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Apostila: Controle Externo e Interno / Auditor SEAP DF Prof. Marcelo Aragão Página 1 1. TRIBUNAIS DE CONTAS: ______________________________________________ O controle externo e os Tribunais de Contas no Brasil O controle externo, lato sensu, ocorre quando o órgão controlador não integra a estrutura do órgão controlado. É também o controle de um Poder sobre o outro, ou da administração direta sobre a indireta. Assim, controle externo é aquele externa corporis, ou seja, o realizado por Poder ou órgão diverso do controlado ou que não integra a sua estrutura, envolvendo o exame de legitimidade e legalidade e/ou supervisão político-administrativa, com o objetivo de verificar se houve regularidade nos atos praticados para o alcance dos objetivos de interesse coletivo. O controle externo da gestão pública está previsto nos artigos 70 e 71 da CF/88, cujo titular é o Congresso Nacional, que o exerce com o auxílio do Tribunal de Contas, e refere-se ao controle da gestão orçamentária, financeira, patrimonial, contábil e operacional da União. Cabe ressaltar que o Tribunal de Contas não é órgão subordinado ao Poder Legislativo (Congresso Nacional, Assembleia Legislativa etc) e tampouco exerce papel secundário, por ser a titularidade do controle externo do órgão legislativo. A Constituição Federal estabelece em seu art. 71 competências exclusivas do TCU. Ademais, não cabe ao Congresso Nacional e a qualquer outro órgão rever as decisões de mérito do Tribunal, como, por exemplo, alterar o mérito do julgamento da Corte. As decisões do TCU são recorríveis ao próprio Tribunal, mediante os recursos previstos em seu Regimento Interno. Todavia, pode o Poder Judiciário pronunciar a nulidade de um julgamento do TCU, por inobservância da legalidade. O correto é afirmar que o TC presta auxílio ao Poder Legislativo no exercício do controle externo, possuindo o Parlamento e o TC competências privativas, sem prejuízo de outras competências e atribuições conjuntas entre os dois órgãos. A fiscalização dos Tribunais de Contas, contudo, pode se dar por iniciativa própria (de ofício) ou exercida por iniciativa do Poder Legislativo. O Tribunal apreciará, em caráter de urgência, os pedidos de informações e as solicitações que lhe forem endereçados pelo Congresso Nacional (ou

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1. TRIBUNAIS DE CONTAS: ______________________________________________ O controle externo e os Tribunais de Contas no Brasil

O controle externo, lato sensu, ocorre quando o órgão controlador não integra a estrutura do órgão controlado. É também o controle de um Poder sobre o outro, ou da administração direta sobre a indireta. Assim, controle externo é aquele externa corporis, ou seja, o realizado por Poder ou órgão diverso do controlado ou que não integra a sua estrutura, envolvendo o exame de legitimidade e legalidade e/ou supervisão político-administrativa, com o objetivo de verificar se houve regularidade nos atos praticados para o alcance dos objetivos de interesse coletivo.

O controle externo da gestão pública está previsto nos artigos 70 e

71 da CF/88, cujo titular é o Congresso Nacional, que o exerce com o auxílio do Tribunal de Contas, e refere-se ao controle da gestão orçamentária, financeira, patrimonial, contábil e operacional da União.

Cabe ressaltar que o Tribunal de Contas não é órgão subordinado ao Poder Legislativo (Congresso Nacional, Assembleia Legislativa etc) e tampouco exerce papel secundário, por ser a titularidade do controle externo do órgão legislativo.

A Constituição Federal estabelece em seu art. 71 competências

exclusivas do TCU. Ademais, não cabe ao Congresso Nacional e a qualquer outro órgão rever as decisões de mérito do Tribunal, como, por exemplo, alterar o mérito do julgamento da Corte. As decisões do TCU são recorríveis ao próprio Tribunal, mediante os recursos previstos em seu Regimento Interno. Todavia, pode o Poder Judiciário pronunciar a nulidade de um julgamento do TCU, por inobservância da legalidade.

O correto é afirmar que o TC presta auxílio ao Poder Legislativo no

exercício do controle externo, possuindo o Parlamento e o TC competências privativas, sem prejuízo de outras competências e atribuições conjuntas entre os dois órgãos.

A fiscalização dos Tribunais de Contas, contudo, pode se dar por

iniciativa própria (de ofício) ou exercida por iniciativa do Poder Legislativo. O Tribunal apreciará, em caráter de urgência, os pedidos de informações

e as solicitações que lhe forem endereçados pelo Congresso Nacional (ou

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Câmara Legislativa, no caso do DF) ou por suas Comissões Técnicas ou de Inquérito. As referidas hipóteses são: a) auditorias e inspeções de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e demais órgãos e entidades sujeitos a sua jurisdição; b) solicitações de informações sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; c) pronunciamento conclusivo sobre a matéria que seja submetida a sua apreciação pela Comissão Mista Permanente do art. 166, § 1º, da CF; d) auditoria solicitada pela comissão mista permanente de senadores e deputados ou por comissão técnica de qualquer das casas do Congresso Nacional, em projetos e programas autorizados na lei orçamentária anual, em que se avaliam os seus resultados quanto à eficácia, eficiência, efetividade e economicidade.

Como exemplo de atuação conjunta entre o Legislativo e o Tribunal de

Contas, além do pronunciamento conclusivo a que se refere ao item “c” acima, tem-se o parecer prévio emitido pelos TC’s sobre as contas de governo, que subsidia o julgamento por parte do órgão legislativo.

Outro aspecto relevante que envolve a relação entre o Poder Legislativo e o Tribunal de Contas é que, embora não haja subordinação entre os dois, os Tribunais de Contas prestam contas de sua atuação e desempenho ao Poder Legislativo, encaminhando-lhe relatórios trimestrais e anuais.

O Poder Legislativo e o Tribunal de Contas possuem competências privativas, sem prejuízo de outras competências e atribuições conjuntas entre os dois órgãos. Compete privativamente ao TCDF julgar as contas dos gestores públicos. Compete exclusivamente à Câmara Legislativa do DF julgar as contas prestadas pelo Governador. Nas contas de governo, o Tribunal de Contas emite parecer prévio.

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O modelo de controle externo adotado no Brasil é de Sistema de Tribunais de Contas, que é organizado da seguinte maneira:

a) Um Tribunal de Contas da União, com sede no Distrito Federal e

representação em todas as Unidades de Federação; b) Vinte e seis Tribunais de Contas Estaduais, sendo um em cada

Unidade da Federação; c) Quatro Tribunais de Contas dos Municípios, localizados nos estados da

Bahia, Ceará, Pará e Goiás; d) Dois Tribunais de Contas Municipais, localizados nos Municípios de São

Paulo e Rio de Janeiro; e e) Um Tribunal de Contas do Distrito Federal. Vale ressaltar que cada Tribunal de Contas possui suas próprias

competências, não existindo, em nosso sistema, a possibilidade de uma Corte ser a revisora de outra. Natureza jurídica dos Tribunais de Contas

Os Tribunais de Contas são órgãos componentes da administração direta, desprovidos, portanto, de personalidade jurídica própria. Assim, como órgão, a personalidade jurídica do TC é a da pessoa jurídica de direito público em que está inserida. No caso do TCDF, sua personalidade jurídica é a do Distrito Federal.

Como bem ensina Carrilho Chaves, isso não significa excluir-lhes capacidade postulatória, ou seja, capacidade de figurar em um dos polos de uma relação jurídico-processual. Ao tribunal de contas é reconhecida a capacidade de estar em juízo, ativa ou passivamente, na defesa de suas competências ou direitos próprios.

No que concerne às competências do Tribunal de Contas da União, a CF dispõe sobre a matéria no capítulo dedicado ao Poder Legislativo, conferindo-lhe a atribuição de prestar auxílio ao Congresso Nacional no desempenho do Controle Externo. Porém, deve ficar claro que o Texto Magno não subordina o TCU ao Poder Legislativo ou expressamente o inclui entre os órgãos desse Poder. Efetivamente a CF não vincula o TCU a nenhum outro órgão de qualquer dos Poderes. Para fins orçamentários, todavia, o Tribunal está associado ao Poder Legislativo.

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Por conclusão, o TC é órgão administrativo autônomo e independente

(autonomia funcional, administrativa, financeira e orçamentária), no sentido de que deve respeito ao ordenamento jurídico sem ser subalterno a outro órgão ou autoridade. O TC não é preposto do Legislativo. A função que exerce recebe-a diretamente da Constituição, que lhe define as atribuições. A despeito da titularidade do Controle Externo pertencer ao Congresso Nacional, cabe ao TCU a maior parte das atividades especificamente determinadas ao poder controlador. Natureza jurídica e eficácia das decisões dos Tribunais de Contas

Não é tarefa simples estudarmos a natureza jurídica dos Tribunais de Contas e de suas decisões, pois o tema jurisdição dos tribunais de contas é polêmico. Por exemplo, parte dos doutrinadores do direito apregoa que os tribunais de contas não possuem jurisdição, posto que a CF a atribui expressamente ao Poder Judiciário. Outros, porém, defendem que os Tribunais de Contas possuem uma jurisdição de contas, ou seja, uma jurisdição própria, anômala e distinta da jurisdição tradicional. Por outro lado, há muita divergência doutrinária quanto à natureza das decisões dos Tribunais de Contas. Alguns defendem que ela é judicante; outros defendem que é administrativa. Funções básicas do TC

Antes de apresentarmos nosso entendimento a respeito da natureza

jurídica dos Tribunais de Contas e orientações para a prova, é necessário apontarmos as funções básicas exercidas pelos TC, de acordo com a constituição, as leis e a jurisprudência, quais sejam:

Função Fiscalizadora - É exercida quando o Tribunal, no uso de suas competências constitucionais, fiscaliza a atividade dos administradores públicos. O Regimento Interno do TCU apresenta os seguintes modos de fiscalização: levantamento, auditoria, inspeção, monitoramento e acompanhamento. Instrumento Finalidades Levantamento

� conhecer a organização e o funcionamento dos órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional dos Poderes da União, incluindo fundos e demais instituições que lhe sejam jurisdicionadas, assim como dos sistemas, programas, projetos e atividades governamentais no que se refere aos aspectos

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contábeis, financeiros, orçamentários, operacionais e patrimoniais;

� identificar objetos e instrumentos de fiscalização; e � avaliar a viabilidade da realização de fiscalizações.

Auditoria

� examinar a legalidade e a legitimidade dos atos de gestão dos responsáveis sujeitos a sua jurisdição, quanto ao aspecto contábil, financeiro, orçamentário e patrimonial;

� avaliar o desempenho dos órgãos e entidades jurisdicionados, assim como dos sistemas, programas, projetos e atividades governamentais, quanto aos aspectos de economicidade, eficiência e eficácia dos atos praticados;

� subsidiar a apreciação dos atos sujeitos a registro.

Inspeção

� Inspeção é o instrumento de fiscalização utilizado para suprir omissões e lacunas de informações, esclarecer dúvidas ou apurar denúncias ou representações quanto à legalidade, à legitimidade e à economicidade de fatos da administração e de atos administrativos praticados por qualquer responsável sujeito à sua jurisdição.

Acompanhamento

� examinar, ao longo de um período predeterminado, a legalidade e a legitimidade dos atos de gestão dos responsáveis sujeitos a sua jurisdição, quanto ao aspecto contábil, financeiro, orçamentário e patrimonial; e avaliar, ao longo de um período predeterminado, o desempenho dos órgãos e entidades jurisdicionadas, assim como dos sistemas, programas, projetos e atividades governamentais, quanto aos aspectos de economicidade, eficiência e eficácia dos atos praticados.

Monitoramento

� verificar o cumprimento de suas deliberações e os resultados delas advindos.

Função Consultiva – consiste na faculdade de algumas autoridades formularem consulta, em tese, à Corte de Contas. Pode-se considerar como competências vinculadas à função consultiva a emissão de Parecer Prévio sobre contas do Presidente da República ou do Governador do DF. Isto porque, sobre essas contas, o TC emite apenas um parecer e não as julga.

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Função Informativa - com previsão constitucional, consiste no dever de o TC, como órgão auxiliar da casa legislativa (Congresso Nacional ou Câmara Legislativa no DF), informar, quando solicitado, àquele órgão o andamento de trabalhos executados no âmbito da Corte de Contas. Podem ser considerados também no âmbito da função informativa, todos os alertas previstos na LRF. Função Judicante - é praticada pelo TC ao julgar as contas de gestão dos administradores públicos e dos responsáveis por prejuízos ao Erário. Função Normativa – decorre da possibilidade de a Corte de Contas editar normas para os seus jurisdicionados em matéria de sua competência. Função Sancionadora - ocorre quando o TC ante a constatação de ilegalidade ou irregularidade, aplica sanções aos gestores. Essa faculdade deriva do próprio texto constitucional, que prevê a aplicação aos responsáveis das sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, a multa proporcional ao dano causado ao erário. Função Corretiva - ocorre quando o Tribunal, ao constatar algum descumprimento à norma legal, assina prazo para a sua correção. No âmbito desta função, o TC pode fixar prazo para adoção de providências; sustar ato irregular, exceto de contrato, e formular recomendações e determinações. Função Pedagógica – é exercida quando o Tribunal orienta os gestores acerca da forma correta de aplicação da lei, com objetivo de evitar a ocorrência de irregularidades. Função de Ouvidoria – possibilita o TC atender à população quanto às suas reclamações, sejam em decorrência de má utilização de recursos públicos, sejam em decorrência de conduta inadequada de seus servidores. A CF no caso do TCU e lei orgânica do DF no caso do TCDF, preveem o recebimento de denúncias pelo TC feitas por cidadão, partido político, associação civil ou sindicato e de representação feita pelo controle interno. Além dessas, o Tribunal de Contas dispõe ainda das seguintes funções e competências: Controle de constitucionalidade de leis e atos:

• Súmula 347 do STF: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público”.

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Competência para determinar a anulação de contrato:

• Mandado de Segurança 23.550 – Competência para determinar a anulação de contrato. “O Tribunal de Contas da União – embora não tenha poder para anular ou sustar contratos administrativos – tem competência, conforme o art. 71, IX, para determinar à autoridade administrativa que promova a anulação do contrato e, se for o caso, da licitação de que se originou”.

Função cautelar:

• Mandado de Segurança 24.510 – competência para prolatar decisões de natureza cautelar. “O Tribunal de Contas da União tem competência para fiscalizar procedimentos de licitação, determinar a suspensão cautelar (artigos 4° e 113, § 1° e 2° da Lei n° 8.666/93), examinar editais de licitação publicados e, nos termos do art. 276 do seu Regimento Interno, possui legitimidade para a expedição de medidas cautelares para prevenir lesão ao erário e garantir a efetividade de suas decisões”.

Voltando à questão da natureza jurídica dos tribunais de contas, em que pese ser tema polêmico, para o concurso, este professor não pode assumir uma postura neutra. Assim, compartilho das seguintes teses, que correspondem também ao entendimento da maioria das bancas organizadoras de concursos públicos:

� Os tribunais de contas são órgãos administrativos especiais, de

estatura constitucional, dotados de função judicante especial, porquanto julgam contas daqueles que lhes são jurisdicionados. Nesse sentido, possuem função judicante e uma jurisdição (dizer/aplicar o direito) própria, diferente da jurisdição ou função jurisdicional do Poder Judiciário;

ATENÇÃO: É correto afirmar que o TC possui função judicante e jurisdição própria. Não é correto afirmar que o TC possui função jurisdicional ou judicial.

� Em que pese possuírem função judicante especial, a natureza jurídica de seu julgamento é administrativa e não judicial ou jurisdicional, dado que os Tribunais de Contas não tem competência para praticar atos típicos do Poder Judiciário. Não estão abertas a esses órgãos possibilidades de decretar prisão de responsáveis,

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quebrar sigilos fiscal ou telefônico, efetuar busca e apreensão de documentos e arrestar bens, entre outros. Contra as decisões dos Tribunais de Contas cabem recursos exclusivamente junto aos próprios tribunais, contudo, por serem de natureza administrativa, as decisões dos TC podem ser revistas pelo Poder Judiciário, em demanda específica;

� As decisões de mérito adotadas pelos Tribunais de Contas em

processos de contas são insuscetíveis de revisão por qualquer outro órgão ou Poder, incluído aí o Judiciário. O Poder Judiciário pode rever as decisões do TC quanto à legalidade e formalidade (aspectos formais), anulando, por exemplo, o julgamento do TC e determinando a realização de outro, mas não quanto ao mérito da decisão (aspectos materiais);

Os ritos processuais seguidos pelos tribunais de contas são próprios,

conforme definidos nas respectivas leis orgânicas e regimentos internos. Porém, desde que haja previsão, podem ser aplicadas normas processuais de outras instâncias, notadamente civis e penais.

De acordo com as leis orgânicas dos Tribunais de Contas, as decisões do TC que imputem débito ou apliquem multa a responsável torna a dívida líquida e certa e tem eficácia de título executivo.

Isso significa que, para fins de execução, não é necessário inscrever em

dívida ativa os créditos decorrentes de deliberações do TC que imponham a necessidade de ressarcimento pecuniário ao patrimônio público ou penalidade de tal natureza. A caracterização dessas decisões como título executivo institui a presunção juris tantum de obrigação líquida e certa a tais títulos e permite ao seu titular propor a correspondente ação executiva para fins de cobrança.

Como bem ensina Chaves, na essência, a decisão do Tribunal de Contas

que imputa débito ou multa a responsável equivale a uma decisão de mérito no juízo de conhecimento feito pelo órgão judiciário, ou seja, a cognição de mérito é feita pelo TC (competência pela matéria, definida na Constituição). O título é dito extrajudicial porque é constituído fora do âmbito do Poder Judiciário.

Portanto, as decisões do TC são títulos executivos permitindo ao seu

titular propor a correspondente ação executiva para fins de cobrança, não sendo necessário o processo de conhecimento judicial.

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A condenação em débito é feita pelo TC, mas a titularidade para promover a cobrança judicial compete ao ente cujos cofres foram lesados. No caso da União, o ajuizamento das ações incumbe à Advocacia-Geral da União (AGU). No caso do DF, a cobrança será por meio da Procuradoria-Geral do DF.

Alcance da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial.

Tanto o controle externo quanto o interno realizam a fiscalização da gestão pública, na forma do artigo 70 da CF, a saber:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,

operacional e patrimonial da União e das entidades da

administração direta e indireta, quanto à legalidade,

legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e

renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,

mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de

cada Poder.

Importante perceber que a fiscalização exercida pelo Sistema de

Controle Interno de cada Poder tem a mesma abrangência que a do Controle Externo a cargo do Congresso Nacional.

Cabe notar a abrangência conferida pelo constituinte à fiscalização dos

órgãos e entidades estatais: transcende os aspectos de legalidade e não se restringe à despesa. A fiscalização da gestão pública pode ser realizada de cinco modos: contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial.

A fiscalização contábil está relacionada à aplicação dos recursos públicos conforme as técnicas contábeis. Tem como propósito verificar se os fatos relacionados com a gestão dos recursos públicos estão sendo escriturados de acordo com as normas contábeis aplicadas ao caso. Além da conformidade dos registros, verifica-se a adequada elaboração e divulgação dos demonstrativos contábeis – balanços.

