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0800 601 8686 | verbojuridico.com.br 1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 2 2 AÇÃO RESCISÓRIA ............................................................................................................................ 2 2.1 Pressupostos ............................................................................................................................. 2 2.2 Decisão de Mérito Transitada em Julgado ............................................................................. 2 2.3 Prazo Bienal ................................................................................................................................ 3 2.4 Vícios de Rescindibilidade ....................................................................................................... 5 2.5 Legitimidade ............................................................................................................................... 8 2.6 Procedimento ............................................................................................................................. 8 3 QUESTÕES COMENTADAS ............................................................................................................. 10 4 LEGISLAÇÃO CITADA ..................................................................................................................... 12 5 SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIA ..................................................................................................... 16 6 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS ................................................................................. 17

1 INTRODUÇÃO 2 2 AÇÃO RESCISÓRIA 2 2 2 3 5 8 8 3 QUESTÕES

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 2

2 AÇÃO RESCISÓRIA ............................................................................................................................ 2

2.1 Pressupostos ............................................................................................................................. 2

2.2 Decisão de Mérito Transitada em Julgado ............................................................................. 2

2.3 Prazo Bienal ................................................................................................................................ 3

2.4 Vícios de Rescindibilidade ....................................................................................................... 5

2.5 Legitimidade ............................................................................................................................... 8

2.6 Procedimento ............................................................................................................................. 8

3 QUESTÕES COMENTADAS ............................................................................................................. 10

4 LEGISLAÇÃO CITADA ..................................................................................................................... 12

5 SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIA ..................................................................................................... 16

6 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS ................................................................................. 17

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1 INTRODUÇÃO

Estudo acerca de uma das ações autônomas de impugnação, a ação rescisória. É feita análise de cada

um dos três pressupostos da ação: decisão de mérito transitada em julgado, prazo bienal decadencial e os vícios

de rescindibilidade previstos no art. 966 do CPC, sempre entendendo as peculiaridades e exceções que a norma

e a jurisprudência trazem quanto ao assunto.

2 AÇÃO RESCISÓRIA

A ação rescisória está prevista no CPC e tem a finalidade de demonstrar a ocorrência de um vício

muito grave (rescindibilidade) no processo anterior, desde que a ação autônoma seja ajuizada em até 2

anos após o trânsito em julgado do processo anterior.

É uma ação de competência originária dos Tribunais. Assim, a ação rescisória não poderá ser

utilizada nas Turmas Recursais, conforme o art. 59 da Lei 9.099/95:

Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei.

Entretanto, o processo anterior pode não ter fim na Turma Recursal, mas, sim, ir até o Supremo

Tribunal Federal, onde será proferido acórdão dando ou negando provimento ao recurso extraordinário e

analisando o mérito da causa. Neste caso, e, apenas neste caso, haverá a substituição da decisão da Turma

Recursal pelo acórdão do STF, e poderá ser ajuizada ação rescisória, de acordo com o art. 102, I, “j” da CF:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: (...) j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

2.1 Pressupostos

Os requisitos para a ação rescisória são:

a) Decisão de mérito transitada em julgado

b) Prazo decadencial de 2 anos para o ajuizamento da ação

c) Algum dos vícios de rescindibilidade previstos no art. 966 do CPC

2.2 Decisão de Mérito Transitada em Julgado

Qualquer decisão jurisdicional de mérito que tenha transitado em julgado pode ser objeto de ação

rescisória, não apenas a sentença. Trânsito em julgado significa dizer que a decisão fez coisa julgada.

Coisa julgada representa, assim, a indiscutibilidade da nova situação jurídica criada pela sentença,

decorrente da inviabilidade recursal. A coisa julgada é um instituto jurídico criado para concretizar a

segurança jurídica, impedindo que as causas sejam rediscutidas indefinidamente. O ordenamento jurídico

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brasileiro prevê expressamente a possiblidade de relativização da coisa julgada em algumas hipóteses

legalmente definidas, quando ocorre a ação rescisória.

Súmula 514 – STF: Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenha esgotado todos os recursos.

A decisão sem mérito não chegou a analisar o direito material. Será terminativa a sentença que não

contém resolução de mérito. Trata-se das hipóteses em que o processo é extinto sem resolução do mérito

(art. 485, CPC), fazendo apenas coisa julgada formal, não tendo aptidão para fazer coisa julgada material.

Não havendo coisa julgada material, e não havendo recurso, a parte poderá ajuizar nova ação quando sanar os

vícios que levaram a extinção e julgamento com decisão sem mérito.

O art. 966, § 2º do CPC estabelece que é possível o cabimento de ação rescisória para decisões que

não são de mérito, desde que preencha os requisitos previstos no dispositivo.

Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: (...) § 2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça: I - nova propositura da demanda; ou II - admissibilidade do recurso correspondente.

