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JUNTA-TE A ESTA EQUIPA E VAMOS SALVAR O PLANETA! KEKLA MAGOON VOYAGERS O JOGO 4 CAVALEIROS DO INFINITO

1. Procura a página do livro onde está a primeira … encaixar -se na cadeira aérea, que agora mais pa-recia um cesto de roupa suja que transbordava no ar. Um cesto de roupa suja

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CAVALEIROS DO INFINITOK

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Os Voyagers continuam a sua emocionante viagem em busca dos elementos necessários para salvar a Terra. A tripulação procura agora o quarto elemento da Fonte, escondido nos vastos labirintos do planeta Infinito.

Mas o perigo está à espreita! Criaturas gigantes e assus-tadoras povoam as grutas subterrâneas deste novo planeta, e os Voyagers temem pelas suas vidas. Por sorte, surge uma ajuda inesperada: cavalos voadores! Será suficiente?

No encalço da tripulação está também a equipa Ómega, cada vez mais determinada em derrubar os Voyagers. Nesta fase decisiva, um pequeno deslize poderá pôr em risco toda a missão…

E tu, já conheces a extraordinária aventura dos Voyagers?A emoção vai muito além destas páginas...

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A viagem intergaláctica mais incrível de sempre está em risco!

Falhar não é opção.JÁ TENS AS

OUTRAS AVENTURAS?

9 789898 855022

ISBN 978-989-8855-02-2

Literatura Juvenil

ProjetoAlfa

Ameaça Ómega

Jogo de Chamas

JUNTA-TE A ESTA EQUIPA E VAMOS SALVAR O PLANETA!

KEKLA MAGOON

VOYAGERS O JOGO

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no círculo abaixo e vê que combinação de cores pertence a cada um;

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livro e descobre todos os segredos escondidos.

AVENTURA-TE!

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CAVALEIROS DO INFINITO

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— Preparar para abandonar Velocidade Gama — chilreou uma voz alegre no convés de voo do Leopardo das Nuvens. — O STEAM 6000, um robozinho com um metro de altura e cabeça oval, premiu uma série de botões na consola da nave espacial. — Todas as formas de vida, preparar para rápida desaceleração se não quiserem ser sacudidos até à in-consciência.

O Dash Conroy levantou os olhos da banda desenhada que estava a ler e sorriu.

— Obrigadinho, STEAM — disse. — Vou avisar toda a gente.

— Isso disseste tu há dez minutos — ralhou o STEAM. — Agora é que é mesmo altura, sim, senhor.

O Dash passou as páginas do livro em busca de um ponto de paragem apropriado.

— Quanto tempo falta para chegarmos?— A entrar na órbita do planeta Infinito em… contagem

decrescente: 10 minutos… — verificou o robot. — Nove

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minutos e cinquenta e nove segundos… nove e cinquenta e oito… nove e cinquenta e sete…

— Eh, lá — exclamou o Dash. Pousou a banda dese-nhada no braço da cadeira para que este servisse de marca-dor. Apenas 9 minutos para reunir e instalar toda a gente em segurança?

Saltou da cadeira de comandante com o coração já a bater intensamente com a ansiedade. A tripulação do Leopardo das Nuvens estava quase a chegar à quarta paragem na sua digressão por seis planetas do universo. Cada novo planeta, até agora, trouxera uma mescla única de mistério e perigo. Era altura de se prepararem… para tudo.

O Dash correu para um painel na parede. Estudou o mapa do sistema de túneis que a tripulação usava para se deslocar dentro da nave.

— Não há tempo para brincadeiras. — O STEAM avançou para o Dash como uma pata -choca. — Preparar para abandonar Velocidade Gama em 9 minutos e 26 segun-dos, sim, senhor… — disse o robot. — Nove e vinte e cinco… toca a andar, senhor; é melhor dar corda aos sapatos.

A reprimenda cómica do robot despertou o Dash de tanto raciocínio estratégico.

