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Relatório de Inflação Setembro 2002 11 1 – Nível de atividade A evolução da atividade econômica no segundo trimestre de 2002 e início do terceiro refletiu a instabilidade cambial observada a partir de maio, principalmente em decorrência do seu impacto sobre as expectativas quanto às condições futuras da economia. Como conseqüência, observou-se a retração de gastos, sobretudo os associados a investimentos e a bens de consumo duráveis cujas demandas mostram-se sensíveis a decisões que envolvem horizonte de tempo mais amplo. Contudo, fatores como os desembolsos de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o incremento da renda agrícola têm sustentado o consumo, em particular de bens com menor valor unitário. 1.1 – Vendas no varejo As vendas do comércio varejista contraíram 0,5% nos primeiros sete meses do ano, com- parativamente ao período correspondente de 2001, segundo o Índice de Volume de Vendas no Varejo, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As comparações trimestrais evidenciam que o ritmo de arre- fecimento das vendas se manteve ao longo do período, registrando-se contrações de 0,9% no primeiro trimestre e de 0,8% no segundo trimestre, relativamente a iguais períodos do ano anterior. A desagregação dos resultados mostrou que das cinco atividades que compõem o indicador geral, apenas combustíveis e lubrificantes, Índice de Volume de Vendas no Varejo - Brasil Variação % no ano Discriminação 2001 2002 Mar Abr Mai Jun Jul Comércio varejista -1,6 -0,9 -1,1 -0,6 -0,8 -0,5 Combustíveis e lubrificantes -2,8 5,3 5,1 4,5 3,3 3,9 Hipermercados, supermercados 0,4 0,0 -1,6 -0,7 -0,9 -0,7 Tecidos, vestuário 1,6 -2,5 -2,2 -3,3 -4,1 -2,6 Móveis e eletrodomésticos -1,4 -1,4 1,0 1,2 1,3 1,1 Demais artigos de uso pessoal -6,3 -4,6 -3,6 -2,9 -2,6 -2,0 Automóveis, motocicletas -3,6 -23,4 -20,6 -21,1 -21,6 -21,4 Fonte: IBGE

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Relatório de Inflação Setembro 2002

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1 – Nível de atividade

A evolução da atividade econômica no segundo trimestre de 2002 einício do terceiro refletiu a instabilidade cambial observada a partirde maio, principalmente em decorrência do seu impacto sobre asexpectativas quanto às condições futuras da economia. Comoconseqüência, observou-se a retração de gastos, sobretudo osassociados a investimentos e a bens de consumo duráveis cujasdemandas mostram-se sensíveis a decisões que envolvem horizontede tempo mais amplo. Contudo, fatores como os desembolsos derecursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e oincremento da renda agrícola têm sustentado o consumo, emparticular de bens com menor valor unitário.

1.1 – Vendas no varejo

As vendas do comércio varejista contraíram0,5% nos primeiros sete meses do ano, com-parativamente ao período correspondente de2001, segundo o Índice de Volume de Vendasno Varejo, calculado pelo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE). As comparaçõestrimestrais evidenciam que o ritmo de arre-fecimento das vendas se manteve ao longo doperíodo, registrando-se contrações de 0,9% noprimeiro trimestre e de 0,8% no segundotrimestre, relativamente a iguais períodos do anoanterior.

A desagregação dos resultados mostrou que das cinco atividadesque compõem o indicador geral, apenas combustíveis e lubrificantes,

Índice de Volume de Vendas no Varejo - BrasilVariação % no ano

Discriminação 2001 2002

Mar Abr Mai Jun Jul

Comércio varejista -1,6 -0,9 -1,1 -0,6 -0,8 -0,5

Combustíveis e lubrificantes -2,8 5,3 5,1 4,5 3,3 3,9

Hipermercados, supermercados 0,4 0,0 -1,6 -0,7 -0,9 -0,7

Tecidos, vestuário 1,6 -2,5 -2,2 -3,3 -4,1 -2,6

Móveis e eletrodomésticos -1,4 -1,4 1,0 1,2 1,3 1,1

Demais artigos de uso pessoal -6,3 -4,6 -3,6 -2,9 -2,6 -2,0

Automóveis, motocicletas -3,6 -23,4 -20,6 -21,1 -21,6 -21,4

Fonte: IBGE

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3,9%, e móveis e eletrodomésticos, 1,1%,apresentaram resultados positivos na comparaçãoentre os primeiros sete meses de 2002 e do anoanterior. As vendas relativas a tecidos, vestuárioe calçados; demais artigos de uso pessoal edoméstico; e hipermercados, supermercados,produtos alimentícios, bebidas e fumo contraíram2,6%, 2% e 0,7%, respectivamente, no período.No segmento de vendas automotivas, apre-sentado à parte na pesquisa do IBGE porque nãocompõe o índice geral do comércio, o declínioalcançou 21,4%.

Por estados, os que apresentaram melhoresresultados foram Amapá, Piauí, Tocantins eMaranhão, enquanto, Acre, Alagoas, Rio Grandedo Sul e Paraná apresentaram as quedas maisacentuadas.

As estatísticas para a Região Metropolitana deSão Paulo (RMSP), divulgadas pela Federaçãodo Comércio do Estado de São Paulo(Fecomercio SP) registraram expansão de 0,8%do faturamento nos primeiros oito meses do ano.De acordo com a série dessazonalizada, quepermite avaliar a evolução no curto prazo,registrou-se arrefecimento da recuperação dosetor, no segundo trimestre, quando as vendasexpandiram 1,2%, ante 2,2%, no primeirotrimestre, relativamente ao períodoimediatamente anterior. Agregando-se os dados

de julho e agosto nota-se novo movimento de expansão,possivelmente impulsionado pelas liberações do FGTS.

A tendência de desaceleração decorreu, basicamente, do desempenhode bens de consumo. Assim, a taxa de variação das vendas de bensduráveis passou de 1,1%, no primeiro trimestre, para -0,3%, nosegundo; as de semiduráveis, de 2% para -2,5%; e as de não-duráveis,de 5,2% para 1,9%.

Faturamento real do comércio varejista na RMSPVariação percentual

Discriminação 2002

Mar Abr Mai Jun Jul Ago*

No mês1/

Geral 2,3 -2,8 3,7 -0,2 -1,9 4,1

Bens de consumo 4,0 -3,9 4,0 -0,5 -3,9 4,0

Duráveis 0,7 0,4 -0,4 -1,7 -7,1 -6,4

Semiduráveis -1,4 -3,4 3,5 -0,9 5,3 2,9

Não-duráveis 10,3 -11,5 11,8 -0,1 -0,9 12,4

Comércio automotivo -1,6 5,8 -9,6 1,5 -0,9 15,3

Concess. de veículos -0,5 8,0 -12,0 2,2 0,1 15,1

Autopeças e acessórios -2,7 0,2 0,5 -5,8 5,9 1,6

Material de construção 1,6 2,1 4,3 -1,3 3,4 7,6

Trimestre/trimestre anterior1/

Geral 2,2 1,6 2,4 1,2 1,8 1,4

Bens de consumo 4,5 3,0 3,7 1,1 1,0 -0,5

Duráveis 1,1 0,3 0,6 -0,3 -3,3 -8,4

Semiduráveis 2,0 -0,8 -2,9 -2,5 1,9 4,9

Não-duráveis 5,2 3,6 6,1 1,9 5,9 6,8

Comércio automotivo -11,2 -7,0 -5,4 -2,5 -6,0 0,9

Concess. de veículos -14,4 -8,6 -5,9 -1,5 -6,2 1,1

Autopeças e acessórios -0,1 0,8 0,4 -2,8 -2,3 -1,2

Material de construção -0,8 2,6 6,8 5,9 6,6 7,2

No ano

Geral -4,6 -4,7 -2,5 -1,4 -0,5 0,8

Bens de consumo -0,9 -1,7 0,8 2,0 2,7 3,7

Duráveis -5,6 -3,9 -2,2 -1,0 -1,1 -2,1

Semiduráveis -21,9 -22,3 -23,3 -23,5 -20,9 -18,5

Não-duráveis 3,5 0,5 4,0 5,6 6,8 10,2

Comércio automotivo -25,4 -21,8 -22,3 -22,7 -21,6 -18,5

Concess. de veículos -30,2 -26,0 -26,6 -26,8 -25,6 -21,9

Autopeças e acessórios 0,0 -0,2 -0,2 -1,6 -1,3 -1,7

Material de construção -24,2 -21,6 -19,3 -18,3 -15,9 -12,9

Fonte: Fecomercio SP

1/ Dados dessazonalizados.

* Preliminar.

