1b) tem aproximadamente 4 cm de espessura e revela
uma tonalidade branco avermelhado. É revestida na parte exterior por uma
camada de estuque, aproximadamente de 3 mm de espessura, o qual é pintado
com um tom avermelhado. Pode-se visualizar alguns núcleos de cal, que têm
aproximadamente 4 mm de espessura.
Nesta amostra foi efectuado o desmonte da camada de estuque com a ajuda de
um martelo de borracha, e um escopro dado que neste trabalho esta camada não
iria ser objecto de estudo.
Procedeu-se à limpeza da camada que estava em contacto com o estuque com o
auxílio de um pincel e escova para que fossem retirados alguns resíduos de
estuque que ainda restavam.
A desagregação da amostra POMB foi efectuada da mesma forma que a amostra
EMT, com pilão de borracha e almofariz cerâmico (figura. 2).
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
19
Figura 2 - Pilão de borracha e almofariz cerâmico
Deste estudo foram identificadas 4 amostras POMB, EMTEXT, EMTINT
EMTCENT. A referenciação é apresentada na tabela 1.
Tabela 1 – Registo, época do local e designação das amostras totais
Argamassa Época Designação
Baixa Pombalina Séc. XVIII-XIX POMB
Évora Monte
Séc. XII
EMTEXT
EMTCENT
EMTINT
Utilizou-se ainda o método da peneiração para cada uma das amostras POMB e
EMTEXT e EMTINT, a camada EMTCENT apresentava, quantidade insuficiente
para se proceder à sua análise detalhada, pelo que não se prosseguiu o seu
estudo.
O ensaio da peneiração consistiu na separação, por meio de um conjunto de
peneiros, de uma amostra de argamassa previamente desagregada com pilão de
borracha e almofariz cerâmico. A dimensão das aberturas e o número de peneiros
foram seleccionados de acordo com a natureza da amostra.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
20
Despejou-se o material seco na coluna de peneiros, agitou-se, retirando depois os
peneiros um a um, começando pelo de maior abertura e agitou-se cada peneiro
manualmente garantindo que não exista perda de material. A peneiração é dada
como concluída quando durante 1 minuto não passa mais de 1% do material
retido. Transferiu-se todo o material que passou através da cada peneiro para o
peneiro seguinte da coluna antes de continuar a peneiração com este peneiro.
Pesou-se o material retido no peneiro da maior dimensão da abertura e registou-
se a sua massa. Efectuou-se a mesma operação para o peneiro imediatamente
inferior e registou-se a massa do material retido.
Continuou-se a mesma operação para todos os peneiros da coluna, de modo a
obter as massas das diferentes fracções dos materiais e registaram-se as
mesmas (tabelas: 2, 3 e 4).
Tabela 2 - Análise granulométrica da amostra POMB
Procedimento usado
Massa total
Peneiração
M = 57,3 g
Dimensão das
aberturas do peneiro
(mm)
Massa do material
retido
(g)
Percentagem do
material retido
(%)
Percentagem
cumulativa do
material retido
(%)
2 7,2 12,4 12,4
1 15,6 26,9 39,4
0,5 18,8 32,5 71,8
0,25 9,9 17,1 88,9
0,125 1,8 3,1 92,1
0,063 1,3 2,2 94,3
Material Restante P 2,7 - -
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
21
Tabela 3 - Análise granulométrica da amostra EMTEXT
Procedimento usado
Massa total
Peneiração
M = 106,1 g
Dimensão das
aberturas do peneiro
(mm)
Massa do material
retido
(g)
Percentagem do
material retido
(%)
Percentagem
cumulativa do
material retido
(%)
6,3 3,4 3,2 3,2
4 5,7 5,4 8,6
2 23,0 21,7 30,2
1 23,1 21,8 52,0
0,5 16,9 15,9 67,9
0,25 8,0 7,5 75,4
0,125 5,2 4,9 80,3
0,063 12,0 11,3 91,6
Material Restante P 8,8 - -
Tabela 4 - Análise granulométrica da amostra EMTINT
Procedimento usado
Massa total
Peneiração
M = 194,6 g
Dimensão das
aberturas do peneiro
(mm)
Massa do material
retido
(g)
Percentagem do
material retido
(%)
Percentagem
cumulativa do
material retido
(%)
4 12,9 6,6 6,6
2 35,9 18,4 25,1
1 40,9 21,0 46,1
0,5 31,3 16,1 62,2
0,25 22,9 11,8 73,9
0,125 18,0 9,2 83,2
0,063 23,2 11,9 95,1
Material Restante P 9,5 - -
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
22
Do material retido em cada peneiro para cada amostra (POMB, EMTEXT e
EMTINT), designaram-se as sub-amostras consoante a dimensão da abertura do
peneiro conforme tabela 5.
Tabela 5 – Registo e designação das amostras por fracções (peneiração)
Argamassa
Designação
Baixa Pombalina
POMB 2, 1, 0,5, 0,25, 0,125, 0,063 e Mat Rest P
Évora Monte
EMTEXT 4, 2, 1, 0,5, 0,25, 0,125, 0,063 e Mat Rest P
EMTINT 4, 2, 1, 0,5, 0,25, 0,125, 0,063 e Mat Rest P
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
23
4.3 - Técnicas de caracterização das amostras e procedimentos
experimentais
4.3.1 - Análise química por via húmida
A análise química é a determinação total ou parcial, da composição química,
qualitativa ou quantitativa, de uma substância ou mistura de substâncias. Este
conceito, muito vasto, inclui um número elevado de ensaios químicos com
objectivos diversos. Neste trabalho, o objectivo da análise química por via húmida
foi separar o ligante do agregado de natureza não carbonatada e estimar as
respectivas proporções.
Este método de análise tem sido apresentado num grande número de trabalhos
[20, 21] onde se encontram diversos procedimentos de análise. A variação entre
eles está essencialmente no tipo de ácido, na sua concentração e na temperatura
de tratamento.
O método de análise, que pode ter variantes, baseia-se genericamente num
ataque ácido da amostra com ácido clorídrico (HCl), com ácido nítrico (HNO3) ou
com EDTA (Ácido Etilendiaminotetraacético) normalmente usado na forma de sal
tetrassódico (Na4C10H12N2O84H2O). O ligante (basicamente carbonato de cálcio –
CaCO3) é estimado a partir do material que foi solubilizado no ácido, e os
agregados não calcários são obtidos a partir do material que fica insolúvel
(resíduo insolúvel).
Foram realizados ataques com dois ácidos diferentes, HCl e EDTA.
Para os dois ácidos os métodos incidiram sobre um conjunto de sub-amostras
POMB, EMTEXT e EMTINT, designadas por letras, e de cada uma das amostras
obtidas pelo método da peneiração, designadas pela dimensão da abertura do
peneiro correspondente (fracções).
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
24
4.3.1.1 - Ataque com ácido clorídrico
Tratamento prévio das amostras totais
Da amostra desagregada, através de quarteamento foram seleccionadas várias
sub-amostras aproximadamente de 1 g as quais foram secas em estufa à
temperatura de 105 ºC durante um período de 48 horas; sendo arrefecidas num
exsicador cerca de 30 minutos até à temperatura ambiente; registando-se o peso
da amostra seca (mo).
Tratamento prévio das amostras por fracções ( peneiração)
Da amostra peneirada foi seleccionado de cada fracção aproximadamente 1 g.
Estas foram secas em estufa à temperatura de 105 ºC durante um período de 48
horas, sendo arrefecidas num exsicador cerca de 30 minutos até à temperatura
ambiente, registando-se o peso da amostra seca (m0)
Dissolução do ligante
Os copos contendo as amostras foram colocados sobre uma placa com agitação.
As amostras foram cobertas com água bi-destilada e desionizada (aprox. 3 ml/g
de amostra) e adicionada uma solução de HCl (1:3) numa proporção de 7-10 ml/g
de amostra. Ao fim de 30 minutos adicionou-se novamente cerca de 3 ml/g da
solução de HCl, e, ao fim de 2h30m adicionou-se mais cerca de 3 ml/g de
solução, perfazendo, ao fim de 4 horas de agitação magnética, uma proporção de
~16 ml/g de amostra. Observa-se que quando no início do ensaio se adiciona a
solução de ácido ocorre uma efervescência.
No final adicionaram-se mais algumas gotas da solução ácida para confirmar a
solubilização de todos os carbonatos de acordo com a seguinte reacção:
CaCO3(s) + 2H+ (aq) → CO2 (g) +Ca2 + (aq) + H2O(l)
Ao terminar a operação de agitação magnética verificou-se que todas as soluções
apresentavam 2 camadas distintas. A parte inferior era uma camada maior de
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
25
tonalidade esbranquiçada e leitosa e a parte superior era muito fina de cor
amarelada.
Separação dos agregados e da fracção de finos das amostras
A fracção insolúvel foi lavada várias vezes com água destilada, até que a solução
apresentasse pH neutro. A solução foi decantada e o liquido sobrenadante
filtrado (filtro Whatman n.º1, que já tinha sido previamente desumidificado).
Obtêm-se assim duas fracções insolúveis: uma constituída maioritariamente por
areias e uma outra constituída por partículas de dimensões muito pequenas
(finos). Os finos são a fracção que ficou retida no filtro. A fracção solúvel foi
recolhida num balão aferido.
Ambas as fracções areias e finos foram secas, à temperatura ambiente até peso
constante (ma e mf).
Determinação da quantidade de agregados, de fracção de finos e de carbonatos
presentes na argamassa
Com os valores das pesagens (m0, ma e mf ) calculou-se a massa de areias, de
finos e por diferença a de carbonatos presentes na amostra inicial da argamassa.
Expressaram-se as quantidades de areias e de finos obtidas em % (p/p) da
amostra total. Estes valores foram expressos da seguinte forma:
(A) fracção de areias em % (p/p) da amostra total.
(F) fracção de finos em % (p/p) da amostra total.
(C) a percentagem de carbonatos foi calculada por diferença para 100 da soma
das percentagens das fracções de areias e de finos.
4.3.1.2 - Ataque com EDTA
Em 2005 Casadio et al. [20] apresentam uma súmula das condições de ensaio e
dos resultados obtidos por vários autores, relativamente à dissolução do ligante
com EDTA. O uso de EDTA pode ser vantajoso em particular no caso em que
parte dos agregados são também de natureza calcárea.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
26
Os autores utilizam tanto sais tetrassódicos como dissódicos. A concentração e
os tempos de tratamento variaram empiricamente num esforço de eficácia e
adequação do método às necessidades específicas dos materiais estudados.
Segundo Casadio et al. [20] as soluções de EDTA de baixa concentração (0,1 M e
0,05 M) mostraram-se eficazes na remoção do ligante dos grãos do agregado de
calcário. Se as concentrações forem ainda mais baixas (0,01 M), o ligante não é
completamente dissolvido. A utilização de EDTA 0,05 M (tanto com sal
tetrassódico como dissódico) pode portanto ser considerada adequada para a
quantificação da relação ligante/agregado, quando comparada com outros
métodos de dissolução ácida. Provavelmente devido ao seu pH mais baixo, as
soluções de sal dissódico apresentam uma maior dispersão dos valores de
ligante/agregado em função do tratamento.
A análise da distribuição do tamanho das partículas do material recuperado
mostra que em geral o tratamento com EDTA tem o efeito de reduzir a quantidade
de partículas do agregado com diâmetros menores. Por outro lado, os grãos
maiores não são completamente limpos do ligante. No caso de uma argamassa
calcária de Bath estudada por aqueles autores, o problema é duplamente maior: o
agregado é muito brando e poroso, e por isso, facilmente esmagado quando
grosseiramente se desagrega a amostra durante a sua fase de preparação. Os
grãos do agregado são facilmente corroídos durante o tratamento com EDTA,
processo esse favorecido pela alta porosidade do agregado da qual resulta uma
alta área superficial exposta ao ataque. O tratamento parece ser muito difícil de
controlar nesta situação.
Em conclusão como método da quantificação das proporções misturadas o
tratamento com EDTA ainda parece ser bastante agressivo para argamassas
calcáreas. Em geral a fracção do agregado é sub-avaliada.
Concentrações 0,05 M ou 0,1 M oferecem resultados satisfatórios, especialmente
para o sal tetrassódico, para o qual a duração de tratamento parece menos crítica
do que no caso do procedimento com o sal dissódico.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
27
Segundo os procedimentos descritos anteriormente, neste trabalho utilizou-se
uma concentração 0,05 M de EDTA, prolongando-se o tratamento por 25 minutos,
à temperatura ambiente.
Tratamento prévio das amostras totais e por fracções (peneiração)
A metodologia usada foi igual ao já descrito no caso do ataque com ácido
clorídrico (secção 4.3.1.1) variando só a massa da amostra (0,5 g).
Dissolução do ligante
As amostras foram colocadas numa placa com agitação, cobrindo-se estas com
água bi-destilada e desionizada (aprox.3 ml/g de amostra). Adicionou-se uma
solução de EDTA 50 ml/g de amostra, numa concentração 0,05 M durante 25
minutos.
