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Tipos e Preparação de Tintas
Manual Técnico de Formando
Produção apoiada pelo Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS), co-financiado pelo Estado Português e pela União Europeia, através do Fundo Social Europeu e
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
UNIÃO EUROPEIAFundo Social Europeu
Ministério do Trabalhoe da Solidariedade Social
Colecção Formação Modular Automóvel
Título do Módulo Tipos e Preparação de Tintas
Suporte Didáctico Manual Técnico - Formando
Coordenação Técnico-Pedagógica CEPRA - Centro de Formação Profissional da Reparação AutomóvelDepartamento Técnico Pedagógico
Direcção Editorial CEPRA - Direcção
Autor CEPRA - Desenvolvimento Curricular
Maquetagem CEPRA – Núcleo de Apoio Gráfico
Propriedade Instituto de Emprego e Formação ProfissionalAv. José Malhoa, 11 - 1000 Lisboa
Edição 1.0 Portugal, Lisboa, 2005/11/21
Depósito Legal 234396/05
Copyright, 2005Todos os direitos reservados
IEFP
Produção apoiada pelo Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS), co-financiado pelo Estado Português e pela União Europeia, através do Fundo Social Europeu e
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
UNIÃO EUROPEIAFundo Social Europeu
Ministério do Trabalhoe da Solidariedade Social
Índice
ÍNDICE
DOCUMENTOS DE ENTRADA OBJECTIVOS GERAIS ................................................................................................................ E.1 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................................... E.1
CORPO DO MÓDULO0 - INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 0.11 - TINTAS .................................................................................................................................... 1.1
1.1 - CONSTITUINTES DAS TINTAS E SUAS CARACTERÍSTICAS ......................................1.11.2 - CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DAS TINTAS .................................................1.61.3 - TIPOS DE SECAGEM DE TINTAS ...................................................................................1.6 1.3.1 - TINTAS DE SECAGEM FÍSICA .................................................................................1.7 1.3.2 - TINTAS DE SECAGEM QUÍMICA POR OXIDAÇÃO ..................................................1.7 1.3.3 - TINTAS DE SECAGEM QUÍMICA POR POLIMERIZAÇÃO .......................................1.81.4 - TECNOLOGIA DAS TINTAS ............................................................................................1.91.5 - SISTEMAS DE TINTAS DE ACABAMENTO ................................................................... 1.9 1.5.1 - MONOCAMADA ......................................................................................................... 1.9 1.5.2 - BICAMADA .............................................................................................................. 1.10 1.5.3 - TRICAMADA ............................................................................................................ 1.10
2 - PREPARAÇÃO DE TINTAS .................................................................................................... 2.12.1 - IMPORTÂNCIA DA VISCOSIDADE NA APLICAÇÃO DE TINTAS .................................. 2.12.2 - MEDIÇÃO DE VISCOSIDADE DE TINTAS ..................................................................... 2.22.3 - TABELAS DE CONVERSÃO DE VISCOSIDADE ........................................................... 2.62.4 - EFEITOS DA TEMPERATURA SOBRE A VISCOSIDADE .............................................. 2.72.5 - SELECÇÃO E UTILIZAÇÃO DE CATALIZADORES, DILUENTES E ADITIVOS ............. 2.8
3 - FICHAS E INFORMAÇÃO TÉCNICA SOBRE TINTAS .......................................................... 3.13.1 - PICTOGRAMAS ............................................................................................................... 3.1
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................ C.1
DOCUMENTOS DE SAÍDAPÓS-TESTE ................................................................................................................................. S.1 CORRIGENDA DO PÓS-TESTE ................................................................................................. S.5
DOCUMENTOSDE
ENTRADA
Tipos e Preparação de Tintas
OBJECTIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
No final deste módulo, o formando deverá ser capaz de:
OBJECTIVOS GERAIS
Identificar e distinguir tipos e características de tintas, e identificar e utilizar as diferentes técnicas e procedimentos de preparação de tintas.
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
Objectivos Gerais e Específicos
1. Distinguir resinas, solventes, pigmentos e aditivos e sua função na tinta.
2. Identificar as características e propriedades das tintas: extracto seco, poder de cobertura, viscosidade, espessura de filme, etc.
3. Distinguir tipos de secagem de tinta em função da resina.
5. Distinguir tintas de acabamento pertencentes a sistemas monocamada (de brilho directo), bicamada (base fosca mais verniz) e tricamada (base mais base mais verniz).
6. Seleccionar sistemas de tintas de acabamento em função da cor e efeito pretendido (metalizado, nacarado, texturado, etc).
E.1
4. Distinguir tintas, MS, HS, VHS ou UHS e tintas aquosas.
7. Definir e interpretar o conceito de viscosidade.
8. Indicar unidades de viscosidade e proceder à conversão utilizando tabelas de conversão.
9. Utilizar copos DIN e Ford para medir viscosidades de tintas.
10. Identificar o efeito da temperatura sobre a viscosidade da tinta, e proceder à compensação desse efeito em função da temperatura ambiente.
11. Seleccionar diluentes, catalisadores e aditivos, para uma determinada tinta por consulta das fichas técnicas e em função da temperatura e humidade ambiente.
12. Identificar as proporções ou percentagem de mistura por consulta da ficha técnica e/ou pictogramas na rotulagem.
13. Identificar a quantidade de tinta pronta a aplicar para cada situação.
14. Determinar a quantidade de cada um dos componentes a misturar, para a obtenção da quantidade necessária de tinta pronta a aplicar, de acordo com as proporções da mistura indicadas pelo fabricante.
Tipos e Preparação de Tintas
15. Adicionar catalisadores, diluentes e aditivos respeitando proporções ou percentagens
16. Interpretar a informação pictogramizada em fichas técnicas, fichas de toxicidade e rotulação.
Objectivos Gerais e Específicos
E.2
CORPODO
MÓDULO
Tipos e Preparação de Tintas
0 - INTRODUÇÃO
Existem diversos tipos de tintas no mercado.
Para realizar um trabalho de qualidade o pintor necessita de ter um bom conhecimento dos tipos e características das tintas, distinguir as diferenças entre elas e saber qual o tipo a aplicar consoante o trabalho a efectuar.
No primeiro capitulo deste manual vamos caracterizar os tipos de tintas existentes, a sua função. Igualmente importante é o conceito de viscosidade de uma tinta.
