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1 Marco Legal da Inovação no Brasil: impacto nas empresas Walkyria M. Leitão Tavares Consultora Legislativa da Câmara dos Deputados Brasília, 26 de maio de 2008

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Marco Legal da Inovação no Brasil: impacto nas empresas

Walkyria M. Leitão Tavares Consultora Legislativa da

Câmara dos Deputados

Brasília, 26 de maio de 2008

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Resumo• Papel da CCTCI da Câmara dos Deputados• Legislação de apoio à inovação• Fragilidades e avanços dos instrumentos:

– FNDCT/Fundos Setoriais– Lei de Inovação– Incentivos Fiscais (Lei do Bem)– Estímulo a MPES (Lei do Simples)– Lei do FNDCT

• Conclusões

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A Ação da CCTCI na área de Ciência e Tecnologia• Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e

Informática - CCTCI - atua: – no aperfeiçoamento dos marcos legais e no

acompanhamento e fiscalização das ações do Poder Executivo

– no acompanhamento da execução orçamentária dos fundos setoriais

– para garantir a aplicação integral dos recursos orçamentários previstos nas rubricas de ciência e tecnologia (emendas à LDO)

– propõe todos os anos emendas ao orçamento destinando recursos ao setor

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1969

Legislação brasileira de incentivo à inovação

1993

2004

2005

2006

Decreto-LeiFNDCT

PDTI e PDTA

Lei de Inovação

Lei do Bem

Lei do Simples

Incentivos para empresas que investirem em P&D

Estímulo aos pesquisadores, às universidades e às empresaspara participar do processo de inovação.

A partir de 1997, leis criaram: 12 fundos setoriais; 2 horizontais (Infra e VA) e 1 regional (Amazônia)

Capítulo III - Incentivos fiscais para inovação. (Substituiu incentivos da Lei PDTI/PDTA)

Incentivos à inovação tecnológica para microempresas e empresas de pequeno porte

2007 Lei do FNDCT

Criação do Conselho Diretor, definição da distribuição por modalidade e legalização das ações transversais.

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FNDCT/Fundos Setoriais

• Vinculações legais de receitas (royalties, compensação financeira, receitas de licenças e autorizações, CIDE) oriundas de diversos setores da economia

• Receitas dos fundos - destinadas ao FNDCT

• Execução - FINEP e CNPq - mediante editais

• Percentual mínimo de aplicação em instituições localizadas nas regiões N, NE e CO.

• Fundo de Infra-estrutura - destina 20% dos recursos dos outros fundos para universidades publicas (prédios e laboratórios)

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FNDCT/ Fundos Setoriais (fragilidades)

• Execução orçamentária descolada da arrecadação

Arrecadação X Autorização e Pagamento

0

500.000.000

1.000.000.000

1.500.000.000

2.000.000.000

2.500.000.000

2003 2004 2005 2006 2007

Arrecadado

Autorizado

Pago

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FNDCT/ Fundos Setoriais (fragilidades)

• Emendas à LDO impedem contingenciamento, porém não impedem a alocação em Reserva de Contingência dos recursos arrecadados - 2006 - 35,9%; 2007 - 31,5%; 2008 - 36,5% (estimativa).

• Em 2006, recursos empenhados e liquidados passaram de 80%dos autorizados, porém foram pagos apenas 44% (execução fechada).

• Em 2007, recursos empenhados e liquidados passaram de 93%dos autorizados, porém foram pagos apenas 54% (até o momento).

• Recursos alocados em Reserva de Contingência e os não pagos ao final do exercício têm sido desvinculados

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FNDCT/Fundos Setoriais (fragilidades)

• Destinação de recursos p/ regiões N, NE e CO - de difícil cumprimento

• Aplicação de recursos amarrada ao setor que contribuiu para cada fundo setorial - independente da relevância do setor e da existência de massa crítica de pesquisadores e laboratórios

• Cada fundo gerido de forma independente - sem visão de conjunto

• Aplicação dos recursos em instituições de pesquisa e não em empresas - principal local de inovação

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FNDCT/Fundos Setoriais (avanços)

• Editais específicos para regiões N, Ne, CO• Ações transversais - mecanismo utilizado pela

Finep para destinar recursos de vários fundos para apoiar um mesmo projeto/atividade

• Lei de Inovação - destinou parcela de recursos do FNDCT para subvenção econômica de empresas

• Nova Lei do FNDCT - gestão operacional mais integrada com Conselho Diretor, autoriza aplicação de recursos em empresas e em fundos de investimentos para inovação.

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Lei de Inovação (Lei nº 10.973, de 2004)

• Instituições de Ciência e Tecnologia - compartilhamento de infra-estrutura, transferência de tecnologia sem licitação, prestação de serviços

• Pesquisador - ICT pode ceder direitos ao criador, dar a ele participação nos ganhos, afastamento para outra ICT ou para empresa

• Empresa privada - autoriza participação da União em capital de empresa de base tecnológica, cria subvenção econômica (percentual mínimo dos recursos do FNDCT), e estabelece que serão dados incentivos fiscais à inovação tecnológica

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Lei de Inovação (fragilidades)• Maioria dos mecanismos voltados para as ICT já

existiam e somente foram “legalizados” - incubadoras, compartilhamento de infra-estrutura laboratorial, pagamentos via fundações, etc

• Entre as novidades: – Subvenção Econômica ainda não se firmou como

mecanismo de incentivo à inovação: em 2006 e 2007, execução orçamentária ficou em 20% do total autorizado.