Separação dos agregados e da fracção de finos das amostras
A metodologia usada foi igual ao já descrito no caso do ataque com ácido
clorídrico (secção 4.3.1.1).
Determinação da quantidade de agregados, de fracção de finos e de carbonatos
presentes na argamassa
A metodologia usada foi igual ao já descrito no caso do ataque com ácido
clorídrico (secção 4.3.1.1).
4.3.2 - Análise química por espectrometria de absorção atómica (EAA)
A espectrometria da absorção atómica (EAA) é uma das técnicas mais utilizadas
para a determinação de elementos numa infinidade de amostras [22]. A técnica
mesmo na sua conhecida versão monoelementar, é rápida e de operação
simples.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
28
A espectrometria de absorção atómica apresenta excelente selectividade
espectral, o que a torna uma técnica atraente [22, 23], mas a atomização com
chama é raramente utilizada para a determinação de elementos presentes em
baixas concentrações, devido à insuficiente sensibilidade [23].
Vários métodos foram propostos visando ao aumento da sensibilidade e melhoria
do limite de detecção da EAA, como o “aprisionamento de átomos”, o tubo de
quartzo com fenda [24], a nebulização térmica, a nebulização hidráulica sob alta
pressão [25] entre outros.
Os primeiros estudos de espectrometria de absorção atómica como técnica
analítica foram feitos em 1955 por Walsh [26]. Com base no princípio da absorção
de Kirchhoff e Bunsen e na lei quântica de absorção e emissão de radiação
proposta por Planck, ele propôs o conceito de espectrometria de absorção
atómica e montou o primeiro protótipo de um espectrómetro de absorção atómica.
A espectrometria de absorção atómica baseia-se na propriedade dos átomos dos
elementos absorverem quanta de energia discreta, originando a passagem de
electrões para níveis de energia superior.
Um espectrofotómetro de absorção atómica é constituído essencialmente por uma
fonte de radiação (ex. lâmpada de cátodo oco), um nebulizador, um queimador,
um monocromador e um sistema de leitura.
Na EAA a amostra em solução é nebulizada, isto é, convertida num aerossol e
misturada com o gás oxidante. A chama, obtida por mistura de ar e acetileno ou
de protóxido de azoto e acetileno, fornece energia suficiente para evaporar o
solvente e cindir as moléculas em átomos. Através da chama faz-se passar uma
radiação atómica intensa proveniente da lâmpada do cátodo oco revestido com o
elemento a analisar.
A intensidade de radiação que atravessa a chama, e que portanto não foi
absorvida pelo elemento, é comparada automaticamente com a intensidade da
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
29
radiação emitida pela fonte, e enviada para o monocromador, sendo transformada
num sinal eléctrico e depois num sinal digital.
Como a quantidade de energia absorvida é directamente proporcional à
concentração dos átomos do elemento na chama, podem quantificar-se os
elementos através de rectas de calibração. Estas são obtidas por leitura de
soluções-padrão de concentração conhecida no elemento em análise. A leitura da
absorvância da solução da amostra é então convertida em concentração através
da recta de calibração.
Esta técnica permite para qualquer amostra em análise, o estabelecimento da
composição química elementar quantitativa.
Nestas análises utilizou-se a solução solúvel resultante do ataque com o ácido
clorídrico e EDTA.
As análises por espectrometria de absorção atómica foram efectuadas num
aparelho: PYE UNYCAM SP9.
4.3.3 - Difractometria de raios X
Os raios X produzem-se quando átomos de um metal são bombardeados por
electrões com elevada energia cinética. Um tubo de produção de raios X é
constituído por um filamento e por um anticátodo encerrados num recipiente,
constituindo, no conjunto, uma ampola de raios X. O filamento, quando aquecido
pela passagem de uma corrente eléctrica, emite electrões. Em resultado da
diferença de potencial criada entre filamento e o anticátodo, os electrões são
acelerados a grande velocidade e bombardeiam o anticátodo, onde são
desacelerados, em consequência de choques com os átomos daquele. Se a sua
paragem for imediata e toda a sua energia se converter em raios X, o
comprimento de onda (λ) destes é dado pela equação:
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
30
Sendo h a constante de Planck, c a velocidade da luz, e a carga do electrão, V a
diferença de potencial, entre filamento e ainticátodo. No entanto, a energia
cinética do electrão é apenas dissipada após mais um choque com átomos do
anticátodo, resultando a emissão de raios X com um comprimento de onda
superior a λ. Os raios X produzidos abrangem, consequentemente, uma gama
contínua de comprimentos de onda, a partir de um dado valor mínimo que apenas
depende da diferença de potencial aplicada. Esta radiação é designada por
“branca”, por analogia com a luz branca do espectro visível. Em sobreposição à
radiação “branca”, ocorre radiação de comprimento de onda bem definido e com
intensidade muito superior àquela (figura 3). Tal radiação tem um comprimento de
onda que depende da natureza do metal no anticátodo, pelo que se designa
radiação característica. Esta gera-se por um processo distinto do que origina a
radiação “branca”. Se a energia do electrão acelerado é suficientemente grande,
um dos electrões de uma orbital interna de um atómo do elemento bombardeado,
pode ser expulso desse átomo. Este torna-se instável e um electrão de uma
orbital mais estável do mesmo átomo pode ir ocupar a lacuna electrónica, a
diferença de energia entre os dois estados electrónicos é emitida soba forma de
raios X (figura 4). O comprimento de onda é dado pela expressão
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
31
Figura 3 - Espectro de raios X, com indicação das linhas características que se
sobrepõem ao espectro contínuo
Figura 4 – Diagrama de transições de electrões e correspondentes radiações
características
Sendo ∆E a energia libertada, i.e., a diferença entre as energias dos níveis
energéticos (orbitais), inicial e final, do electrão deslocado dentro do átomo. Para
cada elemento, as diversas radiações características são descritas com símbolos
em que a primeira letra indica a orbital onde ocorreu a lacuna electrónica no
átomo excitado. A lacuna electrónica é preenchida por um electrão de uma orbital
mais energética, esta transição electrónica é mais provável se o estado inicial e
final do electrão forem próximos. A lacuna criada neste será, por sua vez,
preenchida por um electrão da orbital seguinte e assim sucessivamente, até que o
átomo regresse ao estado fundamental [27].
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
32
As transições electrónicas da orbital L para a orbital K produzem radiações Kα, da
orbital M para a orbital K , radiação Kβ, da orbtal M para a L, radiação Lα e da
orbital N para a L, radiação Lβ (figura 5). O pico Kβ pode eliminar-se com filtro
apropriado, obtêm-se então, um comprimento de onda único que, por analogia à
luz monocromática, se designa radiação X monocromática. Os comprimentos de
onda e radiações X características mais usadas são os produzidos por
anticátodos de cobre, molibnénio, cobalto, ferro e crómio [28, 29].
Quando a radiação X incide sobre a estrutura tri-dimensional de um cristal, os
electrões de cada átomo vibram com frequência igual à da radiação incidente. Os
electrões em vibração absorvem alguma energia dos raios X e actuam como
fontes de novas frentes de onda, emitindo a energia sob a forma de raios X com a
mesma frequência e o mesmo comprimento de onda. Se uma linha de átomos, de
espaçamento regular, for bombardeada por raios X, cada átomo pode ser
considerado o centro emissor de frentes de onda esféricas. Quando as ondas
emitidas interferem construtivamente, produzem frentes de onda que estão em
fase e a difracção ocorre.
Após analisar o trabalho que em 1912 Friedrich, Knipping e Laue tinham acabado
de publicar, W.L. Bragg chegou à conclusão que um lauegrama (conjunto de
pontos numa placa fotográfica correspondentes ao efeito de difracção) poderia ser
interpretado, como correspondente a reflexões de raios X nos diferentes planos
atómicos do cristal. Esta interpretação teve como base a observação de que as
manchas de difracção registadas num lauegrama têm a forma de elipses, tanto
mais excêntricas quanto mais afastada do cristal se colocar a chapa fotográfica.
Essa forma ficaria explicada, se a difracção correspondesse à reflexão em planos
paralelos de um feixe de radiação ligeiramente convergente [27].
As reflexões nos planos atómicos do cristal ocorrem apenas sob determinadas
condições. Essas condições devem satisfazer a equação, conhecida por lei de
Bragg:
nλ = 2d sin θ
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
33
onde n é um número inteiro, λ o comprimento de onda, d a distância entre dois
planos reticulares e θ o ângulo entre o raio incidente e os planos reticulares.
Quando um feixe de raios X bombardeia um cristal, o efeito de difracção
resultante, não é devido apenas a um plano atómico, mas a uma infinidade de
planos atómicos paralelos. O efeito de difracção só é registado se tiver
intensidade suficiente, o que só acontece se houver interferência construtiva.
Na figura 5 as linhas, p, p1, e p2, representam o traço de uma família de planos
atómicos com espaçamento d. Quando a radiação X, atinge o plano pp, é
reflectida com o ângulo de incidência θ. Contudo pode ocorrer interferência
construtiva, de modo a originar uma reflexão total que possa ser registada, todos
os raios reflectidos têm de estar em fase. O percurso de ondas ao longo de DEF,
reflectidas em E, é maior do que o percurso de ondas ao longo de ABC,
reflectidas em B. Para que as ondas estejam em fase, a diferença entre os
percursos ABC e DEF, têm de ser um número inteiro de comprimentos de onda
(nλ). Na figura 5, BG e BH são perpendiculares a AB e BC, respectivamente,
então AB=DG e BC=HF. Para satisfazer a condição de as duas ondas estarem
em fase, GE+EH tem de ser igual a um número inteiro de comprimentos de onda
BE é perpendicular às linhas p e p1, e igual à distância entre planos atómicos d.
No triângulo GBE, d.sin θ=GE, e no triângulo HBE, d sin θ =EH. Então para que a
reflexão ocorra em fase GE+HE = 2.d .sin θ=nλ. Para um dado espaçamento
entre planos atómicos (d) e um dado λ, as reflexões ocorrem apenas para os
ângulos que satisfazem a equação de Bragg [28, 29].
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
34
Figura 5 – Geometria de reflexão de raios X
A difracção de raios X corresponde a máximos de interferência construtiva de
radiação emitida (dispersada) pelos electrões presentes no cristal, pelo que
depende da disposição espacial dos mesmos. Este facto torna-se um poderoso
meio de identificação de fases cristalinas e de estudo da matéria cristalina.
No presente trabalho utilizou-se um difractómetro de raios X, modelo Philips PW
1710 com aquisição automática de dados (APD Philips V3.5B), equipado com um
monocromador curvo de cristal de grafite, acoplado a um goniómetro vertical
PW1820 (geometria de Bragg-Brentano) com radiação Kα de uma ampola de
cobre (λ = 1,5406 Å) operando a 40 kV e 30 mA. A calibração do difractómetro foi
efectuada com o padrão silício. Os difractogramas foram registados na escala
2º<2θ<60º, com “step size” [2θ] de 0,020º e ”time per step” de 0,500 s.
A composição mineralógica das argamassas foi determinada por comparação dos
difractogramas de raios X obtidos, com os padrões da base de dados Joint
Committee on Powder Diffraction Standards-International Centre for Diffraction
Data (JCPDS-ICDD).
Para a análise por difracção de raios X consideraram-se vários tipos de amostras.
(1) uma denominada por fracção global, que foi obtida pela desagregação da
amostra e moagem num almofariz de ágata, de modo a que todas as partículas
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
35
assumissem uma dimensão suficiente para passarem num peneiro ASTM de
149 µm.
(2) uma segunda amostra obtida a partir das fracções 0,125, 0,063, e Mat Rest
P, de cada uma das argamassas (POMB, EMTEXT e EMTINT).
No âmbito deste trabalho, a aplicação de difracção de raios X, teve como
objectivo a determinação da composição mineralógica das argamassas, em
termos de identificação de fases cristalinas nelas presentes. Utilizou-se, portanto,
o método dos pós, habitualmente usado para a identificação de substâncias
cristalinas.
Neste método a amostra depois de reduzida a pó é homogeneizada, e
posteriormente montada num porta amostras que se coloca no trajecto da
radiação X monocromática. Quando um feixe monocromático de raios X incide no
pó cristalino, dada a distribuição aleatória dos inúmeros pequenos grãos, qualquer
plano atómico assume todas as orientações possíveis, relativamente ao feixe
incidente: a radiação difractada pode ser detectada por detectores de radiação
(método difractométrico).
Enquanto o detector varre uma gama de ângulos, o circuito registador grava sob a
forma de picos, os máximos de difracção. O ângulo 2θ a que ocorre a difracção
pode ser lido directamente a partir da posição dos picos no registo difractométrico
(difractogramas) e a distância d, calculada a partir da Lei de Bragg. A altura dos
picos é directamente proporcional às intensidades dos efeitos de difracção [28,
29]. A identificação das substâncias cristalinas faz-se, por comparação dos
valores obtidos com os valores das fichas JCPDS-ICDD para as várias fases
cristalinas.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
36
4.3.4 - Adsorção de azoto a -196 ºC em argamassas
A utilização de técnicas de adsorção têm tido pouco uso em estudos relacionados
com a conservação do património. No que diz respeito à aplicação de adsorção
de azoto ao estudo de argamassas antigas existem alguns trabalhos que fazem
referência a esta técnica [30, 31]. Podem referir-se também estudos de
porosimetria de mercúrio, que estão relacionados na sua maior parte com uma
caracterização microestrutural da argamassa [18], o processamento digital de
imagens micrográficas e um conjunto de desenvolvimentos recentes que
englobam algumas propriedades de modelação numérica.
