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1. renascimento: um novo olhar sobre o homem e o mundo

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SUMÁRIO DO VOLUME

HISTÓRIA

1. Renascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo 52. Iluminismo: As luzes da razão 173. Revolução Francesa: O despertar de um novo tempo 27

3História SUMÁRIO COMPLETO

VOLUME 1

1. Renascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo2. Iluminismo: As luzes da razão3. Revolução Francesa: O despertar de um novo tempo

VOLUME 2

4. Os confl itos na Europa e o processo da Independência do Brasil5. A sociedade brasileira após a Independência e as relações de trabalho na Europa6. A Revolução Russa e a Alemanha Nazista

VOLUME 3

7. Totalitarismo na Europa e na Ásia8. Populismo de Vargas9. Modernização e Exclusão Social: rupturas e permanências em tempos modernos

4 História

5HistóriaRenascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo

1. RENASCIMENTO: UM NOVO OLHAR SOBRE O HOMEM E O MUNDO

Exercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamento

Leia o texto a seguir e responda à questão.

“No presente, o homem se faz através da posse da razão. Se as árvores e bestas selvagens crescem, os homens, creia-me, moldam-se. (...) A natureza, ao dar-vos um fi lho, vos presenteia com uma criatura rude, sem forma, a qual deveis moldar para que se converta em um homem de verdade. Se este ser moldado se descuidar, continuareis tendo um animal; se, ao contrário, ele se realizar com sabedoria, eu poderia quase dizer que resultaria em um ser semelhante a Deus.”

Erasmo de Rotterdam. Reproduzido de VAN ACKER, T. Renascimento e Humanismo. São Paulo: Atual, 1992. P. 32-3

1 A ideia central desse trecho, escrito pelo humanista holandês Erasmo de Rotterdam, em 1529, é que “o homem se faz através da posse da razão”. Segundo o autor, como se adquire a razão? Você concorda com isso?

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Michelangelo, Leonardo da Vinci, Luis de Camões, Willian Shakespeare, Galileu Galilei. É bem provável que, na televisão, na Internet, num livro, numa revista você já tenha visto esses nomes. O que eles têm em comum? Bem, além do talento excepcional, todos eles estão inseridos num profundo movimento de renovação artística e cultural: o Renascimento Cultural. Nesse movimento, as mais variadas manifestações do talento humano (pintura, escultura, arquitetura, literatura, ciências...) tiveram um desenvolvimento extraordinário. Algumas obras-primas do gênio humano foram produzidas nessa época e são admirados até hoje. Se formos um pouco mais longe, o Renascimento Cultural pode estar presente em nosso dia a dia. Podemos vivenciar a cultura renascentista em � lmes, peças teatrais e na leitura de livros. Costuma-se de� nir o Renascimento como um conjunto de manifestações artísticas, � losó� cas e cientí� cas, ocorridas na transição da Idade Média para a Idade Moderna (séculos XIV, XV, XVI). Essas manifestações ocorreram numa época de profundas transformações econômicas e sociais: o desenvolvimento de uma economia mercantil, o crescimento das cidades, o fortalecimento da burguesia. Era, portanto, uma época de declínio das instituições feudais e de a� rmação de uma economia capitalista. No campo religioso, a Igreja Católica começou a sofrer fortes contestações, o que fez com que surgissem duras críticas às suas atitudes e também levou ao processo denominado Reforma Religiosa. Importante recordar que, no Feudalismo, a sociedade era estrati� cada, na qual a posição social do indivíduo era imutável, e a principal fonte de conforto espiritual era a fé. Para a maioria absoluta das pessoas (os servos), só a morte e a possível ida para o paraíso poriam � m à vida terrena, que mais parecia um “vale de lágrimas”. O sofrimento, o desprezo pelo corpo carnal, o desapego a tudo que era humano e terreno eram vistos como necessários para se conquistar o paraíso. A própria beleza era vista como algo ameaçador, pois aquele que se prendia às questões carnais estava se desviando do caminho do paraíso. Mudanças maiores ocorreram à medida em que a nova classe social de comerciantes, a burguesia, começou a acreditar e a difundir a ideia de que, graças à riqueza e ao sucesso nos negócios, era possível encontrar um “pedacinho do paraíso na face da Terra”. “Fortuna era um dos emblemas mais populares do Renascimento, o outro Occasio, a oportunidade. Fortuna era frequentemente mostrada em um barco com timão à vela, a � m de que o homem pudesse dirigi-la. (...) A oportunidade não era mais algo que se devesse temer, mas algo de que se devia tirar o máximo de vantagem.” Enciclopédia Life. A Renascença. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970