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Relatório de Inflação Setembro 2002

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A avaliação dos resultados por segmento varejista evidencia fatoresque têm influenciado marcadamente o comércio neste ano. Dessaforma, as vendas acumuladas até agosto no comércio automotivo ede materiais de construção, setores mais sensíveis à evolução dastaxas de juros e das expectativas, declinaram 18,5% e 12,9%,respectivamente. Por outro lado, as vendas de bens de consumo não-duráveis, em que preponderam itens de menor valor unitário,acumularam, no mesmo período, crescimento de 10,2%.

De acordo com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), asconsultas ao Usecheque, indicador de transações à vista e de menorvalor, registraram crescimento de 7,9% até julho, e as consultas aoServiço de Proteção ao Crédito (SPC), indicador de vendas à prazo,recuaram 1,1%, no mesmo período.

Influenciadas pela volatilidade cambial e pelasincertezas inerentes ao período eleitoral, asexpectativas dos consumidores mostraramacentuada oscilação a partir do final do segundotrimestre. Em setembro, o Índice das Intençõesdo Consumidor (IIC), divulgado pela FecomercioSP, cresceu expressivamente, alcançando o maiorpatamar desde maio de 2001.

Em relação aos financiamentos, conforme aAssociação Nacional dos Executivos de Finanças,Administração e Contabilidade (Anefac), atrajetória de queda gradual da taxa de jurospraticada no comércio varejista, iniciada emdezembro de 2001, foi interrompida no início dosegundo trimestre de 2002, quando atingira6,62% a.m., permanecendo estável nos mesessubseqüentes. Na abertura por tamanho dasempresas, observou-se, em julho, taxas menores

nas grandes redes, 5,55% a.m., do que as observadas nas médias,6,81% a.m., e pequenas empresas, 7,44% a.m.

Os indicadores de inadimplência, embora ainda elevados, comocontrapartida do comportamento desfavorável dos salários e

Taxa de juros média praticados no comércio% a.m.

Discriminação 2002

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul

Juros médios 6,70 6,66 6,64 6,62 6,62 6,62 6,63

Por redes

Grandes 5,67 5,64 5,61 5,58 5,58 5,55 5,55

Médias 6,91 6,88 6,86 6,82 6,82 6,81 6,81

Pequenas 7,54 7,52 7,50 7,47 7,47 7,44 7,44

Fonte: Anefac

Índice das Intenções do Consumidor (IIC)

60

70

80

90

100

110

120

Jan2001

Mar Mai Jul Set Nov Jan2002

Mar Mai Jul Set

IIC Intenções atuais Intenções futuras

Fonte: Fecomercio SP

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rendimentos, bem como do patamar das taxas dejuros, apresentaram tendência de queda a partirdo fim do primeiro trimestre de 2002, sendointensificada recentemente. Esse movimentorefletiu, em parte, o início dos desembolsos derecursos do FGTS, em junho.

Dessa forma, a taxa líquida de inadimplência noSPC, medida pela ACSP, situou-se em 4,7% emagosto, ante 7,2% no mês anterior. Em setembro,a continuidade de tais desembolsos deverá seguircontribuindo para a queda da inadimplência. Amédia da taxa de inadimplência de janeiro a

agosto de 2002 atingiu 7,2%, ante 8,4%, no período corres-pondente em 2001.

O indicador de inadimplência divulgado pela Teledata, comabrangência nacional, sugere tendência semelhante, com a taxa médiadeclinando de 2,7%, nos primeiros três meses de 2002, para 2%,nos três meses subseqüentes, e 1,8% no bimestre julho-agosto.

A redução da inadimplência também é referendada pela evolução darelação entre o total de cheques devolvidos por insuficiência defundos e o total de cheques compensados, que contraiu de 5,2%, noprimeiro trimestre, para 4,3%, em agosto.

Resumidamente, as vendas varejistas continuaram a apresentarmovimento de recuperação, delineado desde o final de 2001. Essecomportamento vem sendo sustentado, fundamentalmente, pelasvendas de bens de consumo de menor valor unitário. A recuperação,entretanto, ocorreu em ritmo menos intenso de abril a junho, devidoà evolução desfavorável das expectativas no período, com impactonegativo sobre as vendas de bens de consumo duráveis, em especial,sobre o comércio automotivo.

A continuidade dos desembolsos do FGTS, provavelmente emvolume mais representativo em setembro, e a tendência derecuperação das expectativas dos consumidores, sugeremperspectivas favoráveis para as vendas nos próximos meses.

Indicadores de inadimplênciaTaxa

Discriminação 2001 2002

Média I Tri Abr Mai Jun Jul Ago

SPC (SP)1/

7,5 6,0 9,4 8,8 8,0 7,2 4,7

Cheques devolvidos2/4,7 5,2 5,0 4,9 5,0 4,6 4,3

Telecheque (RJ)3/

1,7 3,4 2,4 1,6 1,6 1,8 1,6

Telecheque (Nacional)3/ 4/2,1 2,7 2,4 1,9 1,8 1,9 1,7

Fonte: ACSP, Bacen e Teledata

1/ Novos registros (-) registros cancelados/consultas realizadas (t-3).

2/ Cheques devolvidos por insuficiência de fundos/cheques compensados.

3/ Cheques devolvidos/cheques recebidos.4/ Médias das seguintes cidades: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo

Horizonte, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro.

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Relatório de Inflação Setembro 2002

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1.2 – Produção e produto interno bruto

1.2.1 – Produção industrial

Após a recuperação delineada nos primeirosmeses do ano, a produção industrial apresentoucontração mensal de 5,2% em maio, segundo aPesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE. Esseresultado, embora incorporasse o efeito daincidência do feriado da páscoa em março sobreo processo de dessazonalização, sugere perda dedinamismo do setor fabril, movimento observadonos dois meses subseqüentes. Nos sete primeirosmeses deste ano, relativamente a igual períododo ano anterior, a produção industrial assinalouvariação de 0,4%.

Embora a evolução da indústria, principalmentea partir de maio, não tenha sido favorável, odesempenho de setores menos atingidos peladeterioração de expectativas e favorecidos pelosresultados positivos da agropecuária ajudaram aamenizar a desaceleração no período.Adicionalmente, a produção extrativa mineralvoltou a se destacar, registrando, no primeirosemestre, o maior crescimento no período desde1996, reflexo de recordes sucessivos na produçãode petróleo.

A análise por categorias de uso, considerandoestatísticas até julho, revela expansão apenas nasproduções de bens intermediários e de bens deconsumo semiduráveis e não-duráveis, taxas de0,7% e 0,5%, respectivamente. Assinale-se queos resultados positivos, embora modestos,

deveram-se, em ambas categorias, ao comportamento favorável desegmentos específicos. Nesse sentido, em bens intermediáriosressalte-se a produção de derivados de petróleo no período e o

Produção industrialVariação percentual

Discriminação 2002

Mar Abr Mai Jun Jul

Indústria geral

No mês1/ - 0,5 5,0 - 5,2 0,9 0,0

Trimestre/trimestre anterior1/ 2,7 2,9 1,6 1,3 - 1,7

Mesmo mês do ano anterior - 3,7 6,1 - 1,0 0,7 3,3

Acumulado no ano - 2,1 0,0 - 0,2 - 0,1 0,4

Acumulado em 12 meses - 0,7 - 0,7 - 1,1 - 1,0 - 0,8

Indústria de transformação

No mês1/ - 1,7 6,3 - 6,1 1,0 0,3

Trimestre/trimestre anterior1/ 2,0 2,4 1,0 1,2 - 2,1

Mesmo mês do ano anterior - 5,6 5,2 - 3,1 - 0,8 2,4

Acumulado no ano - 3,4 - 1,2 - 1,6 - 1,5 - 0,9

Acumulado em 12 meses - 1,2 - 1,2 - 1,9 - 1,8 - 1,6

Extrativa mineral

No mês1/ 3,7 1,6 2,2 - 0,9 - 1,0

Trimestre/trimestre anterior1/ 10,0 7,0 7,3 5,4 3,5

Mesmo mês do ano anterior 13,2 13,7 18,8 13,4 10,4

Acumulado no ano 8,5 9,8 11,6 11,9 11,6

Acumulado em 12 meses 3,2 3,7 4,9 5,5 5,8

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

Produção industrialDados dessazonalizados2000=100

90

100

110

120

Jan2000

Mar Mai Jul Set Nov Jan2001

Mar Mai Jul Set Nov Jan2002

Mar Mai Jul

Total Indústria de transformaçãoExtrativa mineral

Fonte: IBGE

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Relatório de Inflação Setembro 2002

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esforço de substituição de importações daindústria. De fato, embora a produção fabril nesteprimeiro semestre tenha se mantido estável emrelação a igual período de 2001, a importação debens intermediários mostrou queda de 8% namesma base de comparação. Adicionalmente, ocrescimento da produção de bens de consumosemiduráveis e não-duráveis, deveu-se,principalmente, ao desempenho dos segmentos deprodutos alimentícios e fumo.