É possível ação rescisória para desconstituir uma decisão transitada em julgado na ação

rescisória? Há precedente do STF quanto a tal possibilidade:

RESCISÓRIA DE RESCISÓRIA. TERCEIRA AÇÃO RESCISÓRIA COLIMANDO A DESCONSTITUIÇÃO DE ACORDAOS PROLATADOS EM AÇÕES RESCISÓRIAS ANTERIORES JULGADAS IMPROCEDENTES, COM O PROPOSITO DE DECLARAR-SE INCOMPETENTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, PARA O JULGAMENTO DE RECURSO EM MATÉRIA TRABALHISTA, DEVOLVENDO-SE O FEITO AO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, COMPETENTE PARA APRECIAR A EFICACIA HETEROGENEA DE JULGADO CRIMINAL NA INSTÂNCIA TRABALHISTA. O AUTOR SUCUMBIU NA AÇÃO PROMOVIDA CONTRA SEU EMPREGADOR, E RECORREU AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, NÃO OBTENDO EXITO. A AÇÃO RESCISÓRIA CONTRA ACÓRDÃO DA CORTE SUPREMA, PROLATADO EM AÇÃO RESCISÓRIA ANTERIOR TEM POR LIMITE DE RESCINDIBILIDADE A RELAÇÃO PROCESSUAL NESTA ESTABELECIDA. A DEVOLUÇÃO DO FEITO AO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO IMPORTARIA CONFERIR A ESSA CORTE COMPETÊNCIA PARA RESCINDIR ACÓRDÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, O QUE AFRONTARIA O DISPOSTO NO ARTIGO 119, I, LETRA 'M' DA CONSTITUIÇÃO ANTERIOR, A QUE CORRESPONDE O ARTIGO 102, I, LETRA 'J' DA ATUAL CONSTITUIÇÃO. AÇÃO RESCISÓRIA JULGADA IMPROCEDENTE. (AR 1270, Relator(a): CARLOS MADEIRA, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/1989, DJ 09-02-1990 PP-00572 EMENT VOL-01568-01 PP-00045)

2.3 Prazo Bienal

A ação rescisória deve ser ajuizada em até 2 anos. É um prazo decadencial, ou seja, após este,

ocorrerá a coisa soberanamente julgada, não podendo ser modificada mais.

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Ainda, o prazo decadencial poderá ser reconhecido ex officio, ou seja, não é preciso haver pedido

ou manifestação da parte quanto ao assunto. Nesse sentido, o CPC:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: (...) II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;

A contagem do prazo se dá em dias corridos, pois se tratam prazo decadencial de direito material

(art. 219, parágrafo único, do CPC). Entretanto, caso o último dia de prazo caia em final de semana, feriado,

recesso forense, é possível a prorrogação até o primeiro dia útil seguinte, conforme o art. 975, §1º, do CPC.

Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. § 1º Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo a que se refere o caput, quando expirar durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense.

> Fluência do Prazo Bienal: via de regra, o prazo de dois anos correrá a partir do trânsito em julgado da

última decisão prolatada no processo, ainda que esta não seja aquela que a parte quer rescindir.

Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. (...) Súmula 401 – STJ: O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial.

Esta fluência possui exceções, que estão previstas nos parágrafos do art. 975, no art. 525, §15 e no art.

535, §8º, todos do CPC:

Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. (...) § 2º Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. § 3º Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do momento em que têm ciência da simulação ou da colusão. Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação. § 1º Na impugnação, o executado poderá alegar: I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; II - ilegitimidade de parte; III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; IV - penhora incorreta ou avaliação errônea; V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

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VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença. (...) § 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal , em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. (...) § 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal. Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir: I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; II - ilegitimidade de parte; III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença. (...) § 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal , em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. (...) § 8º Se a decisão referida no § 5º for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

2.4 Vícios de Rescindibilidade

Os incisos do art. 966 do trazem os vícios de rescindibilidade, que configuram a causa de pedir da

ação rescisória. Assim, não basta a mera injustiça da decisão para o ajuizamento da ação rescisória, devendo

ser pautada em um dos vícios a seguir:

Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar manifestamente norma jurídica; VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.

1. Decisão proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz: prática de tipos penais

pelo juiz, havendo quebra da legitimidade da prestação jurisdicional, uma vez que o juiz deve ser

imparcial. Não é necessária a decisão no juízo criminal para ajuizar a ação rescisória!

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2. Decisão proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente: o impedimento é uma

situação de parcialidade do juiz (hipóteses de impedimento - art. 144, CPC). Já a incompetência absoluta

do juízo ocorre quando há violação dos critérios de determinação de competência quanto à pessoa, matéria

e funcional, via de regra.

A competência absoluta existe para atender um interesse ou um motivo de ordem pública e, por

isso, ela não pode ser alterada por vontade das partes. Ter um processo em um órgão absolutamente

incompetente é tão grave que é circunstância que pode ser alegada a qualquer tempo – não há preclusão

do tema. Inclusive pode ser alegada em Ação Rescisória.

Conforme o CPC:

Art. 64 do CPC. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. § 1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício.

Diferentemente é a competência relativa, que é aquela que pode ser modificada e ajustada para

atender a vontade das partes. Enquanto a competência absoluta tutela um interesse de ordem publica, a

competência relativa tutela interesse de particular.

3. Decisão que resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda,

de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei: o dolo ou coação é uma conduta unilateral,

já a simulação ou colusão é uma conduta bilateral, onde autor e réu estão se valendo do processo para um

fim ilícito. Neste caso, via de regra, quem ajuíza ação rescisória é o terceiro prejudicado ou o Ministério

Público. No caso deste inciso, o prazo é contado a partir da ciência do vício.

4. Decisão que ofenda a coisa julgada: a decisão do primeiro processo transitou em julgado no mérito (coisa

julgada material). Após o trânsito em julgado, o autor promove outra ação idêntica a primeira (partes, causa

de pedir e pedido) e, por descuido do réu e juiz, esta segunda ação não é extinta em razão da existência do

outro processo e de seu trânsito em julgado. Neste caso, a segunda decisão está ofendendo a coisa julgada.

