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GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Subsecretaria de Regularização Ambiental Superintendência Regional de Meio Ambiente Central Metropolitana 0220094/2020 04/06/2020 Pág. 1 de 92 Superintendência Regional de Meio Ambiente Central Metropolitana SUPRAM CM Rua Espírito Santo N.º 495 Centro Belo Horizonte MG Cep: 30.160-030 Telefax: (31) 3228 - 7700 1. Resumo A Mineração Ibirité Ltda. atua no setor de mineração, no Município de Brumadinho, em Minas Gerais. A área da cava objeto desse licenciamento, localizada na poligonal Agência Nacional de Mineração (ANM) N.º 830.476/1986 refere-se à ampliação do empreendimento considerando que o mesmo possui outras cavas exauridas devido às características do depósito mineral formado. Em 23 de julho de 2015 foi formalizado junto a esta Superintendência o processo administrativo em análise (PA) COPAM N.º 00437/2007/016/2015. O presente licenciamento trata-se da abertura de uma nova cava denominada “Pit Norte”, será licenciada a lavra de 1.500. 000 t/ano de minério de ferro em uma área de 30,33 ha e a área destinada à ampliação da estrada de transporte de minério (0,16 ha). Está prevista uma vida útil de 4,7 anos para a extração do run of mine (ROM) na frente de lavra. Foram realizadas vistorias na área de ampliação a fim de subsidiar a análise da solicitação de licenciamento ambiental. Como se trata de licenciamento concomitante, não havia movimentação na área para a instalação de estruturas necessárias à operação, trata-se de área não impactada e predominantemente coberta por vegetação. A lavra será realizada em cava a céu aberto, o desmonte das rochas será preferencialmente mecânico, explosivos serão utilizados raramente, quando necessário, dependendo da friabilidade da rocha. O estéril será depositado em pilhas de estéril (PDE) existentes e o ROM será beneficiado na unidade de tratamento de minérios (UTM) que já opera no empreendimento. Na ocasião da formalização deste processo administrativo (PA), foram apresentados pelo empreendedor o Plano de Controle Ambiental, Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental. Salienta-se que foi apresentada Anotação de Responsabilidade Técnica do profissional responsável pela coordenação dos estudos ambientais, José Domingos Pereira, ART N.º 14021500000002559325. Em Brumadinho, e no entorno, existem áreas protegidas integrantes do grupo de Unidades de Conservação de Proteção Integral e Unidades de Conservação de Uso Sustentável, assim como Áreas de Proteção Especial. Segundo dados do SIAM - www.siam.mg.gov.br e Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais www.almg.gov.br, o empreendimento se encontra próximo às seguintes Unidades de Conservação: Parque Estadual da Serra do Rola Moça, que é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral; RPPN Sítio Grimpas e APA SUL que são Unidades de Conservação de Uso Sustentável; APE Mutuca, APE Taboão, APE Rola-Moça, APE Catarina e APE Rio Manso que são Áreas de Proteção Especial. Importante ressaltar que o empreendimento em questão está nos limites da APA Sul e na Zona de Amortecimento do Parque Estadual Serra do Rola Moça. Para a implantação da lavra Pit Norte foram requeridas intervenções em 18,38 hectares classificados como Floresta Estacional Semidecidual em estágio médio de regeneração, 0,97ha de Floresta Estacional Semidecidual em estágio inicial de regeneração, 0,16ha de pastagem e 10,82ha de Floresta Plantada de Eucalipto, somando um total de 30,33 hectares. Nesta área de intervenção foram encontradas espécies com algum grau de ameaça, sendo elas: Dalbergia nigra,Handroanthus serratifolius e Melanoxylon brauna. A compensação destas está prevista no Termo de Compromisso de Compensação Ambiental N.º 04/2019, assinado 28/03/2019. Outras compensações contempladas neste Parecer são: compensação ambiental prevista na Lei do SNUC - Lei Federal N.º 9.985/2000; compensação por supressão de

1. Resumo - sistemas.meioambiente.mg.gov.brsistemas.meioambiente.mg.gov.br/licenciamento/... · Norte”, da Mineração Ibirité Ltda (MIB). A ampliação pretendida neste novo processo

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    Superintendência Regional de Meio Ambiente Central Metropolitana – SUPRAM CM Rua Espírito Santo N.º 495 – Centro – Belo Horizonte – MG – Cep: 30.160-030 – Telefax: (31) 3228 - 7700

    1. Resumo

    A Mineração Ibirité Ltda. atua no setor de mineração, no Município de Brumadinho, em Minas

    Gerais. A área da cava objeto desse licenciamento, localizada na poligonal Agência Nacional de

    Mineração (ANM) N.º 830.476/1986 refere-se à ampliação do empreendimento considerando que o

    mesmo possui outras cavas exauridas devido às características do depósito mineral formado. Em 23

    de julho de 2015 foi formalizado junto a esta Superintendência o processo administrativo em análise

    (PA) COPAM N.º 00437/2007/016/2015.

    O presente licenciamento trata-se da abertura de uma nova cava denominada “Pit Norte”, será

    licenciada a lavra de 1.500. 000 t/ano de minério de ferro em uma área de 30,33 ha e a área destinada

    à ampliação da estrada de transporte de minério (0,16 ha). Está prevista uma vida útil de 4,7 anos para

    a extração do run of mine (ROM) na frente de lavra.

    Foram realizadas vistorias na área de ampliação a fim de subsidiar a análise da solicitação de

    licenciamento ambiental. Como se trata de licenciamento concomitante, não havia movimentação na

    área para a instalação de estruturas necessárias à operação, trata-se de área não impactada e

    predominantemente coberta por vegetação.

    A lavra será realizada em cava a céu aberto, o desmonte das rochas será preferencialmente

    mecânico, explosivos serão utilizados raramente, quando necessário, dependendo da friabilidade da

    rocha. O estéril será depositado em pilhas de estéril (PDE) existentes e o ROM será beneficiado na

    unidade de tratamento de minérios (UTM) que já opera no empreendimento.

    Na ocasião da formalização deste processo administrativo (PA), foram apresentados pelo

    empreendedor o Plano de Controle Ambiental, Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto

    Ambiental. Salienta-se que foi apresentada Anotação de Responsabilidade Técnica do profissional

    responsável pela coordenação dos estudos ambientais, José Domingos Pereira, ART N.º

    14021500000002559325.

    Em Brumadinho, e no entorno, existem áreas protegidas integrantes do grupo de Unidades de

    Conservação de Proteção Integral e Unidades de Conservação de Uso Sustentável, assim como Áreas

    de Proteção Especial. Segundo dados do SIAM - www.siam.mg.gov.br e Assembleia Legislativa do

    Estado de Minas Gerais www.almg.gov.br, o empreendimento se encontra próximo às seguintes

    Unidades de Conservação: Parque Estadual da Serra do Rola Moça, que é uma Unidade de

    Conservação de Proteção Integral; RPPN Sítio Grimpas e APA SUL que são Unidades de Conservação

    de Uso Sustentável; APE Mutuca, APE Taboão, APE Rola-Moça, APE Catarina e APE Rio Manso que

    são Áreas de Proteção Especial. Importante ressaltar que o empreendimento em questão está nos

    limites da APA Sul e na Zona de Amortecimento do Parque Estadual Serra do Rola Moça.

    Para a implantação da lavra Pit Norte foram requeridas intervenções em 18,38 hectares

    classificados como Floresta Estacional Semidecidual em estágio médio de regeneração, 0,97ha de

    Floresta Estacional Semidecidual em estágio inicial de regeneração, 0,16ha de pastagem e 10,82ha de

    Floresta Plantada de Eucalipto, somando um total de 30,33 hectares.

    Nesta área de intervenção foram encontradas espécies com algum grau de ameaça, sendo elas:

    Dalbergia nigra,Handroanthus serratifolius e Melanoxylon brauna. A compensação destas está prevista

    no Termo de Compromisso de Compensação Ambiental N.º 04/2019, assinado 28/03/2019.

    Outras compensações contempladas neste Parecer são: compensação ambiental prevista

    na Lei do SNUC - Lei Federal N.º 9.985/2000; compensação por supressão de

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    Superintendência Regional de Meio Ambiente Central Metropolitana – SUPRAM CM Rua Espírito Santo N.º 495 – Centro – Belo Horizonte – MG – Cep: 30.160-030 – Telefax: (31) 3228 - 7700

    vegetação nativa em empreendimento minerário - Lei Estadual N.º 20.922/2013; compensação por

    supressão de vegetação no bioma da Mata Atlântica - Lei Federal 11.428/2006.

    As área de Reserva Legal das propriedades do empreendimento possuem área não inferior a

    20% do total da área, e tem vegetação nativa sob tipologia predominante de Floresta Estacional

    Semidecidual em estágio médio de regeneração, com a presença de dossel e sub-bosque, de camada

    espessa de serrapilheira e de indivíduos arbóreos como cedro, ipê amarelo, copaíba, jacarandá,

    mamica, açoita cavalo, ingá dentre outros, estão contíguas a outras áreas averbadas de Reserva legal,

    a Áreas de Preservação Permanente, bem como a área de compensação de Mata Atlântica do

    empreendimento, formando um corredor ecológico, e encontra-se em bom estado de conservação,

    atendendo à Legislação Ambiental em vigor. as áreas de Reserva Legal das duas matrículas do

    empreendimento se encontram registradas no registro de imóveis e devidamente registradas no CAR,

    Estes documentos se encontram nos autos do Processo de Licenciamento Ambiental.

