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1
Universidade Candido Mendes
Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento
Diretoria de Projetos Especiais
Projeto “A Vez do Mestre”
Título:
O Impacto do Crescimento Vegetativo sobre os Planos de Saúde Suplementar
Autor: Rodney Alves de Souza
Orientador: Professor Doutor Clovis Ricardo Montenegro de Lima
Rio de Janeiro, fevereiro de 2005
2
.
Trabalho monográfico apresentado como requisito para a obtenção do Grau de Especialista em Administração em Saúde.
3
Resumo.
Este trabalho tem como objetivo oferecer subsídios para o
estudo do impacto do crescimento vegetativo da população brasileira
sobre os Planos de Saúde, tendo-se em vista que nas próximas
décadas 9% dos brasileiros estarão situados na faixa etária de 60 a 70
anos de idade, conforme demonstra o último censo demográfico
realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
Sugere, ainda, o instrumental de planejamento adotado pelos países
de primeiro mundo para a discussão das soluções que poderão ser
oferecidas através dos modelos de “clusters” defendidos por Porter.
(1998 -Michael E. Porter. On competition- Harward Business Review
Book), referendado pela recente Lei11079, de 31.12.04
que instituiu as normas da Parceria Publico Privada
4
Summary
This paper objective is to offer contributions for the
study of the impact on the Brazilian population
vegetative growth in relation to the private health
plans. That study takes into consideration that the
Brazilians will be between 60 to 70 years old in the
next decades, as shown in the last demographic
census done by the Brazilian Institute for
Geography and Statistics (IBGE). The study also
suggests the planning tools addopted by the first-
world countries for planning the solutions that will
be able to be offered through the clusters models
defended by Porter, (1998 - Michael E. Porter, On
Competition - Harward Business Review Book)
referred by the recent Law 11079, from 12/31/2004
that established the public-private partnership
norms.
5
Agradecimentos.
Desejo manifestar o meu sincero agradecimento ao mestre Clovis
Ricardo Montenegro, meu orientador, pela permanente atenção
que me dispensou durante suas aulas e, especialmente, pela forma
como despertou o nosso mais profundo interesse sobre a matéria
todos os seus discípulos.
6
Dedicatória.
Dedico este trabalho aos meus
companheiros da ANS pela ajuda no processo de
coleta de dados, especialmente ao companheiros
Claudia Peres, Paulo Coutinho e a Dra. Zélia Jardim
pelos subsídios que me forneceram.
7 Lista dos Quadros
Quadro 1 – População de 80 anos ou mais de idade por sexo –1980/2050 Pág. 12 Quadro 2 – Beneficiários por vigência do produto e faixa etária - pág. 24
8 Lista dos Anexos.
Lei 9656 de 30.06.1998; Lei 8.987 Lei 9661/ Lei 11.079 de 31.12.2004 RDC –39 RN – 85 IN –9 RN- 42
9RESUMO
O presente trabalho tem por escopo a pesquisa das causas que poderão
afetar o interelacionamento das atividades das seguradoras e operadoras de
planos de saúde, em confronto com o SUS – Sistema Único de Saúde tendo em
vista que a projeção da demanda de assistência médica será atingida
significativamente pelo desmedido incremento de beneficiários e usuários, na
faixa etária de 60 a 80 anos de idade, nas próximas décadas.
Identificou-se, através dos dados fornecidos pelo PNAD/IBGE, que o
ingresso anual de idosos no sistema de saúde brasileiro é da ordem de 650 mil
novos beneficiados pelos dispositivos legais que lhes garante prioridade de
atendimento, além de outros dispositivos sociais assegurados pelo Estatuto do
Idoso e pela Constituição Federal.
A pesquisa sobre o tema propiciou à identificação dos trabalhos do
Professor Michael Porter, relativamente ao emprego da metodologia
mundialmente utilizada para a solução de problemas que envolvam a participação
de governos, empresas e interessados , mediante a colaboração e a competição
que deverão incorporar-se à solução final, sem perder de vista o Bem Comum.
Consubstanciando a adoção da metodologia proposta pelo Prof. Porter foi
publicada, recentemente, a lei nº 11079/04, que instituiu normas para a
contratação de parcerias de governo com as empresas e entidades particulares,
facultando assim o sentido participativo do empresariado nas soluções sociais de
maior alcance propostas por Porter.
Finalmente, constatou-se através da pesquisa, a importância da avaliação
econômica como instrumental ágil para incorporação metodológica às propostas
que venham a ser formuladas para a solução dos problemas causados pelo
impacto do crescimento vegetativo no sistema de Saúde.
10
Sumário
Capítulo 1 - Introdução : O problema
Capitulo 2 - Objetivo do Estudo
Capítulo 3 - Metodologia da Pesquisa.
Capítulo 4 - Políticas Publicas
Capítulo 5 - Legislação protetora do Idoso
Capítulo 6 - Conclusão
11
Capítulo I
Introdução – O problema
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Brasil passará a ocupar,
nas próximas décadas, o sexto lugar no ranking mundial de idosos.
Atualmente, o nosso país está em décimo segundo lugar na contagem
dos idosos, em todo o universo. A cada ano 650 mil novos brasileiros passam a
figurar na contagem etária acima dos 60 anos.
O último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE,
demonstra que a população do Brasil, com mais de 60 anos já alcança 16
milhões de habitantes, equivalendo a 9% do total de cidadãos que deverão ter
atendimento médico especializado, revelando ainda que a expectativa de vida
do brasileiro passou para 71 anos, quando em 1980 era de 62,5 anos.
A projeção do crescimento populacional apresentada pelo IBGE é mais
demonstrativa, na medida em que a se observa ao longo de mais duas décadas
que o percentual estimado de idosos, om 80 anos ou mais alcançará índices
alarmantes.
12Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
Gráfico -1
1980 1990 2000 2005 2010 2020 2030 2040 2050 80 anosou mais
13Tal fato prognostica a necessidade de efetuar-se profundas mudanças no
modelo Nacional de Atendimento à Saúde, diante do desmedido aumento da
demanda que decorrerá na próxima década, especialmente porque a matéria
não se confina ao Ministério da Saúde, arrastando consigo todas as
interelações da Administração Pública e das atividades prestadoras de serviço,
conforme menciona SOUZA (1998) in Gestão Municipal e Desenvolvimento
Local Integrado e Sustentável – Comunidade Solidária – Brasília, in verbis: “No
Brasil a responsabilidade pelo desenvolvimento social é competência de todas
as esferas de governo bem como da própria sociedade, responsabilidade esta
constante na Constituição Federal, promulgada em outubro de 1988, e
desdobrada em leis complementares.e.ordinárias”.
Assim, a repercussão do problema na seguridade social, por exemplo, é
um dos óbices que influenciam a demanda das áreas de saúde e advém do
grande aumento da população aposentada em relação à mão-de-obra ativa, ou
seja, à redução proporcional do número de pessoas que financiam os
aposentados. Em países onde a expectativa de sobrevida é maior a situação se
torna mais grave, como na União Européia, onde a proporção é de quatro
trabalhadores para um aposentado.segundo.PIÑERA(1998).
Outro aspecto relevante que atua diretamente em relação às políticas
públicas de saúde é o aumento da expectativa de vida da população em razão
dos gastos com a saúde per capita tornarem-se cada vez maiores com o
passar do tempo.