O processo de adsorção pode ser classificado como um processo físico ou
químico, dependendo do tipo de forças envolvido. As forças envolvidas na
adsorção física incluem, as forças van der Walls e interacções electrostáticas
compreendendo as interacções de polarização, dipolo e quadupolo.
A adsorção química, envolve interacções específicas entre o adsorvente e o
adsorvato, com energia quase tão alta quanto a de formação de ligações
químicas.
Isotérmicas de adsorção
A adsorção física de um gás num sólido, é o resultado de forças de atracção entre
as moléculas individuais do gás e os átomos ou iões presentes na composição do
sólido. Estas forças incluem forças de dispersão que, apresentam um efeito de
atracção, e forças repulsivas de baixa intensidade.
Quando o estudo do fenómeno da adsorção é feito com o objectivo de se obter
informações sobre a área específica e a estrutura porosa de um sólido, a
obtenção de uma isotérmica de adsorção é de extrema importância, pois a sua
forma revela muitos detalhes sobre as características do material. A isotérmica
mostra a relação entre a quantidade do gás, n, adsorvida ou dessorvida por um
sólido, a uma temperatura constante, em função da pressão do gás. Por
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
37
convenção costuma-se expressar a quantidade de gás adsorvida pelo seu
volume, V, em condições normais de temperatura e pressão (0 ºC e 760 torr)
enquanto que a pressão é expressa pela pressão relativa p/p0, ou seja, a relação
entre a pressão de trabalho e a pressão de vapor do gás à temperatura utilizada
no estudo. As quantidades adsorvidas são também frequentemente expressas em
unidades de mol de gás por grama de sólido.
O formato da isotérmica é função do tipo de porosidade do sólido. Várias são as
formas de isotérmicas conhecidas até hoje, porém, todas são variações de seis
tipos principais. Os cinco primeiros tipos foram primeiramente sugeridos por
Brunauer, Emmett e Teller [32] em 1938, sendo o sexto tipo proposto mais tarde.
A figura 6 mostra os seis tipos de isotérmicas.
Figura 6 – Classificação de isotérmicas de adsorção (Classificação BDDT)
Isotérmica Tipo I – característica de sólidos com microporosidade
Isotérmicas Tipos II e IV – típicas de sólidos não porosos e de sólidos com
mesoporosos, respectivamente
Isotérmicas Tipos III e V – características de sistemas onde as moléculas do
adsorvato apresentam maior interacção entre si do que com o sólido (não são de
interesse para a análise de estrutura porosa)
Isotérmica Tipo VI – é obtida através da adsorção do gás por um sólido não
poroso de superfície quase uniforme, o que representa um caso muito raro entre
os materiais mais comuns.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
38
O tipo de isotérmica depende em grande medida da relação entre as dimensões
do gás que se adsorve e as dimensões dos poros do material.
O tipo de isotérmica depende em grande medida da relação entre as dimensões
do gás que se adsorve e as dimensões dos poros do material.
De acordo com a definição de porosidade proposta pela IUPAC [33], os poros
podem classificar-se conforme descrito na tabela 6.
Tabela 6 – Classificação dos poros segundo a dimensão das suas aberturas
Classificação Dimensão da abertura (Ẩ)
Microporos Ø < 20
Mesoporos 20 <Ø < 500
Macroporos Ø > 500
Nas isotérmicas dos tipos IV e V, são observados dois ramos distintos. O inferior
mostra a quantidade de gás adsorvido com o aumento da pressão relativa,
enquanto que o ramo superior representa a quantidade de gás dessorvido no
processo inverso. Estes dois tipos de isotérmicas são característicos de sólidos
mesoporosos e macroporosos, nos quais o processo de evaporação é diferente
do processo de condensação. Quando a condensação se dá dentro dos poros,
onde as forças de atracção são maiores devido à proximidade entre as moléculas,
esta pode ocorrer a pressões menores do que em sólidos não porosos. A
evaporação, porém, é dificultada pelo formato do poro.
Os diferentes caminhos caracterizam uma histerese, entre os processos de
adsorção e dessorção. A isotérmica do tipo IV não é mais é do que a isotérmica
do tipo II com o fenómeno de histerese, que será mais pronunciado quanto maior
for a dispersão dos tamanhos do poro. A ausência de histerese não significa a
ausência de porosidade, já que alguns formatos de poro podem levar a processos
iguais de adsorção e dessorção
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
39
Para sólidos microporosos, a isotérmica do tipo I mostra um ramo quase vertical
na primeira região da curva. Isto deve-se à muito forte interacção das moléculas
que se adsorvem, em poros com aberturas menores que 20 Å. Após o
preenchimento dos microporos, que acontece em ordem crescente de tamanho,
praticamente não há outras regiões onde a adsorção seja significativa. A curva,
portanto, mostra uma região quase constante que, volta a crescer quando o
fenómeno de condensação começa a ocorrer.
A isotérmica do tipo II, originada a partir da adsorção num sólido não poroso,
mostra um aumento rápido da quantidade de gás adsorvido para valores baixos
de pressão relativa, que se torna mais lento para valores intermediários de p/p0.
Este comportamento deve-se à forte interacção das primeiras moléculas de gás
com os sítios mais activos do sólido. Após o preenchimento desses sítios, o gás
passa a interagir com os de mais baixa energia. Isso é visualizado pela menor
inclinação da região central da isotérmica. Na região final da curva ocorre um
aumento rápido da quantidade de gás adsorvida em função da pressão relativa.
Isto deve-se ao início da formação de camadas múltiplas e posterior
condensação. Informações sobre a área do sólido são extraídas a partir da região
onde se tem a formação de uma monocamada.
Modelos matemáticos usados na análise dos dados da adsorção
Na década de 30 Brunauer, Emmett e Teller [32] derivaram uma equação para a
adsorção de gases em multicamadas na superfície de sólidos. A equação
denominada BET (letras iniciais dos nomes dos três autores), baseia-se na
hipótese de que as forças responsáveis pela condensação dos gás são também
responsáveis pela atracção de várias moléculas para a formação multicamada.
Estes autores generalizaram a equação de Langmuir considerando que a
velocidade de condensação das moléculas da fase gasosa sobre a primeira
camada é igual à velocidade de evaporação da camada seguinte.
Segundo aqueles autores o equilíbrio de adsorção é explicado da seguinte forma:
S0, S1, S2, … Si são as fracções da superfície cobertas, respectivamente por 0, 1,
2, ….i camadas de moléculas adsorvidas e admite-se que em cada momento se
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
40
estabelece um equilíbrio estatístico entre a camada de ordem i-1 e a camada de
ordem i. Deste modo admite-se que as moléculas se evaporam da camada i para
se condensarem na camada i-1 (figura. 7).
Figura 7 – Representação esquemática do modelo de BET
O calor de adsorção da primeira camada (Q1) é superior ao das camadas
seguintes e, nestas, é igual ao calor de liquefacção do adsortivo (QL)
Q1>>>QL e Q2=Q3=Q4=…= QL
A velocidade de condensação numa superfície com i-1 camadas é igual à
velocidade da evaporação da fracção com i camadas:
a1.P.S0 = b1.S1.e-Q1/RT (para a primeira camada)
ai.P.Si-1 = bi.Si.e-Q1/RT ( para as camadas seguintes)
(sendo ai e bi os respectivos coeficientes de proporcionalidade de condensação e
evaporação)
Com estes pressupostos e admitindo que o número de camadas pode ser
ilimitado, chega-se a uma equação para a isotérmica universalmente conhecida
por equação BET.
[(p/p0) / [na (1 - p/p0)] = [(1/nam.c)+(c - 1/na
m.c)].p/p0]
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
41
Sendo:
p e p0 - respectivamente a pressão de equilíbrio e a pressão de saturação à
temperatura de adsorção
na - quantidade adsorvida à pressão p
nam - quantidade adsorvida na monocamada
c – constante
A equação de BET foi desenvolvida com o objectivo de relacionar quantidades
adsorvidas a partir das isotérmicas de adsorção com a área específica de um
sólido.
A representação gráfica da equação BET permite-nos determinar o número de
moles adsorvidos na monocamada, através do declive e da ordenada na origem
da recta ajustada aos resultados experimentais numa zona restrita de pressões
relativas. Entre p/pº = 0,05 e p/pº = 0,3. Fora deste intervalo, a pressões maiores
ou menores, esta equação faz prever quantidades adsorvidas que são,
respectivamente, menores e maiores do que as reais.
Área Específica
O procedimento mais geral para estimar a área específica (área por unidade de
massa do adsorvente) de materiais porosos ou finamente divididos baseia-se no
fenómeno de adsorção física de gases. Com efeito desde que se possa avaliar a
quantidade de gás correspondente a uma monocamada adsorvida nam (por
exemplo pela equação BET), e seja conhecida a área ocupada por cada molécula
nessa monocamada σm, pode calcular-se o valor da área específica, A, pela
relação:
A = N . nam
. σm
sendo N o número de Avogado.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
42
Preparação das amostras totais
Numa primeira tentativa de desagregação completa das amostras foi usado um
fragmento da amostra total que tinha cerca de 20 gramas. Foi coberta com água
destilada e seguidamente foi mergulhada em azoto líquido cerca de 10 minutos.
Procedemos de seguida à sua desagregação com pilão de borracha e almofariz
cerâmico. Esta foi colocada em estufa a 110 ºC durante 48 horas. Posteriormente
foi retirada e deixou-se arrefecer num exsicador até à temperatura ambiente. Em
seguida procedeu-se ao quarteamento da amostra, retirando-se uma sub-amostra
da mesma. Desta sub-amostra efectuou-se novamente o quarteamento e
seleccionou-se uma parte da mesma. Esta amostra foi designada por POMB 1.
Nas amostras POMB 2 e POMB 2 A, EMTEXT, EMTINT, a técnica utilizada foi
idêntica à da POMB 1, só que estas amostras foram desagregadas sem terem
sido cobertas com água e mergulhadas em azoto líquido.
Constatou-se que a amostra que foi mergulhada em água e posteriormente em
azoto líquido a sua desagregação foi mais fácil e mais rápida.
Preparação das amostras por fracções (peneiração)
Foram analisadas cada uma das fracções obtidas por peneiração referentes a
cada amosta POMB, EMTEXT, EMTINT.
As isotérmicas de adsorção de azoto a -196 ºC efectuaram-se numa instalação
automática NOVA 2200e (Quantchrome Instruments).
Antes da determinação experimental das isotérmicas, as amostras foram
submetidas a um tratamento térmico a 300 ºC durante 2,5 horas sob vazio
dinâmico, para que ocorresse a sua desgasificação.
No final dos ensaios e no sentido de se determinar a massa final da amostra de
argamassa em estudo o mais correctamente possível, deixou-se que a célula
atingisse a temperatura ambiente e seguidamente adicionou-se-lhe azoto, de
modo que a pressão dentro da linha fosse semelhante à pressão atmosférica.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
43
Removeu-se a célula a pesou-se esta determinando deste modo a massa final da
amostra
5. Resultados e discussão
5.1. Análise química por via húmida
A análise química por via húmida, já referida anteriormente é uma técnica
habitualmente utilizada na caracterização de argamassas antigas, para separar o
ligante dos agregados não carbonatados e estimar a proporção ligante/agregado
em argamassas de cal.
5.1.1 - Ataque com ácido clorídrico
Como já foi referenciado, no ponto 4.3.1.1 para esta análise foi usada uma
solução de HCl (1:3), sendo o ataque ácido realizado à temperatura ambiente,
com uma duração de 4 horas por amostra.
O ataque ácido das amostras permitiu obter para cada argamassa a percentagem
mássica dos agregados (areias) dada por A = (ma/m0) x 100, da fracção de finos F
= (mf/m0) x 100, determinando-se por diferença para 100 o teor em carbonatos C
Atendendo à quantidade da amostra disponível alguns dos ensaios foram
repetidos várias vezes, apresentando-se nas tabelas 7 a 12 os resultados obtidos.
Em alguns casos os resultados dos vários ensaios efectuados a uma mesma
amostra diferem bastante (tabelas 7, 9 e 11). Para este facto, terão contribuído
vários factores:
- as amostras serem bastante heterogéneas na sua constituição. Visualmente as
amostras apresentam pontos de cal, distribuídos de uma forma não homogénea.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
44
- o papel de filtro utilizado na recolha de finos apresentar uma desumidificação
insuficiente, alterando o valor da determinação da massa.
Com base nos teores de carbonato e de areias existentes em cada argamassa ou
fracções de argamassas analisadas foi ainda possível calcular o traço aproximado
das mesmas, designado pela relação ligante/agregado (CaCO3/areia) a partir da
respectiva composição.