    As atividades do empreendimento não preveem intervenção em Área de Preservação

    Permanente - APP.

    Os estudos de avifauna e herpetofauna apresentados não registraram espécies ameaçadas de

    extinção.

    Quanto à Mastofauna, dentre as espécies registradas o felino Leopardus pardalis (Jaguatirica) é

    classificado como vulnerável a nível estadual (COPAM, 2010) embora não ameaçado a nível global

    (IUCN, 2015) e nacional (MMA, 2014). Embora não categorizado na lista estadual (COPAM, 2010) e

    nacional (MMA, 2014) o Sauá (Callicebus nigrifrons) é classificado como quase ameaçado a nível global

    (IUCN, 2015). Apesar de ausentes nas listas estadual e nacional, o cachorro do mato (Cerdocyon

    thous), o tatu galinha (Dasypus novemcinctus), o mão-pelada (Procyon cancrivorus), Gambá (Didelphis

    albiventris), o sagui (Callithrix penicillata), o tapeti (Sylvilagus brasiliensis) e a capivara (Hydrochoerus

    hydrochaeris) encontram-se listados na IUCN (2015) como pouco preocupantes.

    Quanto aos patrimônios culturais acautelados pelo Estado, foi apresentada anuência do IEPHA

    para a fase de LP+LI, condicionada à apresentação de alguns documentos para a fase de LO. Tais

    documentos foram enviados ao IEPHA pelo empreendedor. Quanto aos bens culturais acautelados

    pela União, foi apresentada anuência do IPHAN referente a outro processo e a outra atividade, porém,

    na mesma área. No entanto, foi apresentada Declaração do empreendedor referente ao artigo 27 da

    Lei Estadual N.º 21.972/2016.

    No tocante ao uso dos recursos hídricos, o empreendimento possui a portaria de outorga

    0026/2013 para captação de água superficial no Ribeirão Casa Branca, e as Portarias de outorga

    01444/2009, 01445/2009, 01446/2009 e 01447/2009 para captação de água subterrânea em poços

    existentes. Todos os processos encontram-se com os processos de renovação de outorga com análise

    técnica e jurídica concluída. A vazão total outorgada é de 3089,44 m3/dia para atender as demandas

    do empreendimento para consumo humano, industrial e aspersão de vias.

    Foram apresentados os estudos espeleológicos, atendendo à legislação ambiental em vigor, que

    foram avaliados e validados em vistoria técnica, onde foi confirmado a inexistência de feições cársticas

    na ADA e no buffer de 250m.

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    2. Introdução

    Este Parecer Único visa subsidiar o julgamento do pedido de Licença Prévia

    concomitante com Licença de Instalação e Operação (LP+LI+LO) para a cava “Pit

    Norte”, da Mineração Ibirité Ltda (MIB).

    A ampliação pretendida neste novo processo de licenciamento ambiental é

    relativa à expansão territorial de lavra, na área do direito minerário (poligonal ANM

    830.476/1986), com produção máxima de 1.500.000 t/ano de material bruto (ROM –

    run of mine). A expansão refere-se a uma nova cava na porção norte da área do

    empreendimento, além da ampliação de uma estrada de acesso ao local de trabalho.

    A lavra desta nova área irá fornecer ROM para o processamento na usina de

    tratamento, em substituição ao lavrado nas áreas até então licenciadas cujas cavas

    encontram-se exauridas.

    A Mineração Ibirité Ltda vem operando a mina na região do Córrego do Feijão,

    em Brumadinho, desde 2007. Os trabalhos de lavra nessa nova cava serão

    amparados pela estrutura já existente no empreendimento.

    Como a atividade minerária já é realizada na região, presume-se que a

    instalação e operação desse projeto não acarretem impactos diferentes daqueles já

    ocorrentes, porém, pode haver sinergia e cumulatividade dos mesmos.

    O Engenheiro de Minas Joaquim Antônio Rath – CREA MG 32659 – ART

    14201600000003285441 – é o responsável técnico pela operação do

    empreendimento.

    2.1. Contexto Histórico

    A Mineração Ibirité Ltda (MIB), estabelecida na Fazenda Santa Maria, na região

    de “Córrego do Feijão”, Município de Brumadinho – MG, atua no setor de mineração,

    explotando minério de ferro na poligonal ANM N.º 830.476/1986.

    Em 23 de julho de 2015 foi formalizado junto a esta Superintendência o processo

    administrativo (PA) COPAM N.º 00437/2007/016/2015, para obtenção de licença

    prévia concomitante com licença de instalação, para a atividade “lavra a céu aberto

    com tratamento a úmido – minério de ferro”, com produção de 3.000.000 t/ano e para

    “estradas para transporte de minério/estéril”, numa extensão de 1 km, sob os códigos

    A-02-04-6 e A-05-05-3, respectivamente, de acordo com a Deliberação Normativa N.º

    74/2004, tendo sido enquadrado na classe 06. Em 19/08/2019 o empreendedor

    solicitou (R0125320/2019) a reorientação para LAC1, (LP (licença prévia) + LI (licença

    de instalação) + LO (licença de Operação)) concomitantes, por se tratar de ampliação

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    do empreendimento. Foi gerado novo FOB (0565164/2015 B) para a atividade de

    “lavra a céu aberto – minério de ferro”, código A-02-03-8, de acordo com a DN

    217/2017. O processo foi reorientado para a modalidade requerida, tendo sido

    enquadrado na classe 03, com fator locacional resultante 2.

    Em 05/08/2016 e 05/07/2017 (protocolos R0266145, R0177958), o

    empreendedor apresentou estudos referentes à mudança no limite do pit de lavra

    (área da cava) originalmente formalizado.

    Foram realizadas vistorias no empreendimento nos dias 03 de outubro de 2017,

    29 de agosto de 2018 e 14 de novembro de 2019, conforme Autos de Fiscalização

    N.ºs 104.555/2017, 111.662/2018 e 111.025/2019, respectivamente.

    Para subsidiar a análise da licença requerida, foram utilizadas as informações

    apresentadas no supracitado PA pelo empreendedor, destacando-se o Estudo de

    Impacto Ambiental (EIA), o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), o Plano de

    Controle Ambiental (PCA), as informações complementares apresentadas, acrescidas

    das informações obtidas no local do empreendimento por meio de vistorias técnicas

    da equipe da SUPRAM CM. Foram, ainda, realizadas consultas ao Sistema Integrado

    de Informação Ambiental (SIAM), ao software livre Google Earth, e à Infra Estrutura

    de Dados Espaciais (IDE) do SISEMA.

    2.2. Caracterização do Empreendimento

    Ao todo, o empreendimento conta com 4 pilhas de estéril/rejeito, sendo duas

    finalizadas e recuperadas, 6 cavas (recuperadas ou em recuperação), unidade de

    tratamento de minerais (UTM), 4 diques de contenção de sedimentos, 2 baterias de

    baias, com 6 cada, utilizadas para secagem do rejeito, antes de sua destinação para

    o empilhamento, estruturas de apoios (guarita de controle de entrada/saída de

    pessoas e veículos na mineração, balanças rodoviárias; oficinas eletromecânicas;

    almoxarifado; escritórios; restaurante industrial; vestiário). Toda a estrutura central da

    mineração será utilizada como apoio à lavra desta nova frente. Como foram adquiridas

    3 máquinas (denominadas decanter) para desaguamento do rejeito, as baias só serão

    utilizadas quando estas máquinas estiverem inoperantes. Os equipamentos

    adquiridos trazem como benefício a redução da necessidade de água nova.

    A MIB conta, atualmente, com cerca de 140 trabalhadores e com uma média de

    25 trabalhadores terceirizados, laborando em três turnos, de segunda a sexta feira.

    A ampliação da estrada refere-se ao alargamento de uma estrada existente, para

    melhor comportar o trânsito seguro dos caminhões de transporte do minério mina

    /usina. Esta via particular da MIB é paralela a uma via da VALE, localmente

    denominada “Estrada Tracomal”, hoje, inclusive, utilizada pela MIB.

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    A jazida objeto do licenciamento é um depósito secundário de minério de ferro,

    originado de processos erosivos pretéritos (intemperismo) que atuaram sobre a

    formação ferrífera que constitui as partes altas da Serra do Curral, localmente

    denominada Serra da Jangada, onde fragmentos de materiais ferrosos, itabirito e

    hematita, foram transportados para este local, ali se depositando, em decorrência da

    suavização da topografia (sopé da serra). Consequentemente, constituem depósitos

    minerais de pequenas espessuras, geralmente com menos de 20 metros de

    profundidade. O projeto de lavra local passou por diversas etapas de ampliação,

    devido à pouca espessura dos depósitos, a continuidade da pesquisa mineral e

    problemas na aquisição de áreas.

    A lavra será conduzida em bancadas regulares descendentes de

    aproximadamente 5 m de altura e 5 m de largura, numa encosta relativamente

    inclinada. Os bancos que estiverem em configuração final deverão ter sua berma

    reduzida para 4 metros. O desmonte será realizado preferencialmente

    mecanicamente, utilizando-se escavadeiras hidráulicas, e eventualmente, utilizar-se-

    á explosivos. Como o depósito mineral é pouco espesso, não haverá muita

    profundidade nos níveis a serem rebaixados com a lavra, mas devido ao mergulho da

    rocha, a lavra está projetada para ser desenvolvida entre as cotas 955 m e 1.170 m,

    ou seja, com o desnível total de 215 metros. Devido às características da jazida

    (minério aflorado e posicionado na encosta), a relação estéril/minério será em torno

    de 1:5. Considerando a geração média de material no Pit Norte de 580.000 t/ano e

    previsão de geração de material conforme Tabela 2.2.1, a vida útil aproximada da cava

    será de 4 anos e 7 meses.