— Claro. Obrigado, amiguinho.— Os amigos são para as ocasiões sim, senhor. — O

STEAM voltou ao trabalho. Uma equipa de ZRK zumbia à roda dele, ajudando -o, em grande azáfama. Eram robozinhos assistentes do tamanho de bolas de golfe que estendiam os bracinhos mecânicos para aqui e para ali a compor tudo.

O Dash passou o dedo pelo mapa sobre o percurso mais longo que lhe ocorria. Ups, era a força do hábito. Encolheu os ombros. Claro, tinha de se despachar, mas não fazia mal

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demorar mais uns segundos para bater o recorde. O painel abriu -se e ele mergulhou no túnel com os pés à frente. Pouco depois de uma viagem sinuosa em torvelinho, o Dash saiu de rajada de outro túnel na sala de entretenimento da tripulação. Compôs as mangas do fato de voo e verificou a distância percorrida — boa, mas não bastava para bater o recorde.

Bolas.Uma rapariga sorridente de cabelo preto estava sentada

à chinesa no meio do tapete, a falar japonês para um robot atarracado com pouco mais de meio metro de altura.

— Viva, Carly! Olá, Tulipa — cumprimentou o Dash. — Estamos quase a chegar ao planeta seguinte.

— Olé, Dash — disse a Carly Diamond.O Tulipa apitou e guinchou para o saudar. A barrigui-

nha do robot acendeu -se, um efeito secundário do metal fundido que lá carregava. Ele irradiava calor.

A Carly olhou além do Dash para o sistema de túneis.— Ah! — fez ela. — O recorde ainda é meu.Desde que embarcara no Leopardo das Nuvens, já lá iam

quase 9 meses, a tripulação concorria para encontrar o per-curso mais longo entre dois pontos na nave espacial.

O Tulipa apitou, como que a aplaudir. A Carly e o Tu-lipa passavam muito tempo juntos. O robozinho não dominava nenhuma língua humana, mas, para a Carly, falar com ele na sua própria língua fazia -a sentir -se em casa.

— Pois, pois. — O Dash sorriu aos dois. — Estamos quase a chegar a Infinito — disse ele à Carly. — Dirija -se ao convés de voo com a máxima brevidade.

O Tulipa assobiou baixinho, talvez em resposta ao tom urgente e formal do Dash. A Carly sorriu para o robot arras-tão, e disse ao Dash:

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— Vou já para lá.Começou a soar um alarme baixo e vibrante na Brace-

lete Tecno -Móvel que o Dash tinha no antebraço como uma manga, mas ele silenciou -a logo.

— O que foi isso? — perguntou a Carly.— Não foi nada — respondeu o Dash, mentindo. Pre-

feria que ela não tivesse reparado no alarme. Daí estar no modo de vibração. Só o Chris e a Piper sabiam da neces-sidade que ele tinha de levar injeções diárias, e queria manter as coisas assim. Regra geral, o alarme tinha prece-dência sobre qualquer outra coisa, mas, naquele momento, o Dash lembrou -se da contagem decrescente do STEAM. A rota da nave estava predefinida. Sairia da Velocidade Gama quer a tripulação estivesse segura nos seus lugares, quer não. Ser sacudido até à inconsciência não seria grande desfecho.

— Vamos preparar -nos para parar — disse ele.— Certo — disse a Carly, levantando -se.— Vou buscar o Chris — continuou o Dash. — Viste

a Piper ou o Gabriel?— A Piper estava no nosso quarto há pouco. Vou ver

se ainda lá está — respondeu a Carly, e saiu pelos túneis.O Dash redefiniu o alarme da BTM para o dia seguinte.

Sentia -se culpado por esconder aquilo dos amigos. Todos os dias pensava em contar a verdade: as injeções salvavam -lhe a vida, mas também não queria que se preocupassem sem necessidade.

Dirigiu -se pelos túneis até ao nível inferior da nave e saiu no corredor à porta da sala das máquinas. Ainda não era o caminho mais longo pelos túneis, mas o Dash estava a chegar lá.