Da análise dos resultados que foram obtidos na tabela 7 conclui-se que esta
argamassa é muito pobre em ligante, o que parece denotar uma deficiente
formulação e/ou técnica a qual poderá ser devida apenas ao tipo de obra em
causa.
Relativamente ao teor de finos da amostra POMB (tabela 7) verifica-se que estes
são relativamente baixos os quais oscilam entre 1,4% e 3,8%, o que leva a pensar
tratar-se da presença de impurezas e não de aditivos adicionados
propositadamente às argamassas aquando da sua formulação.
Tabela 7 – Resultados obtidos mediante ataque com HCl - POMB Total
Amostra
(Total)
Carbonatos
(C) (%)
Areias
(A) (%)
Finos
(%)
CaCO3/areia
C/A
POMB a 9,9 87,5 2,6 1:9
POMB b 12,4 84,7 2,9 1:7
POMB c 17,0 79,9 3,1 1:5
POMB d 10,8 87,8 1,4 1:8
POMB e 14,8 83,8 1,4 1:6
POMB f 20,8 75,4 3,8 1:4
Da análise dos resultados que foram obtidos para as várias fracções
granulométricas da amostra POMB (tabela 8), verifica-se, que o teor de
carbonatos vai aumentando à medida, que a dimensão das partículas diminui.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
45
Tabela 8 – Resultados obtidos mediante ataque com HCl - POMB Fracções
Amostra
(Fracções)
Carbonatos
(%) (C)
Areias
(A) (%)
Finos
(%)
CaCO3/areia
C/A
POMB 2mm 6,3 89,1 4,6 1:14
POMB 1mm 7,0 89,3 3,7 1:13
POMB 0,5 mm 7,6 75,7 16,7 1:10
POMB 0,25 mm 13,8 74,1 12,1 1:5
POMB 0,125 mm 51,9 32,1 16,0 1:1
POMB 0,063 mm 83,9 3,4 12,7 1:0
POMB Mat Rest P 91,4 0 8,6 1:0
As amostras EMTEXT c, d e f e EMTINT a e b (tabelas 9 e 11), apresentam uma
composição percentual, em termos de ligante e agregado (CaCO3/areia), que é
semelhante entre si. Nas sub-amostras EMTEXT, excepto para a amostra a,
obteve-se uma melhor concordância de valores do que para as sub--amostras
POMB (tabela 7).
As três sub-amostras da EMTINT analisadas apresentam também uma boa
concordância para os valores de carbonato.
Este aspecto indicia que a argamassa EMTEXT deverá ter sido mais bem doseda
no momento da sua preparação do que a argamassa POMB.
Tabela 9 – Resultados obtidos mediante ataque com HCl - EMTEXT Total
Amostra
(Total)
Carbonatos
(%) (C)
Areias
(A) (%)
Finos (%) CaCO3/areia
C/A
EMTEXT a 40,9 40,7 18,4 1:1
EMTEXT b 28,8 12,2 59,0 1:0
EMTEXT c 27,4 48,0 24,5 1:2
EMTEXT d 28,2 48,3 23,5 1:2
EMTEXT e 27,8 38,7 33,5 1:1
EMTEXT f 29,2 50,0 20,8 1:2
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
46
Nas amostras da tabela 10 e 12 continua a notar-se um aumento da percentagem
de carbonatos à medida que as fracções são mais finas, o que é um resultado
esperado.
Tabela 10 – Resultados obtidos mediante ataque com HCl - EMTEXT Fracções
Amostra
(Fracções)
Carbonatos
(%) (C)
Areias
(A) (%)
Finos (%) CaCO3/areia
C/A
EMTEXT 4 mm 21,4 49,7 28,9 1:2
EMTEXT 2mm 22,1 46,1 31,8 1:2
EMTEXT 1mm 19,3 36,2 44,5 1:2
EMTEXT 0,5 mm 21,6 38,5 39,9 1:2
EMTEXT 0,25 mm 27,1 37,9 35,0 1:1
EMTEXT 0,125 mm 38,7 47,9 13,4 1:1
EMTEXT 0,063 mm 39,0 43,0 18,0 1:1
EMTEXT Mat Rest P 54,6 12,0 33,4 1:0
Tabela 11 – Resultados obtidos mediante ataque com HCl - EMTINT Total
Amostra
(Total)
Carbonatos
(%) (C)
Areias
(A) (%)
Finos (%) CaCO3/areia
C/A
EMTINT a 23,7 44,0 32,3 1:2
EMTINT b 23,4 47,1 29,5 1:2
EMTINT c 21,2 60,4 18,4 1:3
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
47
Tabela 12 – Resultados obtidos mediante ataque com HCl - EMTINT Fracções
Amostra
(Fracções)
Carbonatos
(%) (C)
Areias
(A) (%)
Finos (%) CaCO3/areia
C/A
EMTINT 4 mm 4,2 44,3 51,6 1:11
EMTINT 2mm 13,3 36,8 49,9 1:3
EMTINT 1mm 12,5 56,4 31,2 1:5
EMTINT 0,5 mm 18,0 47,9 27,1 1:3
EMTINT 0,25 mm 20,8 60,9 18,0 1:3
EMTINT 0,125 mm 41,1 43,3 15,0 1:1
EMTINT 0,063 mm 48,2 31,2 20,6 1:1
EMTINT Mat Rest P 53,6 17,1 29,3 1:1
5.1.2 - Ataque com EDTA
Como já foi referenciado, no ponto 4.3.1.2 para esta análise foi usada uma
solução de concentração 0,05 M de EDTA, com agitação durante 25 min. O
ensaio foi realizado à temperatura ambiente.
Da análise dos resultados obtidos que se apresentam nas tabelas 13, 15 e 17,
relativos às diversas fracções, verifica-se, que o teor de carbonatos vai
aumentando à medida, que a dimensão das partículas diminui. Sendo, que nas
fracções mais finas o teor de carbonatos é sempre inferior aos valores, que foram
obtidos, através do ataque com o HCl, já anteriormente apresentados.
Nas tabelas 14 e 16 os resultados relativos às amostras totais também se verifica
que o teor de carbonatos é sempre inferior ao obtido com o ataque com HCl.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
48
Tabela 13 – Resultados obtidos mediante ataque com EDTA – POMB Fracções
Amostra
(Fracções)
Carbonatos
(%) (C)
Areias
(A) (%)
Finos (%) CaCO3/areia
C/A
POMB 2mm 9,4 86,6 4,0 1:9
POMB 1mm 8,7 85,5 5,8 1:9
POMB 0,5 mm 9,0 85,1 5,9 1:9
POMB 0,25 mm 10,0 76,5 13,5 1:7
POMB 0,125 mm 33,7 52,8 13,5 1:1
POMB 0,063 mm 43,2 25,6 31,1 1:1
POMB Mat Rest P - - - -
Da análise dos resultados obtidos relativos às amostras totais (tabela 14), verifica-
se, que o teor de carbonatos areias e finos, são semelhantes entre si, nas
amostras EMTEXT a e EMTEXT b sendo, a sua relação em CaCO3/areia na
proporção de 1:3.
Tabela 14 – Resultados obtidos mediante ataque com EDTA – EMTEXT Total
Amostra
(Total)
Carbonatos
(%) (C)
Areias
(A) (%)
Finos (%) CaCO3/areia
C/A
EMTEXT a 19,6 58,8 21,6 1:3
EMTEXT b 18,3 60,1 21,6 1:3
EMTEXT c 12,0 79,8 8,2 1:7
Nos resultados obtidos para a argamassa EMTEXT, relativos às diversas fracções
(tabela 15), verifica-se, conforme esperado que o teor de carbonatos vai
aumentando à medida que a dimensão das partículas diminui. Nota-se também,
que nas amostras mais finas o teor de carbonatos é muito semelhante.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
49
Tabela 15 – Resultados obtidos mediante ataque com EDTA – EMTEXT Fracções
Amostra
(Fracções)
Carbonatos
(%) (C)
Areias
(A) (%)
Finos (%) CaCO3/areia
C/A
EMTEXT 4 mm 1,1 92,1 6,8 1:84
EMTEXT 2mm 4,6 89,1 6,3 1:19
EMTEXT 1mm 13,4 75,8 10,8 1:6
EMTEXT 0,5 mm 14,8 70,6 14,6 1:5
EMTEXT 0,25 mm 21,6 56,0 22,4 1:3
EMTEXT 0,125 mm 23,2 62,9 13,9 1: 3
EMTEXT 0,063 mm 22,5 57,5 20,0 1:3
EMTEXT Mat Rest P 23,2 59,4 17,4 1:3
Tabela 16 – Resultados obtidos mediante ataque com EDTA – EMTINT Total
Amostra
(Total)
Carbonatos
(%) (C)
Areias
(A) (%)
Finos (%) CaCO3/areia
C/A
EMTINT a 17,4 68,7 13,9 1 :4
EMTINT b 16,8 61,8 21,4 1 :4
EMTINT c 20,1 59,6 20,3 1 :3
Tabela 17 – Resultados obtidos mediante ataque com EDTA – EMTINT Fracções
Amostra
(Fracções)
Carbonatos
(%) (C)
Areias
(A) (%)
Finos (%) CaCO3/areia
C/A
EMTINT 4 mm 11,0 78,9 10,1 1:7
EMTINT 2mm 7,7 82,7 9,6 1 :10
EMTINT 1mm 10,5 70,8 18,7 1 :7
EMTINT 0,5 mm 19,9 42,3 37,8 1 :2
EMTINT 0,25 mm 28,1 60,9 11,0 1 :2
EMTINT 0,125 mm 24,4 61,5 14,1 1 :2
EMTINT 0,063 mm 24,0 41,0 35,0 1 :2
EMTINTMatRest P 21,0 60,0 19,0 1:3
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
50
5.2 - Fracção solúvel: análise química por espectrometria de absorção atómica (EAA)
A aplicação da espectrometria de absorção atómica à análise da fracção solúvel
obtida a partir do ataque com HCl e EDTA permitiu também avaliar o seu teor em
CaCO3. As tabelas 18, 19 e 20 apresentam para comparação os teores de
carbonatos a partir do ataque ácido com HCl e EDTA (designadas por “HCl
gravimetria” e “EDTA gravimetria”), e por EAA. Neste caso (EAA) os teores em
Ca2+, obtidos directamente da análise foram convertidos em CaCO3, para permitir
a comparação com os resultados obtidos, por gravimetria.
Os resultados da análise química são discutidos em termos de avaliação de
carbonato de cálcio, ou seja da fracção de ligante.
Os resultados originados pelos vários métodos são relativamente similares. É
interessante notar que os valores das percentagens de CaCO3, na amostra
EMTEXT, estão sempre em excesso quando determinados por gravimetria. No
caso do ataque com HCl, as diferenças são maiores para esta argamassa. Isto
pode estar relacionado ao facto que quando medido por gravimetria, as diferenças
de peso podem incluir outras substâncias que se dissolveram no HCl, as quais
podem não ser CaCO3. Sendo esta a porção exterior uma argamassa antiga (Séc.
XII) é possível que a argamassa EMTEXT, tenha vários tipos de contaminação,
que podem justificar o resultado.
Em geral, comparando os teores de CaCO3 obtidos com EDTA, por gravimetria e
por absorção atómica, verifica-se, que os valores estão mais próximos do que os
encontrados no caso do ataque com HCl. Mesmo para a amostra EMTEXT
(tabela 19), os resultados por gravimetria e EAA, estão mais de acordo quando se
usa o EDTA. De facto, sendo um ácido mais fraco o EDTA pode também não ser
suficientemente forte para dissolver outras substâncias para além do CaCO3,
contrariamente ao HCl.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
51
Pela comparação dos resultados das tabelas 18, 19 e 20, verifica-se também que
as quantidades de CaCO3 são sempre mais baixas quando se usa o EDTA.