No capitulo 2 vai-se descrever os processos de prepararão das tintas, salientando a importância da temperatura para um bom processo de pintura.
No capitulo 3 descreve-se a informação técnica disponível sobre as tintas, incluindo a simbologia e pictogramas habitualmente utilizados.
Introdução
0.1
Tipos e Preparação de Tintas
1 - TINTAS
1.1 - CONSTITUINTES DAS TINTAS E SUAS CARACTERÍSTICAS
Segundo as normas ASTM (American Standard Technical Materials), a tinta pode definir-se como: «Uma composição liquida, pigmentada, que se converte numa película sólida e opaca depois da sua aplicação em camadas finas». Esta definição serve para nos dar uma ideia do que é a tinta, mas é necessário aprofundar um pouco mais sobre a sua composição para conhecer o seu comportamento, aplicações, etc.
As tintas são basicamente constituídas por:
• Resinas ou ligantes
• Pigmentos e cargas
• Solventes e diluentes
• Aditivos
Resinas ou Ligantes
Resinas são um grupo de substâncias orgânicas, líquidas e pegajosas, que normalmente endurecem pela acção do ar, convertendo-se em sólidos de aspecto amorfo e brilhante.
As resinas servem de suporte para os outros constituintes da tinta e, juntamente com o pigmento, solidificam-se sobre o suporte constituindo o resíduo seco. Têm a função de dar ao revestimento um conjunto de qualidades como flexibilidade, impermeabilidade, resistência química, dureza, brilho, etc.. São também responsáveis pela secagem da tinta, por transformação física ou química. Assim, pode-se estabelecer a seguinte classificação de resinas:
Tintas
1.1
Resinas Sistema de Secagem
• Vinílicas• Nitrocelulósicas
• Secagem por Evaporação
• Gliceroftálicas• Fenólicas
• Reacção com o oxigénio do ar
• Gliceroftálicas modificadas com óleo • Acção da temperatura
• Acrílicas• Epoxi• Poliuretano
• Reacção química (catalizador)
Tipos e Preparação de Tintas
Cada uma destas resinas têm uma composição química que vai conferir à pintura as propriedades necessárias para cada tipo de aplicação.
Pigmentos e cargas
Pigmento, em biologia, são moléculas químicas que reflectem ou transmitem a luz visível, ou fazem ambas as coisas de uma vez.
A cor de um pigmento depende da absorção selectiva de certos comprimentos de onda de luz e da reflexão de outras.
São substâncias químicas, em pó, coloridas ou não, são insolúveis nos solventes e ligantes nos quais ficam em suspensão.
São compostos químicos providos de coloração própria, entram na composição das tintas em forma de pó finamente dividido (Figura 1.1).
A sua função é fornecer à tinta cor, opacidade, poder de cobertura e simultaneamente a capacidade de protecção.
Um bom pigmento deve possuir uma excelente resistência à luz e aos agentes atmosféricos, de forma que as suas capacidades não sejam alteradas com o passar do tempo.
Podemos classificar os pigmentos em quatro grupos:
• Pigmentos anticorrosivos: compostos químicos em forma de pó que, dispersos numa resina adequada, têm capacidades de evitar ou inibir a corrosão quer por passivação anódica, quer por protecção catódica.
• Pigmentos de cobertura: são compostos químicos opacos que, dispersos numa resina adequada, tem capacidade de cobrir o fundo pela sua opacidade. Estes pigmentos podem ser orgânicos ou inorgânicos e utilizam-se em tintas de fundos e de acabamento.
• Pigmentos com acção específica: este tipo de pigmentos utiliza-se quando se quer uma determinada acção com a aplicação da tinta. Um exemplo são as partículas de alumínio, que são componentes básicos das pinturas metalizadas.
• Cargas: são pigmentos que não têm poder de cobertura; mas, pela são grande capacidade de enchimento, utilizam-se nas tintas de fundo (primários, aparelhos, etc.)
Tintas
Fig. 1.1 - Pigmentos
1.2
Tipos e Preparação de Tintas
Tintas
Solventes e diluentes
São veículos temporários da tinta, são incolores e têm por finalidade facilitar a mistura ligante com pigmento do estado pastoso ao estado liquido.
O solvente é uma substância líquida que dissolve ou dissocia outra numa forma mais elementar. Falamos de líquidos, de viscosidades muito baixas e evaporação muito alta.
Um solvente é aquele que dissolve o ligante. Por outro lado existem os diluentes que servem apenas para diluir as tintas, controlar a viscosidade e desta forma facilitar a aplicação.
Em geral a velocidade de evaporação deve ser a mais rápida possível, mas não podemos esquecer que o arrefecimento provocado pela evaporação origina a condensação da humidade sobre a película final de tinta.
Este fenómeno deve ser tido em conta, em especial nas tintas em que o processo de secagem é apenas “Físico”.
No caso das tintas de secagem em estufa, as substâncias voláteis devem evaporar-se gradualmente.
As características mais exigidas a um solvente ou dissolvente são:
• Alto poder dissolvente
• Excelente volatilidade
• Baixo grau de toxidade e inflamação
Os solventes mais utilizados são:
• Derivados do petróleo (alifáticos)
• Aromáticos
• Álcoois, ésteres e acetona
No quadro que se segue podemos analisar velocidades de alguns solventes:
1.3
Velocidade de evaporação
Tipo de Solvente
Solvente Diluente Álcool
Rápidos Acetato de étilicoacetona
Benzinas(Benzóico)
Álcool metílico
Lentos Acetato de butilo Toluol / Xilol ButanolMeticicloexanol
Tipos e Preparação de Tintas
Aditivos
São compostos químicos da mais diversa natureza, que se adicionam às tintas, normalmente em pequenas quantidades, com a finalidade de melhorar determinadas características. Na maioria dos casos os aditivos são introduzidos nas tintas durante o processo de fabricação, visto que alguns actuam durante o período de armazenamento sendo esta a sua utilização principal. São efectivamente componentes indispensáveis, pois sem eles é impossível conceber uma tinta. A figura 1.3 mostra a aplicação de aditivos elásticos.