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Despachou -se rumo às salas do Chris. Quando passou pela sala de treino, ouviu um barulho de discussão lá dentro. Carregou na abertura de portas e entrou na sala.

— Traidor! — exclamou a Piper Williams.— Tu é que és a traidora — ouviu -se a voz do Gabriel,

num tom zangado. — A minha vingança vai ser bem doce.O Gabriel Parker estava numa ponta da sala. Do outro

lado, a Piper pairava na cadeira aérea, uma engenhoca adap-tada ao espaço que substituía a cadeira de rodas que ela usava na Terra. Os dois encontravam -se armados com espadas compridas. Estavam tão concentrados um no outro que nem deram pela entrada do Dash.

— Malta — começou ele, mas a voz mal se ouviu.— Prepara -te para morrer! — bradou a Piper. Avançou

para o Gabriel a toda a brida, o cabelo louro a esvoaçar atrás de si. O Gabriel avançou também ao encontro dela. O Dash recuou e encostou -se à parede para se desviar do caminho. Estranhamente, tinha o coração a palpitar. Seriam nervos? Adrenalina? Respirou fundo para se recompor.

As espadas chocaram com um estrépito acutilante. Os dois lutadores retrocederam para o segundo assalto. Bran-diram de novo as espadas um ao outro, mas, no último se-gundo, a Piper guinou a cadeira. A lâmina do Gabriel cravou -se no braço metálico da cadeira. Com uma exclama-ção de vitória, a Piper baixou -se e levou a ponta da espada à barriga do Gabriel.

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O Gabriel fletiu os joelhos e grunhiu ao estatelar -se no chão. Bem, ao ressaltar no chão, pois a sala estava revestida com tapetes de ginástica e ele e a Piper vestiam fatos de espuma para esgrima, tão espessos que o efeito era cómico. Pareciam dois lutadores de sumo em miniatura. A Piper lá conseguira encaixar -se na cadeira aérea, que agora mais pa-recia um cesto de roupa suja que transbordava no ar. Um cesto de roupa suja com uma cabeça.

O Dash desatou a rir -se.— Boa estocada, Piper — disse. — Boa… hum… cam-

balhota, Gabe.O Gabriel rebolou até ficar de barriga para cima e me-

xeu braços e pernas, não conseguindo virar -se para se le-vantar.

— Cair bem é uma arte, nunca te esqueças — disse ele, com um dedo espetado. Parecia ser a única parte do corpo que conseguia mexer.

— Acho que já a dominaste — comentou o Dash.

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O Gabriel lançou -lhe um olhar arrasador, mas bem--disposto. Depois mirou a Piper.

— Não é justo: a cadeira é como uma armadura — protestou. — Para mim, é falta.

— Vai acompanhar -me em combates a sério — argu-mentou a Piper alegremente. — Assim já é justo. — Ela embainhou a espada romba ao lado da cadeira e desceu até junto do Gabriel para lhe estender a mão e o ajudar a levantar--se.

O Dash sorriu.— Estou com a Piper. Na guerra, tudo é justo… e no

Fato de Simulação também.O Gabriel cambaleou.— A melhor coisa nestes fatos Simus é despi -los. —

Começou a abrir fechos e viu -se a farda de Voyager por baixo. Dobrou as mangas e as calças do fato Simu e depois ao meio. Continuou a dobrar e a espuma com cinco centímetros ia ficando mais fina. Ficava extraordinariamente pequeno para algo tão grosso. O Gabriel guardou o fato numa bolsa preta achatada pouco maior do que um estojo da escola.

— O que é que vocês estavam a querer fazer? — per-guntou o Dash. Pegou na espada do Gabriel. — Qual é a ideia destas espadas novas? Porque é que não usam as de esgrima?

Os fatos Simus serviam para luta livre e outros tipos de treino de mobilidade. Quem aprendesse a mexer -se e a lutar dentro daquilo poderia ser mais rápido quando só tivesse o próprio corpo com que se preocupar.

