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Material para consulta sobre invertebrados
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Universidade Federal da Paraba Universidade Aberta do Brasil
UFPB VIRTUAL COORDENAO DO CURSO DE LICENCIATURA EM CINCIAS BIOLGICAS DISTNCIA
Caixa Postal 5046 Campus Universitrio - 58.051-900 Joo Pessoa
Fone: 3216-7838 e 8832-6059 Home-page: portal.virtual.ufpb.br/biologia
UFPB
Reitor
Rmulo Soares Polari
Pr-Reitor de Graduao
Valdir Barbosa Bezerra
UFPB Virtual
Coordenador
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Centro de Cincias Exatas e da Natureza
Diretor
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Departamento de Sistemtica e Ecologia
Chefe
Juraci Alves de Melo
Curso de Licenciatura em Cincias Biolgicas Distncia
Coordenador
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Coordenao de Tutoria
Diego Bruno Milans Lopes
Coordenao Pedaggica
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Coordenao de Estgio
Paulo Csar Geglio
Coordenao de TCC
Jos Vaz Neto
Apoio de Designer Instrucional
Luizngela da Fonseca Silva
Artes, Design e Diagramao
Romulo Jorge Barbosa da Silva
Apoio udio Visual
Edgard Adelino Ruiz Sibro
C569CadernosCbVirtual2/RafaelAngelTorquemadaGuerra...[etal.]. JooPessoa:Ed.Universitria,2011. 610p.:II. ISBN:9788577459025EducaoaDistncia.2.BiologiaI.Guerra,RafaelAngelTorquemada.UFPB/BCCDU:37.018.43
Invertebrados I
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INVERTEBRADOS I Marcio Bernardino da Silva
UNIDADE 1
INTRODUO ZOOLOGIA
Os animais esto em todos os lugares do planeta Terra. Eles vivem a nossa volta,
correndo, nadando, voando e causando prejuzo, mas trazendo benefcios, causando doenas,
mas mantendo o planeta equilibrado ecologicamente. Ns os comemos, usamos suas peles, leite,
substncias qumicas, sua fora de trabalho e vivemos cotidianamente com eles. s vezes,
lembramos que ns tambm somos uma espcie animal.
Existem mais de um milho de espcies de animais conhecidas, com estimativas de
dezenas de milhes existentes na face da Terra. Todas elas surgiram de uma nica espcie de
animal primitivo que viveu h, mais ou menos, um bilho de anos atrs. Ela era microscpica e
vivia no mar, formada por algumas poucas clulas que comearam a viver juntas, um ser
multicelular.
Nesta disciplina, conheceremos os animais mais simples, conhecidos como invertebrados
inferiores, como esponjas, guas-vivas, anmonas, planrias e vermes. Comeamos por eles
porque seus planos corporais se assemelham mais aos ancestrais do incio da evoluo do Reino
Animal ou Metazoa. Porm, antes, vamos introduzir nas formas e variaes de um plano bsico
animal, como simetria, eixos e funes vitais. Na unidade 2, vamos estudar os protistas, que no
so animais, pois so seres unicelulares, mas foi de uma das muitas linhagens antigas de
protistas que os animais surgiram.
1. O QUE UM ANIMAL?
O senso comum leva a muitas pessoas relacionar o nome animal a grandes mamferos
e aves. Entretanto, os animais so uma diversidade representada por 34 filos de seres dos mais
variados formatos, tamanhos e tipos. Portanto, definir um animal uma tarefa difcil. Eles so
seres multicelulares e hetertrofos, ou seja, que conseguem energia pelo consumo de outros
organismos. Podemos dizer que a mobilidade uma caracterstica dos animais, mas as esponjas
tm mobilidade baixa.
Os caracteres que definem o Reino Metazoa so:
9 multicelularidade; 9 junes celulares septadas, que prende as clulas umas s outras; 9 produzem espermatozides; 9 fibras de colgeno, substncia resistente e flexvel.
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Alguns outros caracteres, quase todos tm, mas as esponjas e outros filos marinhos no
possuem, como por exemplo, a presena de boca e tubo digestivo, o que permite a ingesto de
alimento. Estes definem o grupo Eumetazoa:
9 rgos especializados (boca, gnadas, nervos, msculos); 9 tecidos embrionrios (ectoderme e endoderme); 9 junes celulares intercomunicantes e membrana basal nas clulas da epiderme, o que prende mais ainda uma clula a outra;
9 simetria no formato do corpo (primeiramente radial); 9 cticula externa com colgeno.
Um indivduo animal comea sua vida como um zigoto, ou seja, um ser de uma nica
clula originado pela fuso do gameta masculino, o espermatozide, e o feminino, o vulo. O
zigoto comea a sofrer mitose, ou seja, a diviso celular, at se transformar em um indivduo
adulto multicelular. Durante este desenvolvimento, as clulas do organismo se diferenciam para
funes diversas, como captura de alimentos, revestimento, digesto, defesa, etc. Esta a
reproduo sexuada.
Nos Eumetazoa (todos os animais, exceto os da unidade 3), o embrio se transforma em
uma blstula (Figura 1), um organismo com uma camada externa de clulas e oco. Uma parte do
embrio se invagina, ou seja, dobra-se para dentro formando o que ser o tubo digestivo no
animal adulto. Assim, temos o plano bsico de Eumetazoa: a pesena de dois tecidos, a
ectoderme, ou o tecido de fora e a endoderme, o de dentro. Estes tecidos so formados por
clulas presas umas s outras por junes septadas e intercomunicantes e a epiderme ainda tem
uma membrana basal extracelular servindo como sustentao a este tecido. A partir da ectoderme
e endoderme que se desenvolvero todos os orgos e partes do corpo dos animais, seja ele
uma simples gua-viva ou um complexo inseto.
Novos indivduos animais tambm podem ser formados sem a unio de gametas, ou seja,
reproduo assexuada. Neste caso, o indivduo paternal d origem a indivduos novos a partir da
diviso de seu corpo, como brotamento, fisso, etc., ou a partir do desenvolvimento dos gametas
femininos sem fecundao, ou partenognese.
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Figura 1: Blstula de um animal no comeo do desenvolvimento, sofrendo gastrulao. 1- blstula oca com
dezenas de clulas, 2- embrio com ectoderme (laranja) e endoderme (vermelho).
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Gastrulation
2. PLANOS DE SIMETRIA
Os animais tem trs planos de simetria bsicos: seres de simetria radial, seres de
simetria bilateral (como ns) e seres sem simetria.
As esponjas e outros organismos mais simples no tm simetria, ou seja, no tm um
formato definido, crescendo de acordo com o ambiente em que ele vive. As guas-vivas, os
corais, as estrelas-do-mar e os ourios, por exemplo, tm simetria radial, ou seja, tm partes
iguais do corpo, quando se divide em vrios planos imaginrios passando pelo centro (Figura 2).
Assim, possuem geralmente um formato circular, com a boca no meio dos eixos de simetria.
Os animais bilaterais s tem um eixo de simetria longitudinal, formando lados iguais,
esquerdo e direito, e um lado anterior, ou da frente, diferente do posterior, ou de trs. Um eixo que
passa o animal do lado esquerdo ao direito e vice-versa transversal. Os lado de cima e de baixo
so chamados, respectivamente, de lado dorsal e ventral. Esta a forma de simetria mais comum
entre os animais.
Figura 2: Os tipos de simetria dos animais. Exemplos: esquerda, um animal de simetria bilateral
(inseto), no centro, um de simetria radial (cnidrio), e direita, um animal sem simetria (esponja). Traos em
vermelho so os eixos de simetria.
Fonte: http://evolution.berkeley.edu/evolibrary/images/symmetrydiagram.gif
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Provavelmente os animais comearam sua evoluo sem simetria, os Eumetazoa
passando por uma fase de milhes de anos de simetria radial e o ancestral dos Bilateria (a grande
maioria dos filos) adquiriram a simetria bilateral.
A simetria bilateral permitiu aos animais uma maior locomoo, j que, com o eixo antero-
posterior, eles tm um movimento unidirecional para frente, desenvolvendo uma cabea com
rgos sensoriais especiais, um sistema nervoso central, uma musculatura complexa e todo um
metabolismo adaptado para esse grande gasto energtico.
3. AS FUNES VITAIS
Como organismos hetertrofos, os animais precisam se alimentar de outros organismos
para conseguirem energia para a vida. Os Eumetazoa ingerem outros organismos, digerindo-os
em substncias menores que possam ser absorvidas pelas clulas do tubo digestivo. Existem
animais com formas alimentares muito diversas: predadores, que comem outros animais vivos;
detritvoros, que comem restos mortos de outros organismos; herbvoros, que comem plantas
vivas; filtradores, que capturam organismos microscpicos da gua; parasitas, que consomem
partes de outros organismos, mas sem mat-lo; entre outras.
Outra necessidade bsica gua e oxignio para a respirao, apesar de os animais
fazerem, facultativamente, respirao anaerbia. Acredita-se que os animais tenham surgido no
mar e s l se mantiveram por milhes de anos. Neste ambiente, adquirir gua e oxignio para o
metabolismo no um problema. Os animais mais simples fazem isto por difuso simples pelas
paredes dos tecidos, ou seja, as molculas so absorvidas pelas membranas das clulas de
acordo com a necessidade. Ou seja, se tiver menos oxignio dentro da clula do que no meio
externo, as molculas entram passivamente nela. Isto a difuso. Os animais mais complexos
desenvolveram diversas estruturas especiais que facilitam as trocas gasosas, ou seja, que
absorvem oxignio e expelem gs carbnico, como brnquias e pulmes.
No caso da gua, ela funciona de acordo com o grau de diluio dos meio externo e
interno. Os dois meios so solues de diversas substncias, como protenas, sais, acares,
ons, etc. Se o citoplasma da clula estiver pouco diluda em relao ao meio externo, ou um meio
hipotnico, a gua entrar passivamente na clula. Este processo chama-se osmose.
A gua do mar tem uma concentrao parecida com os meios celulares (isotnica), j
que ela salgada, tendo diversas substncias dissolvidas. Entretanto, os animais de gua doce
precisam frequentemente regular a osmose, expelindo o excesso de gua que entra o tempo todo
nas clulas (que, agora, um meio hipertnico). Por outro lado, os animais terrestres precisam
evitar a perda d'gua e ingeri-la o tempo todo. A necessidade osmorregulatria fez com que os
animais evolussem com estruturas especiais para a excreo, os nefrdios, como os nossos
rins. Alm de liberar excesso de gua, eles tambm tm a funo de excretar substncias
secundrias do metabolismo, principalmente os compostos nitrogenados, como amnia e ureia.
Estas substncias, em excesso, so txicas.