Tintas
1.4
Fig. 1.2 - Solventes
Fig. 1.3 - Aplicação de aditivos elásticos
Tipos e Preparação de Tintas
Tintas
Os aditivos mais utilizados são:
1.5
Tipo de aditivo Campo de aplicação
• Antipeles • São utilizados nos esmaltes sintéticos de secagem ao ar. Têm por finalidade evitar a
formação de peles, permitindo desta forma conservar intactas as características das tintas por longos períodos de armazenamento
• Plastificantes • São utilizados com a finalidade de fornecer uma maior elasticidade à película de
tinta, em particular às tintas mais frágeis.
• Secantes • São utilizados com a finalidade de aumentar a rapidez de secagem em especial das tintas sintéticas de secagem ao ar.
• Dispersivos • São utilizados para facilitar os processos de dispersão dos diversos pigmentos.
Actuam na superfície de contacto entre o pigmento e o ligante.
• Anti-sedimento • São utilizados para eliminar a tendência à sedimentação no fundo das embalagens.
• Defloculantes • São utilizados com a finalidade de impedir a reagrupação das partículas de pigmento, que se acontecessem provocariam consequências negativas sobre o brilho e estabilidade do produto.
• Anti-crateras • São adicionados, antes ou durante a aplicação da tinta, com a finalidade de anular a formação de crateras provocadas por contaminações como por ex. “Silicones”.
• Cargas • São pós minerais, insolúveis no ligante, têm bom poder de cobertura, são facilmente lixáveis e têm boa aderência.
• Talco • Mineral macio, gorduroso, granular ou fibroso, composto por metassilicato ácido de magnésio, de fórmula H2Mg3 (SiO3)4. Tem dureza entre 1 e 1,5 e é usado como ingrediente de sabões, lubrificantes e pigmentos.
• Sulfato de bário • É utilizado em produtos orgânicos, pinturas e pigmentos, é um elemento mole, prateado e altamente reactivo. Metal alcalino-terroso, tem número atómico 56 e massa atómica 137,34. Existe na natureza apenas como composto.
Tipos e Preparação de Tintas
1.2 – CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DAS TINTAS
Para se poder analisar a qualidade da pintura aplicada é necessário conhecer características e propriedades das tintas antes e depois de aplicadas. As que são usualmente utilizadas são:
• Extracto seco – Uma tinta é constituída por compostos voláteis e por sólidos. Durante o processo de secagem da tinta aplicada os compostos voláteis evaporam ficando apenas na superfície os sólidos.
Quanto maior for o conteúdo em sólidos da tinta maior é o seu extracto seco, ou seja, menor é a quantidade de compostos voláteis da tinta.
Uma tinta com baixo teor em sólidos necessita de maior número de demãos durante a aplicação, pois a espessura de filme aplicado é muito baixa por demão dado que a parte volátil da tinta se evapora. Quanto maior for o conteúdo em sólidos, menor será o número de demãos na aplicação.
• Poder de cobertura – O poder de cobertura (Figura 1.4) corresponde à capacidade da tinta para cobrir os fundos. Normalmente diz-se que a tinta tem um bom poder de cobertura quando com uma única demão cobre o fundo, e que é transparente quando não o faz.
O poder de cobertura depende normalmente dos pigmentos
• Viscosidade – A viscosidade da tinta é muito importante durante a aplicação e dela depende a qualidade do filme aplicado. Este assunto será abordado em detalhe num capítulo específico deste módulo.
• Espessura de filme/espessura da camada – A espessura da camada de pintura pode ter influência sobre muitas das propriedades da película de pintura, como o brilho, a resistência ao impacto de gravilha, aderência, dureza, etc.
A espessura é usualmente medida em micrómetros.
1.3 – TIPOS DE SECAGEM DE TINTAS
Normalmente as tintas são classificadas pela sua secagem. Existem basicamente dois processos de secagem, o processo físico e o processo químico, podendo este último ser por oxidação ou por polimerização.
Tintas
1.6
Fig. 1.4 - Poder de cobertura
Tipos e Preparação de Tintas
Tintas
1.3.1 - TINTAS DE SECAGEM FÍSICA São tintas cuja secagem se produz pela evaporação do solvente sem modificação química da resina ou ligante. O ligante é composto por produtos químicos sintéticos ou naturais que permanecem inalterados durante o processo de endurecimento.
As resinas sólidas destas tintas estão ligadas em misturas adequadas de solventes, formando cadeias lineares de alto peso molecular. Após aplicada a tinta sobre a superfície, os solventes evaporam e as cadeias moleculares da resina unem-se até à solidificação do material, permanecendo sem qualquer modificação. Por isso, as propriedades iniciais destas resinas serão exactamente as mesmas que tinham antes do processo de secagem. É um processo no qual a tinta seca muito rapidamente.
Como exemplo de tintas que secam por este processo podemos citar:
• Lacas
• Tintas acrílicas termoplásticas
1.3.2 - TINTAS DE SECAGEM QUÍMICA POR OXIDAÇÃO
São tintas compostas por resinas cuja secagem e endurecimento estão sujeitos a dois processos consecutivos:
• Evaporação do solvente
• Absorção do oxigénio do ar
A evaporação do solvente facilita uma primeira secagem e em seguida dá-se uma oxidação relativamente rápida, que proporciona à camada de tinta flexibilidade e aderência.
Podemos imaginar que temos cadeias moleculares relativamente curtas que têm na sua composição ligações que não se activam até as resinas entrarem em contacto com o oxigénio. Por isso, quando a tinta é aplicada sobre uma superfície e entra em contacto com o oxigénio, estas ligações activam-se
1.7
Fig. 1.5 - Secagem física
SOLVENTE
Tipos e Preparação de Tintas
unindo umas cadeias às outras com o oxigénio como ponte de ligação, finalizando assim a solidificação. Concluíndo, secam em dois tempos: evaporação e oxidação.
Este tipo de secagem pode ser acelerada acrescentando aditivos transportadores de oxigénio.
Como exemplo deste tipo de secagem podemos citar:
• Pinturas sintéticas de secagem ao ar
• Pinturas sintéticas ou acrílicas de secagem em estufa
1.3.3 - TINTAS DE SECAGEM QUÍMICA POR POLIMERIZAÇÃO
São tintas cuja secagem se produz por meio de uma reacção química entre dois componentes. A evaporação solvente contribui para a secagem.