— Foi o Chris quem nos deu — respondeu a Piper. — Disse que poderíamos precisar em breve.

O Dash sentiu uma certa frustração.

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— Curioso — comentou. — Nunca me disse nada sobre isto. — O Dash analisou a espada. Era comprida como um florete de esgrima, mas não tão fina nem flexível. Era plana e larga no cabo e afunilava até à ponta. Felizmente era romba e tinha uma esfera de metal na ponta para poder ser usada em treino.

— Andavas à nossa procura? — perguntou a Piper. O Dash assentiu com a cabeça.

— Estamos quase em Infinito.— Encontramo -nos no convés? — perguntou o Gabriel.— Combinado, e vão diretos — mandou o Dash já a

virar -se para a porta. — Não há tempo para corridinhas.O concurso era um divertimento bem -intencionado para

a tripulação, mas o Dash queria ganhar. O Chris, o acom-panhante extraterrestre da tripulação, sugerira que haveria uma espécie de recompensa ou prémio para quem descobrisse o caminho mais longo.

— Pois, pois — ironizou o Gabriel. — Como se eu fosse cair nessa.

O Dash sorriu. Saiu para o corredor e dirigiu -se aos aposentos do Chris.

Bateu à porta.Esta foi aberta quase de imediato por um adolescente

louro. Pelo menos, assim parecia. Na verdade, o Chris era muito mais velho do que parecia, e vinha de um planeta distante chamado Flora.

— Vieste para a injeção? — perguntou o Chris.— Depois do salto Gama — respondeu o Dash. —

É agora.O Chris franziu o sobrolho e dirigiu -se ao armário onde

guardava os soros antienvelhecimento.

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— A regularidade da injeção é muito importante — lembrou ele.

— E não ser desfeito em cacos pelos travões desta coisa também — comentou o Dash, mas parecia que o Chris não tinha pressa. — Só temos uns minutos — acrescentou. Me-nos de cinco, pela sua contagem interna. Que podia estar errada. Podia ser ainda menos.

Um cão golden retriever muito vivaço saltou da cama do Chris e foi pôr -se ao lado do Dash, enquanto este aguardava.

— Ora viva, Foguete. — O Dash mexeu no pelo do cão. O Foguete era do Chris, mas já se tornara mascote de toda a tripulação. — Tens de ir para a tua casota antes do salto Gama, está bem?

O Foguete fungou em protesto contra a perna do Dash.— Não duvides, também me custa — garantiu -lhe o

Dash.— É para tua proteção — comentou o Chris. Podia

referir -se ao Foguete, como podia referir -se à seringa que ia injetar no Dash.

O resto da tripulação não fazia ideia do risco que o Dash corria por ter aceitado a missão. O Gabriel, a Carly e a Piper tinham todos 12 anos de idade quando deixaram a Terra. Desde que a missão só demorasse um ano, ou menos, volta-riam a salvo. Porém, o Dash era vários meses mais velho — velho demais para viajar em segurança à Velocidade Gama. Por conseguinte, o Dash tinha de levar injeções de um soro antienvelhecimento para enganar as células.

O Comandante Shawn Phillips, o homem que na Terra tinha arquitetado a missão dos Voyagers, fizera uma aposta de alto risco ao destacar o Dash, mas acreditava piamente na capacidade de liderança dele. A missão Voyagers tinha

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mais hipóteses de êxito com o Dash ao leme. Valia a pena arriscar, e eles tinham concordado nisso.

Depois do último planeta, o Dash cedera e falara à Piper do soro, o que até causara alguma tensão. A Piper era a médica da nave e queria controlar as injeções do Dash, mas o Chris sentia que tal era sua responsabilidade. O Dash tinha deixado o soro ao cuidado do Chris. Não queria que a Piper tivesse de andar às escondidas, e esperava que essa escolha não a melindrasse.

O Dash arregaçou a manga. O Chris segurou na seringa limpa. O Dash estendeu a mão para dar a injeção a si próprio, mas o Chris tirou -lha do alcance.