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Os animais mais simples tm um problema com tamanhos grandes, pois precisam da difuso de oxignio e outras substncias para sobreviver, j que no tm estruturas especiais para
isto. Se o animal for muito grande, as substncias no chegam s clulas mais internas dos
tecidos, causando a morte delas. Entretanto, a maioria dos animais evoluiu com um sistema
circulatrio para levar e trazer substncias importantes para a vida. Os animais mais complexos
tm vasos sanguneos, o que aumenta a velocidade de transporte das substncias, e que permitiu
um aumento do metabolismo. Outra forma de resolver este problema de tamanho a presena de
uma cavidade interna ampla no animal com um fluido com substncias vitais diludas, pela qual os
tecidos so banhados (Figura 3). Esta cavidade apareceu em forma de celoma, blastoceloma,
hemocele, entre outras variedades. Para os animais que comearam a invadir o ambiente
terrestre, a aquisio de uma cavidade interna tambm foi importante para reduzir a superfcie de
perda d'gua em relao ao seu volume.
Figura 3: Cortes transversais mostrando uma lombriga com cavidade interna (acima; Nematoda,
unidade 7) e uma planria sem cavidade (abaixo; Platyhelminthes, unidade 6).
Fonte: Modificado de http://home.sandiego.edu/~gmorse/2011BIOL221/biol221_study
guide3/coelom.jpg
As cavidades internas preenchidas por lquidos tambm so importantes como esqueleto
hidrosttico. Um animal sem esta cavidade pode ser comparado a uma cmara de pneu
preenchida por areia ou gelatina. Alternativamente, se preenchermos esta cmara com gua,
teremos a sua presso interna ajudando na locomoo e na movimentao de estruturas
especiais e como proteo, agindo como um esqueleto flexvel e resistente.
Todos os animais apresentam estruturas duras, muitas de origem mineral, outras de
protena e outras substncia orgnicas, agindo na proteo e locomoo. Esses so os
esqueletos propriamente ditos que, nos animais mais complexos, so associados s musculaturas
e formam vrias estruturas especiais para funes variadas. Podem ser desde revestimentos
externos a pequenas estruturas internas, passando por espinhos e cerdas, e organelas celulares,
como flagelos e microtbulos.
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Todas essas necessidades definem o plano bsico corporal, ou Bauplan, dos animais,
que incluem a sua arquitetura e estruturas para realizar as funes vitais. Todos os txons podem
ser definidos por um plano bsico, que varia de diversas formas nas milhares de espcies de cada
um deles, mas mantendo sempre este plano.
4. FORMAS DE VIDA
A partir de uma espcie marinha simples ancestral, os animais evoluram nas mais
diversas formas e tamanhos, vivendo em ambientes aquticos e terrestres. Eles podem ser
divididos entre animais que se locomovem ativamente, ou errantes; os que ficam deriva na
gua, ou planctnicos; e os ssseis, que realizam todas as suas funes sem se locomoverem.
Os ssseis podem ser fixos em algum substrato, como rochas ou at mesmo outros organismos.
Estes ltimos podem ser apenas epizicos, no se alimentando do animal hospedeiro, ou
parasitas, que se alimentam de partes do hospedeiro.
Os aquticos podem ser ssseis (parasitas, epizicos ou sobre substratos), solitrios ou
coloniais (dividem nutrientes e oxignio); ou errantes, se locomovendo sobre substratos slidos,
ou seja, so bentnicos, ou na coluna d'gua, os pelgicos. Os pelgicos podem ser nadadores
ativos ou planctnicos. Os terrestres podem viver se locomovendo ativamente, rastejando, no
interstcio entre gros de areia ou sobre o solo e outros organismos, utilizando apndices
especializados e at voando, ou em parasitismo (ectoparasitismo para organismos vivendo no
tegumento externo do hospedeiro e endoparasitismo para organismos vivendo dentro do corpo do
hospedeiro).
Os animais tm as formas e estruturas corporais determinadas pela sua arquitetura ou
plano bsico, pelas limitaes fsicas impostas pelo ambiente e por adaptaes ao meio em que
ele vive, incluindo as alimentares, locomotoras, osmorregulatrias, respiratrias, etc.
:: ARREGAANDO AS MANGAS!! ::
Pense am alguns animais que voc conhece, que vivem prximos ou dentro de sua casa. Faa uma lista. Qual a simetria deles? O que cada um deles come? Como eles se protegem? Em que ambiente cada um deles vive? Qual a relao deles com os seres humanos?
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UNIDADE 2 PROTISTA
Os protitas so seres unicelulares eucariontes, portanto no so animais. Apesar de
serem uma nica clula, eles conseguem viver normalmente e realizar todas as funes vitais em
ambientes aquticos. Existem protistas hetertrofos, ou protozorios, e auttrofos, que realizam
fotossntese. considerado como um reino prprio, Protista, apesar de no ser um grupo
monofiltico. Algumas linhagens de protistas ancestrais evoluram nos animais, outras originaram
as plantas e outras, os fungos.
Os diversos txons protistas se diversificaram em dezenas de milhares de espcies com
as mais diversas formas e tamanhos, podendo ser solitrios ou coloniais, de vida livre ou
parasitas, ssseis e locomotores. Para suas funes vitais, desenvolveram uma srie de
estruturas celulares a partir de organelas comuns das clulas eucariontes, como flagelos,
membranas, clios, microtbulos, paredes celulares, entre outras.
1. PLANO BSICO E FUNES VITAIS
O plano bsico protista o mesmo de todas clulas eucariontes, aprendido na disciplina
Biologia e Fisiologia Celular.
As membranas so de suma importncia para a vida protista, j que a membrana externa
responsvel pelas trocas gasosas, pela alimentao, locomoo e seleo de entrada e sada
de substncias do meio interno e as diversas membranas internas das organelas so
responsveis pelos processos qumicos e fsicos ligados s funes vitais, como digesto,
respirao, fotossntese, sntese de protenas, osmorregulao, etc.
Um protista no pode ter um corpo muito grande, pois o transporte de substncias dentro
da clula limitado. Alm disso, o volume interno no pode ser muito grande, pois a superfcie de
contato com o ambiente externo restringe a troca de substncias suficientes para sustentar toda a
clula. Por isso, os protistas so microscpicos e normalmente paresentam forma achatadas, finas
ou alongadas, aumentando a superfcie de contato com o meio externo.
Os hetertrofos se alimentam por fagocitose, quando a membrana envolve e internaliza
partculas slidas ou outros organimos, ou pinocitose, difuso e transporte ativo, quando a
membrana absorve lquidos ou organismos muito pequenos, como bactrias. Alguns protistas
podem predar organismos maiores que eles, mesmo animais. O alimento digerido em vacolos
digestivos que contm muitas enzimas. Os auttrofos se nutrem atravs de fotossntese, realizada
por cloroplastos. Vrios txons compartilham as duas formas de nutrio, heterotrfica e
autotrfica.
A locomoo se d de diversas formas diferentes, como pseudpodes, ou seja,
expanses de membrana que se alongam, puxando o restante da clula, flagelos, estruturas
proteicas afiladas que se desenvolvem a partir dos microtbulos comuns s clulas eucariticas, e
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clios, mais numerosos e menores que os flagelos.
Algumas destas estruturas tambm servem para a sustentao da clula, alm de feixes
de microtbulos internos, feixes proteicos, placas ou tecas externas de celulose, slica, protena ou
calcrio, entre outras formas. Assim, a maioria dos protistas tm forma definida, de acordo com o
plano bsico do filo a que pertencem.
A osmorregulao muito importante para esses organismos, principalmente nos
protistas de gua doce (Figura 4). Eles esto o tempo todo inchando com gua que entra pela
membrana da clula, j que ela um meio hipertnico em relao ao ambiente. Assim, elas
possuem um ou mais vacolos contrteis de membrana interna que armazenam o excesso de
gua e, de segundos em segundos, se contrai expulsando a gua para fora. Figura 4: Vacolos contrteis (nas setas), responsveis pela osmorregulao e demais organelas
de um protista ciliado de gua doce.
Fonte: Modificado de http://www.sciencephoto.com/image/365160/530wm/Z1050280-
Paramecium_Contra ctile_Vacuoles-SPL.jpg
Existe uma diversidade muito grande de tipos de reproduo em protistas. A reproduo
assexuada pode ser por brotamento ou fisso, quando a clula-me sofre mitose e se divide em
dois ou mais seres. No brotamento, a clula-filha muito menor que a clula-me, pois brotou
dela. Na fisso, a clula-me se divide ao meio ou em vrias clulas-filhas. A reproduo sexuada
tambm muito variada e ela muito importante para os protistas, pois garante a diversificao
dos indivduos das espcies. Em geral, a meiose ocorre dentro das clulas-me, podendo, em
seguida, haver: conjugao de duas clulas (Figura 5), ou seja, troca de ncleos haplides, e
posterior diviso de cada uma delas; auto-feritilizao, dentro da clula, podendo dividir-se em
seguida; produo de gametas, ou seja, vrias meioses seguidas e produo de pequenas clulas
que so liberadas pela clula-me; entre muitos outros tipos.
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Figura 5: Conjugao (reproduo sexuada) entre dois indivduos de protistas ciliados.
Fonte: http://www.sciencephoto.com/media/365015/enlarge
2. DIVERSIDADE
Os protistas so divididos em pelo menos 17 filos que refletem a sua grande diversidade
de formas e hbitats. Citaremos abaixo alguns dos txons principais com caractersticas
morfolgicas e ecolgicas.
2.1. CILIADOS
O filo Ciliophora composto com organismos que possuem uma grande quantidade de
clios espalhados por toda ou parte da membrana celular, que so usados para a locomoo.
Batimentos sincronizados dos clios permitem a natao desses seres. Eles tm uma estrutura
anloga a uma boca, o citstoma, por onde o alimento fagocitado e restos so eliminados.
Existem ciliados errantes e ssseis, de vida livre e parasitas. Esto presentes em vrios
ambientes marinhos e de gua doce, incluindo o solo mido, onde a pequena quantidade de gua
o suficiente para a vida desses pequenos seres. Alguns so mutualistas de ruminantes, como
vacas e cabras, e ajudam a digerir a celulose da matria vegetal. Alguns ssseis vivem fixos no
substrato e tm uma forma cnica, com vrios clios no alto que filtram pequenas partculas e
clulas suspensos na gua com as quais se alimentam.
Os ciliados mais conhecidos so os do gnero Paramecium (Figura 6). Eles so muito
comuns em qualquer local com gua doce, inclusive pequenas poas. Eles so totalmente
cobertos com clios, tem um formato quase cilndrico e nadam em movimento unidirecional,
girando em torno de seu prprio eixo com o movimento dos clios.
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Figura 6: Paramecium em fotografia de Microscopia Eletrnica de Varredura, mostrando os
inmeros clios e o citstoma (orifcio no meio da clula).