    Tabela 2.2.1: Geração média anual de materiais

    Ano Cotas (m) Material total (t) Estéril (t) Minério (t)

    1 1.170/1.130 678.012 113.002 565.010

    2 1.125/1.095 680.255 113.376 566.879

    3 1.090/1.050 748.040 124.673 623.367

    4 1.045/1.005 678.973 113.162 565.811

    5 1.000/955 400.152 66.692 333.460

    Total

    3.185.432 530.905 2.654.527

    Fonte: Informações complementares (R0159136/2019)

    O estéril será depositado nas pilhas de estéril existentes, o minério será

    transportado para a UTM também existente, para o processamento, gerando produtos

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    e rejeitos, sendo que estes últimos serão dispostos em pilhas após o desaguamento

    nos equipamentos de filtragem (decanter) ou nas baias. Atualmente, as pilhas

    denominadas “Pilha 3” e “Pilha 4” (majoritariamente a Pilha 4) têm capacidade de

    receber o estéril/rejeito gerados. As cavas utilizadas para a disposição dos rejeitos

    serão as cavas denominadas “Cava 2”, “Cava 3”, “Cava 4”, e “Cava 6”.

    Não está previsto rebaixamento do nível freático, será controlada apenas a

    drenagem pluvial, adotando-se procedimentos, escavações e estruturas para

    direcionamento da drenagem pluvial para o interior da cava.

    Com base nos poços profundos perfurados nas regiões mais baixas da lavra, a

    partir da elevação 870 m, o nível do lençol freático foi alcançado 15 m abaixo, portanto,

    na elev. 855 m. Como a região da lavra objeto desse licenciamento será realizada

    numa região de morro, em cortes relativamente rasos, não está previsto o

    rebaixamento do lençol visto que a elev. mais baixa da cava é de 955m, com uma

    diferença de 100 m do nível d`água.

    O efluente sanitário é tratado no sistema fossa séptica/filtro anaeróbio, os

    efluentes oleosos provenientes da manutenção de equipamentos são tratados na

    caixa separadora de óleos e graxas. A energia elétrica é fornecida pela CEMIG.

    3. Caracterização Ambiental

    3.1. Áreas de Influência

    A delimitação das áreas de influência da estrutura, ora em processo de

    licenciamento, foi estabelecida nos estudos ambientais apresentados e estão, assim,

    caracterizadas:

    Área diretamente afetada (ADA): corresponde à área onde ocorrerão os

    impactos diretos e efetivos decorrentes da implantação e operação do projeto Pit

    Norte, constituindo a porção territorial (totalizando 28,8 ha) onde ocorrerá a abertura

    da cava e à área destinada à ampliação da estrada de transporte de minério (1,53 ha),

    totalizando 30,33 ha.

    Área de influência direta (AID): é definida como a área sujeita aos impactos

    diretos da ampliação da lavra, quanto ao meio físico, corresponde às drenagens

    intermitentes referentes a contribuintes de primeira ordem do Córrego da Índia na

    porção leste do empreendimento, e cabeceiras do córrego do Feijão na Porção Sul.

    Quanto ao meio biótico, observa-se o impacto nos revestimentos vegetacionais de

    Floresta Estacional Semidecidual.

    Área de influência indireta (AII): é definida como a área real ou potencialmente

    afetada pelos impactos indiretos da instalação do empreendimento. Na AII, existem

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    drenagens intermitentes referentes a contribuintes de primeira ordem do Córrego da

    Índia na porção leste do empreendimento, cabeceiras do córrego do Feijão na Porção

    Sul e um trecho do córrego Samambaia na Porção Oeste do empreendimento.

    Também está inserido na direção sul da AII, a planta de beneficiamento e demais

    estruturas do empreendimento. A norte encontra-se a Mina da Jangada, pertencente

    a VALE S.A

    A vegetação de floresta estacional semidecidual ocupa o extremo oeste e uma

    porção relativamente maior à leste. No centro-sul os espaços são ocupados com

    pastagens de gramíneas e uma granja de suínos.

    3.2. Alternativa Tecnológica e Locacional

    Os recursos minerários impõem rigidez locacional aos empreendimentos, pois a

    lavra só pode ser realizada no local onde o depósito mineral foi formado. O depósito

    de minério de ferro, que será lavrado após a concessão da licença requerida, ocorre

    na média e alta encosta da topografia, recoberto parcialmente por vegetação nativa

    enquadrada dentro do Bioma Mata Atlântica, mas, devido à inexistência de alternativa

    locacional para a atividade de lavra, justifica-se a necessidade de supressão de

    Floresta Estacional Semidecidual em estágio médio de regeneração.

    Para a estrada de acesso da lavra até a área de beneficiamento, foram avaliadas

    algumas possibilidades, mas em função da posição topográfica e do contexto no qual

    a jazida de minério de ferro se localiza, concluiu- se que a única alternativa possível

    de acesso à lavra apresentaria impactos ambientais muito superiores ao acesso atual

    proposto.

    A alternativa locacional possível possui viabilidade técnica, mas não econômica

    e ambiental, pois seria em terrenos de terceiros, em área relativamente pequena, mas

    superior à alternativa escolhida (2 ha); o acesso externo até a área industrial, utilizaria

    a estrada municipal Córrego do Feijão/Casa Branca, causando impactos como

    aumento da circulação de veículos pesados, geração de poeira, risco de

    atropelamento de pessoas e de fauna; apresenta vegetação de FESD, em melhor

    estágio de conservação; causaria impactos sobre cursos d’água (travessia sobre

    curso d’água, risco de carreamento de sólidos e consequente aumento de turbidez

    assoreamento etc. e passa sobre área de reserva legal averbada (necessidade de

    relocação), bem como fragmentação da mesma (divisão em duas glebas não

    conectadas), além de possui maior distância média de transporte.

    Já a alternativa escolhida possui viabilidade técnica, econômica e ambiental,

    pois será em terrenos da própria empresa em área relativamente pequena (1,37 ha),

    na qual já existe uma estrada; o acesso interno até a área industrial não utilizará

    estradas municipais; possui vegetação de FESD, mas com grau de alteração (faixa

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    com eucaliptos e queimadas); não causará impactos sobre cursos d’água ou

    nascentes, nem sobre área de reserva legal averbada; e possui menor distância média

    de transporte (Figura 3.2.1).

    Figura 3.2.1: Alternativas técnicas e locacionais para a estrada.

    Fonte: Protocolo R0118680/2019.

    Do ponto de vista tecnológico, uma alternativa seria a implantação de uma

    Correia Transportadora de minério, mas devido ao alto custo de implantação e

    demanda de infraestrutura e manutenção, frente à pequena dimensão do

    empreendimento em questão, esta alternativa se torna inviável, pois não seria

    possível a amortização do valor investido tendo como base a vida útil da jazida.

    Diante dos fatos elencados acima é possível afirmar que não existe alternativa

    locacional para o acesso projetado que viabilize ambientalmente e economicamente

    a lavra da jazida em questão.

    Segundo informado pelo empreendedor, a não ampliação do empreendimento

    visando o aproveitamento desta nova reserva, com minério de boa qualidade,

    implicaria em inaproveitamento da reserva, falta de material para blendagem,

    diminuição da vida útil do empreendimento e o poder público deixaria de receber mais

    tributos.

    Apesar do impacto econômico supracitado, ressalta-se que a não execução do

    projeto evitaria a supressão de vegetação de FESD em estágio médio de regeneração

    e a consequente diminuição de habitats para a fauna, por se tratar de um impacto

    irreversível.

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    3.3. Unidades de Conservação

    O empreendimento está inserido no Bioma Mata Atlântica e nos limites da Área

    de Proteção Ambiental - APA Sul RMBH (Figura 3.3.1). Encontra-se na Zona de

    Amortecimento do Parque Estadual Serra do Rola Moça - PESRM, das Reservas da

    Biosfera da Serra do Espinhaço e da Mata Atlântica. Além disso, está em área de

    prioridade alta para a conservação da flora.

    Figura 3.3.1: ADA em rosa nos limites da APA Sul (amarelo) e zona de amortecimento do PESRM (verde).

    Fonte: IDE-Sisema.

    O empreendimento encontra-se anuído pelo conselho consultivo da APA Sul,

    conforme Figuras 3.3.2 e 3.3.3.

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    Figura 3.3.2: Anuência APA Sul.

    Fonte: Informações Complementares MIB, 2019.

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    Figura 3.3.3: Anuência APA Sul.

    Fonte: Informações Complementares MIB, 2019.

    3.4. Recursos Hídricos

    As drenagens intermitentes referentes a contribuintes de primeira ordem do

    Córrego da Índia na porção leste do empreendimento, e cabeceiras do córrego do

    Feijão na Porção Sul ocorrem na AID do empreendimento.