— Estás com hematomas — disse ele, a olhar para o bíceps esquerdo do Dash. A pele estava manchada de roxo esbatido e amarelo. O Chris continuou de seringa na mão. — Dá descanso a esse lado. Eu dou -ta no outro braço.

O Dash limpou uma parte do braço direito com algo-dão embebido em álcool e virou a cabeça enquanto o Chris o picava. Sentia -se um rapazinho, mas não olhar reduzia realmente a dor da injeção. O outro braço doía -lhe mesmo das picas repetidas, mas antes morrer do que admitir fra-queza.

— Pronto. Isso mantém -te jovem mais um dia — disse o Chris. O Dash esfregou de novo a picada com o algodão e limpou a gota de sangue que se formara na pele.

— Temos de ir para o convés de voo — repetiu. — Chegamos a Infinito a qualquer momento.

— Ora ainda bem — comentou o Chris num tom que sugeria o contrário.

O sorriso do Dash esmoreceu um pouco.— O que se passa? — quis saber.

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— Está a demorar mais do que o expectável — respon-deu o Chris. — Não reparaste?

O Dash encolheu os ombros.— Tenho andado ocupado a combater Raptogontes, a

resolver as coisas em Meta Prime, a negociar com AquaGens.— Pois calculo — murmurou o Chris. — É minha fun-

ção, e função da nave, manter -nos à tabela.— Estamos a sair -nos bem — disse o Dash, mas não se

sentia assim tão confiante. Tinham um dente de Raptogonte do planeta J -16 e um robot arrastão cheio de Magnus 7 de Meta Prime, mas não arranjaram o Pólen Lamelar que pre-cisavam de Aqua Gen. Mesmo assim, não era inteiramente inalcançável…

— Estamos a sair -nos mesmo bem — repetiu o Dash, como que a convencer -se também a si próprio. — Não estamos?

O Foguete aproximou o focinho ao Dash. Como a maio-ria dos cães, tinha um sexto sentido para quando achava que alguém precisava de consolo. O Chris fez um ar lúgubre.

— Olha para o teu estojo de soro — disse ele, a mexer a mão sobre a caixa onde guardava as seringas cheias. — Quanto resta?

— Não sei… Acho que já usei mais do que sobra — res-pondeu o Dash devagar, a perceber finalmente. O Chris tinha ao seu cuidado o lote completo do Dash. No início da viagem, tinha -o tirado do dormitório dos rapazes para o Gabriel não dar com ele.

— Todavia, a missão mal vai a meio — disse o Chris, num tom pesado. — Só fizemos três planetas, e faltam mais três.

— Vai correr bem — afirmou o Dash. — Podes fazer mais, não podes? — Tinha sido o Chris a conceber a injeção biológica que ele tomava.

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— Não estás a compreender — disse o Chris. — Não podes tomar o soro indefinidamente. Se esta missão não for concluída nos próximos 84 dias, morres.

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O Dash sentia todo um novo nível de aflição ao correr a par do Chris para junto do resto da tripulação no convés de voo. Só 84 dias até o lote de injeções acabar. Era menos de três meses. Eles já viajavam há nove. Conseguiria voltar para a Terra? A missão estava definida com a duração de apenas um ano. O Comandante Phillips fora categórico nisso desde o princípio.

O Dash sempre soubera o risco que corria com o soro antienvelhecimento, claro, mas o tempo gasto na missão era algo em que nunca ponderara. Sabia que estavam um pouco atrasados. Agora compreendia que o atraso podia ter conse-quências de vida ou morte.

O computador principal do Leopardo das Nuvens come-çou a emitir um som agudo e lento. Pelo sistema de alarme, ouviu -se o STEAM:

— A abandonar Velocidade Gama em 60 segundos.— Muito bem, vamos apertar os cintos — ordenou o

Dash. A tripulação saltou para os seus lugares e apertou os cintos para aquela desaceleração súbita.