Fonte: http://www.sciencephoto.com/image/365112/530wm/Z1050232-Paramecium_sp._
protozoan,_SEM-SPL.jpg
2.2. AMEBAS
As amebas e grupos relacionados so reconhecidos facilmente pelos pseudpodes (=ps
falsos), extenses compridas e finas da clula que so usadas para a locomoo e alimentao.
Elas movimentam os pseudpodes de forma bastante gil em vrios locais da membrana com o
movimento interno do citoplasma.
O filo Rhizopoda (p em forma de raiz) apresenta o plano bsico dos protistas que usam
pseudpodes e, por isso, so as legtimas amebas. Esses organismos no tm formato definido,
mudando medida que se locomovem, levados pelos pseudpodes (Figura 7). As amebas so
bem comuns em qualquer ecossistema aqutico, marinho ou de gua doce. Existem muitas
espcies endoparasitas, como a Entamoeba hystolistica, que causa a disenteria amebiana em
humanos.
Figura 7: Amoeba proteus. Perceba os pseudpodes se alongando para os lados.
Fonte: http://www.sciencephoto.com/media/365291/view
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Existem dois filos de protistas com pseudpodes, mas que possuem formato definido. O
filo Actinopoda (ps de raios) possuem axpodes, grandes espinhos de slica que saem do centro
da clula e do ao organismo uma forma de sol (Figura 8), entre outras (Figura 9), que
apresentam tecas de slica. Estes so organismos planctnicos e, assim, tm locomoo limitada,
ficando suspensos na coluna d'gua, esperando algum outro organismo passar para se alimentar.
Figura 8: Heliozorio (Actinopoda) com muitos raios e psudpodes partindo da clula.
Fonte: http://www.everseradio.com/wp-content/uploads/2010/10/helioium1.jpg
Figura 9: Tecas de uma diversidade de espcies de radiolrios (Actinopoda).
Fonte: http://scienceblogs.com/deepseanews/2007/09/friday_deepsea_picture_91406.php
Os Foraminifera so bastante diversificados, com aproximadamente 40.000 espcies
(Figura 10). Eles tm uma carapaa, chamada de testa, de calcrio, de protena, ou de partculas
duras do ambiente aglutinadas, como gros de areia, espculas de animais, ou qualquer outra.
Eles movimentam os pseudpodes para fora da testa para predar e vivem principalmente no
ambiente bntonico. Os foraminferos antigos deixaram muitos fsseis (as testas), o que denota
grande diversificao antiga, do Cambriano (mais de 500 milhes de anos atrs). Por isso, eles
so muito usados na Geologia para datar estratos geolgicos. Alguns depsitos antigos formam a
maior parte das atuais rochas calcrias de onde se tira todo o giz, calcrio e mrmore para uso
humano.
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Figura 10: Um foraminfero com vrios pseudpodes saindo de dentro de sua testa.
Fonte: http://www.bio.umass.edu/oeb/files/foraminifera.jpg
2.3. FLAGELADOS
Muitos filos de protistas usam os flagelos como principal forma de locomoo, podendo
um indivduo portar de apenas um a cinco flagelos, dependendo do txon.
Os Kinetoplastida tm um ou dois flagelos usados para locomoo. A maioria das
espcies deste filo parasita de animais e plantas. Os mais conhecidos so dois agentes de
doenas importantes, Trypanossoma, causador da doena de Chagas (Figura 11), e Leishmania,
causador da leishmaniose. O flagelo destes txons passa na lateral da clula, formando uma
membrana ondulante que termina em um feixe de microtbulos, que facilita a natao destes
organismos em meios viscosos, como o sangue.
Figura 11: Trypanosoma cruzi nadando em sangue humano, com hemcias em volta (clulas
esfricas). Perceba o flagelo e a membrana ondulante.
Fonte: http://static.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/09/Trypanosoma-cruzi.jpg
Os Dinoflagelata so protistas muito comuns no plncton dos mares (Figura 12). Muitos
fazem fotossntese, produzindo muito oxignio e so produtores primrios importantes dos
oceanos. Existem muitos hetertrofos e algumas espcies que conseguem mudar de uma forma
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de nutrio para outra! Eles so caracterizados pela teca formada de placas de celulose, que d
eles formas das mais variadas e curiosas. Eles tm dois flagelos, um impulsona o organismo para
frente, enquanto outro, enolado em volta da clula, cria movimentos giratrios. Algumas espcies
so bioluminescentes, criando lindos espetculos quando fazem a gua brilhar. Existem muitas
espcies que so endossimbiontes de animais invertebrados, como os corais e outros cnidrios.
As zooxantelas (o nome do gnero simbionte mais conhecido) fazem fotossntese e divide os
acares com o animal, enquanto ela se aproveita da proteo e dos nutrientes de seu
hospedeiro. Algumas espcies de dinoflagelados esto envolvidas em fenmenos de desequilbrio
ecolgico catastrficos, as mars vermelhas. Elas tm suas populaes extremamente
aumentadas, talvez por efeito da poluio dos mares, e liberam toxinas que, em grande
quantidade, causam mortandade e contaminao de peixes e outros frutos do mar, e acabam
contaminando populaes humanas.
Figura 12: Dinoflagelado com formato caracterstico. O sulco mediano porta um dos flagelos.
Fonte: http://www.ucmp.berkeley.edu/protista/dinoflagsy.html
Os coanoflagelados so organismos tpicos, caracterizados por possurem um flagelo
envolto por um colarinho de microvilos que os ajudam a capturar presas. Existem espcies
solitrias e coloniais, mas todas so ssseis marinhas. Este filo tem poucas espcies vivas, mas
sua importncia reside na crena de que uma linhagem antiga de coanoflagelado colonial deu
origem aos animais (ver unidade 3 e 4).
Figura 13: Desenho mostrando hbito de cinco indivduos coanoflagelados coloniais.
Fonte: http://comenius.susqu.edu/bi/202/animals/CHOANOZOA/Sphaeroeca.jpg
Outros flagelados importantes: as Euglena (filo Euglenida) so importantes protistas de
Invertebrados I
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gua doce, pois so usados como indicadores de qualidade da gua, fotossintetizantes, portanto
com uma colorao verde forte, mas que se locomovem ativamente; Giardia (filo Diplomonadida)
so parasitas de intestino de vertebrados, inclusive humanos, que possuem cinco flagelos e so
achatados, e podem causar enormes infestaes, com clulas fixas em todo o intestino.
2.4. APICOMPLEXA
Este o nico filo de protista no qual todos seus representantes so endoparasitas de
uma grande variedade de animais, invertebrados e vertebrados. So caracterizados por
possurem o complexo apical, uma estrutura formada por uma srie de microtbulos dispostos de
formas variadas. Usando estes complexos, esses protistas conseguem fazer com que uma clula
do hospedeiro o engolfe. Assim, ele vive dentro das clulas de algum tecido do hospedeiro em
pelo menos uma fase da vida. Os mais conhecidos Apicomplexa so do gnero Plasmodium,
causadores da malria, e que parasitam hemcias e clulas do fgado humanas.
Eles apresentam uma boa locomoo, apesar de no apresentarem nenhuma estrutura
conspcua para tal. Acredita-se que os microtbulos e microfilamentos internos os auxiliem no
deslizamento. Alimentam-se do citoplasma das clulas de seus parasitas sem estruturas
especiais, apenas fagocitando ou pinocitando.
Os Apicomplexa passam por vrias fases no seu ciclo de vida, reflexo de sua complexa
reproduo. As fases de reproduo assexuada e sexuada so alternadas e muitas vezes em
hospedeiros diferentes. O indivduo assexuado o que produz grande quantidade de esporos,
clulas pequenas que se dispersam e infectam hospedeiros com facilidade. O indivduo sexuado,
chamado de gamonte, se une com outro indivduo para criar um ou vrios novos indivduos. No
caso da malria, o Plasmodium passa por quatro fases diferentes no cilco de vida.
2.5. ALGAS UNICELULARES
Alga um nome genrico que serve para vrios organismos fotossintetizantes muito
diferentes. Existem as algas azuis ou cianobactrias, que so procariontes, as algas
multicelulares, as que vemos aos montes nas praias, e as unicelulares eucariontes, ou seja,
protistas. Na verdade, j falamos de vrios protistas fotossintetizantes acima, que poderamos
chamar de algas. A nica diferena com as algas que esto descritas abaixo, que os
dinoflagelados e as euglenas, por exemplo, se locomovem mais ativamente.
As diatomceas so protistas que possuem carapaas ou tecas de slica, que no se
movimentam e so representantes importantssimos do planctn de todos os mares (Figura 14).
Por isso, o grupo muito importante para a fixao do carbono, atravs da fotossntese, e um dos
principais produtores primrios dos oceanos. Seus formatos so curiosos e belssimos, muitas se
parecendo com caixas de jias bem ornamentadas. Elas so aparentadas a outros protistas
fotossintetizantes e at algas multicelulares, que so conhecidas como algas pardas ou crisfitas.
Invertebrados I
17
Figura 14: Variedade de espcies de diatomceas.
Fonte: http://www.sciencephoto.com/media/15785/enlarge
As clorfitas, ou algas verdes, tm vrios grupos de organismos fotossintetizantes
unicelulares diferentes que tm cloroplastos muito parecidos com as das plantas multicelulares.
Elas podem ter tecas ou no, ser solitrias ou coloniais, e so importantes componentes do
fitoplncton. As plantas podem ter surgido de uma linhagem antiga de protistas como esses.
3. ALGUNS PROTISTAS PARASITAS DE HUMANOS
Como vimos acima, existem uma infinidade de espcies parasitas entre os protistas e
muitas delas usam os humanos como hospedeiros, causando doenas ou no. Como exemplos,
temos o Plasmodium, causador da malria, Trypanosoma, da doena de Chagas, Leishmania,
Giardia, Amoeba, entre outros.
3.1. Trypanosoma cruzi
O protozorio causador da Doena de Chagas, Trypanosoma cruzi (Kinetoplastida),
infecta uma pessoa atravs das fezes de barbeiros triatomneos, um inseto picador (Figura 15). O
inseto suga o sangue de humanos e defeca em seguida, aumentando a chance de que as fezes
entre em contato com a circulao sangunea da pessoa. Se isso ocorrer e o barbeiro estiver
infectado, o parasita entra na circulao e infecta vrios outros tecidos. O maior perigo est na
infeco do corao, j que o protista destri bastante os tecidos, podendo causar inchaos e
enfraquecimento das paredes do rgo. Por isso, a populao com doena de Chagas apresenta
uma alta taxa de mortandade.