Este tipo de tintas são aquelas em que o resíduo seco é formado por uma resina sintética, que entra em reacção com um produto químico denominado catalisador ou endurecedor. Assim, o resíduo seco da tinta não é constituído apenas pela resina, mas pela mistura desta com o endurecedor.
Tintas
1.8
Fig. 1.6 - Secagem química por oxidação
Fig. 1.7 - Secagem química por polimerização
SOLVENTEOXiGÉNIO
SOLVENTE
Tipos e Preparação de Tintas
Tintas
Os componentes apresentam-se em recipientes separados. Um com a base, ou componente A, e o segundo com o agente catalisador ou com o componente B. Se for aplicado apenas o componente A no suporte, o resultado será uma película pegajosa, que não chega a secar e não teria propriedades de protecção. Pelo contrário, quando as moléculas do componente A entram em contacto com as moléculas do componente B, unem-se, porque a atracção é grande. O resultado final é uma malha molecular que na realidade é a película seca da tinta.
Em resumo, este tipo de tintas seca devido a uma reacção provocada por endurecedores ou catalisadores que são adicionados na altura em que são preparadas para aplicação.
1.4 - TECNOLOGIA DAS TINTAS
Da gama de tintas de dois componentes, existem diferentes tecnologias que os fabricantes têm vindo a desenvolver com o objectivo de reduzir o conteúdo de solventes:
• Tecnologia de médio conteúdo de sólidos (MS, Medium Solids)
• Tecnologia de alto conteúdo de sólidos (HS, High Solids)
• Tecnologia de muito alto conteúdo de sólidos (VHS, Very High Solids) ou tecnologia de ultra alto conteúdo de sólidos (UHS, Ultra High Solids)
• Tintas de base aquosa
Os solventes são compostos orgânicos voláteis, normalmente conhecidos pelas siglas da sua denominação em inglês, VOC, que têm um efeito muito negativo sobre o meio ambiente. Por isso, a nível internacional está-se a realizar um grande esforço para reduzir o conteúdo de solventes nos processos de pintura.
1.5 - SISTEMAS DE TINTAS DE ACABAMENTO
A aplicação da tinta de acabamento pode ser feita com um acabamento de brilho directo ou necessitar de um verniz para obter brilho e a dureza necessários. Os fabricantes de tintas e de veículos utilizam diferente nomes para descrever os acabamentos mas, normalmente, podem encontrar-se numa destas três categorias:
• Monocamada
• Bicamada
• Tricamada
1.5.1 - MONOCAMADA
Monocamada (Figura 1.8) é o sistema de aplicação de uma tinta de acabamento em que todas as demãos de produto aplicado são da mesma composição. A própria resina da tinta proporciona o
1.9
Tipos e Preparação de Tintas
brilho.O sistema monocamada utiliza-se geralmente na pintura de veículos com cores sólidas ou lisas, denominadas cores de brilho directo, porque a resina brilha directamente sem necessidade de aplicar verniz.
1.5.2 - BICAMADA
Bicamada (Figura 1.9) é o sistema de aplicação de uma tinta de acabamento em duas fases. A primeira contempla a aplicação da cor numa fina camada de tinta de secagem física (base fosca), com a qual se obtém uma superfície mate. O brilho e a dureza obtêm-se ao aplicar, numa segunda fase, o verniz de dois componentes.Com este sistema de aplicação podem-se obter cores sólidas ou lisas, metalizadas e perla, variando unicamente os corantes que intervêm na formulação da base.
1.5.3 - TRICAMADA
Tricamada é o sistema de aplicação composto por três camadas de tinta diferentes. A primeira é a base fosca que proporciona a cor de fundo, a segunda proporciona o efeito especial, e a terceira, que é o verniz, proporciona o brilho e a dureza.O sistema tricamada utiliza-se para obter efeitos.
Camada de cor
Fundo
Pigmento de cor
Fig. 1.8 - Acabamento monocamada
Fig. 1.9 - Acabamento bicamada
Camada de cor
Fundo
Pigmento de cor
Verniz
Tintas
1.10
Tipos e Preparação de Tintas
2 - PREPARAÇÃO DE TINTAS
2.1 - IMPORTÂNCIA DA VISCOSIDADE NA APLICAÇÃO DE TINTAS
A viscosidade descreve até que ponto uma substância se mantém inerte a uma força exercida sobre ela ;como exemplo, o mel tem uma viscosidade maior que a água.
Quanto maior é a viscosidade da tinta, tanto mais difícil será o seu escoamento. Diz-se que uma tinta está viscosa quando o seu escoamento se faz com dificuldade, e que é fluida quando escoa facilmente (Figura 2.1).
A viscosidade a que a tinta deve ser aplicada é indicada pelo seu fabricante. Para se saber a que viscosidade se deve aplicar uma tinta deve consultar-se a respectiva ficha técnica.
Várias propriedades da tinta são influenciadas pela viscosidade, tais como:
• Tempo de secagem
• Tonalidade da cor (principalmente em tintas metalizadas)
• Poder de cobertura
Por outro lado, podem ocorrer diversos defeitos na camada de tinta aplicada:
• Escorridos
• Casca de laranja
• Fervidos
• Etc.
Preparação de Tintas
2.1
Fig. 2.1 - Tinta viscosa e tinta fluída
Tipos e Preparação de Tintas
2.2 - MEDIÇÃO DE VISCOSIDADE DE TINTAS
Para se determinar a viscosidade de uma tinta utilizam-se os copos de viscosidade. Estes recipientes têm formatos e volumes exactos e na parte inferior dispõem de um orifício de diâmetro normalizado (Figura 2.2).
Para se medir a viscosidade da tinta enche-se o copo de viscosidade com a tinta e, com o auxílio de um cronómetro, verifica-se o tempo necessário para que toda a tinta se escoe pelo orifício (Figura 2.3).
Se o tempo lido é inferior ao indicado pelo fabricante da tinta, então a viscosidade é muito baixa e é necessário juntar mais tinta.Se pelo contrário a tinta demorou mais tempo a sair é porque a mesma se encontra ainda muito viscosa necessitando de maior diluição.
Existem vários tipos de copos de viscosidade. Os de tipo laboratorial possuem uma aba exterior que permite reter a tinta que se deitou a mais ao encher o copo, evitando-se assim que esta escorra ao longo do copo (Figura 2.4).