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    Na AII existem drenagens intermitentes referentes a contribuintes de primeira

    ordem do Córrego da Índia na porção leste do empreendimento, cabeceiras do

    córrego do Feijão (afluente de primeira ordem do córrego Samambaia) na Porção Sul

    e um trecho do córrego Samambaia (deságua no ribeirão Ferro Carvão) na Porção

    Oeste do empreendimento. O córrego do Feijão e o córrego Samambaia, encontram-

    se inseridos na microbacia do ribeirão Ferro Carvão e o córrego da Índia, na

    microbacia do ribeirão Casa Branca, sendo que estas microbacias, por sua vez

    encontram-se inseridas na sub-bacia do Rio Paraopeba um dos principais afluentes

    da margem direita do rio São Francisco.

    A Área Diretamente Afetada do empreendimento a ser licenciado não atinge

    nenhuma drenagem natural, perene ou efêmera (Figura 3.4.1). Os cursos d’água

    existentes no entorno do empreendimento localizam-se na AID e AII do

    empreendimento.

    Figura 3.4.1: Drenagens na AID e AII do empreendimento

    Fonte: Informações complementares (R0159136/2019)

    Legenda:

    Áreas de influência:

    ADA – área diretamente afetada

    AID – área de influência indireta

    AII – área de influência indireta

    Cursos d`água (perenes e intermitentes)

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    Quanto ao controle ambiental frente às drenagens naturais, visando evitar o

    carreamento de sedimentos para as mesmas, existem diques de contenção de

    sedimentos a jusante de estruturas, geralmente pilhas de estéril/rejeito e a montante

    dos cursos d`’agua, outras estruturas de amortecimento e de contenção de sólidos

    carreados pelas chuvas, representadas pelas baias e pequenas bacias deixadas ao

    final de algumas cavas exauridas de minério. Os sólidos são sedimentados nestas

    estruturas de contenção, ocorrendo eventual extravasamento de água quando há

    excesso, como em casos de intensa precipitação pluviométrica.

    Por último, e muito importante, nesta proteção das drenagens naturais, é o

    método de lavra, com o desenvolvimento de lavra em pequenas cavas, sempre

    deixando uma barreira no entorno da cava onde pode ocorrer escoamento para o leito

    da drenagem natural.

    3.5. Meio Físico

    Clima e Condições Meteorológicas: o clima da região é caracterizado como

    mesotérmico úmido (Cwa) (tropical de altitude), que é caracterizado pelo inverno seco

    e frio, nos meses de abril a setembro, e verão quente e chuvoso, nos meses de

    outubro a março. Quanto à precipitação, ocorrem dois períodos, um chuvoso com

    início em outubro e fim em março, e um seco, entre abril e setembro. Em geral, no

    período de chuvas, chove de 10 a 15 dias por mês e, na estiagem, em torno de dois

    dias por mês, com precipitação anual média de 1.300 mm.

    Geologia: a área encontra-se inserida no contexto tectônico do Quadrilátero

    Ferrífero (QF) em seu extremo noroeste, que corresponde à porção mais a sul do

    Cráton do São Francisco. Esta região representa um bloco continental composto por

    um Complexo Granito-Gnáissico de idade arqueana e sequências supracrustais com

    idade variando de arqueana a proterozóica compreendidas nos Supergrupos Rio das

    Velhas e Minas, os mesmos se encontrando deformados e com vergência voltada

    para o interior do cráton.

    A caracterização litoestratigráfica da compartimentação existente na área do

    empreendimento baseia-se nos dados obtidos no levantamento de campo e

    mapeamento geológico de detalhe resultante e na interpretação das informações de

    amostragem de superfície e sondagem obtidas no decorrer dos trabalhos de pesquisa

    realizados.

    A compartimentação estrutural do Quadrilátero Ferrífero no qual se insere a área

    em questão corresponde a Serra do Curral, localmente denominada Serra da

    Jangada.

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    Na área do empreendimento identificou-se unidades litoestratigráficas que serão

    descritas por nomes informais como solo de cobertura, colúvio hematítico e gnaisse.

    Solo laterítico: algumas massas mais expressivas de solo laterítico foram

    mapeadas e ocorrem por quase todos os corpos de colúvio hematítico, sendo difícil

    caracterizá-los como massas de solo, pois frequentemente são encontrados matacões

    dispersos nessas massas.

    Colúvio hematítico: das unidades geológicas mapeadas, a principal é o colúvio

    rolado hematítico (CH) de preenchimento de irregularidades da superfície, constituído

    por matacões de tamanhos variáveis, desde decimétricos a métricos, de hematita

    compacta e de canga hematítica, contendo clastos de hematita compacta, cimentados

    por uma matriz mais fina, também ferruginosa, parcialmente goethitizados com níveis

    argilosos ou não. Foram encontrados também clastos de itabirito compacto, sendo

    comumente encontrados em alguns níveis de colúvio hematitado grosso, típico na

    região de Casa Branca e Córrego do Feijão.

    Diferenciou-se dentro desta unidade zonas, onde ocorrem, às vezes com

    abundância, matacões métricos de hematita compacta e canga hematítica de menor

    porte. Este corpo forma depósitos de tálus que avançam ao longo dos platôs de

    colúvio/alúvio da poligonal ANM N.º 830.476/1986, com relevo suavemente ondulado

    e de baixa declividade. Este depósito apresenta espessuras variadas e de distribuição

    irregular, devido a sua deposição ter ocorrido sobre a superfície pretérita do terreno

    preenchendo reentrâncias e ressaltos.

    Gnaisse: correspondendo ao nível de base do substrato litológico da região,

    encontra-se expresso o substrato granito gnáissico (GN). Esta unidade apresenta-se

    na área pesquisada como saprólito de rocha granítica de coloração rósea a ocre,

    textura argilosa e aspecto untuoso ao tato. Na maior parte da área pesquisada, onde

    não ocorre o CH, o saprólito de gnaisse e precedido por solo orgânico derivado da

    decomposição da vegetação local.

    Nas extensões marginais da jazida identifica-se massas de colúvio com

    espessura reduzida e irregularmente distribuídas nas bordas. Recobrindo o depósito

    ocorrem camadas de argila mascarando grande parte do depósito.

    Pedologia: os diferentes condicionantes morfológicos de arranjo do relevo e as

    diferenças litoestatigráficas de cada região condicionaram ambientes de geodinâmica

    instável, que prevalecem sobre os processos pedogenéticos de formações de solos

    bem desenvolvidos, resultando em uma forte predominância espacial de solos pouco

    desenvolvidos, quase sempre associados a afloramentos de rochas. Foram

    identificados na região do empreendimento os seguintes tipos de solo:

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    Latossolo Ferrífero Vermelho: estes solos apresentam horizonte B latossólico,

    com teor de ferro muito elevado, que ocorrem associados às áreas de itabirito e em

    suas baixadas (solos detríticos).

    Ocorrem em relevos ondulados a suavemente ondulados, com textura argilosa.

    Comumente apresentam fragmentos detríticos da rocha matriz, com muitas

    concreções (nódulos ferruginosos), sendo que localmente podem apresentar

    cimentação (cangas). A vegetação natural que normalmente recobre estes solos são

    o cerrado e o campo cerrado. Ocorre normalmente conjugado a áreas de afloramentos

    rochosos. Os remanescentes deste tipo de solo ocorrem nas áreas de entorno da

    MIB, pois grande parte foi removida na área do empreendimento pela atividade de

    lavra.

    Cambissolo Álico: estes solos ocorrem na porção sudoeste da área, em contato

    com os afloramentos rochosos, apresentam textura tipicamente argilosa, e a

    vegetação natural predominante é o campo cerrado. Têm como substrato geológico

    os xistos e filitos do Grupo Nova Lima. Apresentam horizonte B incipiente, formado

    por material já alterado, com desenvolvimento de cor e estrutura, com ausência de

    estrutura da rocha em mais da metade do volume do horizonte. Apresentam,

    tipicamente, altos teores de alumínio.

    A produtividade biológica nestes solos é muito baixa e a cobertura vegetal, tendo

    gramíneas como seu principal componente, expõe excessivamente estes solos.

    Localmente são observados casos expressivos de voçorocamento.

    Argilosolo Vermelho-Amarelo: ocorre na porção sul da área, associados

    geologicamente aos gnaisses. Caracterizam-se por solos bem diferenciados,

    destacando-se o horizonte B com estrutura bem desenvolvida e normalmente com

    maior teor de argila que no horizonte A. São solos erodíveis e naturalmente são

    associados ao cerrado.

    Neosolo Litólico: ocorre na porção norte da área. São solos pouco

    desenvolvidos, rasos, com horizonte A assentado diretamente sobre a rocha ou

    saprólito desta rocha. Apresentam textura silte a argilosa, ocorrendo tipicamente em

    relevos com elevada declividade (acima de 20%).

    3.6 Fauna

    Avifauna: Para a realização dos estudos apresentados de caracterização da

    avifauna na área de influência do empreendimento, foram realizadas duas

    campanhas, a primeira campanha nos dias 23 a 26 de março de 2015 (período

    chuvoso) e a segunda campanha nos dias 14 a 17 de setembro de 2015 (período

    seco).

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    A metodologia utilizada foi a de transecto, que consiste na realização de

    caminhamentos por trilhas ou estradas com largura das faixas de observação pré-

    definidas em 25 metros para cada lado.

    Além da metodologia de transectos, foram realizadas duas atividades de

    observação no período noturno, com a finalidade de registrar exemplares da avifauna

    com hábitos noturnos, e também foi realizada entrevista com moradores locais onde

    se levantou as espécies regionais conhecidas.

    Nos estudos apresentados foram registradas 62 espécies de pássaros

    pertencentes a 27 famílias e 14 ordens. Tyrannidae (N=11) e Thraupidae (N=11) foram

    as famílias mais representativas em termos de espécies, representando ambas 17,4%

    da riqueza total diagnosticada ao longo do presente trabalho.