Existem trs formas diferentes que a espcie toma, de acordo com a fase do ciclo de vida
e o hospedeiro onde ele est. Quando sai nas fezes do barbeiro ele um tripomastigota (Figura
11). Ele invade tecidos e, dentro das clulas, se dividem em muitos amastigotas (Figura 15). Estes
se desenvolvem novamente em tripomastigotas, que arrebentam as clulas e caem na corrente
sangunea. Quando o barbeiro suga o sangue, leva para seu trato digestivo vrios tripomastigotas,
que se desenvolvem em epimastigotas. No intestino do inseto, os epimastigotas se reproduzem
novamente, dando origem a muitos outros indivduos tripomastigotas, que sairo com as fezes.
Invertebrados I
18
Figura 15: Trypanosoma cruzi amastigotas infestando clulas musculares de corao humano.
Fonte: http://www.sciencephoto.com/media/252672/view
Figura 16: Ciclo de vida do Trypanosoma cruzi. Em azul, o ciclo no hopsedeiro humano, em
vermelho, no barbeiro.
Fonte: Modificado de http://www.dpd.cdc.gov/dpdx/HTML/TrypanosomiasisAmerican.htm
3.2. Leishmania braziliensis
Este protozorio do filo Kinetoplastida causa as leishmanioses, como a lcera de Bauru,
que destri bastante a pele, inclusive das mucosas do rosto. O ciclo de vida deles bastante
parecido com o do Trypanosoma (pertencem ao mesmo txon). O contgio se d pela picada do
mosquito-palha ou birigui, da subfamlia Phlebotominae, infectado.
O mosquito, ao picar, inocula promastigotas na corrente sangunea de pessoas. Eles
invadem as clulas de tecidos variados, produzindo muitos amastigotas, que arrebentam as
clulas. Ao picar, o inseto pode ser infectado, onde o protista se desenvolver em promastigotas
no intestino. Estes se multiplicam e migram para a boca do mosquito, possibilitando novos
contgios de humanos.
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3.3. Plasmodium vivax E P. falciparum
As espcies do gnero Plasmodium (Apicomplexa) causam a malria (Figura 17), uma
das principais doenas dos pases tropicais, levando a morte de milhes de pessoas por ano no
mundo. Os humanos so infectados pela picada das muriocas do gnero Anopheles.
Os parasitas so inoculados junto com a saliva do inseto na corrente sangunea em forma
de esporozotos. Alojam-se nas clulas do fgado, onde se dividem em muitos merozotos, at
arrebentaram e cairem no sangue novamente. A, eles invadem as hemcias e se reproduzem
continuamente por fisso, criando inmeros outros merozotos. Nesse processo, uma garnde
quantidade de hemcias so destrudas. Isto, junto com os produtos metablicos secundrios do
protista causam febre e os outros sintomas da doena, como anemia e calafrios. Alguns desses
merozotos, se desenvolvem em gamontes diferenciados, masculinos e femininos (percebam que
isto incomum nos protistas!). Estes gamontes se uniro em reproduo sexuada apenas se
forem sugados novamente e estiverem no tubo digestivos da murioca. Aps a fecundao
desenvolve-se um zigoto que, ento migra para as glndulas salivares do inseto e se divide em
inmeros esporozotos.
Figura 17: Ciclo de vida de Plasmodium. Em azul, o ciclo no hopsedeiro humano, em
vermelho, na murioca.
Fonte: Modificado de http://www.dpd.cdc.gov/dpdx/HTML/Malaria.htm
Invertebrados I
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Porqu chamamos alguns protistas de "protozorios"? Existe alguma relao de parentesco entre as algas e as plantas? E entre os protozorios e os animais?
Acesse alguma pgina de vdeos (como Youtube ou Google vdeos) e procure vdeos dos protistas. Tem vrios vdeos que mostram eles se locomovendo, se alimentando, entre outras atividades! Use as seguintes palavras-chave: "protista" ou "protist" (em ingls; assim, aparecem mais vdeos).
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UNIDADE 3 ESPONJAS (PORIFERA) E OUTROS ANIMAIS MUITO SIMPLES
As esponjas so animais de plano bsico corporal muito simples que vivem em
ambientes aquticos, muito comuns em todos os mares, mas presentes tambm em corpos de
gua doce, principalmente lagoas. So animais ssseis (fixos, ou seja, que no se locomovem) e
que no possuem tubo digestivo nem boca. So caracterizados por possurem um esqueleto
formado por milhares de pequenas espculas minerais (de calcrio ou slica). Muitas vezes, o
esqueleto de animais mortos formam uma estrutura parecida com uma esponja de banho (por isso
o nome dos animais deste filo).
Como elas no tm tubo digestivo, se alimentam de seres vivos microscpicos e
pequenas partculas orgnicas que so capturados e digeridos internamente por clulas especiais,
os coancitos. Pelo seu corpo todo perfurado, formado por canais e espaos internos, passa um
fluxo contnuo de gua, que garante sua respirao, alimentao e limpeza. Por isso, o nome do
filo Porifera, que significa portador de poros.
Elas so consideradas como o txon-irmo de todos os outros animais, assim como
outros filos de animais marinhos mais raros, como Placozoa e Rhombozoa. Todos os outros
animais, exceto estes filos, tm tecidos verdadeiros e boca (Eumetazoa), aquisies evolutivas
que permitiram toda a diversificao zoolgica que conhecemos hoje. Portanto, o ancestral do
Reino Metazoa, provavelmente tinha a estrutura corporal to ou mais simples do que os animais
dos trs filos tratados nesta unidade (Porifera, Placozoa e Rhombozoa).
1. PLANO BSICO DE PORIFERA
As esponjas so formadas por clulas com certo grau de independncia, unidas como um
revestimento interno e outro externo em volta de um esqueleto formado de espculas. As clulas
externas chamam-se pinaccitos e formam um revestimento, mas no um tecido verdadeiro. As
do revestimento interno so adaptadas para alimentao e so chamadas coancitos. Esta parte
interna no um tubo digestivo, pois a gua que circula a no se diferencia em nada do ambiente
externo. Ela apenas uma cmara interna, o trio, por onde a gua passa pelos coancitos, as
clulas responsveis pela alimentao.
A ligao entre o ambiente externo e o trio se d pelos inmeros poros espalhados pelo
corpo do animal, os stios, pequenos poros laterais por onde a gua entra, e o sculo, poro maior
por onde a gua sai, por cima do animal. Os stios, os poros menores, geralmente esto
delimitados por uma clula em forma de cano, o porcito.
Com este plano bsico, j podemos entender como a esponja vive. A gua entra pelos
stios, passa pelos coancitos no trio interno, onde filtrada, sendo retidos nutrientes e oxignio,
e sai pelo sculo. Os coancitos, muito parecidos com os protistas coanoflagelados, possuem um
flagelo que se mexe o tempo todo, o que cria o fluxo contnuo de gua pelos poros e cmaras
internas.
Invertebrados I
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Entre as camadas simples externa de pinaccitos e interna de coancitos, existe uma
matriz extra-celular, a mesoglia. Ela basicamente uma soluo gelatinosa composta por fluidos,
fibras proteicas, espculas, produtos secundrios do metabolismo, sais e diversas clulas
independentes:
esclercitos: produzem as espculas;
espongicitos: produzem espongina, protena que forma fibras parecidas com o
colgeno, responsveis pela sustentao do animal, junto com as espculas;
micitos: clulas contrteis que se dispem prximas aos sculos e canais principais -
possuem muitos microtbulos e microfilamentos para esse fim;
amebcitos: clulas locomotoras responsveis por parte da digesto, transporte de
nutrientes e oxignio, defesa, entre outras funes - totipotentes.
Esses so apenas alguns exemplos mais comuns e importantes de clulas em esponjas,
mas existem vrios outros tipos em txons diferentes. Na verdade, os amebcitos so
totipotentes, ou seja, so capazes de se transformarem em qualquer tipo de clula, desde as
clulas de revestimento at a clulas gamticas. Assim, as esponjas tm uma capacidade que
nenhum outro animal tem: conseguem criar clulas novas a partir dos amebcitos totipotentes e,
assim, regenerar completamente seu corpo. Alguns experimentos chegaram a triturar
completamente uma esponja, e suas clulas conseguiram, aos poucos, se reagrupar e recriar um
indivduo!
2. ALIMENTAO, EXCREO E RESPIRAO
Como j dito, as clulas responsveis pela alimentao so os coancitos que ficam
espalhados em todas as paredes internas do trio. Elas so semelhantes aos coanoflagelados
que so protistas, j vistos na unidade 2. Elas possuem um colarinho de microvilos que filtram a
gua, retendo pequenas partculas e organismos microscpicos, bem menores que a prpria
clula, e um flagelo grande, que se localiza no meio do colarinho. Com os movimentos dos
flagelos, os coancitos estabelecem um fuxo contnuo de gua pelas cmaras internas do animal.
Ao ter alguma partcula em seus microvilos, o coancitos so capazes de fagocitar ou pinocitar o
corpo estranho. Assim, se for um alimento, a partcula ser digerida internamente pela prpria
clula ou repassada para amebcitos que esto adjacentes, dentro da mesoglia, que tambm
so importantes na digesto das esponjas. A partir da, o alimento digerido est disponvel nos
amebcitos, que continuam se locomovendo na mesoglia, carregando os nutrientes para
diversas partes das esponjas.
A locomoo livre dos amebcitos permite que boa parte das funes vitais da esponja
ocorra normalmente, sem a necessidade de rgos ou sistema nervoso para coorden-las. Assim,
os mutrientes que esto nos amebcitos sero absorvidos pelas outras clulas de acordo com a
necessidade. Da mesma forma, o oxignio da gua circulante absorvido pelas clulas
Invertebrados I
23
diretamente e o gs carbnico difundido para o ambiente externo. Isso ocorre tambm com os
compostos nitrogenados, como amnia, que excretado por difuso simples dos coancitos.
Como essas funes ocorrem por difuso simples, a distncia entre os amebcitos, coancitos e o
ambiente externo deve ser muito pequeno, nunca passando de 1 milmetro.
No caso de esponjas de gua doce, os coancitos precisam controlar a osmorregulao,
pois a gua do ambiente externo hipotnica em relao mesogleia e suas clulas. Assim, os
coancitos e amebcitos possuem muitos vacolos cheios de gua que precisam ser excretados
continuamente.
3. REPRODUO
As esponjas tm uma grande capacidade de regenerao por causa de seus amebcitos
totipotentes. Ento, qualquer parte solta dela, pode dar origem a um novo indivduo. Por isso, a
forma mais comum de reproduo em Porifera a assexuada. Formas comuns so brotamentos
de novos indivduos na superfcie da esponja parental ou ento o fracionamento simples de
partes. Muitas esponjas, principalmente as de gua doce, produzem uma estrutura de dormncia
capaz de dar origem a uma nova esponja, a gmula. Ela uma pequena estrutura especial
formada por alguns amebcitos e uma capa de proteo de espculas que consegue resistir por
longos tempos a condies desfavorveis, com um inverno rigoroso ou reas secas. Depois que
as condies ambientais voltam ao normal, os amebcitos comeam a sair da gmula, se dividem
e se diferenciam em pinaccitos e coancitos, dando origem ao novo animal.