5. Decisão que viola manifestamente norma jurídica: a decisão jurisdicional que se quer rescindir ofende

imediatamente/a primeira vista a lei.

Súmula 343 – STF: Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.

Em matéria constitucional, o STF é o órgão máximo. Neste caso, a jurisprudência entende que caberá

ação rescisória, não sendo aplicada a súmula acima:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. POSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 343/STF. 1. O Supremo Tribunal Federal (STF) firmou o entendimento de que a Súmula 343/STF deve ser afastada no caso de decisões das instâncias ordinárias divergentes da interpretação adotada por ele, STF. Veja-se o RE 382.812-ED, Rel. Min. Gilmar Mendes. 2. Agravo interno a que se nega provimento. (RE 529675 AgR-segundo, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 21/09/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-205 DIVULG 26-09-2018 PUBLIC 27-09-2018)

Ainda quanto ao vício de rescindibilidade do inciso V, do art. 966 do CPC, este mesmo artigo prevê:

Art. 966, §5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento. §6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao autor, sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor outra solução jurídica.

6. Decisão fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser

demonstrada na própria ação rescisória: para que ocorra a desconstituição da coisa material, a decisão deve

estar fundamentada na prova falsa!

7. Decisão em que o autor obteve, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 966, INCISO VII, CPC/2015. PROVA NOVA. PROVA TESTEMUNHAL. CABIMENTO. DECADÊNCIA. ART. 975, § 2º, CPC/2015. AFASTAMENTO. TERMO INICIAL DIFERENCIADO. DATA DA DESCOBERTA DA PROVA. RETORNO DOS AUTOS. PROSSEGUIMENTO DO FEITO. NECESSIDADE. 1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Recurso especial oriundo de ação rescisória, fundada no artigo 966, inciso VII, do Código de Processo Civil de 2015, na qual a autora noticia a descoberta de testemunhas novas, julgada extinta pelo Tribunal de origem em virtude do reconhecimento da decadência, por entender que testemunhas não se enquadram no conceito de "prova nova". 3. Cinge-se a controvérsia a definir se a prova testemunhal obtida em momento posterior ao trânsito em julgado da decisão rescindenda está incluída no conceito de "prova nova" a que se refere o artigo 966, inciso VII, do Código de Processo Civil de 2015, de modo a ser considerado, para fins de contagem do prazo decadencial, o termo inicial especial previsto no artigo 975, § 2º, do Código de Processo Civil de 2015 (data da descoberta da prova nova). 4. O Código de Processo Civil de 2015, com o nítido propósito de alargar o espectro de abrangência do cabimento da ação rescisória, passou a prever, no inciso VII do artigo 966, a possibilidade de desconstituição do julgado pela obtenção de "prova nova" em substituição à expressão "documento novo" disposta no mesmo inciso do artigo 485 do código revogado. 5. No novo ordenamento jurídico processual, qualquer modalidade de prova, inclusive a testemunhal, é apta a amparar o pedido de desconstituição do julgado rescindendo. Doutrina. 6. Nas ações rescisórias fundadas na obtenção de prova nova, o termo inicial do prazo decadencial é diferenciado, qual seja, a data da descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. 7. Recurso especial provido. (REsp 1770123/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/03/2019, DJe 02/04/2019)

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8. Decisão fundada em erro de fato verificável do exame dos autos: o art. 966, §1º do CPC traz o conceito

de erro de fato, que nada mais é do que a desatenção do julgador.

Art. 966, § 1º Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado.

2.5 Legitimidade

Os legitimados ativos para o ajuizamento de ação rescisória estão previstos no art. 967 do CPC:

Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória: I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular; II - o terceiro juridicamente interessado; III - o Ministério Público: a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção; b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei; c) em outros casos em que se imponha sua atuação; IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção. Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178 , o Ministério Público será intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica quando não for parte.

2.6 Procedimento

A petição inicial desta ação deve estar acompanhada de caução, via de regra:

Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 319 , devendo o autor: I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do processo; II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que se converterá em multa caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente. § 1º Não se aplica o disposto no inciso II à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, às suas respectivas autarquias e fundações de direito público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e aos que tenham obtido o benefício de gratuidade da justiça. § 2º O depósito previsto no inciso II do caput deste artigo não será superior a 1.000 (mil) salários-mínimos. § 3º Além dos casos previstos no art. 330 , a petição inicial será indeferida quando não efetuado o depósito exigido pelo inciso II do caput deste artigo. § 4º Aplica-se à ação rescisória o disposto no art. 332 . § 5º Reconhecida a incompetência do tribunal para julgar a ação rescisória, o autor será intimado para emendar a petição inicial, a fim de adequar o objeto da ação rescisória, quando a decisão apontada como rescindenda: I - não tiver apreciado o mérito e não se enquadrar na situação prevista no § 2º do art. 966 ; II - tiver sido substituída por decisão posterior. § 6º Na hipótese do § 5º, após a emenda da petição inicial, será permitido ao réu complementar os fundamentos de defesa, e, em seguida, os autos serão remetidos ao tribunal competente.

O pedido de desconstituição da coisa julgada material (pedido rescindente) pode vir cumulado

com o pedido de prolação de nova decisão (pedido rescisório). Essa cumulação tem natureza sucessiva, ou

seja, o juiz só analisará o segundo pedido (prolação de nova decisão), se acolhido o primeiro pedido

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(desconstituição da coisa julgada). Importante destacar que a cumulação não é obrigatória, tendo em vista

que nem sempre há o pedido de prolação de nova decisão.