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— Odeio esta parte — resmungou a Carly. O salto sú-bito para sair da Velocidade Gama era sempre abrupto.

— Eu adoro — disse o Gabriel. Para ele, o salto Gama mais parecia uma volta de montanha -russa bastante radical, em que num segundo a barriga lhe subia à boca. Doía um bocadinho, mas lá que dava pica, dava!

— Aqui vai disto — disse a Piper ao agarrar -se bem aos braços do assento.

O Leopardo das Nuvens abanava e ressoava. A tripulação foi atirada para a frente, mesmo presa pelos cintos de segu-rança, quando a nave acelerada travou a fundo.

— Boa! — exclamou o Gabriel assim que a barriga deixou de dar voltas. — Mas que corrida! — Por alguma razão ele era o piloto da tripulação.

O Dash ficou a observar no amplo monitor por cima do painel de controlo o Leopardo das Nuvens a instalar -se na órbita do planeta Infinito.

A atmosfera fina não tinha nuvens. O ar estava com-pletamente limpo. O Dash tinha uma visibilidade quase per-feita da paisagem agreste, rochosa e cinzenta lá em baixo. Não viu água, não viu vegetação. Parecia que nada bulia.

— Disseste que este planeta tinha vida, não foi? — perguntou ele. Virou costas ao monitor e abriu o cinto de segurança. A tripulação reuniu -se à volta da mesa para fala-rem sobre o planeta. Nos meses que durara o salto Gama, tinham treinado para certos aspetos da missão, mas agora ficariam a saber os pormenores específicos sobre as tarefas que deviam desempenhar em Infinito.

— Tem vida — respondeu o Chris. — Subterrânea.— Subterrânea? — repetiu a Piper, nervosa.

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— Sim — continuou o Chris. — O planeta compõe -se inteiramente de rocha densa. Tão densa que o campo gravi-tacional é forte. Não há muito que possa sobreviver à super-fície. Mas lá em baixo há uma vasta rede de galerias e grutas.

— Que coisas vivem nas grutas? — perguntou o Gabriel.— Três tipos de criaturas, de que eu tenha conheci-

mento. O elemento que temos de trazer vem de uma dessas formas de vida.

No monitor, apareceu uma criatura parecida com um morcego. A única diferença era que cada «morcego» apre-sentava uma cauda fina de mais de meio metro, com uma ponta em forma de seta, de aspeto afiado.

— São os Ferrões — explicou o Chris. — Vivem nas grutas lacustres de Infinito.

— Fixe — disse o Gabriel. Achava a criatura um híbrido de morcego e raia.

— Estão a ver as farpas na cauda? — perguntou o Chris. — Quando os Ferrões picam, injetam um esporo, uma bo-linha tóxica, na presa. — No ecrã viu -se uma única esfera preta do tamanho de um feijão. — O esporo desintegra -se em cerca de uma centena de microgotas da toxina principal que em seguida se espalham pela corrente sanguínea da vítima.

— Muito tóxico? — questionou a Carly.— Provavelmente letal para os humanos — respondeu

o Chris. — Mas são esporos de Ferrão o elemento que pre-cisamos de recolher. Pelo menos um milhar deles.

— Um milhar? — repetiu a Piper. Parecia -lhe muita atividade de ferroadas letais. Enquanto médica da equipa, apercebeu -se de que teriam de saber ao certo se a toxina os mataria ou não.

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— Sim — disse o Chris. — Precisamos de cem mil unidades da toxina primária, e há cem por esporo.

— Como é que os apanhamos? — perguntou o Dash.— Redes — respondeu o Chris. — Têm de recolher

Ferrões suficientes e depois extrair cuidadosamente os es-poros.

— Portanto, apanhar Ferrões mas não ferroadas — re-sumiu o Gabriel. — Nós tratamos disso.

O Chris assentiu.— É uma maneira de dizer.— Porque é que sinto que não vai ser assim tão fácil?