A fiscalização financeira está relacionada ao fluxo de recursos (ingressos e saídas) geridos pelo administrador, independente de serem ou não recursos orçamentários. Constitui objeto da fiscalização financeira a verificação da legalidade e legitimidade na realização das despesas, observando se o gestor público cumpriu os princípios e as regras estabelecidas para as aquisições de bens e serviços e de liquidação da despesa pública.

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A fiscalização orçamentária está relacionada à aplicação dos recursos públicos, conforme as leis orçamentárias, acompanhando a arrecadação dos recursos e a aplicação. Ou seja, o seu objetivo é verificar se as receitas e despesas públicas guardam conformidade com as peças orçamentárias: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei do Orçamento Anual (LOA). Verifica se foram respeitados os limites e destinações estabelecidos nas leis orçamentárias.

Márcio Albuquerque e Estevão Cunha ressaltam que tal fiscalização

envolve diversas fases, não acontecendo apenas posteriormente, quando da prestação de contas ao órgão de controle externo. Nesse sentido, o art. 77 da Lei 4.320/64 estabelece que a verificação da legalidade dos atos de execução orçamentária será prévia, concomitante e subsequente.

Por outro lado, a CF dispõe que caberá à Comissão Mista de Orçamento

do Congresso Nacional proceder ao acompanhamento e a fiscalização orçamentária:

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. § 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados: I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República; II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58. A fiscalização operacional está relacionada à verificação do bom

desempenho (economicidade e eficiência) e do cumprimento de metas e resultados (eficácia e efetividade) da gestão dos recursos públicos. Márcio Albuquerque e Estevão Cunha lembram que a fiscalização operacional é novidade da Carta Política de 1988. Por meio desta modalidade de fiscalização, é feito o acompanhamento da execução de programas e projetos governamentais. É um tipo de fiscalização que tem por enfoque orientar e fornecer apoio aos gestores públicos, de modo que possam otimizar a aplicação dos recursos financeiros para atingimento das metas.

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A economicidade é a minimização dos custos dos recursos utilizados na consecução de uma atividade, sem comprometimento dos padrões de qualidade. Refere-se à capacidade de uma instituição gerir adequadamente os recursos financeiros colocados à sua disposição.

A eficiência é definida como a relação entre os produtos (bens e

serviços) gerados por uma atividade e os custos dos insumos empregados para produzi-los em um determinado período de tempo, mantidos os padrões de qualidade. Essa dimensão, portanto, relaciona-se com o conceito de economicidade e mede o esforço do processo de transformação de insumos em produtos. Pode ser examinada sob duas perspectivas: minimização do custo total ou dos meios necessários para obter a mesma quantidade e qualidade de produto; ou otimização da combinação de insumos para maximizar o produto quando o gasto total está previamente fixado. Portanto, o conceito de eficiência está relacionado ao de economicidade.

A eficácia é definida como o grau de alcance das metas programadas

(de produtos e serviços) em um determinado período de tempo, independentemente dos custos implicados. O conceito de eficácia diz respeito à capacidade da gestão de cumprir objetivos imediatos traduzidos em metas de produção ou de atendimento, ou seja, a capacidade de prover bens ou serviços de acordo com o estabelecido no planejamento das ações.

A efetividade diz respeito ao alcance dos resultados pretendidos, a

médio e longo prazo. Refere-se à relação entre os resultados de uma intervenção ou programa, em termos de efeitos sobre a população-alvo (impactos observados), e os objetivos pretendidos (impactos esperados). Trata-se de verificar a ocorrência de mudanças na população-alvo que se poderia razoavelmente atribuir às ações do programa avaliado.

A fiscalização patrimonial está relacionada ao controle, salvaguarda, conservação e alienação de bens públicos. Portanto, verifica-se o adequado controle e proteção dos bens públicos, incluindo-se a proteção e conservação do meio ambiente. Também constitui objeto dessa fiscalização a transferência de bens públicos para o setor privado e a concessão de uso.

No caput do artigo 70, estão especificados ainda os grandes critérios com que essas auditorias serão realizadas: legalidade, legitimidade e economicidade. Assim, a análise de gestão contábil, orçamentária, financeira, patrimonial e operacional é realizada levando-se em conta a: a) legalidade ���� aderência da aplicação dos recursos ao ordenamento jurídico (Constituição, leis, decretos, normas etc.).

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b) legitimidade ���� pressupõe a aderência, além da legalidade, à moralidade e à ética, ou seja, se atendeu ao interesse público. Nenhum ato pode ser legítimo se não for legal, porém, pode ser legal e agredir a legitimidade. c) economicidade ���� minimização dos custos incorridos com os gastos públicos. Deve-se observar se os preços dos produtos adquiridos estão de acordo com o preço de mercado. d) aplicação de subvenções ���� aplicação dos recursos públicos transferidos a entidades públicas ou privadas para determinadas despesas ou fins.

e) renúncia de receitas ���� são benefícios tributários e fiscais para incentivo a determinado setor ou atividade, como isenção fiscal, redução de base de cálculo ou de alíquota de tributos etc.

RESUMO: ASPECTOS A SEREM FISCALIZADOS:

Legalidade: aderência da aplicação dos recursos ao ordenamento jurídico (Constituição, leis, decretos, normas etc.). Legitimidade: pressupõe a aderência, além da legalidade, à moralidade e à ética, ou seja, se atendeu ao interesse público. Economicidade: minimização dos custos dos recursos utilizados na consecução de uma atividade, sem comprometimento dos padrões de qualidade. Refere-se à capacidade de uma instituição gerir adequadamente os recursos financeiros colocados à sua disposição. Eficiência: relação entre os produtos (bens e serviços) gerados por uma atividade e os custos dos insumos empregados para produzi-los em um determinado período de tempo, mantidos os padrões de qualidade. Eficácia: grau de alcance das metas programadas (de produtos e serviços) em um determinado período de tempo, independentemente dos custos implicados. O conceito de eficácia diz respeito à capacidade da gestão de cumprir objetivos imediatos traduzidos em metas de produção ou de atendimento, ou seja, a capacidade de prover bens ou serviços de acordo com o estabelecido no planejamento das ações.

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Efetividade: diz respeito ao alcance dos resultados pretendidos, a médio e longo prazo. Refere-se à relação entre os resultados de uma intervenção ou programa, em termos de efeitos sobre a população-alvo (impactos observados), e os objetivos pretendidos (impactos esperados). Em síntese, quanto aos aspectos objetivos, o controle abrange todas as atividades administrativas desenvolvidas pelo poder público que impliquem receitas, despesas e nascimento ou extinção de direitos ou obrigações, e os aspectos avaliados: legalidade, legitimidade, economicidade e cumprimento de resultados de programas de trabalho.

Assim, praticam os órgãos de controle interno e externo o controle de legalidade e o de gestão (de resultados ou operacional). Quanto ao controle de mérito do ato administrativo, em regra não compete aos Tribunais, entretanto, pode o Tribunal de Contas, em certos casos, avaliar aspectos de discricionariedade dos atos quanto à razoabilidade e proporcionalidade e outros princípios. Os aspectos subjetivos da ação fiscalizadora do controle interno e externo estão postos no parágrafo único do art. 70 da CF. São todas as pessoas físicas, ou jurídicas, públicas ou privadas, sujeitas à jurisdição ou ao alcance do TCU, desde que UTILIZEM, ARRECADEM, GUARDEM, GERENCIEM OU ADMINISTREM bens e valores públicos. Portanto, pessoas ou empresas privadas ou que não pertençam à Administração Pública também são passíveis de ser fiscalizadas pelos órgãos de controle, em certos casos. ALCANCE DA AUDITORIA GOVERNAMENTAL Conforme ensinam Piscitelli e Timbó, de acordo com o art. 23, item XVIII do Decreto nº 93.874/86, a execução da atividade de auditoria contábil e a de programas, de competência dos órgãos de controle interno, abrange os órgãos da Administração Direta, entidades da Administração Indireta, organizações em geral dotadas de personalidade jurídica de direito privado e sujeitas a controle segundo a legislação específica, além de cada beneficiário de transferência à conta do Orçamento da União. O controle aplica-se a empresas controladas direta ou indiretamente pela União. Contudo, estão fora da esfera de competência do controle pelo Poder Público as empresas com participação minoritária (ou igualitária) da União ou de suas entidades no capital com direito a voto, ou – mesmo sendo majoritária – desde que representada total ou parcialmente por ações preferenciais (sem direito a voto), conforme a Lei nº 6.525, de 11/4/78, cujo artigo 1º modificou a redação do artigo 7º da Lei nº 6.223/75.

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Nos casos em que a União, Estado, Distrito Federal, Município ou entidade da respectiva administração indireta participe do capital de empresa privada detendo apenas a metade ou a minoria das ações ordinárias, será exercido tão-somente o direito de fiscalização assegurado ao acionista minoritário pela Lei das Sociedades por Ações. Cabe ressaltar ainda que a Constituição de 1988 consagrou a sujeição ao controle das contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo (art. 71, inciso V). Isto significa que – no caso – o controle se aplica inclusive às participações minoritárias, isto é, até a destinação final dos recursos nacionais.

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2. O TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL (LEI COMPLEMENTAR Nº 1/1994): NATUREZA, COMPETÊNCIA, JURISDIÇÃO. ________________________________________________ NATUREZA E COMPETÊNCIA DO TCDF O art. 1º da Lei Orgânica do TCDF estabelece as suas competências. Conforme o caput do artigo 1º, ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, órgão de controle externo, nos termos da Constituição Federal, da Lei Orgânica do Distrito Federal e na forma estabelecida na Lei Complementar 1/1994 (LOTCDF), compete: 1. PARECER PRÉVIO SOBRE CONTAS DE GOVERNO (Artigo 1º, inciso I I) Art. 1º Ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, órgão de controle

externo, nos termos da Constituição Federal, da Lei Orgânica do

Distrito Federal e na forma estabelecida nesta Lei Complementar,

compete:

I – apreciar as contas anuais do Governador, fazer sobre elas relatório

analítico e emitir parecer prévio, nos termos do art. 37 desta Lei

Complementar;

A primeira competência apresentada no art. 1º refere-se à apreciação das contas do Governador.

Cabe lembrar que o Tribunal de Contas do DF não julga as contas do Governador, somente emite parecer prévio sobre elas. O responsável pelo julgamento das contas do Governador é a Câmara Legislativa do DF. Outro aspecto a ser destacado, é que o art. 56 da LRF estabelece que as contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo (Federal, Municipal e estadual) devem ser acompanhadas das contas dos presidentes dos órgãos dos poderes Legislativo, Judiciário e do Ministério Público respectivo. Vejamos o dispositivo:

“Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art.

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20, as quais receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas. § 1º As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âmbito: I – da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, consolidando as dos respectivos tribunais; II – dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de justiça, consolidando as dos demais tribunais.”.

Contudo, o Supremo Tribunal Federal (STF) deferiu medida cautelar em

Acão Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Socialista Brasileiro (PSB) e pelo Partido dos Trabalhadores (PT), suspendendo a eficácia, dentre outros, dos artigos 56 e 57 da LRF.

No entendimento do STF, as contas referidas nos dispositivos contestados (arts. 56 e 57) dizem respeito às contas de gestão dos administradores públicos, que não estariam, assim, sujeitas, apenas à emissão de parecer prévio, mas sim ao julgamento por parte do TC. Assim, a partir da decisão do STF, as contas de governo, objeto de parecer prévio por pare do TCDF, passaram a englobar somente as contas do Governador. 2. JULGAMENTO DE CONTAS (inciso II) II – julgar as contas:

a) dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e

valores da administração direta e indireta ou que estejam sob sua

responsabilidade, incluídos os das fundações e sociedades instituídas

ou mantidas pelo Poder Público do Distrito Federal, bem como

daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de

que resulte prejuízo ao Erário;

b) dos dirigentes ou liquidantes de empresas incorporadas, extintas,

liquidadas ou sob intervenção ou que, de qualquer modo, venham a

integrar, provisória ou definitivamente, o patrimônio do Distrito

Federal ou de outra entidade da administração indireta;

c) daqueles que assumam obrigações de natureza pecuniária em nome

do Distrito Federal ou de entidade da administração indireta;

d) dos dirigentes de entidades dotadas de personalidade jurídica de

direito privado que recebam contribuições, subvenções, auxílios e

assemelhados, até o limite do patrimônio transferido;

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O julgamento das contas dos gestores públicos ou daqueles que causarem prejuízo ao Erário público é uma competência própria (privativa) do Tribunal de Contas, não cabendo qualquer participação ou revisão por parte do Poder Legislativo. Esse julgamento alcança toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais o DF responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Veremos adiante que, além das contas ordinárias, o TC julga as contas especiais, que são aquelas instauradas quando se verificar a ocorrência de desfalque, desvio de bens ou outra irregularidade de que resulte prejuízo para a Fazenda Pública, ou, ainda, quando se verificar que o responsável pela aplicação dos recursos públicos não prestou contas no prazo e na forma fixados nos normativos do TC.

Todavia, cabe alertar que não basta haver o dano ao erário público, para

que o responsável seja sujeito passivo em um processo de tomada de contas especial a ser julgado pelo TC. É preciso que o autor do dano esteja em uma função ou em nome do Estado.

Veremos mais adiante quando estudarmos a tomada de contas especial,

que a Resolução TCDF nº 102/1998 estabelece que serão encerradas, independentemente do valor envolvido, as tomadas de contas especiais cujas apurações concluírem ser a responsabilidade pelo ressarcimento exclusivamente de terceiros, não vinculados à Administração Pública, devendo o órgão ou entidade adotar as providências administrativas ou judiciais cabíveis, fazendo-se o devido registro nos autos.

Outra hipótese vista anteriormente, é a de um cidadão ou particular que

pratica um ato ilícito em conluio com um servidor, por exemplo, desviando bens ou superfaturando contratos públicos. Nesses casos, estaria o particular alcançado pelo dispositivo, devendo prestar contas de sua ação, solidariamente com o servidor. 3. CONTROLE DE ATOS DE PESSOAL (inciso III) III – apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão

de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta,

incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público,

excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão,

bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,

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ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento

legal do ato concessório;

O primeiro aspecto para o qual chamamos atenção é que o TCDF não

julga atos sujeitos a registro, mas sim, aprecia-os, verificando a sua conformidade às normas legais. Com efeito, a apreciação dos atos sujeitos a registro não se trata de função judicante do TCDF, mas sim de função fiscalizadora.

Vale mencionar o entendimento do Supremo Tribunal federal acerca da

natureza jurídica dos atos sujeitos a registro. O STF já se manifestou no sentido de que esses atos possuem a natureza de ato complexo. Assim, o ato de aposentadoria ou de pensão dos servidores estatutários somente se aperfeiçoa após a apreciação pelo TC.

Outro dado importante é que o TCDF, ao verificar ilegalidade no ato de

aposentadoria ou de concessão de pensão não pode, de ofício, corrigir o vício; cabendo-lhe apenas, no caso, negar o registro ao ato e informar ao órgão da recusa, para que, este providencie a emissão de novo ato escoimado do vício encontrado e o submeta novamente à apreciação da Corte.

Atos de Admissão

A lei orgânica prevê que serão apreciadas para fins de registros as

admissões de pessoal ocorridas a qualquer título, na administração direta e indireta.

Assim, mesmo que ocorra uma admissão temporária, ela terá que ser

apreciada pelo TCDF. A competência do Tribunal ocorre tanto para as admissões da administração direta como indireta.

Dessa forma, serão apreciadas as admissões de empregados públicos,

isto é, aqueles que são regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), bem como as admissões dos servidores públicos estatutários, regidos pela Lei n. 8.112/1990.

Como anteriormente mencionado, o TCDF, antes de realizar o registro,

deverá apreciar a legalidade do ato. Nesse sentido, entre outras peculiaridades, é verificado se foi observada a regra da obrigatoriedade do concurso público, bem como se está havendo a acumulação de cargos em desacordo com o que é permitido pela Constituição/Lei Orgânica.

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Outro aspecto com relação à admissão de pessoal, é que o dispositivo em análise apresenta uma exceção, qual seja, a apreciação, para fins de registro, de legalidade das nomeações para cargos de provimento em comissão. Estes cargos são os de livre nomeação e exoneração pela autoridade competente. Assim, pela precariedade do vínculo com a administração, estes atos são dispensados de registros na Corte de Contas.

Contudo, embora o TCDF não possua competência para apreciar a

legalidade das nomeações dos cargos de provimento em comissão para fins de registro, tal fato não impede o Tribunal de fiscalizar a legalidade desses atos, por meio de fiscalizações ou por meio de julgamento das contas dos gestores. Por exemplo, o TCDF pode, ao realizar uma auditoria em determinado órgão, fiscalizar se as nomeações para cargos de provimento em comissão naquele órgão estão ou não de acordo com a lei.

Concessões de Aposentadorias, Reformas e Pensões

A aposentadoria, de modo geral, é um benefício concedido às pessoas

que satisfizeram os requisitos constitucionais e legais para que possam receber o respectivo provento sem a necessidade da contraprestação do serviço, isto é, estão aptas a receber sem trabalhar.

Já as reformas são benefícios concedidos aos militares, que possuem

regime diferenciado dos servidores civis. A reforma é a passagem do militar para a inatividade.

A pensão é o benefício concedido ao(s) dependente(s) de servidores que

venham a falecer. Compete ao TCDF apreciar a legalidade dos atos de admissão de pessoal,

bem como dos atos de concessão de aposentadoria, reforma e pensão. Convém esclarecer que, diferentemente, dos atos de admissão de

pessoal, o Tribunal somente se preocupa com as aposentadorias e pensões relacionadas aos servidores estatutários. Assim, todos aqueles funcionários públicos que são regidos pela CLT não terão as suas concessões apreciadas pelo TCDF.

Nunca é demais lembrar que na administração indireta também podemos

ter servidores estatutários, como ocorre com as autarquias. Assim, o que importa para sabermos se o ato de aposentação será apreciado pelo TCDF, não é o fato de o agente público pertencer à Administração Direta ou Indireta, mas sim se é regido pela CLT ou se é estatutário, sendo que somente neste último

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caso é que o TC irá apreciar o ato de aposentadoria, ou pensão. A reforma, como vimos, é instituto aplicável somente ao militar.