A ação rescisória não suspende a execução da decisão transitada em julgado! Para que haja a

suspensão, é necessário que o autor peça tutela provisória, conforme o art. 969 do CPC:

Art. 969. A propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória.

Sendo um processo de conhecimento, deve haver a citação do réu para contestação e,

posteriormente, haverá produção de provas:

Art. 970. O relator ordenará a citação do réu, designando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze) dias nem superior a 30 (trinta) dias para, querendo, apresentar resposta, ao fim do qual, com ou sem contestação, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum. Art. 971. Na ação rescisória, devolvidos os autos pelo relator, a secretaria do tribunal expedirá cópias do relatório e as distribuirá entre os juízes que compuserem o órgão competente para o julgamento. Parágrafo único. A escolha de relator recairá, sempre que possível, em juiz que não haja participado do julgamento rescindendo. Art. 972. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar a competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a 3 (três) meses para a devolução dos autos. Art. 973. Concluída a instrução, será aberta vista ao autor e ao réu para razões finais, sucessivamente, pelo prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. Em seguida, os autos serão conclusos ao relator, procedendo-se ao julgamento pelo órgão competente.

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3 QUESTÕES COMENTADAS

01 (Advogado – FSA/SP – IBFC – 2019) No que se refere à ação rescisória, analise as afirmativas abaixo e

assinale a alternativa correta.

I. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando obtiver o autor, posteriormente ao

trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe

assegurar pronunciamento favorável.

II. A ação rescisória precisa ter por objeto a integralidade da decisão de mérito que deseja rescindir.

III. O terceiro juridicamente interessado tem legitimidade para propor ação rescisória.

A) Apenas as afirmativas I e II estão corretas

B) Apenas a afirmativa III está correta

C) As afirmativas I, II e III estão corretas

D) Apenas as afirmativas I e III estão corretas

Resposta: D

Comentários:

I - CERTO: Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando VII - obtiver o autor,

posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz,

por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;

II - ERRADO: Art. 966. §3º A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão.

III - CERTO: Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória:

(...)

II - o terceiro juridicamente interessado;

02 (Procurador – Prefeitura de São José dos Campos – VUNESP – 2019) José propôs ação de usucapião para

obter a declaração de obtenção da propriedade de um imóvel registrado em nome de Pedro. A ação foi julgada

procedente, ocorrendo o trânsito em julgado em 26/09/2014. Pedro, porém, descobriu uma testemunha que afirma

que José não teve o tempo hábil de posse para a aquisição da propriedade pela usucapião. Foi proposta, em

20.09.2019, pelo advogado de Pedro ação rescisória. O juiz deverá

A) não conhecer da ação rescisória, tendo em vista que decorreu prazo superior a dois anos do trânsito em julgado.

B) a descoberta de nova testemunha não se enquadra no conceito de “documento novo”, requisito para a

propositura da ação rescisória, razão pela qual esta deve ser indeferida sem julgamento do mérito.

C) a rescisória deve ser conhecida, tendo em vista que não transcorreu o prazo decadencial para a propositura

de ação rescisória em razão da prova nova que pode ser testemunhal.

D) a prova testemunhal, para ser aceita como “prova nova”, demandaria a existência de pelo menos um indício

de prova documental, também nova, a embasar o fundamento da ação rescisória.

E) a descoberta de nova testemunha não se enquadra no conceito de “documento novo”, requisito para a

propositura da ação rescisória, razão pela qual esta deve ser julgada improcedente, com julgamento do mérito.

Resposta: C

Comentários:

A expressão “prova nova” prevista no art. 966, VII, do CPC admite prova de qualquer natureza, já que o dispositivo

não faz diferenciação entre as espécies, citando o termo genérico "prova".

Além disso, a ação rescisória tem prazo decadencial de 2 anos, contados, em regra, do trânsito em julgado da

decisão. Por outro lado, no caso de descoberta de prova nova, esse biênio é contado da ciência inequívoca da

prova nova, o que deve ocorrer no prazo de 5 anos do trânsito em julgado da decisão (art. 975, caput, CPC).

Desse modo, é cabível a ação rescisória no caso da questão, pois a prova testemunhal é uma "prova nova" e sua

descoberta ocorreu dentro dos 5 anos do trânsito em julgado da sentença (item C).

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03 (Procurador Jurídico – Prefeitura de Rondonópolis – Banca Própria – 2019) A respeito da ação rescisória

fundada em ofensa à norma constitucional, assinale a assertiva correta.

A) A decisão judicial transitada em julgado que aplica lei considerada inconstitucional padece de nulidade, que

pode ser atacada pela via da ação rescisória ou do mandado de segurança, desde que observado o respectivo

prazo decadencial.

B) Cabe ação rescisória contra acórdão que adotou entendimento em harmonia com o firmado pelo Plenário do

Supremo Tribunal Federal à época de sua prolação, desde que ocorra posterior superação do precedente.

C) O termo inicial do prazo decadencial para propositura de ação, que visa rescindir julgado embasado em preceito

normativo inconstitucional, é a prolação da decisão declaratória de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal

Federal.

D) Cabe ação rescisória por ofensa à literal disposição constitucional, ainda que a decisão rescindenda tenha se

baseado em interpretação controvertida, ou seja, anterior à orientação fixada pelo Supremo Tribunal Federal.