Tabela 18 - Teores em CaCO3 da amostra POMB Fracções obtidos por HCl e
EDTA por gravimetria e EAA
Ataque com HCl
Ataque com EDTA
Amostra
(Fracções) Teor em
CaCO3 obtido
por gravimetria
(%)
Teor em
CaCO3 obtido
por EAA
(%)
Teor em
CaCO3 obtido
por gravimetria
(%)
Teor em
CaCO3 obtido
por EAA
(%)
POMB 2 mm 6,3 7,8 9,4 7,8
POMB 1mm 7,0 5,6 8,7 5,9
POMB 0,5 mm 7,6 7,4 9,0 6,7
POMB 0,25 mm 13,8 9,5 10,0 12,3
POMB 0,125 mm 51,9 42,7 33,7 34,6
POMB 0,063 mm 83,9 - 43,2 37,1
POMB Mat Rest P 91,4 70,3 - -
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
52
Tabela 19 - Teores em CaCO3 da amostra EMTEXT Fracções obtidos por HCl e
EDTA por gravimetria e EAA
Ataque com HCl
Ataque com EDTA
Amostra
(Fracções) Teor em
CaCO3 obtido
por gravimetria
(%)
Teor em
CaCO3 obtido
por EAA
(%)
Teor em
CaCO3 obtido
por gravimetria
(%)
Teor em
CaCO3 obtido
por EAA
(%)
EMTEXT 4 mm 21,4 12,1 1,1 -
EMTEXT 2 mm 22,1 12,8 4,6 2,9
EMTEXT 1 mm 19,3 13,0 13,4 9,6
EMTEXT 0,5 mm 21,6 15,3 14,8 11,8
EMTEXT 0,25 mm 27,1 21,7 21,6 18,6
EMTEXT 0,125 mm 38,7 29,6 23,2 22,0
EMTEXT 0,063 mm 39,0 25,0 22,5 23,3
EMTEXT Mat Rest P 54,6 25,5 23,2 23,3
Tabela 20 - Teores em CaCO3 da amostra EMTINT Fracções obtidos por HCl e
EDTA por gravimetria e EAA
Ataque com HCl Ataque com EDTA
Amostra
(Fracções)
Teor em
CaCO3 obtido
por gravimetria
(%)
Teor em
CaCO3 obtido
por EAA
(%)
Teor em
CaCO3 obtido
por gravimetria
(%)
Teor em
CaCO3 obtido
por EAA
(%)
EMTINT 4 mm 4,2 10,7 11,0 12,4
EMTINT 2 mm 13,3 14,5 7,7 10,1
EMTINT 1 mm 12,5 7,0 10,5 12,3
EMTINT 0,5 mm 18,0 18,3 19,9 20,3
EMTINT0,25 mm 20,8 28,8 28,1 18,2
EMTINT 0,125 mm 41,1 38,8 24,4 28,5
EMTINT 0,063 mm 48,2 43,2 24,0 28,1
EMTINT Mat Rest P 53,6 47,0 21 29,3
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
53
5.3 - Difractometria de raios X
Para identificar as fases cristalinas presentes nas argamassas fazer a sua
caracterização mineralógica, bem como estimar o teor de CaCO3, recorreu-se à
difracção de raios X (método dos pós).
Obtiveram-se para as três argamassas em estudo difractogramas das amostras
totais (figura 8 e 10), e das amostras fracções (figuras 9, 11 e 12)
Nos difractogramas das amostras totais (figuras 8 e 10), verifica-se, na amostra
POMB (figura 8) que o pico de maior intensidade corresponde ao quartzo,
enquanto nas amostras EMTEXT e EMTINT corresponde à calcite.
Nas amostras POMB fracções (fracções inferiores a 0,063 mm) - figura 9 - o pico
de maior intensidade é a calcite, enquanto nas amostras fracções EMTEXT e
EMTINT (figuras 11 e 12), verifica-se, que o pico de maior intensidade é o
quartzo.
Na observação de todos os difractogramas (amostras totais e amostras fracções),
mostram a existência de um pico identificado normalmente como sendo o pico de
maior intensidade do Gesso.
Comparando os difractrogramas das amostras totais com os das amostras
fracções, verifica-se a ausência de alguns picos de feldspato.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
54
POMB Total
0 10 20 30 40 50 60 70
2 teta (graus)
u. a
.
G
Q
Q
F
C
CF Q
FC Q
CF
QQ CQF F
Figura 8 – Difractograma da amostra POMB Total (Q – Quartzo; C – Calcite;
F – Feldspato; G - Gesso)
POMB Fracções
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
0 10 20 30 40 50 60 702 teta (graus)
u. a
.
Mat Rest P
0,063 mm
C
QG
C
QC
Q Q Q
AnAnC
QC
AA
AGQ
Q Q
Figura 9 – Difractograma da amostra POMB Fracções (Q – Quartzo; C – Calcite;
A – Albite; An – Anortite; G – Gesso)
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
55
E M TE XT e E M TINT Totais
0 10 20 30 40 50 60 702 teta (graus )
u. a
.
E M TINT
C
Q
F
MG
F F
Q
F F F
QC
Q
F
C
F FC
C QQ QC
Q
EM TE XT
Figura 10 – Difractograma da amostra EMTEXT e EMTINT Totais (Q – Quartzo;
C – Calcite; F– Feldspato; M – Moscovite; G – Gesso)
EM TEXT Fracções
0 10 20 30 40 50 60 70
2 teta (graus)
u.a.
Mat Rest P
0,063 mm
0,125 mm
Q
MG
Q QC
QC
QQ CAnQ C
C
M
AnAn An C
Figura 11 – Difractograma da amostra EMTEXT Fracções (Q – Quartzo;
C – Calcite; An– Anortite; M – Moscovite; G – Gesso)
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
56
Figura 12 – Difractograma da amostra EMTINT Fracções (Q – Quartzo; C –
Calcite; An– Anortite; M – Moscovite; G – Gesso)
Tal como já foi anteriormente referido, a composição mineralógica das amostras
foi determinada por comparação de difractogramas de raios X obtidos, com os
difractogramas da base de dados Joint Committee on Powder Diffraction
Standars-International centre for Diffraction Data (JCPDS-ICDD). Na comparação
dos difractogramas com os dados da bibliografia foram considerados os picos de
maior intensidade relativa e identificaram-se além destes, outros de intensidades
inferiores [tabelas 21 (amostras totais) e 22 (amostras fracções].
No que se refere aos resultados obtidos com as amostras totais e fracções pode-
se verificar que como material maioritário encontramos o Quartzo (SiO2) e a
Calcite (CaCO3).
Podemos justificar a predominância do quartzo, nas amostras totais e fracções
pelo facto das areias mais frequentes serem as siliciosas, o que se explica pela
maior resistência do quartzo às acções corrosivas dos agentes externos.
E M T IN T F R A C Ç Õ E S
0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 02 t e t a (g ra u s )
u.
a.
0 , 1 2 5 m m
M a t R e s t P
MG
Q
Q
QC A n Q
C
0 , 0 6 3 m m
A n
A n
C
A nA n
QA n C
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
57
A presença da Calcite (CaCO3), (cristalizada no sistema romboédrico) era
esperada, pois é proveniente da carbonatação do ligante usado na elaboração
das argamassas.
De facto quando a argamassa é aplicada, a exposição ao CO2 atmosférico,
durante um período considerável de tempo, origina a carbonatação do hidróxido
de cálcio (cal apagada), formando-se cristais de carbonato de cálcio.
Os feldspatos que podem ser Albite (NaAlSi2O6) ou Anortite (CaAl2Si2O8),
presentes quer nas amostras totais quer nas amostras fracções aparecem de
forma vestigial.
Em todas as amostras excepto na amostra EMTEXT 0,125 mm observa-se Gesso
(CaSO4.2H2O). A presença de pequenas quantidades deste composto pode indicar
a sua incorporação na argamassa de cal como aditivo. Pois este composto
aumenta a plasticidade e aderência das argamassas.
A moscovite só aparece nas amostras totais e fracções na argamassa de Évora
Monte.
Tabela 21 – Composição mineralógica qualitativa das argamassas
[Amostras Totais]
Amostras
(Totais)
Quartzo
SiO2
[33 - 1161]
Calcite
CaCO3
[5 - 586)
Fedspatos
[albite anortite]*
Gesso
CaSO4.2H2O
[33-311]
Moscovite
KAl2(AlSi3O10(OH))
[7-42]
POMB x x Vestígios Vestígios -
EMTEXT x x Vestígios Vestígios Vestígios
EMTINT x x Vestígios Vestígios Vestígios
*Albite NaAlSi2O6 [9 - 466]; Anortite CaAl2Si2O8 [41 -1486]
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
58
Tabela 22 – Composição mineralógica qualitativa das argamassas
[Amostras Fracções]
Amostras
(Fracções)
(mm)
Quartzo
SiO2
[33 - 1161]
Calcite
CaCO3
[5 - 586)
Fedspatos
[albite
anortite]*
Gesso
CaSO4.2H2O
[33-311]
Moscovite
KAl2(AlSi3O10(OH))
[7-42]
POMB 0,063 x x Vestígios Vestígios -
POMB Mat Rest P x x Vestígios Vestígios -
EMTEXT 0,125 x x Vestígios - Vestígios
EMTEXT 0, 063 x x Vestígios Vestígios Vestígios
EMTEXT Mat Rest P x x Vestígios Vestígios Vestígios
EMTINT 0,125 x x Vestígios Vestígios Vestígios
EMTINT 0,063 x x Vestígios Vestigios Vestígios
EMTINT Mat Rest P x x Vestígios Vestígios Vestígios
*Albite NaAlSi2O6 [9-466]; Anortite CaAl2Si2O8 [41 -1486]
Os resultados obtidos a partir dos difractogramas podem ser usados para fazer
uma determinação semiquantitativa da composição das amostras estudadas. Esta
composição foi obtida através da intensidade dos picos de difracção (para o
Quartzo e para a Calcite). Como anteriormente referido, dado que se usou o
método dos pós, apenas puderam ser analisados os difractogramas
correspondentes às fracções mais finas.
Segundo Gomes [34], qualquer estimativa semiquantitativa, baseia-se, na relação
directa entre as intensidades de certos máximos de difracção específicos de cada
espécie mineral e os teores das mesmas.
Para efectuar esta análise avaliaram-se as intensidades (número de contagens)
de certos máximos de difracção específicos (Quartzo e Calcite) e dividiram-se
pelos poderes reflectores respectivos. Os quocientes obtidos foram depois
convertidos em % relativas, considerando a sua soma igual a 100.
A análise dos resultados obtidos na tabela 23 permite verificar que os teores de
calcite são superiores aos teores de quartzo.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
59
Tabela 23 – Interpretação semi-quantitativa dos resultados por DRX
POMB Total
Cálculos considerando o número de contagens
(altura dos picos)
Amostra
(Total)
% de Quartzo % de Calcite Traço
POMB 48,2 51,8 1:0,9
Nos resultados obtidos para as diversas fracções da amostra POMB (tabela 24),
verifica-se, que o teor de calcite vai aumentando à medida que a dimensão das
partículas diminui. Nas amostras POMB 0,063 mm e Mat Rest P, como uma
amostra é a que fica retida no peneiro (0,063 mm) e a outra (Mat Rest P) é o
material que passa no mesmo peneiro a diferença é pouco significativa dado que
a dimensão das partículas é muito aproximada.
Tabela 24 – Interpretação semi-quantitativa dos resultados por DRX POMB Fracções
Cálculos considerando o número de contagens
(altura dos picos)
Amostras
(Fracções)
% de Quartzo % de Calcite Traço
POMB 0,125 mm 55,6 44,4 1:1,3
POMB 0,063 mm 9,9 90,1 1:0,1
POMB Mat Rest P 10,7 89,3 1:0,2
Os valores do traço das argamassas (tabela 25) determinados por este processo
são muito semelhantes aos valores calculados a partir do ataque com HCl na
amostra POMB Fracções (tabela 8). A diferença é mais significativa na amostra
POMB Total com estes dois métodos. Contudo não pode esquecer-se que a
determinação da composição das argamassas a partir da análise por
difractogramas é semiquantitativa o que o cálculo do seu traço a partir desta
análise pressupõe algumas aproximações. Por outro lado, como anteriormente já
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
60
foi referido não podem também esquecer-se a heterogeneidade associada a cada
tipo de amostra.
Na tabela 25 pelos resultados obtidos na amostra total da argamassa EMTEXT,
verifica-se, que os teores de calcite são inferiores aos teores de quartzo,
enquanto que na amostra total EMTINT os teores da calcite são superiores ao do
quartzo.
Tabela 25 – Interpretação semi-quantitativa dos resultados por DRX
EMTEXT e EMTINT Totais
Cálculos considerando o número de contagens
(altura dos picos)
Amostras
(Totais)
% de Quartzo % de Calcite Traço
EMTEXT 86,0 14,0 1:6,1
EMTINT 31,5 68,5 1:0,5
Nas fracções das amostras EMTEXT e EMTINT (tabelas 26 e 27) que foram
analisadas, verifica-se que o teor de calcite vai aumentando à medida que a
dimensão das partículas são mais finas.
Tabela 26 – Interpretação semi-quantitativa dos resultados por DRX
EMTEXT Fracções
Cálculos considerando o número de contagens
(altura dos picos)
Amostras
(Fracções)
% de Quartzo % de Calcite Traço
EMTEXT 0,125 mm 67,3 32,7 1:2,1
EMTEXT 0,063 mm 52,1 47,9 1:1,1
EMTEXT Mat Rest P 25,6 74,4 1:0,3
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
61
Tabela 27 – Interpretação semi-quantitativa dos resultados por DRX
EMTINT Fracções
Cálculos considerando o número de contagens
(altura dos picos)
Amostras
(Fracções)
% de Quartzo % de Calcite Traço
EMTINT 0,125mm 40,8 59,2 1:0,7
EMTINT 0,063mm 35,8 64,2 1 :0,6
EMTINTMatRest P 19,2 80,8 1 :0,2
5.4 - Adsorção de azoto a -196 ºC em argamassas
A área superficial específica de um sólido (área por 1g de sólido) é uma grandeza
que está relacionada com a maior ou menor rugosidade de uma superfície, com a
sua porosidade e com o estudo da divisão de um sólido. Esta área foi
determinada por adsorção de azoto à sua temperatura de ebulição (-196 ºC)
fazendo uso do modelo físico desenvolvido por Brunauer et al. [32], razão pela
qual a área específica obtida desta forma é referida como área BET ou,
abreviadamente ABET.