    Nenhuma das espécies registradas nos estudos está ameaçada de extinção a

    nível global (IUCN, 2011), nacional (Machado et al., 2008) ou mesmo estadual

    (COPAM, 2010).

    Sobre o endemismo, não foram registradas as espécies endêmicas dos biomas

    de Mata Atlântica e do Cerrado e nem mesmo do território brasileiro.

    Foi detectada uma espécie exótica durante o levantamento em campo, sendo a

    mesma: Passer domesticus.

    Quanto às migrações, nenhuma espécie visitante procedente do sul do

    continente ou do hemisfério norte (que realizam migração em larga escala, mas não

    se reproduzem no Brasil) foi registrada.

    Com relação as às espécies cinegéticas, foram registradas: Patagioenas

    picazuro, Pionus maximiliani e Saltator similis.

    Sobre as espécies de hábito noturno, foi constatada a presença de Hydropsalis

    albicollis.

    A curva de rarefação de espécies dos estudos apresentados, não mostrou forte

    tendência à estabilização, embora a riqueza observada tenha se mantido dentro do

    intervalo de confiança. Desta forma, pode-se afirmar que os esforços despendidos

    para a caracterização das áreas de influência do futuro empreendimento foram

    satisfatórios.

    A comunidade de aves registrada refletiu o cenário do ambiente estudado que

    apresenta fortes características de antropização, apresentando dominância de

    espécies generalistas adaptadas a explorarem áreas descaracterizadas de sua

    formação original.

    A comunidade de avifauna local, devido à existência de remanescentes de matas

    na área de estudo, o número de espécies associadas a este tipo de ambiente também

    foi significativo, reforçando assim que, mesmo diante da tímida presença de pássaros

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    estritamente florestais, os fragmentos presentes atuam como importante refúgio para

    uma parcela considerável da avifauna local.

    Diante dos resultados dos estudos apresentados podemos dizer que a área de

    influência do empreendimento não apresenta condições ecológicas para o aporte de

    uma estruturada comunidade de aves. E que a instalação e operação do

    empreendimento não afeta e nem afetará significativamente essa comunidade, fato

    esse embasado pelos reduzidos números referentes às espécies sensíveis às

    perturbações ambientais registradas.

    Herpetofauna: O trabalho apresentado teve como objetivo diagnosticar quali-

    quantitativo das espécies do grupo herpetofauna que ocorrem na área do

    empreendimento, de modo que os possíveis impactos decorrentes do processo de

    ampliação da MIB, incluindo a lavra experimental em questão, sobre este grupo

    possam ser avaliados e mitigados, caso seja necessário.

    Para a realização dos estudos apresentados de inventariamento da

    herpetofauna nas áreas de influência do empreendimento foram conduzidas duas

    campanhas de campo, um referente ao período chuvoso, realizada de 23 a 26 de

    março de 2015, outra contemplando o período seco, entre os dias 13 a 16 de setembro

    de 2015.

    A metodologia utilizada para a realização dos estudos apresentados foram os

    procedimentos metodológicos padrão para o inventário de anfíbios e répteis, como:

    para o registro amostral direto adotou-se procura visual limitada por tempo (PVLT) e

    zoofonia, já para registro amostral indireto baseou-se em entrevistas.

    Diante dos resultados obtidos nos estudos foi considerada riqueza o número

    absoluto de espécies registradas, independente da metodologia empregada. Já a

    diversidade levou em consideração apenas aquelas detectadas durante a realização

    dos transectos, sendo desconsiderados todos os registros obtidos durante as

    entrevistas.

    Os estudos apresentados registraram 21 espécies, sendo 14 da ordem Anura

    pertencentes a 3 famílias (Hylidae S=7, Leptodactylidae S=5, Bufonidae S=1 e

    Odontophrynidae S=1); 7 espécies da ordem Squamata: sendo três de lagartos das

    famílias Leiosauridae, Teiidae e Tropiduridae; e 4 de serpentes: duas da família

    Viperidae (S=3) e uma Dipsadidae (S=1).

    Boa parte das espécies registradas nos estudos é considerada comum, de ampla

    distribuição geográfica, comumente associada a ambientes abertos e ecologicamente

    pouco relevantes como, por exemplo, Hypsiboas albopunctatus, Hypsiboas faber,

    Leptodactylus fuscus, Leptodactylus latrans e Scinax fuscovarius. São espécies com

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    plasticidade ambiental, conseguem sobreviver em ambientes mais degradados, sendo

    espécies mais generalistas quanto à qualidade do habitat de ocorrência.

    Em relação às espécies de répteis registrados na área, as mesmas possuem

    como características principais a ampla distribuição e larga tolerância ecológica, como

    exemplo, Tropidurus e Crotalus durissus são encontradas em diversas regiões do

    Brasil. Nenhuma espécie pertencente à ordem Gymnophiona (cobras cegas) foi

    encontrada, provavelmente devido a seu hábito fossorial o que dificulta o seu registro

    estudos apenas quatro espécies de répteis, dois lagartos e duas serpentes. O

    encontro de répteis, principalmente de serpentes, acontece por acaso e, geralmente,

    envolve um grande esforço amostral, além disso, apresentam hábito secretivo, de

    difícil encontro por procura ativa, e isto pode justificar a baixa riqueza deste grupo

    observada durante o período de amostragem.

    Quanto aos registros feitos por entrevistas, podemos dizer que, segundo os

    estudos, os entrevistados não possuem conhecimento específico sobre anfíbios e

    répteis, na maioria das vezes os animais são identificados por nomes comuns, muitas

    vezes generalizados, o que não permite a distinção de algumas espécies. Dentre as

    espécies registradas nos estudos apresentados, nenhuma aparece listada em

    categoria de ameaçadas em nível estadual (COPAM, 2010), nacional (MMA, 2014) e

    internacional (IUCN, 2015).

    Em relação às espécies potencialmente cinegéticas, foram registradas duas

    espécies, sendo no grupo dos anfíbios: Rã Pimenta (Leptodactylus labyrinthicus) e Rã

    manteiga (Leptodactylus latrans).

    A curva de rarefação de espécies apresentada não atingiu um platô, não mostrou

    tendência à estabilização, embora a riqueza observada tenha permanecido dentro do

    intervalo de confiança gerado pela plataforma estatística utilizada.

    Desta forma, mesmo diante da grande probabilidade da presença de outras

    espécies não detectadas durante a realização do estudo apresentado, pode-se afirmar

    que os esforços despendidos foram satisfatórios levando-se em consideração o tempo

    de duração do presente estudo.

    Mastofauna: O objetivo do estudo apresentado foi inventariar e caracterizar,

    sem a realização de coletas e capturas, a comunidade de mamíferos presentes na

    área de influência da Mineração Ibirité Ltda., de modo que os possíveis impactos

    decorrentes do empreendimento possam ser avaliados e mitigados, caso seja

    necessário.

    Para uma melhor compreensão da comunidade de mamíferos em âmbito

    regional, os estudos utilizaram dados de dois levantamentos, a fim de obter relevantes

    informações sobre a comunidade de mamíferos, sendo eles: Plano de Manejo do

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    Parque Estadual da Serra do Rola Moça, incluindo a Estação Ecológica de Fechos

    (SEMAD, 2007) e do Isolamento de Espécies Silvestres em um Parque Urbano de

    Belo Horizonte (Torquetti et al., 2008).

    Para a obtenção dos dados primários apresentados, foram realizadas duas

    campanhas de campo, sendo a primeira referente à estação chuvosa, conduzida entre

    23 a 26 de março de 2015, e a segunda contemplando a estação seca no decorrer

    dos dias 13 a 16 de setembro de 2015.

    As metodologias utilizadas para o inventariamento foi: buscas ativas (registros

    diretos e identificação de evidências como: fezes, tocas, pelos, pegadas, entre outros),

    o uso de câmeras trap e a realização de entrevistas.

    Segundo os estudos apresentados, todos os indivíduos visualizados e vestígios

    encontrados foram devidamente registrados em fichas apropriadas, sendo

    posteriormente transferidos para planilhas eletrônicas.

    Paralelamente, foram realizados censos noturnos aleatórios na tentativa de

    visualizar exemplares em deslocamento nas áreas de influência do empreendimento.

    Os estudos consideraram riqueza o número absoluto de espécies registradas,

    independente da metodologia empregada. Já a diversidade levou em consideração

    apenas aquelas detectadas durante a realização dos transectos ou por meio de

    câmeras trap, sendo desconsiderados todos os registros obtidos durante as

    entrevistas.

    Os estudos apresentados registraram 14 espécies de mamíferos pertencentes a

    7 ordens e 12 famílias. Deste total, 13 espécies foram registradas em campo, sendo

    8 por meio de registros diretos, 5 por meio de vestígios indiretos e apenas uma única

    espécie foi registrada por meio de entrevista o Ouriço-cacheiro (Coendou

    prehensislis).

    As famílias Canidae (S=2) e Felidae (S=2) apresentaram maior riqueza, ao passo

    que Bovidae, Caviidae, Cebidae, Cervidae, Cuniculidae, Dasypodidae, Didelphidae,

    Erethizontidae, Leporidae e Pitheciidae foram representadas por apenas uma espécie

    cada. Em relação a ordem, Carnívora (S=5), Rodentia (S=3) e Primates (S=2)

    destacaram-se das demais em virtude de apresentarem maiores números de

    espécies, as demais ordens foram representadas por uma única espécie na área de

    estudo.