Preparação de Tintas
2.2
Fig. 2.2 - Copo de viscosidade
Fig. 2.3 - Medição de viscosidade
Fig. 2.4 - Copo de viscosidade laboratorial
Tipos e Preparação de Tintas
Para que o copo fique completamente cheio é necessário mantê-lo numa posição perfeitamente horizontal. Por isso, os copos são fornecidos com um suporte apropriado (Figura 2.5). Na base do suporte existem parafusos de nivelamento que permitem nivelar o suporte do copo.
Por vezes são utilizados “copos de mergulho” (Figura 2.6). Estes são introduzidos directamente no recipiente em que se efectuou a diluição, começando-se a contar o tempo de escoamento quando se tira o copo do liquido.
Os copos de mergulho possuem alguns inconvenientes em relação aos copos de suporte:
• Não se consegue um nivelamento perfeito.
• É necessário uma maior quantidade de tinta para se conseguir mergulhar totalmente o copo.
• É difícil visualizar o instante em que a tinta começa a escoar.
A designação do copo está de acordo com o formato, o volume interior e o diâmetro do orifício. Os copos mais utilizados para viscosidades entre 10 e 100 segundos são:
• Copo DIN (normas alemãs)
• Copo FORD (normas americanas)
• Copo BSB (normas inglesas)
• Copo AFNOR (normas francesas)
Preparação de Tintas
2.3
Fig. 2.5 - Suporte de copos
Fig. 2.6 - Copo de mergulho
Tipos e Preparação de Tintas
O algarismo que se encontra à frente da designação do copo indica aproximadamente o diâmetro do orifício. Como exemplo, o copo FORD 4 tem um orifício com 4,115 mm de diâmetro (Figura 2.7).
Se for medida a viscosidade da mesma tinta em copos de diferentes tipos (FORD e DIN) obtém-se tempos de escoamento diferentes.A mesma tinta pode ter 32 segundos como tempo de escoamento no copo FORD, mas apenas 28 segundos no copo DIN, por exemplo.
Execução prática da medição de viscosidade com um copo de suporte
Antes de se iniciar uma medição, deve-se sempre verificar as condições do local e a temperatura ambiente.
Após preparar a tinta, fazendo a sua diluição e adicionando os aditivos necessários de acordo com a ficha técnica do fabricante, filtrar a tinta usando um filtro adequado (Figura 2.8).
Colocar o copo de viscosidade no suporte e com auxílio dos parafusos de nivelação proceder à sua regulação até que fique perfeitamente horizontal (Figura 2.9).
Preparação de Tintas
2.4
Fig. 2.7 - Diâmetro do copo
Fig. 2.8 - Filtrar a tinta
Fig. 2.9 - Nivelar do suporte
Tipos e Preparação de Tintas
Colocar um recipiente para receber a tinta por baixo do copo de viscosidade.Tapar o orifício do viscosímetro com um dedo (Figura 2.10)
Encher o copo de viscosidade com a tinta até transbordar (Figura 2.11). Verter a tinta lentamente para evitar que se formem bolhas de ar.
Retirar o excesso de tinta. Em seguida ligar o cronómetro na altura em que se tira o dedo (Figura 2.12).
Parar o cronómetro no momento exacto em que o fio de escoamento da tinta se quebra e começa a pingar (Figura 2.13).
Anotar o tempo indicado no cronómetro e comparar com o indicado na ficha técnica.
Se a viscosidade for muito baixa, acrescentar mais tinta e medir novamente a viscosidade. Notar que se a tinta for catalisada o catalisador deve ser adicionado à tinta na proporção indicada na ficha técnica.Se a viscosidade fôr muito alta, diluir mais a tinta e medir novamente a viscosidade.
Preparação de Tintas
2.5
Fig. 2.10 - Tapar o orifício com um dedo
Fig. 2.11 - Encher o copo de viscosidade
Fig. 2.12 - Ligar o cronómetro
Fig. 2.13 - Parar o cronómetro
Tipos e Preparação de Tintas
Assim que terminar as medições de viscosidade, deve lavar-se imediatamente o copo de viscosidade. O copo deve ser limpo com diluente de limpeza embora por vezes seja necessário usar diluente apropriado para a tinta utilizada.O orifício de viscosidade deve ser mantido muito limpo. Limpar o orifício com um pano embebido no diluente apropriado.
2.3 - TABELAS DE CONVERSÃO DE VISCOSIDADE
Quando o copo de viscosidade que se po o indicado na ficha técnica, podem-se utilizar tabelas de conversão como a tabela 2.1:
Preparação de Tintas
2.6
FORD BSB DIN FORD BSB DIN FORD BSB DIN FORD BSB DIN
15 17 14 37 43 32 59 68 49 81 94 66
16 19 15 38 44 32 60 70 50 82 95 67
17 20 16 39 45 33 61 71 50 83 96 68
18 21 17 40 47 34 62 72 51 84 98 69
19 22 17 41 48 35 63 73 52 85 99 70
20 23 18 42 49 36 64 74 53 86 100 71
21 24 19 43 50 36 65 75 54 87 101 72
22 26 20 44 51 37 66 77 55 88 102 72
23 27 21 45 52 38 67 78 56 89 103 73
24 28 22 46 53 39 68 79 56 90 104 74
25 29 22 47 55 40 69 80 57 91 106 74
26 30 23 48 56 40 70 81 58 92 107 75
27 31 24 49 57 41 71 82 58 93 108 76
28 33 25 50 58 42 72 84 59 94 109 77
29 34 26 51 59 42 73 85 60 95 110 78
30 35 26 52 60 43 74 86 61 96 112 79
31 36 27 53 62 44 75 87 62 97 113 80
32 37 28 54 63 45 76 88 63 98 114 80
33 38 28 55 64 46 77 89 64 99 115 81
34 39 29 56 65 47 78 91 64 100 116 82
35 41 30 57 66 48 79 92 65 101 117 82
36 42 31 58 67 48 80 93 66 102 118 83
Tabela 2.1 - Tabela de conversão de viscosidade
Tipos e Preparação de Tintas
Preparação de Tintas
As tabelas de conversão de viscosidade dão apenas valores aproximados, por isso os valores obtidos têm sempre uma certa margem de erro. Sempre que possível deve utilizar-se o copo de viscosidade indicado na ficha técnica.