Numa primeira fase do trabalho efectuaram-se determinações da área específica
em sub-amostras da argamassa POMB. As respectivas isotérmicas estão na
(figura 13) e os correspondentes valores da ABET apresentam-se na tabela 28.
Como se verifica desta tabela a gama de variação dos valores é de cerca de 20%.
Esta variação que se pode considerar elevada, é bastante superior à encontrada
quando no mesmo equipamento é analisado um sólido padrão com área
específica similar (cerca de 1m2/g). Neste caso a variação é inferior a 1%. A
elevada discrepância encontrada para as sub-amostras POMB (tabela 28) é
assim atribuída à heterogeneidade inerente à amostra total.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
62
Os valores da ABET da tabela 28, nomeadamente pelo facto de serem muito
semelhantes para POMB 1 e POMB 2, também mostram não haver diferenças
acentuadas no processo de desagregação usando (POMB 1) ou não (POMB 2) os
passos prévios de humidificação e colocação em azoto liquido.
0,00
0,03
0,05
0,08
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
p/pº
na (
mm
ol
g-1
)
POMB 1
POMB 2
POMB2A
Figura 13 - Isotérmicas de adsorção de azoto
a -196 ºC na amostra POMB Total
Tabela 28 – Área BET POMB Total
Amostra
(Total)
ABET (m2/g)
POMB 1 1,2
POMB 2 1,2
POMB 2A 1,0
Na figura 14 apresentam-se as isotérmicas de adsorção de azoto a -196 ºC em
várias fracções da argamassa POMB. Um resultado que se poderia antecipar
nesta análise seria a existência de uma diferenciação de curvas, para cada
fracção. Este resultado verificar-se-ia, no pressuposto de que as fracções mais
ricas em ligante deveriam apresentar área específica mais elevada dado o menor
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
63
tamanho das partículas do ligante, face às partículas do agregado. Como se
verifica na figura 14 esta situação apenas se nota no caso limite. Ou seja, a
fracção Mat Rest P, a mais rica em ligante conforme se verificou por análise
química, apresenta de facto uma área específica superior (ver tabela 29). Não se
verificou no entanto uma diferenciação clara nas restantes fracções.
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
p/pº
na (
mm
ol
g-1
)
Mat Rest P0.25 mm1 mm2 mm0.5 mm
Figura 14 – Isotérmicas de adsorção de azoto
a -196 ºC na amostra POMB Fracções
Tabela 29 – Área BET POMB Fracções
Amostra
(Fracções)
ABET (m2/g)
POMB 2 mm 0,3
POMB 1 mm 0,5
POMB 0,5 mm 0,3
POMB 0,25 mm 1,0
POMB Mat Rest P 6,1
Nas figuras 15 e 16 apresentam-se as isotérmicas de adsorção de azoto para as
fracções das argamassas EMTEXT e EMTINT, respectivamente. Os
correspondentes valores das ABET reúnem-se nas tabelas 30 e 31. Como se
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
64
verifica nas figuras 15 e 16, no caso das argamassas provenientes de Évora
Monte e contrariamente ao já referido para a argamassa POMB) as curvas
denotam que houve de facto uma diferenciação das fracções. Esta diferenciação,
embora apresentando algumas variações, é de facto no sentido de se observarem
valores mais elevados de ABET nas fracções mais ricas em ligante.
0,00
0,03
0,05
0,08
0,10
0,13
0,15
0,18
0,20
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0p/pº
na (m
mol g
-1)
0.063 mmMat Rest P0.25 mm4 mm1 mm2 mm0.125 mm0.5 mm
Figura 15 - Isotérmicas de adsorção de azoto
a -196 ºC na amostra EMTEXT Fracções
Tabela 30 – Área BET EMTEXT Fracções
Amostra
(Fracções)
ABET (m2/g)
EMTEXT 4 mm 4,1
EMTEXT 2 mm 3,7
EMTEXT 1 mm 4,0
EMTEXT0,5 mm 3,0
EMTEXT 0,25 mm 4,0
EMTEXT0,125 mm 4,0
EMTEXT 0,063 mm 5,0
EMTEXT Mat Rest P 4,7
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
65
Figura 16 - Isotérmicas de adsorção de azoto
a -196 ºC na amostra EMTINT Fracções
Tabela 31 – Área BET EMTINT Fracções
Amostra
(Fracções)
ABET (m2/g)
EMTINT 4 mm 4,8
EMTINT 2 mm 3,3
EMTINT 1 mm 3,4
EMTINT 0,5 mm 3,8
EMTINT 0,25 mm 4,0
EMTINT 0,125 mm 5,0
EMTINT 0,063 mm 7,0
EMTINTMatRest P 6,0
Na figura 17 mostram-se os vários valores de ABET determinados em função do
teor de CaCO3 (em %) obtido por ataque químico com HCl (“HCl grav”). Como se
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
p/pº
na (
mm
ol
g-1
)
0.063 mm0.125 mm0.25 mm0.5 mm1 mm2 mm4 mmMat Rest P
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
66
verifica na figura, é nítida alguma dispersão dos resultados Pode considerar--se
no entanto que existe algum tipo de relação entre a ABET e o teor do ligante. Esta
relação não é, no entanto, uma relação linear, e pela dispersão dos resultados,
verifica-se que não poderá ser usada como método da quantificação do teor de
ligante.
Figura 17 - Relação entre a área superficial específica – ABET – e a quantidade
final de CaCO3 (%) das várias fracções das argamassas estudadas
5.5 - Comparação do teor de CaCO3 pelas diferentes técnicas
Os resultados da análise química são discutidos em termos de avaliação de
carbonato de cálcio, ou seja da fracção de ligante. A decomposição de carbonato
de cálcio com ácido clorídrico e a determinação da quantidade de ligante por
análise gravimétrica é um método comum para estudos da composição de
argamassas. Este método é referenciado como “HCl grav”. Conforme o descrito
na parte experimental as fracções solúveis resultantes da decomposição do
CaCO3, por ácido clorídrico foram analisados por espectrometria de absorção
atómica. Desta forma a quantidade de CaCO3, foi determinada por duas
metodologias diferentes. Os resultados obtidos por estes dois métodos, para as
análises das várias fracções nas três amostras estudadas são os referidos na
figura 18.
0
1
2
3
4
5
6
7
0 20 40 60 80 100
HCl grav.
AB
ET
(m
2g-1
) POMB
EMTEXT
EMTINT
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
67
A figura 18 mostra que os resultados obtidos pelos dois métodos são
relativamente similares. A linha sólida nesta figura (e também nas figuras 19 e 20)
representa o caso ideal de uma perfeita coincidência de valores. É interessante
notar que os valores das percentagens de CaCO3, na amostra EMTEXT, estão
sempre em excesso quando determinados por gravimetria, e os desvios em
relação à linha sólida são os maiores para esta argamassa. Isto pode estar
relacionado com o facto que quando é usado o método gravimétrico, as
diferenças de peso podem incluir outras substâncias no HCl que podem não ser
CaCO3. Sendo a porção exterior uma argamassa antiga (séc. XII) é possível que
a argamassa EMTEXT, tenha vários tipos de contaminação que podem justificar o
resultado
0
20
40
60
80
0 20 40 60
HCl A.A.
HC
l gr
av.
POMB
EMTEXT
EMTINT
Figura 18 - Comparação da quantidade de CaCO3 (%) obtida depois do ataque
com HCl por gravimetria e absorção atómica das diversas fracções das
argamassas estudadas
Os resultados obtidos neste trabalho usando a reacção com EDTA, também com
as duas metodologias (gravimetria e absorçao atómica) ilustram-se na figura 19.
Os resultados na figura 19 estão mais perto da linha ideal do que o que foi
encontrado no ataque com HCl (figura 18). Mesmo para a amostra EMTEXT os
resultados por gravimetria e EAA estão agora mais de acordo. De facto, sendo um
ácido mais fraco o EDTA pode também não ser suficientemente forte para
dissolver outras substâncias para além do CaCO3.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
68
0
20
40
60
80
0 20 40 60
EDTA A.A.
ED
TA
gra
v.
POMB
EMTEXT
EMTINT
.
Figura 19 – Comparação da quantidade de CaCO3 (%) obtida, depois do ataque
com EDTA por gravimetria e absorção atómica nas diversas fracções das
argamassas estudadas
Quando os resultados obtidos por HCl e EDTA são comparados seja por
gravimetria ou EAA, chega-se à conclusão que as quantidades de CaCO3 são
sempre mais baixas quando usamos EDTA. Este aspecto é ilustrado na figura 20,
onde a percentagem de carbonato de cálcio obtida para ambos os ácidos é
confrontada com o valor obtido por gravimetria.
0
20
40
60
80
0 20 40 60
HCl grav.
ED
TA
gra
v.
POMB
EMTEXT
EMTINT
Figura 20 – Quantidade de CaCO3 (%) obtida, por gravimetria depois do ataque
com EDTA ou HCl
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
69
Uma comparação dos resultados obtidos para o teor de ligante, pelos vários
métodos, incluindo a difractometria de raios X, é ilustrada na figura 21.
Os resultados a partir do DRX e do ataque com HCl (gravimetria) estão sempre
próximos e são aqueles que têm os valores mais elevados. Os valores a partir do
EDTA são sempre mais baixos em comparação com os outros métodos. Este
aspecto leva a concluir que a metodologia de ataque com EDTA, pode não ter
sido eficaz. Com efeito, nas condições experimentais utilizadas a solução de
EDTA não deverá ter dissolvido completamente o CaCO3.
A partir dos resultados da figura 21, e do que foi discutido anteriormente conclui-
se que os resultados do DRX e HCl (gravimetria) dão resultados mais fiáveis para
a composição da argamassa.
Figura 21 - Quantidade de CaCO3 (%) obtida por diferentes metodologias de
análise
0
20
40
60
80
100
0,125 0,063 Rest 0,125 0,063 Rest 0,125 0,063 Rest
fracções (em mm)
CaC
O3 (
%)
DRX HCl grav. HCl A.A. EDTA A.A. EDTA grav.
POMB EMTEXT EMTINT
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
70
6. Conclusão
No presente trabalho caracterizou-se um conjunto de três argamassas, uma
proveniente de um edifício da baixa pombalina (século XVIII-XIX) e duas de Évora
Monte (século XII), por meio de diversas técnicas complementares como a análise
química por ataque ácido com HCl, EDTA e Espectrometria de Absorção Atómica,
Difractometria de Raios X e por Adsorção de Azoto a -196 ºC.
O estudo consistiu na determinação do teor em ligante (CaCO3) por diversas
técnicas aplicadas após desagregação quer à amostra total, quer às fracções
obtidas pelo método de peneiração de cada argamassa.
A interpretação dos resultados experimentais permitiu verificar algumas das
vantagens e limitações das várias metodologias, para a determinação do teor de
ligante (CaCO3). O ataque químico com HCl e a Difractometria de Raios X
destacam-se como os métodos, que forneceram os resultados mais coerentes.
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
71
Bibliografia
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Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), 1971.
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[5] COUTINHO, A. S. - Fabrico e propriedades do Betão. Volume I. Lisboa: LNEC,
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um suporte. Lisboa: LNEC. Dissertação apresentada ao Instituto Superior Técnico
da Universidade Técnica de Lisboa para obtenção de grau de Mestre em
Construção. LNEC, GSTB, IST, 1993.
[7] RODRIGUES, P. F. - Argamassas de revestimento para alvenarias antigas –
contribuição para o estudo da influência dos ligantes. Dissertação de
Doutoramento em Engenharia Civil apresentada na Faculdade de Ciências e
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Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
75
ANEXOS
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
76
ANEXO I
Cálculo do traço de uma argamassa a partir da análise química
por Ataque Ácido HCl e EDTA
O traço de uma argamassa pode ser calculada pela relação CaCO3/areia, tendo
em conta a composição actual, da argamassa e admitindo que houve uma
carbonatação total do ligante.
Traço = (% CaCO3 ⁄ % areia)
Para a argamassa EMTEXT c, por exemplo, virá:
Traço = (27,4 ⁄ 48,0) → Traço = 1: 1,75 → Traço = 1: 2
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
77
ANEXO II
Cálculo do traço de uma argamassa por DRX
Usando o método proposto por Gomes [34] é possível fazer a semiquantificação
da proporção em que os vários constituintes de uma argamassa estão presentes
na amostra, ou seja, é possível fazer a determinação semiquantitativa do traço de
uma argamassa.
Esta determinação faz-se com base nos números de contagem dos picos de
difracção característicos do Quartzo e da Calcite e nos valores dos poderes
reflectores associados aos picos de máxima intensidade característicos desses
minerais.
Na tabela 32 apresenta-se um extracto dos valores para o poder reflector, para os
picos de máxima intensidade e poderes reflectores associados, característicos de
alguns minerais [34].