    Dentre as espécies registradas, o felino Leopardus pardalis (Jaguatirica) é

    classificado como vulnerável a nível estadual (COPAM, 2010) embora não ameaçado

    a nível global (IUCN, 2015) e nacional (MMA, 2014). Embora não categorizado na lista

    estadual (COPAM, 2010) e nacional (MMA, 2014) o Sauá (Callicebus nigrifrons) é

    classificado como quase ameaçado a nível global (IUCN, 2015). Apesar de ausentes

    nas listas estadual e nacional, o cachorro do mato (Cerdocyon thous), o tatu galinha

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    (Dasypus novemcinctus), o mão-pelada (Procyon cancrivorus), Gambá (Didelphis

    albiventris), o sagui (Callithrix penicillata), o tapeti (Sylvilagus brasiliensis) e a capivara

    (Hydrochoerus hydrochaeris) encontram-se listados na IUCN (2015) como pouco

    preocupantes.

    Em relação à distribuição geográfica das espécies registradas na área de estudo,

    foi detectada apenas uma espécie Callicebus nigrifrons (Pitheciidae) endêmica do

    bioma Mata Atlântica.

    Segundo os estudos apresentados, a curva de rarefação de espécies não

    mostrou tendência à estabilização, entretanto a partir da 14ª amostra observa-se uma

    pequena alteração na inclinação (Riqueza), indicando o possível iniciou do processo

    de estabilização. Importante salientar que a riqueza observada se encontra dentro do

    intervalo de confiança gerado pela plataforma estatística utilizada, já a riqueza

    esperada chegou a sair do intervalo de confiança, mas a partir da 9ª amostra manteve-

    se dentro do limite. Desta forma, mesmo diante da grande probabilidade da presença

    de outras espécies não detectadas durante a realização do presente estudo, pode-se

    afirmar que os esforços despendidos foram satisfatórios levando-se em consideração

    o número de dias destinados à coleta de dados.

    Em relação as espécies ameaças, o felino Leopardus pardalis (Jaguatirica) é

    classificado como vulnerável a nível estadual (COPAM, 2010) embora não ameaçado

    a nível global (IUCN, 2015) e nacional (MMA, 2014). Já o Sauá Callicebus nigrifrons

    (Pitheciidae) é classificado como quase ameaçado a nível global (IUCN, 2015),

    embora não categorizado nas listas estadual (COPAM, 2010) e nacional (MMA, 2014).

    Em se tratando de endemismo, os estudos apresentados detectaram apenas

    uma espécie o Sauá - Callicebus nigrifrons (Pitheciidae) é considerada endêmica do

    bioma Mata Atlântica.

    Com relação às espécies cinegéticas, foram registradas apenas duas espécies:

    o tatu galinha Dasypus novencinctus (Dasypodidae) e a capivara Hydrochoerus

    hydrochaeris (Caviidae) que são tradicionalmente abatidos em determinadas regiões

    do país para fins de consumo humano.

    3.7 Flora

    O empreendimento encontra-se inserido no Quadrilátero Ferrífero, e este é

    classificado como de importância biológica especial, o qual apresenta alta incidência

    de espécies endêmicas e possui alta riqueza de vertebrados, sendo considerado um

    ambiente único no Estado (campos ferruginosos).

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    Com base no documento “Atlas da Biodiversidade de Minas Gerais”, a região do

    Quadrilátero Ferrífero é sujeita às atividades antrópicas de mineração, expansão

    urbana, agricultura e queimada e faz recomendações específicas, como a implantação

    de planos de manejo, criação de unidades de conservação, inventários, recuperação

    e educação ambiental visando proteção da região.

    A área do empreendimento está inserida em áreas de transição de Cerrado e

    Mata Atlântica. Estas formações estão representadas pela Floresta Estacional

    Semidecidual, localizada nos encaixes das drenagens naturais da paisagem e por

    Cerrado Típico e suas gradações, dominam os topos de morro (campo limpo) ou a

    meia encosta (campo cerrado).

    A Área de Influência Indireta - AII apresenta vegetação de fitofisionomias

    campestre (cerrado) e de Floresta Estacional Semidecidual - FESD em estágio médio

    de regeneração, há também antigos plantios de eucaliptos e estruturas de fazendas e

    mineração. Na AII estão as drenagens à leste da sub-bacia do Córrego da Índia, bem

    como drenagens da sub-bacia do Córrego do Feijão ao sul e um trecho do Córrego

    Samambaia na Porção Oeste do empreendimento.

    Na Área de Influência Direta - AID, quanto ao meio biótico, encontra-se recoberta

    por FESD em estágio médio de regeneração, além de áreas ocupadas por florestas

    plantadas (eucalipto) e drenagens do Córrego da Índia.

    A ADA do empreendimento possui trechos bastante declivosos, com presença

    de afloramentos de rocha de minério de ferro. A vegetação nativa da ADA é

    caracterizada, principalmente, por FESD em estágios inicial e médio de regeneração,

    não sendo constatada a presença de campos rupestres sobre canga. Há também um

    fragmento de floresta plantada de eucaliptos, sem presença de sub-bosque nativo,

    porém com espécies herbáceas e arbustivas nativas (Figura 3.7.1).

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    Figura 3.7.1: Áreas de influência indireta - AII em amarelo e direta - AID em laranja. A área

    diretamente afetada - ADA está em vermelho. Em azul as drenagens. Mina da Jangada ao Norte

    (Vale S/A).

    Fonte: Modificação do projeto 2017.

    3.8 Cavidades Naturais Subterrâneas

    Foram realizadas as prospecções espeleológicas, atendendo à legislação

    ambiental em vigor, com caminhamento e malha compatíveis ao relevo. O

    caminhamento foi validado em vistoria de campo realizada no dia 14 de novembro de

    2019, quando foi percorrida toda a área e o buffer de 250 m da ADA.

    Os estudos apresentados não mostraram feições cársticas na ADA e no buffer

    de 250m, e a vistoria de campo confirmou o relato dos estudos, não tendo sido

    encontrada nenhuma feição cárstica no empreendimento em questão e no respectivo

    buffer de 250 metros.

    O depósito de minério de ferro existente constitui-se em fragmentos de hematita

    (com tamanhos variados de blocos e matacões), imersos em matriz de argila. A

    constituição deste depósito não propicia a formação de couraças de canga e,

    consequentemente, não favorece a formação de feições cársticas e cavidades. Assim,

    a relevância elevada da área de influência do empreendimento foi caracterizada por

    este depósito, o qual, na realidade, não favorece a formação de estruturas desta

    natureza.

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    3.9 Meio Socieconômico

    As fontes secundárias utilizadas para descrição das características sociais e

    econômicas do Município de Brumadinho foram obtidas por meio de órgãos oficiais,

    tais como: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Assembleia

    Legislativa do Estado de Minas Gerais - ALMG, Fundação João Pinheiro - FJP e

    Prefeitura Municipal de Brumadinho, entre outros.

    Após o rompimento da Barragem B1, da Mina Córrego do Feijão, da Mineradora

    Vale, em 25 de janeiro de 2019, que atingiu diretamente bairro rural do Córrego do

    Feijão, foi realizada uma nova visita à comunidade para atualização dos dados

    primários. Esta coleta aconteceu nos dias 03 e 07 de outubro de 2019, composta por

    registro fotográfico e entrevistas com os principais moradores e órgãos atuantes da

    região.

    AII: Brumadinho

    O Município de Brumadinho está inserido na microrregião de Belo Horizonte,

    sendo que esta região é a mais desenvolvida economicamente e com o maior grau de

    urbanização de Minas Gerais.

    Brumadinho conta com uma área de 639,434 km2 e concentra, baseando-se nos

    dados de 2010 da ALMG, uma população de 33.973 habitantes.

    O setor de atividade econômica com maior participação no PIB, no ano 2013,

    em Brumadinho, foi o setor secundário, seguido do terciário e primário,

    respectivamente.

    A Câmara Municipal de Brumadinho descreve que o comércio da cidade é

    basicamente varejista, formado por empresas de pequeno porte. “As empresas são

    pouco competitivas em relação ao das cidades próximas, porque atendem apenas à

    população local, embora não totalmente”.

    O Município possui, também, empresas de extração de minerais. A arrecadação

    total da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais - CFEM em

    2015 foi de R$ 25.626.628,69.

    Dentre o total de domicílios apurados, conforme censo IBGE (2010), Brumadinho

    tem 59.2% de saneamento adequados. Entre os domicílios urbanos, do total de 8.873

    domicílios apurados, 69.4% utilizavam de formas adequadas de saneamento. Na zona

    rural, dos 1.697 domicílios apenas 5,9% dispunham de saneamento adequado.

    Portanto, na área rural, a grande maioria dos domicílios apresentam saneamento

    semiadequado e parte com saneamento inadequado.

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    Em Brumadinho há a Associação dos Catadores de Papel do Vale do Paraopeba

    – ASCAVAP, que recolhe apenas os resíduos secos na área rural.

    De acordo com o portal ODM (Acompanhamento Municipal dos Objetivos de

    Desenvolvimento do Milênio), em 2010, 77,6% dos moradores possuíam acesso à

    rede de água geral com canalização em pelo menos um cômodo.

    Segundo a Câmara Municipal de Brumadinho, a água utilizada no abastecimento

    da cidade é retirada do Ribeirão Águas Claras afluente do Rio Paraopeba.