Em relação às demais categorias, os resultadosnegativos devem ser atribuídos a adversidadesconjunturais que afetaram expectativas econdições de crédito. A produção de bens deconsumo duráveis contraiu 3,4% nos seteprimeiros meses, influenciada pela retração dasvendas no comércio automotivo. O recuoobservado só não foi mais intenso devido aodesempenho de eletrodomésticos, em razão doincremento das vendas de televisores para aCopa do Mundo e, posteriormente, peloaumento das vendas de produtos portáteis, demenor valor unitário.

Em relação ao setor automobilístico, odecréscimo de 9,4% na produção, no ano, atéjulho, esteve associado ao recuo de 11,1% nasvendas, reflexo dos decréscimos de 13,6% nasvendas para o mercado interno e de 1,6% nasexportações.

A produção de bens de capital também foiinfluenciada pelo aumento de incertezas e peladeterioração das condições de crédito, assimcomo pela desaceleração dos investimentos parageração e transmissão de energia. Nesse contexto,registrou contração de 1% nos primeiros sete

Produção industrial por categoria de usoVariação percentual

Discriminação 2001 2002

Dez Abr Mai Jun Jul

No mês1/

Produção industrial 1,1 5,0 - 5,2 0,9 0,0

Bens de capital - 0,6 7,3 - 9,6 3,3 0,8

Bens intermediários 1,3 3,0 - 2,4 0,3 - 0,2

Bens de consumo 0,8 8,2 - 10,4 1,3 0,8

Duráveis 5,7 10,1 - 13,9 1,3 2,2

Semi e não-duráveis - 0,7 7,0 - 8,4 0,6 0,3

Trimestre/trimestre anterior1/

Produção industrial - 0,4 2,9 1,6 1,3 - 1,7

Bens de capital - 6,1 6,9 2,7 1,4 - 3,7

Bens intermediários - 1,3 3,9 1,8 1,2 - 0,6

Bens de consumo 2,7 0,6 - 0,3 - 0,1 - 4,8

Duráveis 11,1 4,1 1,7 1,1 - 6,5

Semi e não-duráveis 0,8 0,1 - 0,6 - 0,3 - 4,2

No ano

Produção industrial 1,5 0,0 - 0,2 - 0,1 0,4

Bens de capital 12,7 0,3 - 1,0 - 1,1 - 1,0

Bens intermediários - 0,2 - 0,3 - 0,1 0,2 0,7

Bens de consumo 1,3 0,6 - 0,5 - 1,0 - 0,4

Duráveis - 0,6 - 3,8 - 5,2 - 5,3 - 3,4

Semi e não-duráveis 1,8 1,9 1,0 0,3 0,5

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

Indústria automobilística - produção e vendasVariação percentual

Discriminação 2002

Mar Abr Mai Jun Jul

No mês1/

Produção de autoveículos 1,1 0,8 -7,0 3,7 -4,3

Vendas totais -2,1 1,3 -7,7 6,3 -2,5

Mercado interno 2,3 -3,8 -9,8 7,3 -4,5

Exportações -2,0 12,3 2,1 -5,3 0,6

Trimestre/trimestre anterior1/

Produção de autoveículos 3,4 -3,0 -3,8 -4,1 -5,2

Vendas totais -5,2 -6,5 -6,0 -3,4 -4,5

Mercado interno -11,3 -14,3 -12,4 -7,6 -8,5

Exportações -0,1 9,3 16,5 10,8 5,7

No ano

Produção de autoveículos -8,8 -6,2 -9,2 -9,8 -9,4

Vendas totais -11,3 -9,9 -11,9 -12,4 -11,1

Mercado interno -12,1 -11,2 -14,2 -14,6 -13,6

Exportações -7,6 -4,2 -2,5 -3,4 -1,6

Fonte: Anfavea

1/ Dados dessazonalizados.

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Relatório de Inflação Setembro 2002

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meses do ano, relativamente ao períodocorrespondente de 2001.

A perda de dinamismo da economia após oprimeiro trimestre acarretou aumento daociosidade no parque produtivo industrial eelevação significativa dos níveis de estoques, quetendem a influenciar desfavoravelmente osresultados do terceiro trimestre. O nível médiode utilização da capacidade instalada na indústriade transformação atingiu 79,6% em julho, ante80,9% em igual mês de 2001, segundo pesquisatrimestral da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ascategorias de material de construção e de bensde consumo foram as que apresentaram maiorredução no nível de utilização da capacidade, de84,3% para 77% e de 76,6% para 74,2%,respectivamente, no período.

Estatísticas relativas à utilização da capacidadeinstalada, com periodicidade mensal, divulgadaspela Confederação Nacional da Indústria (CNI)e pela Federação das Indústrias do Estado deSão Paulo (Fiesp), refletiram a mudança recentedo comportamento da atividade fabril. Dessaforma, isentos de sazonalidade, os resultados daspesquisas mostravam trajetória ascendente atéabril, mês em que houve reversão. Na indústriapaulista, para a qual são disponibilizados dadossetoriais, as maiores quedas no nível deutilização, de abril a julho, ocorreram naindústria mobiliária, 6,6%, química, 5%, ematerial de transportes, 4,8%.

Em relação aos estoques, os resultados da Sondagem Industrial daCNI, realizada ao final do segundo trimestre, evidenciaram que seusníveis aumentaram em relação ao período anterior. Assim,considerada uma escala de zero a cem, os estoques de bens finaispassaram de 50,4 para 53,1, constituindo-se na segunda maior

Utilização da capacidade instaladaDados dessazonalizadosPercentual médio

78

80

82

84

Jan2000

Abr Jul Out Jan2001

Abr Jul Out Jan2002

Abr Jul

Fiesp CNI FGV

Produção industrial por gênero1/

Variação percentual

Discriminação 2001 2002

I Tri II Tri Jul No ano

Produção industrial 1,5 - 2,1 - 0,1 0,0 0,4

Extrativa mineral 3,5 8,5 11,9 - 1,0 11,6

Indústria de transformação 1,2 - 3,4 - 1,5 0,3 - 0,9

Minerais não-metálicos - 1,8 - 4,8 - 2,8 - 1,6 - 2,6

Metalúrgica 0,7 - 4,0 - 2,5 0,7 - 1,5

Mecânica 5,2 - 0,9 2,5 3,6 3,3

Mat. elétrico e de comun. 6,9 - 13,6 - 12,3 - 2,4 - 11,9

Material de transporte 5,2 - 5,7 - 6,0 0,9 - 4,8

Madeira - 0,3 - 3,4 - 2,9 - 3,1 - 2,9

Mobiliário - 1,1 2,8 1,7 1,0 1,5

Papel e papelão 0,1 0,3 0,6 - 2,1 0,4

Borracha - 4,5 - 6,2 - 3,1 9,9 - 2,0

Couros e peles - 9,4 - 11,6 - 9,6 15,7 - 7,4

Química - 0,7 - 1,7 0,5 1,9 1,1

Farmacêutica - 1,0 17,4 9,3 9,0 9,0

Perfumarias, sabões, velas - 1,1 - 5,2 - 3,8 - 0,9 - 4,4

Produtos de mat. plásticas - 5,0 - 4,6 - 3,9 - 5,0 - 4,2

Têxtil - 5,5 - 4,6 - 2,5 - 1,6 - 1,8

Vestuário, calçados, tecidos - 6,8 - 5,2 - 1,8 2,4 - 1,6

Produtos alimentares 5,1 - 1,2 2,9 - 1,2 3,3

Bebidas 0,3 - 7,0 - 4,7 - 1,6 - 3,6

Fumo - 4,7 34,3 26,4 - 17,5 24,2

Fonte: IBGE

1/ Em julho, variação calculada a partir de dados dessazonalizados.

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variação assinalada pela pesquisa, superadaapenas pela relativa ao final do primeiro trimestrede 2001. Os estoques de matérias-primas eprodutos intermediários aumentaram de 47,7 para48,2, no período. A desagregação dos dados portamanho da empresa revela aumento generalizadode estoques de bens finais e de bensintermediários. Contudo, nas grandes empresasocorreu aumento mais acentuado nos estoquesde bens finais do que nas pequenas e médias.