As pessoas da terceira idade, em geral estão mais sujeitas a acidentes
e, segundo PASSARELLI (1997), às doenças crônicas e degenerativas, em
razão do déficit ou falência das suas percepções sensoriais e do desgaste físico
natural da velhice.
14 Por outro lado, o gasto para recuperação da saúde de cada idoso
também é maior, posto que sua fragilidade orgânica aumenta com o passar do
tempo, o que implica, por fim, num maior período de permanência em
tratamento,em.rgime.de.nternação.ou.não.
Além da questão do aumento progressivo dos gastos com o tratamento
de saúde das pessoas da terceira idade, emerge o debate sobre as instituições
responsáveis pelo atendimento a esta população, bem como a formação de
recursos.humanos.específicos.para.este.segmento.social.
Atualmente, as instituições públicas geriátricas não servem como modelo
de serviço para o idoso alcançar um estilo de vida com qualidade, conforme
ressalva DUARTE (1998)
Ressalta SAYEG (1997), que é compromisso de todos os profissionais de
saúde criar condições para a geração de serviços de boa qualidade com
enfoque específico, voltado ao direito do idoso como pessoa, entretanto aponta
o Brasil como um país carente de especialistas na área de saúde do idoso em
conseqüência, principalmente, da impossibilidade da realização de cursos de
extensão.durante.os.
períodos.de.formação.universitária.
Paralelamente, os altos custos da medicina, crescentes até mesmo pela
explosão do desenvolvimento tecnológico, diminuíram a procura pelo
atendimento médico particular. Foi a partir dessa realidade da saúde no Brasil
que surgiram as empresas de planos de saúde, oferecendo serviços próprios e
credenciados e uma estrutura de atendimento que incluía médicos contratados
e conveniados, serviços auxiliares.de.diagnóstico.e.tratamento.especializado.
15A percepção destas questões colocou em foco discussões no âmbito de
toda a sociedade, a reboque das decisões tomadas, durante a realização por
parte da Organização das Nações Unidas da I Assembléia Mundial sobre o
Envelhecimento, em 1982, e levou a que fossem inseridas na Constituição
Federal de 1988 as preocupações formais com a proteção à terceira idade.
Ainda neste escopo, o Governo Federal, através da Lei nº 8.842 de 04 de
janeiro de 1994, definiu e consolidou a Política Nacional do Idoso, legislação
avançada, inclusive quando comparada no âmbito internacional, que, entretanto,
no seu dia-a-dia esbarra no déficit estrutural do nosso sistema de saúde, ou
seja, os meios preventivos e terapêuticos disponíveis são insuficientes para o fiel
cumprimento do proposto na lei.
O comando legal tornou , assim, imperioso o atendimento às
prerrogativas que outorgou ao idoso, em conflito com o cenário onde se
desenrolam papéis contraditórios com tais propósitos.
A discriminação ao idoso tem sido uma prática comum nos planos de
saúde, com a majoração dos preços das mensalidades, progressiva com o
envelhecimento das pessoas.
A vedação legal da majoração do preço dos serviços, por exemplo, gerou
sérias críticas pelas Seguradoras e Operadoras do sistema de saúde
suplementar com relação ao Art.15º §3º, da Lei 8.842/94 que impediu as
empresas de planos de saúde de cobrar mensalidades, com tarifas corrigidas de
acordo com a idade, acarretando, por via de conseqüência o aumento nas
mensalidades dos planos de saúde em geral para compensar os gastos.
16 A questão da saúde está sempre em pauta, na medida em que os
sistemas públicos não podem dar conta da demanda e não podem atender às
necessidades médicas requisitadas pelas classes mais pobres.
A situação atual dos Planos Privados é extremamente delicada, tendo em
vista que vem enfrentando volume crescente de queixas dos consumidores ao
Procon, e ás organizações de classe para o descredenciamento de médicos.
Decorrido um ano e meio após a obrigatoriedade de as Operadoras de
Planos de Saúde cumprirem a nova legislação que regulamenta o setor, a
situação ainda hoje preocupa os órgãos de defesa do consumidor.As principais
queixas dos consumidores contra os planos de saúde residem, principalmente,
nos reajustes e nas.negativas.de.cobertura.às.doenças.pré-existentes.
As queixas mais freqüentes, conforme artigo publicado pela Revista
Bibliomed (20.09.02) :“Saúde, os médicos e os clientes- tripé difícil de segurar”,
onde relata os aspectos mais discutidos da Lei 9656/98, enfatizando os
seguintes aspectos: :
1.Aumentos.das.Mensalidades
As queixas em relação aos reajustes dizem respeito, principalmente, aos
aumentos sofridos nas mensalidades daqueles planos que fazem aniversário e
passam para uma nova faixa de preços. Desde janeiro de 99, os planos de
saúde são obrigados a explicitar contratualmente as sete faixas de idade
aprovadas pela nova legislação e que, ao irem sendo vencidas, permitem
reajustes de preços. Estas faixas são: dos 0 aos 17, dos 18 aos 29, dos 30 aos
39, dos 40 aos 49, dos 50 aos 59, dos 60 aos 69 e dos 70 em diante, sendo que
o valor da última faixa não pode exceder seis vezes o valor da primeira. Esta
regra, no entanto, suscita a discussão de que muitos usuários pagam durante
17toda a vida seu plano de saúde e, quando chegam à idade avançada, são
punidos.com.reajustes.abusivos.
2.Doenças.Pré-Existentes.e.Procedimentos.de.Alta.Complexidade
Sobre as doenças pré-existentes, o cliente é obrigado, por lei, a declarar
qualquer uma de que já tenha conhecimento, sob risco de ser acusado de
fraude. Como contrapartida, caso informe já possuir alguma, ele pode oferecer-
se a pagar mais e solicitar ser atendido de qualquer forma - é o chamado
contrato com agravo. O problema é que muitas empresas não tem
disponibilizado esta alternativa para seus clientes. No caso do agravo, o cliente
pode ter uma cobertura parcial, pelo período de dois anos, não cobrindo cirurgia,
leito de alta tecnologia e procedimentos de alta complexidade, obtendo,
portanto, apenas atendimento ambulatorial para a sua doença pré-existente;.
Somente a questão da alta complexidade já é um ponto de discordância por
parte das associações de usuários e os planos de saúde. De acordo com estas
entidades, este conceito não foi bem definido na legislação, gerando diferentes
entendimentos pelas operadoras, como justificativa para perpetuar exclusões.
“As operadoras descumprem a lei, na medida em que não oferecem opção de
escolha ao consumidor. Este prazo de dois anos também vem sendo discutido e
considerado.extremamente.longo.pelas.entidades.
3.Transplantes
Outro aspecto levantado em oposição à legislação diz respeito aos
transplantes, onde a regra estabelecida exige das empresas apenas a cobertura
de transplantes de rim e córnea, sendo que todos os demais estão excluídos
(medula, fígado, coração, pâncreas), apesar de igualmente importantes para a
preservação da.vida.e.da.saúde.