– Participação da União em empresas e criação de Fundos Mútuos de Investimentos - ainda não saíram do papel

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Lei de Inovação (principal avanço)– Subvenção econômica:

• permite aplicação de parcela dos fundos setoriais no apoio a P&DI em empresas e atrela esses investimentos às prioridades da Política Industrial e de Comércio Exterior

• ato conjunto MDIC/MCT - define percentual do FNDCT para subvenção econômica e percentual da subvenção para micro e pequenas empresas

• descentralização da subvenção voltada para micro e pequenas empresas mediante convênios celebrados pela Finep e agências de fomento e instituições de crédito oficiais (aumento da capilaridade)

• utilização dos recursos - contratação de pesquisadores mestres e doutores - incentivo da Lei do Bem (art. 21)

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Lei de Inovação (outros avanços)– Incentivos Fiscais - foram instituídos pela Lei do

Bem– Estímulo à transferência de tecnologia -

constituição de empresas por pesquisadores e licenciamento de criações sem licitação

– Estímulo à Inovação nas ICT - participação mínima dos criadores nos resultados da exploração de invento

– Prevê tratamento favorecido a empresas de pequeno porte

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Incentivos Fiscais (Capítulo III da Lei nº 11.196, de 2005 - Lei do Bem)

• Exclusão do lucro líquido e da base de cálculo da CSLL de valor correspondente a 60%dos dispêndios, classificados como despesas operacionais pela legislação do IRPJ, realizados com P&D– exclusão pode chegar a 80% se houver

incremento de pesquisadores dedicados a P&D– percentual pode ser aumentado em 20% se

houver concessão de patente ou registro de cultivar

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Incentivos Fiscais (Capítulo III da Lei nº 11.196, de 2005 - Lei do Bem)

• Dedução de 50% do IPI - bens destinados a P&D• Depreciação acelerada de bens tangíveis e

amortização acelerada de bens intangíveis destinados à P&D

• Crédito do IRRF retido sobre valores pagos (royalties, assistência técnica e serviços- 20% até 2008 e 10% de 2009 a 2013)

• Redução a zero da alíquota do IRRF de remessas ao exterior relacionadas à propriedade industrial.

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Incentivos Fiscais - Cap. III da Lei do Bem (fragilidades)

• Incentivos são quase os mesmos do PDTI/PDTA • Mecanismo continua mais voltado para empresas (de

médio e grande porte) que já aplicavam em inovação• Não possui prioridades vinculadas à Política

Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior, nem relacionadas com as prioridades da subvenção econômica

• Empresas de base tecnológica de micro e pequeno porte são beneficiadas apenas indiretamente ao serem contratadas pelas de médio e grande porte

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Incentivos Fiscais - Cap. III da Lei do Bem (avanços)

• Estímulo à contratação de pesquisadores pelas empresas e à obtenção de patente ou ao registro de cultivares - aumento no percentual de dedução dos dispêndios com P&D

• Incentivo à contratação de ICTs e de micro e pequenas empresas por PJ beneficiária dos incentivos - valores transferidos podem ser deduzidos pela PJ e não entram como receita para as micro e pequenas empresas.

• União pode subvencionar parte da remuneração de pesquisadores, titulados como mestres e doutores, empregados em atividades de P&D nas empresas.

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Estímulo à inovação nas MPEs -Lei do Simples

• Seção II da Lei do Simples (Lei Complementar 123/2006)– tratamento favorecido a MPEs no acesso a

programas da União, Estados, DF e Municípios e suas agências de fomento

– Aplicação mínima de 20% dos recursos governamentais destinados à inovação em MPEs

– Incentivos Fiscais: redução a zero de IPI, da COFINS e do PIS/PASEP na aquisição de bens por MPEs que desenvolvam atividade de inovação

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Estímulo à inovação nas MPEs -Lei do Simples (avanços)

• Transforma em realidade prioridade a microempresas e empresas de pequeno porte prevista na Lei de Inovação

• Supre fragilidade da Lei do Bem, cujos incentivos fiscais são mais voltados para empresas de médio e grande porte

• Pode compensar algumas dificuldades enfrentadas pelas MPEs no processo de inovação, tais como: falta de garantias, de maturidade técnica e de habilidade gerencial

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Lei do FNDCT

• Institui gestão operacional integrada dos fundos setoriais

• Cria Conselho Diretor do FNDCT• Abre a possibilidade de aplicação dos

recursos em empresas - até 25% na forma reembolsável

• Autoriza uso desses recursos em fundos de investimentos em empresas inovadoras

• “Legaliza” as chamadas ações transversais

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Conclusões• Marco legal, exceto a Lei do Bem, parece suficiente

para incentivar a inovação nas ICT e nas empresas e para compensar dificuldades enfrentadas pelas MPEs

• Problemas parecem estar centrados na operacionalização e na gestão de alguns instrumentos - necessidade de diagnóstico

• Falta acompanhamento e avaliação de resultados• Lei do Bem - incentivos fiscais necessitam ser mais

focados - com prioridade aos mesmos setores atingidos pela subvenção econômica

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Conclusões (cont.)• Questão orçamentária é crucial - deve ser cobrada

do governo promessa de alocação em Reserva de Contingência de parcela cada vez menor dos recursos arrecadados pelos fundos setoriais

• Restrição à liberação de recursos financeiros ao longo do ano fragiliza o instrumento (até 17/05/2008, foram empenhados e liquidados 9,3% e pagos 7,6%)

• Percentual pago muito menor do que empenhado/liquidado ao final dos exercícios 2006 e 2007.

• CCTCI deve ficar atenta aos projetos de lei e medidas provisórias que desvinculam recursos que ficam no caixa do Tesouro ao final de cada exercício