Tabela 32 – Picos de máxima intensidade e poderes reflectores associados às
características de alguns minerais [34]
Mineral d h k l (Ẩ) Poder reflector
Quartzo 3,33 6
Calcite 3,03 3
Albite 3,18 3
Moscovite 10,01 0,3
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
78
Dividiram-se as intensidades (número de contagens) dos máximos de difracção
específicos, do quartzo e da calcite e pelos poderes reflectores respectivos. Os
quocientes obtidos foram convertidos em percentagens relativas, considerando a
sua soma igual a 100.
Exemplo:
- Poder reflector do Quartzo no pico de máxima intensidade: 6
- Poder reflector para a calcite no pico de máxima intensidade: 3
- O número de contagens para o pico de máxima intensidade do quartzo:
1568
- O número de contagens para o pico de máxima intensidade da calcite: 625
% Quartzo = (1568 / 6) / [(625 / 3) + (1568/6)] % Quartzo = 55,6%
% Calcite = 100 – 55,6 = 44,4%
Traço = (44,4 / 55,6) Traço = 1: 1,25
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
79
ANEXO III
Resultados da adsorção de azoto a -196 ºC
Amostra Total
POMB 1
p/p 0 na
(mmol g-1)
2,44E-03 5,49E-03 8,18E-03 8,05E-03 2,33E-02 1,11E-02 4,92E-02 1,26E-02 7,62E-02 1,25E-02 1,02E-01 1,28E-02 1,53E-01 1,37E-02 2,03E-01 1,47E-02 2,53E-01 1,58E-02 3,02E-01 1,69E-02 3,53E-01 1,79E-02 4,02E-01 1,90E-02 4,52E-01 2,02E-02 5,02E-01 2,16E-02 5,53E-01 2,29E-02 6,02E-01 2,44E-02 7,01E-01 2,81E-02 7,98E-01 3,37E-02 8,98E-01 4,68E-02 9,48E-01 6,85E-02 8,98E-01 5,04E-02 8,05E-01 3,67E-02 7,03E-01 2,98E-02 6,01E-01 2,55E-02 5,00E-01 2,24E-02 3,99E-01 1,79E-02
Amostra Total
POMB 2
p/p 0 na
(mmol/g-1)
9,57E-04 2,45E-03 5,41E-03 6,65E-03 2,43E-02 9,22E-03 4,86E-02 1,05E-02 7,16E-02 1,11E-02 9,84E-02 1,18E-02 1,48E-01 1,30E-02 1,98E-01 1,43E-02 2,48E-01 1,55E-02 2,98E-01 1,68E-02 3,46E-01 1,80E-02 3,97E-01 1,93E-02 4,47E-01 2,06E-02 4,97E-01 2,20E-02 5,47E-01 2,35E-02 5,96E-01 2,51E-02 6,98E-01 2,89E-02 7,96E-01 3,43E-02 9,01E-01 4,73E-02 9,47E-01 6,52E-02 9,05E-01 5,14E-02 7,90E-01 3,61E-02 6,97E-01 3,08E-02 5,96E-01 2,67E-02 4,95E-01 2,35E-02 3,95E-01 1,92E-02
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
80
Amostra Total
POMB 2A
p/p0 na
(mmol/g-1)
1,01E-03 3,26E-03 5,22E-03 5,65E-03 2,02E-02 7,83E-03 4,53E-02 9,29E-03 7,22E-02 9,79E-03 9,94E-02 1,02E-02 1,50E-01 1,12E-02 2,00E-01 1,23E-02 2,50E-01 1,33E-02 3,00E-01 1,44E-02 3,50E-01 1,55E-02 4,00E-01 1,65E-02 4,50E-01 1,77E-02 5,00E-01 1,88E-02 5,50E-01 2,01E-02 6,00E-01 2,14E-02 6,97E-01 2,46E-02 7,99E-01 2,97E-02 8,98E-01 4,07E-02 9,50E-01 5,99E-02 9,04E-01 4,48E-02 7,87E-01 3,08E-02 6,96E-01 2,59E-02 5,97E-01 2,23E-02 4,95E-01 1,95E-02 3,95E-01 1,56E-02
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
81
Amostra Fracções
POMB 2 mm
p/p0
na (mmol/g-1)
5,09E-03 3,35E-03 1,11E-02 4,87E-03 2,62E-02 7,38E-03 5,23E-02 7,38E-03 7,47E-02 6,11E-03 1,02E-01 5,28E-03 1,53E-01 4,70E-03 2,04E-01 4,66E-03 2,54E-01 4,75E-03 3,04E-01 4,85E-03 3,55E-01 4,70E-03 4,05E-01 4,77E-03 4,55E-01 4,93E-03 5,05E-01 5,07E-03 5,55E-01 5,26E-03 6,05E-01 5,43E-03 7,05E-01 6,12E-03 8,04E-01 8,05E-03 9,02E-01 1,31E-02 9,50E-01 2,20E-02 8,95E-01 1,46E-02 8,00E-01 9,75E-03 6,99E-01 7,56E-03 5,99E-01 6,70E-03 4,98E-01 6,27E-03 3,98E-01 5,10E-03
Amostra Fracções
POMB 1 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
4,87E-03 3,80E-03 1,09E-02 5,49E-03 2,59E-02 8,41E-03 5,15E-02 8,47E-03 7,84E-02 6,93E-03 1,04E-01 6,46E-03 1,54E-01 6,32E-03 2,04E-01 6,69E-03 2,54E-01 7,11E-03 3,04E-01 7,52E-03 3,54E-01 7,76E-03 4,04E-01 8,16E-03 4,54E-01 8,62E-03 5,04E-01 9,05E-03 5,54E-01 9,59E-03 6,04E-01 1,02E-02 7,04E-01 1,18E-02 8,03E-01 1,46E-02 9,02E-01 2,15E-02 9,48E-01 3,25E-02 8,93E-01 2,18E-02 8,01E-01 1,50E-02 7,01E-01 1,17E-02 6,01E-01 9,56E-03 5,00E-01 8,45E-03 4,00E-01 6,59E-03
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
82
Amostra Fracções
POMB 0,5 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
4,43E-03 4,54E-03 1,06E-02 6,19E-03 2,59E-02 8,74E-03 5,21E-02 8,73E-03 7,89E-02 7,18E-03 1,05E-01 6,16E-03 1,55E-01 5,26E-03 2,05E-01 5,29E-03 2,55E-01 4,67E-03 3,05E-01 4,13E-03 3,55E-01 4,30E-03 4,05E-01 4,06E-03 4,55E-01 4,17E-03 5,05E-01 3,72E-03 5,55E-01 3,30E-03 6,05E-01 3,58E-03 7,05E-01 3,92E-03 8,04E-01 5,90E-03 9,03E-01 1,36E-02 9,48E-01 2,87E-02 8,95E-01 1,43E-02 8,00E-01 6,96E-03 7,00E-01 4,50E-03 5,99E-01 4,06E-03 4,98E-01 4,26E-03 3,98E-01 3,34E-03
Amostra Fracções
POMB 0,25 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
3,36E-03 6,75E-03 9,58E-03 9,12E-03 2,49E-02 1,24E-02 5,12E-02 1,32E-02 7,78E-02 1,26E-02 1,04E-01 1,25E-02 1,54E-01 1,29E-02 2,04E-01 1,37E-02 2,54E-01 1,46E-02 3,04E-01 1,54E-02 3,51E-01 1,58E-02 4,02E-01 1,66E-02 4,52E-01 1,75E-02 5,03E-01 1,84E-02 5,53E-01 1,94E-02 6,04E-01 2,05E-02 7,03E-01 2,35E-02 8,02E-01 2,87E-02 9,01E-01 4,24E-02 9,46E-01 6,35E-02 8,95E-01 4,40E-02 8,02E-01 3,06E-02 7,01E-01 2,45E-02 6,00E-01 2,11E-02 4,99E-01 1,88E-02 3,97E-01 1,56E-02
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
83
Amostra Fracções
POMB Mat Rest P
p/p0 na
(mmol/g-1)
8,44E-04 1,21E-02 6,29E-03 3,59E-02 2,35E-02 4,89E-02 4,72E-02 5,68E-02 7,28E-02 6,10E-02 9,86E-02 6,46E-02 1,48E-01 7,06E-02 1,98E-01 7,64E-02 2,48E-01 8,20E-02 2,98E-01 8,74E-02 3,48E-01 9,28E-02 3,97E-01 9,85E-02 4,47E-01 1,04E-01 4,97E-01 1,11E-01 5,47E-01 1,18E-01 5,96E-01 1,26E-01 6,96E-01 1,46E-01 8,00E-01 1,81E-01 9,02E-01 2,72E-01 9,47E-01 4,10E-01 8,98E-01 2,86E-01 8,05E-01 2,00E-01 6,93E-01 1,57E-01 6,04E-01 1,37E-01 4,94E-01 1,19E-01 4,02E-01 1,01E-01
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
84
Amostra Total
EMTEXT
p/p0 na
(mmol/g-1)
1,40E-05 6,62E-03 8,01E-03 3,79E-02 2,26E-02 4,44E-02 4,62E-02 4,90E-02 7,18E-02 5,16E-02 9,77E-02 5,37E-02 1,47E-01 5,71E-02 1,97E-01 6,03E-02 2,47E-01 6,34E-02 2,97E-01 6,64E-02 3,49E-01 6,92E-02 3,99E-01 7,20E-02 4,48E-01 7,47E-02 4,98E-01 7,76E-02 5,48E-01 8,05E-02 5,98E-01 8,37E-02 6,99E-01 9,16E-02 7,96E-01 1,03E-01 9,01E-01 1,33E-01 9,46E-01 1,71E-01 8,95E-01 1,38E-01 7,91E-01 1,12E-01 7,01E-01 1,01E-01 6,01E-01 9,36E-02 4,99E-01 8,82E-02 4,03E-01 7,62E-02 3,55E-01 7,32E-02
Amostra Total
EMTINT
p/p0 na
(mmol/g-1)
4,20E-05 6,58E-03 5,80E-03 4,17E-02 2,17E-02 5,03E-02 4,78E-02 5,60E-02 7,25E-02 5,89E-02 9,77E-02 6,14E-02 1,46E-01 6,58E-02 1,95E-01 7,00E-02 2,48E-01 7,44E-02 2,97E-01 7,84E-02 3,48E-01 8,24E-02 3,97E-01 8,63E-02 4,46E-01 9,01E-02 4,95E-01 9,40E-02 5,45E-01 9,81E-02 5,98E-01 1,03E-01 6,96E-01 1,13E-01 8,00E-01 1,30E-01 8,97E-01 1,66E-01 9,47E-01 2,21E-01 8,99E-01 1,81E-01 7,96E-01 1,48E-01 7,04E-01 1,34E-01 6,03E-01 1,24E-01 5,01E-01 1,17E-01 3,92E-01 8,92E-02 3,52E-01 8,54E-02
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
85
Amostra Fracções
EMTEXT 4 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
9,70E-05 1,28E-02 8,65E-03 3,73E-02 2,26E-02 4,36E-02 4,81E-02 4,81E-02 7,45E-02 4,99E-02 1,01E-01 5,14E-02 1,51E-01 5,39E-02 2,01E-01 5,62E-02 2,52E-01 5,83E-02 3,02E-01 6,01E-02 3,50E-01 6,13E-02 4,01E-01 6,28E-02 4,52E-01 6,42E-02 5,02E-01 6,52E-02 5,53E-01 6,64E-02 6,03E-01 6,75E-02 7,03E-01 7,03E-02 8,02E-01 7,46E-02 9,02E-01 8,51E-02 9,48E-01 9,75E-02 8,94E-01 8,65E-02 8,00E-01 7,87E-02 7,00E-01 7,50E-02 5,98E-01 7,35E-02 4,98E-01 7,27E-02 3,99E-01 6,67E-02
Amostra Fracções
EMTEXT 2 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
7,00E-05 1,34E-02 8,82E-03 3,80E-02 2,28E-02 4,44E-02 4,81E-02 4,86E-02 7,48E-02 4,98E-02 1,01E-01 5,09E-02 1,52E-01 5,22E-02 2,02E-01 5,35E-02 2,53E-01 5,46E-02 3,03E-01 5,53E-02 3,53E-01 5,60E-02 4,04E-01 5,65E-02 4,54E-01 5,70E-02 5,04E-01 5,74E-02 5,55E-01 5,76E-02 6,05E-01 5,82E-02 7,04E-01 5,96E-02 8,04E-01 6,32E-02 9,00E-01 7,30E-02 9,45E-01 8,69E-02 8,94E-01 7,53E-02 8,02E-01 6,80E-02 7,02E-01 6,56E-02 6,01E-01 6,49E-02 5,00E-01 6,55E-02 3,99E-01 6,08E-02
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
86
Amostra Fracções
EMTEXT 1 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