Por fim, o inciso III apresenta a seguinte parte: “...ressalvadas as

melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório”. A parte final do dispositivo significa que, por exemplo, caso ocorra uma

modificação em determinada aposentadoria, o Tribunal só vai precisar se manifestar novamente caso seja alterado o fundamento legal da aposentadoria. Assim, caso determinado servidor venha a se aposentar em um cargo qualquer e depois preencha os requisitos constitucionais e legais para se aposentar em outro, o Tribunal deverá apreciar a alteração do ato concessório. No entanto, caso ocorra uma alteração apenas no vencimento da aposentadoria decorrente de aprovação de planos de cargos e salários, o ato não passará de novo pelo crivo do Tribunal de Contas do Distrito Federal. Por fim, destaco a Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal - STF nº 3 que dispensa o contraditório e a ampla defesa quando da apreciação da legalidade pelo TC do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. Esta súmula pode ser abordada pela banca organizadora em prova, pela sua importância e significado. Súmula Vinculante nº 3 do Supremo Tribunal Federal – STF: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. 4. AVALIAR A EXECUÇÃO DAS METAS ORÇAMENTÁRIAS (inciso IV) IV – avaliar a execução das metas previstas no plano plurianual, nas

diretrizes orçamentárias e no orçamento anual;

A lei orgânica estabelece a competência para o TCDF fiscalizar e avaliar a execução das metas (física e financeira) estabelecidas no PPA, na LDO e na LOA.

Cabe chamar a atenção para uma das finalidades do Sistema de Controle Interno dos Poderes Executivo e Legislativo, estabelecidas no art. 80 da LODF, que é a de “avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos do Distrito Federal”.

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Perceba que a finalidade do SCI é semelhante à competência do TCDF, com pequena diferença redacional. Atenção em prova:

Finalidade do SCI Competência do TCDF

- avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos do Distrito Federal.

- avaliar a execução das metas previstas no plano plurianual, nas diretrizes orçamentárias e no orçamento anual.

5. REALIZAÇÃO DE AUDITORIAS E INSPEÇÕES (inciso V) V – realizar, por iniciativa própria, da Câmara Legislativa ou de alguma

de suas comissões técnicas ou de inquérito, inspeções e auditorias de

natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial,

nas unidades administrativas dos Poderes Executivo e Legislativo,

inclusive fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder

Público e administração indireta:

a) da estimativa, lançamento, arrecadação, recolhimento,

parcelamento e renúncia de receitas;

b) dos incentivos, transações, remissões e anistias fiscais, isenções,

subsídios, benefícios e assemelhados, de natureza financeira,

tributária, creditícia e outras concedidas pelo Distrito Federal;

c) das despesas de investimento e custeio, inclusive à conta de fundo

especial, de natureza contábil ou financeira;

d) das concessões, cessões, doações, permissões e contratos de

qualquer natureza, a título oneroso ou gratuito, e das subvenções

sociais ou econômicas, dos auxílios, contribuições e doações;

e) de outros atos e procedimentos de que resultem variações

patrimoniais;

Este dispositivo reconhece a autonomia do TCDF, prevendo que o

Tribunal realize por iniciativa própria as fiscalizações. Trata-se de dispositivo que estabelece a competência fiscalizadora do TC e a sua natureza e extensão.

Reparem que o TCDF pode fiscalizar, sob todos os aspectos já estudados,

as unidades administrativas dos Poderes Executivo e Legislativo. Outra observação refere-se aos legitimados para a solicitação. Um

Deputado isoladamente não tem competência para solicitar ao TCDF a

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realização de fiscalização. Para que o Tribunal atenda a solicitação é necessário que um órgão colegiado, como uma das Comissões da CLDF formalize o pedido. Importante destacar que, até mesmo as comissões de inquérito, têm legitimidade para solicitar a fiscalização.

Vale notar que, no julgamento de contas e na fiscalização que lhe compete, o Tribunal decidirá sobre a legalidade, a legitimidade e a economicidade dos atos de gestão e das despesas deles decorrentes, bem como sobre a aplicação de subvenções e a renúncia de receitas (§ 1º do art. 1º da Lei Complementar nº 1/94). 6. FISCALIZAÇÃO DAS APLICAÇÕES DE RECURSOS EM EMPRESAS NAS QUAIS O DF POSSUI PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA (inciso VI) VI – fiscalizar as aplicações do Poder Público em empresas de cujo

capital social o Distrito Federal participe de forma direta ou indireta,

nos termos do respectivo ato constitutivo;

Vale notar que compete ao TCDF fiscalizar os recursos investidos pelo DF em empresas de cujo capital o DF participe, direta ou indiretamente, independentemente do controle acionário (maioria das ações ordinárias) ser do DF. Por outro lado, a fiscalização será efetuada na forma do ato constitutivo. Esse ato há de prever que a fiscalização dos recursos públicos caberá ao TCDF. 7. FISCALIZAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS TRANSFERIDOS POR CONVÊNIOS (inciso VII) VII – fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados ao

Distrito Federal ou pelo Distrito Federal, mediante convênio, acordo,

ajuste ou outros instrumentos congêneres;

Convênio é um Instituto do Direito Administrativo, pelo qual o Poder

Público se associa a outra entidade pública ou com entidades privadas, para que sejam produzidos objetos de interesse comum, mediante mútua cooperação. Caracteriza o convênio o fato de haver um acordo de vontade entre os signatários do ajuste.

Dessa forma, convênio se diferencia de contrato pelo fato de que, neste

último, há interesses divergentes (enquanto uma parte quer o preço, a outra que o produto) e no convênio, ambas as partes possuem o mesmo interesse.

Normalmente, os convênios visam à realização de obras públicas, o

aporte de verbas em programas de saúde, ou, ainda, em áreas específicas da

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educação, tais como para o incentivo da educação de primeiro grau e da alfabetização de idosos.

Considerando que a transferência por meio de convênio é uma

transferência voluntária e que, por isso, deve haver interesse mútuo dos participantes, competirá ao DF (repassador do recurso, também chamado de ente concedente) fiscalizar se os recursos foram aplicados no objeto do convênio, ou seja, no caso hipotético, na construção de uma escola. Caso a entidade pública ou privada (responsável pela aplicação dos recursos, também chamado de convenente) não aplique os recursos no objeto que foi avençado, pode ser compelido a devolver os recursos aos cofres do DF.

Outro significado da expressão “fiscalizar a aplicação” é a possibilidade

do concedente verificar se o convenente respeitou todos os normativos aplicados à utilização dos recursos públicos, razão pela qual poderá checar se, dentre outros normativos, a Lei de Licitações e Contratos (Lei n. 8.666/1993) foi cumprida.

Resumindo, o Tribunal de Contas tem competência para verificar se o

objeto do convênio foi cumprido, bem como para checar se o convenente respeitou os normativos ligados ao gasto dos recursos públicos.

Interessante notar que a LOTCDF se refere a convênio, ajuste ou outros

instrumentos congêneres, ou seja, a qualquer transferência voluntária, independente do instrumento de transferência. É de se notar ainda que o dispositivo legal estabelece a competência do TCDF de fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados ao Distrito Federal ou transferidos pelo Distrito Federal. Assim, uma transferência de recursos por convênio da União para o DF, poderá ser fiscalizada pela União (TCU), em virtude da origem dos recursos ser do orçamento federal, mas também pelo TCDF. Na prática, se o TCDF constatar uma irregularidade na aplicação de um recurso transferido pela União ao DF, por convênio, representará ao TCU comunicando a irregularidade. 8. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES À CÂMARA LEGISLATIVA (inciso VIII) VIII – prestar as informações solicitadas pela Câmara Legislativa ou

por qualquer de suas comissões técnicas ou de inquérito sobre a

fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e

patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;

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O titular do controle externo é a Câmara Legislativa. Assim sendo, para o exercício de sua competência, a Câmara Legislativa possui a necessidade de saber a respeito dos resultados das fiscalizações realizadas pelo Tribunal de Contas do DF.

Ressalto que as informações não podem ser prestadas a um deputado

isoladamente, devendo ser solicitada pela mesa diretora da casa ou pela presidência de comissões técnicas e de inquérito. 9. APLICAÇÃO DE SANÇÕES (inciso IX) IX – aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou

irregularidade de contas, as sanções previstas nesta Lei

Complementar;

Anoto que esse dispositivo estabelece que, somente com base nas

hipóteses previstas na lei orgânica (previsão legal), pode o TCDF aplicar sanção ao responsável. Estamos diante, então, do princípio da reserva legal. Dessa forma, somente se a lei prever a possibilidade de sanção é que o Tribunal poderá utilizar-se dessa faculdade. Assim, não pode o TCDF criar por meio de seu Regimento Interno uma sanção que não esteja prevista em sua lei orgânica.

Importante notarmos, também, que não é apenas a Lei Orgânica do

TCDF (Lei Complementar nº 1/994) que pode prever sanções. Tanto é assim que a Lei nº 10.028, de 2000, que disciplina os crimes fiscais, em seu art. 5º, estabelece que as infrações administrativas serão processadas e julgadas pelo Tribunal de Contas a que competir a fiscalização. Caso o tribunal verifique a existência de infração, poderá aplicar multa de 30% sobre os vencimentos do agente infrator.

As sanções previstas na LOTCDF são as seguintes:

Multa de até 100% do débito. Quando o responsável for julgado em débito, o Tribunal aplicará ao responsável a multa de até 100% do valor do débito, prevista no art. 56 da Lei Complementar nº 1/1994. Portanto, se alguém for condenado a devolver aos cofres públicos, por exemplo, a quantia de R$ 100 mil, o Tribunal poderá aplicar uma multa até R$ 100 mil. Havendo mais de um responsável, mesmo que solidário, a multa poderá ser superior ao valor do débito, pois, tendo em vista o princípio da individualização da pena, cada um dos responsáveis poderá sofrer multa equivalente a 100% do valor da condenação.

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Multa sem débito. Se as contas forem julgadas irregulares, sem que haja condenação em débito, ou diante das demais hipóteses estabelecidas no art. 57 da Lei Complementar nº 1/1994, o Tribunal aplicará multa ao responsável, de até 100 UPDFs ou o equivalente em outro indexador que venha a ser adotado pelo Distrito Federal, conforme a gradação ou dosimetria estabelecida no Regimento Interno, em função da gravidade da infração. De acordo com o art. 57 da lei, as hipóteses para a aplicação de multa sem débito são as seguintes:

• contas julgadas irregulares de que não resulte débito, nos termos do parágrafo único, do art. 20 da Lei Complementar;

• ato praticado com grave infração à norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;

• ato de gestão ilegítimo ou antieconômico de que resulte injustificado dano ao Erário;

• não atendimento, no prazo fixado, sem causa justificada, de diligência do Conselheiro Relator ou de decisão do Tribunal;

• obstrução ao livre exercício das inspeções e auditorias determinadas; • sonegação de processo, documento ou informação, em inspeções ou

auditorias realizadas pelo Tribunal; • reincidência no descumprimento de determinação do Tribunal.

Nos termos do § 1º do art. 57 da LOTCDF, ficará sujeito à multa prevista

neste artigo aquele que deixar de dar cumprimento à decisão do Tribunal, salvo motivo justificado. Cabe destacar que, por se tratar de sanção de natureza pecuniária, as multas tanto podem ser aplicadas a pessoas físicas quanto jurídicas, desde que se comprove que ambas contribuíram de forma direta para a existência do prejuízo.

Vale notar para o que dispõe o art. 58 da LOTCDF: Art. 58. Nos casos de irregularidade ou ilegalidade constatados,

sem imputação de débito em que o Tribunal de Contas decidir

pela dispensa de aplicação de multa, deverão os respectivos

votos ser publicados juntamente com a ata da sessão em que se

der o julgamento. Inabilitação para exercer cargo comissionado. Pode ainda o Tribunal, sem prejuízo das sanções previstas anteriormente e das penalidades administrativas, aplicáveis pelas autoridades competentes, no caso de contas

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julgadas irregulares, com ou sem débito, inabilitar o responsável para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança na Administração Pública do Distrito Federal por período que variará de cinco a oito anos, desde que a irregularidade seja considerada uma grave infração pela maioria absoluta dos Conselheiros. Arresto de Bens. O Tribunal não tem o poder de, por si, executar tal medida, que se dá em âmbito judicial. A competência do Tribunal é a de requerer a medida à Procuradoria-Geral do Distrito Federal ou a dirigentes de entidades que lhes são subordinadas via Ministério Público junto ao TCDF. Uma vez decretada a medida, a liberação dos bens arrestados depende de uma prévia autorização do Tribunal. A matéria é tratada no artigo 61 da Lei Complementar nº 1/1994:

Art. 61. O Tribunal poderá solicitar, por intermédio do Ministério

Público, à Procuradoria-Geral do Distrito Federal ou aos

dirigentes das entidades que lhe sejam jurisdicionadas, as

medidas necessárias ao arresto dos bens dos responsáveis

julgados em débito, devendo ser ouvido quanto à liberação dos

bens arrestados e sua restituição.

Em verdade, o arresto de bens é uma medida de natureza cautelar que busca garantir eficácia da decisão condenatória em débito de responsáveis. Somente se adotará medida cautelar tendente ao arresto dos bens dos responsáveis julgados em débito quando inequivocamente demonstrados os pressupostos de sua aplicação, em condutas dos responsáveis tendentes a frustrar o ressarcimento das quantias devidas ao erário. 10. ASSINAR PRAZO PARA CUMPRIMENTO DA LEI E SUSTAÇÃO DE ATOS E CONTRATOS (incisos X e XI do art. 1º c/c art. 45)

X – assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências

necessárias ao exato cumprimento da lei, verificada a ilegalidade;

XI – sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado,

comunicando a decisão à Câmara Legislativa, observando o disposto

no art. 45, § 2º, desta Lei Complementar;

Art. 45. Verificada a ilegalidade de ato ou contrato, o Tribunal, na

forma estabelecida no Regimento Interno, assinará prazo para que o

responsável adote as providências necessárias ao exato cumprimento

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da lei, fazendo indicação expressa dos dispositivos a serem

observados.

§ 1º No caso de ato administrativo, o Tribunal, se não atendido:

I – sustará a execução do ato impugnado;

II – comunicará a decisão à Câmara Legislativa;

III – aplicará ao responsável a multa prevista no inciso II do art. 57

desta Lei Complementar.

§ 2º No caso de contrato, o Tribunal, se não atendido, comunicará o

fato à Câmara Legislativa, a quem compete adotar o ato de sustação e

solicitar, de imediato, ao Poder Executivo, as medidas cabíveis.

§ 3º Se a Câmara Legislativa ou o Poder Executivo, no prazo de

noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior,

o Tribunal decidirá a respeito da sustação do contrato.

Pelos dispositivos, compete ao TCDF verificar se os administradores

pautam as suas gestões em ações que se realizam em consonância com os dispositivos legais que regem a Administração Publica. Caso seja verificada qualquer ilegalidade, competirá ao TCDF determinar que o responsável pela ação, em prazo estipulado pela própria Corte de Contas, adote providências no sentido de sanar a ilegalidade.

Pode ocorrer, contudo, que o responsável pela ação não cumpra a

determinação do TCDF. Nesse caso, o que o Tribunal poderá fazer? A primeira providência é verificar se a legalidade ocorreu em ato ou em

contrato administrativo. O ato administrativo decorre da vontade unilateral da administração.

Como exemplo, citamos a remoção de servidor público por interesse da administração. Quando a legalidade decorrer de ato administrativo, teremos um caminho mais curto para percorrer, pois as próprias Leis Orgânicas do DF e do TCDF concedem competência para o Tribunal de Contas sustar diretamente o ato.

Reparem que a lei não concedeu competência para que o TCDF anule o

ato impugnado. De acordo com o nosso ordenamento jurídico somente pode anular o ato aquele que o praticou, ou o Poder Judiciário. Assim, o TCDF não detém competência para a anulação. Pode, entretanto, sustar a execução do ato.

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Assim, a exata significação de “sustar o ato” é a de que a Corte de Contas retira a eficácia do ato. Dessa forma, apesar ainda estar no mundo jurídico, o ato não mais produzirá efeito.

Vale lembrar que, de acordo com observação contida no inciso XI, o

legislador colocou que, ao sustar o ato, o Tribunal deve comunicar essa decisão à Câmara Legislativa.

E em caso de contrato, o que o Tribunal poderá fazer? No caso de contrato (em que há a vontade de duas ou mais pessoas), o

Tribunal não detém competência para sustá-lo, de imediato. Dessa forma, caso se depare com ilegalidade ocorrida no âmbito de contrato administrativo, deve comunicar a ilegalidade à Câmara Legislativa, que adotará as providências necessárias para a sua sustação.

Por fim, passemos para o § 3º do art. 45 da LOTCDF, que apresenta a

seguinte redação: § 3º Se a Câmara Legislativa ou o Poder Executivo, no prazo de

noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior,

o Tribunal decidirá a respeito da sustação do contrato. Portanto, pelo dispositivo, o TCDF possui uma competência residual de

sustar a execução do contrato, em caso de inércia da Câmara Legislativa e do Poder Executivo.

Cabe ressaltar o posicionamento do STF por ocasião do Mandado de

Segurança 23.550/DF. A decisão do STF foi no sentido de que o TCU possui competência para determinar a anulação de contrato. A Suprema Corte assim entendeu porque a CF concedeu competência para a Corte de Contas assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada a ilegalidade.

RESUMINDO: O TC não possui competência para sustar, de imediato, um contrato, somente podendo fazê-lo, se a Câmara Legislativa ou o Gestor, no prazo de 90 dias, não se pronunciar a respeito da sustação. No entanto, o TC pode, de imediato, desde que concedida ampla defesa e contraditório ao contratado, determinar que a autoridade competente anule o contrato.

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11. DEVER DE REPRESENTAÇÃO (inciso XI)

XII – representar ao Poder competente sobre irregularidades ou

abusos apurados, indicando o ato inquinado;

Outra atribuição legal é a que estabelece que o Tribunal de Contas tem o

dever de representar aos Poderes e órgãos competentes sobre irregularidades e abusos apurados no curso dos processos administrativos da sua competência, de forma a possibilitar a adoção das medidas cabíveis que lhe são afetas.

O exemplo mais comum é a representação ao Ministério Público acerca

de fatos apurados que se constituem em indícios de ilícitos penais e/ou atos de improbidade administrativa. 12. COMUNICAÇÃO DE IRREGULARIDADES À CÂMARA LEGISLATIVA (inciso XIII) XIII – comunicar à Câmara Legislativa qualquer irregularidade

verificada na gestão ou nas contas públicas, enviando-lhe cópias dos

respectivos documentos;

Outra competência legal é de comunicar à Câmara Legislativa a ocorrência de irregularidade constatada, enviando-lhe cópias dos documentos, para que sejam adotadas as medidas cabíveis pelo Parlamento. 13. APURAÇÃO DE DENÚNCIAS (inciso XIV) XIV – apreciar e apurar denúncias sobre irregularidades e ilegalidades

dos atos sujeitos a seu controle;

O recebimento de denúncias por parte do TCDF está vinculado a sua

função de ouvidoria. Cabe destacar que, de acordo com o art. 52 da lei complementar nº 1/94, as pessoas legitimadas para denunciar são: CIDADÃO, ASSOCIAÇÃO, PARTIDO POLÍTICO E SINDICATO. Notem que a lei não concedeu legitimidade para qualquer pessoa denunciar e sim qualquer cidadão. Conforme dispõe o parágrafo único do art. 52, reunidas as provas que indiquem a existência de irregularidade ou ilegalidade, serão públicos os demais atos do processo, assegurando-se aos acusados a oportunidade de ampla defesa.