    Quanto ao patrimônio natural e cultural de Brumadinho, destacam-se a encosta

    da Serra da Moeda, que apresenta paisagem formada por mananciais e vegetação

    preservada. Esta região contém condomínios residenciais de luxo e opções para

    entretenimentos como rampas de voo livre e de balão, haras, restaurantes e

    pousadas.

    Outro atrativo é o Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, que possui paisagem

    formada pela mata atlântica, cerrado, campos de altitude, campos ferruginosos e

    mananciais de água.

    Já o Instituto Cultural Inhotim, inaugurado em 2002, que recebe grande número

    de visitantes, reúne acervos contemporâneos de arte nacional e internacional;

    desenvolve ações educativas e sociais; e dispõe do título de Jardim Botânico pela

    Comissão Nacional de Jardins Botânicos – CNJB.

    O patrimônio cultural de Brumadinho conta com centros históricos, como

    Brumado do Paraopeba no distrito de Conceição do Itaguá e o distrito de Piedade do

    Paraopeba que preserva a Igreja pré-barroca do período missionário-jesuítico,

    inaugurada em 1713.

    Outros exemplos de patrimônios culturais, citam-se a Fazenda Martins, em

    Marinhos, por apresentar valor histórico, cultural e paisagístico por meio de sua capela

    barroca, senzala, pelourinho, muros de pedra, paredes e forros pintados ao estilo do

    século XVIII. Além do Quilombo do Sapé, localizado a 30 km do centro de Brumadinho,

    no distrito de São José do Paraopeba, onde se conserva manifestações culturais,

    histórica e folclórica, como Congado e Guarda de Moçambique, entre outros.

    Quanto ao novo cenário da comunidade de Brumadinho, conforme os

    representações locais e informações oriundas das reportagens jornalísticas, é que,

    apesar dos transtornos da comunidade decorrente das perdas de vida e modificações

    nas estruturas físicas do município, a economia da cidade está até aquecida, devido

    à compensação financeira que a Vale faz aos atingidos, através de pagamentos

    mensais.

    No entanto, como muitos destes pagamentos mensais têm validade

    relativamente curtos, a preocupação econômica é para quando cessar este tipo de

    benefício compensatório. Diante desse cenário, as autoridades de Brumadinho estão

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    preocupadas com a atração de investimentos em projetos produtivos duradouros para

    a geração de empregos.

    AID: Córrego do Feijão, Casa Branca e Fazenda da Índia

    Com relação à sua vizinhança direta, a MIB, com o intuito de garantir a vida útil

    de suas atividades e com menor perturbação sobre a comunidade local, disponibilizou

    recursos para a aquisição de todas as propriedades mais próximas de seu

    empreendimento, mediante o interesse prévio de seus proprietários.

    Atualmente, existe uma única propriedade não adquirida pela MIB, o qual está

    localizada a aproximadamente 2 km, em linha reta, do futuro pit de lavra norte,

    pertencente ao Córrego do Feijão.

    O povoado Córrego do Feijão é a localidade mais próxima do empreendimento

    (1,5 km). Este povoado é uma localidade situada no distrito sede de Brumadinho, na

    zona rural. Fica na região do vale do Paraopeba, na encosta do pico dos Três Irmãos,

    onde encontra-se fazendas centenárias, rios e cachoeiras. As regiões adjacentes ao

    arraial do Córrego do Feijão são: Casa Branca, Córrego de Areia e Parque da

    Cachoeira.

    De acordo com dados obtidos junto ao Posto de Saúde e no PAEC (Programa

    de Atendimento Especial em Calamidade), em setembro de 2019, a população

    estimada, atualmente, é de 198 famílias com 565 pessoas no Córrego do Feijão e

    aproximadamente 21 familas com 84 pessoas em Canta Galo.

    O rompimento da barragem atingui a parte da Rua Um e Dois, na área mais baixa

    da localidade atingindo casas, propriedades rurais e a Pousada Fazenda Nova

    Estância.

    O Córrego do Feijão caracteriza-se, economicamente, por atividades minerárias

    e agrícolas, sendo que pós-rompimento estas atividades foram afetadas. Por isto, a

    Vale tem fornecido apoio financeiro e humanitário para familiares das vítimas, famílias

    que residiam na zona de autossalvamento e produtores rurais. Contudo, existem

    preocupações com o fim desse pagamento dos benefícios a partir de janeiro de 2020.

    Canta Galo também pertence ao Córrego do Feijão. Trata-se de uma

    propriedade particular onde plantam produtos hortifrutigranjeiros para comercialização

    junto aos principais centros distribuidores do estado, como o Ceasa-MG. No local

    residem os trabalhadores da fazenda.

    A ocupação do povoado teve início por volta da década de 1920, com a

    implantação da Ferteco Mineração S.A. Atualmente, a empresa foi incorporada à

    VALE S.A. Grande parte de sua população local é constituída por pessoas naturais

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    da região ou de localidades próximas pertencentes a Brumadinho, além de sitiantes

    que possuem casa na região apenas para passar o fim de semana.

    Segundo um levantamento realizado pela Escola Municipal Nossa Senhora das

    Dores, a Córrego do Feijão tem grande parte de seus moradores empregados em

    mineradoras e/ou em serviços terceirizados relacionadas com a mineração. Outros

    trabalham com transporte de carga, serviços de manutenção e serviços gerais, além

    dos que trabalham em fazendas. Grande parte da população feminina é dona de casa,

    faxineira e ou funcionária de comércio e serviços locais como em restaurante,

    mercearia etc.

    A Cemig é responsável pela fonte de energia elétrica. Já o abastecimento de

    água é fornecido pela Vale, que, antes do rompimento, enviava água da Mina Corrégo

    do Feijão. Atualmente, essa água potável chega através de caminhões pipa e pela

    distribuição de água mineral para população até a construção da adutora que vai

    trazer água da Mina Jangada.

    Sua população não conta com rede de esgoto, utilizando fossas negras ou

    buraco, existindo, no entanto, uma parcela que lança o esgoto sem tratamento

    diretamente em cursos de água podendo causar contaminação nos lençóis freáticos.

    O comércio local é constituído por uma mercearia, alguns bares e restaurante

    nos arredores. Após a tragédia, o restaurante Casa Velha foi fechado, o local agora é

    a sede dos projetos do Instituo Káiros e a Papelaria também fechou as portas. A

    pousada Fazenda Nova Estância que era a opção para hospedagem na região foi

    destruida pelo rompimento.

    Os comerciantes relatam que o movimento diminuiu com o rompimento,

    restringindo aos trabalhares das obras, já que os turistas não frequentam mais a

    localidade e os moradores ficam, na maioria do tempo, em suas casas.

    A Unidade Básica de Saúde, que contava com atendimento do Programa Saúde

    da Família, depois do rompimento da barragem, foi transformada em Posto de Saúde

    e conta com médico, enfermeiro, dentista, técnico de enfermagem e agentes

    comunitários de saúde. Possui, também, psicólogo, assistentes sociais,

    fisioterapeutas, entre outros. A coordenadora da UBS Fernanda Rodrigues relatou que

    os maiores problemas de saúde no bairro são: Problemas Respiratórios, saúde mental

    e ansiedade.

    A Associação Comunitária dos Moradores de Córrego do Feijão está atuande e

    possui como presidente Jeferson Custodio. Suas reuniões acontecem,

    quizenalmente. Ele nos relatou que cerca de 400 pessoas estão associadas e que as

    maiores reclamações do bairro é a falta de asfalto, a poeira e o não cumprimemto das

    obras prometidas pela Vale.

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    A festa do feijão é uma festa de comidas típicas do povoado, cujo principal

    ingrediente é o feijão, sendo os pratos mais comuns a feijoada, o caldo de feijão e o

    tropeiro etc. É realizada desde 2004, sempre na segunda semana do mês de agosto

    entre os dias 20 a 23 deste mês.

    As ruas da parte central do Córrego do Feijão são asfaltadas, porém as estradas

    de acesso são de terra e estão em condições ruins.

    Depois do rompimento da barragem, a rotina da localidade mudou. Existem

    vários projetos a serem executados, como as reformas da praça central, do campo de

    futebol, do prédio da escola e posto de saúde, a ampliação do salão comunitário, o

    paisagismo da ruas e a construção do velório. Já foi concluída a reforma da Igreja

    Nossa Sra. das Dores e estão em andamento as obras de asfaltamento da via que

    liga a sede de Brumadinho e a adutora de água que irá trazer água potável da mina

    da Jangada para o Corrégo do Feijão.

    Segundo a Coordenadora do PAEC Córrego do Feijão, Elaine Ferreira dos

    Santos Elias, os moradores locais passam por diversas fases. Primeiro, sofrem o

    impacto emocional relacionado ao luto e dor pelo falecimento de parentes e amigos.

    O impacto social advém no sentido de que o local era pacato e de repente passou a

    ser frequentado pela mídia, repórteres, aeronaves etc. Depois, para algumas pessoas,

    vem o choque pós-traumático, levando-as a ficarem acamadas, com algum tipo

    trauma, com depressão e ou falando de autoextermínio. Estes estão tendo

    acompanhamento psicossocial. E depois a reconstrução que é um processo lento.