Apesar da sua simplicidade estrutural, as esponjas podem tambm se reproduzir
sexuadamente. Espermas e vulos so produzidos a partir da diferenciao de coancitos e
amebcitos concentrados em cistos que se localizam na mesoglia. Dentro desses cistos, ocorre
a meiose e os gametas ficam armazenados. Em geral, os gametas so expelidos para o ambiente
externo pelo fluxo de gua, saindo pelo sculo, e se encontram na coluna dgua. Mas existem
casos tambm de esponjas em que a fecundao ocorre internamente, ou seja, os
espermatozides so capturados pelos coancitos e levados at o ocito, que se encontra na
mesoglia. Nesse caso, uma larva pronta j sai da esponja parental.
As larvas, com algumas dezenas on centenas de clulas, so livres-natantes, possuindo
clulas externas flageladas para tal fim. Depois de algumas horas, elas se fixam em um substrato
adequado e do origem nova esponja.
Existem esponjas hermafroditas e diicas, ou seja, com indivduos de sexos separados.
Nas esponjas hermafroditas, a produo de esperma e vulos ocorre em perodos separados e,
em todos os casos, ocorre fertilizao cruzada, ou seja, no ocorre fecundao de gametas de um
mesmo indivduo.
Invertebrados I
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4. DIVERSIDADE E ECOLOGIA
As esponjas ocorrem em todos os mares onde haja substrato para sua fixao, mesmo
mole, como areia. Em muitos locais, como alguns costes rochosos na zona entre-mars ou em
recifes de corais, elas podem ser muito abundantes, cobrindo toda uma rocha, por exemplo, e
bem diversas (Figura 18). Elas podem ser incrustantes, ou seja, ter uma estrutura menos rgida e
cobrir um substrato duro, mantendo a forma dele, ou ter um esqueleto forte, desenvolvendo
formas eretas e grandes, chegando a at dois metros de altura! Podem ter estrutura esqueltica
calcrea ou de slica, ou os dois no mesmo indivduo, podendo ter formas ramificadas,
arredondadas, tubulares ou at mesmo sem forma definida. Tambm pode-se encontrar esponjas
de todas as cores possveis. Na gua doce, o filo bem menos diversificado, sendo inclusive
incomum encontr-las em rios e lagos.
Figura 18: Esponjas encontradas em recifes do litoral paraibano.
Fonte: Prof. Dr. Thelma Dias.
Existem trs tipos estruturais bsicos nas esponjas, dependendo da espcie: asconide,
siconide e leuconide (Figura 19), sendo a ltima mais complexa. Elas se diferenciam pela
quantidade de crtex, ou seja, de massa compacta de mesoglia e esqueleto entre os espaos
internos, e a quantidade de superfcie interna onde ficam os coancitos. Assim, as esponjas
asconides tm um trio simples, com os stios dando acesso diretamente a ele, e um nico
sculo. As siconides tm seus stios se abrindo em cmaras internas onde est a camada de
coancitos. Estas cmaras, ento, se abrem no trio principal. Assim, as cmaras coanocitrias
do maior superfcie para a presena de grande quantidade de coancitos, permitindo uma maior
alimentao, respirao e outras funes vitais em um menor volume total do animal. A leuconide
Invertebrados I
25
possui uma rede complexa de cmaras e canais imersos em um espesso crtex de mesoglia.
Assim, os stios esto bem separados do trio e este se reduz a pequenos canais exalantes que
se abrem em vrios sculos.
Figura 19: Os trs tipos estruturais das esponjas, scon, scon e lucon, respectivamente. Amarelo =
pinaccitos, vermelho = coancitos, cinza = mesoglia. Em azul, o fluxo d'gua.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Porifera_body_structures_01.png
Muitas esponjas usam para sua defesa substncias extremamente txicas. Como so
animais ssseis e de pouca movimentao, outros tipos de defesa comuns entre os animais no
ocorrem no filo, como a fuga ou o ataque de uma peonha contra o predador. Outro fato que
elas no possuem um sistema imunolgico prprio dos animais bilaterais, o que faz com elas
sejam muito suscetveis a infeces microbianas. Portanto, elas se adaptaram para se defender
de predao e parasitismo atravs de sua alta toxicidade. Muitos tipos de compostos diferentes
podem ser encontrados nas diversas espcies de esponjas, que tm estimulado muitos estudos
farmacolgicos. J encontraram substncias desses animais com ao antibitica,
antiinflamatria, com ao sobre os sistemas respiratrio, vascular e gastrointestinal, e at
antitumoral.
Quadro de diagnose
9 Sem tecidos verdadeiros (embriolgicos) ou rgos; 9 Sem simetria; 9 Adultos ssseis, larvas geralmente livre-natantes; 9 Clulas totipotentes; 9 Coancitos em grande quantidade criam fluxo de gua por canais internos do animal e capturam alimento;
9 Digesto intracelular; 9 Esqueleto formado por espculas clacrias ou de slica e fibras de colgeno; 9 Mais de sete mil espcies descritas.
Invertebrados I
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5. TRS FILOS DE MESOZOA
Existem alguns pequenos animais marinhos com estrutura corporal bastante simples,
como as esponjas, e que so classificados em trs filos: Placozoa, Rhombozoa e Orthonectida.
Juntos, estes trs filos tm aproximadamente 100 espcies um tanto quanto raras. So chamados
de Mesozoa, pois, como as esponjas, no possuem tecidos verdadeiros, simetria ou rgos, ao
contrrio dos Eumetazoa. So formados por poucas clulas ciliadas dispostas em uma camada
externa e algumas poucas clulas internas. Eles se alimentam por absoro do substrato e tm
digesto intracelular.
Os Rhombozoa so simbiontes de rins de lulas e polvos, os Orthonectida so parasitas
internos de vrios invertebrados e Placozoa, representados por uma nica espcie, Trichoplax
adhaerens so animais de vida livre, mas com baixa mobilidade.
Esses animais tm origem incerta entre os outros invertebrados, sendo provavelmente
irmos dos Eumetazoa. A nica certeza de que as esponjas e esses animais misteriosos so de
linhagens basais na evoluo dos invertebrados, que mantiveram um plano bsico muito simples
e com funes vitais parecidas com as de protozorios unicelulares, apesar de serem
pluricelulares (ou multicelulares).
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Pesquise sobre o uso farmacolgico das toxinas que as esponjas produzem. Veja que fantstico: existem algumas espcies de lesma nadadoras (filo Mollusca) que conseguem comer esponjas txicas e, alm disso, usar o veneno para sua prpria proteo!
Invertebrados I
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UNIDADE 4 A ORIGEM E DIVERSIFICAO DOS ANIMAIS
Os animais surgiram de uma nica linhagem de protistas, a partir da unio de vrias
clulas independentes. s vezes torna-se difcil imaginar concretamente como ocorreu esses
saltos evolutivos. Isto natural, j que esses eventos ocorreram h bilhes de anos atrs. Para se
ter uma ideia, os registros mais antigos dos filos de animais existentes datam de quase 600
milhes de anos atrs, do Pr-Cambriano! Podemos imaginar ento que o primeiro metazorio
tenha surgido h aproximadamente um bilho de anos atrs.
Nesta unidade, vamos entender como ocorreu a evoluo e diversificao inicial dos
animais, atravs de um cenrio evolutivo e filogentico.
1. ORIGEM DOS METAZOA
Existem algumas teorias concorrentes sobre a origem dos animais. Todas tem seus prs
e contras, mas todas consideram que foi a partir de uma linhagem de protistas hetertrofos que
surgiram todos os animais. Entretanto, ns vamos usar aqui a teoria colonial para criar nosso
cenrio, por facilidade didtica e por ser esta a teoria mais aceita e estabelecida. Por esta teoria,
uma colnia ancestral de protistas que viveu h bilhes de anos atrs, parecida com estas da
Figura 20, evoluiu nos primeiros animais.
Figura 20: Algumas colnias de protistas coanoflagelados atuais.
Fontes: http://www.choano.org/wiki/Choanoflagellates
http://www.absoluteastronomy.com/topics/Choanoflagellate
http://comenius.susqu.edu/bi/202/animals/CHOANOZOA/choanoflagellata.htm
Assim, esta colnia ancestral, que na poca era uma nica espcie, dividiu-se em duas
linhagens: uma deu origem s colnias de coanoflagelados atuais, enquanto outra se desenvolveu
em um ser multi-celular, ou seja, deixou de ser uma espcie colnial e evoluiu em uma com
indivduos com vrias clulas. Veja na figura abaixo:
Invertebrados I
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Figura 21: Filogenia mostrando a origem e relacionamento dos animais, h aproximadamente um
bilho de anos atrs.
Percebam pela rvore filogentica (Figura 21), que a colnia que deu origem aos animais
(o ancestral dos Metazoa) viveu h bilhes de anos atrs e no existe mais. Os coanoflagelados
coloniais atuais evoluram todo este tempo, como todos os animais evoluram desde o ancestral
comum (em vermelho). Enquanto a nossa linhagem (a dos animais) modificou e diversificou
bastante, dando origem a milhes de espcies atuais das mais diversas formas e tamanhos, a
outra linhagem deu origem a umas poucas espcies (por volta de 100 espcies) de
coanoflagelados coloniais aquticos que existem hoje em dia.
Levando em conta toda essa evoluo, vemos que foi um bom negcio evoluir para uma
forma multicelular. Assim, cada clula pode-se especializar em uma funo diferente no
organismo. Alguns coancitos ficavam do lado de fora se alimentando e respirando, e algumas
outras clulas se diferenciaram do lado de dentro, mergulhadas em uma matriz proteica extra-
celular, transportando nutrientes, ou defendendo o organismo de clulas ou corpos invasores,
desenvolvendo-se em gametas para a reproduo, excretando compostos nitrogenados que
sobraram de seu metabolismo, etc.
Percebam que esse j o plano corporal bsico (bauplan) das esponjas (Filo Porifera) e
de outros pequenos e raros animaizinhos marinhos dos filos Placozoa, Orthonectida e
Rhombozoa (unidade 3).
2. EUMETAZOA
Em algum momento, ainda no Pr-Cambriano, h pouco menos de um bilho de anos
atrs, surgiu uma linhagem de animais com tubo digestivo, ou seja, com uma camada de clulas
Invertebrados I
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interna, alm da camada externa. Assim, surgiram dois tecidos nessa espcie de animal ancestral:
a ectoderme, ou tecido externo, e a endoderme, o tecido interno que forma o tubo digestivo, na
gastrulao do embrio (veja a Figura 1 na unidade 1). Este processo ocorre no embrio dos
animais Eumetazoa (todos animais, exceto os quatro filos: Porifera, Placozoa, Rhombozoa e
Orthocnetida).