Além dos níveis dos estoques, outra variávelimportante para avaliar a evolução da atividadeindustrial é o comportamento das expectativasdos empresários. Nesse sentido, o Índice deConfiança do Empresário Industrial (Icei),construído a partir dos resultados da SondagemIndustrial da CNI, registrou 48,5 pontos em julho,ante 58,9 pontos em abril, alcançando o mesmopatamar de julho de 2001. A queda do indicadorno período só é comparável à observada no iníciodo racionamento de energia. Assim comodetectado para os consumidores, a percepção dosempresários em relação às expectativas futurastem sido menos pessimista do que em relação àscondições atuais da economia. Outro pontoimportante a ser ressaltado nas pesquisas refere-se ao fato de os empresários apontarem ascondições da economia em geral, e não a situaçãodas próprias empresas, como principal fatorresponsável pelo comportamento recente dasexpectativas.

A Sondagem Conjuntural da Indústria deTransformação, realizada em julho pela FGV,captou comportamento semelhante das

expectativas dos empresários. Segundo o levantamento, existe apercepção de piora no que se refere à situação atual dos negócios e

30

40

50

60

70

Jan2000

Abr Jul Out Jan2001

Abr Jul Out Jan2002

Abr Jul

Índice geral ExpectativasCondições atuais

Índice de Confiança do Empresário Industrial

Fonte: CNI

Estoques na indústria de transformação1/

44

46

48

50

52

54

I2000

II III IV I2001

II III IV I2002

II

Produtos finais Matérias-primas e intermediáriosFonte: CNI1/ Valores acima de 50 significam estoque acima do planejado.

Estoques na indústria de transformação1/

Discriminação 2001 2002

I II III IV I II

Indústria de transformação

Produtos finais 51,2 50,9 50,9 48,0 50,4 53,1

Matérias-primas e intermediários 48,0 49,1 49,7 48,6 47,7 48,2

Grandes empresas

Produtos finais 52,7 52,3 52,4 47,8 50,4 53,7

Matérias-primas e intermediários 48,4 51,7 53,4 50,5 49,5 50,7

Pequenas e médias empresas

Produtos finais 50,4 50,1 50,0 48,2 50,3 52,8

Matérias-primas e intermediários 47,9 47,6 47,7 47,5 46,7 46,9

Fonte: CNI

1/ Valores acima de 50 significam estoque acima do planejado.

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à evolução dos negócios para os próximos seis meses, em relaçãoaos resultados da pesquisa de abril.

De fato, a deterioração de expectativas atuais e futuras, a elevaçãodos níveis de estoques e a redução recente das linhas de crédito paraexportação delineiam cenário pouco favorável para o desempenhoda indústria no terceiro trimestre. Entretanto, alguns aspectos tendema amenizar essa perspectiva. Primeiramente, os indicadores deexpectativas dos empresários foram elaborados antes do novo acordocom o Fundo Monetário Internacional (FMI). Outro pontoimportante, refere-se à condução da política econômica paraestabilizar o mercado de câmbio, que envolve, além do recenteacordo, esforços para o restabelecimento das linhas de financiamento.Por fim, considere-se os efeitos dos desembolsos do FGTS sobre oconsumo, já perceptíveis nos indicadores do comércio de agosto,com perspectiva de se intensificarem nos próximos meses.

1.2.2 – Produção agropecuária

O desempenho do setor primário permanece bastante favorável em2002. As estimativas para a produção das lavouras confirmamcolheita de grãos em patamar semelhante ao do ano anterior eexpansão significativa para outras lavouras. Os dados referentes àatividade pecuária no primeiro trimestre de 2002, recentementedivulgados, confirmaram o aumento da produção, sinalizadoanteriormente por indicadores indiretos do desempenho do setor.

Lavouras

A produção total de cereais, leguminosas eoleaginosas deverá alcançar 98,7 milhões detoneladas na atual safra, superando em 0,2% asafra de 2001, conforme LevantamentoSistemático da Produção Agrícola (LSPA),realizado pelo IBGE em julho. Essa previsão éligeiramente menor que a anterior, em decorrênciade estiagem e temperaturas elevadas registradas

70

75

80

85

90

95

100

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Produção de grãos1/

Em milhões de toneladas

Fonte: IBGE1/ Em 2002, estimativa.

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a partir de dezembro/2001, que causaram perdasnas culturas de verão no Rio Grande do Sul e emSanta Catarina. Além disso, a partir de março/2002, as baixas precipitações pluviométricas noParaná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiásprovocaram atrasos no preparo do solo e noplantio do milho 2ª safra, ocasionando quebra dasafra prevista.

Para os resultados dessa safra contribuíram,especialmente, as expansões assinaladas nascolheitas de feijão em grão, 29,9%, trigo, 27,5%,café, 22,4%, e soja, 11%. As principais variaçõesnegativas ocorreram em milho, 14,1%, e algodãoherbáceo, 13,4%.

Cabe assinalar que o expressivo desempenhoobtido pela triticultura, que deverá atingir 4,2milhões de toneladas em 2002, deveu-se,principalmente, à safra do Rio Grande do Sul,uma vez que as produções do Paraná e de MatoGrosso do Sul foram prejudicadas pela forteestiagem registrada nas regiões.

Em sentido inverso, a cultura do milho deveráatingir 35,6 milhões de toneladas, ante 41,4milhões em 2001, em função de perda de 2,8%de área plantada para a soja e de redução de11,6% no rendimento médio por hectare. Comoresultado, o preço do produto elevou-se emmais de 50% no mercado paulista, entre agostodesse ano e de 2001, determinando pressõessobre os custos da produção de frangos esuínos.

Dentre as demais culturas, cabe destacar as elevações na produçãode café em grão, 22,4%, laranja, 10,3%, e cana-de-açúcar, 4,4%,produtos com participações relevantes nas exportações do país.

Produção de grãosEm mil toneladas

Discriminação Produção Variação (%)

2001 20021/

Produção de grãos 98 544 98 744 0,2

Caroço de algodão 1 718 1 487 -13,4

Arroz (em casca) 10 195 10 508 3,1

Feijão 2 436 3 165 29,9

Milho 41 439 35 612 -14,1

Soja 37 683 41 824 11,0

Trigo 3 261 4 157 27,5

Outros 1 812 1 991 10,0

Fonte: IBGE

1/ Estimativa.

Estimativa das lavouras para 2002Variação percentual

Discriminação Produção Área Rendimento

médio

Produção de grãos 0,2 8,2 -7,4

Caroço de algodão -13,4 -12,5 -1,1

Arroz (em casca) 3,1 1,1 1,9

Feijão 29,9 20,7 7,6

Milho -14,1 -2,8 -11,6

Soja 11,0 17,2 -5,3

Trigo 27,5 19,3 6,9

Outros 10,0 -3,0 13,4

Outros produtos

Batata-inglesa -4,0 -2,7 -1,3

Café (em grão) 22,4 1,4 20,6

Laranja 10,3 -0,6 11,0

Cana-de-açúcar 4,4 1,7 2,7

Mandioca -1,1 -0,7 -0,4

Fonte: IBGE

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Pecuária

De acordo com a Estatística da ProduçãoAgropecuária/IBGE, de maio/2002, foramabatidos 4,5 milhões de bovinos no primeirotrimestre de 2002, representando crescimento de5,1% em relação ao mesmo período de 2001. Odesempenho da suinocultura também mostroudados favoráveis. O abate de 5,1 milhões desuínos, no primeiro trimestre, superou em 16,7%o de igual período de 2001.

Em relação à avicultura, foram abatidos 744,5 milhões de frangosnos primeiros três meses do ano, representando variação de 7,5%em relação ao total assinalado em igual período de 2001. Observe-se que apesar desse incremento, os preços do produto têmexperimentado elevação, relativamente ao segundo semestre de 2001,o que reflete o aumento dos custos de ração e a iniciativa dosprodutores para ajustar o excesso de oferta verificado nos últimosmeses de 2001.

Plano de safra agrícola e pecuário 2002/2003

Segundo o Plano de Safra 2002/2003 doMinistério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento (Mapa), os recursos à disposiçãodos agricultores no ano agrícola 2002/2003deverão totalizar R$21,7 bilhões, representandoacréscimo de 26% sobre o concedido na safraanterior, dos quais R$13,3 bilhões para custeio/comercialização, R$2,9 bilhões parainvestimentos e R$2,4 bilhões para FundosConstitucionais/Agência Especial deFinanciamento Industrial - Agrícola (FinameAgrícola)/Fundo de Defesa da EconomiaCafeeira (Funcafé). Esses valores não incluemos recursos destinados aos programas daagricultura familiar.