    Um dos projetos atuantes, no Córrego do Feijão, é o Projeto Batucabrum. Ele

    iniciou-se, em 2013, e é apoiado pela Mineração MIB com aulas de vilão, percussão

    (tambores), flauta e criação de instrumentos com material reciclável com uma média

    de 30 alunos no Córrego do Feijão. Após o rompimento Barragem, o projeto continua

    e ampliou seu atendimento para Cantagalo e também para alunos adultos com aulas

    de coral e violão. Em outubro de 2019, a média de alunos varia de 40 a 50 pessoas.

    O projeto atua em outras localidades de Brumadinho através de parceria com a Vale.

    Já Casa Branca está a aproximadamente a 6km de distância (em linha reta) das

    instalações da mineração MIB e a aproximadamente 16km, em linha reta, do centro

    de Brumadinho.

    Este Distrito pertencente à Paraopeba, distrito de Brumadinho. Este local tem

    crescido muito, principalmente com a implantação de condomínios e loteamentos no

    seu entorno, para servir de segunda residência para pessoas da classe média e alta

    de Belo Horizonte.

    Destacam-se a riqueza paisagística, os recursos ambientais, restaurantes com

    cardápio internacional, o turismo, especialmente para a prática do ecoturismo, fato

    que levou ao aumento considerável do número de pousadas e restaurantes no local.

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    Superintendência Regional de Meio Ambiente Central Metropolitana – SUPRAM CM Rua Espírito Santo N.º 495 – Centro – Belo Horizonte – MG – Cep: 30.160-030 – Telefax: (31) 3228 - 7700

    Ainda no que se refere ao segmento ecoturístico, o povoado e seu entorno

    possuem: cachoeiras, um centro de aventuras, trilhas para caminhadas e condições

    favoráveis para a prática de rapel, cavalgada, arvorismo, ciclismo, camping selvagem,

    dentre outros.

    Segundo o EIA, Associação Comunitária Regional de Casa Branca –

    ACRCasaBranca, foi fundada em 17 de novembro de 1991. Seus objetivos são

    representar os moradores, promover o desenvolvimento social, cultural, urbanístico,

    turístico e comercial da comunidade, assim como a proteção, preservação e

    reabilitação ambiental sustentável de toda a região de influência.

    Consoante esta Associação de Casa Branca, este local tem problemas

    específicos de acordo com a sua natureza de localização, organização e tempo de

    atuação. Como por exemplo: Para os moradores da Jangada, o abastecimento de

    água e proteção das nascentes são deficientes. O Condomínio Aldeia da Cachoeira

    é único atendido pela Copasa. “...algumas comunidades ressentem da sua coleta do

    lixo, já outras gostariam da implantação de um sistema de reciclagem eficiente. No

    trânsito há problemas, desde a falta de quebra-molas, instalação de sinalização,

    excesso de velocidade, etc.” (ACRCasaBranca, 2016)

    Próximo ao projeto em análise, encontra-se a Fazenda Índia, que é de

    propriedade de Antônio Ferraz de Oliveira, a uma distância de 200 metros da MIB.

    Este local existe desde a década de 1980. A principal atividade da fazenda é a

    suinocultura onde realizam todas as fases de criação (cria, recria e engorda). Possui

    atualmente cerca de 3.050 animais, com capacidade máxima de alojamento de 3.105

    animais. As outras atividades são a bovinocultura de corte com cerca de 230 cabeças.

    Esta fazenda fica dentro da APA (Área de Proteção Ambiental) Sul e

    amortecimento da Parque Estadual do Rola Moça, APEE Manancial Rola Moça e

    Bálsamo, APEE Manancial Taboão, APEE Manancial Barreiro e APEE Manancial

    Catarina. E quanto a Bacia Hidrográfica da região são: Rio Paraopeba e Sub Bacia -

    Córrego Ferro Carvão. Possui uma área total de 140, 9570 ha, dividida entre: Pasto,

    Capineira, culturas anuais, canavial, APP e Reserva Legal

    Nesta fazenda há 18 (dezoito) funcionários. No entanto, dois funcionários

    residem no local: funcionários Sr. Wilson Gomes Martins e Sr. Cleiton. O primeiro

    trabalha no ofício há 22 anos e é responsável pelo controle das águas e de tratar das

    criações. Ele é casado com Geralda Pereira e pai de dois filhos. Porém, há um ano

    sua esposa e filhos mudaram para o centro de Brumadinho. A moradia de Wilson é

    simples, possui luz elétrica da operadora Cemig, a água provém de nascente e possui

    fossa séptica para realização do esgotamento sanitário. A coleta de lixo é realizada

    duas vezes na semana pela prefeitura de Brumadinho. O segundo funcionário, Cleiton

    é separado há alguns anos, cujos dois filhos residem com a mãe em Brumadinho.

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    Segundo esses funcionários entrevistados, a Mineradora MIB não causa impacto

    na Fazenda da Índia. Eles informaram que escutam apenas ruídos distantes da

    movimentação rotineira da mineração e que não sofrem com abalos provocados pelas

    detonações que, quando ocorrem, são avisadas com antecedência pela MIB.

    Particularmente, quanto à nova área de lavra e pilha de estéril, objeto deste

    processo de licenciamento, essa ampliação da MIB se localiza ainda mais distante da

    Fazenda da Índia, à jusante, a uma distância mínima de 600 metros, a oeste. Desse

    modo, o estudo não considerou que essa fazenda na AID.

    A equipe técnica discorda desse argumento, uma vez que a Fazenda da Índia

    está muito próxima ao local de ampliação das atividades da MIB, se comparada com

    Córrego do Feijão e Casa Branca. Desse modo, esta fazenda deve ser incluída na

    AID, até mesmo porque seus moradores e funcionários podem ser atingidos pelo

    aumento de ruído, poeira, etc, ocasionados pela ampliação supracitada.

    Segundo descrito, depois do acidente com a barragem da Vale, a antiga estrada

    de escoamento de minério da MIB, passando próximo da Vila Córrego do Feijão e da

    portaria da Mina Córrego do Feijão, ficou interrompida.

    Diante disso, a MIB não viu uma alternativa a não ser utilizar a estrada conhecida

    Tracomal. Essa estrada é de acesso particular dentro da propriedade da VALE. Segue

    o trajeto: Saída da MIB em direção a estrada Tracomal, trecho de 3 km de aclive

    acentuado e curvas sinuosas. Depois vira-se esquerda na estrada de ligação entre as

    Minas Jangada e Feijão, passando por dentro das unidades da VALE por 6,7 km, até

    chegar a alça viária da comunidade de Tejuco por um trecho de 2,5 km até estrada

    que liga a região de Alberto Flores por mais 2,3 km até a estrada de acesso a Cidade

    de Brumadinho por um trecho de 5 km, chegando a Rodovia Estadual MG 040, daí

    segue com destino ao cliente.

    Foi demostrado, por meio de fotografias, que este novo acesso está com a

    construção bem adiantada, sendo que o piso é amplo, cascalhado e com os devidos

    dispositivos de drenagem.

    A previsão é de, quando a estrada de ligação da Vila Córrego do

    Feijão/Brumadinho estiver pronta, servirá também ao tráfego aos caminhões da MIB.

    Está nos planos a construção de uma alça viária, de ligação da MIB com esta nova

    estrada, passando evidentemente por fora do povoado.

    3.9.1 Audiência Pública

    Foi realizada, no dia 31/11/2016, em Brumadinho, Audiência Pública referente

    ao empreendimento MIB Mineração Ibirité Ltda., PA N.º 00437/2007/016/2015, com o

    objetivo de expor à comunidade informações sobre obra ou atividade e o respectivo

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    EIA, dirimindo dúvidas e recolhendo as críticas e sugestões a respeito para subsidiar

    a decisão quanto ao seu licenciamento.

    Durante a realização da Audiência surgiram questionamentos, os quais, os mais

    significativos, foram descritos a seguir:

    -Representante da Associação de Casa Branca relatou sua preocupação com a

    supressão da Mata Atlântica e, consequentemente, impactando a recarga hídrica.

    Apontou que o empreendimento poderá ocasionar impactos sobre os cursos d’água e

    nascentes. Para ela, era necessário, também, um estudo de impacto de trânsito.

    Neste Parecer, são descritos os sistemas de controle de drenagem pluvial que

    visam evitar o carreamento de sedimentos para os cursos d`água, bem como é

    condicionado o monitoramento de qualidade da água nos cursos d`água a jusante do

    empreendimento.

    Em resposta sobre o tráfego de trânsito, o empreendedor afirma que a ampliação

    objeto do processo de licenciamento em análise não acarretará aumento no fluxo de

    caminhões pertencentes à MIB na região.

    - Representante do Conselho do Idoso menciona impacto de degradação da

    estrada e poeira ocasionados, segundo ele, pelo tráfego de caminhão pesado na

    estrada que passa por Córrego do Feijão até Brumadinho.

    Quanto ao questionamento deste Representante, ler o item “Impacto meio

    socioeconômico – impacto sobre o trânsito”, onde o empreendedor informa que a rota

    de escoamento de minério será feita dentro da propriedade da Vale. Futuramente, há

    previsão de que este escoamento seja realizado por estrada passando por fora do

    povoado.

    -Proprietário da Fazenda da Índia, que indica que esta fazenda foi incluída dentro

    da área a ser explorada à revelia do conhecimento dos proprietários. Posteriormente,

    houve a retirada da fazenda do Eia/Rima, mas permaneceu o imóvel dentro dos

    documentos para requerimento de intervenção ambiental. Ele aponta, também,

    destruição de nascentes, aumento de ruído, vibração, poeira, assoreamento, que

    impactarão diretamente a