Assim, algumas linhagens mantiveram o plano bsico primitivo, como as esponjas,
enquanto uma outra linhagem deu origem a todos os outros animais, que possuem um tubo
digestivo, como ns. Este foi um grande passo na evoluo dos animais, pois vemos que a partir
deste ancestral surgiu mais de um milho de espcies das mais diversas formas de Eumetazoa.
Outro passo importante que ocorreu tambm no Pr-Cambriano foi o surgimento de mais
um tecido entre a ectoderme e a endoderme, a mesoderme. Esse tecido importante, pois ele
que recheou os animais. Ou seja, com apenas dois tecidos, ficava apenas uma substncia
gelatinosa com protenas, carboidratos e clulas dispersas entre a ectoderme e a endoderme.
Esse padro corporal, com apenas dois tecidos, ns encontramos atualmente nos cnidrios, o filo
das guas-vivas (unidade 5). Chamamos estes animais de diblsticos, que significa dois tecidos.
Continuando a nossa grande jornada evolutiva, que comeou h mais de um bilho de
anos atrs, os Eumetazoa se dividiram em mais duas linhagens: os animais diblsticos, ou seja,
os cnidrios, e os que j tem preenchimento, a mesoderme, representada por todos os outros
animais.
Vamos continuar a nossa rvore evolutiva a partir destas novidades na filogenia da Figura
22.
Figura 22: Filogenia mostrando a origem e relacionamento dos Eumetazoa.
Vejam que, a partir do surgimento da mesoderme, foi possvel se desenvolver a grande
Invertebrados I
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diversidade de animais que conhecemos hoje. A partir da, os animais se transformaram em seres
de simetria bilateral. Alguns deles desenvolveram o celoma, a cavidade do corpo que a grande
maioria dos animais possuem, inclusive os seres humanos. Os animais com celoma se dividiram
em protostomados e deuterostomados, alguns deles ganharam segmentao (metamerizao) e
assim continuou a evoluo dos animais. Eles definem os padres corporais dos animais que
foram ficando cada vez mais complexos medida que o tempo foi passando.
Entretanto, percebam que medida que uma linhagem ganhava complexidade, ou seja,
adquiria tubo digestivo, depois o preenchimento da mesoderme, ou o celoma, uma outra linhagem
se mantinha evoluindo com um padro corporal mais simples, como foi o caso das esponjas e
depois dos cnidrios. Isso no significa que eles no evoluram, ou pararam no tempo. Eles
evoluram adquirindo muitas outras estruturas importantes para sua vida hoje em dia, como o
caso das cnidas nas guas-vivas (as clulas urticantes que fazem esses animais queimarem).
Por outro lado, como eles no possuem algumas estruturas importantes, como a
mesoderme e o celoma, tiveram menor sucesso na Terra do que seus irmos animais que se
diversificaram mais, como os platelmintos, os nemtodos, os insetos e os vertebrados. Basta ver
que a grande maioria das espcies so desses filos mais complexos, alm de que eles
conseguiram colonizar ambientes que as esponjas ou os cnidrios nunca conseguiram, como o
ambiente terrestre.
:: PERGUNTAS?? ::
Existem protistas coloniais e seres multicelulares. Nos dois, as clulas compartilham nutrientes e oxignio. Mas, afinal de contas, quais so as diferenas entre um e outro?
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UNIDADE 5 GUAS-VIVAS, ANMONAS, CORAIS E OUTROS: FILO CNIDARIA
O filo Cnidaria formado por uma grande diversidade de animais aquticos comuns aos
seres humanos, como gua-vivas, caravelas, anmonas, corais, hidras, medusas e gorgnias, a
grande maioria de seres marinhos e alguns poucos representantes de gua doce. Basta ir praia
que pode-se encontrar um cnidrio com certa facilidade, ou ento ser ferroado na gua do mar, o
que causa coceiras e dor. Uma barreira de recifes, construda em parte por numeros tipos de
incontveis corais calcrios, est na frente de todo o litoral paraibano e de vrios estados do
nordeste, por onde sobre pode-se passar uma manh de mar baixa tomando sol e banho do mar
com amigos e familiares.
O nome Cnidaria dado pela sua caracterstica mais importante: todos representantes
tm cnidas, estruturas celulares especiais que cobrem algumas partes do corpo do animal e
causam a irritao na nossa pele. As cnidas so usadas para defesa e predao.
Os cnidrios tm duas formas bsicas: o plipo, que pode ser sssil ou mvel bentnico
(vive no substrato no fundo dos ecossistemas aquticos) e podem formar colnias, e a medusa,
que nadadora pelgicas (vivem na coluna d'gua). Existem espcies que s apresentam
indivduos plipos, algumas apenas com indivduos medusas e outras com as duas formas de
vida.
Eles tm boca e uma cavidade digestiva, mas no tm nus. Possuem sistema nervoso e
muscular e dois tecidos verdadeiros, o de fora, a ectoderme, que forma a epiderme, e o de dentro,
a endoderme, que forma as paredes da cavidade digestiva. Assim, seu plano bsico simples,
parecido com o do ancestral de todos animais com tecidos verdadeiros, que viveu h mais de 600
milhes de anos (talvez h mais de um bilho!), o ser do passado que deu origem a todos os
animais diblsticos e triblsticos, ou os Eumetazoa.
1. PLANO BSICO
Vimos, na unidade 1, o processo de gastrulao, quando o embrio no incio do
desenvolvimento de qualquer Eumetazoa (inclusive o embrio humano) se invagina, criando uma
cavidade interna. No caso dos cnidrios, essa cavidade se transforma na cavidade digestiva,
enquanto a abertura para fora se transforma na boca (Figura 23). Este o tecido interno, ou a
endoderme, que se desenvolve na gastroderme (ou a parede da cavidade digestiva). O tecido de
fora, ou a ectoderme, se desenvolve em epiderme. Entre a epiderme e a gastroderme, ocorre uma
mesoglia proteica gelatinosa ou mais espessa, podendo conter algumas clulas indiferenciadas.
Mais tarde, no desenvolvimento, o embrio cnidrio desenvolve tentculos em um crculo em volta
da boca. Tanto a epiderme como a gastroderme desenvolve clulas musculares com extenses na
base formando uma camada contrtil, assentada sobre a mesoglia, e clulas nervosas, que
formam uma rede nervosa simples. A epiderme ainda desenvolve clulas com cnidas, os
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cnidcitos, principalmente nos tentculos, e a gastroderme, alm de cnidas, desenvolve clulas
que produzem enzimas digestivas.
A simetria dos cnidrios radial, com a boca no centro do plano de simetria. Assim, os
cnidrios no tm parte anterior e posterior (ou parte da frente e de trs), e sim a superfcie
oral, com a boca no centro, e aboral, todo o lado oposto. As medusas nadam com a superfcie oral
para baixo, enquanto os plipos tem a boca posicionada para cima e plipos ssseis ficam com a
superfcie aboral fixa a alguma outra superfcie (da colnia ou em algum substrato).
Figura 23: Plano bsico dos Cnidaria em uma medusa e um plipo, respectivamente. Vermelho =
epiderme, azul = gastroderme, cinza = mesoglia.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/17/Cnidaria_medusa_n_ polyp.png
2. TIPOS MORFOLGICOS - PLIPOS, SOLITRIOS E COLONIAIS, E MEDUSAS
Os plipos so indivduos ssseis ou de mobilidade limitada que vivem nas comunidades
bentnicas dos ecossistemas aquticos. Os tentculos e a boca ficam posicionados para cima e
entre eles se forma uma superfcie em forma de funil, ou hipostmio, ou um disco oral. Os plipos
tm formato tubular dos tentculos at a base, que pode ser em forma de um disco pedal. Eles
podem ficar fixos a algum substrato rgido como as anmonas, com uma base larga, ou podem
ser livres, como as hidras de gua doce, que se locomovem dando cambalhotas, j que elas no
tm nenhum apndice especializado para locomoo.
Muitas espcies so coloniais, ou seja, seus plipos vivem unidos na base,
compartilhando nutrientes e oxignio. Alguns txons, como os hidrozorios e gorgnias,
apresentam os plipos fixos a uma mesma haste que se ramifica como uma rvore, com diversos
indivduos como se fossem as folhas dessa rvore (Figura 24). Em outros, como os corais, os
plipos esto cercados por um esqueleto calcrio construdo por eles mesmos, e unidos por um
estolo que atravessa a parte dura pela base, como se fosse um tnel. Muitas colnias, como as
dos hidrozorios e as caravelas, tm tipos diferentes de plipos, alguns especializados para
predao, outros para reproduo, outros para a digesto, outros para defesa, etc. Em alguns
casos, eles evoluram em morfologias bem diferentes do plano bsico descrito acima.
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Figura 24: Plipos fixos em uma colnia arborescente (Hydrozoa).
Fonte: http://www.marinespecies.org/hydrozoa/aphia.php?p=image&pic=5660
Os plipos podem ter esqueleto, que se apresentam de muitas formas diferentes. O mais
conhecido o esqueleto calcrio duro e espesso dos corais, que chegam a formar verdadeiras
paredes nos recifes. Eles tm formas variadas, desde corais ramificados ou tubulares a esfricos.
Os hidrozorios produzem um esqueleto externo de protena e quitina que reveste toda a colnia,
formando uma fina camada por sobre as hastes e uma estrutura em forma de taa em volta dos
plipos (hidroteca). As gorgnias tm um esqueleto interno axial proteico passando por toda a
haste da colnia. Muitos txons tambm possuem pequenos escleritos calcrios na mesoglia.
As medusas so indivduos nadadores livres que geralmente tm formato de guarda-
chuva. Toda a parte de cima, a superfcie aboral, chama-se umbrela. Os tentculos se posicionam
em toda a volta da borda da umbrela (Figura 25). A mesoglia espessa e gelatinosa, o que d a
esses animais uma consistncia bem mole e aparncia translcida (por isso gua-viva). A
cavidade digestiva ampla e acompanha a forma da umbrela com canais radiais que se
estendem at a borda, prxima aos tentculos. A boca fica no centro da parte inferior da umbrela e
pode ficar na ponta de uma extenso de tecido, como um tubo, chamado manbrio, ou envolta por
compridos braos orais (Figura 25).
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Figura 25: Medusa com tentculos finos saindo da borda da umbrela e braos orais grandes no centro
(Scyphozoa, fotografado na Paraba).
Fonte: Prof. Dr. Thelma Dias.
As medusas nadam pelo movimento de toda a umbrela. Quando a umbrela se contrai, a
gua expulsa para baixo, o que impulsiona o animal para cima. Ao se distender, a umbrela se
abre e assim a gua entra novamente na parte inferior da umbrela. Com os movimentos rtmicos
da umbrela, a medusa pode nadar, mas sempre de forma lenta, sendo a locomoo mais
importante desses animais causada pelas correntes marinhas. Ou seja, elas so mais levadas
pelo mar do que nadam para algum local especfico.