Produção da pecuáriaPeso total das carcaçasVariação acumulada em 12 meses

2

5

8

11

14

17

20

Mar1999

Jun Set Dez Mar2000

Jun Set Dez Mar2001

Jun Set Dez Mar2002

Bovinos Suínos AvesFonte: IBGE

Plano agrícola - 2002/2003Em R$ milhões

Finalidade Crédito Previsão de Variação

concedido fluxo percentual

2001/2002 2002/2003

Total 17 205 21 670 26,0

Créditos a juros fixos 16 417 18 670 13,7

Custeio/comercialização 12 462 13 340 7,0

Investimentos 2 603 2 930 12,5

Fundos constitucionais 1 090 1 200 10,1

Finame agrícola 119 500 318,8

Funcafé 142 700 393,3

Créditos a juros livres 788 3 000 280,6

Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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Entre as modificações introduzidas neste ano, relativamente aofinanciamento da atividade agrícola, registre-se que, a partir dessasafra, os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)destinados ao Programa de Geração e Renda (Proger Rural) serãodirecionados a um contingente maior de trabalhadores. Passam aser contemplados os produtores que detêm área de 15 módulos fiscaise renda bruta anual de até R$60 mil, em lugar dos limites anteriores,de 6 módulos fiscais e renda bruta de R$48 mil.

Em relação ao Programa de Apoio à Comercialização e Estocagemde Produtos, foi autorizada a utilização de recursos das exigibilidadesbancárias para desconto de Notas Promissórias Rurais (NPR) eDuplicatas Rurais (DR), durante todo o ano, para exploração deatividades envolvendo suínos, frutas, camarões e leite e seusderivados, incluindo a compra de Cédulas de Produto Rural (CPR).

A partir da safra 2002/2003, os recursos da Caderneta de PoupançaRural aplicados obrigatoriamente na agricultura passarão a beneficiartambém as agroindústrias, financiando a comercialização, obeneficiamento ou a industrialização de produtos de origemagropecuária ou de insumos utilizados na atividade. Estesfinanciamentos, que atendiam exclusivamente produtores ecooperativas, poderão atingir R$2,5 bilhões, e serão emprestados ataxas de juros livremente pactuadas entre as partes.

Adicionalmente, os recursos do Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social (BNDES) foram elevados paraR$2,83 bilhões, acréscimo de 22,5% relativamente ao totalregistrado no ano-agrícola anterior.

1.2.3 – Mercado de trabalho

Emprego

O nível de emprego continuou a apresentartendência expansionista, em especial o empregoformal, conforme estatísticas do Ministério doTrabalho e Emprego (MTE) e do IBGE. Esse

Taxa de desemprego aberto%

4

5

6

7

8

9

Jan2000

Abr Jul Out Jan2001

Abr Jul Out Jan2002

Abr Jul

Normal DessazonalizadaFonte: IBGE

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desempenho, entretanto, não foi suficiente para proporcionar aredução das taxas de desemprego, que vêm mantendo-se em patamarsuperior ao observado em 2001. Na indústria de transformação,mantém-se a divergência entre os resultados para São Paulo, ondepersiste a tendência de queda do nível de emprego delineada desdemeados de 2001, e para a maioria dos estados pesquisados pela CNI.

O desemprego aberto, em 2002, tem-se mantido sistematicamenteacima do observado em iguais períodos de 2001, conforme PesquisaMensal de Emprego (PME), do IBGE, em seis regiõesmetropolitanas. O crescimento do emprego, entretanto, não tem sidosuficiente para absorver o incremento da população economicamenteativa (PEA). Dessa forma, considerada a média de janeiro a julhodesse ano em relação à correspondente em 2001, o total de ocupadoscresceu 2,5% e a PEA, 3,7%, sendo registrada taxa média dedesemprego de 7,5% no último mês. Dessazonalizando a série, ocrescimento do percentual de desempregados é contínuo, passandode 6,6%, em março, para 7,5% em julho.

Setorialmente, os níveis de emprego no comércioe na indústria apresentaram recuperação maisacentuada, enquanto na construção civil e nosserviços vêm alternando reduções e elevaçõesmensais, desde março. Em julho, todos os setorespesquisados registraram aumento do número deocupações, em especial comércio, 42 mil novasvagas; serviços, 35 mil; construção civil, 21 mil;e indústria de transformação, 14 mil. De 2001para 2002, o número de vagas na construção civilcontraiu-se em todos os meses, observando-sedeclínio acumulado de 6,5% até julho, ante amédia assinalada nos primeiros sete meses do anoanterior. Inversamente, o resultado acumulado no

ano para o comércio, serviços e indústria de transformação explicitouelevação do número de vagas da ordem de 3,5%, 3,4% e 1%,respectivamente.

Por categoria de ocupação, o crescimento acumulado até julhototalizou 5,1% no segmento de empregados sem carteira assinada,

Ocupação por setores e por categoria ocupacionalVariação % acumulada no ano

Discriminação 2002

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul

Total de ocupados 1,2 1,8 2,1 2,3 2,4 2,4 2,5

Setor

Indústria de transformação -0,7 -0,6 -0,2 0,2 0,4 0,6 1,0

Construção civil -8,5 -7,9 -6,3 -6,3 -5,8 -6,5 -6,5

Comércio 2,5 3,5 3,5 3,0 2,8 2,9 3,5

Serviços 2,5 2,8 3,0 3,3 3,4 3,4 3,4

Categoria ocupacional

Com carteira assinada 2,0 2,0 2,2 2,3 2,5 2,5 2,6

Sem carteira assinada 4,6 4,8 5,0 5,1 5,1 4,9 5,1

Por conta própria -3,1 -1,6 -0,9 -0,8 -0,8 -0,6 -0,4

Empregadores -1,5 -0,3 1,2 1,5 1,5 0,5 0,3

Fonte: IBGE

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2,6% no de empregados com carteira e 0,3% no relativo aempregadores. A ocupação no segmento de trabalhadores por conta-própria decresceu 0,4% no período.

Segundo o Cadastro Geral de Empregados eDesempregados (Caged), do MTE, o empregoformal celetista assinalou crescimento recorde nosprimeiros sete meses do ano, tendo sido gerados742 mil novos postos de trabalho em todo país, oque representa expansão de 15% ante o resultadode igual período de 2001. Do total, 68%ocorreram na região Sudeste, 16% na região Sule 11% na região Centro-Oeste, percentuaispróximos aos assinalados no ano anterior. Aoferta de novas vagas ao longo de 2002 ocorreuem ritmo crescente até abril, quando registrou-se acréscimo de 175 mil vagas, tendo arrefecido,a partir de então, e totalizado 61 mil novospostos em julho. Setorialmente, foram geradas232 mil novas vagas na agricultura, 223 mil emserviços, 130 mil na indústria de transformaçãoe 107 mil no comércio.

De acordo com a Fiesp, o emprego industrial noestado de São Paulo, manteve, até julho, trajetóriade queda iniciada há dezessete meses, a partir deanálise da série dessazonalizada. No ano,registrou-se contração de 2,5%, compa-rativamente ao período correspondente em 2001.A desagregação por subsetor revela que essepercentual resultou, principalmente, dos declíniosassinalados em material elétrico e decomunicações, 11,9%, material de transportes,2,8%, e têxtil, 3,6%. Observe-se que os doisprimeiros subsetores, com forte concentração deempresas em São Paulo, têm apresentado

desempenho bastante desfavorável em 2002, evidenciado por recuosna produção de 11,9% e 4,8%, respectivamente, no período, segundoa pesquisa industrial mensal do IBGE, com abrangência nacional.

Emprego formal2001=100

95

97

99

101

103

105

Jan2000

Mar Mai Jul Set Nov Jan2001

Mar Mai Jul Set Nov Jan2002

Mar Mai Jul

Observado Dados dessazonalizados

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego

Emprego industrialDados dessazonalizados1992=100

71

72

73

74

75

76

77

Jan2000

Mar Mai Jul Set Nov Jan2001

Mar Mai Jul Set Nov Jan2002

Mar Mai Jul

Fiesp CNI

Evolução do emprego formalNovos postos de trabalho (em mil)

Discriminação 2001 2002

I Tri II Tri Jul No ano

Total 591,1 216,5 464,2 61,2 742,0

Indústria de transformação 103,8 47,6 80,9 1,0 129,5

Comércio 209,8 24,2 63,7 19,1 107,1

Serviços 311,0 93,4 116,5 12,7 222,6

Construção civil -33,4 7,5 9,0 2,1 18,7

Serviços ind. de util.pública 1,5 2,6 0,7 0,4 3,7

Outros1/-1,6 41,1 193,4 25,9 260,3

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego

1/ Inclui extrativa mineral, administração pública, agropecuária e outras.