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No resguardo dos direitos e garantias individuais, o Tribunal dará

tratamento sigiloso às denúncias formuladas, até decisão definitiva sobre a matéria. Ao decidir, caberá ao Tribunal manter ou não o sigilo quanto ao objeto e à autoria da denúncia.

O denunciante não se sujeitará a qualquer sanção administrativa, cível

ou penal, em decorrência da denúncia, salvo em caso de comprovada má-fé. 14. DECIDIR SOBRE CONSULTA (inciso XV) XV – decidir sobre consulta que lhe seja formulada por autoridade

competente, a respeito de dúvida suscitada na aplicação de

dispositivos legais e regulamentares concernentes a matéria de sua

competência, na forma estabelecida no Regimento Interno. § 2º A resposta à consulta a que se refere o inciso XV deste artigo tem

caráter normativo e constitui prejulgamento da tese, mas não do fato

ou caso concreto.

Em sua função consultiva, cabe ao TCDF responder consulta que lhe seja formulada por autoridade competente, desde que a dúvida suscitada na aplicação de dispositivos legais e regulamentares seja concernente a matéria de sua competência, na forma estabelecida no Regimento Interno.

Cabe ressaltar que a resposta à consulta tem caráter normativo (vincula todos os jurisdicionados, obrigando que seja cumprido o que for decidido pelo Tribunal) e constitui prejulgamento da tese, mas não do fato ou caso concreto. Se constituísse prejulgamento do caso concreto, o Tribunal não poderia apreciar ou julgar a conduta dos gestores quando do exame das respectivas contas. Acrescente-se que, na forma do Regimento Interno do TCDF, são legitimados para apresentar consulta ao TCDF o Governador do Distrito Federal, o Secretário de Governo ou autoridade equivalente, bem como o dirigente de órgão relativamente autônomo ou entidade da administração indireta, incluídas as fundações.

As consultas deverão versar direito em tese, indicar com precisão seu objeto e ser acompanhadas de parecer técnico-jurídico da Administração.

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15. OUTRAS DISPOSIÇÕES DA LOTCDF ACERCA DAS COMPETÊNCIAS DO TCDF Cabe ainda ressaltar os seguintes dispositivos legais:

• O Tribunal de Contas agirá de ofício ou mediante iniciativa da Câmara Legislativa, do Ministério Público ou das autoridades financeiras e orçamentárias do Distrito Federal ou dos demais órgãos auxiliares, sempre que houver indício de irregularidade em qualquer despesa, inclusive naquela decorrente de contrato (§ 3º do art. 1º da LOTCDF).

• Para o desempenho de sua competência, o Tribunal receberá, em

cada exercício, o rol de responsáveis e suas alterações, e outros documentos ou informações que considerar necessários, na forma estabelecida no Regimento Interno. Parágrafo único. O Tribunal poderá determinar ao Secretário de Estado supervisor da área, ou à autoridade de nível hierárquico equivalente, que ofereça outros elementos indispensáveis ao exercício de sua competência (Art. 2º e parágrafo único da LOTCDF).

• Ao Tribunal de Contas, no âmbito de sua competência e jurisdição,

assiste o poder de normatizar, podendo, em consequência, expedir atos e instruções sobre matéria de suas atribuições e sobre a organização dos processos que lhe devam ser submetidos, obrigando ao seu cumprimento, sob pena de responsabilidade (Art. 3º da LOTCDF).

COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E DE AUTO-ORGANIZAÇÃO Conforme dispõe o art. 4º da LOTCDF, é da competência exclusiva do Tribunal de Contas do Distrito Federal:

1. eleger seu Presidente e o Vice-Presidente e dar-lhes posse; 2. elaborar, aprovar e alterar seu Regimento Interno; 3. elaborar sua proposta orçamentária, observados os princípios

estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias; 4. organizar seus serviços auxiliares e prover os respectivos cargos,

ocupados aqueles em comissão preferencialmente por servidores de carreira do próprio Tribunal, nos casos e condições que deverão ser previstos em lei;

5. propor à Câmara Legislativa a criação, transformação e extinção de cargos e a fixação dos respectivos vencimentos;

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6. conceder licença, férias e outros afastamentos a Conselheiros e Auditores, dependendo de inspeção por junta médica a licença para tratamento de saúde por prazo superior a seis meses;

7. elaborar e propor à Câmara Legislativa outros projetos de lei de seu interesse.

O Tribunal de Contas será representado por seu Presidente e, em juízo,

pelo Procurador-Geral do Distrito Federal, ressalvada a eventual necessidade de contratar serviços técnicos profissionais e especializados para tais fins.

A indicação de nome para preenchimento de cargo comissionado dependerá de prévia aprovação em sessão administrativa, excetuado o referente aos Gabinetes da Presidência, Conselheiros e Auditores. JURISDIÇÃO O caput do art. 5º da LOTCDF estabelece que o Tribunal de Contas do Distrito Federal tem sede na cidade de Brasília, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território do Distrito Federal, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96 da Constituição Federal.

O art. 6º define quem são as pessoas sujeitas à fiscalização e ao julgamento de contas por parte do TCDF (jurisdicionados), quais sejam:

a) qualquer pessoa física, órgão ou entidade a que se refere o inciso II do art. 1º da LOTCDF que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais o Distrito Federal responda ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária;

Vale lembrar que as pessoas físicas, órgão ou entidade, referidos no

inciso II do art. 1º da LOTCDF, são os administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores da administração direta e indireta ou que estejam sob sua responsabilidade, incluídos os das fundações e sociedades instituídas ou mantidas pelo Poder Público do Distrito Federal; os dirigentes ou liquidantes de empresas incorporadas, extintas, liquidadas ou sob intervenção ou que, de qualquer modo, venham a integrar, provisória ou definitivamente, o patrimônio do Distrito Federal ou de outra entidade da administração indireta; aqueles que assumam obrigações de natureza pecuniária em nome do Distrito Federal ou de entidade da administração indireta; e os dirigentes de entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado que recebam contribuições, subvenções, auxílios e assemelhados, até o limite do patrimônio transferido.

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Outro aspecto a ser destacado é que o legislador quando mencionou bens, dinheiros ou valores foi com o cuidado de não deixar de fora da norma qualquer coisa que esteja na esfera patrimonial: recursos financeiros, cauções, títulos, bens móveis e imóveis, etc.

Além disso, o constituinte ainda disciplinou a obrigação de prestar contas

de bens e valores públicos pelos quais o DF responda, mesmo que esses recursos não lhe pertençam, como é o caso de uma caução dada por um licitante em um contrato público, devendo o gestor prestar contas do que foi recebido a título de caução e o que foi devolvido aos licitantes.

O dever de prestar contas também abrange aqueles que assumem

obrigação de natureza pecuniária em nome do DF. Esse é o caso de uma operação de crédito externa feita por um ente da Administração Pública Distrital, com aval do DF.

b) aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra

irregularidade de que resulte dano ao Erário; Por esse dispositivo, algum servidor público ou agente público, que não

seja dirigente de órgão ou entidade, estará sujeito à tomada de contas especial, caso pratique algum ato que cause dano ou prejuízo ao Erário.

c) os dirigentes ou liquidantes das empresas encampadas ou

sob intervenção ou que de qualquer modo venham a integrar, provisória ou permanentemente, o patrimônio do Distrito Federal ou de outra entidade pública;

Recentemente, tivemos um episódio de encampação pelo governo do

Distrito Federal do Grupo Viplan, passando o DF a assumir, mesmo que temporariamente, o controle e a operação das empresas de ônibus do grupo. Assim, estão sujeitos à jurisdição do TCDF os dirigentes ou liquidantes das empresas encampadas. No mesmo sentido, estariam sob a jurisdição também do TCDF, os dirigentes ou liquidantes das empresas sob intervenção do DF.

d) os responsáveis por entidades dotadas de personalidade

jurídica de direito privado que recebam contribuições e prestem serviço de interesse público ou social;

Perceba que estão sujeitos à jurisdição do TCDF os responsáveis por

entidades privadas que recebam contribuições e prestem serviço de interesse público ou social.

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e) todos aqueles que lhe devam prestar contas ou cujos atos

estejam sujeitos à sua fiscalização, por expressa disposição de lei;

Estão sujeitos à fiscalização e/ou prestação de contas ao TCDF todos

aqueles cuja lei estabeleça essa obrigação. Esse é o caso, por exemplo, das Organizações Sociais, que estão sujeitas à prestação de contas anuais ao TC, por expressa disposição legal.

f) os responsáveis pela aplicação de quaisquer recursos

repassados pelo Distrito Federal, mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, até o valor do repasse;

Repare que a jurisdição do TCDF sobre uma entidade que receba uma

transferência voluntária do DF, mediante convênio, está limitada ao valor do repasse. Isso quer dizer que o TCDF não deve fiscalizar os recursos próprios de uma entidade privada, por exemplo, mas apenas os recursos que o DF repassou a essa entidade para aplicação em uma determinada finalidade e objeto, conforme pactuado no termo de convênio.

g) os sucessores dos administradores e responsáveis a que se

refere este artigo, até o limite do valor do patrimônio transferido, nos termos do inciso XLV do art. 5º da Constituição Federal;

Os sucessores e/ou herdeiros dos administradores e responsáveis estão

sujeitos à jurisdição do TCDF, até o limite do valor do patrimônio transferido. Portanto, caso o TCDF condene um responsável a pagar um débito ao DF e este venha a falecer, os herdeiros estarão sujeitos à satisfação do débito, limitado ao valor da herança. Em caso de multa, a obrigação não se transfere aos sucessores, pois tem caráter personalíssimo.

h) os representantes do Distrito Federal ou do Poder Público na

Assembléia Geral das empresas estatais e sociedades anônimas de cujo capital o Distrito Federal ou o Poder Público participem, solidariamente, com os membros dos Conselhos Fiscal e de Administração, pela prática de atos de gestão ruinosa ou liberalidade à custa das respectivas sociedades.

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3: JULGAMENTO DE CONTAS. PROCESSO DE TOMADA E PRESTAÇÃO DE CONTAS ________________________________________________ JULGAMENTO DE CONTAS

Nos termos do art. 7º da LOTCDF, estão sujeitas à tomada de contas e, ressalvado o disposto no inciso XXXV do art. 5º da Constituição Federal, só por decisão do Tribunal de Contas podem ser liberadas dessa responsabilidade as pessoas indicadas nos incisos I a V do art. 6º daquela Lei Complementar. Portanto, as pessoas obrigadas a anualmente a prestar contas diretamente ao TCDF, somente poderão ser dispensadas dessa obrigação republicana por decisão do Poder Judiciário ou do próprio Tribunal de Contas do Distrito Federal. Vamos relembrar quem são as pessoas indicadas nos I a V do art. 6º da LOTCDF, que devem prestar contas regularmente ao TCDF:

I – qualquer pessoa física, órgão ou entidade a que se refere o inciso II do art. 1º desta Lei Complementar, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais o Distrito Federal responda ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária; II – aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao Erário; III – os dirigentes ou liquidantes das empresas encampadas ou sob intervenção ou que de qualquer modo venham a integrar, provisória ou permanentemente, o patrimônio do Distrito Federal ou de outra entidade pública; IV – os responsáveis por entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado que recebam contribuições e prestem serviço de interesse público ou social; V – todos aqueles que lhe devam prestar contas ou cujos atos estejam sujeitos à sua fiscalização, por expressa disposição de lei;

Tomadas e prestações de contas

As contas dos administradores e responsáveis a que se refere o artigo 7º, citado acima, serão anualmente submetidas a julgamento do Tribunal, sob

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a forma de tomada ou prestação de contas, organizadas de acordo com normas estabelecidas em instrução normativa.

Prestação de contas é o processo de contas organizadas pelos dirigentes das entidades da Administração Indireta, incluídas as fundações. Tomada de contas é o processo de contas organizadas pelos administradores e demais responsáveis da Administração Direta.

Conteúdo das tomadas e prestações de contas

Nas tomadas ou prestações de contas, a que alude o artigo 7º da LOTCDF, devem ser incluídos todos os recursos orçamentários e extra-orçamentários, geridos ou não pela unidade ou entidade. Tomada de contas especial Além das tomadas e prestações de contas anuais ou ordinárias, existe um processo de rito especial, que estudaremos de forma mais aprofundada mais adiante, denominado de Tomada de Contas Especial.

Em conformidade com o art. 9º da LOTCDF, diante da omissão no dever de prestar contas, da não comprovação da aplicação dos recursos repassados pelo Distrito Federal, na forma prevista no inciso VI do art. 6º da LOTCDF, da ocorrência de desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos, ou, ainda, da prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao Erário, a autoridade administrativa competente, sob pena de responsabilidade solidária, deverá imediatamente adotar providências, com vista à instauração de tomada de contas especial, para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do dano.

Não atendido o disposto neste artigo, o Tribunal determinará a instauração da tomada de contas especial, fixando prazo para cumprimento dessa decisão.

A tomada de contas especial será, desde logo, encaminhada ao Tribunal de Contas para julgamento, se o dano causado ao Erário for de valor igual ou superior à quantia para esse efeito fixada pelo Tribunal, em cada ano civil, na forma estabelecida no seu Regimento Interno.

Se o dano for de valor inferior à quantia referida no parágrafo anterior, a tomada de contas especial será anexada ao processo da respectiva tomada ou

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prestação de contas anual do administrador ou ordenador de despesa, para julgamento em conjunto. Decisões em Processo de Tomada ou Prestação de Contas

Os processos de tomadas e prestações de contas são elaborados pelos gestores, certificados mediante auditoria, pelo órgão de controle interno, e posteriormente enviados ao TCDF para instrução de julgamento.

Ao darem entrada no protocolo do TCDF, as tomadas e prestações de

contas adquirem as feições de processo e se desenvolvem exclusivamente no âmbito do Tribunal de Contas da União, nos termos fixados na lei complementar nº 1/1994 e demais normas processuais da Corte, sendo utilizadas subsidiariamente outras normas processuais. Assim, nesta etapa processual as decisões nas tomadas e prestações de contas, incluindo as tomadas de contas especiais podem ser preliminares, definitivas ou terminativas, adotadas por despacho do relator ou mediante acórdão ou decisão do Plenário do Tribunal. Preliminar é a decisão adotada, antes do exame de mérito, de cunho saneador, pelo Tribunal, proferida pelo relator ou pelo Tribunal, quando resolve sobrestar o julgamento, ordenar a citação ou a audiência dos responsáveis ou, ainda, determinar outras diligências necessárias ao saneamento do processo. Definitiva é a decisão, de mérito, pela qual o Tribunal julga as contas regulares, regulares com ressalva ou irregulares. CONTAS REGULARES ���� quando expressarem, de forma clara e objetiva, a exatidão dos demonstrativos contábeis, a legalidade, a legitimidade e a economicidade dos atos de gestão do responsável. O Tribunal dará quitação plena ao responsável. CONTAS REGULARES COM RESSALVA ���� quando evidenciarem impropriedade ou qualquer outra falta de natureza formal de que não resulte dano ao erário. O Tribunal dará quitação ao responsável e lhe determinará, ou a quem lhe haja sucedido, a adoção de medidas necessárias à correção das impropriedades ou faltas identificadas, de modo a prevenir a ocorrência de outras semelhantes. CONTAS IRREGULARES ���� quando comprovada qualquer das seguintes ocorrências: a) omissão no dever de prestar contas; b) prática de ato de gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico, ou infração à

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norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial; c) dano ao erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ao antieconômico; d) desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos. - O Tribunal poderá julgar irregulares as contas no caso de reincidência no descumprimento de determinação de que o responsável tenha tido ciência, feita em processo de tomada ou prestarão de contas.

Nas hipóteses das alíneas "c" e "d" acima, o Tribunal, ao julgar irregulares as contas, fixará a responsabilidade solidária:

a) do agente público que praticou o ato irregular;

b) do terceiro que, como contratante ou parte interessada na prática do mesmo ato, de qualquer modo haja concorrido para o cometimento do dano apurado.

Nesses casos, o Tribunal providenciará a imediata remessa de cópia da documentação pertinente ao órgão competente, para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis. Terminativa é a decisão, sem julgamento de mérito, pela qual o Tribunal ordena o trancamento das contas iliquidáveis, consideradas assim aquelas que, por motivo de força maior ou caso fortuito, comprovadamente alheio à vontade do agente, tornar impossível o julgamento de mérito, podendo ser reaberta num prazo de cinco anos, à vista de novos elementos considerados suficientes. Após esse prazo, as contas serão encerradas. Caso fortuito ou de força maior: fato que não se pode prever ou evitar, que foge às forças humanas ou às forças do devedor, impedindo e impossibilitando o cumprimento da obrigação. O artigo 393 do Código Civil equipara o caso fortuito ao de força maior, tornando insignificante a divergência de alguns autores quanto ao significado de uma ou de outra expressão. Por isso, são tomadas como expressões de mesmo significado. Terminativa, também, é a decisão que determina o arquivamento de uma TCE pela ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo ou por racionalização administrativa e economia processual.

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É bom lembrar o disposto no art. 85 da LOTCDF: A título de racionalização administrativa e economia processual, e com o objetivo de evitar que o custo da cobrança seja superior ao valor do ressarcimento, o Tribunal poderá determinar, desde logo, o arquivamento do processo, sem cancelamento do débito, a cujo pagamento continuará obrigado o devedor, para que lhe possa ser dada quitação. Processo de Julgamento / Irregularidade nas Contas Dispõe o art. 13 da LOTCDF:

Art. 13. Verificada irregularidade nas contas, o Relator ou o Tribunal: I – definirá a responsabilidade individual ou solidária pelo ato de gestão

inquinado; II – se houver débito, ordenará a citação do responsável para, no prazo

estabelecido no Regimento Interno, apresentar defesa ou recolher a quantia devida;

III – se não houver débito, determinará a audiência do responsável para, no prazo estabelecido no Regimento Interno, apresentar razões de justificativa;

IV – adotará outras medidas cabíveis. § 1º O responsável cuja defesa for rejeitada pelo Tribunal será

cientificado para, em novo e improrrogável prazo estabelecido no Regimento Interno, recolher a importância devida.

§ 2º Reconhecida pelo Tribunal a boa-fé, a liquidação tempestiva do débito atualizado monetariamente sanará o processo, se não houver sido observada outra irregularidade nas contas.

§ 3º O responsável que não atender à citação ou à audiência será considerado revel pelo Tribunal, para todos os efeitos, dando-se prosseguimento ao processo. Quanto ao inciso I do art. 13, o Tribunal pode condenar solidariamente com o agente público pessoas (físicas ou jurídicas) que não sejam agentes públicos. É o caso, por exemplo, de uma fraude em licitação pública, mediante o conluio entre o agente público e o particular. Com relação aos incisos II e III, deve-se ter muito cuidado em prova, pois são dispositivos muito cobrados pelas bancas organizadoras, a saber:

Quando há débito: O TCDF faz a citação do responsável para que o mesmo apresente defesa ou recolha a quantia devida.