Resposta: D

Comentários:

A decisão jurisdicional que se quer rescindir ofende imediatamente/a primeira vista a lei.

Súmula 343 – STF: Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda

se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.

Em matéria constitucional, o STF é o órgão máximo. Neste caso, a jurisprudência entende que caberá ação

rescisória para desconstituir decisão que gera ofensa literal, não sendo aplicada a súmula acima, conforme

jurisprudência:

Afastamento da Súmula 343 e interpretação constitucional. Em se tratando de ofensa à norma constitucional, ao

comentar o art. 966, V, do Código de Processo Civil, Humberto Theodoro Junior pondera que "a súmula 343 não

deixa de se aplicar, invariavelmente, às ações rescisórias, cujo objeto envolva tema constitucional. Mas, o que

não se justifica é o seu afastamento em caráter absoluto na aplicação do art. 966, V, do NCPC, quando se cogitar

de ofensa à norma constitucional" (Curso de Direito Processual Civil, Volume III, 50ª edição, Editora Forense, p.

864). Conforme já afirmou o Pleno do Supremo Tribunal Federal, "Preliminar de descabimento da ação por

incidência da Súmula STF 343. Argumento rejeitado ante a jurisprudência desta Corte que elide a incidência da

súmula quando envolvida discussão de matéria constitucional." (Ação Rescisória 1409/SC, Rel. Min. Ellen Gracie).

[AR 1.981 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. min. Dias Toffoli, P, j. 20-2-2018, DJE 39 de 1-3-

2018.]

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4 LEGISLAÇÃO CITADA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; h) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados; o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da

República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; II - julgar, em recurso ordinário: a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; b) o crime político; III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. § 1.º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.

CÓDIGO PROCESSUAL CIVIL Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação. § 1º Na impugnação, o executado poderá alegar: I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; II - ilegitimidade de parte; III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; IV - penhora incorreta ou avaliação errônea; V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação,

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transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença. § 2º A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148 . § 3º Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229. § 4º Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo. § 5º Na hipótese do § 4º, não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, a impugnação será liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou, se houver outro, a impugnação será processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução. § 6º A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. § 7º A concessão de efeito suspensivo a que se refere o § 6º não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens § 8º Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação disser respeito apenas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante. § 9º A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao impugnante. § 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz. § 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato. § 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal , em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. § 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, em atenção à segurança jurídica. § 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda.

§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal. Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir: I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; II - ilegitimidade de parte; III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença. § 1º A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148 . § 2º Quando se alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante do título, cumprirá à executada declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de não conhecimento da arguição. § 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada: I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, precatório em favor do exequente, observando-se o disposto na Constituição Federal ; II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para o processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da requisição, mediante depósito na agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente. § 4º Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada pela executada será, desde logo, objeto de cumprimento. § 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal , em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. § 6º No caso do § 5º, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, de modo a favorecer a segurança jurídica. § 7º A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5º deve ter sido proferida antes do trânsito em julgado da decisão exequenda. § 8º Se a decisão referida no § 5º for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

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Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar manifestamente norma jurídica; VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. § 1º Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado. § 2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput , será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça: I - nova propositura da demanda; ou II - admissibilidade do recurso correspondente. § 3º A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão. § 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei. § 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento. § 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao autor, sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor outra solução jurídica. Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória: I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular; II - o terceiro juridicamente interessado; III - o Ministério Público: a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção; b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei; c) em outros casos em que se imponha sua atuação;

IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção. Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178 , o Ministério Público será intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica quando não for parte. Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 319 , devendo o autor: I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do processo; II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que se converterá em multa caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente. § 1º Não se aplica o disposto no inciso II à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, às suas respectivas autarquias e fundações de direito público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e aos que tenham obtido o benefício de gratuidade da justiça. § 2º O depósito previsto no inciso II do caput deste artigo não será superior a 1.000 (mil) salários-mínimos. § 3º Além dos casos previstos no art. 330 , a petição inicial será indeferida quando não efetuado o depósito exigido pelo inciso II do caput deste artigo. § 4º Aplica-se à ação rescisória o disposto no art. 332 . § 5º Reconhecida a incompetência do tribunal para julgar a ação rescisória, o autor será intimado para emendar a petição inicial, a fim de adequar o objeto da ação rescisória, quando a decisão apontada como rescindenda: I - não tiver apreciado o mérito e não se enquadrar na situação prevista no § 2º do art. 966 ; II - tiver sido substituída por decisão posterior. § 6º Na hipótese do § 5º, após a emenda da petição inicial, será permitido ao réu complementar os fundamentos de defesa, e, em seguida, os autos serão remetidos ao tribunal competente. Art. 969. A propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória. Art. 970. O relator ordenará a citação do réu, designando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze) dias nem superior a 30 (trinta) dias para, querendo, apresentar resposta, ao fim do qual, com ou sem contestação, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum. Art. 971. Na ação rescisória, devolvidos os autos pelo relator, a secretaria do tribunal expedirá cópias do relatório e as distribuirá entre os juízes que compuserem o órgão competente para o julgamento. Parágrafo único. A escolha de relator recairá, sempre que possível, em juiz que não haja participado do julgamento rescindendo. Art. 972. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar a competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a 3 (três) meses para a devolução dos autos.