2.4 - EFEITOS DA TEMPERATURA SOBRE A VISCOSIDADE
Na ficha técnica do produto nem sempre se indica a temperatura a que se deve fazer a medição da viscosidade pois esta varia muito quando a temperatura aumenta ou diminui.Normalmente as medições são feitas à temperatura de 20°C.
Dadas as condições climatéricas no nosso país, temos de um modo geral temperaturas inferiores a 20°C durante o Inverno e temperaturas superiores a 20°C durante o Verão.Se a temperatura é inferior a 20°C como acontece por vezes durante o Inverno, a viscosidade da tinta aumenta. Por exemplo, se a viscosidade de uma tinta for de 25 segundos à temperatura de 20°C, será de 31 segundos se a temperatura ambiente for de 10°C. Se não se tiver em atenção o efeito da temperatura e acertar à mesma a viscosidade a 25 segundos mas com uma temperatura de 10°C, irá juntar-se mais diluente do que o necessário, pelo que:
• Poderão aparecer escorridos
• A espessura do filme final de tinta será muito pequena
Se por outro lado se fizer a medição da viscosidade a uma temperatura superior a 20°C, a viscosidade da tinta diminuirá. Se for ignorado o efeito da temperatura, irá juntar-se menos diluente do que necessário, pelo que:
• A espessura do filme será muito grande.
• Haverá tendência para o aparecimento de “casca de laranja”.
Sempre que possível, deve-se fazer a medição da viscosidade num local sem correntes de ar e ajustar--se a temperatura da tinta numa estufa até à temperatura indicada na ficha técnica. Se não for possível regular a temperatura, pode-se utilizar escalas de conversão de resultados. Nestas escalas, constituídas por dois círculos de cartolina rotativos, acerta-se a temperatura com a viscosidade indicada na ficha técnica, verificando-se depois qual a viscosidade a medir para a temperatura ambiente no local. Como nem todas as tintas têm variação de viscosidade semelhante, cada tipo de tinta tem uma escala de conversão própria.
Nem todos os fabricantes fornecem escalas de conversão de viscosidade. Por vezes há necessidade de utilizar diluentes retardadores se a temperatura ambiente for muito elevada e diluentes aceleradores se a temperatura for muito baixa. Estes diluentes permitem reduzir os problemas devidos à variação da viscosidade com a temperatura (Figura 2.14).
2.7
Tipos e Preparação de Tintas
2.5 - SELECÇÃO E UTILIZAÇÃO DE CATALISADORES, DILUENTES E ADITIVOS
Ao preparar uma tinta deve-se verificar as proporções de mistura e/ou as percentagens de diluição para a tinta em questão. Estes valores são indicadas através de símbolos, e encontram-se nas fichas técnicas ou na rotulagem dos produtos.
Proporção de mistura
A proporção de mistura indica-nos a proporção relativa de uma mistura com 2 ou mais componentes (Figuras 2.15 e 2.16).
Preparação de Tintas
2.8
Fig. 2.14 - Diluente retardador e diluente acelerador
Fig. 2.15 - Proporção de mistura com 2 componentes
Fig. 2.16 - Proporção de mistura com 3 componentes
Tipos e Preparação de Tintas
Preparação de Tintas
Exemplo:
Se quisermos preparar uma tinta (1 litro) e a ficha técnica da tinta nos der a seguinte indicação:
teremos que misturar 3 partes de tinta (0,75 litros) com 1 parte de Endurecedor (0,25 litros).
Diluição
A diluição indica-nos em que percentagem um componente deve ser diluído na mistura (Figura 2.17).
Exemplo:
Se quisermos preparar uma tinta (1 litro) e na ficha técnica da tinta nos der a seguinte indicação:
a mistura final será 80% de tinta (0.8 litros) e 20% de diluente (0.2 litros).A diluição pode variar em função do número de demãos que se pretenda dar.
2.9
Proporção de mistura: 3:1 em volume de endurecedor
Fig. 2.17 - Diluição
Diluição:20%
Tipos e Preparação de Tintas
Na ficha técnica da tinta também está indicado qual o catalisador, o diluente e o aditivo que devemos usar e em que situações é que se utilizam. A ficha técnica da figura 2.20 é um exemplo disso.
Preparação de Tintas
2.10
Fig. 2.18 - Ficha técnica
Tipos e Preparação de Tintas
Preparação de Tintas
2.11
Como se pode verificar junto à proporção de mistura é indicado o tipo de catalisador ou endurecedor, identificado pela referência do fabricante. O mesmo se passa para o diluente utilizado que aparece junto à indicação da percentagem de diluição, mas, neste caso, indica-se também em que situações se deve ou não fazer a diluição.
Quando se prepara uma tinta, deve-se ter em consideração a área que se vai pintar e consequentemente a quantidade de tinta a preparar. Assim, evita-se os desperdícios, melhorando a rentabilidade da operação. Para tal, deve-se consultar na ficha técnica do fabricante qual o rendimento para a tinta em questão. O rendimento é apresentado em função da espessura seca aplicada e em metros quadrados por litro.
Na tabela abaixo 2.2, apresenta-se um exemplo do rendimento de um primário.
Neste caso, para uma espessura de 15μm e se a área a pintar tiver uma dimensão entre os 14,6 e os 15,1m², será necessário 1 litro de tinta. Se, por exemplo, a dimensão de área a pintar fosse 7,5 m², apenas seria necessário ½ litro de tinta.
Depois de se determinar, em função da área a pintar, a quantidade de tinta necessária a aplicar, pode-se determinar a quantidade de cada um dos componentes a misturar, de acordo com as proporções de mistura e diluições indicadas pelo fabricante.
Primeiro deve-se verificar se existe diluição para a tinta que estamos a preparar. Caso exista devemos determinar a quantidade de tinta e a quantidade de diluente. Após se determinar essas quantidades, verifica-se se existe alguma proporção de mistura para a tinta, quer seja com catalisador, com um aditivo, ou com ambos.
Exemplo:
Se quisermos preparar um 1 litro de um determinado produto (tinta+catalisador+diluente) e a ficha técnica do produto nos der a seguinte indicação:
Espessura seca aplicada Rendimento
15 µm 14,6 - 15,1 m2/l
40 µm 5,5 - 5,7 m2/l
Proporção de mistura: 3:1 em volume de catalisador
Diluição:10%
Tabela 2.2 - Rendimento de um primário
Tipos e Preparação de Tintas
Teremos que determinar quais as quantidades de 3 componentes diferentes, a tinta, o catalisador e o diluente.