6 HistóriaRenascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo

Para a burguesia, que vivia em meio ao luxo, aceitar a ideia de que o apego ao material a desviaria do paraíso era inaceitável. Os burgueses acreditavam que, se Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, então o homem deveria ser aquilo que mais se aproximava do que era belo e bom; e aquilo que o homem criava deveria se assemelhar às criações divinas. Começava a nascer o humanismo. Para essas pessoas, a visão medieval de que o homem e a vida terrena eram associados ao pecado cometido por Adão e Eva, começou a parecer ultrapassada. Foi, nesse movimento que o homem e aquilo que era humano adquiriram mais valor do que o divino, o sagrado. Dessa maneira, era necessário buscar um referencial para pautar as novas ideias, no qual o juízo de valor fosse mais próximo ao seu. Ocorreu, assim, a retomada dos valores da Antiguidade Clássica (greco-romana). O próprio nome Renascimento sugere um retorno às concepções clássicas, em que os valores feudais eram rejeitados, período que (a Idade Média) foi denominado Idade das Trevas. O Renascimento tinha como característica uma

cultura laica, isto é, não centrada na Igreja e nem nos valores religiosos; era racional e cientí� co. Esse movimento transformou a pintura, a escultura e a arquitetura; in� uenciou a literatura, a ciência, a política, a moral e a religião; deixou profundas marcas na economia e na sociedade. Devido a várias descobertas e invenções, houve uma mudança de ideias que, até então, eram dadas como corretas e imutáveis. É o caso de Nicolau Copérnico que, em 1543, após analisar, estudar e calcular o constante movimento dos astros no céu, concluiu que a Terra girava em torno do Sol, e não o inverso, como muitos acreditavam. A teoria heliocêntrica (Terra girando em torno do Sol) foi também aceita por outro estudioso renascentista, Galileu Galilei, que era físico e astrônomo.

Giordano Bruno, teólogo, acreditava que o universo era in� nito e continha milhares de sistemas solares. Ele era polêmico. Às vezes dizia que duvidava dos dogmas da Igreja. Já o médico e matemático, Girolamo Cardano, criou os números negativos e escreveu livros com temas ligados à Medicina, à Matemática, à Física, à Astronomia, à Retórica e à Ética. Na busca por explicações cientí� cas, outras descobertas ocorreram nesse período. Ousados e curiosos para a época, os médicos da Renascença desa� aram proibições e investigaram cadáveres. O médico holandês Andréas Vesalius, considerado o pai da anatonomia moderna, lançou em 1543, o livro Anatomia Humana, o que causou uma revolução na Medicina. Outros dois médicos contemporâneos de Vesalius, destacaram-se no estudo do corpo humano: Gabriello Fallopio e Eustachio.

O nascimento de Vênus de Sandro Botticelli é inspirado na cultura grega.

Representação do Sistema Solar de Copérnico

7HistóriaRenascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo

Os trabalhos mais signi� cativos de Fallopio referem-se ao desenvolvimento do feto e à descoberta das trompas de Falópio, canais que ligam o ovário ao útero. Eustacchio fez a descoberta do tubo situado entre o ouvido médio e a parte superior da faringe, hoje conhecido como trompas de Eustáquio. No campo econômico, a expansão do comércio, o crescimento das cidades, a ascensão da classe de comerciantes e, principalmente, as Grandes Navegações são características relacionadas à Renascença.