3. ALIMENTAO
A principal forma de alimentao dos cnidrios por predao. Podem comer desde
peixes at protistas microscpicos. Para isso, usam os tentculos cheios de cnidas, que tm
toxinas, para paralisar e matar a presa (Figura 26). Em geral, os tentculos se enrolam na presa e,
em seguida, ela levada boca e ingerida para a cavidade digestiva.
As cnidas so estruturas celulares complexas formadas por um tbulo de colgeno
enrolado. Elas so grandes, ocupando grande parte do volume da clula que a contm, o
cnidcito. Os cnidcitos esto espalhados principalmente nos tentculos, mas podem ser
encontrados em todas as partes do corpo dos cnidrios, inclusive na cavidade digestiva. Ao ser
estimulado com um toque, as cnidas disparam, evertendo de forma violenta o seu tbulo longo.
Elas so armadas com diversos espinhos e ganchos, que perfuram o tegumento de presas ou
predadores, e contm toxinas que so inoculadas no adversrio pelo tbulo.
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Figura 26: Esquema mostrando o funcionamento de uma cnida. Em cima, em repouso dentro do cnidcito,
no meio, o incio da abertura da cnida e, embaixo, a cnida completamente evertida dentro do tegumento de
outro organismo.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2a/Hydra_nematocyst_firing_ 01.png
As toxinas das cnidas so de diferentes classes qumicas e podem subjugar presas bem
grandes, como peixes, ou causar grande irritao e dor ao ser humano. As toxinas de algumas
medusas podem causar at morte, como as das vespas-do-mar da Austrlia, pois so
neurotoxinas poderosas que causam insuficincia respiratria e cardaca. Algumas anmonas das
ilhas do Pacfico tambm podem causar a morte se ingeridas.
:: SAIBA MAIS... ::
Existem 30 tipos diferentes de cnidas, algumas com funes bem diferentes, como as
adesivas (ao invs de serem perfuradoras), e algumas, por exemplo, servem para a construo de
um tubo com funo de proteo em ceriantrios, uma espcie sssil. Mas a grande maioria tem a
funo de ataque e defesa, pela inoculao de toxinas.
Na cavidade digestiva, a digesto comea pela secreo de enzimas pelas clulas da
gastroderme. Como essa cavidade geralmente ampla, principalmente nas medusas, o alimento
distribudo por todo o corpo do animal, j servindo para uma funo de circulao do alimento e
dos nutrientes (lembre-se que os cnidrios no tm sistema circulatrio!). Entretanto, parte da
No nordeste da Austrlia, morre o dobro de pessoas com as vespas-do-mar, medusas da classe Scyphozoa do que de ataques de tubares!
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digesto termina dentro das clulas da gastroderme. Assim, quando o alimento est menor, ele
fagocitado e pinocitado por essas clulas. Depois disso, os nutrientes s podem ser circulados
pelo corpo atravs de trocas entre as clulas, que so bem limitadas se considerarmos um
cnidrio de corpo grande.
4. REPRODUO E OUTRAS FUNES VITAIS
Quando se diz que uma animal simples, estamos falando de poucos orgos ou
sistemas especializados, apesar de existirem neles todas as funes vitais que um ser precisa
para sobreviver. Os cnidrios no tm um sistema respiratrio, mas precisam do oxignio para
sobreviver. Ento, ele simplesmente absorvido por difuso da gua para as clulas da
gastroderme e da epiderme, em qualquer parte do corpo. claro que isso faz com que animais
muito grandes e ativos, como algumas medusas, possam ter dificuldades. Isto compensado pela
ampla cavidade digestiva que estende por toda a umbrela do animal atravs de canais. Por outro
lado, no encontramos nenhum cnidrio com camadas celulares grossas, o que poderia impedir a
difuso de oxignio e gs carbnico. No caso das espessas medusas, a mesoglia, que contm
poucas clulas esparsas, que ocupa grande parte do corpo do animal.
No caso das colnias grandes (Figura 27), como os corais, todos os seus indivduos se
encontram interligados por estoles ou pelas hastes, o que faz que internamente toda a cavidade
digestiva seja nica. Assim, nas colnias, como as que possuem tipos diferentes de plipos, o
alimento capturado por um deles ser levado para toda a colnia pela cavidade digestiva,
inclusive para os plipos que sejam especializados em outras funes, como reproduo ou
defesa.
Figura 27: Colnia grande de antozorios do litoral paraibano.
Fonte: Prof. Dr. Thelma Dias.
O mesmo ocorre com os compostos nitrogenados que so produtos secundrios do
metabolismo, ou seja, a urina. A excreo tambm feita por difuso entre as clulas, at que as
substncias nocivas ao animal sejam levadas para fora na gua do mar.
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A forma de reproduo mais comum entre os cnidrios a assexuada, atravs de
brotamento de novos indivduos de indivduos paternais (Figura 29). Isso ocorre mais
frequentemente com os plipos, sendo que as colnias so todas construdas a partir de poucos
indivduos ue vo se dividindo e multiplicando a colnia. No caso das colnias de hidrozorios, os
novos plipos vo brotando a partir das hastes, enquanto que, nos corais, o indivduo sofre uma
fisso longitudinal, produzindo dois indivduos.
Nas espcies que possuem indivduos plipos e medusas, ocorre a alternncia de
geraes, ou seja, os plipos produzem filhos medusas, e a medusas produzem filhos plipos.
Nesse caso, os plipos do origem a novos indivduos medusas por fisso. As medusas so os
indivduos sexuados: elas produzem gametas a partir da clula da gastroderme, sendo mais
comum as espcies diicas, ou seja, cada indivduo com um sexo. Os gametas so liberados pela
boca na gua do mar. Quando se encontram, ou na coluna d'gua, ou na cavidade digestiva da
fmea, ocorre a fecundao. O embrio se desenvolve em uma larva plnula que nada at se fixar
em um substrato adequado e se desenvolver em um novo plipo.
5. DIVERSIDADE E ECOLOGIA
Os cnidrios so classificados em quatro classes: Hydrozoa, Scyphozoa, Cubozoa e
Anthozoa.
Os Hydrozoa so os mais diversificados, tendo a maioria de seus representantes como
colnias de plipos de vrios tipos e formas diferentes, mas tambm espcies com medusas
apenas (Figura 28). As colnias podem ser em forma de corais (hidrocorais), com esqueletos
calcrios ou quitinosos fortes, ou em forma de rvore, com hastes cobertas de pequenos plipos
(Figura 24), ou at colnias flutuantes, com diversos tipos de plipos com funes diferentes. Os
exemplos mais conhecidos de colnia flutuante so as caravelas (Figura 30). A parte flutuante
um nico indivduo plipo que possui uma bolsa de ar, especializado para manter a colnia na
superfcie. Abaixo dele, existem inmeros plipos com funes diferentes: alguns possuem
tentculos extremamente compridos e tm a funo de captura de presas, outros so
responsveis pela reproduo, alguns s pela ingesto e digesto do alimento. Algumas dessas
colnias podem ter mais de mil indivduos!
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Figura 28: Medusa de Hydrozoa.
Fonte: http://images.tutorvista.com/content/feed/u303/Polyorchis%20pencillatus%20-%20Red%
20Eye%20Medusa.jpg
Figura 29: Um plipo solitrio de Hydra, cnidrio de gua doce, sofrendo brotamento.
Fonte: http://nathistoc.bio.uci.edu/Cnidaria/DSC_1447b.jpg
Figura 30: Caravela, colnia de plipos flutuante no litoral paraibano.
Fonte: Prof. Dr. Thelma Dias.
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O cnidrio de gua doce mais conhecido, a hidra (gnero Hydra), um plipo solitrio
que se locomove e tambm pertence a Hydrozoa (Figura 29). So bastante comuns em qualquer
corpo de gua doce, principalmente os ambientes lnticos (de gua parada), como lagos e
audes. So animais bem pequenos e tem uma reconhecida e impressionante capacidade de
regenerao a partir de poucas clulas.
Os Scyphozoa e os Cubozoa tm as maiores medusas entre os cnidrios e so a fase da
vida mais importante destes animais, tendo plipos pequenos ou mesmo ausentes. As medusas
de Scyphozoa, que so as guas-vivas mais conhecidas, geralmente possuem braos orais bem
desenvolvidos e bastante ornamentados com pregas e dobras, muito maiores e conspcuos do
que os tentculos (Figura 25). comum essas guas-vivas apresentarem pigmentos que deixam
estes animais com coloraes belssimas. Elas tambm apresentam clulas sensoriais
especializadas na borda da umbrela, que so capazes de sentir estmulos mecnicos, como a
aproximao de outro animal, qumicos, e at de recepo de luz, como pequenos olhos
primitivos.
Os Anthozoa s tm representates plipos, sendo as medusas ausentes da classe
(Figura 31). Alguns representantes bem conhecidos so as anmonas, que so plipos de vida
livre, e os corais-verdadeiros, que so grandes colnias recheadas de espessos esqueletos
calcrios, chegando a formar recifes inteiros. Alguns representantes so colnias arborescentes,
como as gorgnias, que chegam a ter galhos grandes, de vrios metros.
Figura 31: Anthozoa do litoral paraibano.
Fonte: Prof. Dr. Thelma Dias.
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Na zona tropical, os corais so muito comuns e em muitas regies formam barreiras
inteiras de recifes, formadas por uma grande diversidade de espcies de cnidrios coloniais. As
colnias formam esqueletos to rgidos e espessos como paredes e seu crescimento durante
milhares de anos faz com que eles se acumulem e formem recifes. Eles so ambientes que
fornecem abrigo e alimento para uma grande diversidade de peixes, poliquetos, moluscos, vermes
e todos os tipos de animais e algas marinhas, sendo os recifes, portanto, os ecossistemas mais
diversificados dos mares. A Grande Barreira da Austrlia o maior recife do mundo, ocupando
uma extenso de mais de 2000 km, e formado principalmente pelos corais. Os nossos recifes,
que se estendem na frente de todo litoral paraibano e muitos outros estados do nordeste, so
primariamente formaes geolgicas de arenito cobertas superficialmente por corais e outros
construtores biolgicos, como algas calcreas e poliquetos ssseis que constrem paredes de
areia (Figura 32). Uma visita ao Picozinho uma tima oportunidade para se conhecer os
nossos recifes de perto e sua diversidade, apesar do grande impacto que esse turismo dirio
causa a ele.
Figura 32: Coral do litoral paraibano.
Fonte: Prof. Dr. Thelma Dias.