Primeiro determina-se a quantidade de diluente, para isso, multiplica-se a quantidade do produto (tinta+catalisador+diluente) a preparar pela percentagem de diluição:
1 litro x 10% = 0,10 litros
Ou seja, a quantidade de diluente é 0,10 litros e a quantidade de tinta+catalisador é:
1 litro – 0,10 litros = 0,90 litros
Em seguida tem que se determinar a quantidade de tinta e a quantidade de catalisador, para isso recorremos à proporção de mistura. Sendo neste caso a proporção de mistura de 3:1, teremos 3 partes de tinta e 1 parte de catalisador, ou seja 4 partes. Então vamos calcular o valor de cada parte, para isso dividimos a quantidade de tinta+catalisador pelo número de partes:
0,90 litros / 4 = 0,225 litros
Cada parte tem 0,225 litros. Se para a tinta necessitamos de 3 partes temos que multiplicar o número de partes pelo valor de cada parte:
3 x 0,225 litros = 0,675 litros de tinta
A mesma operação faz-se para o catalisador. Para o catalisador necessitamos de 1 parte que multiplicando pelo valor de cada parte:
1 x 0,225 = 0,225 litros de catalisador
Em resumo temos:
Componentes Quantidade
Tinta 0,675 l
Catalisador 0,225 l
Diluente 0,1 l
Total: 1 l
Preparação de Tintas
2.12
Tipos e Preparação de Tintas
A mistura dos componentes pode ser feita com recurso a uma régua de diluição (Figura 2.19).
Para cada tipo de proporção de mistura e diluição, existem réguas específicas nas quais estão gravadas escalas, que permitem medir a proporção da tinta, do catalisador, do aditivo e do diluente. Como se pode ver na figura 2.20 na parte superior da régua estão os números 100, 25 e 25 isto indica-nos que esta régua pode ser utilizada para uma proporção de mistura de 4:1:1 ou apenas 4:1. A cada um desses números está associada uma escala, neste caso de 1 a 11. É esta escala que usamos para medição. A ordem de mistura dos produtos vem sempre indicada na ficha técnica, mas normalmente primeiro é a tinta, depois o catalisador, em seguida o aditivo se aplicável e por último o diluente se aplicável. Existem aditivos que podem ser misturados antes do catalisador, é o caso do plastificante para preparação de tintas para plásticos.
Para efectuar a medição, coloca-se a régua de medição no copo onde se vai efectuar a mistura (Figura 2.20).
Em seguida deita-se para o copo a quantidade de tinta necessária para a mistura (Figura 2.21).
Fig. 2.19 - Régua de diluição
Fig. 2.20 - Colocar a régua no copo
Fig. 2.21 - Deitar a quantidade de tinta
Preparação de Tintas
2.13
Tipos e Preparação de Tintas
Quando já estiver toda a tinta no copo, faz-se a leitura do valor na primeira escala de diluição (Figura 2.22).
Para o componente seguinte, utiliza-se a segunda escala e deita-se o produto até essa escala atingir o mesmo valor que a primeira (Figuras 2.23a e 2.23b).
E assim sucessivamente para os seguintes componentes. No fim de todos os componentes estarem adicionados, mexe-se a mistura até ficar homogénea (Figura 2.24).
Fig. 2.22 - Fazer a leitura do valor
Fig. 2.23a e 2.23b - Utilizar a segunda escala para o componente seguinte
Fig. 2.23a Fig. 2.23b
Fig. 2.24 - Mexer até a mistura ficar homogénea
Preparação de Tintas
2.14
Tipos e Preparação de Tintas
3 - FICHAS E INFORMAÇÃO TÉCNICA SOBRE TINTAS
3.1 - PICTOGRAMAS
Os principais fabricantes de tintas automóveis fornecem tintas para muitos países do mundo. A tradução da informação técnica para a língua de cada país torna-se por vezes difícil, imprecisa e pouco acessível. Optou-se então por criar uma linguagem internacional e fácil de compreender: A representação em pictogramas.
Esta representação que foi criada por acordo entre os principais fabricantes de tintas permite identificar rapidamente o processo correcto para a utilização do produto sem possibilidade de erro. Os símbolos mais correntemente utilizados são indicados nas páginas seguintes.
Pré-tratamento
Mistura
Desengordurar Lixar
Proporção de mistura – 2 componentes.
Proporção de mistura -3 componentes.
Usar régua de diluição. Adicionar endurecedor
Pictogramas
3.1
Tipos e Preparação de Tintas
Ajuste de viscosidade
Processo de aplicação
Adicionar aditivo (doseador).
Viscosidade da aplicação.
Pistola de gravidade. Pistola de sucção.
Pistola para massas tixotrópicas. Demãos (com pistola de gravidade).
Pictogramas
3.2
Tipos e Preparação de Tintas
Secagem
Demãos (com pistola de sucção). Demãos (com spray aerosol).
Espátula. Pincel.
Rolo.
Evaporação de solventes. Tempo de secagem.
Tempo de secagem com infravermelho.
Pictogramas
3.3
Tipos e Preparação de Tintas
Tratamentos
Lixagem à mão / húmido.
Lixadeira orbital / húmido (ar comprimido).
Lixadeira orbital / seco.
Lixagem à mão / seco.
Lixadeira excêntrico / húmido (ar comprimido).
Polimento.
Lixadeira excêntrico / seco.
Pictogramas
3.4
Tipos e Preparação de Tintas
Armazenamento
Diversos
Armazenar se temperatura de congelação.
Proteger da humidade. Fechar recipiente.
Armazenar em local fresco.
Homogeneizar.
Comparar a cor. Consultar folha de instruções.
Homogeneizar na máquina de mistura.
Pictogramas
3.5
Tipos e Preparação de Tintas
Dados da cor para as fórmulas de mistura
Fórmula a ser elaborada. Consultar o local de assistência mais
próximo.
Cor existe com diferentes nuances. Cor não é reproduzível com exactidão (para pintura geral).
Cor disponível de fábrica.
Cor para peças montável. A mistura contém mais de 0,15% de chumbo metálico.