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Quando não há débito: O TCDF faz a audiência do responsável para

que o mesmo apresente razões de justificativas. No que concerne aos parágrafos 1º e 2º do art. 13, com efeito, Marcio Albuquerque e Estevão Cunha ensinam que podem ocorrer quatro situações como resultado da citação (existência de débito):

a) O responsável apresenta alegações de defesa; não recolhe o valor do débito; e afirma não ser responsável pelo débito, sendo que o TCDF não acata as respectivas alegações de defesa:

Nesse caso, mesmo adotando entendimento que o responsável deve responder pelo débito, o TCDF pode fixar novo e improrrogável prazo para que este recolha o valor aos cofres do DF, sendo necessário, contudo, que reconheça a boa-fé do responsável no episódio causador do dano.

Mas como pode haver boa-fé se houve dano ao erário? Nem todos os

casos de dano ao erário significam, necessariamente, que o responsável tenha agido de má fé.

Imagine um servidor que por imprudência danificou um computador. Neste caso, não se pode falar que o dano ao computador foi intencional.

O reconhecimento da boa-fé de responsáveis em processos de contas é assunto de grande complexidade no TC, bastando para os objetivos de nosso curso, entendermos que, uma vez apresentadas as alegações de defesa pelo responsável e estas são rejeitadas pelo Tribunal, com o reconhecimento expresso de sua boa-fé, ser-lhe-á fixado novo e improrrogável prazo para que recolha o débito aos cofres públicos.

Caso haja o efetivo reconhecimento, e não seja detectada mais nenhuma

irregularidade nas contas, o TCDF julgará as contas regulares com ressalvas e dará quitação ao responsável. Caso o Tribunal não reconheça a boa-fé do responsável, ou, ainda que seja detectada outra irregularidade no processo, proferirá, desde logo, o julgamento pela irregularidade das contas do responsável.

b) O responsável apresenta alegações de defesa: não recolhe o

valor do débito; e afirma não ser responsável pelo débito, sendo que o TCDF acata as respectivas alegações de defesa;

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Neste caso, o TCDF proferirá julgamento pela regularidade das contas do responsável.

c) O responsável não apresenta alegações de defesa e não recolhe o débito aos cofres do DF:

Neste caso, ocorrerá a revelia, prevista no art. 13 § 3º da LOTCDF, gerando para o responsável, a presunção de que todos os fatos no processo são verdadeiros. Assim, será proferido julgamento pela irregularidade das contas com imputação de débito ao responsável.

d) O responsável não apresenta alegações de defesa, mas recolhe o débito aos cofres da União:

Nessa situação teremos uma situação muito peculiar, pois o responsável reconhece a sua culpa no débito, mas permanece silente quanto aos fatos que levaram ao cometimento do débito. Assim, como as contas devem ser julgadas, o Tribunal irá se posicionar com elementos constantes nos autos, podendo julgar as contas do responsável regulares com ressalva, caso entenda presente a boa-fé, ou irregulares. Em uma ou outra situação não irá o TCDF condenar o responsável em débito, porquanto a quantia já foi devolvida aos cofres públicos. Prazo para julgamento das contas pelo TCDF

Nos termos do art. 15 da LOTCDF, o Tribunal julgará as tomadas ou prestações de contas até o término do exercício seguinte àquele em que estas lhe tiverem sido apresentadas, observado o disposto no § 1º do art. 11 da LOTCDF. Esse dispositivo citado diz respeito às decisões preliminares em processos de contas. Assim, caso as contas fiquem sobrestadas, pode ser que o Tribunal não consiga cumprir esse prazo para julgamento das mesmas. Recursos em processos de contas Contra decisão do TCDF em processos de tomadas e prestações de contas cabem os seguintes recursos:

RECURSOS CARACTERÍSTICAS EFEITO

SUPENSIVO

RECONSIDERAÇÃO

Será apreciado por quem houver proferido a decisão recorrida e será formulado por escrito uma só vez, dentro do prazo de trinta dias.

SIM

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Devem ser opostos por escrito, dentro do prazo de dez dias, para corrigir obscuridade, omissão ou contradição da decisão recorrida.

SIM

REVISÃO

Interposto contra decisão definitiva, ao Plenário, por escrito, uma só vez, dentro do prazo de cinco anos, e fundar-se-á: a) em erro de cálculo nas contas; b) em falsidade ou insuficiência de documentos em que se tenha fundamentado a decisão recorrida; c) na superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova produzida.

NÃO

PROCESSOS DE TOMADA E PRESTAÇÃO DE CONTAS

De forma didática, podemos dividir os processos do Tribunal de Contas do Distrito Federal da seguinte forma: I – Processos de Contas:

• Tomada de Contas (ordinária e extraordinária); • Prestação de Contas (ordinária e extraordinária) • Tomada de Contas Especial

II – Processos que não são de contas:

• Contas do Governo • Consulta • Administrativo • Fiscalização:

� Atos e contratos � Atos sujeitos a registro � Denúncia � Representação

A diferença básica entre os processos de contas e os demais é que nas

contas o TCDF exerce a sua função judicante, pois somente ocorre julgamento nos processos de contas, em todos os demais ocorre apreciação.

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Ademais, vale destacar que não pode haver ressarcimento ao erário em processos que não sejam de contas. Dessa forma, quando o TCDF realiza uma fiscalização em que percebe que houve prejuízo aos cofres públicos, antes de condenar o responsável em débito, deve converter o processo de fiscalização em processo de contas: a chamada tomada de contas especial. Feitas essas observações, passamos à análise dos tipos de processos de contas no TCDF. Tipos de processos de contas

No âmbito do TCDF, os tipos de processos de contas são os seguintes:

1. Prestação de contas:

É o processo de contas organizadas pelos dirigentes das entidades da Administração Indireta, incluídas as fundações. 2. Tomada de contas:

É o processo de contas organizadas pelos administradores e demais responsáveis da Administração Direta.

3. Processo de contas ordinárias ou anuais:

É o processo de tomada ou prestação de contas referente a exercício financeiro determinado, ou seja, organizado anualmente pelas unidades jurisdicionadas, sujeitos à obrigação de prestar de contas na forma da Lei Orgânica do DF (art. 77, parágrafo único da LODF).

4. Processo de contas extraordinárias:

É a tomada ou prestação de contas que, conforme o caso, decorre da extinção, dissolução, transformação, fusão, incorporação, cisão, liquidação ou privatização de órgãos ou entidades da Administração Pública direta ou indireta, inclusive as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público do Distrito Federal.

As tomadas ou prestações de contas extraordinárias serão organizadas,

conforme o caso, com os mesmos elementos que constituem as tomadas ou prestações de contas anuais, estabelecidos no Regimento Interno do TCDF, devendo constar, ainda, cópia do ato determinante da extinção, dissolução, transformação, etc.

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Diferença entre tomada de contas e prestação de contas: Como vimos antes, a diferença é que a primeira se destina aos órgãos da administração direta (órgãos, secretarias, departamentos) e a segunda às entidades da administração indireta (autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista etc). Distinção entre contas ordinárias e contas extraordinárias: A distinção está no fato de que as contas ordinárias referem-se à gestão no período correspondente a um ano civil e as contas extraordinárias dizem respeito a qualquer situação que faça com que o órgão ou entidade tenha que interromper suas atividades antes do final do ano, como, por exemplo, a extinção de determinado órgão ou a liquidação de determinada entidade. Veremos mais adiante que os prazos de encaminhamento dos processos ao TCDF são distintos para contas anuais e extraordinárias. Contudo, quanto ao conteúdo, como já apontado anteriormente, as tomadas ou prestações de contas extraordinárias serão organizadas, conforme o caso, com os mesmos elementos que constituem as tomadas ou prestações de contas anuais. Características dos processos de contas

Os processos de tomadas e prestações de contas são elaborados pelos gestores e encaminhados aos órgãos de controle interno, para realização de auditoria de gestão e certificação da regularidade ou não das contas. Após a certificação do controle interno, são aprovados pela autoridade competente pela supervisão setorial ou pelo titular da Secretaria a que está vinculada a entidade que prestou contas e chega ao Tribunal de Contas para análise e julgamento.

O controle exercido por meio do julgamento de tomadas e prestações de

contas é um instrumento de controle predominantemente a posteriori, iniciado pelo próprio gestor e contando com a participação relevante dos órgãos de controle interno competentes, os quais produzem documentos e informações sobre a gestão que será apreciada pelo Tribunal de Contas.

Os processos de prestações de contas constituem um controle a posteriori ou subsequente, de caráter mais corretivo, do que preventivo, pois visa ao julgamento pelo Tribunal de Contas dos atos de gestão dos administradores públicos já ocorridos.

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Poubel de Castro lembra que, modernamente, o foco da discussão sobre a prestação de contas (accountability) governamental mudou para a questão do desempenho, especialmente a produção de resultados. Nesse sentido, o conceito de contas foi redefinido como sendo toda e qualquer informação confiável e relevante que se possa obter, direta ou indiretamente, permitindo avaliar a conformidade e o desempenho da gestão.

a) exame da conformidade: análise da legalidade, legitimidade e

economicidade da gestão em relação a padrões normativos e operacionais, expressos nas normas e regulamentos aplicáveis, e da capacidade dos controles internos de identificar e corrigir falhas e irregularidades;

b) exame do desempenho: análise da eficácia, eficiência, efetividade e

economicidade da gestão em relação a padrões administrativos e gerenciais, expressos em metas e resultados negociados com a administração superior ou definidos nas leis orçamentárias, e da capacidade dos controles internos de minimizar riscos e evitar falhas e irregularidades. Organização dos processos de contas Os processos de contas devem incluir todos os recursos, orçamentários e extra orçamentários, utilizados, arrecadados, guardados ou geridos pela unidade jurisdicionada ou pelos quais ela responda, inclusive aqueles oriundos de fundos de natureza contábil, recebidos de entes da Administração Pública ou descentralizados para execução indireta. Portanto, muito cuidado em prova, pois uma tomada ou prestação de contas deve incluir todos os recursos, inclusive os extraorçamentários. Outro aspecto é que mesmo que a entidade apenas guarde um recurso e não o aplique deve prestar contas da boa guarda desse recurso. Ademais, mesmo os fundos de natureza contábil, que são aqueles em que não há um órgão gestor do fundo, devem constar das contas do órgão responsável.

Por fim, tanto os recursos recebidos de entes da Administração Pública quanto os transferidos ou descentralizados para execução indireta, mediante convênios, por exemplo, devem estar contidos no processo de contas ordinárias ou extraordinárias. A seguir, apresentaremos as peças, documentos e informações exigidos pelo TCDF, em seu poder regulamentar/normativo, que devem constar dos processos de tomada e prestação de contas.

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Antes, porém, cabe sintetizar essas peças em três blocos relevantes e de competências distintas:

1. GESTOR: As peças a serem elaboradas e juntadas pelo gestor dos recursos públicos, dentre as quais um relatório de atividades/gestão;

2. CONTROLE INTERNO: As peças a serem juntadas pelo órgão de

controle interno, quais sejam: o relatório de auditoria, o certificado de auditoria e o parecer do dirigente de controle interno acerca da gestão; e

3. SECRETÁRIO DE ESTADO: O pronunciamento conclusivo sobre a

regularidade das contas, feito por autoridade competente para a supervisão setorial, com indicação, no caso de irregularidade, das providências para resguardo do interesse público.

Peças dos Processos de Tomada de Contas Ordinária:

I - relatório conclusivo do organizador das contas, com pronunciamento sobre a observância dos limites dos créditos, a exatidão das receitas e a regularidade das despesas, no qual se indicarão:

a) nome, cargo ou função e matrícula do responsável e o período de exercício;

b) a situação do responsável perante a Fazenda Pública; e

c) falhas e irregularidades apuradas;

II - relatório anual das atividades, firmado pelo administrador ou ordenador de despesas;

III - demonstrações financeiras, patrimoniais e de execução orçamentária, acompanhadas, quando for o caso, de termos de conferência de valores e extratos ou memorandos bancários e respectiva conciliação dos saldos, bem como os demonstrativos sintéticos da movimentação de material no almoxarifado no exercício;

IV - inventário físico dos bens permanentes alocados à unidade orçamentária, aplicando-se, no que couber, o disposto nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 148 deste Regimento e o inventário físico do material existente no respectivo almoxarifado no final do exercício;

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V - demonstrativo de suprimentos de fundos, em que se evidencie a

situação dos responsáveis perante a Fazenda Pública, no caso de contas de ordenadores de despesa;

VI - pronunciamento conclusivo do órgão de contabilidade;

VII - relatório do controle interno sobre a eficácia e eficiência da gestão orçamentária, financeira, contábil e patrimonial;

VIII - relatório de auditoria elaborado pelo órgão próprio da Administração, com o resultado de inspeções ou auditorias realizadas no período;

IX - certificado de auditoria, que contenha:

a) qualificação funcional do responsável pelas contas e o período a que se referem;

b) declaração de que os registros e demonstrativos contábeis foram processados de conformidade com as normas vigentes;

c) esclarecimento quanto ao exame dos documentos que originaram a tomada de contas, indicando-se os critérios e procedimentos adotados e a extensão das verificações realizadas;

d) declaração quanto à observância dos princípios fundamentais de contabilidade, das normas brasileiras de contabilidade e quanto à consistência dos critérios adotados em relação ao período anterior;

e) ressalvas ou restrições, com os motivos delas determinantes;

f) situação do responsável perante a Fazenda Pública; e

X - pronunciamento conclusivo sobre a regularidade das contas, feito por autoridade competente para a supervisão setorial, com indicação, no caso de irregularidade, das providências para resguardo do interesse público.

As tomadas de contas dos ordenadores de despesas abrangerão as dos agentes recebedores e pagadores a eles subordinados, bem como as dos agentes de material e aprovisionamento dos respectivos órgãos, cujos nomes constarão do rol de responsáveis e do relatório do tomador das contas.

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Deve, ainda, ser juntado à tomada de contas anual relatório conclusivo firmado por comissão designada, contendo:

� avaliação sobre a eficiência e a eficácia da gestão de material; � pronunciamento sobre a regularidade na movimentação, guarda,

conservação, segurança e controle dos bens, inclusive sobre a confiabilidade do sistema de controle, bem assim quanto ao atendimento às demais normas editadas em relação ao assunto pelos órgãos competentes.

Processos de Prestação de Contas Ordinária de Autarquias e Fundações: As prestações de contas dos dirigentes das autarquias e fundações deverão constituir-se dos seguintes documentos:

I - relatório do organizador do processo, que conterá:

a) nomes, cargos e períodos da gestão dos dirigentes;

b) exame das operações realizadas no exercício de referência e da situação dos dirigentes perante os cofres da entidade;

c) esclarecimentos sobre a correta escrituração contábil dos documentos e demais elementos geradores dos resultados financeiros e patrimoniais demonstrados;

d) razões do pagamento, se for o caso, de juros, multas e correção monetária, em decorrência da liquidação de dívidas vencidas;

II - relatório anual das atividades, firmado pelo administrador ou pelo ordenador de despesas;

III - balanço orçamentário, acompanhado de:

a) cópia do orçamento do exercício, com suas alterações e do demonstrativo de execução;

b) quadros comparativos da receita estimada com a arrecadada, por fontes, e da despesa autorizada com a realizada, por natureza e por projetos e atividades;

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IV - balanço financeiro;

V - balanço patrimonial, acompanhado de:

a) termo de conferência de saldo em caixa, almoxarifados e depósitos de bens;

b) extratos de contas correntes ou memorandos bancários comprobatórios dos saldos, devidamente conciliados;

c) demonstração discriminada dos saldos dos créditos vencidos, com as razões do não-recebimento;

d) demonstração discriminada das dívidas vencidas, indicando-se as razões do não-pagamento;

e) demonstração sintética das imobilizações, indicados o saldo do exercício anterior e as aquisições e baixas havidas no período;

VI - demonstração das variações patrimoniais;

VII - pronunciamento ou parecer conclusivo do Conselho Deliberativo ou órgãos equivalente;

VIII - parecer conclusivo do Conselho Fiscal ou órgão equivalente, com indicação:

a) das irregularidades apuradas no exame das contas e no desempenho de suas atribuições, no período; e

b) da situação dos dirigentes responsáveis perante os cofres da entidade;

IX - relatório do controle interno sobre a eficiência e a eficácia da gestão contábil, financeira, orçamentária e patrimonial da entidade;

X - relatório de auditoria expedido pelo órgão próprio da Administração, com o resultado de auditorias ou inspeções realizadas no período;

XI - certificado de auditoria;

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XII - pronunciamento conclusivo sobre as contas, assinado pelo titular da Secretaria a que estiver vinculada a entidade, com indicação, em caso de irregularidade, das providências adotadas para resguardo do interesse público. Processos de Prestação de Contas Ordinária de Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista:

As contas dos administradores de empresas públicas e sociedades de economia mista regem-se pela legislação a elas aplicável e deverão constituir-se dos seguintes documentos:

I - relatório do organizador do processo.

II - cópia do orçamento do exercício, com suas alterações, e do demonstrativo da execução;

III - balanço patrimonial, acompanhado dos elementos enumerados no inciso V do artigo anterior, de demonstrativos da correção monetária e das depreciações realizadas no período;

IV - demonstração das mutações do patrimônio líquido no período;

V - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;

VI - demonstração das origens e aplicação de recursos;

VII - demonstrativo da composição acionária do capital social, com especificação das entidades distritais acionistas ou cotistas e respectivos percentuais de participação;

VIII - notas explicativas e quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessárias ao esclarecimento da situação patrimonial e do resultado do exercício;

IX - relatório da diretoria;

X - pronunciamento conclusivo do Conselho de Administração ou órgão equivalente;

XI - parecer conclusivo do Conselho Fiscal, com os esclarecimentos sobre as irregularidades apuradas no exame das contas e

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no desempenho de suas atribuições, no período, e da situação dos dirigentes responsáveis perante os cofres da entidade;

XII - cópia da ata da assembléia geral de acionistas ou da reunião de cotistas em que se deu a apreciação das contas;

XIII - resultados de trabalhos de auditoria realizados na entidade por empresas ou auditores especializados;

XIV - relatório e certificado de auditoria expedidos pelo órgão central do sistema de controle interno;

XV - pronunciamento conclusivo sobre as contas, firmado pelo titular da Secretaria a que estiver vinculada a entidade, explicitando-se, em caso de irregularidade, as providências adotadas para resguardo do interesse público.

As prestações de contas serão acompanhadas, ainda, no inventário físico dos bens móveis e imóveis. Do inventário físico, realizado por comissão especialmente constituída para levantá-lo, deverão constar:

a) descrição, registro patrimonial, localização, condições de uso e valor dos bens móveis;

b) características, localização, tombamento e valor dos bens imóveis, com indicação do número de registro em cartório;

c) declaração, firmada pela comissão, de que o levantamento implicou averiguação in loco da existência real dos bens móveis e confirmação da propriedade dos imóveis; e

d) outras informações relacionadas com fatos verificados e providências adotadas no curso dos levantamentos.

Se a entidade possuir sistema de controle patrimonial que realize, de forma comprovadamente eficiente, verificações da existência física dos bens móveis e da real propriedade dos imóveis, poderá o inventário físico, a critério do Tribunal e mediante pedido prévio devidamente fundamentado, ser remetido a cada triênio.