— perguntou a Carly.— Mais duas formas de vida com que nos ralarmos,

lembras -te? — atalhou a Piper. — Quais são elas?— Enguia Serrilha Terrestre, para começar — respon-

deu o Chris. A nova imagem que apareceu no monitor gerou exclamações de espanto na tripulação.

— Eh, lá — disse o Gabriel —, mas que cobra mais feia.A criatura tinha um corpo verde acinzentado e viscoso.

Não eram escamas, pois parecia liso e oleoso, da cabeça grossa até à cauda afunilada. As mandíbulas eram salientes, mos-travam fiadas de dentes protuberantes também, todos irre-gulares e ligeiramente curvos. Na simulação do ecrã, a criatura rastejava, abocanhava e depois as mandíbulas tritu-ravam num movimento de serrilha lateral. Parecia não ter olhos. Só dentes.

— O ecrã não lhe faz jus — comentou o Chris. — São grandes. Entre 3 a 6 metros de diâmetro e até 30 metros de comprimento.

— O quê, 30 metros? Tem a altura de um autocarro da escola — comentou o Dash. — Caraças.

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— Entre um a dois autocarros da escola empilhados, sim, senhor — informou o STEAM, a zunir enquanto fazia cálculos. — Entre três a quatro autocarros em fila.

A Piper engoliu em seco e até se ouviu.— Ena.Mas o STEAM estava imparável.— Três metros também é a altura média de um piso

numa habitação humana — continuou ele. — Em média, uma Serrilha tem o tamanho de uma casa com um piso, e a boca é do tamanho de uma garagem para dois carros.

— Estamos a captar — disse o Gabriel. — São grandes.— Se não há muito mais vida em Infinito, o que comem

as Serrilhas? — perguntou a Piper.— Rocha — respondeu o Chris. — Daí tantas grutas

e galerias. — Mostrou outra imagem, de uma gruta escavada por uma Serrilha.

— Parece que não constituem grande risco para nós — comentou a Carly.

— Oh, asseguro -lhes que não sabem distinguir muito bem rocha e osso humano — disse o Chris num tom dema-siado alegre.

— Lindo — disse o Gabriel, dando uma palmada no ombro do Chris. — Obrigadinho, é reconfortante.

— É quase impossível matá -las — continuou o Chris. — Têm de ser esfaqueadas em todos os seis troncos cere-brais — apontou para uma zona em cima da cabeça da Serrilha e também no lombo — antes de começarem a sarar. Até das piores facadas se conseguem regenerar, e só ficam mais agressivas. Não é nada bom ser encurralado por uma destas. — O ecrã mostrou uma panorâmica da gruta da Serrilha, cada vez mais fundo na escuridão.

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— Felizmente, o sistema de galerias é bastante vasto. Há quase sempre via de fuga.

— Parece fácil perder o norte lá em baixo — disse a Piper a olhar para o labirinto no ecrã.

— Sim — concordou o Chris.Ficaram todos à espera que ele acrescentasse: «E agora

vamos garantir que não nos perdemos», mas o Chris nada disse.

— Evitar Serrilhas. Confirmado — disse o Dash. — A seguir?

O Chris mostrou uma imagem de um cavalo preto com asas. O corcel cor da noite empinava -se e dava patadas no ar, a desenrolar as asas como seda. Os olhos da criatura eram brancos coruscantes e davam -lhe um ar ligeiramente demo-níaco. Todavia, curiosamente, a tripulação inteira sorriu.

— Oh — exclamou a Carly. — São amorosos.— Sim, horrorosos — disse o Chris como se concordasse

com ela.— São hostis? — A Carly sentia -se desapontada. —

Parecem tão bonitos.— Em estado selvagem, não são amigos nem inimigos

— explicou o Chris. — Imprevisíveis, na melhor das hipó-teses. Quando domesticados, os Tecelões ficam algo parecidos com os cavalos da Terra. É possível montá -los. Aliás, é a melhor maneira de explorar as grutas das Serrilhas.