A mistura contém mais de 1,0% de chumbo solúvel e/ou mais de 10,0% de cromato de chumbo.
As informações são fornecidas pelo local de assistência mais
próximo.
Pictogramas
3.6
Tipos e Preparação de Tintas
Opacidade limitada.
Pintura de várias cores. Cor não misturável.
Cor tricamada.
Fórmula foi alterada.
Pictogramas
3.7
Tipos e Preparação de Tintas
Bibliografia
BIBLIOGRAFIA
CESVIMAP, S.A. – Manual de Pintado de Automóviles, Editorial MAPFRE
SADOWSKI, Fritz – Repintura Automóvel, Spies Hecker GMBH 2000
CEPRA – Medição da Viscosiadade das Tintas
CEPRA – Pictogramas de Pintura
C.1
DOCUMENTOSDE
SAÍDA
Tipos e Preparação de Tintas
Pós-Teste
PÓS-TESTE
Em relação a cada uma das perguntas seguintes, são apresentadas 4 (quatro) respostas das quais apenas 1 (uma) está correcta. Para cada exercício indique a resposta que considera correcta, colocando uma cruz (X) no quadradinho respectivo.
1 – A função dos pigmentos é fornecer à tinta:
a) Cor ...........................................................................................................................................
b) Opacidade ...............................................................................................................................
c) Poder de cobertura ..................................................................................................................
d) Todas as respostas anteriores .................................................................................................
2 – A capacidade da tinta para cobrir fundo chama-se:
a) Poder de cobertura ..................................................................................................................
b) Aderência .................................................................................................................................
c) Resistência mecânica ..............................................................................................................
d) Viscosidade .............................................................................................................................
3 – Qual o tipo de secagem para tintas que se dá por evaporação do solvente e por absorção de
oxigénio?
a) Secagem física ........................................................................................................................
b) Secagem química por oxidação ...............................................................................................
c) Secagem química por polimerização .......................................................................................
d) Nenhuma das respostas anteriores .........................................................................................
4 – Qual a razão dos fabricantes aumentarem o conteúdo de sólidos nas tintas?
a) Para tornarem as tintas mais baratas ......................................................................................
b) Para as tintas poderem ser de base aquosa ...........................................................................
c) Para diminuírem o conteúdo de solventes ..............................................................................
d) Para aumentarem os compostos orgânicos voláteis ...............................................................
S.1
Tipos e Preparação de Tintas
Pós-Teste
5 – Quais as fases na aplicação de uma tinta bicamada?
a) Aplicação de um produto com a mesma composição .............................................................
b) Aplicação de uma base fosca e depois um verniz ..................................................................
c) Aplicação de uma base fosca, de um efeito especial e depois um verniz .............................
d) Nenhuma das respostas anteriores .........................................................................................
6 – Se quisermos obter uma tinta metalizada que sistema de pintura devemos utilizar?
a) Monocamada ..........................................................................................................................
b) Bicamada .................................................................................................................................
c) Tricamada ................................................................................................................................
d) Nenhuma das anteriores .........................................................................................................
7 – Diz-se que uma tinta está viscosa quando o escoamento:
a) É feito com difi culdade ............................................................................................................
b) É feito facilmente ......................................................................................................................
c) É feito muito rapidamente ........................................................................................................
d) A viscosidade não infl uência o escoamento ............................................................................
8 – Qual dos seguintes copos é utilizado na medição de viscosidades?
a) DIN ..........................................................................................................................................
b) FORD .......................................................................................................................................
c) BSB ..........................................................................................................................................
d) Todas as respostas anteriores .................................................................................................
S.2
Tipos e Preparação de Tintas
9 – Em que altura se deve parar o cronómetro quando se está a fazer uma medição com copo de
viscosidade?
a) Quando o escoamento terminar de pingar ..............................................................................
b) Quando o escoamento começar a pingar ...............................................................................
c) 30 segundos depois do escoamento começar ........................................................................
d) Depende do tipo de copo usado .............................................................................................
10 – Se a temperatura aumentar, a viscosidade:
a) Aumenta ..................................................................................................................................
b) Diminui .....................................................................................................................................
c) Não varia .................................................................................................................................
d) Não varia porque é independente da temperatura ..................................................................
11 – Se numa fi cha estiver a informação da fi gura. Indica-nos que:
a) A proporção de mistura é feita com 5 componentes ..................
b) A proporção de mistura é de 4 partes de um componente e se
necessário uma parte de um segundo ...........................................
c) A proporção de mistura para 2 componentes é de 4 partes do
primeiro e uma parte do segundo ...................................................
d) Nenhuma das respostas anteriores ............................................
12 – Qual a necessidade de identifi car a quantidade de tinta pronta a aplicar?
a) Para melhorar a rentabilidade ..................................................................................................
b) Para evitar desperdícios de tinta ..............................................................................................
c) Para evitar desperdícios de catalisador ...................................................................................
d) Todas as respostas anteriores .................................................................................................
Pós-Teste
S.3
Tipos e Preparação de Tintas
Pós-Teste
S.4
13 – Qual é a ordem mais correcta para achar a quantidade de cada um dos componentes a
misturar?
a) Diluente, Catalisador e Tinta ...............................................................................................
b) Tinta, Diluente e Catalisador ................................................................................................
c) Catalisador, Diluente e Tinta ................................................................................................
d) Tinta, Catalisador e Diluente ................................................................................................
14 – Qual o primeiro componente a deitar no copo quando se está a fazer a mistura com régua de
diluição?
a) O catalisador ...........................................................................................................................
b) A tinta ......................................................................................................................................
c) O diluente ................................................................................................................................
d) O aditivo ...................................................................................................................................
15 – Ao encontrar este pictograma na embalagem de uma tinta deve:
a) Fazer a aplicação com uma pistola HVLP ..................................
b) Fazer a aplicação com uma pistola de sucção ...........................
c) Fazer a aplicação com uma pistola de gravidade .......................
d) Fazer a aplicação com qualquer tipo de pistola .........................
Tipos e Preparação de Tintas
CORRIGENDA DO PÓS-TESTE
Nº DA QUESTÃO RESPOSTA CORRECTA
1 d)2 a)3 b)4 c)5 c)6 b)7 a)8 d)9 b)
10 b)11 c)12 d)13 a)14 b)15 c)
Corrigenda do Pós-Teste
S.5