18
4.Fragmentação.dos.Planos
Também a fragmentação dos planos não é aceita pelas entidades
representativas dos usuários, por não aceitarem o conceito de "divisão" do
atendimento à saúde. Foram definidos rois de procedimentos – e exclusões –
referentes aos diversos tipos de planos: Ambulatorial, Hospitalar com
Obstetrícia; Hospitalar sem Obstetrícia; Odontológico;Misto.e.Referência.
5.Urgências.e.Emergências
As urgências e emergências ocasionam muitos conflito, embora a lei
tenha corretamente estabelecido que, em situação de urgência ou emergência,
para preservar a vida e/ou um membro do corpo, o atendimento é obrigatório
dentro dos limites do plano adquirido e deve ser imediato, desde que já tenham
decorrido as primeiras 24 horas da contratação do plano, uma resolução do
CONSU restringiu o direito.ao.atendimento.nessas.situações. As empresas
seguradoras argumentam que as queixas dos consumidores feitas ao Procon
são pouco significativas, diante do número total de credenciados, que afirmam
alcançar a ordem de 43 milhões. A ANS, no entanto, registra de 38 milhões de
usuários de.planos de saúde..
De janeiro a maio de 2002 ano, foram realizadas 4715 consultas e 690
reclamações somente ao Procon de SP. Na prática, os números permanecem
estáveis em relação ao ano passado, não tendo sido observado um aumento
significativo no número de consultas ou reclamações. Chama a atenção a
discrepância entre o número de consultas e reclamações. Os consumidores tem
o Procurado com muita freqüência para esclarecer dúvidas e tentar entender os
termos da Lei, que já conta com medidas provisórias, e resoluções do CONSU
(Conselho de Saúde Suplementar órgão governamental que delibera sobre as
19mudanças e regulação da lei) 29 Resoluções da Diretoria Colegiada da ANS,
Por outro lado, os médicos se queixam quanto à forma de tratamento que
lhe é dispensado pelas operadoras , banalizando o descredenciamento,
punindo médicos com baixos valores de honorários , prazos longos para
pagamento e de condições desfavoráveis de trabalho, o que resulta, em última
instância, na perda de qualidade dos serviços para o consumidor.
O principal foco de conflito, que gera o descredenciamento, diz
respeito aos honorários pagos pelas operadoras. Além de estarem congelados
há pelo menos quatro anos, os valores das consultas e procedimentos médicos
pagos pelos planos de saúde vêm sofrendo cortes significativos desde o
segundo semestre do ano de 2004 . Os profissionais não concordam com a
redução do valor dos serviços que têm chegado a até 50% em muitos planos.
Alguns planos chegam a pagar apenas R$ 10,00 por consulta. O impacto dos
custos da recente regulamentação tem sido a principal razão apresentada pelas
empresas para aviltar a remuneração dos médicos e dos demais prestadores.
A representante de São Paulo, no Conselho Federal de Medicina,
também integrante da Câmara de Saúde Suplementar, que acompanha a
regulamentação dos planos de saúde, assevera que a lógica seguida pelo
Governo Federal está centrada na relação entre o consumidor e a empresa,
esquecendo o prestador de serviço. “Este enfoque prevalece na Lei 9.656,
alterada por seguidas edições de medidas provisórias é justificável, sobretudo
se levarmos em consideração que o usuário sempre foi a maior vítima de um
mercado livre e sem lei, é o elo fraco da relação, submetido a exclusões,
negação de atendimento e abusos de todo tipo”, explica a representante, que
defende, no entanto, uma ampliação dessa perspectiva. e acredita que a
atenção à saúde pressupõe uma relação no mínimo triangular, onde a prestação
20direta de serviços, dirigida aos usuários,depende,sobretudo,dos.médicos.
6-Contratos.e.Convênios
A crítica de que os médicos, ao se credenciarem como prestadores de
serviços das operadoras de planos de saúde, firmam contratos ou convênios
cujas cláusulas nem sempre são compatíveis com aquelas que foram pactuadas
entre empresa e usuário de plano. O que desgasta – e por vezes, de acordo
com a entrevistada , inviabiliza importante relação de confiança entre médico e
paciente. “Não apenas os contratos leoninos “implodem”, diz ela, a relação
médico-paciente também. Os pacotes de atendimento com valores pré-fixados
têm sido outra condicionante. É quando a empresa oferece aos médicos um
valor fixo de remuneração para diversos tipos de atendimento ambulatorial, sem
levar em conta o grau de complexidade do agravo, dos custos, da eventualidade
de complicações ou necessidade de outros.procedimentos.
Recentemente, relata a entrevistada, uma conhecida empresa
ofereceu a médicos ortopedistas um pacote no valor de R$ 35,00 para atender
desde de as ocorrências mais simples ou fratura grave, independentemente na
necessidade de raio X e colocação de gesso. “Os desvios não param por aí.
Algumas operadoras pagam valor mais alto para as consultas que não
demandam exames complementares, sem levar em conta a patologia
apresentada pelo do paciente. Já os clínicos, que realizam a triagem de
pacientes, são pressionados pelas empresas para não encaminhá-los aos
especialistas”, acusa a entrevistada.
Relata ainda que as entidades médicas e de Defesa do Consumidor
têm atuado positivamente porém, a verdade é que as empresas manipulam o
excedente de médicos com o instrumento do credenciamento de profissionais,
impondo regras que restringem o atendimento e excluem patologias através dos
21convênios, com os médicos. Com a falta de estrutura para manter os médicos
no interior do País, onde são extremamente necessários, as operadoras de
planos contam com um exército de reserva ainda maior, podendo, portanto,
manipular os profissionais, que se sentem acuados com a dificuldade de inserir-
se no mercado de trabalho. A recente onda de redução de honorários
unilateralmente ou o descredenciamento em escala dos profissionais tornou
ainda mais vulnerável uma relação que já era desigual, marcada pela
preponderância do capital em detrimento dos códigos de ética dos médicos e os
direitos dos cidadãos”, aponta a conselheira.
Fórum de Acompanhamento da Regulamentação dos Planos de
Saúde
No dia 17 de fevereiro do ano de 2003, reuniram-se na sede do Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo cerca de 80 entidades
representativas dos usuários, profissionais de saúde e trabalhadores vinculados
aos planos de saúde, entre elas o Idec, Conselho Federal de Medicina,
Procon/SP e Conselho Nacional de Saúde.para a criação do Fórum de
Acompanhamento da Regulamentação dos Planos de Saúde e aprovaram um
manifesto onde denunciam que a a Lei 9.656/98 não eliminou os diversos
abusos cometidos contra os usuários dos planos privados de saúde, a exemplo
da negação de atendimento a diversas patologias, exclusões de procedimentos
e exames, descredenciamento da rede contratada (hospitais, médicos e
laboratórios), reajustes abusivos de mensalidades, incluindo aumentos por
mudança de faixa etária, além de não ter apresentado solução na relação entre
a empresa o usuário.e o prestador de serviços.
Os.Avanços.da.Regulamentação
É necessário salientar, no entanto, que muitos avanços foram
22conquistados a partir da regulamentação dos planos de saúde, principalmente
se compararmos os projetos anteriores com a Lei 9656/98 pelo Legislativo.