— Portanto… enguias gigantescas com mandíbulas ser-rilhadas, morcegos de cauda longa e aguçada e cavalos alados demoníacos? — resumiu o Gabriel. — Tudo no expediente do dia.

— Pelo menos não há mais gente a evitar — disse a Piper, com otimismo. Depois de tanta política tresloucada

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em Aqua Gen, sabia -lhes bem uma pausa do desafio de lidar com outras sociedades planetárias.

— Bem… — começou a dizer o Chris.— Ai que bom. — O Gabriel deu um estalo na própria

testa. — Tu guardas sempre o melhor para o fim.— Os Chacais são uma raça amistosa — acrescentou

logo o Chris. — Embora um pouco… rígida.— Não me parece nada bem — disse a Carly.— Mas também não parece assim tão mal — acrescen-

tou o Dash. — Se forem amistosos, ao menos teremos alguns nativos para nos fazer uma visita guiada.

— O Infinito não é o planeta base deles — realçou o Chris. — Os Chacais presentes em Infinito são descobridores e cientistas. Fica tudo documentado e registado para inves-tigação.

— Lindo. Estamos quase a ser notas no diário de um cientista louco qualquer? — ironizou o Gabriel.

O Chris fez um ar perplexo e os outros riram -se.— Oh, não, asseguro -lhes que os Chacais não são uma

raça louca — disse ele. A tripulação riu -se ainda mais.— «Cientista louco» é uma maneira de dizer — expli-

cou a Piper. Embora ele parecesse um adolescente humano, o Chris era completamente extraterrestre. Ele encolheu os ombros e continuou.

— Só falta definir quem vai em missão.— O Gabriel — indicou o Dash. — O sistema de ga-

lerias parece implicar sérias capacidades de orientação.— Estou a postos — concordou o Gabriel.— E a Carly — disse a Piper. — É quem mais percebe

de cavalos.

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A Carly também concordou enfaticamente. Adorava equitação. Nas suas recordações preferidas de casa, destacavam--se idas ao campo onde amigos da família tinham estábulos e uma dúzia de cavalos.

— Criaturas equinas — lembrou o Chris. — Não são propriamente cavalos.

O Dash e a Piper entreolharam -se. Geralmente, só ia à superfície uma equipa de três. O quarto tripulante ficava a bordo do Leopardo das Nuvens com o Chris, em caso de emergência. Tinham infringido essa regra em Aqua Gen com consequências quase devastadoras.

— Eu posso montar a cavalo na boa — disse a Piper. — Não deve ser muito diferente de andar de cadeira aérea. Ou então — acrescentou —, posso andar de cadeira aérea pelas galerias.

O Dash assentiu.— Faz sentido.Hesitava em dizê -lo mas, entre Serrilhas e Ferrões, pa-

recia também haver necessidade das competências médicas da Piper à superfície do planeta. Por muito que o Dash qui-sesse partir de novo à aventura — porque queria sempre —, até à data fora a todos os planetas. Era justo que lhe coubesse agora permanecer a bordo da nave.

O Dash abriu a boca para confirmar quem iria:— Ótimo. Vai o Gabriel, a Carly e…— Ora bem — atalhou o Chris. — Eu gostaria de ir

desta vez.

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CAVALEIROS DO INFINITOK

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Os Voyagers continuam a sua emocionante viagem em busca dos elementos necessários para salvar a Terra. A tripulação procura agora o quarto elemento da Fonte, escondido nos vastos labirintos do planeta Infinito.

Mas o perigo está à espreita! Criaturas gigantes e assus-tadoras povoam as grutas subterrâneas deste novo planeta, e os Voyagers temem pelas suas vidas. Por sorte, surge uma ajuda inesperada: cavalos voadores! Será suficiente?

No encalço da tripulação está também a equipa Ómega, cada vez mais determinada em derrubar os Voyagers. Nesta fase decisiva, um pequeno deslize poderá pôr em risco toda a missão…

E tu, já conheces a extraordinária aventura dos Voyagers?A emoção vai muito além destas páginas...

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CAVALEIROS DO INFINITO

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