Deferida a remessa trienal, as prestações de contas anuais, neste aspecto, serão acompanhadas de:

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a) declaração dos responsáveis pela execução das atividades de controle patrimonial, indicando-se as verificações realizadas no período e as irregularidades eventualmente apuradas; e

b) pronunciamento da auditoria da Secretaria da Fazenda e, se for o caso, de auditores independentes, que atestem a eficiência do controle. IMPORTANTE: � Além dos documentos mencionados anteriormente, o Tribunal

poderá, em cada caso, requisitar outros elementos necessários à apreciação e ao julgamento das contas.

� Os responsáveis sujeitos à tomada ou prestação de contas somente poderão ser liberados de sua responsabilidade por decisão do Tribunal, ressalvada eventual decisão pelo Poder Judiciário.

Prazos de entrega dos processos de contas ao TCDF

TOMADAS DE CONTAS

PRESTAÇÃO DE CONTAS

� As contas dos ordenadores de despesas e demais responsáveis da Administração Direta deverão ser entregues ao Tribunal até 30 de agosto do ano seguinte àquele a que se referirem.

� Para assegurar o cumprimento

do prazo, as contas deverão ser concluídas e encaminhadas ao órgão próprio do sistema de controle interno até 30 de junho, para as providências de sua competência.

� O órgão próprio do sistema de

controle interno encaminhará ao Tribunal, até 15 de julho, a relação dos órgãos que descumpriram o prazo indicado acima.

� As contas anuais dos dirigentes das entidades da Administração Indireta, incluídas as fundações, deverão ser entregues ao Tribunal até 30 de junho do ano seguinte àquele a que se referirem.

� Visando a assegurar a

observância desse prazo, as contas deverão ser entregues à Secretaria da Fazenda até o dia 30 de abril, para as medidas de sua competência.

� A Secretaria da Fazenda

encaminhará ao Tribunal, até 15 de maio, relação das entidades que descumprirem o prazo estabelecido acima.

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O responsável que não apresentar, no prazo, prestação ou tomada de contas anual ficará sujeito à tomada de contas especial. Isto porque uma das hipóteses que enseja uma tomada de contas especial é a omissão no dever de prestação de contas.

As contas extraordinárias dos administradores e demais responsáveis por

bens e valores públicos deverão ser organizadas e encaminhadas ao Tribunal de Contas do Distrito Federal no prazo de até 120 (cento e vinte) dias, contados da data em que efetivar a extinção. CONTAS DE GESTÃO VERSUS CONTAS DE GOVERNO É preciso diferenciar as contas de gestão das contas de governo. As contas de governo são apreciadas pelo Tribunal de Contas, que emite parecer prévio sobre as mesmas (função opinativa ou informativa), cabendo o julgamento à Assembleia Legislativa ou Câmara Legislativa do DF e às respectivas Câmaras de Vereadores. Já as contas de gestão são julgadas pelo próprio Tribunal de Contas (função judicante). O quadro abaixo distingue as contas de gestão das de governo.

CONTAS DE GESTÃO CONTAS DE GOVERNO

Essas contas são prestadas pelos administradores de bens e recursos públicos e visam a comprovar se a aplicação dos recursos públicos, por parte dos gestores, ocorreu em conformidade com os normativos atinentes à matéria. As contas de gestão são submetidas à auditoria realizada pelos órgãos de controle interno, que as certificam (emite certificado e/ou parecer de auditoria). Posteriormente são enviadas para julgamento por parte dos Tribunais de Contas.

Essas contas são prestadas pelos titulares dos órgãos e poderes e se preocupam, dentre outras coisas, com a condução políticas publicas, com a evolução dos índices econômicos e sociais, com o atingimento ou não das metas estatuídas na Lei de Responsabilidade Fiscal (despesas de pessoal, endividamento público etc.), bem como com o desempenho da arrecadação em relação à previsão, destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sonegação. As contas de governo são submetidas à exame e auditoria realizados pelos Tribunais de Contas, que emitem parecer prévio.

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Posteriormente são enviadas para julgamento por parte do Poder Legislativo.

Como visto no quadro, as contas de governo se preocupam, dentre

outras coisas, com a condução políticas públicas, com a evolução dos índices econômicos e sociais, com o alcance ou não das metas estatuídas na Lei de Responsabilidade Fiscal (despesas de pessoal, endividamento público etc.), bem como com o desempenho da arrecadação em relação à previsão, destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sonegação.

Já as contas de gestão verificam se a aplicação dos recursos públicos, por parte dos órgãos em consonância com os normativos atinentes à espécie. Nesse sentido, quando a Corte de Contas julga contas de gestão observa, dentre outras coisas, se foram obedecidas as regras atinentes às etapas da despesa, previstas na Lei n. 4.320, de 1994, e se, ao realizar um contrato administrativo ou uma licitação publica, foram respeitados os ditames da lei de licitações. Segue abaixo um resumo esquemático da apreciação e do julgamento das contas de governo:

CONTAS DE GOVERNO

Presidente República

Governador

Prefeitos

Contas remetidas aos Tribunais de Contas para emissão de

PARECER PRÉVIO

Seguem para a Comissão Parlamentar (CMO no âmbito federal) para emissão de PARECER

(projeto de decreto legislativo)

JULGAMENTO pelo:

Congresso Nacional

Assembleia Legislativa

Câmara Municipal

Contas prestadas ao

Congresso Nacional

Assembleia Legisl.

Câmara Vereadores

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Portanto, as contas de governo são julgadas pelo órgão legislativo. Nesse caso, os Tribunais de Contas auxiliam o Poder Legislativo, mediante a emissão do parecer prévio, que não vincula o Congresso Nacional ou a Assembleia/Câmara Legislativa. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL (RESOLUÇÃO TCDF 102/1998) Em caso de desfalque, desvio de bens ou qualquer irregularidade, de que resulte lesão à Fazenda Pública, dever-se-á comunicar imediatamente o fato ao Tribunal e proceder-se à tomada de contas especial.

A Tomada de Contas Especial – TCE pode ser entendida como tomada de contas em circunstâncias especiais. A TCE é um instrumento legal destinado a identificar eventuais prejuízos na guarda e aplicação de recursos públicos com vistas ao ressarcimento do Erário. A Resolução TCDF 102/1998 dispõe sobre a instauração, a instrução e o processamento de tomadas de contas especiais. INSTAURAÇÃO

Quanto à instauração, a norma estabelece que a autoridade administrativa competente, sob pena de responsabilidade solidária, deverá, no prazo máximo e improrrogável de 30 (trinta) dias a contar do conhecimento do fato, adotar providências objetivando regularizar a situação ou reparar o dano.

Caso não tenha êxito, deverá imediatamente adotar providências com

vistas à instauração de tomada de contas especial, para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do dano.

Portanto, perceba que a instauração da TCE deve ser precedida de medidas cabíveis a serem tomadas pelo gestor para regularizar a situação ou reparar o dano. Somente será instaurada a TCE caso o gestor em 30 dias a contar do conhecimento do fato, não consiga reparar o dano.

A TCE é um instrumento legal destinado a identificar eventuais prejuízos na guarda e aplicação de recursos públicos com vistas ao ressarcimento do Erário, nos termos do art. 70 da

Constituição Federal.

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OBJETIVOS DA TCE Nas definições de TCE, observamos que um procedimento de tomada de contas especial tem como objetivos básicos:

� apurar os fatos que resultaram em prejuízo ao Erário (O QUÊ); � identificar e qualificar os agentes causadores do dano (QUEM e

COMO); � quantificar o prejuízo sofrido pelos cofres públicos (QUANTO);

Tais objetivos possibilitam o alcance da finalidade maior de uma TCE que é o ressarcimento dos cofres públicos. Se não pela própria via administrativa da TCE, pela obtenção, ao fim de seu julgamento, de um título executivo para cobrança judicial da dívida, consubstanciado no acórdão condenatório proferido pelo Tribunal de Contas.

FATOS QUE ENSEJAM A INSTAURAÇÃO DA TCE

A autoridade administrativa deve tomar as providências necessárias à instauração da TCE nas seguintes ocorrências:

• omissão no dever de prestar contas; • não comprovação da aplicação dos recursos concedidos na forma de

suprimento de fundos ou transferidos pelo Distrito Federal mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, bem como a título de subvenção, auxílio ou contribuição;

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• ocorrência de desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos; ou

• prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao Erário.

É de se perceber que o primeiro e principal pressuposto para a instauração de um processo de TCE é a configuração de um dano ao Erário. Tal dano pode estar de fato caracterizado, como é o caso de perda, extravio, desvio de recursos, etc., ou pode ser consequência de presunções legais. A omissão no dever de prestar contas ou a não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos públicos levam à presunção de que se causou prejuízo ao Erário. O prejuízo, nesse caso, é correspondente ao montante de recursos sem aplicação correta comprovada. Tal consequência tem raízes no conceito de república (res publica). Surge daí o dever constitucional de prestação de contas. Quem gerencia recursos públicos lida com recursos alheios e deve demonstrar ao verdadeiro titular, a sociedade, o uso correto desses recursos. prejuízo ao Erário = montante de recursos sem aplicação comprovada Aliada ao débito deve estar configurada uma conduta culposa ou dolosa de um agente público. Dessa forma, um ou mais responsáveis pelo prejuízo quantificado devem existir, e a relação de causa e efeito entre a conduta do agente e o dano deve ficar caracterizada. Esse responsável (ou esses responsáveis) precisa estar perfeitamente identificado, tendo em vista que o ressarcimento aos cofres públicos será cobrado dele.

Diante dessas hipóteses, o servidor responsável pelo respectivo setor deverá comunicar o acontecimento à autoridade administrativa que lhe é imediatamente superior, sob pena de responsabilidade solidária, até o segundo dia útil subsequente à constatação da ocorrência.

As autoridades que integram a escala hierárquica do órgão disporão do mesmo prazo mencionado acima (dois dias úteis) para comunicar o fato a

Em síntese, são pressupostos para a existência de um processo de TCE: � a quantificação do dano; � a identificação dos agentes responsáveis; � relação de causalidade entre a conduta dos

responsáveis e o resultado.

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seus superiores, sob pena de responsabilidade solidária, até que a autoridade administrativa competente para instaurar tomada de contas especial dele tome conhecimento. OMISSÃO DA AUTORIDADE

Ocorrendo omissão da autoridade competente, o Tribunal determinará a instauração de tomada de contas especial, sem prejuízo das sanções pertinentes.

Na prática, a autoridade administrativa que se omite no dever de

instaurar a TCE, responde solidariamente pelo dano em função de sua omissão. Pode até que ser que a autoridade administrativa não seja condenada solidariamente a pagar o débito, mas é provável que seja apenada com uma multa. INSTAURAÇÃO POR DETERMINAÇÃO DO TCDF

O Tribunal poderá, a qualquer tempo, determinar a instauração de tomada de contas especial, independentemente das medidas administrativas internas e judiciais adotadas, se entender que o fato motivador possui relevância suficiente para ensejar a apreciação. COMUNICAÇÃO DE INSTAURAÇÃO DA TCE AO TCDF

O ato de instauração da tomada de contas especial deve ser comunicado ao Tribunal, no prazo de 05 (cinco) dias, com as seguintes informações:

I - número do processo de tomada de contas especial; II - data da ocorrência do fato e/ou do seu conhecimento; III - descrição clara do objeto de apuração; IV - valor real ou estimado do prejuízo; V - membros designados para a comissão apuradora.

RESPONSABILIDADE DAS UNIDADES DO SCI

Os responsáveis pelas unidades integrantes dos Sistemas de Controle Interno, ao tomarem conhecimento de omissão no dever de instaurar a tomada de contas especial, ou ainda de qualquer irregularidade ou ilegalidade, adotarão as medidas necessárias para assegurar o exato cumprimento da lei, sob pena de responsabilidade solidária.

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FASES DA TCE Uma das diferenciações entre a TCE e um Procedimento Administrativo Disciplinar ou uma Sindicância consiste no fato de que a TCE não é julgada pelo órgão que a instaura. Essa característica promove um verdadeiro “divisor de águas” no desenvolvimento de um processo de TCE, pois separa o processo em duas grandes fases – interna e externa. A fase interna da TCE se dá do momento de sua instauração até seu envio ao TCDF, para julgamento. Já a fase externa – externa em relação ao órgão/entidade que a instaurou – representa todo o desenvolvimento da TCE no âmbito do TCDF, até seu julgamento final. FASE INTERNA DA TCE Geralmente, o processo de TCE começa com a solicitação e a autorização para sua instauração em virtude da evidência de um fato ensejador. Para a apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e de sua conduta, e quantificação do débito, deve ser formalmente designada uma comissão, que assumirá o papel de Tomador de Contas. Após a designação do Tomador de Contas, acontece o desenvolvimento do processo, culminando com a aprovação das conclusões e o encaminhamento proposto. O processo de TCE é constituído pelas peças definidas na Resolução TCDF 102/1998 (elementos integradores). A ausência de qualquer um dos elementos enseja a não autuação do processo pelo TCDF e sua devolução à origem para regularização.

Integram o processo de tomada de contas especial:

I - as comunicações por parte do servidor e chefia relativos à ocorrência de débito;

II - ato de instauração da tomada de contas especial;

III - relatório da Comissão de Sindicância ou de Inquérito, quando for o caso;

IV - registro da ocorrência policial e do laudo pericial, quando for o caso;

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V - termos originais dos depoimentos colhidos, assinados pelos depoentes e integrantes da comissão tomadora;

VI - demonstrativo financeiro do débito em apuração, indicando a data da ocorrência do fato e os valores original e atualizado;

VII - características, localização, registro patrimonial, valor e data de aquisição, estado de conservação e valor de mercado dos bens, quando for o caso;

VIII - outros elementos que permitam formar juízo acerca da materialidade dos fatos e responsabilidade pelo prejuízo verificado;

IX - identificação do responsável, pessoa física ou jurídica, indicando: a) nome e data de nascimento; b) filiação; c) CPF ou CGC; d) endereço completo e número de telefone atualizados; e) cargo, função, matrícula e lotação, se servidor público do Distrito Federal; f) herdeiros, no caso de falecimento do responsável;

X - relatório circunstanciado e conclusivo da comissão tomadora das contas contendo justificativa minuciosa, no caso de absorção do prejuízo pelo órgão ou entidade;

XI - documentos que comprovem a reparação do dano causado ao Erário, quando for o caso;

XII - registro dos fatos contábeis pertinentes;

XIII - pronunciamento do dirigente do órgão ou entidade onde ocorreu o fato, com a especificação das providências adotadas para resguardar o interesse público e evitar a repetição do ocorrido;

XIV - Relatório de Auditoria emitido pelo órgão central do Sistema de Controle Interno do correspondente Poder, incluindo considerações acerca das providências referidas no inciso anterior;

XV - Certificado de Auditoria emitido pelo órgão central do Sistema de Controle Interno do correspondente Poder, que deverá conter:

a) identificação do responsável; b) valor atualizado do débito; c) manifestação acerca das contas;

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XVI - pronunciamento expresso e indelegável do Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou do Secretário de Estado supervisor da área sobre as contas e os Relatório e Certificado emitidos pelo Controle Interno, atestando haver tomado conhecimento das conclusões neles contidas. Portanto, da mesma forma dos processos de tomadas e prestações de contas ordinárias e extraordinárias, na fase interna, as peças e documentos juntados ao processo são de competência:

• da autoridade administrativa (incisos I a XIII acima); • do órgão de controle interno (incisos XIV e XV acima); e • do Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou do

Secretário de Estado supervisor da área (inciso XVI acima). CRITÉRIOS PARA REPOSIÇÃO OU RESSARCIMENTO DE BENS DESPARECIDOS OU DESVIADOS

A Administração deve determinar, preferencialmente, a reposição do bem, em lugar do simples ressarcimento de seu valor.

No caso de desaparecimento de bens, o débito objeto de indenização pecuniária será fixado com base no valor de mercado do bem, levando-se em conta o tempo de uso e o estado de conservação.

Na impossibilidade de se indicar o valor de mercado do bem desaparecido, por motivo devidamente justificado, o débito será determinado pelo valor de bem similar que permita cumprir as funções do material ou equipamento objeto da apuração.

Referindo-se a tomada de contas especial a recursos concedidos na forma de suprimento de fundos ou transferidos mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, bem como a título de subvenção, auxílio ou contribuição, constarão do processo, também os seguintes elementos:

I - cópia dos termos de ajuste ou dos instrumentos de concessão e respectivos planos de trabalho; II - cópia da nota de empenho e da ordem bancária, quando for o caso; III - prova de que a autoridade competente exerceu tempestivamente a fiscalização; IV - relatório da execução físico-financeira e prestação de contas, se for o caso.

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Quando os fatos consignados na tomada de contas especial forem objeto de ação judicial, deverá constar dos autos comprovante do ajuizamento do feito. PROCESSAMENTO DA TCE

A comissão de tomada de contas especial deve ser composta de servidores estranhos ao setor onde ocorreu o fato motivador, podendo a escolha recair em servidores de outros órgãos e entidades.

Se o responsável for Secretário de Estado ou dirigente de entidade da administração indireta, incluídas as fundações, a designação da comissão será feita, respectivamente, pelo Governador do Distrito Federal ou pelo Secretário a cuja supervisão estiver vinculada a entidade.

No caso de as apurações procedidas pela comissão levarem à responsabilidade a autoridade que a constituiu, nova comissão deverá ser designada, no prazo de 5 (cinco) dias, pela autoridade de nível hierárquico imediatamente superior ao do responsabilizado, dispensando-se o pronunciamento previsto no inciso XIII do art. 3º, se o responsabilizado for dirigente de órgão ou entidade.

Cabe à comissão de tomada de contas especial promover todos os atos necessários ao bom andamento do processo, sobretudo:

• levantar ou fazer levantar o valor do prejuízo; • tomar depoimentos a termo, promovendo as apurações necessárias; • coligir as provas necessárias à comprovação dos fatos, bem como

realizar diligência no sentido de proporcionar os elementos de convicção indispensáveis à atribuição de responsabilidade;

• expedir aviso ao responsável, no sentido de verificar deste o interesse em apresentar defesa ou ressarcir os prejuízos;

• apresentar relatório conclusivo sobre as contas, devidamente fundamentado;

• adotar as providências necessárias ao cumprimento do disposto no § 2º do art. 4º da Resolução TCDF 102/1998, caso ocorra a situação ali prevista.

Após a conclusão dos trabalhos pela comissão, os autos deverão ser

encaminhados à unidade de contabilidade responsável, para registro dos fatos contábeis correspondentes. Em se tratando de bens, os autos deverão, ainda, ser remetidos ao setor de patrimônio, com vistas à realização dos pertinentes registros patrimoniais.

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Ultimadas as providências mencionadas anteriormente, os autos deverão ser encaminhados, à exceção da Câmara Legislativa do Distrito Federal e das Secretarias de Estado, ao dirigente do órgão ou entidade para a emissão do pronunciamento sobre as contas, e posteriormente enviados ao órgão central do Sistema de Controle Interno do correspondente Poder.