Entre as conquistas da Lei 9656/98, está a de vedar a participação do usuário
em função de sua idade, doença preexistente ou deficiência, embora permita o
aumento da mensalidade, o que é considerado pelas entidades representativas
dos usuários como uma “exclusão pecuniária”. A nova legislação restringiu o
descredenciamento de prestadores, hospitais, clínicas e laboratórios, só o
aceitando quando em substituição por outro do mesmo nível e obrigando o
credenciado a concluir o tratamento daqueles já internados.
A Lei também limitou os prazos de carência, com exceção de parto
que prossegue em 10 meses, assim como de doenças preexistentes,
estipulados em
dois anos. Outra conquista foi a obrigatoriedade da assistência ao recém-
nascido nos seus primeiros 30 dias de vida. Também passou a ser proibida a
rescisão contratual unilateralmente pela empresa, salvo por fraude ou atraso de
pagamento da mensalidade em período superior a 60 (sessenta) dias. Foi ainda
garantida a cobertura em saúde mental, inclusive com internação a portadores
de transtornos psiquiátricos, mesmo nos quadros de intoxicação e abstinência
provocados por alcoolismo ou dependência química. No entanto, a lei restringe
essa cobertura a 12 consultas/ano para plano ambulatorial e 30 dias de
internação para o plano hospitalar. Com esta nova legislação, ficou assegurado,
ainda que com algumas restrições, ao demitido sem justa causa e ao
aposentado, que contribuíram com plano coletivo de empresa, o direito de
permanecerem no mesmo plano, desde que assumam o pagamento (a mesma
mensalidade paga pela empresa). Por último, a Lei de 9656/98 definiu o
ressarcimento ao Sistema Único de Saúde (SUS), toda vez que um usuário de
plano de saúde seja atendido em hospitais públicos. Refer-se, finalmente à
23edição da TUNEP – Tabela única de procedimentos dos planos –
que.só.pode.ser.utilizada.para.fins.de.Ressarcimento.ao.SUS.
A pesquisa procedida demonstrou que apesar do grande avanço
conquistado pelo consumidor, beneficiário dos Planos de Saúde Suplementar,
ainda haverá muita discussão para o ajustamento dos interesses públicos e
particulares envolvidos no sistema, especialmente com relação ao aumento
progressivo do numero de contratações de Planos de Saúde, considerando-se
que os Planos anteriores à Lei 9656 representam hoje em dia 52,5% do total de
Beneficiários do Sistema Suplementar de Saúde que alcança 37.7 milhões de
contratantes, conforme demonstra a Tabela 1- a seguir
24
Chama, particularmente, a atenção, o fato de a concentração etária
compreendida na faixa de 59 anos em diante, ser a segunda maior freqüência
na distribuição dos beneficiários de Planos anteriores à lei 9656/98, totalizando
aproximadamente 12% do universo tabulado.
Tabela 1: Beneficiários por vigência do produto e faixa
etária
Beneficiários de operadoras médico-hospitalares com ou sem odontologia
Faixa Etária Novos (Posteriores
à Lei 9.656/98)
Antigos (Anteriores
à Lei 9.656/98) Total
0 a 18 anos 5.224.898 55,9% 4.127.860 44,1% 9.352.758
19 a 23 anos 1.649.127 56,0% 1.295.538 44,0% 2.944.665
24 a 28 anos 1.912.002 59,6% 1.293.797 40,4% 3.205.799
29 a 33 anos 1.735.919 58,6% 1.226.173 41,4% 2.962.092
34 a 38 anos 1.547.706 55,3% 1.253.094 44,7% 2.800.800
39 a 43 anos 1.415.390 52,1% 1.303.500 47,9% 2.718.890
44 a 48 anos 1.173.490 49,7% 1.189.467 50,3% 2.362.957
49 a 53 anos 944.605 48,1% 1.018.129 51,9% 1.962.734
54 a 58 anos 663.411 43,9% 846.304 56,1% 1.509.715
59 ou mais 1.453.174 37,0% 2.475.619 63,0% 3.928.793
Total 17.719.722 52,5% 16.029.481 47,5% 33.749.203
Fonte: Cadastro de Beneficiários - ANS/MS - 12/2004
25
Capítulo II
Objetivos do Estudo .
No Brasil, o Sistema de Saúde Suplementar surgiu em São Paulo,
em meados de l956, mediante atendimento médico-hospitalar, ofertado por uma
empresa de porte que houve por bem desativar os serviços de saúde até então
oferecidos aos seus empregados, contratando um grupo de médicos para a
prestação daqueles serviços de assistência, mediante um pré-pagamento
fixo.(2003-Revista Bibliomed)
Somente no início dos anos 60 se desenvolveu na região,
metropolitana do ABC, em São Paulo, a organização dos grupos Médicos para
suprir as lacunas deixadas pelo Estado que já demonstrava sua incapacidade
em acompanhar o novo movimento da área de saúde, caracterizado pela queda
na qualidade do atendimento médico-hospitalar oferecido pelo setor público e
pelas , longas filas de espera e da.superlotação.constante dos.hospitais.
Paralelamente, aos altos custos da medicina, apesar do
desenvolvimento tecnológico emergente, observou-se acentuada diminuição
do atendimento médico particular, muito mais freqüente naquela época. Foi a
partir dessa realidade da saúde no Brasil que surgiram as empresas de plano de
saúde, oferecendo serviços próprios e credenciados e uma estrutura de
atendimento que incluía médicos contratados e conveniados, serviços auxiliares
de diagnóstico e tratamento.especializado.
No total, o setor privado atende 1/4 da população brasileira, cerca
de 41 milhões de pessoas, tendo movimentado no ano passado R$ 23 bilhões,
26com mais de um milhão de procedimentos médicos realizados por dia, quantia
que corresponde a todo investimento público na área da saúde. Sozinha, a
medicina de grupo realizou, no ano passado, 91 milhões de consultas médicas,
1,8 milhão de internações hospitalares, 373 mil partos, 62,3 milhões de exames
laboratoriais, 91 milhões de exames radiológicos, e mais de 26 milhões de
exames e serviços auxiliares de diagnóstico e terapia, movimentando cerca de
R$.5,18..bilhões.
Com a promessa de atendimento rápido, moderno e personalizado,
as empresas e seguros de saúde conquistaram uma legião de consumidores
que, fugiam das filas dos serviços públicos nas décadas de 60 e 70. Hoje tais
organizações dominam o mercado de saúde privada, mas também são
lembradas pelo grande número de reclamações e pelas denúncias de abusos.
Apesar disso, o segmento dos planos de saúde, com suas 2,7 mil
empresas, atende uma parcela de mais de 40 milhões de brasileiros.
O mercado de serviços de saúde suplementar atuou sem
regulamentação desde l960, até a criação da ANS - Agência Nacional de Saúde
Suplementar, no início de 2000. Embora a Constituição Federal de 1988
houvesse condicionado o exercício das atividades privadas na área da saúde a
regulamentação começou a materializar-se somente em meados dos anos 90,
quando o Congresso, através da Câmara dos Deputados, aprovou a primeira
versão da lei de Regulamentação dos Planos de Saúde. (2003 - Evolução e
desafios da regulação do setor de Saúde Suplementar – série nº 4)
O Sistema Único de Saúde - SUS surge somente em 1997, embora
mais de 30 milhões de brasileiros já fossem beneficiários de sistemas de saúde
suplementar àquela altura.