Como foi dito, a cultura medieval se caracterizava pela religiosidade. Tudo o que ocorria, seja na natureza (tempestades, enchentes e outras), na sociedade (miséria, doenças, diferenças entre classes sociais) e na economia (pobreza, riqueza, servidão) eram explicados por meio da religião, que a� rmava que era vontade e desejo divino tudo o que acontecia no universo. O Renascimento colocou o homem como centro de suas preocupações e esse homem era capaz de explicar racionalmente os acontecimentos à sua volta. Na imagem elaborada por Leonardo da Vinci, é possível perceber que o homem tem expressão e sexo de� nidos. A extensão das pernas até a cabeça delimita o tamanho de um quadrado, símbolo do mundo material e do terrestre, enquanto a movimentação dos braços traça um círculo símbolo da órbita celeste do Universo. Além disso, expressa a ideia de que a beleza do corpo humano condiz com proporções geométricas. A antiga frase grega: O homem é a perfeita medida de todas as coisas, adotada pelo � lósofo francês Michel de Montaigne, resume a proposta de Da Vinci.

REMBRANDT. Lição de Anatomia do Dr. Tuid.

Dispónível em: <www.fasttour.com.br>. Acesso em 10 nov. 2010.

Cidade de VenezaAo fi nal da Idade Média as cidades italianas eram as mais ricas e prósperas da Europa.

Leonardo da Vinci , Homem Vitruviano.

Visão mítica da natureza do homem e do seu lugar no Cosmo, autor anônimo.

8 HistóriaRenascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo

Culturalmente, é necessário entender que o Renascimento está longe de representar uma ruptura completa com o pensamento medieval, apesar de os renascentistas a� rmarem isso. A realidade é que o homem da Idade Moderna carregava consigo uma profunda in� uência medieval em seus hábitos e em seus costumes. O Cristianismo é o melhor exemplo disso. A in� uência da cultura medieval permanece ainda nos dias atuais. Especialmente no Nordeste do Brasil, é possível encontrar textos com fortes traços medievais, devido a in� uências de obras como a de Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno, de 1517.

Na tentativa de sintetizar a cultura renascentista, pode-se a� rmar que foi marcadamente humanista, burguesa e urbana. Suas principais características foram:• O racionalismo – enquanto a fé foi o atributo humano mais valorizado no mundo medieval, a razão foi a qualidade humana mais apreciada no Renascimento. Os renascentistas acreditavam � rmemente que o homem criava, conhecia e se distinguia dos animais por meio da razão. Tudo, portanto, teria uma explicação lógica, racional e humana. A observação e a experimentação seriam também meios para se examinar as verdades estabelecidas. Nesse aspecto, o homem do Renascimento era completamente diferente do homem medieval. As explicações baseadas na fé e nos dogmas da Igreja começaram a ser substituídas pela razão.• O antropocentrismo e o humanismo – de acordo com a mentalidade medieval, Deus era o centro de tudo e a explicação para todas as coisas. A sociedade era pautada no teocentrismo. Por essa razão, a Igreja orientava os indivíduos para que concentrassem suas atenções na vida após a morte. Para o homem medieval, tudo o que acontecia no mundo era fruto da vontade do Criador. O homem sentia-se pequeno demais e inferiorizado diante da onipotência divina. O Renascimento, de uma certa forma, inverte essa situação, pois exalta e valoriza o talento, a capacidade, a criatividade e a inteligência do homem que é, agora, o centro de tudo e a medida para todas as coisas. O antropocentrismo, portanto, valoriza e glori� ca o homem.• A inspiração na cultura clássica – o homem renascentista tinha uma imagem extremamente negativa e preconceituosa sobre a Idade Média, que era considerada como um período de trevas, de ignorância e de atraso cultural.