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A pesquisa da CNI junto a doze federações estaduais indicouestabilidade do emprego industrial em julho, após quedas de 0,2% e0,1% em maio e junho, respectivamente. No ano, até julho, o nívelde emprego recuou 0,7% ante o registrado no períodocorrespondente de 2001, influenciado, principalmente, pelodecréscimo de 2,5% da ocupação no setor em São Paulo. Nos demaisestados, predominaram resultados positivos para o mesmo períodode comparação, destacando-se Paraná, 6,8%, Bahia, 2,4%, RioGrande do Sul, 2,2%, e Minas Gerais, 0,9%.

Rendimentos

O ritmo da recuperação nos rendimentos médiosreais dos trabalhadores mostrou-se menos intensono segundo trimestre. Em comparação a 2001,evidencia-se recuo dos rendimentos, sejam asanálises setoriais ou relativas às regiõesmetropolitanas pesquisadas pelo IBGE.

Segundo dados dessazonalizados da PME doIBGE, os rendimentos médios dostrabalhadores apresentaram expansão de 0,73%no segundo trimestre do ano, em relação aoperíodo precedente, ante 0,86% no primeirotrimestre. No semestre, ocorreu decréscimo de4,3% dos rendimentos médios reais, em relaçãoa igual período de 2001. Por categorias deocupação, a perda dos empregadores alcançou8,9%, a percebida pelos trabalhadores porconta-própria, 5,2%, e a dos trabalhadores comcarteira assinada, 4,9%. A única categoria aregistrar ganho foi a dos empregados semcarteira, 0,6%. Considerando os setorespesquisados, a redução do rendimento médiototalizou 9,6% na construção civil, 9,5% nocomércio, 4,4% em serviços e 3,4% na indústriade transformação. Adicionalmente, a queda derendimentos atingiu todas as regiões

Rendimentos médios reais1993=100

110

115

120

125

130

Fev2000

Abr Jun Ago Out Dez Fev2001

Abr Jun Ago Out Dez Fev2002

Abr Jun

Observado Dados dessazonalizadosFonte: IBGE

Massa de salários e rendimentos médios reaisVariação % acumulada no ano

Discriminação 2001 2002

Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Massa de salários reais -3,2 -4,1 -4,1 -3,6 -3,0 -2,2 -1,9

Rendimentos médios reais -3,8 -5,3 -5,8 -5,6 -5,2 -4,5 -4,3

Setor

Indústria de transformação -5,1 -4,5 -3,5 -4,1 -3,2 -2,9 -3,4

Construção civil -5,2 -13,0 -12,5 -12,0 -10,1 -8,9 -9,6

Comércio -5,7 -8,5 -7,1 -8,5 -10,3 -9,5 -9,5

Serviços -3,4 -5,4 -6,9 -6,2 -5,5 -4,9 -4,4

Categoria ocupacional

Com carteira assinada -4,8 -7,1 -6,8 -6,0 -5,7 -5,2 -4,9

Sem carteira assinada -2,1 -2,2 -1,6 -1,2 -0,6 0,3 0,6

Por conta própria -1,4 -6,7 -8,7 -8,7 -7,3 -5,8 -5,2

Empregadores -2,6 -2,0 -6,1 -8,6 -9,4 -8,5 -8,9

Fonte: IBGE

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metropolitanas no período, ocorrendo com maior intensidade emPorto Alegre, 6%, e em Salvador, 5,7%.

Considerando a indústria de transformação de forma isolada, osindicadores sinalizaram recuperação do poder aquisitivo em SãoPaulo e estabilidade do rendimento médio real para a maior parte doPaís, de acordo com a Fiesp e a CNI. Ressalte-se que é razoávelsupor que a redução do nível de ocupação na atividade fabril em SãoPaulo influencie a elevação do rendimento médio no estado, na medidaque constitui-se prática usual na indústria a eliminação de empregoscom salários mais baixos, em períodos de redução de quadros.

Os salários reais na indústria de transformaçãopaulista mantiveram tendência de crescimento noprimeiro semestre, registrando-se variação mensalnegativa apenas em maio, de 0,5%, considerandoa série sem influências estacionais divulgada pelaFiesp. A recuperação do poder aquisitivo alcançou5,8% nos primeiros sete meses do ano, anteperíodo correspondente em 2001. A massasalarial, evidenciando o declínio do pessoalocupado e a recuperação do rendimento médioreal, expandiu 2,9% no período.

Segundo a CNI, a massa salarial real na indústria nacional, tendo emvista estatísticas de doze federações estaduais, não acompanhou atrajetória observada em São Paulo, tendo declinado 0,6% nos seteprimeiros meses do ano. Ressalte-se que a contração de 0,7% nonível de ocupação industrial no período, apontada pela mesma pesquisada CNI, sinaliza estabilidade do salário médio real da indústria.

Produtividade e Custo Unitário doTrabalho (CUT) na indústria detransformação

Definida como a relação entre o índice daprodução física da indústria de transformação,

Salários médios reais e massa salarial real na indústria

de transformaçãoVariação % acumulada no ano

Discriminação 2002

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul

CNI

Massa salarial real -0,8 -0,9 -0,8 -0,8 -0,8 -0,7 -0,6

Fiesp

Massa salarial real 2,4 2,2 2,6 2,7 2,6 2,7 2,9

Salário médio real 4,7 4,9 5,4 5,6 5,5 5,6 5,8

Fonte: CNI e Fiesp

160

165

170

Jan2000

Mar Mai Jul Set Nov Jan2001

Mar Mai Jul Set Nov Jan2002

Mar Mai Jul

Fonte: IBGE, CNI e elaboração do Banco Central do Brasil

ProdutividadeDados dessazonalizados1992=100

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segundo a PIM do IBGE, e as horas trabalhadasna produção, divulgadas pela CNI, aprodutividade retraiu 0,5% no segundo trimestre,em relação ao primeiro, dados dessazonalizados.Assim, foi retomada a tendência declinantedelineada no início de 2001 e interrompida pelaexpansão de 0,5% ocorrida no primeiro trimestredeste ano. Em relação a igual período do anoanterior, a redução da produtividade totalizou1,7%, considerando dados até julho, movimento

atribuído, principalmente, à diferença do patamar de produção entreos dois períodos, associada, em parte, ao racionamento de energia.

O CUT, entendido como a relação entre o totalde salários pagos pelas indústrias abrangidas pelaCNI e a produção física do setor divulgada peloIBGE, manteve-se estável no segundo trimestredo ano, relativamente ao primeiro, no conceitoreal, em que os salários são deflacionados peloÍndice Nacional de Preços ao Consumidor(INPC). Em julho, o indicador apresentouexpansão mensal de 0,3%, na sériedessazonalizada. A trajetória do CUT nos últimos

meses indica que a despesa com mão-de-obra por unidade produzidamantém-se no patamar de julho de 2001.

1.2.4 – Produto Interno Bruto (PIB)

O PIB, de acordo com o IBGE, cresceu 0,61%no segundo trimestre, em relação ao períodoanterior, ante 0,86% no primeiro trimestre, sérieisenta de influências sazonais, ratificando oarrefecimento do nível de atividade econômica.

No primeiro semestre do ano, comparativamentea igual período de 2001, a taxa de expansão do

PIB atingiu 0,14%. O setor industrial apresentou retração de 1,8%,resultado de quedas nos subsetores construção civil, 7,3%, serviços

Indústria de transformação e número de horas trabalhadas na produçãoDados dessazonalizados2000=100

95

100

105

110

Jan2000

Mar Mai Jul Set Nov Jan2001

Mar Mai Jul Set Nov Jan2002

Mar Mai Jul

Indústria de transformação (IBGE)Horas trabalhadas (CNI)

Produto Interno BrutoTrimestre/trimestre anterior com ajuste sazonal

Discriminação 2001 2002

I II III IV I II

PIB a preços de mercado 1,2 -1,3 -0,4 -0,1 0,9 0,6

Agropecuária 7,7 -1,7 -0,5 3,3 2,3 0,0

Indústria 0,6 -3,2 -1,7 -1,1 2,1 1,1

Serviços 0,7 0,7 0,2 0,2 0,9 -0,3

Fonte: IBGE

75

79

83

87

Jan2000

Mar Mai Jul Set Nov Jan2001

Mar Mai Jul Set Nov Jan2002

Mar Mai Jul

Fonte: IBGE, CNI e Banco Central do Brasil

Custo unitário do trabalhoDados dessazonalizados1992=100

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industriais de utilidade pública, 7,3%, aindacomo reflexo da desaceleração no consumo deenergia elétrica em função do período deracionamento, e indústria de transformação,0,3%. A indústria extrativa mineral foi o únicosubsetor a apresentar crescimento, 11,7%,reflexo, principalmente, da expansão dosvolumes de extração e refino de petróleo.