27 Diante da complexidade das questões que envolvem as relações
entre o Governo brasileiro e as Operadoras, Seguradoras de Planos de Saúde
Suplementar e os seus beneficiários, o presente estudo assume particular
importância para todos os profissionais que atuam no planejamento das
soluções aplicáveis ao modelo brasileiro, na medida em que se possa sugerir
nova abordagem para a matéria. .
O presente trabalho encontra justificativas no momento em que passa
a alertar para a importância do exame mais aprofundado das conseqüências do
crescimento vegetativo do povo brasileiro, em confronto com as disposições
legais que já disciplinam a matéria e a realidade econômica resultante desse
cenário.
As nossas pesquisas sobre as alterações epidemiológicas
decorrentes deverão ensejar mecanismos de alerta para a Agência Nacional
de Saúde Suplementar tendo em vista que a Lei 9656/99 lhe conferiu poderes
para atuar preventivamente diante do quadro que colidirá inexoravelmente com
o Sistema Único de Saúde dentro das próximas décadas.
Não será somente o fato de as Operadoras e as Seguradoras de
Planos de Saúde Suplementar estarem atualmente limitadas na cobrança dos
beneficiários, situados nas faixas etárias acima de 60 anos, que acarretará a
falência do sistema. O crescimento da população brasileira se encarregará de
faze-lo, na medida em que o aumento desmedido da freqüência dos idosos, nas
próximas décadas, venha a demandar assistência médica e medicamentos
preconizados pelas regras sociais vigentes.
As Leis 9656, de 03 de junho de 1998 e 9661, de 21.01.2000,
outorgam a Agência Nacional de Saúde Suplementar a responsabilidade de
28apresentação de proposta para a solução do inexorável crescimento vegetativo
da população brasileira, que irá ocorrer nas próximas décadas, com
conseqüências previsíveis e nefastas para os idosos deste País e para os
sistemas de saúde suplementar hoje existentes .
29Capítulo III
Metodologia da Pesquisas
Considerando que a discussão do tema proposto envolve ampla
participação dos atores do sistema de saúde suplementar e especialmente das
áreas de governo, buscou-se estabelecer uma metodologia de pesquisa que
subsidiasse a apresentação de sugestões técnicas para o estudo mais
aprofundado do tema, equacionando o aumento da demanda dos serviços do
Sistema Único de Saúde e do sistema suplementar ofertado pelas Operadoras
de Planos de Saúde.
.
Assim, através dos recursos disponibilizados pela informática
procedemos à busca de informações preliminares sobre os problemas
enfrentados pelos usuários e beneficiários dos Planos de Saúde Suplementar,
comparativamente ao crescimento da população brasileira, mediante os dados
fornecidos pelo PNAD/IBGE, confrontados com a normatização outorgada pela
legislação regulatória e das Políticas governamentais em relação aos Idosos,
tendo-se em vista que se tornaram compulsórias ao cumprimento de toda a
sociedade brasileira.
Despertou especial atenção o trabalho publicado pela Harvard
Business Review Book de autoria do professor Michael E. Porter , sob o título
“On Copetition”, que se apresenta constituído de 3 partes: Parte I -
“Competition and Strategy” quando demonstra a importância da competitividade
como estratégia; A força da informação para a competitividade e o jogo da
estratégia; na parte II - As vantagens da competitividade das nações; A
competição e os clusters e as novas agendas para as empresas
30governamentais e as instituições (op.cit página 197);A globalização ; As
vantagens da competição através da estratégia global, finalmente na parte III –
A competitividade para a solução dos problemas sociais; a competição nos
Problemas de Saúde (pág.409).
Porter tece considerações relativamente à responsabilidade dos
governos quanto ao desenvolvimento econômico, na atualidade, efetuando a
comparação entre os modelos de desenvolvimento antigo e o novo
Desenvolvimento Econômico Segundo Porter
no Modelo Antigo • O Governo dirige o desenvolvimento
econômico através de políticas e
incentivos.
no Modelo Novo
• O Desenvolvimento econômico é um
processo colaborativo envolvendo o
governo e toda a multiplicidade de
níveis empresariais, ensinando e
pesquisando para a obtenção de
participantes
Cabe salientar que o capítulo 7, sob o título “Clusters and competition:
new agenda for companies, governments, and Institutions “ apresenta
31referências que poderão ser adotadas como subsídios para a formação de
propostas entre os representantes das áreas de governo e os demais atores do
sistema de saúde para o equacionamento do tema, sob a coordenação da
Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS.
Obteve-se, ainda, através de pesquisa dos instrumentos legais, que
deverão subsidiar as propostas de solução, o teor da Lei 11.079, que foi
publicada no DOU de 31.12.04, instituindo normas gerais para a licitação e
contratação de Parcerias Publico Privadas no âmbito da Administração Pública.
Tal fato vem preencher a lacuna da participação empresarial nos planos e
programas de governo, ao tempo em que fortalecem o terceiro setor da nossa
Economia.
A PPP é o contrato administrativo que pode ser de concessão
patrocinada, quando envolver, adicionalmente a tarifa cobrada dos usuários,
contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado, ou de
Concessão administrativa; contrato de prestação de serviços que a
Administração Pública seja a usuária direta ou indiretamente, ainda que
envolva a execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. É vedada a
celebração de contrato inferior a R$20 milhões e o período de prestação do
serviço não poderá ser inferior a cinco anos ou tenha como objeto único a
prestação de fornecimento de mão de obra; o fornecimento e instalação de
equipamentos ou a execução de obra pública.
As concessões comuns continuam regidas pela Lei das Concessões
nnº 8.987/95 e pelas leis que lhe são correlatas.
As concessões patrocinadas regem-se por esta lei, aplicando-lhes
subsidiariamente o disposto na Lei 8.987/95, e nas que lhe são correlatas. As
32concessões administrativas regem-se por esta lei, aplicando-lhes
adicionalmente alguns dispositivos da Lei 8.987/1995, dentre eles os que
tratam: das cláusulas essenciais aos contratos de concessão; dos encargos do
poder concedente; dos encargos das concessionárias; da intervenção do poder
concedente e da extinção da concessão.
A contratação de PPP será prescedida de licitação na modalidade
de concorrência, estando a abertura do processo licitatório condicionada a uma
série de determinações a serem cumpridas pela Administração Pública. O
certame para a contratação de parcerias público-privadas obedecerá a
legislação vigente sobre licitações e contratos administrativos, e poderá ser
precedido de etapa de qualificação de propostas técnicas (desclassificando-se
os licitantes que não alcançarem pontuação mínima).
O julgamento poderá adotar como critérios, além dos previstos
nos incisos I e V do art. 15 da Lei 8.987/95: o menor valor da contraprestação a
ser paga pela Administração Pública, e a melhor proposta em razão da
combinação da proposta técnica com o menor valor da contraprestação a ser
paga pela Administração Pública.
Será definida pelo edital a forma da apresentação da proposta de
preços, admitindo-se propostas escritas em envelopes lacrados ou propostas
escritas, seguidas de lances em viva voz. A União, suas Autarquias e
Fundações Públicas ficam autorizadas a participar em Fundo Garantidor de
Parcerias Público-Privadas (FGP), no limite global de R$ 6 bilhões, que terá por
finalidade prestar garantia de pagamento de obrigações pecuniárias assumidas
pelos parceiros públicos federais em virtude de parcerias de que trata esta lei.(
Íntegra da Lei no website da CBIC, na área de Serviços - Dados jurídicos -
Leis.)