O pagador de promessas, baseado na obra de Dias Gomes,

retrata a forte religiosidade no imaginário do nordestino.

Rafael Sanzio, Escola de Atenas.

Culturalmente, é necessário entender que o Renascimento está longe de representar uma ruptura completa com o pensamento medieval, apesar de os renascentistas a� rmarem isso. A realidade é que o homem da Idade Moderna carregava consigo uma profunda in� uência medieval em seus hábitos e em seus

A in� uência da cultura medieval permanece ainda nos dias

Rafael Sanzio, Escola de Atenas.

O auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, retrata a religiosidade, com infl uência de Boccaccio, cujo Decameron inspira a história do morto que ressuscita.

9HistóriaRenascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo

A verdadeira fonte de inspiração para os artistas do Renascimento era a cultura greco-romana. Sócrates, Platão, Aristóteles, Eurípedes, Sófocles, Heródoto, Píndaro, Cícero, Sêneca, esses, para os renascentistas, eram homens que representavam a cultura e o conhecimento humano. O Renascimento teve, porém, sua originalidade, extremamente rica e variada, por isso as obras não foram meras cópias da cultura greco-romana.• O individualismo e o otimismo – enquanto o homem medieval valorizava o espírito de associação e de coletivismo (todos se consideravam membros da cristandade), o homem renascentista exaltava o espírito de competição e o individualismo, ou seja, o homem passou a ser valorizado e reconhecido pelo seu talento, pela sua competência e pela sua capacidade individual. Já o otimismo era decorrência do próprio antropocentrismo e do humanismo. O homem renascentista era otimista porque acreditava em sua criatividade, em seu talento e em seu poder de realização, diferenciando-se do homem medieval, que se sentia pequeno e inferiorizado diante da grandeza de Deus.

Trabalhando com imagensTrabalhando com imagens

O texto e a imagem a seguir dão uma ideia de quanto o humanismo valorizava a aquisição de novos conhecimentos.

“Quero que o homem da Corte seja bem instruído nas letras e que conheça não apenas o latim, mas o grego (...) Que conheça os poetas e também os oradores e historiadores, e, além disso, que saiba escrever em verso e prosa, particularmente nossa língua: além do prazer que terá, não lhe faltarão temas de conversação com as damas (...) Eu o elogiarei também se souber diversas línguas estrangeiras, particularmente o espanhol e o francês, porque o uso de ambas é muito difundido na Itália (...) Quero ainda mencionar mais uma coisa que, visto a importância que lhe concedo, não gostaria de ver esquecida: é a Ciência do desenho e a Arte de pintar.”

Segundo Baltasar Castiglione, in O Homem da Corte, 1528. Citado por ISAAC, J. e ALBA, A., Tempo Modernos, Editora Mestre Jou

Agora responda:

2 O homem renascentista deveria se especializar na aquisição de um único conhecimento?

3 Cite os objetos contidos na imagem que estão associados ao saber, ao conhecimento e à cultura.

4 A nossa sociedade valoriza e estimula a aquisição de novos saberes e conhecimentos?

A riqueza literária do período renascentista deixou uma grande contribuição para a posteridade. Veja alguns exemplos.• Luís de Camões (1524-1580) – português – é considerado por muitos como o poeta mais versátil e completo da Literatura Portuguesa. Sua obra mais importante, Os Lusíadas, narra, em tom épico, parte da História de Portugal. O tema central é a viagem de Vasco da Gama em busca de um novo caminho marítimo para as Índias.

O texto e a imagem a seguir dão uma ideia de quanto o humanismo valorizava a aquisição de novos

“Quero que o homem da Corte seja bem instruído nas letras e que conheça não apenas o latim, mas o grego (...) Que conheça os poetas e também os oradores e historiadores, e, além disso, que saiba escrever em verso e prosa, particularmente nossa

Tela de 1533 do pintor alemão Hans Holbein: Os embaixadores franceses.