Os dois outros setores apresentaram variaçõespositivas no primeiro semestre. A agropecuáriaassinalou alta de 4,5% refletindo, entre outros, odesempenho das lavouras de café, laranja e cana-de-açúcar, além da continuidade de crescimentodo produto da pecuária. O setor de serviçosapresentou expansão de 1,5%, em decorrênciados aumentos em todos os subsetores que ocompõe, à exceção do comércio. Embora emarrefecimento, seguiram destacando-se asvariações dos itens comunicações, 6,7%, e outrosserviços, 2,4%. O comércio assinalou queda de2,3%, reflexo dos desempenhos dos segmentosatacadista e varejista, sobretudo no que se referea bens de capital e a bens de consumo durável.

Incorporado o resultado do segundo trimestre de2002, a taxa de crescimento acumulada do PIBem quatro trimestres reduziu-se de 0,29%, emmarço, para 0,03%, com arrefecimento naindústria e nos serviços e aceleração naagropecuária. Ressalte-se que o recuo da variaçãodo PIB em doze meses, registrado desde o iníciode 2001, parece ter encontrado seu ponto deinflexão neste segundo trimestre, comperspectivas de reversão de tendência a partir dospróximos resultados.

Nesse sentido, a estimativa de crescimento doPIB para 2002 situa-se em 1,4%. Por setores, a

Produto Interno BrutoVariação percentual

Discriminação 2001 2002

I II III IV I II

Acumulado no ano 4,3 3,2 2,3 1,5 -0,7 0,1

Acumulado em 4 trimestres 4,1 3,6 2,6 1,5 0,3 0,0

Trimestre/igual trimestre

do ano anterior 4,3 2,1 0,5 -0,7 -0,7 1,0

Trimestre/trimestre anterior

com ajuste sazonal 1,2 -1,3 -0,4 -0,1 0,9 0,6

Fonte: IBGE

Produto Interno BrutoVariação % acumulada no ano

-5

-3

-1

1

3

5

7

I2001

II III IV I2002

II

Agropecuária Indústria

Serviços PIBFonte: IBGE

Produto Interno BrutoVariação acumulada no ano

Discriminação 2000 2001 2002

I Sem Ano1/

Agropecuária 3,0 5,1 4,5 4,3

Indústria 4,9 -0,6 -1,8 0,4

Extrativa mineral 11,1 3,4 11,7 11,8

Transformação 5,4 0,6 -0,3 0,1

Construção civil 3,0 -2,6 -7,3 -3,8

Serviços ind. de utilidade pública 4,1 -5,5 -7,3 3,2

Serviços 3,7 2,5 1,5 2,0

Comércio 4,7 0,7 -2,3 0,6

Transporte 5,6 1,0 0,5 1,2

Comunicações 16,5 11,9 6,7 7,1

Instituições financeiras 3,5 1,1 1,0 1,4

Outros serviços 4,4 3,2 2,4 2,6

Aluguel de imóveis 2,5 2,1 1,9 1,9

Administração pública 1,1 1,8 1,4 1,4

Dummy financeiro 4,4 1,5 0,6 1,4

Valor adicionado a preços básicos 4,0 1,6 0,7 1,7

Impostos sobre produtos 7,1 0,8 -3,9 -1,1

PIB a preços de mercado 4,4 1,5 0,1 1,4

Fonte: IBGE

1/ Estimativa do Banco Central do Brasil.

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expansão esperada de 4,3% na agropecuária baseia-se no fato deque o produto de lavouras importantes já foi colhido e nacontinuidade de crescimento do produto da pecuária, hipótesebastante realista se considerada a dinâmica atual das exportações eos preços favoráveis.

Na indústria, a taxa de expansão prevista de 0,4% tem comocondicionantes a estabilidade do produto da construção civil, arecuperação dos serviços industriais de utilidade pública (Siup), aindaque em patamar inferior ao padrão observado antes do racionamento,e o crescimento modesto da indústria de transformação no segundosemestre, já consideradas as influências sazonais. Este últimocondicionante baseia-se no patamar reduzido em que se encontra aatividade do segmento e na recuperação, ainda que parcial, das linhasde crédito externas e das expectativas dos empresários, a partir deagosto. Ressalte-se que o desempenho da indústria de transformaçãotem efeitos diretos em segmentos como comércio e transporte.

Para o setor de serviços, o crescimento estimado, de 2%, reflete,além dos impactos da agropecuária e da indústria sobre transportese comércio, a evolução favorável dos subsetores comunicações einstituições financeiras. Para itens como governo e aluguel deimóveis, que representam juntos cerca de 30% do PIB, considerou-se o comportamento trimestral registrado nos últimos anos, haja vistaa estabilidade de suas taxas de variação. Para as atividadesclassificadas como “outros serviços”, foram computadas asperspectivas relacionadas à evolução do emprego formal.

1.3 – Investimento ecapacidade de produção

A evolução dos indicadores de investimentotambém tem refletido a reversão de expectativas,a partir de maio. Nesse sentido, a produção debens de capital apresentou declínio de 3,7% aofinal de julho, comparativamente ao trimestreanterior, quando expandira 6,9%, na mesma basede comparação.

115

120

125

130

135

Jan2001

Mar Mai Jul Set Nov Jan2002

Mar Mai Jul

Fonte: IBGE

Produção de insumos para a construção civilDados dessazonalizados1992=100

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A perda de dinamismo dos investimentos tambémpode ser observada a partir da comparação daevolução de alguns indicadores em relação a igualperíodo de 2001. Nesse sentido a produção deinsumos da construção civil acumulou queda de6,7%, até julho. Adicionalmente, a absorção debens de capital registrou declínio de 2,9%, comoresultado das contrações de 1% na produção debens de capital, e de 11,7% e de 14,8%,respectivamente, nas importações e nasexportações de bens de capital, considerados osíndices de quantum.

Observe-se que outros indicadores disponíveis atéjulho, como o aumento da ociosidade dasindústrias voltadas para a produção de bens decapital, identificado pela Sondagem Conjunturalda FGV, e a diminuição das vendas reais demateriais de construção, conforme indicado pelaFecomercio SP, corroboram a tendênciaobservada.

Em relação ao comportamento da produção debens de capital, a desagregação dos dados doIBGE por destinação do produto mostrou, noacumulado do ano, que a contração dosinvestimentos atingiu principalmente bens decapital seriados, mais sensíveis a mudanças naconjuntura econômica, e peças agrícolas e deenergia elétrica, em função da base decomparação bem mais favorável em igual períododo ano anterior. Em contrapartida, seguiramregistrando investimento relativamente elevadoos setores agrícola, 13,4%, o que reflete asexpressivas safras agrícolas e o aumento da rendado setor; equipamentos industriais não-seriados,

8,6%, dada a própria característica de maturação das encomendasfeitas; transportes, 5,2%; e construção, 3,4%.

Indicadores de investimentoVariação % acumulada no ano

Discriminação 2001 2002

IV Tri I Tri II Tri Jul

Bens de capital

Produção 12,7 -1,8 -1,1 -1,0

Importação 16,0 -19,6 -19,4 -11,7

Exportação -13,7 -10,2 -17,8 -14,8

Insumos da construção civil -2,4 -8,8 -7,3 -6,7

Financiamentos do BNDES 9,4 17,8 25,7 36,5

Fonte: IBGE, Funcex e BNDES

Produção de bens de capitalVariação percentual

Discriminação 2001 2002

Dez Abr Mai Jun Jul

Trimestre/trimestre anterior1/

Bens de capital -6,1 6,9 2,7 1,4 -3,7

Industriais -12,1 7,4 4,2 -0,5 -3,1

Seriados -15,0 8,9 5,1 -1,1 -3,3

Não-seriados 2,4 3,6 2,9 4,9 -1,7

Agrícolas 17,7 -6,1 -3,8 0,7 0,7

Peças agrícolas -6,5 -3,8 -1,6 1,6 5,4

Construção -7,8 8,2 6,5 -1,0 -0,9

Energia elétrica -19,2 16,4 -4,6 -10,2 -23,9

Transportes 2,8 3,0 0,4 -0,8 -0,2

Misto -8,0 9,6 5,3 8,6 5,9

No ano

Bens de capital 12,7 0,3 -1,0 -1,1 -1,0

Industriais 4,1 2,3 1,0 -0,4 -1,7

Seriados 3,5 0,6 -0,8 -2,5 -3,8

Não-seriados 6,6 9,9 8,9 9,3 8,6

Agrícolas 20,0 12,5 12,3 12,2 13,4

Peças agrícolas 3,4 -0,5 -1,7 -2,2 -1,7

Construção 18,3 2,5 2,4 4,0 3,4

Energia elétrica 42,6 8,4 3,0 -2,4 -10,3

Transportes 12,2 4,4 2,5 3,1 5,2

Misto 2,8 -11,5 -11,3 -8,7 -5,3

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

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Os dados da indústria mecânica, divulgados pela Associação dasIndústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), mostraram quea evolução da produção de bens de capital mecânicos foi ascendentenos primeiros cinco meses de 2002. Comparativamente a igualperíodo de 2001, registrou-se crescimento de 1,5% na utilização dacapacidade instalada e de 3,2% no número de empregados no setor.O faturamento apresentou crescimento de 9,4% até maio,deflacionado pelo item máquinas e equipamentos industriais do Índicede Preços por Atacado - Oferta Global (IPA-OG). A evoluçãofavorável repercutiu, principalmente, o comportamento de produtosdestinados para os setores agrícolas, embalagens, alimentos, plásticose máquinas-ferramenta.