33 Configura-se, diante do acervo pesquisado, que o instrumental
identificado poderá ser de extrema valia para a composição metodológica das
propostas de solução que poderão ser apresentadas a curto prazo.
Com efeito, o objetivo das Parcerias Público-Privadas é conjugar
interesses entre quem procura atender a população e os que precisam fazer bons
negócios. Diante dessa nova perspectiva abrem-se oportunidades para o
mercado de Saúde Suplementar e para o Poder Publico, que cada vez mais vive a
falta de recursos, diante da falta de arrecadação de impostos e contribuições . De
outra parte o empobrecimento da população, que vive a falta de emprego e o
empobrecimento cada vez levam ao aumento da demanda dos serviços
ofertados.pelo.Governo.
Nesse contexto, surge a tendência do Estado de procurar na
iniciativa privada parcerias com vistas ao aumento de oferta de serviços públicos
e de utilidades objetivando o atendimento da demanda da população. Com isso, o
Poder Público não seria obrigado a arcar integralmente com os altos custos dos
investimentos requeridos para a prestação dos serviços. A idéia central consiste
na possibilidade de repartição dos investimentos e dos riscos entre o Estado e o
particular.investidor, aproveitando as
características.de.cada.segmento.econômico.
Assim, traduzida em lei, a expressão do interesse coletivo poderá a
Administração Publica rever os conceitos de participação e parceria junto ao
empresariado atuante na Saúde Suplementar ou até e mesmo criar novos
modelos que possam atender ao aumento de demanda dos usuários idosos .
Segundo a lei, o contrato de parceria público-privada consiste num
acordo a ser firmado entre a administração pública e entes privados através do
qual se estabeleça vínculo jurídico para implantação ou gestão, no todo ou em
34parte, de serviços, empreendimentos e atividades de interesse público, em que o
financiamento e a responsabilidade pelo investimento e pela exploração
incumbem ao partícipe privado. Entretanto, o desembolso de recursos públicos no
projeto de parceria público-privada continuarão a existir.
Deve-se atentar, porém, para o fato de que qualquer soma despendida
em projetos de parceria deverá necessariamente respeitar os limites estabelecidos
pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A esse respeito, a Constituição Federal é
expressa ao determinar que qualquer investimento a ser realizado pela
administração pública deverá necessariamente ter previsão orçamentária, sob
pena de crime de responsabilidade.
A parceria público-privada pode ter como objeto: I. a delegação, total ou
parcial, da prestação ou exploração de serviços públicos, precedida ou não da
execução de obra pública; II. o desempenho de atividade de competência da
administração pública, precedido ou não da exploração de obra pública; III.
execução de obra para a administração pública; e IV. a execução de obra para
sua.alienação,locação.ou.arrendamento.à.administração.pública.
A contratação de parceria deve ser precedida de licitação, sempre na
modalidade de concorrência, que poderá adotar para julgamento das propostas os
critérios de menor valor de tarifa, melhor técnica e menor contraprestação da
administração pública, critérios esses que, inclusive, poderão ser combinados.
Abre-se neste aspecto o conceito de competitividade esposado por
Porter(1998) no modelo de “Cluster”. As possibilidades de constituição de
parcerias público-privadas são inúmeras, o que inclui a assunção pela iniciativa
privada de serviços e de empreendimentos públicos, não somente nas áreas
tradicionais, mais especialmente nas parcerias com as áreas de Saúde para a
obtenção de novos recursos para o atendimento ao aumento.da.demanda,.
35
Os estados de Minas Gerais e São Paulo já consolidaram suas
possibilidades de realização de parcerias público-privadas regulamentadas por lei.
Em São Paulo foi criada a Companhia Paulista de Parcerias (CPP) para fornecer
garantias ao setor privado de que haverá o retorno do capital aplicado. De outro
lado, em Minas Gerais foi criada a Companhia de Desenvolvimento Econômico de
Minas Gerais (Condemig), que será responsável pela contratação e execução de
projetos, obras, serviços e empreendimentos relacionados com o desenvolvimento
econômico.do.Estado.
Em suma, os projetos de parcerias público-privadas refletem uma
conjugação de interesses do setor público – que assegura a contribuição de
conhecimento técnico e tecnológico e, principalmente, a satisfação do interesse
público – e do setor privado, que encontra oportunidades reais de negócios e
retorno adequado para seus investimentos, não devendo ser esquecido o
potencial de geração direta e indireta de empregos.
Finalmente, outro aspecto que deverá figurar na ,metodologia das
relações que venham a ser estabelecidas para a pactuação dos modelos de
participação público privadas respeita aos métodos de avaliação Econômica em
saúde e a análise comparativa entre as alternativas de programas, projetos e
ações em relação aos seus custos e resultados. Assim, a avaliação econômica
deverá responder, ao final: se o programa proposto resultará em maior beneficio
ou em prejuízo para a ação proposta;é acessível aos necessitados para que a
decisão de aprofundar-se na questão mereça maior atenção.
Segundo Beulke ( 1997):...a quase totalidade das instituições de saúde
no país desconhece a sua estrutura de custos” e ainda afirma que estas
instituições “são .grandes desperdiçadoras de custos ... que resulta diretamente
da inexistência de um sistema técnico , detalhado e consistente de custos....”
36 Esta situação parece ainda pior no setor público, afora algumas exceções
como alguns hospitais e raros serviços de atenção básica, a maioria no entanto,
não conhece a suas estruturas de custos.
A avaliação econômica é um excelente instrumento para auxiliar o gestor
na tomada de decisões, mas é preciso estar atento para algumas questões que
podem tornar o seu uso inadequado, tais como:
• Assumir que determinados programas/projetos/ações de saúde são efetivos
sem que tenham sido realizados estudos a respeito;
• realizar estudos caros, cujos custos não compensam em função da decisão
a ser tomada. Ainda no caso de avaliações de programa/projetos sociais, é
preciso ter cuidado nas conclusões, pois, diferentemente de um
experimento de laboratório, não é possível controlar todas as variáveis.
“O conceito de eficácia funciona como medida da qualidade das
intervenções das organizações de saúde. A eficácia da intervenção pode significar
que ela traz mais benefício do que prejuízo para quem a recebe. A eficácia pode
ser a capacidade do cuidado, assumindo sua forma mais perfeita, de contribuir
para a melhoria das condições de saúde. A eficácia pode ser também a relação
entre as intervenções úteis e totais, de maneira que crescerá à medida que as
intervenções úteis se aproximem o máximo possível das totais.” (Clovis Ricardo
Montenegro de Lima – Carlos Rogério M. de Lima – Avaliação do Custo-eficácia
das Intervenços em Organizações de Saúde”.
Cabe, ainda, esclarecer que os ensinamentos do prof. Michael Porter, (Op.cit)
relativamente ao emprego do instrumental derivado da metodologia “Cluster” são
amplos e poderão ser integralmente utilizados para o estudo das propostas que
possam ser formuladas pelos responsáveis técnicos, mediante a apresentação de
37soluções nacionalmente integradas e abrangente,. com a participação ativa de
todos os interessados como colaboradores..