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Art. 973. Concluída a instrução, será aberta vista ao autor e ao réu para razões finais, sucessivamente, pelo prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. Em seguida, os autos serão conclusos ao relator, procedendo-se ao julgamento pelo órgão competente. Art. 974. Julgando procedente o pedido, o tribunal rescindirá a decisão, proferirá, se for o caso, novo julgamento e determinará a restituição do depósito a que se refere o inciso II do art. 968 . Parágrafo único. Considerando, por unanimidade, inadmissível ou improcedente o pedido, o tribunal determinará a reversão, em favor do réu, da importância do depósito, sem prejuízo do disposto no § 2º do art. 82 .

Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. § 1º Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo a que se refere o caput , quando expirar durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense. § 2º Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. § 3º Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do momento em que têm ciência da simulação ou da colusão.

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5 SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIA

Súmula 401 – STJ: O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial. Súmula 343 – STF: Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais. Súmula 514 – STF: Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenha esgotado todos os recursos. RESCISÓRIA DE RESCISÓRIA. TERCEIRA AÇÃO RESCISÓRIA COLIMANDO A DESCONSTITUIÇÃO DE ACORDAOS PROLATADOS EM AÇÕES RESCISÓRIAS ANTERIORES JULGADAS IMPROCEDENTES, COM O PROPOSITO DE DECLARAR-SE INCOMPETENTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, PARA O JULGAMENTO DE RECURSO EM MATÉRIA TRABALHISTA, DEVOLVENDO-SE O FEITO AO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, COMPETENTE PARA APRECIAR A EFICACIA HETEROGENEA DE JULGADO CRIMINAL NA INSTÂNCIA TRABALHISTA. O AUTOR SUCUMBIU NA AÇÃO PROMOVIDA CONTRA SEU EMPREGADOR, E RECORREU AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, NÃO OBTENDO EXITO. A AÇÃO RESCISÓRIA CONTRA ACÓRDÃO DA CORTE SUPREMA, PROLATADO EM AÇÃO RESCISÓRIA ANTERIOR TEM POR LIMITE DE RESCINDIBILIDADE A RELAÇÃO PROCESSUAL NESTA ESTABELECIDA. A DEVOLUÇÃO DO FEITO AO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO IMPORTARIA CONFERIR A ESSA CORTE COMPETÊNCIA PARA RESCINDIR ACÓRDÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, O QUE AFRONTARIA O DISPOSTO NO ARTIGO 119, I, LETRA 'M' DA CONSTITUIÇÃO ANTERIOR, A QUE CORRESPONDE O ARTIGO 102, I, LETRA 'J' DA ATUAL CONSTITUIÇÃO. AÇÃO RESCISÓRIA JULGADA IMPROCEDENTE. (AR 1270, Relator(a): CARLOS MADEIRA, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/1989, DJ 09-02-1990 PP-00572 EMENT VOL-01568-01 PP-00045) DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. POSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 343/STF. 1. O Supremo Tribunal Federal (STF) firmou o entendimento de que a Súmula 343/STF deve ser afastada no caso de decisões das instâncias ordinárias divergentes da interpretação adotada por ele, STF. Veja-se o RE 382.812-ED, Rel. Min. Gilmar Mendes. 2. Agravo interno a que se nega provimento. (RE 529675 AgR-segundo, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 21/09/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-205 DIVULG 26-09-2018 PUBLIC 27-09-2018) RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 966, INCISO VII, CPC/2015. PROVA NOVA. PROVA TESTEMUNHAL. CABIMENTO. DECADÊNCIA. ART. 975, § 2º, CPC/2015. AFASTAMENTO. TERMO INICIAL DIFERENCIADO. DATA DA DESCOBERTA DA PROVA. RETORNO DOS AUTOS. PROSSEGUIMENTO DO FEITO. NECESSIDADE. 1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. Recurso especial oriundo de ação rescisória, fundada no artigo 966, inciso VII, do Código de Processo Civil de 2015, na qual a autora noticia a descoberta de testemunhas novas, julgada extinta pelo Tribunal de origem em virtude do reconhecimento da decadência, por entender que testemunhas não se enquadram no conceito de "prova nova". 3. Cinge-se a controvérsia a definir se a prova testemunhal obtida em momento posterior ao trânsito em julgado da decisão rescindenda está incluída no conceito de "prova nova" a que se refere o artigo 966, inciso VII, do Código de Processo Civil de 2015, de modo a ser considerado, para fins de contagem do prazo decadencial, o termo inicial especial previsto no artigo 975, § 2º, do Código de Processo Civil de 2015 (data da descoberta da prova nova). 4. O Código de Processo Civil de 2015, com o nítido propósito de alargar o espectro de abrangência do cabimento da ação rescisória, passou a prever, no inciso VII do artigo 966, a possibilidade de desconstituição do julgado pela obtenção de "prova nova" em substituição à expressão "documento novo" disposta no mesmo inciso do artigo 485 do código revogado. 5. No novo ordenamento jurídico processual, qualquer modalidade de prova, inclusive a testemunhal, é apta a amparar o pedido de desconstituição do julgado rescindendo. Doutrina. 6. Nas ações rescisórias fundadas na obtenção de prova nova, o termo inicial do prazo decadencial é diferenciado, qual seja, a data da descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. 7. Recurso especial provido. (REsp 1770123/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/03/2019, DJe 02/04/2019)

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6 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS

01 (Advogado – Prefeitura de Antônio Olinto – OBJETIVA – 2019) De acordo com o Código de Processo Civil,

pode-se propor ação rescisória quando:

A) Violar manifestamente apenas dispositivo constitucional.