10 HistóriaRenascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo

• Miguel de Cervantes (1547-1580) – espanhol – foi um dos maiores escritores espanhóis de todos os tempos. Em sua famosa obra, Dom Quixote, o autor critica, de maneira sarcástica e irônica, os valores e as instituições medievais (notadamente a cavalaria) ao contar a história de um nobre espanhol que, de tanto ler romances de cavalaria, saiu vagando pelo mundo em busca de aventuras, acompanhado pelo seu � el escudeiro, Sancho Pança.

Cena do fi lme Dom Quixote.

• Dante Aliguieri (1265-1321) – italiano – escreveu A Divina Comédia, poema épico fortemente in� uenciado pelo pensamento medieval, mas que, ao mesmo tempo, pode ser considerado um marco da Literatura Moderna.

• Giovanni Boccaccio (1313-1375) – italiano – escreveu O Decameron, conjunto de cem pequenas histórias contadas por um grupo de jovens fugidos da peste de 1348. Boccaccio afasta-se, ao máximo, do idealismo e do misticismo medievais e descreve situações em que as personagens se utilizam da astúcia e da traição para se realizarem amorosamente.

• Erasmo de Rotterdam (1467-1536) – holandês – escreveu O Elogio da Loucura, obra na qual critica, de modo espirituoso, a sociedade da época, a ignorância, a superstição. Erasmo também critica, de maneira incisiva, os abusos da Igreja Católica.

• � omas Morus (1478-1535) – inglês – foi humanista, político, poeta e escritor. Notabilizou-se por ter escrito Utopia, em que idealiza uma sociedade perfeita, justa, harmônica, igualitária, na qual não haveria a exploração do homem.

• William Shakespeare (1564-1616) – inglês – é considerado um dos maiores autores de peças teatrais e um dos mais brilhantes poetas da Língua Inglesa. Séculos depois, muitas de suas obras foram adaptadas para o cinema ou são, até hoje, encenadas nos palcos do mundo. Hamlet, Macbeth, Romeu e Julieta, e Sonho de uma noite de verão estão entre suas obras mais representativas.

Muitas obras do escritor inglês Shakespeare foram adaptadas para o teatro e para o cinema, como é o caso de Romeu e Julieta, que possui versões diferenciadas.

O movimento renascentista teve origem na península Itálica devido a alguns fatores, dentre os quais destacam-se:• A riqueza das cidades – entre os séculos XII e XV, a Europa ocidental vivenciou a expansão das atividades mercantis, a multiplicação das rotas de comércio, o surgimento de feiras, e o desenvolvimento das cidades, como as italianas, que se tornaram muito ricas. Algumas delas acumularam grandes fortunas, monopolizando o comércio marítimo pelo Mediterrâneo, como das cidades do mundo feudal.

11HistóriaRenascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo

• A presença da cultura clássica – a Itália foi sede do Império Romano do Ocidente. Sendo assim, ela absorveu muitos aspectos da cultura grega. Esse ambiente cultural facilitou a revalorização da cultura clássica (greco-romana).• O mecenato – as cidades italianas eram governadas, geralmente, por famílias milionárias e muito poderosas, como a dos Médici, em Florença; a dos Sforza, em Milão; ou a dos Bentivoglio, em Bolonha. Essas famílias, para se projetarem socialmente, � nanciavam os artistas e os intelectuais renascentistas. Os � nanciadores da cultura renascentista eram chamados mecenas. Além da rica burguesia, os reis e a Igreja Católica também � nanciaram e protegeram as artes.

• Os sábios bizantinos – em 1453, Constantinopla, capital do Império Bizantino, foi invadida pelos turcos otomanos. Em virtude desse fato, vários intelectuais bizantinos que detinham muitos conhecimentos foram para a Itália. Geogra� camente, o Renascimento foi um fenômeno restrito à Europa, particularmente ao ocidente europeu. Na Ásia, o fenômeno passou completamente despercebido. No campo social, trata-se de um movimento de elite, uma vez que as camadas mais pobres, esmagadoramente analfabetas, viviam mergulhadas num ambiente místico e tipicamente medieval.

Exercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamentoExercícios de aprofundamento

Nas grandes capitais do Brasil são realizados eventos artísticos e culturais de grande repercussão. Exposições, mostras internacionais, apresentação de músicos e grandes bandas de rock, eventos literários como a Bienal Internacional do Livro em São Paulo e a Flipe (Feira Literária Internacional de Parati) dentre outros eventos que normalmente são fi nanciados pelo Estado e por grandes empresas privadas.

Agora, responda:

5 Quais os interesses das empresas em fi nanciar eventos dessa natureza? Que benefícios recebem do Estado?

Na Idade Média os livros em circulação eram poucos e caros, escritos à mão, página por página, pelos monges copistas que praticamente monopolizavam a cultura letrada. A invenção da imprensa promoveu uma verdadeira revolução na produção de livros e contribuiu enormemente para a propagação e difusão de novas ideias, como se pode ver no texto a seguir:

Nas imagens, Cosmo, o Velho, fundador da dinastia política dos Médici, e Lorenzo de Médici. A família destaca-se pelo apoio à arte.

12 HistóriaRenascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo

“A invenção da imprensa estava disseminando o pensamento não só cristão, mas também secular e pagão; ao mesmo tempo que atingia uma população que se tornava cada vez mais instruída. Os que tinham mais posses desprezaram a princípio a imprensa como coisa vulgar — com alguma razão — e temiam o declínio da qualidade artística e do valor econômico de seus manuscritos. Mas os intelectuais não receavam, e muitos deles se associaram aos impressores para produzir cópias magní� cas de clássicos antigos. Em 1500, a Europa possuía calculadamente nove milhões de livros, em comparação com menos de 100 000 manuscritos cerca de 50 anos antes. Nenhuma invenção revolucionou de maneira tão completa e tão rápida a vida intelectual e a sociedade. Quanto mais os homens liam, mais sentiam impulsos de independência e mais se acelerava o intercâmbio de ideias.”

Biblioteca de História Universal Life. A reforma. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpio Editora, 1971.

A circulação de conhecimento, por meio dos livros e de demais escritos que eram impressos, foi importante instrumento da difusão de novos ideiais. Outro meio de propagação de conhecimento foram as academias, em que se discutiam textos escritos.

Ampliando o conhecimentoAmpliando o conhecimento

A arte renascentista é marcada pela “ perfeição, humanização das formas e proporção adequada. Na pintura, obtêm-se a ilusão de tridimensionalidade. O desenho tem mais importância que a cor. (...) Na escultura, a fi gura humana é representada segundo os padrões clássicos”. Observe as imagens a seguir e analise-as.

VINCI, da Leonardo. Monalisa.Michelangelo, Pietá. BRUEGUEL, Pieter. Festa Camponesa.

As imagens anteriores são uma pequena amostra da riqueza e da diversidade da produção artística do Renascimento. Algumas obras de artistas são expoentes desse movimento: na escultura, temos Pietá, de Michelangelo; na pintura, a Monalisa, o quadro mais famoso do mundo, de Leonardo da Vinci e Festa Camponesa, de Pieter Brueguel.

6 Para conhecer mais sobre os artistas renascentistas, faça uma pesquisa sobre a vida e a obra de um dos pintores citados anteriormente e/ou sobre a vida de Albrecht Dürer e Giotto, artistas que não foram mencionados.

Trabalho na prensa.

13HistóriaRenascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo

No movimento renascentista, encontram-se muitos aspectos das sociedades humanas: a busca pelo conhecimento, pelo bem-estar material e pela riqueza, a inquietação religiosa, o sentimento de propriedade, o desejo de poder, dentre outros. Foi um período rico da História, o qual in� uenciou fortemente a formação das sociedades modernas e, como a� rma José Jobson Arruda:

“O Renascimento é uma verdadeira revolução cultural que corresponde à transição da época medieval ao mundo moderno. Expressa os ideais, a visão de mundo da nova sociedade emergente com a crise do Feudalismo e o desenvolvimento da economia mercantil. A denominação Renascimento é decorrência da preocupação dos homens que viveram esse momento histórico em se inspirarem nos valores e ideais da Antiguidade Clássica (greco-romana), por oposição aos valores medievais que desprezavam. Em vários aspectos, contudo, esse movimento cultural representa mais uma continuação do que uma ruptura em relação ao mundo da Baixa Idade Média, em que teve sua origem, atingindo a máxima plenitude nos séculos XV e XVI”. En� m, o Renascimento promoveu profundas mudanças na mentalidade do homem e no seu modo de ver o mundo. Passados mais de 500 anos, é notável a grande importância desse movimento de valores pessoais e sociais, de descobertas cientí� cas e de concepções � losó� cas que fundamentaram a modernidade.

Ampliando o conhecimentoAmpliando o conhecimento A PERSPECTIVA RENASCENTISTA

Se uma das propostas do humanismo era ver o mundo com outros olhos, essa tarefa foi plenamente conseguida pelos pintores do Renascimento. Afi nal, eles desenvolveram um novo estilo artístico que promoveu verdadeira revolução nas artes plásticas: a perspectiva. Os quadros pintados, até então, retratavam as pessoas, os animais, os objetos de uma forma chapada, ou seja, essas imagens eram feitas utilizando-se apenas duas dimensões: a altura e a largura. As pinturas góticas, por exemplo, tinham um tradicional fundo dourado, que eliminava qualquer noção de espaço. Com os renascentistas, isso começou a mudar. Os artistas desse período passaram a se preocupar com o efeito de profundidade em suas pinturas, ou seja, em fazer o uso da tridimensionalidade. Assim, ao olhar para uma tela, tinha-se a impressão de que se via além dela; como se a moldura do quadro fosse apenas uma janela aberta para uma outra realidade ilimitada e contínua. Os corpos, os objetos e a natureza ganharam volume graças aos trabalhos iniciais de mestres italianos, como Duccio, Giotto, ou de fl amengos, como os irmãos Jan e Hubert van Eyck, Mestre de Flémalle, Rogier van der Weyder. Foi com o arquiteto fl orentino Fillippo Brunelleschi, todavia, que a técnica da perspectiva ganhou um acabamento rigoroso, pois, por volta de 1420, ele passou a utilizar conceitos matemáticos para criar a noção de uma perspectiva exata, capaz de conduzir o olhar do observador a um determinado ponto da obra. Tamanha sofi sticação exigia do artista conhecimentos não apenas de pintura, mas também de matemática, geometria e óptica. Afi nal, os objetos mais distantes, além de serem retratados em tamanhos menores, exigiam colorações diferentes, devido a jogos de luz e sombra. Dessa maneira, o pintor deixava de ser um simples artesão e se transformava em um cientista completo. Com isso, a arte alcançou um novo status.

OLIVIERI, Antonio Carlos. O Renascimento. Coleção O Cotidiano na História. São Paulo: Ática, 2008. Pag. 33

LIPPI, Filippo. Nossa Senhora com menino.

14 HistóriaRenascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo

Exercícios de salaExercícios de sala

7 Leia o texto a seguir:

A Pietá é uma escultura em mármore de Michelangelo (1475-1564), realizada no fi m do século XV, no contexto do Renascimento. Giorgio Vasari (1511-1574), um dos mais importantes intérpretes da obra de Michelangelo, reconheceu a maestria da Pietá ao gravar, pela primeira vez, sua assinatura na faixa que atravessa o peito da Virgem. Ainda a propósito dessa escultura, Vasari comenta: “como a mão do artista pôde realizar, de maneira tão divina, em tão pouco tempo uma obra tão admirável? Parece um milagre: que uma rocha informe tenha atingido uma perfeição tamanha que a própria natureza só raramente modela a carne”.