Assim, será imprescindível o entendimento dos seguintes conceitos:
1 – Quais são os elementos inerentes ao conceito de cluster.
O ambiente positivo de negócios que deverá estar apoiado na confiança
recíproca,
condição favorável à formação de parcerias e de alianças estratégicas, através
das quais as partes envolvidas, mesmos os concorrentes, unem-se para enfrentar
problemas comuns de logística, de assistência técnica, de comercialização, de
suprimento de matérias-primas e de insumos etc. e organizam-se para negociar
com o governo e com instituições públicas e privadas;
2 - Apoio Institucional - rede de instituições públicas, privadas e até ONG's, que
atuam em torno do cluster como estimuladoras e catalisadoras da integração e da
colaboração dos atores (governo em todos os níveis e iniciativa privada), inclusive
mediando eventuais conflitos de interesses entre as firmas/instituições, tendo em
vista a sustentabilidade do processo
3 -Do ponto de vista operacional, o cluster é a nova forma que o esforço pelo
desenvolvimento econômico e social vem assumindo no mundo inteiro, tanto nos
países industrializados, como nos países em fase de industrialização. Muitos
países e regiões ao redor do mundo, estão promovendo o desenvolvimento de
clusters em resposta à economia globalizada em mutação. Resultados excelentes
têm sido obtidos num grande número de países, incluindo Escócia, México,
Marrocos, Irlanda, Peru, El Salvador, Malásia, Nova Zelândia, muitos estados dos
EUA, que partiram para projetos de desenvolvimento. .
38Integra, ainda, o estudo metodológico ora proposto a visão dos problemas
do atendimento médico que são tratados in “Making Competition in Health
CareWork’’ (1994), Elizabeth Teisberg,Gregory Brown, quando referem-se ao
elevado custo dos cuidados médicos em confronto com o grande numero de
pessoas não atendidas nos Estados Unidos, afirmando, in verbis:.
“Os cuidados medicos são outra pressão social que deverão ser encarados
pelas nações onde os altos custos e o grande numero de pessoas sem
atendimento de seguros de saúde necessitam colocar em ação a discussão de
uma a melhor estrutura do sistema
A argumentação do corte de custos e da administração dos cuidados
médicos não provêem uma solução sustentada. Somente através da contínua
introdução de inovações no tratamento médico e na prestação dos métodos de
serviço é que se poderão estabelecer custos controláveis dos Planos de Saúde
sem a redução dos cuidados ou a erosão da qualidade do atendimento”.
Porter (op.cit) enfatiza que a competição nos serviços médicos traz
sempre melhoria da qualidade e a redução do custo, na medida em que a visão e
participativa sem a preocupação do ganho unicamente e enfatiza:
“O custo e a qualidade do cuidado da saúde são afetados fundamental pelo papéis
e pela natureza da competição que ocorrem entre participantes no sistema de
assistência à Saúde , incluindo médicos, empresas, hospitais, Operadoras e
companhias de seguro.
Muitos dos problemas atuais no cuidado de saúde refletem que a competição nos
Cuidados de saúde atuam no nível errado. A competição deve ser estruturada de
modo que os participantes do sistema dividam valores . Esta competição da
soma- zero deve ser substituída pela competição ao para diagnosticar, e de tratar
39circunstâncias e doenças individuais. Isto requererá mudanças nos
incentivos, nas régras, na informação, e nas práticas por todos os participantes do
sistema.” (M.Porter – Op.cit)
.
40Capítulo IV
Políticas Públicas
O Estatuto do Idoso após sete anos tramitando no Congresso foi
aprovado em setembro de 2003 e sancionado pelo presidente da República no
mês seguinte, ampliando os direitos dos cidadãos com idade acima de 60 anos.
Mais abrangente que a Política Nacional do Idoso, lei de 1994 que dava
garantias à terceira idade, o Estatuto institui penas severas para quem
desrespeitar ou abandonar cidadãos da terceira idade. Veja os principais pontos
do estatuto:
• Saúde
O idoso tem atendimento preferencial no Sistema Único de Saúde (SUS);
A distribuição de remédios aos idosos, principalmente os de uso continuado
(hipertensão, diabetes etc.), deve ser gratuita, assim como a de próteses e
órteses;
Os planos de saúde não podem reajustar as mensalidades de acordo com o
critério da idade;
O idoso internado ou em observação em qualquer unidade de saúde tem direito a
acompanhante, pelo tempo determinado pelo profissional de saúde que o atende;
• Transportes Coletivos
Os maiores de 65 anos têm direito ao transporte coletivo público gratuito. Antes do
estatuto, apenas algumas cidades garantiam esse benefício aos idosos. A carteira
de identidade é o comprovante exigido;.
41Nos veículos de transporte coletivo é obrigatória a reserva de 10% dos assentos
para os idosos, com aviso legível;
Nos transportes coletivos interestaduais, o estatuto garante a reserva de duas
vagas gratuitas em cada veículo para idosos com renda igual ou inferior a dois
salários mínimos. Se o número de idosos exceder o previsto, eles devem ter 50%
de desconto no valor da passagem, considerando-se sua renda.
• Violência e Abandono
Nenhum idoso poderá ser objeto de negligência, discriminação, violência,
crueldade ou opressão;
Quem discriminar o idoso, impedindo ou dificultando seu acesso a operações
bancárias, aos meios de transporte ou a qualquer outro meio de exercer sua
cidadania pode ser condenado e a pena varia de seis meses a um ano de
reclusão, além de multa;
Famílias que abandonem o idoso em hospitais e casas de saúde, sem dar
respaldo para suas necessidades básicas, podem ser condenadas a penas de
seis meses a três anos de detenção e multa;
Para os casos de idosos submetidos a condições desumanas, privados da
alimentação e de cuidados indispensáveis, a pena para os responsáveis é de dois
meses a um ano de prisão, além de multa. Se houver a morte do idoso, a punição
será de 4 a 12 anos de reclusão;
Qualquer pessoa que se aproprie ou desvie bens, cartão magnético (de conta
bancária ou de crédito), pensão ou qualquer rendimento do idoso é passível de
condenação, com pena que varia de um a quatro anos de prisão, além de multa.
• Entidades de Atendimento ao Idoso
42O dirigente de instituição de atendimento ao idoso responde civil e criminalmente
pelos atos praticados contra o idoso.
A fiscalização dessas instituições fica a cargo do Conselho Municipal do Idoso de
cada cidade, da Vigilância Sanitária e do Ministério Público.
A punição em caso de mau atendimento aos idosos vai de advertência e multa até
a interdição da unidade e a proibição do atendimento aos idosos.
• Lazer, Cultura e Esporte
Todo idoso tem direito a 50% de desconto em atividades de cultura, esporte e
lazer.
• Trabalho
É proibida a discriminação por idade e a fixação de limite máximo de idade na
contratação de empregados, sendo passível de punição quem o fizer.
O primeiro critério de desempate em concurso público é o da idade, com
preferência para os concorrentes com idade mais avançada.
• Habitação
É obrigatória a reserva de 3% das unidades residenciais para os idosos nos
programas habitacionais públicos ou subsidiados por recursos públicos.