De modo semelhante, os dados da Anfavea paraa produção de máquinas agrícolas e ônibus, atéagosto de 2002, assinalaram crescimentos de16,8% e 1,7%, ante o resultado obtido nos oitoprimeiros meses de 2001. Em relação à produçãode máquinas agrícolas, todos os segmentosapresentaram expansões expressivas, atingindo30,4% em colheitadeiras, 15,8% em tratores derodas e 10,5% no item outros, que abrangecultivadores motorizados, tratores de esteiras eretroescavadeiras.

Em relação ao total dos desembolsos doSistema BNDES, compreendendo BNDES,Agência Especial de Financiamento Industrial(Finame) e BNDES Participações S. A.(BNDESpar), expandiu 37,3% nos primeirosoito meses de 2002, ante igual período de 2001,tendo atingido R$20,9 bilhões. Análiseconsiderando os principais setores beneficiadosevidenciou que a indústria extrativa registroua maior expansão no recebimento dosfinanciamentos, da ordem de 87,3%, seguindo-se comércio e serviços, 58,2%, agropecuária,52% e indústria de transformação, 21,2%.Quanto ao custo dos financiamentos tomados

Desembolsos do Sistema BNDES1/

Acumulado no ano (em R$ milhões)

Discriminação 2001 2002

Mai Jun Jul Ago

Total 25 217 10 370 13 226 16 103 20 921

Indústria de transformação 12 760 4 873 7 031 8 482 10 117

Comércio e serviços 9 298 3 948 4 340 5 390 8 207

Agropecuária 2 762 1 479 1 773 2 133 2 494

Indústria extrativa 396 69 82 98 103

Fonte: BNDES

1/ Compreende o BNDES, Finame e BNDESpar.

Produção de autoveículosVariação percentual

Discriminação 2002

Abr Mai Jun Jul Ago*

Mês1/

Máquinas agrícolas 9,5 -5,4 -0,4 11,7 -1,2

Ônibus -6,9 -12,7 -4,5 -15,5 8,6

Caminhões 3,1 -9,3 -3,8 1,5 -6,3

Trimestre/trimestre anterior1/

Máquinas agrícolas -6,3 -4,8 0,9 2,2 6,0

Ônibus -4,3 -15,0 -21,9 -26,8 -21,9

Caminhões 4,3 -0,5 -4,5 -10,1 -10,0

No ano

Máquinas agrícolas 18,2 16,1 15,7 16,4 16,8

Ônibus 19,7 12,8 9,5 5,7 1,7

Caminhões -10,2 -13,0 -14,8 -14,7 -15,8

Fonte: Anfavea1/ Dados dessazonalizados.

* Preliminar.

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junto ao Sistema BNDES, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP)foi fixada em 10% a.a. para o terceiro trimestre.

Como conseqüência da contração dos gastos cominsumos da construção e com bens de capital, aparticipação dos investimentos no PIB apresentoutrajetória declinante, conforme pode ser inferido apartir da taxa de crescimento de 0,14% apresentadapelo PIB no primeiro semestre, ante igual períodode 2001, e das contrações da absorção de bens decapital, 2,8%, e da produção de insumos daconstrução, 7,3%, no mesmo período. Estimativafeita a partir de indicadores de investimento, comperiodicidade mensal, indica que a proporçãoentre a formação bruta de capital fixo, que excluia variação de estoques, e o PIB contraiu de 19%,no primeiro trimestre, conforme apurado peloIBGE, para 18,4%, no segundo trimestre.

1.4 – Conclusão

A aproximação das eleições e a deterioração da conjunturainternacional refletiram-se em nervosismo no mercado cambial, comdesdobramentos desfavoráveis sobre as expectativas internas, cujosindicadores situaram-se em patamar equivalente ao de momentosque precederam as crises russa, asiática e de energia. Por conseguinte,agravaram-se as condições de crédito, evidenciando o maior rigorna sua concessão, com o encurtamento de prazos e a interrupção datrajetória declinante das taxas de juros.

Quanto aos componentes da demanda, registrou-se expansãosignificativa das vendas de bens de menor valor unitário, movimentoassociado, fundamentalmente, à liberação de recursos do FGTS, eque tem dado sustentação à atividade varejista. Por outro lado,declinaram as vendas de bens de consumo com maior valor unitário,refletida no desempenho das vendas de bens de consumo duráveis,em especial no comércio automotivo. Ressalve-se que essa retraçãofoi atenuada, em parte, no segundo trimestre, em virtude da Copa

Investimentos como proporção do PIB% do PIB

Discriminação Formação bruta Variação de Formação bruta

de capital fixo estoques de capital

1999 I 19,6 -0,3 19,2

II 19,2 2,8 22,0

III 19,3 0,7 20,0

IV 19,1 1,2 20,3

2000 I 21,7 1,1 22,7

II 20,3 2,3 22,6

III 19,7 2,6 22,4

IV 19,4 2,3 21,7

2001 I 20,6 1,8 22,4

II 20,2 2,0 22,2

III 20,0 2,1 22,1

IV 19,4 1,5 21,0

2002 I 19,0 1,7 20,7

Fonte: IBGE

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do Mundo. No que se refere ao investimento, componente maisvolátil da demanda, observou-se reversão da trajetória da atividadena construção civil, que vinha se recuperando nos primeiros mesesdo ano, e redução, bem caracterizada, do patamar de produção debens de capital.

Assinale-se que esses dois fluxos, gastos com investimentos e combens de consumo duráveis, foram afetados de forma significativapela deterioração de expectativas entre abril e agosto. A expressivarecuperação da confiança do consumidor em setembro, se mantida,deverá favorecer o desempenho das vendas desses produtos no últimotrimestre do ano.

Pela ótica da produção, os indicadores da indústria acompanharama evolução da demanda, tendo-se assinalado resultados positivos,ainda que em percentuais modestos, apenas nos segmentos de bensde consumo não-duráveis e semiduráveis e bens intermediários. Adesaceleração do nível de atividade também repercutiu sobre o nívelde emprego industrial, que após expandir até abril voltou a cair, esobre os níveis de estoque da indústria que assinalaram, ao fim dosegundo trimestre, expressivo aumento, sobretudo para bens finais.

Adicionalmente, o resultado do PIB para o segundo trimestre, alémde ratificar o arrefecimento do nível da atividade, evidenciou suatransmissão para o setor de serviços, haja vista a influência daindústria, principalmente, sobre os segmentos transportes, comércioe setor financeiro. Ressalte-se, entretanto, que o processo derecuperação observado desde o final de 2001 não foi interrompido,registrando-se crescimento em ritmo menor do que o assinalado noprimeiro trimestre, sustentado, fundamentalmente, pelo desempenhodo setor primário, e pelo consumo de bens com menor valor unitário.

O cenário para o nível de atividade nos próximos meses deveconsiderar como fatores restritivos a permanência das incertezasdecorrentes do pleito eleitoral e da conjuntura internacional.Contudo, alguns aspectos favoráveis à retomada consistente do nívelda atividade devem ser salientados, como a atuação da AutoridadeMonetária no mercado de câmbio, o acordo com o FMI, a obtençãode recursos junto a outros organismos internacionais e os esforços

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para a restauração de linhas de crédito externa, que, além de restringiro crescimento dos custos de produção relacionados à taxa de câmbio,devem seguir influenciando favoravelmente as expectativas internase, conseqüentemente, o nível de demanda.

Adicionalmente, registre-se os efeitos da liberação de recursos doFGTS sobre o consumo e o nível de inadimplência, já percebidos emjulho e agosto, e que deverão tornar-se mais intensos nos mesessubseqüentes, e a continuidade do crescimento do nível de emprego,com reflexos sobre a evolução da massa salarial. Os efeitos dessesaspectos favoráveis à recuperação do nível da atividade, sobretudona indústria de transformação, serão atenuados, no entanto, pelopatamar elevado dos níveis de estoques, o que irá requerer ajustespor parte das empresas.