B) For fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo administrativo ou venha a ser

demonstrada na própria ação rescisória.

C) Obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde

fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável.

D) Se verificar que foi proferida por força ininteligência do juiz.

02 (Procurador Jurídico – Câmara de Curitiba – UFPR – 2020) A Ação Rescisória é ação de conhecimento, de

natureza constitutiva negativa, que se destina a desconstituir a coisa julgada nas hipóteses de rescindibilidade

previstas em lei. A respeito dessa ação autônoma de impugnação de decisões judiciais, é correto afirmar:

A) A decisão transitada em julgado que impeça nova propositura da demanda, ou a admissibilidade do recurso

correspondente, será passível de impugnação por meio de ação anulatória, não sendo cabível ação rescisória por

não se tratar de decisão de mérito.

B) Contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos

que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório

que lhe deu fundamento, caberá ação rescisória com fundamento em violação manifesta de norma jurídica,

hipótese em que caberá ao autor, sob pena de improcedência liminar do pedido, demonstrar, fundamentadamente,

tratar-se de situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor

outra solução jurídica.

C) O direito à rescisão do pronunciamento judicial nas hipóteses previstas em lei se extingue em 2 anos contados

do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo, prazo este improrrogável ainda que expire em dia

em que não houver expediente forense, por se tratar de prazo decadencial.

D) A decisão de mérito transitada em julgado pode ser rescindida quando o autor obtiver, posteriormente ao

trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe

assegurar pronunciamento favorável, hipótese em que o termo inicial do prazo será a data de descoberta da prova

nova, observado o prazo máximo de 10 anos, contado do trânsito em julgado da decisão rescindenda.

E) Nas hipóteses de cabimento de ação rescisória por simulação ou colusão das partes a fim de fraudarem a lei,

o prazo para a propositura da ação começará a contar para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público que

não interveio no processo a partir do momento em que eles tiverem ciência da simulação ou da colusão.

03 (Procurador Legislativo – Câmara de Boa Esperança – IDCAP – 2019) A decisão de mérito, transitada em

julgado, pode ser rescindida quando se tratar de algumas hipóteses previstas expressamente no Código de

Processo Civil. Assinale a alternativa que contém uma hipótese correta para propositura de ação rescisória:

A) Quando a decisão de mérito for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.

B) Quando a decisão de mérito julgar extinto o processo sem resolução de mérito.

C) Quando a decisão de mérito julgar o pedido totalmente procedente.

D) Quando a decisão de mérito for de procedência total para a reconvenção.

E) Quando a decisão de mérito for no mesmo sentido da decisão proferida na tutela de urgência.

04 (Procurador Jurídico – AVAREPREV – VUNESP – 2020) Cristina propôs ação de obrigação de fazer em face

de uma Autarquia Municipal. A sentença foi julgada parcialmente procedente, a Autarquia apresentou apelação,

houve a apresentação de contrarrazões por Cristina. Novamente o acórdão foi parcialmente favorável à Cristina,

que decidiu não recorrer, tendo, portanto, transitado em julgado a ação para Cristina em 19.10.2017. A Autarquia

Municipal também não recorreu, mas considerando o prazo em dobro para sua manifestação, a ação transitou em

julgado em 05.12.2017.

Diante da situação hipotética, o prazo para propositura de uma eventual ação rescisória para Cristina e para a

Autarquia Municipal é, respectivamente,

A) 19.10.2019 e 05.12.2019.

B) 19.10.2019 e 19.10.2019.

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C) 19.10.2019 e 05.12.2021.

D) 05.12.2019 e 19.10.2019.

E) 05.12.2019 e 05.12.2019.

05 (Procurador – Valiprev/SP – VUNESP – 2020) Segundo os contornos traçados pelo Código de Processo Civil

de 2015, é correto afirmar, quanto à ação rescisória, que

A) há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inverossímil, sendo indispensável que o fato

represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado.

B) tem cabimento contra decisão baseada em enunciado de súmula dos tribunais, quando não tenha sido dada

ao enunciado interpretação condizente com o ordenamento jurídico.

C) por se tratar de hipótese de decadência, o prazo de dois anos para sua propositura, quando expirar durante

feriado, não se prorroga até o primeiro dia útil subsequente.

D) é rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça admissibilidade do

recurso correspondente.

E) deve ter por objeto a íntegra dos pedidos tratados na decisão rescindenda, ainda que seja para ratificar os

capítulos da decisão que não apresentam vícios rescisórios.

06 (Promotor Substituto – MPE/MG – FUNDEP – 2019) Assinale a alternativa incorreta sobre ação rescisória:

A) Não é possível o manejo de ação rescisória, com base na suposta violação à norma jurídica, contra decisão

baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha

considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu

fundamento.

B) A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando for fundada em erro de fato verificável

do exame dos autos. Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar

inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente ponto

controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado.

C) O Ministério Público tem legitimidade para propor a ação, se não foi ouvido no processo em que lhe era

obrigatória a intervenção.

D) É lícito o pedido de tutela de urgência visando impedir o cumprimento da decisão rescindenda.