A prevenção e manutenção da saúde do idoso serão efetivadas, entre outras
ações, por meio de:
1. Cadastramento da população idosa em base territorial;
2. Atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;
433. Atendimento domiciliar, incluindo a internação, para o idoso que
precisar e estiver impossibilitado de se locomover, inclusive para
aqueles abrigados e acolhidos por instituições públicas, filantrópicas
ou sem fins lucrativos e eventualmente conveniadas com o Poder
Público nos meios urbano e rural;
4. Fornecimento gratuito, pelo Poder Público, de medicamentos,
especialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses
e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
5. Assegurar o direito a acompanhante ao idoso internado ou em
observação. Cabe ao órgão de saúde proporcionar as condições
adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo o
critério médico.
Sobre os direitos à saúde, assegurados às pessoas com idade igual ou
superior a 60 anos no Estatuto do Idoso,algumas ações foram realizadas pelo
Ministério da Saúde em 2003, já direcionadas ao cumprimento destes direitos:
• De janeiro a outubro de 2003, o SUS investiu R$ 202,33 milhões na
aquisição de órteses e próteses para a população acima de 60 anos.
Este valor é 12,5 % superior ao investimento realizado em 2002. São
exemplos de órteses e próteses: cadeiras de rodas, muletas,
bengalas, andadores fixos, calçados anatômicos e ortopédicos e
aparelhos auditivos.
• Em dezembro, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) anunciaram uma série de medidas para a
implementação da nova política dos planos de saúde. Entre elas, a
instituição do Programa de Incentivo à Adaptação de Contratos
Antigos, a Lei dos Planos de Saúde e a regulamentação das novas
faixas etárias para planos de saúde comercializados a partir deste
mês, ajustando-as ao Estatuto do Idoso.
44• Em 2003, o MS gastou cerca de R$ 3 bilhões na compra e
distribuição de medicamentos para farmácia básica, tratamento de
AIDS, medicamentos de uso continuado e, ainda, os dispensados
durante o período de internação nas unidades do SUS. O
Departamento de Assistência Farmacêutica levantou todos os
medicamentos já ofertados pelo SUS, a fim de verificar quais deles
se destinam à população idosa, buscando atestar defasagens,
omissões e o grau de cobertura já assegurada, no sentido de
orientar a ampliação e o aprimoramento necessários à relação de
medicamentos essenciais e de uso continuado assegurados pelo
SUS aos idosos.
• O Departamento de Atenção Básica iniciou a discussão sobre
atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população
geral, com destaque para as singularidades deste atendimento como
direito aos maiores de 60 anos que não conseguirem se locomover.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disponibilizou a
Consulta Pública sobre Assistência Domiciliar (www.anvisa.gov.br),
que permitirá uma adequação às especificidades do atendimento ao
idoso. O produto deverá ser adotado por todo setor regulado que
presta tal forma de atenção no país, independentemente de sua
natureza. Isso possibilita a definição de condições mínimas de
funcionamento e controle de risco sanitário inerentes a essa
modalidade assistencial, fundamentais na prestação deste tipo de
atendimento.
• O Ministério da Saúde lançou o Cadastro Nacional de Usuários e
Domicílios - Cartão SUS -, que irá auxiliar o cadastramento do idoso
com base territorial, previsto no Estatuto. Este cadastro nacional
reúne dados nos âmbitos municipal e estadual para serem
sistematizados na esfera federal. Nele, serão agregadas informações
gerais sobre cada usuário, independentemente do nível de atenção.
45No âmbito da atenção básica, também existe um cadastramento que
alimenta o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB). Em
sua revisão, foram incluídos alguns indicadores que ajudarão na
qualificação das informações sobre a população idosa.
Quanto ao direito a acompanhante ao idoso internado ou em observação, é
importante destacar que ele já está garantido no SUS desde 1999, inclusive
com previsão de cobertura de gastos com tais despesas, devendo agora -
com a implementação do Estatuto - ser estendido à rede privada.
_____________________________________________________________ Em Questão. Editado pela Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da
Presidência da República.
A Política Nacional do Idoso, na condição de instrumento legal e
legítimo, tem como diretrizes:
I - viabilizar formas alternativas de participação, ocupação e convívio
do idoso, proporcionando-lhe integração às demais gerações;
II - promover a participação e a integração do idoso, por intermédio
de suas organizações representativas, na formulação implementação
e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem
desenvolvidos;
III. - priorizar o atendimento ao idoso, por intermédio de suas
próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção
dos idosos que não possuam condições de garantir sua
sobrevivência;
46IV - descentralizar as ações político- administrativas;
V - capacitar e reciclar os recursos humanos nas áreas de geriatria e
gerontologia;
VI - implementar o sistema de informações que permita a divulgação
da política, dos serviços oferecidos , dos planos e programas em
cada nível de governo;
VII - estabelecer mecanismos que favoreçam a divulgação de
informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais
do.envelhecimento;
VIII - priorizar o atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados
prestadores do serviço; e , apoiar estudos e pesquisas sobre as
questões do envelhecimento.
É importante ressaltar que o acesso do idoso aos direitos especiais
que lhe são destinados em lei é expressão da sua cidadania e, como tal,
deve ser viabilizado tanto pela esfera governamental, quanto pela
sociedade civil. DUARTE (1998), cita que ser cidadão é ter consciência de
seus direitos e deveres civis e políticos, participando das decisões que
interferem na vida de cada um, com um sentimento ético e consciência de
cidadania..
Capítulo VI
Conclusão
47 As pesquisas demonstraram que ocorrem graves problemas nas
relações entre os Consumidores, contratantes e as Operadoras de Planos de Saúde
Suplementar. Muitas das desavenças se deveram à falta de mecanismos
regulatórios que permitissem a criação de soluções justas e oportunas para as
questões que envolvem o interesse comum e para as quais as políticas
governamentais se voltaram com certo atraso, na tentativa de conciliação de
interesses antagônicos.
O fato de existirem hoje em dia 16 milhões de beneficiários contratantes
de Planos de saúde, anteriores à regulação imposta pela Lei 9656/98 projeta o
significativo percentual de 47,5% de todo o contingente de usuários mais antigos e
mais conflitantes diante dos limites contratuais a que se obrigaram, restando-lhes
o amparo da lei civil como defesa de seus argumentos diante das agressões que
lhes possam ser impostas.
Diante das limitações compulsórias relativamente à majoração das
anuidades para as categorias acima de 60 anos, poder-se-á antever um futuro
duvidoso para aquelas operadoras que não puderem atender aos custos
resultantes de seus contratos, diante da perspectiva do crescimento exacerbado dos
idosos naquelas faixas etárias. Surge, neste momento, uma indagação óbvia: o
Sistema Único de Saúde poderá acolher o efeito substituição que certamente
eclodirá ?. Certamente que não, posto que não dispõe de recursos ou de fontes de
receita que permitam prover a demanda projetada pelo PNAD/IBGE, a curto
prazo.
A questão deverá ser resolvida em qualquer hipótese, considerando-se que
não poderá haver reversão no quadro político, legal e social que cerca o assunto.
Diante dessas considerações passou a ser prioritário o estudo das soluções que
podem ser trazidas para o problema.
Este trabalho não pretendeu soluciona-los, porém, espera haver contribuído
com algumas idéias que poderão ser empregadas como instrumental para o pessoal
técnico que deverá atuar na busca das soluções.
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