As tomadas de contas especiais devem ser remetidas aos órgãos centrais dos Sistemas de Controle Interno dos Poderes Legislativo e Executivo no prazo de até 90 (noventa) dias, contados da data de sua instauração. Os órgãos de controle interno têm o prazo máximo de 30 (trinta) dias para adotar as seguintes medidas de sua competência, quais sejam:

a) elaboração do Relatório e do Certificado de Auditoria; e b) encaminhamento dos autos ao Presidente da Câmara Legislativa do

Distrito Federal ou ao Secretário de Estado supervisor da área para o pronunciamento sobre as contas.

Os órgãos centrais dos Sistemas de Controle Interno poderão, preliminarmente, baixar em diligência o processo de tomada de contas especial que contenha falhas ou irregularidades, fixando prazo não superior a 20 (vinte) dias com o fito de saneá-las, comunicando o fato imediatamente ao Tribunal, para conhecimento.

O Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou o Secretário de Estado supervisor da área deve remeter a tomada de contas especial ao Tribunal de Contas no prazo de 10 (dez) dias, contados do recebimento do processo.

Nas tomadas de contas cujo valor de apuração seja inferior à quantia fixada conforme o § 2º do art. 9º da Lei Complementar nº 1/94, o órgão ou entidade deverá se utilizar de procedimentos sumários e econômicos de apuração de responsabilidade, assegurando, em qualquer hipótese, direito de ampla defesa e de contraditório aos envolvidos, sendo indispensáveis os elementos listados nos incisos XII e XIII do art. 3º. ENCERRAMENTO DA TCE

Não se dará prosseguimento à tomada de contas especial, encerrando-se os procedimentos em qualquer fase do processo, quando houver:

I - ressarcimento integral do dano ou reposição do bem pelos responsáveis;

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II - reaparecimento ou recuperação do bem extraviado ou danificado; III - ausência de prejuízo.

Também serão consideradas encerradas, independentemente do valor

envolvido, as tomadas de contas especiais cujas apurações concluírem ser a responsabilidade pelo ressarcimento exclusivamente de terceiros, não vinculados à Administração Pública, devendo o órgão ou entidade adotar as providências administrativas ou judiciais cabíveis, fazendo-se o devido registro nos autos.

Nas situações em que o ressarcimento do dano ocorrer mediante o desconto parcelado do débito nos vencimentos, salários ou proventos do responsável, os documentos que evidenciarem a efetivação dos aludidos descontos e memória de cálculo de débito deverão ser anexados ao respectivo processo. FLUXO DA TCE:

O servidor, ao tomar conhecimento de um fato que enseja a TCE, tem dois dias úteis para comunicar a chefia e esta também tem dois dias

úteis para comunicar a autoridade administrativa competente. Esgotadas as medidas cabíveis em 30 dias, a autoridade instaura a TCE,

constituindo comissão para tal.

O trabalho da comissão tem que ser concluído e a TCE remetida ao órgão central do Sistema de Controle Interno do respectivo Poder no prazo de

até 90 dias, contados da data de sua instauração.

O órgão de controle interno tem 30 dias para concluir o seu trabalho e juntar o relatório e certificado de auditoria e enviar o processo para pronunciamento da autoridade responsável pela supervisão setorial.

O Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou o Secretário de Estado supervisor da área deve remeter a TCE ao TCDF no prazo de 10

dias, contados do recebimento do processo.

FASE EXTERNA DA TCE:

Instrução e julgamento pelo TCDF

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4. O SISTEMA DE CONTROLE INTERNO DO PODER EXECUTIVO DO DISTRITO FEDERAL ______________________________________________ INTRODUÇÃO

O controle interno é o controle administrativo do próprio gestor ou o controle exercido no âmbito de cada Poder. Contudo, nos interessa agora estudar uma das modalidades de controle interno que é o sistema de controle interno de cada Poder que realiza atividade de fiscalização contábil, financeira, orçamentária, patrimonial e operacional da gestão pública. Inicialmente, cabe distinguir o Controle Interno previsto na CF e na LODF do controle interno de cada organização, que existe para assegurar o alcance dos seus objetivos. Essa é uma dúvida recorrente por parte daqueles que se dispõem a estudar o controle governamental. Diferença entre o Sistema de Controle Interno de cada Poder e o sistema de controles internos de cada entidade

Geralmente, quem se dispõe a estudar a auditoria governamental no

Brasil ou a atuação dos controles interno e externo governamental acaba confundindo os controles internos de cada gestor com o Controle Interno previsto nos artigos 70 e 74 da Carta Magna.

Piscitelli e Timbó nos ensinam que não se deve confundir o sistema de

controle interno – um conjunto de órgãos e funções da Administração – com sistema de controles internos, do âmbito de cada entidade ou empresa – compreendendo unidades, competências, relações, práticas, procedimentos e tudo o que constitui seu modo de ser e agir.

Portanto, controles internos constituem o conjunto de atividades, planos,

métodos e procedimentos interligados utilizados com vistas a assegurar a conformidade dos atos de gestão e a concorrer para que os objetivos e metas estabelecidos para as unidades jurisdicionadas sejam alcançados. Esses são os controles internos que cada órgão e entidade tem que implantar e manter para garantir o alcance de seus objetivos.

Por outro lado, órgãos de controle interno correspondem às unidades

administrativas integrantes dos sistemas de controle interno da administração pública federal, incumbidos, dentre outras funções, da verificação da

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consistência e qualidade dos controles internos, bem como do apoio às atividades de controle externo, exercidas pelo Tribunal de Contas. Este controle exercido pelos órgãos de controle interno de cada poder é que está previsto na CF.

Ou seja, o Sistema de Controle Interno de cada Poder realiza as

atividades de fiscalização ou de auditoria governamental interna. Domingos Poubel de Castro procura diferenciar o controle interno de

cada órgão e entidade com o sistema de controle interno de cada Poder, afirmando que o controle interno de cada administrador é o controle interno administrativo e o controle interno exercido pelos órgãos de controle interno é o controle interno avaliativo.

O controle interno administrativo é o que integra os próprios

processos organizacionais do órgão/entidade. É a forma que a administração possui para verificar seus próprios atos, no sentido de se ater aos princípios da legalidade e da supremacia do interesse público. Conforme a IN SFC 1/2001, visa a assegurar que os objetivos das unidades e entidades da administração pública sejam alcançados, de forma confiável e concreta, evidenciando eventuais desvios ao longo da gestão, até a consecução dos objetivos fixados pelo Poder Público.

O artigo 74 da Constituição Federal e o art. 80 da LODF tratam do

Sistema de Controle Interno de cada Poder ou dos órgãos de controle interno: o controle interno avaliativo. COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS DO SCI ART. 74 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Com a Constituição Federal de 1988, a atividade de Controle Interno teve descritas as suas finalidades, com o desenho que tem hoje, conforme o disposto no artigo 74:

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão,

de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade

de:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano

plurianual, a execução dos programas de governo e dos

orçamentos da União;

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à

eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e

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patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal,

bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de

direito privado;

III - exercer o controle das operações de crédito, avais e

garantias, bem como dos direitos e haveres da União;

IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão

institucional.

De acordo com o texto constitucional, o Controle Interno assume um

caráter avaliativo da ação governamental. Adota a filosofia de controle e fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos órgãos e entidades da administração direta e indireta. Ultrapassa os limites estreitos da pura legalidade, para abranger também o exame da legitimidade, eficácia, eficiência e economicidade dos gastos públicos.

Dessa forma, permite avaliar os gastos governamentais em relação aos

interesses da sociedade, conhecer a organização e o funcionamento dos órgãos e entidades, além de possibilitar aferir os resultados dos programas e projetos governamentais.

As finalidades do sistema de controle interno estão descritas em termos

de objetivos no art. 3° do Decreto nº 3.591/2000, a saber:

• A avaliação do cumprimento das metas do Plano Plurianual visa a comprovar a conformidade da sua execução.

• A avaliação da execução dos programas de governo visa a comprovar

o nível de execução das metas, o alcance dos objetivos e a adequação do gerenciamento.

• A avaliação da execução dos orçamentos da União visa a comprovar a

conformidade da execução com os limites e destinações estabelecidos na legislação pertinente.

• A avaliação da gestão dos administradores públicos federais visa a

comprovar a legalidade e a legitimidade dos atos e a examinar os resultados quanto à economicidade, à eficiência e à eficácia da gestão orçamentária, financeira, patrimonial, de pessoal e demais sistemas administrativos e operacionais.

• O controle das operações de crédito, avais, garantias, direitos e

haveres da União visa a aferir a sua consistência e a adequação dos controles internos.

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Cuidado: É preciso ter muita atenção em prova quanto às finalidades dos sistemas de controle interno de cada Poder, pois as bancas costumam tentar confundir os candidatos, por vezes incluindo algum detalhe que não consta do texto constitucional ou trocando uma finalidade do SCI por uma competência dos Tribunais de Contas. Por exemplo, não compete ao Controle Interno julgar as contas dos gestores e aplicar sanções. Estas são competências privativas do Tribunal de Contas.

Quanto ao apoio ao controle externo, no âmbito do Poder Executivo

Federal, a Instrução Normativa da Secretaria Federal de Controle nº 01, de 2001, define que, sem prejuízo do disposto em legislação específica, consiste no fornecimento de informações e dos resultados das ações do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal.

Todavia, esse apoio se dá também mediante as auditorias que os órgãos

de controle interno realizam sobre os processos de tomadas e prestações de contas, para subsidiar o julgamento pelo Tribunal de Contas da União e, sobretudo, pela obrigação estabelecida no § 1º do art. 74, qual seja:

§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem

conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela

darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de

responsabilidade solidária.

Assim, os dirigentes dos órgãos de controle interno de cada Poder, ao

tomarem conhecimento de qualquer irregularidade (desvio de recursos, fraudes, prejuízos etc) ou ilegalidade (descumprimento de lei e princípios), praticadas no âmbito dos órgãos e entidades que estão sob a sua jurisdição, devem de imediato comunicar ao TCU. A omissão não justificada poderá ensejar a responsabilidade do dirigente de controle interno omisso, de forma solidária com quem praticou o ato ilícito.

ART. 80 DA LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL De forma semelhante às finalidades dos sistemas de controle interno de cada Poder, previstas no art. 74 da CF, no âmbito do Distrito Federal, o art. 80 da LODF define as finalidades dos sistemas de controle interno dos Poderes Executivo e Legislativo, quais sejam:

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• avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos do Distrito Federal;

• comprovar a legalidade e avaliar os resultados quanto à eficácia e

eficiência da gestão orçamentária, financeira, contábil e patrimonial nos órgãos e entidades da administração do Distrito Federal, e quanto à da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;

• exercer o controle sobre o deferimento de vantagens e a forma de

calcular qualquer parcela integrante da remuneração, vencimento ou salário de seus membros ou servidores;

• exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias,

bem como os dos direitos e haveres do Distrito Federal; • avaliar a relação de custo e benefício das renúncias de receitas e

dos incentivos, remissões, parcelamentos de dívidas, anistias, isenções, subsídios, benefícios e afins de natureza financeira, tributária, creditícia e outros.

• apoiar o controle externo, no exercício de sua missão institucional.

ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE INTERNO DO PODER EXECUTIVO DO DISTRITO FEDERAL (LEI Nº 830/1994, LEI Nº 3.105/2002, LEI Nº 3.163/2003 E DECRETO Nº 29.965/2009) LEI Nº 830, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1994:

A lei 830/1994 criou o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo do Distrito Federal – SICON, cujas finalidades são aquelas definidas no art. 80 da LODF:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos do Distrito Federal;

II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência da gestão orçamentária, financeira, contábil e patrimonial nos órgãos e entidades da Administração do Distrito Federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;

III – exercer o controle sobre o deferimento de vantagem e a forma de calcular qualquer parcela integrante da remuneração, vencimento ou salário dos Membros ou servidores da Administração do Distrito Federal;

IV – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos, haveres e endividamento do Distrito Federal;

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V – avaliar a relação de custo e benefício das renúncias de receitas e dos incentivos, remissões, parcelamento de dívidas, anistias, isenções, subsídios, benefícios e afins de natureza financeira, tributária, creditícia e outras.

VI – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. Organização do SICON (art. 3º)

Integram a estrutura do SICON:

1. a Secretaria de Fazenda e Planejamento – SEFP, como órgão central do sistema;

2. o Subsistema de Planejamento, tendo como órgão central o Departamento Geral de Planejamento e Avaliação da SEFP;

3. o Subsistema de Orçamento, tendo como órgão central o Departamento Geral de Orçamento da SEFP;

4. o Subsistema de Administração Financeira, tendo como órgão central o Departamento Geral de Administração Financeira da SEFP;

5. o Subsistema de Contabilidade, tendo como órgão central o Departamento Geral de Contabilidade da SEFP;

6. o Subsistema de Patrimônio, tendo como órgão central o Departamento Geral de Patrimônio da SEFP;

7. a Subsecretaria de Auditoria da SEFP, como órgão de execução centralizada das atividades de auditoria.

Integram, ainda, a estrutura do SICON:

1. como unidades setoriais de execução, os órgãos integrantes das

estruturas da Vice-Governadoria, das Secretarias de Estado e da Procuradoria-Geral do Distrito Federal, que realizem as atividades correspondentes a cada subsistema no âmbito de suas respectivas jurisdições;

2. como unidades seccionais os órgãos integrantes das estruturas das

administrações regionais, dos órgãos de relativa autonomia e das entidades da administração indireta, que executem as atividades correspondentes a cada subsistema no âmbito de suas respectivas jurisdições.

As unidades setoriais e seccionais do SICON subordinam-se normativa e

tecnicamente aos órgãos centrais dos respectivos subsistemas. Jurisdição do SICON (art. 4º):

Sujeitam-se à jurisdição do SICON:

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• qualquer pessoa física, órgão ou entidade que utilize, arrecade,

guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais o Distrito Federal responda ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária;

• aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade

que resulte dano ao Erário; • todos aqueles que lhe devem prestar contas ou cujos atos estejam

sujeitos à sua fiscalização por expressa disposição de lei; • os servidores do Distrito Federal ou qualquer pessoa ou entidade,

estipendiadas pelos cofres públicos; • os dirigentes da administração direta, autarquias, fundações

públicas, fundos especiais, empresas públicas e sociedades de economia mista;

• os responsáveis por adiantamentos; • as entidades de direito privado beneficiárias de auxílios ou

subvenções do Distrito Federal. Finalidades dos órgãos integrantes do SICON Do Órgão Central:

• supervisionar os órgãos integrantes da estrutura do SICON, no exercício de suas respectivas competências;

• estabelecer as normas e procedimentos operacionais do SICON; • editar as normas gerais sobre a execução financeira e contábil; • expedir as normas gerais de gestão patrimonial; • expedir os manuais técnicos orçamentários, bem assim as normas

relativas à codificação e interpretação da despesa; • expedir os manuais de acompanhamento da despesa; • estabelecer padrões para avaliação do consumo nos órgãos e entidades

da Administração do Distrito Federal; • estabelecer padrões para avaliação dos preços dos bens a serem

adquiridos e dos serviços a serem contratados por órgãos e entidades da Administração do Distrito Federal;

• estabelecer normas gerais para elaboração dos editais de licitações, observada a legislação aplicável à matéria;

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• expedir os manuais de acompanhamento físico-financeiro; • estabelecer normas e procedimentos para o adequado registro contábil

dos atos e dos fatos da gestão orçamentária, financeira e patrimonial, nos órgãos e entidades da Administração Pública;

• interpretar e expedir manifestação sobre legislação concernente à execução orçamentária, financeira e patrimonial no âmbito do SICON;

• verificar a exatidão e suficiência dos dados, relativos à admissão de pessoal e à concessão de aposentadorias, reformas e pensões na administração direta, autárquica e fundacional, submetendo os respectivos resultados à apreciação do Tribunal de Contas, para fins de registro e providências pertinentes;

• prestar informações sobre a situação físico-financeira dos projetos e atividades constantes dos orçamentos do Distrito Federal;

• manter registros sobre a composição e atuação das comissões de licitações;

• analisar os resultados dos trabalhos de auditoria dos entes da administração indireta;

• apurar os atos e fatos inquinados de ilegais ou irregulares, formalmente apontados, praticados por agentes públicos, informando ao Tribunal de Contas as providências adotadas;

• acompanhar e verificar a execução dos contratos e convênios; • promover o acompanhamento, a sistematização e a padronização da

execução da despesa pública. Finalidades dos Subsistemas do SICON (Lei 830, de 1994):

Subsistema de Planejamento

– avaliar o cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual, a execução dos programas de Governo e dos Orçamentos do Distrito Federal; – acompanhar e avaliar os planos, programas e ações do Governo do Distrito Federal, como parte do processo de avaliação da gestão de recursos públicos; – elaborar os anteprojetos do Plano Plurianual e do Plano de Desenvolvimento Econômico e Social.

Subsistema de Orçamento

– elaborar o anteprojeto da lei de diretrizes orçamentárias; – elaborar o anteprojeto de lei orçamentária; – orientar e avaliar a execução orçamentária.

Subsistema de Administração Financeira

– elaborar o anteprojeto de programação financeira do Tesouro; – gerenciar as contas do Tesouro; – controlar a dívida pública decorrente de operações de crédito de responsabilidade, direta ou indireta, do Tesouro do Distrito Federal e subsidiar a formulação da política e

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financiamento da despesa pública; – exercer o controle das finanças públicas do DF.

Subsistema de Contabilidade

- elaborar as Contas Anuais do Governo do Distrito Federal a serem submetidas ao Poder Legislativo; – promover a consolidação das contas do Distrito Federal; – realizar tomada de contas dos ordenadores de despesas e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos; - efetuar os registros dos atos e fatos relacionados à execução orçamentária e gestão econômica e financeira dos órgãos e entidades da Administração do Distrito Federal; – elaborar balancetes mensais; – realizar a conformidade contábil nos registros efetuados.

Subsistema de Patrimônio

- promover o registro e controle das operações patrimoniais; – estabelecer a responsabilidade pela guarda e manutenção dos bens patrimoniais; – acompanhar a emissão de empenhos relativos à aquisição de equipamento e material permanente, edificações e instalações; – emitir demonstrativos sobre as operações patrimoniais realizadas; – promover a conciliação dos inventários físicos com o cadastro dos bens patrimoniais.

Da Auditoria

– comprovar a legalidade e avaliar os resultados quanto à eficiência da gestão orçamentária, financeira, contábil e patrimonial; – exercer o controle sobre o deferimento de vantagens e a forma de calcular qualquer parcela integrante da remuneração, vencimento ou salário; – executar as atividades de auditoria contábil e de gestão.

Possibilidade do SICON de aplicar multas e de outras sanções

De acordo com o art. 12 da Lei 830/94, sem prejuízo das multas e de outras sanções aplicadas pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal, os titulares dos órgãos e entidades da Administração do Distrito Federal serão passíveis da aplicação de multa por:

I – deixar de cumprir prazos de entrega de documentos ou prestação de contas, previstos na legislação, normas, ou fixados em diligência. A multa, nesse caso, será de 0,2 (dois décimos) de UPDF por dia de atraso;

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II – sonegar processo, documento ou informação, sujeitando o responsável à multa de uma UPDF.