PAOLUCCI, Antonio. Michelangelo. Florença, ATS. 1993

Acerca do Renascimento, é correto afi rmar que:I) o Renascimento não foi um processo homogêneo. Seu desenvolvimento foi desigual na Europa e as manifestações mais expressivas se deram nos campos das artes e das ciências, sendo que, no campo artístico, a literatura e as artes plásticas ocupavam lugar de destaque. II) a arte renascentista tornou-se predominantemente religiosa, pois passou a retratar a vida de santos, de clérigos e o cotidiano cristão da época. III) a Itália foi o berço do Renascimento porque era o centro do desenvolvimento comercial e urbano, que gerava os excedentes de capital mercantil para o investimento em obra de arte.IV) a ascensão da burguesia foi fundamental para que se desenvolvesse, nas cidades italianas, um poderoso mecenato, plenamente identifi cado com as concepções terrenas dominantes entre os setores urbanos.

As afi rmativas corretas são: a) I, III apenas. b) I, II, III apenas. c) I, II, IV apenas. d) I, III, IV apenas.e) I, II, III, IV.

8 Dois elementos se destacam na pintura renascentista: a expressão corporal, que garante o equilíbrio e

revela, assim, uma fi gura humana de tendências levemente torneadas e de proporções perfeitas; e as expressões das fi guras, que refl etem seus sentimentos.

Mesmo contrariando a moral cristã da época, o nu volta a ser utilizado para refl etir o Naturalismo. Disponível em: <www. história net.com.br> Acesso em 23 out. 2007.

Com relação às artes e às letras de seu tempo, os mestres do Renascimento dos séculos XV e XVI afi rmavam: a) que a Literatura e as Artes Plásticas passavam por um período de fl orescimento, dando continuidade ao Período Medieval, valorizando a vida no campo e o mundo feudal.

15HistóriaRenascimento: Um novo olhar sobre o homem e o mundo

b) que a Literatura e as Artes Plásticas, em decadência no Período Medieval, renasciam com o esplendor da Antiguidade. Entretanto, a quase totalidade da população europeia continuava analfabeta. c) que as Letras continuavam as tradições medievais, enquanto a Arquitetura, a Pintura e a Escultura rompiam com os velhos estilos. d) que as Artes Plásticas continuavam as tradições medievais, enquanto a Literatura criava novos estilos. e) que o alto nível das artes e das letras do período nada tinha a ver com a Antiguidade ou com o Período Medieval.

9 No contexto do Renascimento, é correto afi rmar que o humanismo:I) apoiava-se em concepções nascidas na Antiguidade Clássica greco-romana bem como na observação e na experimentação, que criaram os alicerces da Ciência Moderna. II) contribuiu para o desenvolvimento dos estudos científi cos, a exemplo da teoria do Heliocentrismo.III) infl uenciou concepções que desencadearam uma mudança de mentalidade da elite europeia. O homem passa a ser o grande indagador dos fenômenos que ocorrem consigo e com a natureza. A procura de respostas traz a razão, em detrimento da postura passiva perante a vontade de Deus. IV) inspirou um verdadeira revolução cultural, iniciada nas cidades da Itália, que se espalhou posteriormente para outras nações da Europa continental.

As afi rmativas corretas são:a) I e II apenas.b) I e III apenas.c) I e IV apenas.d) II, III e IV apenas.e) I, II, III, IV.

10 Cite as principais características que marcaram o período Renascentista.

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11 Nessa unidade, dedicamo-nos a compreender um movimento cultural denominado Renascimento. Cite algumas características desse movimento que expliquem a sua denominação.

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12 Explique por que a invenção da imprensa, na Europa, contribuiu para o Renascimento cultural e científi co.

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