07 (Consultor Técnico Jurídico – Câmara de Fortaleza – FCC – 2019) Ana moveu ação de indenização por

danos materiais contra Letícia, que foi julgada procedente por sentença transitada em julgado que condenou a ré

ao pagamento da quantia equivalente a vinte salários mínimos. Um ano e meio depois do trânsito em julgado,

Letícia ajuizou contra Ana ação rescisória, fundada na alegação de que a referida sentença fora proferida por juiz

absolutamente incompetente. Nesse caso,

A) a ação deverá ser rejeitada de plano, pois o direito à rescisão da sentença se extingue em um ano contado do

trânsito em julgado.

B) a ação deverá ser rejeitada de plano, pois fundada em alegação que não se enquadra nas hipóteses legais de

rescisão da sentença.

C) a ação deverá ser rejeitada de plano, pois não se admite rescisão de sentença que tenha imposto condenação

inferior a cem salários mínimos.

D) a propositura da ação rescisória impede o cumprimento da sentença rescindenda, independentemente da

concessão de tutela provisória.

E) caberá a Letícia depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que se converterá em multa

caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente.

08 (Procurador – Prefeitura de Francisco Morato – VUNESP – 2019) A respeito do tema “ação rescisória”,

assinale a alternativa correta.

A) É cabível a propositura de ação rescisória em face de acórdão que, a epoca de sua prolação, estava em

conformidade com a jurisprudência predominante do STF.

B) O entendimento atual do STJ é que a ação rescisória serve como instrumento voltado à uniformização de

jurisprudência, inclusive quando a controvérsia se basear na aplicação de norma constitucional.

C) Caso o autor obtenha, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que

não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável, o termo inicial do prazo para

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propositura da ação rescisória será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco)

anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.

D) Na ação rescisória, devolvidos os autos pelo relator, a secretaria do tribunal expedira cópias do relatório e as

distribuira entre os juízes que compuserem o órgão competente para o julgamento. A escolha de relator recaira,

sempre que possível, em juiz que haja participado do julgamento rescindendo.

E) Na petição inicial da ação rescisória, o autor deve cumular ao pedido de rescisão o pedido de novo julgamento

do processo, bem como depositar cinco por centro sobre o valor da causa que se converterá em multa caso a

ação seja declarada improcedente por unanimidade, sendo que apenas as entidades de Direito Público estão

dispensadas do depósito dos valores.

09 (Defensor Público – DPE/DF – CESPE – 2019) No que se refere a mandado de segurança, ação civil pública,

ação de improbidade administrativa e ação rescisória, julgue o seguinte item.

De acordo com o Código de Processo Civil, sentença transitada em julgado que tenha sido baseada em transação

inválida poderá ser rescindida se o vício for verificado mediante simples exame dos documentos dos autos.

( ) Certo ( ) Errado

10 (Titular de Serviços de Notas e de Registros – TJ/DFT – CESPE – 2019) Com base no disposto no Código

de Processo Civil, acerca do instituto da ação rescisória, assinale a opção correta.

A) Admite-se a propositura de ação rescisória para desconstituir acórdão proferido baseado em julgamento de

casos repetitivos em que não se tenha considerado a distinção entre a questão discutida no processo e o padrão

decisório que lhe tenha dado fundamento.

B) É cabível a ação rescisória quando a decisão de mérito, transitada em julgado, for fundada em erro de fato que

represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado.

C) A distribuição da petição inicial da ação rescisória ao relator suspende automaticamente o cumprimento da

decisão rescindenda.

D) A escolha de relator poderá recair em juiz que tenha participado do julgamento rescindendo, sendo dispensada

a justificativa dessa distribuição pelo tribunal.

E) O autor que, posteriormente ao trânsito em julgado, obtiver prova nova cuja existência ignorava e que for capaz

de lhe assegurar pronunciamento favorável terá, para propor a ação rescisória, o prazo máximo de dois anos,

contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.

11 (Procurador Municipal – Prefeitura de Itapevi – VUNESP – 2019) A ação rescisória visa atacar a coisa

julgada material, sendo certo que

A) é cabível a sua propositura, com base em violação de norma jurídica, contra decisão baseada em enunciado

de súmula que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão

decisório que lhe deu fundamento.

B) o Ministério Público tem legitimidade para o seu ajuizamento, quando a decisão rescindenda é o efeito de

simulação ou de concussão das partes, a fim de fraudar a lei.

C) a sua petição inicial deverá ser instruída com o depósito de 3 (três) por cento sobre o valor da causa, que se

converterá em multa caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente.

D) não será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça a nova

propositura da demanda originária.

E) o relator ordenará a citação do réu, o qual deverá contestar a ação no prazo máximo de 10 (dez) dias.

12 (Advogado – UPE – UPENET/IAUPE – 2019) Sobre o tema ação rescisória, assinale a alternativa CORRETA.

A) Os legitimados ativos para a propositura da ação rescisória são apenas as partes ou os seus sucessores a

título universal.

B) A propositura da ação rescisória impede o cumprimento da decisão rescindenda.

C) É cabível contra decisão fundada em interpretação de ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como

incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso, contado o

prazo decadencial a partir do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

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D) Proposta com base em prova nova deverá ser promovida em até 05 anos da data da descoberta dessa nova

prova.

E) Não se aplica à ação rescisória a prorrogação de prazo para o primeiro dia útil imediatamente subsequente

para efeito do seu ajuizamento pela parte interessada, quando se expirar durante as férias forenses, recesso,

feriados ou em dia em que não houver expediente forense.

GABARITO

01.C

02.E

03.A

04.E

05.D

06.A

07.E

08.C

09.Errado

10.A

11.A

12.C