As multas de que trata este artigo serão aplicadas pelos titulares dos órgãos centrais dos Subsistemas do SICON ou da Subsecretária de Auditoria, cabendo recurso ao titular do órgão central do SICON no prazo de dez dias após a publicação da decisão.

Não acolhido o recurso de que trata o parágrafo anterior, o responsável promoverá o recolhimento da multa até dez dias após a publicação da decisão. Das Disposições Finais da Lei

Os cargos em comissão dos órgãos integrantes dos Subsistemas de Controle Interno e da Subsecretaria de Auditoria da SEFP serão preenchidos preferencialmente por servidores das Carreiras de Orçamento e de Finanças e Controle (art. 17).

É vedada a nomeação para o exercício de cargo em comissão, no âmbito do Sistema de Controle Interno, de pessoas que tenham sido, nos últimos 5 (cinco) anos:

I – responsáveis por atos julgados irregulares, de forma definitiva, pelo

Tribunal de Contas do Distrito Federal, não sanados voluntariamente; II – julgados comprovadamente culpados, sem possibilidade de recurso

na esfera administrativa, em processo disciplinar, por ato lesivo ao patrimônio público de qualquer esfera de Governo;

III – julgados culpados em processo criminal, especialmente por prática

de crime contra a Administração Pública, capitulados nos Títulos II e XI da Parte Especial do Código Penal Brasileiro, na Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986, e na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 (art. 18). LEI Nº 3.105, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2002, COM AS ALTERAÇÕES PROMOVIDAS PELA LEI 3.163, DE 2003 Com o advento da Lei 3.105/2002, foi criada a Corregedoria-Geral do Distrito Federal e instituído o Sistema de Correição, Auditoria e Ouvidoria do Distrito Federal - SICAO, com a finalidade de assistir direta e imediatamente ao Governador, nos assuntos e providências relativas à defesa do patrimônio público, auditoria e ouvidoria.

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A seguir, apresentamos os dispositivos mais relevantes da Lei 3.105/02:

Art. 2º Integram o Sistema de Correição, Auditoria e Ouvidoria do Distrito Federal, como órgãos setoriais, as Subsecretarias, Controladorias, Corregedorias, Auditorias, Assessorias, Coordenações, Departamentos ou quaisquer outras unidades afins integrantes da estrutura orgânica dos órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta do Distrito Federal.

Art. 3º A Corregedoria-Geral é equiparada, para todos os efeitos, às Secretarias de Estado e seu titular tem as prerrogativas, direitos e vantagens de Secretário de Estado.

Art. 4º Compete à Corregedoria-Geral: I – planejar, organizar e coordenar as atividades operacionais do Sistema de Correição, Auditoria e Ouvidoria do Distrito Federal, exercendo a supervisão técnica dos órgãos setoriais; II – dar andamento às representações e denúncias relacionadas à lesão ou ameaça de lesão ao patrimônio público, cuidando para a sua competente e integral conclusão; III – instaurar sindicâncias e processos administrativos sempre que necessários à apuração de fatos, denúncias ou representações recebidas; IV – requisitar informações ou avocar processos em andamento, em quaisquer outros órgãos integrantes da Administração Direta e Indireta do Distrito Federal, sempre que necessário ao exercício das suas funções; V – adotar as providências necessárias quando constatados indícios de improbidade administrativa; VI – acompanhar correições, auditorias, processos administrativos e sindicâncias em andamento nos órgãos integrantes da Administração Direta e Indireta do Distrito Federal, avaliando a regularidade, correção de falhas e adotando as medidas cabíveis em caso de omissão ou retardamento das autoridades responsáveis; VII – planejar, coordenar e controlar as atividades de auditoria e controle de gestão nos órgãos da Administração Direta e Indireta do Distrito Federal, em fundos instituídos por lei, com a participação do Distrito Federal, nos instrumentos que geram e extinguem direitos e obrigações e nos beneficiários de transferências à conta do orçamento do Distrito Federal; VIII – planejar, orientar e controlar as atividades de ouvidoria, zelando pelo registro, tratamento interno e retorno aos usuários, quanto às solicitações, críticas, denúncias, sugestões e pedidos de informações.

Art. 5º Integram a Corregedoria-Geral do Distrito Federal: a) Corregedor-Geral do Distrito Federal;

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b) Gabinete do Corregedor-Geral do Distrito Federal: c) Controladoria: d) Ouvidoria: e) Departamento de Administração Geral:

Art. 8º Compete ao Corregedor-Geral: I – planejar, orientar e coordenar a gestão do sistema de Correição, Auditoria e Ouvidoria do Distrito Federal; II – definir e baixar normas sobre matérias de sua competência e elaborar minutas e proposituras normativas para aprovação superior; III – decidir, em caráter preliminar, sobre as denúncias, representações ou questionamentos que receber ou de que tomar conhecimento, indicando os procedimentos e providências cabíveis; IV – instaurar processos administrativos e sindicâncias a seu cargo, constituindo as competentes comissões; V – acompanhar as atividades dos grupos e comissões de correições e auditorias realizadas nos órgãos e entidades do Distrito Federal, instaurar processos administrativos e requisitar a instauração de outros, em decorrência de omissões ou morosidade dos responsáveis em fazê-lo; VI – avaliar a regularidade dos procedimentos, processos e atos de gestão afetos à sua área de competência, adotando as providências cabíveis, corrigindo rumos e falhas identificadas; VII – manter atualizadas e disseminar as normas, legislação e jurisprudência reguladora da área de atuação da Corregedoria-Geral; VIII – orientar e promover a declaração de nulidade de procedimentos, atos de gestão, processos administrativos e encaminhar aos órgãos competentes os elementos necessários à aplicação de penalidades ou outros desdobramentos administrativos ou judiciais cabíveis; IX – requisitar, em caráter temporário, servidores de outros órgãos integrantes da estrutura do Distrito Federal, sempre que necessários à composição de grupos ou comissões especiais; X – requisitar de outros órgãos, inclusive com a interveniência do Governador do Distrito Federal, se necessário, documentos e informações necessários ao desenvolvimento pleno das suas atribuições; XI – indicar ocupantes para os cargos comissionados constantes da estrutura da Corregedoria-Geral; XII – lotar, remover e designar o local de exercício dos servidores da Corregedoria-Geral; XIII – requisitar pessoal; XIV – autorizar viagens a serviço; XV – designar e dispensar substitutos eventuais para os cargos em comissão da Corregedoria-Geral;

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XVI – autorizar despesas e decidir as dispensas de licitações, na sua área de competência; XVII – aplicar penalidades disciplinares aos servidores da Corregedoria-Geral, exceto aquelas de competência do Governador do Distrito Federal; XVIII – celebrar contratos, convênios e outros instrumentos jurídicos nos assuntos de sua competência e quando lhe for legalmente atribuída competência específica; XIX – exercer outras atividades que lhe forem atribuídas pelo Governador do Distrito Federal. Art. 10. À Controladoria, por meio das suas unidades subordinadas,

compete exercer as atividades de auditoria contábil e de gestão, compreendendo as áreas de auditoria contábil, tomada de contas, prestação de contas, administração de pessoal, especialmente em termos de admissões, nomeações, desligamentos, aposentadorias, pensões, afastamentos e demais atos de gestão dos administradores dos órgãos do Distrito Federal.

Art. 11. À Ouvidoria, por meio de suas unidades subordinadas, compete

atender o cidadão em suas dúvidas e reclamações sobre a administração distrital, fazendo o competente encaminhamento aos órgãos responsáveis e acompanhando as providências adotadas.

Art. 12. Ao Departamento de Administração Geral, por meio de suas

unidades subordinadas e como órgão setorial dos sistemas administrativos do Governo do Distrito Federal, compete prestar suporte à Corregedoria-Geral nas áreas de pessoal, material, patrimônio, protocolo, arquivo, expedição e recebimento de processos, documentos e correspondências, transporte, copa, conservação, limpeza, administração de edifícios, planejamento, orçamento, execução orçamentária e execução financeira.

DECRETO Nº 29.965/2009

O Decreto nº 29.965, de 21 de janeiro de 2009 criou a Secretaria de Estado da Ordem Pública e Social e Corregedoria- Geral do Distrito Federal – SEOPS, órgão de direção superior, diretamente subordinada ao Governador do Distrito Federal, responsável pela coordenação e execução das ações de governo asseguradoras da legalidade e moralidade administrativas e de cumprimento da ordem pública e social, controle interno, auditoria pública, correição, tomada de contas especial e ouvidoria disciplinar no âmbito do Distrito Federal.

Conforme disposto no parágrafo único do art. 1º da Lei, além das atribuições definidas nas Leis nº 3.105, de 27 de dezembro de 2002 e nº

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3.163, de 03 de julho de 2003, as ações da SEOPS terão por objetivo o incremento das atividades fiscalizadoras de Estado, com atribuições de requisição e direção única, observadas as competências dos órgãos inerentes às referidas atividades.

De acordo com o art. 2º, são ainda atribuições da SEOPS: I – requisitar dos órgãos e entidades do Complexo Administrativo do

Governo do Distrito Federal todo o apoio administrativo e de pessoal, inclusive de empresas prestadoras de serviços devidamente contratadas, necessários às ações de prevenção e repressão destinadas a manter a ordem pública e social;

II – executar as ações necessárias à manutenção da ordem pública e

social, coordenando as operações que se fizerem necessárias com a participação dos órgãos e entidades do Governo do Distrito Federal, visando a otimizar os recursos materiais e de pessoal disponibilizados, bem assim dar-lhe agilidade operacional;

III - zelar, com poder de polícia administrativo, diretamente ou através

de seu órgão vinculado, pela manutenção da legalidade e da ordem pública e social em todo o território do Distrito Federal;

IV – definir e implementar, através da Agência de Comunicação Social do

Distrito Federal, campanhas de conscientização e orientação visando à manutenção da ordem pública e social, especialmente sobre as atividades que afetem o Distrito Federal e o bem-estar de seus habitantes;

V – definir e implementar, em conjunto com a Secretaria de Estado de

Educação, campanhas de conscientização e orientação da manutenção da ordem pública e social destinadas aos alunos da rede pública, especialmente sobre as atividades que afetem o Distrito Federal e o bem-estar de seus habitantes;

VI – implementar, em parceria com a sociedade civil organizada, ações

de conscientização e orientação da manutenção da ordem pública e social, especialmente sobre as atividades que afetem o Distrito Federal e o bem-estar de seus habitantes;

VII – outras atribuições que lhe forem definidas no Regimento Interno ou

por ato do Governador do Distrito Federal.

Nos termos do art. 3º do decreto, o cargo de Secretário de Estado de Corregedor-Geral, na forma do art. 3º da Lei 3.105/2002, passou a

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denominar-se Secretário de Estado da Ordem Pública e Social e Corregedoria-Geral do Distrito Federal, sem prejuízo das atribuições e competências definidas nas Leis referidas no parágrafo único, do art. 1º.

O art. 5º do decreto define que a estrutura administrativa, orçamentária, financeira, contábil, patrimonial e de pessoal da então Corregedoria-Geral do Distrito Federal passam a integrar a estrutura da Secretaria de Estado da Ordem Pública e Social e Corregedoria-Geral do Distrito Federal, mantidos os atuais ocupantes e as atribuições funcionais dos órgãos e unidades previstas na Lei n° 3.105, de 27 de dezembro de 2002, e suas alterações, inclusive as normas regulamentares.

A remuneração dos cargos criados no Decreto que passaram a fazer parte da Estrutura da Secretaria Estado da Ordem Pública e Social e Corregedoria-Geral do Distrito Federal será custeada por recursos decorrentes do remanejamento dos orçamentos das estruturas já existentes na Corregedoria-Geral do Distrito Federal e na Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão.

Quando necessário, ato conjunto do Secretário de Estado de Planejamento e Gestão e do Secretário de Estado da Ordem Pública e Social e Corregedoria-Geral definirá os remanejamentos orçamentários de modo que os trabalhos e as ações em desenvolvimento não sofram solução de continuidade, inclusive de pessoal. OBSERVAÇÃO:

Vale notar que o edital cita expressamente a Lei que criou a então Corregedoria-Geral do Distrito Federal e o decreto que criou a então Secretaria de Estado da Ordem Pública e Social e Corregedoria- Geral do Distrito Federal – SEOPS, sendo que essas estruturas administrativas foram extintas.

Na gestão do atual governador do DF, foi criada a Secretaria de Estado

de Transparência e Controle do Distrito Federal (STC/DF). A estrutura foi criada por meio do Decreto nº 32.716, de 1º de janeiro de 2011. A pasta tem competência na supervisão, tratamento e orientação dos dados e informações disponibilizáveis no Portal da Transparência; supervisão e coordenação do sistema de controle interno; correição e auditoria administrativa; ouvidoria; defesa do patrimônio público e da transparência; prevenção e combate à corrupção; verificação dos princípios constitucionais nos atos da Administração Pública; apuração de indícios de irregularidades.

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RELAÇÃO ENTRE O TRIBUNAL DE CONTAS E O ÓRGÃO DE CONTROLE INTERNO DO PODER EXECUTIVO

Como visto, uma das finalidades do sistema de controle interno do Poder Executivo é apoiar o controle externo, no exercício de sua missão institucional.

Jorge Ulisses Jacoby ensina que a principal função do controle interno,

para o controle externo, é apoiar os trabalhos. Esse apoio se dá principalmente pelo dever de orientar a autoridade pública no sentido de evitar o erro, efetivar um controle preventivo, colher subsídios mediante o controle concomitante para determinar o aperfeiçoamento das ações futuras, rever os atos já praticados para corrigi-los antes mesmo da atuação do controle externo.

Porém, existem outras formas de apoio ou integração entre o controle

interno e o externo, como, por exemplo, mediante as auditorias que os órgãos de controle interno realizam sobre os processos de tomadas e prestações de contas, para subsidiar o julgamento pelo Tribunal de Contas.

Outro apoio se dá pela obrigação dos dirigentes ou responsáveis pelo

controle interno de comunicar ao Tribunal de Contas a ocorrência de qualquer irregularidade ou ilegalidade, que tenham sido reveladas ou constatadas em suas fiscalizações, sob pena de responsabilidade solidária.

Assim, os dirigentes dos órgãos de controle interno de cada Poder, ao

tomarem conhecimento de qualquer irregularidade (desvio de recursos, fraudes, prejuízos etc) ou ilegalidade (descumprimento de lei e princípios), praticadas no âmbito dos órgãos e entidades que estão sob a sua jurisdição, devem de imediato comunicar ao TC. A omissão não justificada poderá ensejar a responsabilidade do dirigente de controle interno omisso, de forma solidária com quem praticou o ato ilícito.

A seguir, apresentamos as disposições contidas na Lei Orgânica do TCDF

quanto ao apoio do controle interno ao Tribunal de Contas:

Art. 49. No apoio ao controle externo, os órgãos integrantes do sistema de controle interno deverão exercer, dentre outras, as seguintes atividades: I – realizar auditorias nas contas dos responsáveis sob seu controle, emitindo relatório, certificado de auditoria e parecer; II – alertar formalmente a autoridade administrativa competente para que instaure tomada de contas especial, sempre que tiver conhecimento de qualquer das ocorrências referidas no art. 9º desta Lei Complementar.

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Art. 50. Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência de imediato ao Tribunal de Contas, sob pena de responsabilidade solidária. § 1º Na comunicação ao Tribunal, o dirigente do órgão competente indicará as providências adotadas, para evitar ocorrências semelhantes. § 2º Verificada em inspeção ou auditoria, ou no julgamento de contas, irregularidade ou ilegalidade que não tenha sido comunicada tempestivamente ao Tribunal, e provada a omissão, o dirigente do órgão de controle interno, na qualidade de responsável solidário, ficará sujeito às sanções previstas para a espécie, nesta Lei Complementar.

Art. 51. O Secretário de Estado supervisor da área ou a autoridade de nível hierárquico equivalente emitirá, sobre as contas e o parecer do controle interno, expresso e indelegável pronunciamento, no qual atestará haver tomado conhecimento das conclusões nele contidas.

Por fim, anoto que não existe qualquer hierarquia entre os controles interno e externo ou subordinação do interno ao externo. Eles trabalham em cooperação e atuam em complementariedade. CONSELHO NACIONAL DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE INTERNO DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL - CONACI: OBJETIVOS E COMPETÊNCIAS O Conselho Nacional dos Órgãos de Controle Interno dos Estados e do Distrito Federal – CONACI é uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, criada no VII Encontro do Fórum Nacional dos Órgãos de Controle Interno dos Estados Brasileiros e do Distrito Federal, realizado em Brasília-DF, no dia 06 de julho de 2007.

A entidade passou a denominar-se Conselho Nacional de Controle

Interno no VII Encontro Nacional realizado nos dias 17, 18 e 19 de agosto de 2011, em Brasília-DF.

Segundo o estatuto da entidade, serão admitidos como membros titulares do CONACI os representantes dos órgãos de controle interno dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios-Sede das Capitais dos Estados e da União.

O CONACI tem sede e foro na capital da República e vigência por prazo indeterminado.

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Compete ao CONACI, com vistas ao desenvolvimento de uma atuação

mais eficaz no controle da gestão pública, por meio de:

• Participação na formulação, na implementação e na avaliação das políticas nacionais de gestão pública;

• Coordenação e articulação das ações de interesse comum dos Órgãos

Estaduais e Municipais de Controle Interno; • Promoção de intercâmbio de informações, de experiências nacionais e

internacionais sobre gestão pública e de cooperação técnica entre os seus membros;

• Realização de seminários, conferências, cursos e de outros eventos de

interesse dos seus membros; • Desenvolvimento de programas e projetos de interesse comum dos

seus membros. • Divulgação de atos e ações de interesse do CONACI e de seus

membros.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA NO CURSO

ALBUQUERQUE, Marcio André Santos de e CUNHA, Estevão dos Santos. Curso de Controle Externo. 1ª Edição, Brasília: Obcursos Editora, 2009. ARAGÃO, Marcelo Chaves. Auditoria CESPE - Série Questões Objetivas Comentadas. 2ª edição. Rio de Janeiro: Editora Método, 2013. ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos. Introdução à Auditoria Operacional. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. CASTRO, Domingos Poubel. Auditoria e controle interno na administração pública: evolução do controle interno no Brasil: do código de contabilidade de 1922 até a criação da CGU em 2003. São Paulo: Atlas, 2008. CHAVES, Francisco Eduardo Carrilho. Controle externo da gestão pública. 2. Edição – Niterói: Impetus, 2009.

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PASCOAL, Valdecir Fernandes. Direito financeiro e controle externo: teoria e jurisprudência e 370 questões de concursos públicos. 4. Ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2004. PETER, Maria da Glória Arrais e MACHADO, Marcus Vinícius Veras. Manual de auditoria governamental – São Paulo, Atlas, 2003. PISCITELLI, Roberto Bocaccio e Timbó, Maria Zulene Farias. Contabilidade pública. Uma abordagem da Administração Financeira Pública. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.