A maioria dos corais e vrios outros cnidrios, coloniais e solitrios, vivem em simbiose
com uma diversidade de protistas fotossintetizantes, as zooxantelas. Estes protistas vivem dentro
dos cnidrios, realizando fotossntese e, assim, fornecendo energia aos animais. Por outro lado,
estes endossimbiontes vivem se aproveitando dos nutrientes, do oxignio e da proteo dos
cnidrios. Nos corais, eles ajudam quimicamente a produo do calcrio que vai formar os recifes.
Acredita-se que os recifes, na verdade, atingiram sua importncia atual pela participao
coevolutiva das zooxantelas. Por isso, os corais s conseguem viver prximos superfcie, onde
haja grande quantidade de luz do sol. Acredita-se que, com o aquecimento global causado pelo
efeito estufa, as zooxantelas tenham uma reduo drstica em nvel mundial. Com isso, os corais
sero afetados, reduzindo-se os recifes e, ento, reduzindo em quantidade os ecossistemas mais
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diversificados do bioma marinho. Essa reduo pode ser catastrfica para a diversidade dos
mares e, portanto, para o futuro do planeta.
Quadro de diagnose
9 Animais diblsticos, com uma epiderme e uma gastroderme em camada simples, com uma mesoglia entre elas;
9 Simetria radial, com modificaes para birradial, quadrirradial, entre outras; 9 Eixo corporal oral-aboral; 9 Presena de cnidas, estruturas celulares urticantes com funes na predao, defesa, entre outras; 9 Clulas epiteliomusculares com funo nos movimentos do corpo; 9 Rede nervosa simples; 9 No possuem estruturas nem rgos para respirao, excreo ou circulao, nem sistema nervoso
central;
9 Dois tipos morfolgicos: plipos e medusas; 9 Mais de 11000 espcies descritas.
6. FILO CTENOPHORA
Os ctenforos so animais marinhos planctnicos, ou seja, que vivem deriva na coluna
d'gua. Eles se assemelham bastante com as medusas dos cnidrios por serem gelatinosos e
translcidos. O plano bsico do corpo tambm parecido com o dos cnidrios, com a diferena de
que possuem uma camada completamente celular entre a epiderme e a gastroderme, o
mesnquima (ao invs de uma mesoglia) e possuem poros anais, pequenas sadas do tubo
digestivo, no lado oposto da boca.
Em geral, tm um formato oval, contm oito fileiras longitudinais de clios no corpo (estes
so os ctenos = pentes; phora = portador) e dois longos tentculos adesivos que saem do lado do
corpo. Os ctenforos usam estes tentculos para predar uma grande variedade de animais e
protistas planctnicos.
Eles podem ser encontrados na praia, sendo carregado pelas ondas e muitas vezes seus
clios so iridescentes, fazendo sua chegada um belo espetculo, ainda mais quando esto em
grande abundncia.
:: ARREGAANDO AS MANGAS!! ::
Quando algum sofre um ataque de uma medusa, que tipos de sintomas ela pode ter? Qual o procedimentp para aliviar estes sintomas?
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UNIDADE 6 PLATYHELMINTES, OS VERMES CHATOS
Os platelmintos so animais vermiformes comuns que vivem no mar, gua doce e em
ambientes terrestres midos. O filo tem importantes representantes parasitas de outros animais,
como as solitrias (Taenia) e o Schistosoma, que causam doenas comuns no Brasil. Os de vida
livre so chamados normalmente de planrias, podendo ser aquticas ou animais que vivem nas
florestas, de todos os tamanhos e algumas extremamente coloridas.
Esses animais so pertencentes ao grande clado Bilateria, que incluem os vermes, os
insetos, os moluscos e os vertebrados (ns tambm!), por exemplo. A condio bilateral permitiu a
imensa diversificao dos animais, com aproximadamente um milho de espcies viventes. Com
a simetria bilateral, os animais comearam a se locomover para frente o que ocasionou,
evolutivamente, a aquisio da cabea, to importante em animais mais complexos.
Eles possuem um tubo digestivo complexo, mas possuem apenas boca, sem nus.
Possuem estruturas especializadas para excreo e reproduo, assim como um sistema nervoso
central e cefalizao (estruturas sensoriais e gnglio na frente) e tecidos musculares formando
feixes.
Todos animais bilaterais (do clado Bilateria) tambm so triblsticos, ou seja, tm
ectoderme e endoderme (como os Cnidaria), mas tambm uma mesoderme, ou seja, um tecido
entre a ectoderme e a endoderme. Os platelmintos tm um plano bsico bem parecido com o do
ancestral de todos os Bilateria, apesar de muito deles terem se modificado bastante
evolutivamente, principalmente os parasitas.
1. PLANO BSICO
Ao chamarmos um animal de verme, como os platelmintos, estamos indicando algumas
caractersticas morfolgicas gerais: um verme tem simetria bilateral, tem um corpo comprido e
pouco largo, no tm apndices locomotores, como pernas ou braos (ou, se tm, so curtos) e,
por isso, se locomovem rastejando. Assim, os platelmintos no tm apndices, so compridos
longitudinalmente e, em geral, so achatados dorso-ventralmente, por isso so vermes chatos.
A ectoderme se desenvolve em uma epiderme simples e no sistema nervoso, a
endoderme forma o tubo digestivo e a mesoderme responsvel pelo desenvolvimento da
musculatura e de um mesnquima, ou seja, um tecido de preenchimento, dando ao animal uma
consistncia mais slida quando comparada aos cnidrios. A boca ventral e posicionada no meio
do corpo. Ela leva a um tubo digestivo bastante complexo, com muitos cecos (ramificaes) que
muitas vezes ocupam grande parte do corpo do animal. Dessa forma, o tubo digestivo a nica
cavidade interna do animal.
Com a simetria bilateral, o animal se locomove em direo anterior, ou seja, uma
locomoo unidirecional, fazendo-se necessrio que as estruturas sensoriais estejam nesta
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extremidade, ou seja, no local do corpo onde o indivduo encontra os fatores ambientais, como
uma substncia qumica dissolvida na gua ou um outro animal, por exemplo. Assim, em todos os
animais bilaterais, incluindo os platelmintos, ocorre a cefalizao. Os platelmintos tm na parte
mais anterior do corpo um gnglio, ou seja, um acmulo de neurnios, formando um rgo
especializado, o que auxilia no processamento dos estmulos sensoriais que o animal recebe. As
clulas receptoras qumicas (ou de olfao, ou seja, para cheirar) e tteis se concentram nesta
poro do corpo. Alguns, como as planrias de gua-doce, apresentam expanses laterais da
parte anterior, onde ficam distribudas essas clulas para uma melhor recepo dos estmulos
ambientais. Alguns grupos tm ocelos, estruturas com acmulos de clulas fotorreceptoras, ou
seja, para enxergar. Estes ocelos no conseguem formar imagens, mas, pelo menos, distinguem
claro e escuro.
2. LOCOMOO E FIXAO
Os platelmintos tm muitos clios em suas clulas epidrmicas, principalmente na face
ventral do corpo. Nos animais de vida livre, os movimentos sincronizados desses clios permitem
que eles deslizem sobre o substrato. Em conjunto com os clios, a face ventral apresenta vrios
sulcos no tegumento, fazendo com que pequenos movimentos musculares auxiliem no
rastejamento do animal. Como esses vermes no possuem esqueleto, seu tegumento est
desprotegido, o que faria com que gros de areia ou outras partculas ferissem o animal. Isso no
ocorre porque todos os platelmintos produzem uma grande quantidade de muco nas clulas
epidrmicas que secretado para fora, o que os protege fisicamente e quimicamente. Nos
animais de vida livre, este muco garante o deslizamento do animal at em terrenos bem secos.
Os parasitas, em geral, se locomovem muito pouco, ficando fixos nas paredes de algum
outro animal. Muitos, por exemplo, se fixam nas paredes internas do intestino do hospedeiro,
absorvendo os nutrientes digeridos, ou ento sugando o sangue dos vasos sanguneos mais
prximos. Para isso, algumas espcies usam espinhos para se agarrar nas paredes do
hospedeiro, algumas usam ventosas, ou seja, expanses circulares de tegumento que funcionam
como um desentupidor de pia. Alguns tipos de ventosas esto em volta da boca, j servindo como
estruturas que auxiliam na alimentao tambm. Estas estruturas de fixao se localizam nas
extremidades anterior e posterior do corpo desses parasitas.
3. ALIMENTAO E OUTRAS FUNES VITAIS
A maioria dos platelmitos so carnvoros, podendo ser predadores, necrfagos (que se
alimentam de carne morta) ou parasitas. Os animais de vida livre normalmente tm na entrada da
boca uma faringe que pode ser evertida. Ela simplesmente uma dobra da ectoderme que fica
para dentro da boca e evertida, como um pequeno tubo, para atacar alguma presa ou para
sugar o alimento. Alguns predadores chegam a ter ganchos duros associados faringe. Para
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auxiliar a predao, alguns txons usam o muco para prender a presa, j que preciso
compensar, de alguma forma, a baixa mobilidade desses animais.
Em geral, a digesto comea do lado de fora do corpo. O animal secreta enzimas
digestivas sobre a presa ou matria morta que vai comer e, ento, suga o alimento para o
intestino, onde continua a digesto. O intestino dos platelmintos muito ramificado e est
espalhado por quase todo seu corpo. Um intestino to desenvolvido quase necessrio para os
Platyhelminthes, j que eles no possuem sistema circulatrio. Assim, os cecos (ramos do
intestino) leva nutrientes e gua para todas as partes do corpo, sendo que uma parte difundida
pelas clulas.
Os restos alimentares so excretados pela boca, pois eles no possuem nus. Este
uma condio primitiva entre os Eumetazoa, mantido apenas em Cnidaria e Platyhelminthes. Os
outros Bilateria possuem uma boca e um nus como plano bsico.
Eles no possuem um sistema respiratrio, ento o oxignio absorvido diretamente
pelo tegumento e difundido pelos tecidos. Dessa forma, um platelminto no pode ser grande, pois
dificultaria muito a chegada de oxignio aos tecidos mais internos. Por essa razo que muito
deles tm um formato achatado, pois, com esta forma, a superfcie de absoro fica aumentada
em relao ao volume do animal.
Os Platyhelminthes excretam compostos nitrogenados (urina) e excesso de gua, uma
necessidade dos que vivem principalmente na gua doce, atravs de pequenas estruturas
chamadas protonefrdios. A maioria dos Bilateria tm nefrdios e os platelmintos tm um proto,
pois muito mais simples do que dos outros animais. Ele composto por pequenos bulbos
espalhadas em disposio longitudinal e bilateral pelo corpo. Os bulbos so as clulas-flama, que
so flageladas e ficam se mexendo o tempo todo, como a chama de uma fogueira (por isso o
nome). Elas absorvem do mesnquima principalmente o excesso de gua, ou seja, elas tm uma
funo osmorregulatria, mas tambm absorve amnia, produto nitrogenado