7,70E-05 1,32E-02 8,49E-03 3,59E-02 2,27E-02 4,22E-02 4,84E-02 4,63E-02 7,15E-02 4,76E-02 9,87E-02 4,90E-02 1,50E-01 5,16E-02 2,00E-01 5,40E-02 2,51E-01 5,63E-02 3,01E-01 5,85E-02 3,49E-01 6,00E-02 4,01E-01 6,17E-02 4,51E-01 6,36E-02 5,02E-01 6,53E-02 5,52E-01 6,70E-02 6,02E-01 6,90E-02 7,01E-01 7,32E-02 8,00E-01 7,98E-02 9,00E-01 9,43E-02 9,47E-01 1,13E-01 8,95E-01 9,67E-02 8,02E-01 8,48E-02 7,01E-01 7,87E-02 5,99E-01 7,51E-02 4,99E-01 7,25E-02 4,00E-01 6,44E-02
Amostra Fracções
EMTEXT 0,5 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
1,39E-04 1,28E-02 5,53E-03 2,96E-02 2,04E-02 3,65E-02 4,69E-02 4,09E-02 7,08E-02 4,21E-02 9,84E-02 4,31E-02 1,50E-01 4,50E-02 2,01E-01 4,70E-02 2,51E-01 4,88E-02 3,02E-01 5,03E-02 3,49E-01 5,16E-02 4,00E-01 5,31E-02 4,51E-01 5,46E-02 5,02E-01 5,62E-02 5,52E-01 5,76E-02 6,03E-01 5,91E-02 7,03E-01 6,22E-02 8,01E-01 6,81E-02 9,00E-01 8,20E-02 9,47E-01 9,99E-02 8,94E-01 8,65E-02 8,01E-01 7,51E-02 7,01E-01 6,98E-02 6,00E-01 6,71E-02 4,99E-01 6,55E-02 3,99E-01 5,82E-02
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
87
Amostra Fracções
EMTEXT 0,25 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
2,04E-04 1,30E-02 5,01E-03 3,10E-02 2,26E-02 3,99E-02 4,62E-02 4,39E-02 7,35E-02 4,51E-02 1,00E-01 4,62E-02 1,51E-01 4,82E-02 2,01E-01 5,02E-02 2,52E-01 5,21E-02 3,02E-01 5,39E-02 3,52E-01 5,57E-02 4,02E-01 5,74E-02 4,53E-01 5,90E-02 5,03E-01 6,07E-02 5,53E-01 6,26E-02 6,03E-01 6,47E-02 7,01E-01 6,99E-02 7,99E-01 7,86E-02 8,96E-01 9,92E-02 9,46E-01 1,32E-01 8,99E-01 1,05E-01 7,91E-01 8,51E-02 7,01E-01 7,79E-02 6,02E-01 7,29E-02 5,01E-01 6,98E-02 4,02E-01 6,16E-02
Amostra Fracções
EMTEXT 0,125 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
3,85E-04 1,26E-02 5,97E-03 2,90E-02 2,05E-02 3,65E-02 4,69E-02 4,11E-02 7,40E-02 4,24E-02 1,01E-01 4,35E-02 1,51E-01 4,61E-02 2,01E-01 4,82E-02 2,52E-01 5,03E-02 3,01E-01 5,36E-02 3,51E-01 5,54E-02 4,01E-01 5,77E-02 4,52E-01 5,98E-02 5,02E-01 6,22E-02 5,52E-01 6,45E-02 6,02E-01 6,73E-02 7,00E-01 7,40E-02 7,97E-01 8,53E-02 8,95E-01 1,12E-01 9,46E-01 1,53E-01 8,99E-01 1,21E-01 7,88E-01 9,14E-02 6,99E-01 8,13E-02 6,01E-01 7,48E-02 5,00E-01 7,05E-02 4,00E-01 6,20E-02
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
88
Amostra Fracções
EMTEXT 0,063 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
2,80E-04 1,25E-02 7,95E-03 3,93E-02 2,16E-02 4,68E-02 4,70E-02 5,24E-02 7,14E-02 5,47E-02 9,83E-02 5,69E-02 1,49E-01 6,01E-02 2,00E-01 6,35E-02 2,50E-01 6,67E-02 3,00E-01 6,96E-02 3,47E-01 7,20E-02 3,99E-01 7,48E-02 4,50E-01 7,76E-02 5,00E-01 8,04E-02 5,50E-01 8,34E-02 6,01E-01 8,65E-02 6,99E-01 9,41E-02 7,96E-01 1,07E-01 9,02E-01 1,41E-01 9,47E-01 1,83E-01 9,00E-01 1,49E-01 7,89E-01 1,16E-01 7,00E-01 1,04E-01 6,01E-01 9,70E-02 5,00E-01 9,20E-02 4,01E-01 8,01E-02
Amostra Fracções
EMTEXT Mat Rest P
p/p0 na
(mmol/g-1)
1,45E-03 1,03E-02 6,99E-03 3,61E-02 2,06E-02 4,45E-02 4,62E-02 5,06E-02 7,30E-02 5,30E-02 9,95E-02 5,49E-02 1,50E-01 5,82E-02 2,00E-01 6,17E-02 2,50E-01 6,50E-02 3,00E-01 6,87E-02 3,48E-01 7,17E-02 3,99E-01 7,51E-02 4,49E-01 7,86E-02 5,00E-01 8,24E-02 5,50E-01 8,64E-02 5,99E-01 9,09E-02 6,96E-01 1,02E-01 7,96E-01 1,22E-01 9,00E-01 1,73E-01 9,47E-01 2,40E-01 8,97E-01 1,81E-01 7,93E-01 1,33E-01 7,03E-01 1,14E-01 6,02E-01 1,01E-01 5,01E-01 9,25E-02 4,02E-01 7,95E-02
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
89
Amostra Fracções
EMTINT 4 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
2,30E-04 1,25E-02 6,98E-03 4,26E-02 2,11E-02 4,97E-02 4,64E-02 5,46E-02 7,35E-02 5,61E-02 9,99E-02 5,76E-02 1,50E-01 6,05E-02 2,00E-01 6,36E-02 2,50E-01 6,68E-02 3,00E-01 7,00E-02 3,51E-01 7,30E-02 4,00E-01 7,63E-02 4,50E-01 7,98E-02 5,00E-01 8,37E-02 5,50E-01 8,81E-02 5,99E-01 9,34E-02 6,95E-01 1,06E-01 7,97E-01 1,32E-01 8,97E-01 1,70E-01 9,46E-01 2,20E-01 8,96E-01 2,07E-01 7,93E-01 1,86E-01 7,04E-01 1,73E-01 5,93E-01 1,52E-01 4,92E-01 1,31E-01 4,01E-01 7,86E-02
Amostra Fracções
EMTINT 2 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
2,01E-04 1,27E-02 5,38E-03 2,96E-02 2,03E-02 3,64E-02 4,70E-02 4,03E-02 7,43E-02 4,11E-02 1,01E-01 4,17E-02 1,52E-01 4,30E-02 2,01E-01 4,56E-02 2,52E-01 4,69E-02 3,02E-01 4,85E-02 3,53E-01 4,98E-02 4,03E-01 5,12E-02 4,53E-01 5,24E-02 5,03E-01 5,37E-02 5,53E-01 5,51E-02 6,03E-01 5,69E-02 7,02E-01 6,13E-02 7,99E-01 7,00E-02 8,96E-01 9,01E-02 9,48E-01 1,18E-01 8,96E-01 1,01E-01 8,02E-01 8,86E-02 7,02E-01 8,36E-02 6,00E-01 8,11E-02 4,99E-01 7,99E-02 3,91E-01 5,24E-02
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
90
Amostra Fracções
EMTINT 1 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
2,24E-04 0,01302 5,75E-03 3,06E-02 2,06E-02 3,76E-02 4,73E-02 4,15E-02 7,45E-02 4,22E-02 1,01E-01 4,29E-02 1,52E-01 4,45E-02 2,02E-01 4,64E-02 2,52E-01 4,84E-02 3,02E-01 5,02E-02 3,53E-01 5,18E-02 4,03E-01 5,33E-02 4,53E-01 5,52E-02 5,03E-01 5,72E-02 5,52E-01 5,93E-02 6,02E-01 6,19E-02 7,00E-01 6,81E-02 7,97E-01 7,92E-02 9,02E-01 1,10E-01 9,46E-01 1,48E-01 8,99E-01 1,22E-01 7,91E-01 9,73E-02 7,01E-01 8,75E-02 6,01E-01 8,14E-02 5,00E-01 7,70E-02 4,05E-01 5,59E-02
Amostra Fracções
EMTINT 0,5 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
1,33E-04 1,31E-02 9,70E-03 3,71E-02 2,36E-02 4,30E-02 4,92E-02 4,64E-02 7,59E-02 4,69E-02 1,02E-01 4,78E-02 1,52E-01 5,00E-02 2,02E-01 5,22E-02 2,52E-01 5,45E-02 3,02E-01 5,66E-02 3,52E-01 5,86E-02 4,02E-01 6,05E-02 4,52E-01 6,26E-02 5,02E-01 6,50E-02 5,52E-01 6,75E-02 6,02E-01 7,03E-02 7,00E-01 7,72E-02 7,97E-01 8,87E-02 9,03E-01 1,19E-01 9,47E-01 1,56E-01 9,00E-01 1,28E-01 7,89E-01 1,07E-01 7,01E-01 9,90E-02 6,03E-01 9,27E-02 5,02E-01 8,86E-02 3,88E-01 6,15E-02
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
91
Amostra Fracções
EMTINT 0,25 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
1,88E-04 1,26E-02 9,78E-03 3,97E-02 2,34E-02 4,59E-02 4,89E-02 5,02E-02 7,54E-02 5,14E-02 1,01E-01 5,26E-02 1,51E-01 5,52E-02 2,01E-01 5,79E-02 2,51E-01 6,05E-02 3,01E-01 6,31E-02 3,51E-01 6,56E-02 4,01E-01 6,81E-02 4,52E-01 7,07E-02 5,01E-01 7,33E-02 5,52E-01 7,61E-02 6,01E-01 7,93E-02 6,99E-01 8,72E-02 7,95E-01 1,00E-01 9,03E-01 1,34E-01 9,46E-01 1,73E-01 8,97E-01 1,45E-01 7,90E-01 1,18E-01 6,99E-01 1,10E-01 6,00E-01 1,03E-01 5,00E-01 9,65E-02 3,91E-01 7,02E-02
Amostra Fracções
EMTINT 0,125 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
2,69E-04 1,28E-02 9,36E-03 4,36E-02 2,29E-02 5,04E-02 4,82E-02 5,52E-02 7,46E-02 5,69E-02 1,01E-01 5,85E-02 1,51E-01 6,14E-02 2,01E-01 6,44E-02 2,51E-01 6,74E-02 3,01E-01 7,02E-02 3,51E-01 7,30E-02 4,01E-01 7,55E-02 4,51E-01 7,84E-02 5,01E-01 8,13E-02 5,51E-01 8,46E-02 6,00E-01 8,82E-02 6,98E-01 9,71E-02 7,98E-01 1,14E-01 9,02E-01 1,56E-01 9,45E-01 2,14E-01 9,04E-01 1,71E-01 7,92E-01 1,32E-01 7,02E-01 1,19E-01 6,02E-01 1,11E-01 5,01E-01 1,05E-01 3,91E-01 7,74E-02
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
92
Amostra Fracções
EMTINT 0,063 mm
p/p0 na
(mmol/g-1)
4,26E-04 1,26E-02 5,23E-03 5,16E-02 2,26E-02 6,49E-02 4,72E-02 7,13E-02 7,35E-02 7,42E-02 9,95E-02 7,68E-02 1,49E-01 8,19E-02 1,99E-01 8,65E-02 2,49E-01 9,10E-02 2,99E-01 9,53E-02 3,47E-01 9,92E-02 3,98E-01 1,04E-01 4,48E-01 1,08E-01 4,98E-01 1,13E-01 5,48E-01 1,18E-01 5,98E-01 1,23E-01 6,98E-01 1,37E-01 7,99E-01 1,62E-01 8,99E-01 2,18E-01 9,49E-01 3,11E-01 9,00E-01 2,38E-01 7,95E-01 1,86E-01 7,04E-01 1,66E-01 6,03E-01 1,53E-01 5,02E-01 1,43E-01 3,89E-01 1,08E-01
Amostra Fracções
EMTINT Mat Rest P
p/p0 na
(mmol/g-1)
1,13E-03 1,04E-02 5,88E-03 4,01E-02 2,34E-02 5,19E-02 4,79E-02 5,76E-02 7,28E-02 6,02E-02 9,89E-02 6,28E-02 1,49E-01 6,74E-02 1,99E-01 7,19E-02 2,49E-01 7,63E-02 2,99E-01 8,08E-02 3,49E-01 8,53E-02 3,99E-01 8,98E-02 4,49E-01 9,44E-02 4,98E-01 9,93E-02 5,48E-01 1,04E-01 5,98E-01 1,10E-01 6,99E-01 1,25E-01 7,99E-01 1,50E-01 8,97E-01 2,09E-01 9,46E-01 3,00E-01 9,00E-01 2,30E-01 7,98E-01 1,70E-01 6,91E-01 1,42E-01 6,01E-01 1,28E-01 5,02E-01 1,17E-01 4,03E-01 9,44E-02
Determinação do teor de ligante em argamassas antigas por diversas técnicas
93